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MÉTODOS DE ENSINO DAS TÉCNICAS E TÁTICAS NO HANDEBOL

Autor: Paulo Cesar dos Santos Zanoni¹


Orientadora: Jeane Barcelos Soriano²

Resumo

O objetivo do presente estudo foi a organização do trabalho pedagógico na


Educação Física, esquematizando os métodos de ensino das técnicas e táticas do
handebol. O estudo constitui-se de oito ações de três aulas cada, aplicadas em três
turmas mistas de 8º ano (7ª série), cujos alunos tinham idade entre 12 a 17 anos.
Utilizou-se o método parcial no início das ações, para que o aluno tivesse
conhecimento técnico específico do handebol; a partir da quarta ação passou-se ao
método situacional para a aprendizagem da tática individual e coletiva, fazendo com
que os alunos adquirissem as condições de solucionar rapidamente situações
problemas de jogo. Os alunos demonstraram melhora de comportamento no
decorrer das oito ações, pois entenderam que o mais importante é compreender o
mecanismo do jogo manifestado por meio de regras, técnica e posicionamento
tático. Sendo assim, conseguiram melhorar sua compreensão do funcionamento do
jogo, diminuindo a incidência de faltas e agressividade. Tivemos a preocupação em
destacar uma aprendizagem de inclusão por meio da atividade esportiva,
estimulando a participação, cooperação e relacionamento interpessoal dos alunos,
durante a prática. A ênfase, portanto, não foi a formação de atletas, mas sim,
estudantes capazes de conhecer, identificar e praticar o esporte mediante uma
reflexão crítica, bem como, o estabelecimento de estratégias para fortalecer as
habilidades motoras e compartilhar sucessos e insucessos, a partir de um
aprofundamento do conhecimento da modalidade esportiva handebol. Como
decorrência obteve-se também uma melhoria da convivência social e o incentivo a
prática dessa modalidade nos momentos de lazer.

______
1 Especialização em Educação Física do Ensino Fundamental e Médio - UEL, graduado em Educação Física pela UEL,
Professor do Colégio Estadual Prof. Paulo Freire – Ensino Fundamental e Médio.
2 Doutorado em Educação Física pela - UNICAMP, Professora Associada no Centro de Educação Física e Esporte da
Universidade Estadual de Londrina, profesora da disciplina Introdução à Educação Física.
2

Palavras-chave: Esporte; Handebol; Métodos; Técnicas; Táticas

Introdução

A organização do trabalho pedagógico na educação física escolar no


conteúdo esporte, vivenciado na escola com suas técnicas e táticas como
transformação educacional, está inserida no processo ensino aprendizagem,
buscando-se a participação e inclusão do aluno.

O professor de Educação Física tem, assim, a responsabilidade de


organizar e sistematizar o conhecimento sobre as práticas corporais, o que
possibilita a comunicação e o diálogo com as diferentes culturas. (DCEs,
2008, p. 72).

Para o ensino de modalidades esportivas nas escolas, não se identifica


claramente na literatura uma convergência sobre qual o método mais conveniente
para o ensino da técnica e da tática, cada autor tem sua opinião de qual é o melhor
método para determinada idade. Nessa direção, Greco (2007, p. 36) coloca que não
é “favorável à adoção de um único método de ensino-aprendizagem-treinamento,
seja este qual for, analítico, global, etc”.
Ao estudarmos os métodos de ensino e aprendizagem escolhemos os
métodos: a) parcial por apresentar como vantagem uma rápida melhora da técnica,
o que motiva os alunos, sendo também um método de fácil assimilação dos
conteúdos técnicos do esporte, e b) o método situacional por utilizar situações
táticas presentes no jogo formal.
O parcial que compreende a metodologia analítico-sintética (Leonardo, 2008;
Coutinho, 2009) está centrado na técnica e na repetição, é um dos mais conhecidos
na prática dos professores, baseado em aspectos técnicos os quais consistem em
ensinar destrezas motoras, por segmentos de movimentos distintos com séries de
exercícios que podem ser realizados a partir de fundamentos técnicos e táticos, tais
como, por exemplo: os fundamentos como o drible, passes, arremessos, entre
3

