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Classificação dos negócios jurídicos

Os negócios jurídicos podem ser apontados e agrupados por classes,


seguindo vários critérios, quanto ao número de declarantes ou de
manifestações de vontade necessárias ao seu aperfeiçoamento, os negócios
jurídicos classificam-se em: Unilateral, bilateral e plurilateral.

1.1 Unilaterais Bilaterais Plurilateral


Unilaterais:  são os que aperfeiçoam com uma única manifestação de
vontade. Como ocorre no testamento, na instituição de fundação, na renúncia
de direitos, na procuração, nos títulos de credito, na confissão de dívida, na
renúncia à herança, na promessa de recompensa etc.

Bilaterais : sãos os negócios em que há uma reciprocidade de vontades, se


perfazem com ambas manifestações de vontades, coincidentes sobre o objeto.
E podem ser classificada em duas: Simples e sinalagmaticos.

Simples: pode ser compreendida como um negócio jurídico em que há uma


reciprocidade, onde só uma das partes tem ônus (obrigação) e a outra parte
aufere vantagem.

Ex.: a doação, aceitação de vontade.

Sinalagmaticos: é o negócio jurídico em que há uma reciprocidade de


direitos e obrigações.

Ex.: a locação estabelece entre ambas as partes chegar em um acordo


de vontades.

Plurilateral :são os negócios em que tem duas ou mais declarações de


vontade, convergentes ao mesmo fim.  São os contratos que envolvem mais de
duas partes.

Ex.: contrato de sociedade

1.2 Oneroso, gratuito, neutros e bifrontes

Onerosos: negócio jurídico oneroso é aquele que tem comprometimento

patrimonial de todos os indivíduos.

Ex.: a compra e venda, a locação, a empreitada, entre outras.

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Gratuitos:   é o negócio jurídico em que apenas uma parte aufere vantagem ou
benefício. Nessa modalidade, outorga-se vantagem a uma das partes sem
exigir contraprestação da outra, como exemplo a doação pura e o comodato.

Neutros: constituído de espécie desprovida de expressão econômica, não tem


efeito patrimonial, como na gestação em útero alheio, que será,
necessariamente, destituída de qualquer envolvimento patrimonial, consoante a
advertência da Lei.

Bifrontes: são aqueles negócios jurídicos que pode ser tanto gratuito ou
oneroso, dependendo da vontade das partes, como o comodato, deposito e
mutuo.

‘’A conversão de negócio jurídico só se torna possível se o contrato é definido


na lei como negócio gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar
um contrato oneroso em gratuito, uma vez que subverteria a sua causa.’

1.3 Inter vivos ou causa mortis


Inter vivos: condiciona os efeitos do negócio entre aqueles que estão vivos,
produz seus efeitos desde logo.

Causas mortis: é o negócio jurídico, onde os efeitos serão para depois da


morte do agente.

1.4 Principal, acessório e derivados

Principal: é o negócio jurídico que não depende de nenhum outro negócio para
existir.

Acessório: são os que tem sua existência subordinada a do contrato principal.


Não existindo o principal o acessório também não existe. Como se dá com a
cláusula penal, a fiança, o penhor, e a hipoteca, por exemplo.

Derivados: e os negócios jurídicos que deriva de outro negócio, denominado


básico ou principal. Tem semelhança ao do acessório pois necessita de outro
para existir. Mas difere pois o acessório precisa do principal, e já o derivado
necessita de outro negócio.

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1.5 Solene ou não solene
Solenes: é um negócio jurídico formal, onde a lei exige formalidade.

‘’Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é


solene e a formalidade é ad solemnitatem ou ad substantiam, isto é, constitui a
própria substancia do ato, como a escritura pública na alienação de imóvel
acima de certo valor, o  testamento como manifestação de ultima vontade , a
renúncia da herança, etc.’’

Não solenes: é o negócio não formais, as partes têm liberdade de fazer.

‘’Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento,


podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal. Podem ser
mencionados como exemplos, dentre inúmeros outros, os contratos de locação
e de comodato.‘’

1.6 Simples, complexos e coligados


Simples: são aqueles que se constituem por um único ato.

Complexos: é o negócio jurídico que necessita de mais de um ato ou


declaração de vontade para que se complete.

Coligados: são os jurídicos convergentes ao mesmo fim.

1.7 Dispositivos e obrigacionais

Dispositivos: são os negócios jurídicos que dispõe de direitos, aqueles que


pode transferir direitos.

