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contexto e características
A Idade Média é um amplo período de cerca de mil anos. É já na
segunda metade da era medieval que assistimos, na Península
Ibérica, à fundação do reino de Portugal, no século xii. Nesta
época, surge associada à língua, o galego-português, uma
literatura com características bem definidas.
Os historiadores definem a Idade Média como o período que, grosso modo, se inicia
no século v e que termina no século xv, convencionalmente com a tomada
de Constantinopla pelo exército otomano em 1453. Nesta era, a Europa cristã
apresenta alguma homogeneidade na forma como se organiza política, social
e economicamente. Esta homogeneidade estende-se à mentalidade que vigorava
e que influenciava diferentes gentes e regiões.
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A língua portuguesa
A língua portuguesa que hoje falamos tem como base o latim, que os Romanos
trouxeram para a Península Ibérica na fase da ocupação do território, a romanização.
No entanto, não foi o latim culto, a norma, que se implementou no nosso território,
mas uma versão falada, menos rígida e menos regulada, que era a usada entre
os colonos romanos, o chamado latim vulgar.
Essa variante do latim foi recebendo contributos e influências fonéticas (de sons),
lexicais (de palavras) e gramaticais das línguas faladas na Península Ibérica, como
o ibérico, o fenício, o grego ou os dialetos celtas. Com o fim da romanização, seriam
sobretudo as línguas germânicas, dos Suevos e Visigodos, e o árabe a dar contributos
importantes para a identidade da língua portuguesa, quando ela se autonomizou
do latim e das demais línguas românicas. A autonomização ter-se-á dado por volta
do século xii e é confirmada nos primeiros textos em língua portuguesa, que remontam
ao início do século xiii.
Se os historiadores recorrem ao termo galego-português para se referir à língua medieval
falada até ao século xv, é porque o idioma que hoje usamos teve origem neste sistema
linguístico, que se formou na área da Galiza e do Norte de Portugal, por altura da
fundação da nacionalidade. Outros denominam-no «português antigo». Certo é que
a língua falada nos séculos xi e xii já apresentava traços que a distinguiam dos dialetos
então falados nos territórios de Leão e Castela.
A literatura medieval
A produção literária em território português tem duas origens. Por um lado, encontramos
uma literatura culta, produzida na corte ou em mosteiros, de que fazem parte a poesia
trovadoresca, os textos historiográficos, que registam o passado da nação, e os textos
religiosos. Por outro, existe uma literatura de cariz popular que preserva, sobretudo
na oralidade, poemas e cantares do povo.
Saliente-se também que a literatura é marcada pela religiosidade da época.
Muitos são os textos de pendor cristão, imbuídos da intenção de ensinar a doutrina
e modelos de comportamento. Aliás, as literaturas religiosa e profana expandir-se-ão
lado a lado.
Por fim, há que destacar que a poesia e a prosa medievais refletem a hierarquia
que organizava a sociedade. Tal facto é visível em romances de cavalaria, em textos
lendários e, também, nas cantigas de amor, em que o enamorado se diz vassalo
da sua amada.
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D. Dinis
O rei D. Dinis, neto de Afonso X, revelou-se um dos poetas
mais importantes da lírica galego-portuguesa. Foi aquele
que deixou uma herança poética mais fecunda, tendo
em conta que se conhecem hoje 137 cantigas,
73 de amor e 51 de amigo, que são seguramente da sua
lavra. Além de muito produtivo, o rei trovador é o autor
de algumas das mais belas e emblemáticas cantigas
trovadorescas, como «— Ai flores, ai flores do verde pino»
(página 30 do manual), «Levantou-s’a velida» ou «Proençaes
soem mui bem trobar». acompanhava algumas das suas
cantigas.
A valorização que deu às artes e ao conhecimento
levou-o a desenvolver uma admirável política cultural,
que se traduziu na fundação da universidade portuguesa
D. Dinis. (1290), no patrocínio de uma historiografia nacional
e na tradução de obras jurídicas, científicas e históricas.
Empenhou-se também na dinamização literária e intelectual
da corte, convidando trovadores e homens de saber
a frequentá-la. Outra importante medida foi a promoção
da língua portuguesa, decretando que os documentos
oficiais da corte fossem escritos neste idioma e não em latim.
EVITE O ERRO
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