outros. Apenas após adquirir este conhecimento técnico específico, de habilidades


isoladas, é que pressupõe as condições para iniciar-se o jogo.
O método situacional proposto por Greco (2007) pode ser aplicado em alunos
de 12 a 14 anos de idade, e utilizado na aprendizagem da tática. A sua realização se
dá por meio de jogo que expressam o desenvolvimento, tanto da tática individual
quanto da coletiva. Isso permite composição de jogadas extraídas de situações de
jogo ou mesmo criadas pelo professor e alunos. Os fundamentos podem aparecer
de forma isolada ou combinada com outras técnicas, sendo que o aluno tem a
possibilidade de relacionar as capacidades técnicas, táticas e cognitivas na solução
de dificuldades em situação de jogo, pois se considera que se ele não tiver um
conhecimento da técnica ficará difícil realizar uma resposta tática.
O ensino de modalidades esportivas, nas aulas de Educação Física, deve
estar voltado para uma ação pedagógica que respeite as características individuais.
Sendo, mais importantes as experiências motoras de habilidades, do que buscar a
execução perfeita do movimento. Portanto, a organização pedagógica das aulas,
não podem necessariamente possuir as características de treinamento, beneficiando
apenas os alunos mais aptos, no qual os menos habilidosos ficam desassistidos e,
consequentemente, com o passar do tempo, durante as aulas, desmotivados.
O ensino de modalidades esportivas não deve limitar-se em regras e nem
esgotar nos gestos técnicos, pois o aluno para possuir conhecimento de um
determinado esporte, não precisa, necessariamente, dominar o gesto técnico. No
livro Coletivo de Autores (1992, p. 71) tem-se que “colocar um limite para o ensino
dos gestos técnicos, contudo, não significa retirá-los das aulas de Educação Física”.
Sendo assim, em um programa que vise a abordagem de modalidades esportivas
devemos incluir regras simplificadas e regras oficiais, devemos abordar os aspectos
relacionados à reflexão e execução de fundamentos atrelados às habilidades, mas
também, identificar e discutir as características e especificidades táticas. Kunz
(2004) coloca que para adquirir uma técnica é preciso vivenciar e executar a
habilidade para melhorar a execução, a partir das quais o professor irá corrigir
eventuais deficiências técnicas. Tais considerações nos levaram a fazer um estudo
sobre o impacto que a execução técnicas e o domínio tático do handebol podem ter
para a compreensão e conhecimento do funcionamento do handebol. Esse aspecto
nos levou a propor uma discussão sobre qual a melhor maneira de utilizá-las para
um melhor desempenho e entendimento dos alunos não só nas aulas práticas, mas
4

também nas aulas teóricas, conduzindo-os para uma postura inclusiva de


cooperação.
Os alunos do 8º ano a que se destinou este estudo em sua maioria têm
pouco interesse em participar de aulas de handebol, muitas vezes, por falta de
conhecimento ou de domínio das habilidades, acabam preferindo jogos com quais
costumam sentirem-se mais experientes como: futsal e bola queimada. Em geral,
ficam mais à vontade perante esses jogos, pois, fazem parte do seu dia-a-dia, o que
facilita a compreensão de suas regras.
Portanto, tivemos o objetivo de esquematizar os métodos para o ensino das
técnicas e táticas do handebol, por meio de aulas práticas e teóricas para facilitar o
entendimento por parte dos alunos no desenvolvimento do jogo, procurando
proporcionar aulas motivadoras, bem como, utilizar o jogo como meio de melhorar a
convivência social e uma opção de lazer.
Durante o processo de ensino-aprendizagem, a orientação metodológica
iniciou com a redução das dificuldades, buscando simplificar a tomada de decisões,
bem como, partir dos movimentos mais simples para o mais complexos.
No processo ensino-aprendizagem das habilidades técnicas começamos
com o método parcial, no qual o aluno fez as atividades até o conhecimento de suas
dificuldades ou habilidades, melhorando os gestos técnicos. Após um conjunto de
aulas o professor conduziu a metodologia para a organização tática, utilizando o
método situacional com atividades que fazem parte de um jogo.
O resultado deste estudo foi aplicado nas aulas práticas e teóricas de
handebol as quais eram de minha responsabilidade.