Ex.: Onde transfere direito de propriedade.

Obrigacionais: são aqueles negócios jurídicos em que há entre as partes uma


obrigação.  Só se contrai uma obrigação se houver disposição.

Conceito jurídico de obrigação – é o vínculo jurídico que permite ao credor


exigir do devedor o cumprimento da prestação.

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1.8 Fiduciário e simulado

Fiduciário: é quando alguém transmite um direito, um bem a outrem, que se


obriga a devolver esse direito ao patrimônio do transferente ou a destiná-lo a
outro fim.

Simulado: é o que tem a aparência contraria da realidade. E o Negócio


Jurídico que aparenta ser realidade, mas não é.

Elementos do Negócio Jurídico


Elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que compõe sua existência no
campo do direito.

A classificação tradicional dos negócios jurídico, que vem do direito romano,


divide-os em essenciais (essentialia negotti), naturais (naturalia negotii) e
acidentais (accidentalia negotti).

2.1 Elementos essenciais


São os imprescindíveis para que exista o negócio jurídico. Não há nenhum
negócio jurídico sem esses elementos;

Podem ser: geral e particulares.

 Gerais: são os que se aplicam a todos negócios jurídicos;

 Particulares: aqueles que se aplicam a alguns negócios jurídico.

2.2 Elementos naturais

Aquilo que está presente no negócio jurídico naturalmente. Não preciso


colocar regra dizendo que ele estará presente. Pois ele não é um elemento
essencial. Se retirar ou colocar, o negócio ainda vai valer da mesma maneira,
pois ele decorre da natureza. 

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Pode ser:

 Vícios redibitórios – defeito oculto da coisa;

 Evicção: é a responsabilidade do devedor pela perda da coisa em


virtude de decisão judicial, oriundo de fato jurídico superveniente.

2.3 Elementos acidentais

São aqueles que podem existir no negócio jurídico, mas se quer são
essenciais, mas não ocorrendo ele não atrapalha na formação do negócio.

 Condição: Cláusula que condiciona os efeitos jurídicos de um ato a um


evento futuro e incerto;

Condição suspensiva: suspende a aquisição de direitos;

Condição resolutiva: põe fim ao direito.

 Termo: Condiciona os efeitos jurídicos de um ato a um evento futuro e


certo;

 Encargo: É um dever dado a outra parte para que ela realize no


negócio.

Não há de se confundir termo com prazo. Termo é o momento inicial ou final de


um ato jurídico. Prazo é o lapso entre o termo inicial e o termo final.

Planos do negócio jurídico


O exame do negócio jurídico deve ser feito em três planos: plano da
existência, plano da validade e plano da eficácia.

3.1 Plano de Existência


 Expressa – manifesta a sua vontade, mas não precisa estar escrita. 
Pode ser por meio de palavra, falada ou escrita, de gestos, sinais ou
mimicas, que seja de modo explícito, possibilitando o conhecimento
imediato da intenção do agente;

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 Tácita- é a declaração de vontade que se revela pelo comportamento do
agente. Pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa;

 Presumida - ela decorre da lei, mas também é um comportamento do


agente.

3.1.1 Espécies
 Recepticias: é aquela destinada a outra parte, que é para que a outra
parte receba a declaração;

 Não recepticias: não está destinada a outra parte, se destina a


qualquer um.

 Direta: é feita pela parte diretamente;

 Indireta: quando o agente não está presente, pode ser por meio de
outra pessoa, pelo representante etc, pela declaração de vontade ou por
outros meios.

Silencio – Art. 218º. O silencio importa anuência, quando as circunstância ou


os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Reserva mental –  A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor


haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento.

Pouco importa aquilo que o declarante está querendo ou pensando, o que


prevalece é a manifestação de vontade que ele expressa ou tácita; mas só se a
outra parte tinha conhecimento dessa intenção.

Finalidade negocial
  A finalidade negocial ou jurídica é o propósito de adquirir, conservar,
modificar ou extinguir direitos. 

Idoneidade do objeto: é necessária para a realização do negócio que se tem


em vista.

3.2 Plano de Validade


Deve preencher certos requisitos, se faltar um desses requisitos o negócio é
invalido, não produz o efeito jurídico e se torna nulo ou anulável.

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3.2.1 Nulidade

São considerados nulos os negócios que, por vício grave, não possam


produzir os efeitos almejados.