Aspectos teóricos sobre o Esporte

O esporte, enquanto fenômeno social deve ser abordado pela educação


escolarizada, sobretudo por refletir as características de um patrimônio cultural que
é. Um dos grandes problemas é que sua abordagem na escola tem privilegiado mais
os aspectos competitivos, em detrimento daqueles que são pedagógicos e críticos.
Desta maneira acreditamos que a prática do handebol pode contribuir na formação
do aluno, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social que são essenciais para a
5

formação integral de uma pessoa. Como conteúdo da Educação Física deve ter uma
reflexão crítica nas aulas, para que o aluno possa diferenciar que o jogo é coletivo e
não individual, faz-se necessário oferecer oportunidades para que o aluno possa
identificar que para jogar é necessário tanto o companheiro de equipe, quanto do
adversário. Para que isto venha ocorrer o aluno deve vivenciar, compreender e
assimilar atitudes de cooperação, colaboração, solidariedade, respeito aos
participantes, considerando a observação crítica das regras e as normas durante as
aulas.
As vivências de habilidades e de aspectos táticos são possíveis por meio de
atividades de ensino-aprendizagem que permitem que o aluno aprenda o jogo pelo
entendimento dos fundamentos técnicos construídos durante as aulas. Adquirindo
o conhecimento sobre as habilidades e sua execução é possível dispor de mais
tempo para a percepção periférica do posicionamento dos colegas e adversários,
sendo possível assim uma ação com mais êxito na tática pelo entendimento e
compreensão do jogo. Greco (2007, p. 24) coloca que “entre 13 e 14 anos de idade
dos alunos é que podemos estabelecer contatos de forma sistemática, planejada e
consciente com o processo de desenvolvimento das capacidades técnicas paralelo à
iniciação tática”.

O esporte é entendido como uma atividade teórico-prática e um fenômeno


social que, em suas várias manifestações e abordagens, pode ser uma
ferramenta de aprendizado para o lazer, para o aprimoramento da saúde e
para integrar os sujeitos em suas relações sociais. Portanto, o ensino do
esporte nas aulas de Educação Física deve contemplar o aprendizado das
técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas não se
limitar a isso (DCEs, 2008, p. 63)

Compete ao professor de educação física, adaptar os seus programas e


suas estratégias pedagógicas de forma que permaneça profundamente enraizado o
gosto pelo exercício físico, tendo a finalidade de favorecer um desenvolvimento
diversificado, completo e harmonioso do ser humano. Assim, pode-se criar o hábito
da prática esportiva regular, não desenvolvendo só a competição, junto às
modalidades, mas também as possibilidades de vivências no momento de lazer ou
para saúde, dando-lhe condições de perceber os valores desta prática como um
fator de bem-estar. Nahas (2010, p. 158) coloca que “[...] os currículos devem
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enfatizar os objetivos da Educação Física: o desenvolvimento de habilidades


motoras e a promoção de atividades físicas relacionadas à saúde”.
Para o Coletivo de Autores (1992, p. 70) o esporte “deve ser analisado nos
seus vários aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado
pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como o esporte “na”
escola”. Portanto como afirma Kunz (2004, p. 36) “não deve ser algo apenas para
ser praticado, mas sim estudado (Afinal, para que se vai à escola?), o que passa a
ser uma exigência um pouco mais ‘pesada’ do que a simples prática”. O esporte
escolar tem que ser organizado e estruturado, trazendo como base a compreensão
à cultura corporal que ele proporciona, de forma que possa contar com uma
teorização e prática mais condizente com a atualidade e realidade de cada escola.

Desenvolvimento: relato de um conjunto de ações para análise e discussão da


modalidade esportiva handebol

Para implementação do programa para ensino e aprimoramento da


modalidade Handebol, foram planejadas oito ações, sendo de 3 aulas cada e
ministradas em 3 turmas de 8º ano (7ª série) com um total de 100 alunos, 45% do
sexo masculino e 55% do sexo feminino, com idade entre 12 e 17 anos conforme
gráfico abaixo.

50%

40%

30%

20%

10%

0%
12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos

Gráfico 1 – Idade dos alunos


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A primeira ação foi a de apresentação do projeto aos alunos, seguido de um


questionário de investigação sobre a sua prática esportiva e das características de
participação junto às aulas de educação física. Essa sondagem, nos mostrou quais
são as práticas dos estudantes e se realizam algum tipo de atividade física.
Dos alunos participantes da pesquisa, 77% responderam que realizam a
pratica de algum tipo de modalidade esportiva fora da escola, a qual se apresentou
com maior frequência o futebol com 40%, seguido do voleibol com 26%, com 3% de
praticantes de basquetebol, 6% de handebol e 25% fazem outros tipos de
modalidade esportiva.

40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Futebol Voleibol Basquetebol Handebol Outros

Gráfico 2 – Preferência pelo esporte

O que parece motivar mais os índices de envolvimento com as práticas de


modalidades esportivas é a saúde, sendo praticado o esporte para evitar a
obesidade e melhorar a saúde, com o envolvimento de 40% dos alunos. De modo
que 20% dos alunos buscam a prática da modalidade para aprender o esporte, 35%
praticam para o lazer e por fim, 5% praticavam corrida, caminhada, balé, skate entre
outras atividades.
8

40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Lazer Aprender Saúde Outro

Gráfico 3 – Motivo da prática

Pudemos identificar que 35% dos alunos participam de práticas de


modalidades pelos menos duas vezes na semana, 23% o fazem praticam 3 vezes
na semana, 20% uma vez na semana, 13% cinco vezes na semana e 9% quatro
vezes na semana.

35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Uma Duas Três Quatro Cinco ou mais

Gráfico 4 – Quantas vezes na semana que pratica

Na segunda ação estudo sobre a história, os alunos organizados em


pequenos grupos leram e apresentaram um relato oral sobre o assunto do texto a
história do handebol (Zamberlan, 1999, p. 29). Na parte prática foram
implementadas atividades que buscavam enfatizar o conhecimento de habilidade
relacionada ao drible, passes e recepção de bola por meio do método parcial, pois
pensamos que é o método melhor para a aprendizagem dos alunos nesta fase.
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Na terceira ação, na aula teórica, os alunos foram levados para a sala de


informática, para que pudessem realizar uma pesquisa na internet sobre as regras.
Foram sugeridos vários sites para que os alunos pudessem realizar buscas, a fim de
agilizar o levantamento dos dados sobre os assuntos solicitados. Essa atividade,
depois de concluída, foi entregue ao professor para ser avaliado, na forma de um
relatório.
Após essa atividade, foi programado um conjunto de experiências motoras
vinculados aos arremessos a gol, progressão dos 3 passos e exercícios combinando
drible, passes e arremessos utilizando o método parcial.
Na quarta ação, na aula teórica, foi realizado um debate sobre regras, para
um melhor entendimento destas regras por todos. Assim consequentemente facilitar
a maneira de se jogar. Na prática iniciamos o método situacional com exercícios
combinados de passes, lançamentos, progressões e arremessos.
Na quinta ação, aula teórica: para suscitar o interesse e a curiosidade dos
alunos apresentamos um texto “Desenvolvimento do jogo e nomenclaturas do
handebol”. Durante a leitura estrategicamente estabelecemos previsões ora
questionando-os ora deixando-os fazer perguntas. Nas aulas práticas, por meio do
método situacional realizamos várias atividades de assistência no arremesso e tática
ofensiva e defensiva 6 X 0, as quais permitiram a vivencia dos movimentos técnicos
e posicionamento tático.
Na sexta ação, na aula teórica: exibimos um documentário sobre a história,
características do jogo e técnicas dos fundamentos. Ao utilizarmos a TV e o vídeo os
alunos tiveram a oportunidade de revisar o que tinham aprendido, comparando a sua
atividade prática com a técnica demonstrada pelo vídeo. Nas aulas práticas, por
meio do método situacional tivemos tática de grupo através da cortina, cruzamentos
e sistemas defensivo e ofensivo 5 X 1.
Na sétima ação, na aula teórica: para fomentar a reflexão fizemos a
exposição oral de um texto com as regras simplificadas. Então, os alunos sentiram-
se a vontade para opinar dizendo o que poderia ser mudado para facilitar o jogo de
handebol, na escola. Na prática continuamos com o método situacional, realizando
exercícios combinados de passes, cortina e arremesso. Durante o jogo os alunos
escolhiam o esquema tático defensivo e ofensivo que queriam jogar.
Na oitava ação, na aula teórica: aplicamos um questionário para verificar se
houve mudanças de comportamento. Na prática através do método situacional foram
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realizados exercícios de infiltração e arremessos, e continuamos com os alunos