No direito Angolano são nulos os negócios jurídicos se:

 A manifestação de vontade for manifestada por agente absolutamente


incapaz;
 O objeto for ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável;
 O motivo determinante,comum a ambas as partes for ilícito;
 Tiverem como objetivo fraudar a lei;
 A lei declará-los nulos expressamente;
 Houver simulação ou coação absoluta.

Nestes casos, o negócio jurídico não gera efeitos no mundo jurídico, ou seja,
não gera nem obrigações, nem tampouco direitos entre as partes.

3.2.2 Anulabilidade

São considerados anuláveis os negócios:

 Praticados por relativamente incapazes;


 Que possuam vícios do consentimento (erro, dolo, coação, estado
de perigo, lesão);
 fraude contra credores;

O plano de validade pode ser: de caráter Geral ou caráter especifico;

3.2.3 De caráter geral

A validade do negocio jurídico requer:

I-  Agente capaz;

II- Objeto licito, possível, determinado ou determinável;

III- Forma prescrita ou não defesa em lei.

Agente capaz - é a capacidade de exercício de direitos, ou seja, aptidão para


exercer direitos e contrair obrigações na ordem civil.

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Objeto:

 Licito – não contrariar a lei

 Possível – objeto tem que ser possível. Quando impossível, o negócio é


nulo.

 Determinado – algo especifico

 Determinável – o que permite negócio futuro, mas tem que ter


características suficientes para que quando o negócio for entregue seja
possível analisar se era aquilo realmente.

Forma

Alguns negócios jurídicos exigem formalismo; esse formalismo vai além da


vontade das partes de querer que ele seja formal, porque a lei impõe que ele
seja feito de forma especifica.

 Solenes: formais – é a exigida pela lei, como requisito de validade de


determinados negócios jurídicos.

 Contratual – é a convencionada pelas partes;

No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento


público, este é da substância do ato.

3.2.4 De caráter especifico

Dependendo do negócio que se tenha em vista.

3.3 Plano de Eficácia

O plano da eficácia examina a eficácia jurídica (eficácia própria ou típica), ou


seja, a eficácia referente aos efeitos manifestados como queridos.

Defeitos do Negócio Jurídico


Invalidade é o defeito de um ou mais requisitos do negócio jurídico; Um
negócio jurídico inválido pode ser: nulo ou anulável.

Nulo

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Nulidade também é chamada de nulidade absoluta. É um defeito insanável.
Ocorre em três situações: negócio celebrado com incapaz, ato simulado ou
qualquer ato proibido onde a lei não diga qual é a sanção.

Caracteristicas do negocio jurídico nulo:


 Viola o interesses público(coletividade).
 Pode ser reconhecido pelo oficio pelo juiz, mesmo que ninguém
tenha solicidado a nulidade.
 Pode ser alegada por qualquer pessoa interessada e não pode ser
covalidado.

Anulável
A anulabilidade é chamada de nulidade relativa.Isto ocorre em três casos:

Quando se há negócio com relativamente capaz ou quando se pratica negócio


com um dos 6 defeitos (erro, dolo, coação, perigo, lesão e fraude contra
credores).

Caracteristicas do negocio jurídico anulável


 Viola norma de interesse particular.
 Não pode ser reconhecido de oficio pelo juiz.
 Somente pode ser alegada pela pessoa prejudicada.
 Pode ser covalidado.
 A nulidade deve ser arguida dentro do prazo.
 A ação é desconstutiva.

Os atos anuláveis se divide em dois tipos:

Vício de consentimento: são aqueles que provocam uma manifestação de


vontade não correspondente com o íntimo e o verdadeiro querer do agente (o
erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo e lesão).

Vício social: são atos contrários à lei ou à boa-fé, que é exteriorizado com o
objetivo de prejudicar terceiro (fraude contra credores).

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Erro
O agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias,
age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira
situação.

Erro de fato
Erro de fato é o que recai sobre a realidade fática, ou seja, sobre as
circunstância do fato. O erro pode ser: Substancial ou essencial, refere-se à
natureza do próprio ato.

Incide sobre as circunstâncias e os aspectos principais do negócio jurídico.


O erro essencial propicia a anulação do negócio. Caso o erro fosse conhecido
o negócio não seria celebrado. No erro o agente engana-se sozinho.

Acidental: é o erro sobre qualidade secundária da pessoa ou objeto. Não


incide sobre a declaração de vontade. Não vicia o ato jurídico. Produz efeitos,
pois não incide sobre a declaração de vontade.