escolhendo o esquema tático defensivo e ofensivo do jogo.
Ao estudarmos os métodos de ensino, escolhemos por aplicar o método
parcial e o situacional, pois compreendemos que o aluno devesse vivenciar um
processo de ensino aprendizagem, por meio de atividades que facilitassem a
compreensão do jogo. Nossa preocupação era destacar a possibilidade para uma
aprendizagem com objetivo de propiciar a inclusão esportiva. Conseqüentemente
foram enfatizadas a participação, cooperação e relacionamento interpessoal dos
alunos durante as atividades pedagógicas e, não apenas, a formação de atletas,
mas sim de cidadãos capazes de conhecer, de identificar e de praticar o esporte
mediante uma reflexão crítica.
No decorrer da aplicação do projeto uma das dificuldades encontradas foi
quanto aos alunos fora da idade/série, ou seja, aqueles que tinham mais que 15
anos, pois esses alunos ao fazerem as atividades utilizavam-se da força física,
natural para a sua idade. Por esse fato, levamos os alunos que tinham idade acima
da turma a refletir sobre sua postura perante um contato corpo a corpo, pois a sua
atitude poderia causar algum tipo de lesão aos demais colegas. Nossa intenção era
levá-los a compreender que durante uma aula o que conta, primordialmente, é a sua
participação com o grupo e não o uso da força física como vantagem.
Ao observar os alunos, durante as oito ações e analisando as respostas dos
questionários de investigação, constatamos que houve melhora de comportamento,
pois os alunos entenderam que o mais importante é compreender o mecanismo do
jogo e para isso não precisa jogar duro, ser agressivo, correr exageradamente pela
quadra sem um objetivo. Ao aprender as regras e o posicionamento tático, eles
conseguem jogar cada vez melhor.
A fim de se realizar uma avaliação sobre o processo foi feita a seguinte
pergunta aos alunos no questionário da 8ª ação: “O que você aprendeu nas aulas
teóricas (em sala) ajudou, facilitou entender os exercícios e o jogo de handebol?”. A
seguir algumas respostas dos alunos.
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Aluno 1

Aluno 2

Aluno 3

Aluno 4

Aluno 5
12

Aluno 6

Aluno 7

Aluno 8

Aluno 9

Aluno 10

Na utilização do material didático o ensino das técnicas para alunos de 8º


ano, o professor deve elaborar exercícios partindo dos mais fáceis para os mais
difíceis. Para o aperfeiçoamento dos gestos técnicos, deve também, elaborar
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exercícios que simulem situações de jogo, com o objetivo dos alunos automatizarem
os movimentos técnicos. Um bom domínio da execução técnica de um movimento
com tipificação esportiva facilita aos alunos fazerem um bom jogo, o que vai
proporcionar-lhes momentos de satisfação e prazer nas aulas.
Para o ensino dos sistemas ofensivo e defensivo temos que entender
algumas ações táticas de ataque e defesa que são as maneiras pela qual são
organizadas as jogadas, com o objetivo de superar o adversário.
Existem vários tipos de táticas de ataque, as mais usadas são os sistemas
5X1 e o 4X2, esses sistemas permitem o posicionamento dos jogadores de forma
adequada em relação às suas características, como altura, força, nível de habilidade
técnica, sendo que essas características no esporte escolar devemos deixar de lado,
pois o que importa é a participação dos alunos nas aulas com seu entendimento
tático e não o rendimento. No sistema de ataque 5X1 a equipe terá um pivô que
jogará próximo dos defensores, é o mais utilizado. E o sistema 4X2 terá dois pivôs, é
utilizado para segurar os defensores mais próximos da área do goleiro. (Zamberlan,
1999, p. 183)
Para fazer um bom ataque o aluno precisa ter uma série de entendimentos
com relação ao desenvolvimento do jogo:
Entender que todos os seus companheiros têm a mesma importância durante
o jogo, mesmo aqueles que não estão de posse da bola, pois podem abrir
espaços movimentando-se na quadra;
Ter visão periférica para perceber os jogadores em melhor posição de
finalização;
Entender que jogar pelas pontas abre espaço pelo meio, possibilitando
confundir a defesa;
Perceber e ocupar os espaços vazios;
Valorizar a posse da bola, evitando erros de passes e recepção;
Sempre estar em movimento com bola ou sem bola. (Zamberlan, 1999;
Darido, 2007)
As táticas de defesa são: a individual, em que cada jogador marca um
adversário por toda a quadra, meia quadra ou 1/3 da quadra, procurando tirar
espaço do adversário, induzindo ao erro. Esse sistema cansa muito os alunos,
possibilitando contra ataques, onde pode ocasionar jogo individual ou de pequenos
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grupos, deixando outros alunos sem participação mais ativa no jogo. Por zona, cada
jogador defende um determinado espaço da quadra, onde temos o sistema 6X0
posicionando os defensores próximos da área do goleiro. É o mais básico e usado
por ser fácil de aprender, requer pouco preparo físico, entre outros itens técnicos. O
5X1 adiantando um jogador para dificultar o ataque do adversário e o 4X2 adiantado
dois jogadores. Combinada ou mista que é a junção da individual e por zona.
Para uma boa defesa o aluno precisa ter uma série de entendimentos com
relação ao desenvolvimento do jogo:
Os alunos precisam se ajudar, dando cobertura e tentando corrigir o erro do
colega;
O aluno deverá estar em constante movimento, para dificultar o ataque;
Cada aluno deve cuidar do atacante que está sob sua responsabilidade;
Dificultar os arremessos, fechando a defesa;
Tentar tirar a posse de bola do adversário;
Ficar entre o adversário e a baliza;
Não perder de vista a bola nem o seu adversário. (Zamberlan, 1999; Darido,
2007)
Todos os sistemas ofensivos e defensivos são sujeitos a modificações e
recriações de novas estratégias pelo professor ou mesmo pelos alunos, podendo
acontecer durante a aula ou ser discutido a nova proposta para ser aplicada em
outra oportunidade.
Ao utilizarmos as técnicas e táticas como meio de incentivar a participação
dos alunos nas aulas práticas, essas se tornaram um espaço aberto para estudo e
reflexão do conteúdo, destacando a importância do handebol no contexto escolar,
pois os alunos puderam interferir no que foi ensinado, modificando a maneira de
jogar. Dessa forma, o aluno adquiriu conhecimento e teve prazer em praticar o
esporte durante as aulas.
Ao lembrar que as aulas foram planejadas para alunos e não atletas por isso
muitos fundamentos não foram utilizados, como por exemplo: alguns arremessos,
progressões dos 5 e 7 passos entre outros. As regras foram utilizadas de formas
adaptadas, pois esse aspecto se configurou como uma boa estratégia para que a
aprendizagem se tornasse mais fácil e mais clara, assim o aluno pode desfrutar mais
do jogo.
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O aluno teve a explicação teórica dos exercícios ou atividades proposta,