Para que o erro implique na invalidade do negócio jurídico, ele tem de ser
causa determinante do ato negocial.Alcançar a declaração de vontade na sua
substância (o que se chama de erro essencial ou substancial).

*Se assim o for, o negócio jurídico será anulável.

Erro de direito

Erro de direito é o que se dá quando o agente emite a declaração de


vontade sob o pressuposto falso de que procede segundo a lei. O erro de
direito causa a anulabilidade do negócio jurídico quando determinou a
declaração de vontade e não implique recusa à aplicação da lei.

Dolo
É o ato empregado para enganar alguém, ocorre dolo quando alguém é
induzido a erro por outra pessoa.

O dolo pode ser classificado em:

Dolo principal, essencial ou substancial, causa determinante do ato, sem


ele o negócio não seria concluído. Possibilita a anulabilidade do negócio
jurídico. Dolo acidental não é razão determinante do negócio jurídico, neste

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caso, mesmo com ele o negócio seria realizado sem vícios. Aqui o negócio
jurídico é valido.

O dolo bonus é aquele que você quer enganar a pessoa mesmo, você tem
uma malicia para enganar a pessoa, mas que na verdade vai ajudar a pessoa.
Você enganaa pessoa para o beneficio dela. O dolo bom não anula o negócio
jurídico, pois ele é quase inofensivo.

Dolo Mallus é a própria malicia, é a própria vontade de enganar e obter


vantagem com o engano alheio, a pessoa está buscando um beneficio.

Dolo positivo é aquele que pratica uma ação.

Dolo negativo é aquele que pratica uma omissão.

Dolo de terceiros como o proprio nome diz é o dolo praticado por um terceiro,
como por exemplo, uma mulher tem duvida sobre uma qualidade de um
produto e alguém começa a mentir sobre essas qualidades e o vendedor está
assistindo e não fala nada. Caso o dolo do terceiro fosse acidental, (que a
mulher teria comprado o produto do mesmo jeito), o negócio subsiste mas gera
dever de indeminizar pelo terceiro que ludibriou.

Dolo do representante é o que a lei da uma consequência quando o


represente é legal e outra quando e convencional.

Dolo recíproco é chamado de dolo bilateral, que é quando existe dolo de


ambas as partes.

Coação
Constrangimento de determinada pessoa, por meio de ameaça, para que ela
pratique um negócio jurídico. A ameaça pode ser física ou moral.

São requisitos da coação:

Causa determinante do ato.pode ser grave,injusta, atual ou iminente (o mal


não precisa ser atual). justo receio de grave prejuízo. o dano deve referir-se
à pessoa do paciente, à sua família, ou a seus bens.

A coação pode ser incidente, quando não preenche os requisitos, neste


caso, não gera a anulação do ato, gera apenas perdas e danos.

Situações que exclui a coação:

 ameaça do exercício regular de um direito.


 simples temor reverencial.

Estado de perigo

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Quando alguém, premido de necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua
família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa. O juiz pode decidir que ocorreu estado de perigo com
relação a pessoa não pertencente à família do declarante. No estado de perigo
o declarante não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas, pelas
circunstâncias do caso concreto, foi obrigada a celebrar um negócio
extremamente desfavorável. É necessário que a pessoa que se beneficiou do
ato saiba da situação desesperadora da outra pessoa. A anulação deve ocorrer
no prazo de quatro anos.

Lesão
Ocorre quando determinada pessoa, sob extrema necessidade ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente desproporcional ao
valor da prestação oposta. Caracteriza-se por um abuso praticado em situação
de desigualdade. Aproveitamento indevido na celebração do negócio jurídico.
Aprecia-se a desproporção segundo critérios vigentes à época da celebração
do negócio. Também deve ser alegada dentro de quatro anos.

São requisitos da lesão:

objetivo: manifesta desproporção entre as prestações recíprocas.

subjetivo caracterizado pela "inexperiência" ou "extrema necessidade" do


lesado.

Fraude contra credores


Negócio realizado para prejudicar o credor, tornando o devedor insolvente ou
por já ter sido praticado em estado de necessidade.

Os requisitos de fraude contra credores:

objetivo - ato para prejudicar o credor.

subjetivo intenção de prejudicar.

Simulação
Simulação é um dos defeitos dos negócios jurídicos. Consiste numa
declaração de vontade que é diferente da vontade real, com a concordância de
ambas as partes e visando geralmente fugir de obrigações imperativos legais e
prejudicar terceiros.

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