vivenciou e depois assistiu na TV pen drive às técnicas dos movimentos, com isso
pode tirar as suas conclusões comparativas do que fez e assistiu na TV. Com a
vivência e o conhecimento adquirido durante o processo ensino aprendizagem o
aluno levará esse conhecimento para toda a sua vida, podendo utilizar no seu dia a
dia, como por exemplo: quando for brincar com os amigos na rua, praça ou outro
espaço, ao invés de fazer chute a gol poderá fazer arremessos de handebol e
substituir as brincadeiras do futebol pelas do handebol, joguinho de um goleiro, mini-
handebol, bobinho com alvo. Também poderá utilizar o conhecimento adquirido nas
aulas como meio de promoção da saúde, praticando quando adulto em suas horas
de exercício físico ou no lazer.

A teoria tem a capacidade de antecipar ações práticas, mas é a partir,


também, de propostas práticas concretas que o desenvolvimento teórico
pode tomar novo impulso. E é nessa dialética de interação entre a teoria e a
prática que se pode chegar a uma pedagogia consistente para o ensino dos
esportes na Educação Física Escolar (KUNZ, 2004, p.30)

Nas discussões do Grupo de Trabalho em Rede – GTR no fórum 1 foi


perguntado aos participantes qual seria o melhor método de ensino das técnicas e
táticas no handebol escolar? E se acreditava que há necessidade de aulas teóricas?
Os participantes do GTR concordaram que definir qual o melhor método a ser
empregado é difícil, e que temos que levar em conta a turma, o nível de
conhecimento prático que a turma possui em relação à modalidade, o local e
material disponível para aula, para depois optar pelo método. Entendemos que cada
escola tem uma realidade, às vezes a aula bem sucedida que aplicamos em uma
escola não surte o mesmo efeito em outra, pois as expectativas são diferentes,
sejam de estudantes ou mesmo de outros colegas professores. Por isso, as
escolhas dos métodos de ensino se tornam difíceis e devem ser alterados conforme
as circunstâncias. Mas os participantes do GTR relataram que o melhor método a
ser adotado para podermos ensinar a técnica e a tática é a utilização do método
misto, onde podemos ter a junção dos pontos positivos do global e do parcial e a
maneira recreativa é a que melhor se aplica, pois ao trabalhar sempre com o lado
lúdico, faz com que as aulas se tornem mais atrativas, além do que os alunos do 8º
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ano (7ª série) gostam de jogar e interagir com os colegas de uma forma onde a
execução técnica não seja valorizada tão significativamente.
Quanto às aulas teóricas, os participantes do GTR foram unânimes em relatar
a importância e necessidade de despertar o gosto pelo esporte através do
conhecimento de sua história, origem e regras. Utilizando diversos recursos
tecnológicos, mas principalmente o vídeo, onde temos fácil acesso na internet e
procurando mostrar situações de jogos, táticas e técnicas do esporte, e desta forma
enriquecer o conteúdo. Esse aspecto parece ter motivado os alunos a compreensão
do jogo, podendo melhor observar e comparar a seu desempenho com a imagem,
fazendo com que os alunos buscassem melhorar e querer fazer igual, dentro das
condições de cada um.
No fórum dois foi pedido para os participantes do GTR que opinassem quanto
às questões metodológicas da Produção Didática Pedagógica. Os participantes
relataram que foi muito bem elaborada, fundamentada e coerente no que se refere
aos métodos propostos. Neste caso o parcial e o situacional e julgam que o material
apresentado estava adequado para os objetivos propostos. Ainda foi mencionado
que podemos usar mais de um método, e outros acreditam que o método situacional
seja indispensável para aprendizagem prática, pois há uma construção coletiva entre
alunos e professor, o que torna a aula mais atraente bem como os alunos se sentem
importantes e parte fundamental nas aulas. Sendo esse método o que mais se
assemelha a situações de jogo, quanto aos exercícios descritos referentes ao
método parcial aconselharam a utilização de formas mais lúdicas.
No fórum três, os participantes refletiram e opinaram sobre as ações
(atividades). Segundo eles, a implementação estava de acordo e coerente com o
projeto. Uma Professora disse que “através do projeto e da forma que ele é colocado
podemos muito bem ensinar e fazer com que o aluno adquira gosto pelo esporte”.
Comentam ainda que esteja pautado em metodologias científicas, muito bem
planejado e que será de grande valia no cotidiano do ensino aprendizagem de todas
as escolas públicas do nosso Estado. Sugerem que na parte teórica da aula seja
utilizado mais a internet e vídeos na TV pen drive enriquecendo as aulas fazendo
com que os alunos, tenham maior interesse pela prática, pois as imagens são
atraentes e tornam-se um referencial para a execução dos aspectos técnicos e
táticos proposto no projeto.
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O handebol no Brasil não tem a mesma ênfase de outras modalidades na


mídia, talvez por isso nossos alunos ainda possuam dificuldades na iniciação e no
aprendizado das regras. Comparado por exemplo, ao futsal e ao voleibol que estão
sempre em evidência. Sendo o handebol de pouco acesso à mídia, desperta pouco
interesse, então um projeto bem elaborado pode contribuir para uma visão mais
abrangente a respeito dessa modalidade.

3 Conclusão

Durante as ações propusemos atividades que ajudassem a compreensão e


facilidade do uso da técnica e da tática através da disciplina, cooperação e
criatividade, realizando estas atividades de maneira simples e prazerosa, indicando
caminhos possíveis para aprendizagem e socialização tornando agradável o jogo e a
convivência escolar.
Perante as resposta dos alunos nos questionários de investigação e
satisfação em participarem das aulas, temos a certeza que o projeto foi de grande
valia, foi pensando na inclusão de todos que se iniciou o estudo, e após a aplicação
de todas as ações, concluímos que aqueles que não gostavam do handebol
conseguiram entender e jogar o esporte sem maiores dificuldades.
Após as ações foi solicitado aos alunos sugestões sobre como deveria ser
as aulas. Ficamos surpresos com os vários pedidos para que durante as aulas
práticas fossem feitos turmas separadas os meninos das meninas; não querem aula
teórica; preferem mais aulas de exercícios; aulas de voleibol. E outros escreveram
que gostaram e aprenderam a jogar, sendo que a maioria não deu sugestão. Para
ilustrar, segue alguns relatos dos alunos:

Aluno 1
18

Aluno 2

Aluno 3

Aluno 4

Aluno 5

Aluno 6
19

Aluno 7

Aluno 8

Considerando que as três turmas que foram aplicadas as ações são


heterogêneas quanto à idade, sexo e condição física, favorecemos o
desenvolvimento do conhecimento do esporte, a melhoria da convivência social e o
incentivo a prática como mais uma opção de lazer. Estreitando, assim, os laços de
solidariedade, parceria de forma a fortalecer as habilidades motoras e compartilhar
sucessos e insucessos.

4 Referências

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. 4. ed. São


Paulo: Cortez, 1992.

COUTINHO, Nilton Ferreira. SILVA, Sheila Aparecida Pereira dos Santos.


Conhecimento e Aplicação de Métodos de Ensino para os Jogos Esportivos
Coletivos na Formação Profissional em Educação Física. Revista Movimento.
Porto Alegre, v. 15, n. 01, p. 123-150 janeiro/março de 2009. Disponível em:
http://seer.ufrgs.br/Movimento acesso em: 13 de nov. 2010.

DARIDO, Suraya Cristina. SOUZA JUNIOR, Osmar Moreira de. Para ensinar
educação física: Possibilidades de intervenção na escola. Campinas São Paulo:
Papirus, 2007.

GRECO, Pablo Juan (org.). Iniciação esportiva universal 2 metodologia da


iniciação esportiva na escola e no clube. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
20

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