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Cartografia

Temática

Paulo José de Oliveira


José Antônio Pacheco de Almeida

São Cristóvão/SE
2009
Cartografia Temática
Elaboração de Conteúdo
Paulo José de Oliveira
José Antônio Pacheco de Almeida

Projeto Gráfico e Capa


Hermeson Alves de Menezes

Diagramação
Nycolas Menezes Melo

Reimpressão

Copyright © 2009, Universidade Federal de Sergipe / CESAD.


Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e grava-
da por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a
prévia autorização por escrito da UFS.

FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Oliveira, Paulo José de.


O48c Cartografia Temática/ Paulo José de Oliveira - José Antônio
Pacheco de Almeida -- São Cristóvão: Universidade Federal de
Sergipe, CESAD, 2009.

1. Cartografia Temática. 2. Mapas I. Almeida, José Antônio


Pacheco de. II. Título

CDU 528.94
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NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO

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Edvar Freire Caetano Nycolas Menezes Melo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


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Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474
Sumário
AULA 1
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática........07

AULA 2
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais.....19

AULA 3
A variável visual cor.......................................................................35

AULA 4
Elementos de representação dos mapas temáticos..........................55

AULA 5
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica.....................69

AULA 6
Os gráficos utilizados na Geografia.................................................................83

AULA 7
Classificação das cartas temáticas..............................................................102

AULA 8
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas –
Manifestação Pontual.........................................................................................119

AULA 9
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas –
Manifestação Linear............................................................................................127

AULA 10
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas –
Manifestação Zonal..............................................................................................135

AULA 11
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas
ordenadas......................................................................................................................143

AULA 12
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas
...........................................................................................................151

AULA 13
Métodos de Representações da Cartografia Temática qualitativas
dinâmicas e Cartografia de síntese.............................................................163
Aula

FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DOS


1
CONCEITOS DE CARTOGRAFIA
TEMÁTICA
META
Apresentar os fundamentos e evolução e aplicações daCartografia Temática

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
entender os fundamentos da Cartografia Temática;
diferenciar a Cartografia Temática da Cartografia Topográfica;
compreender como a Cartografia Temática evoluiu para a Cartografia Temática Digital;

PRÉ-REQUISITO

Para desenvolver as atividades da primeira aula desta disciplina, você deverá dominar o
conteúdo da disciplina Cartografia Sistemática. Também, para um melhor aprendizado ao longo
de toda a disciplina, será necessário que você tenha acesso a todas as figuras coloridas,
disponibilizados na “plataforma”, além de ter em mãos os materiais básicos que utilizou em
Cartografia Sistemática:
01 régua de 30 cm
01 escalímetro (opcional), preferencialmente nº 4
01 transferidor de 360º
01 compasso
05 folhas de papel milimetrado no formato A-4
05 folhas de papel manteiga no formato A-4
01 calculadora comum (opcional: científica)
01 lapiseira (grafite 0,5mm – HB)
01 caixa de lápis de cor de 24 ou 36 unidades
01 CD/DVD regravável ou Pen Drive
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Seja bem vindo a esta disciplina. Durante o nosso percurso de 13 aulas,


você irá aprender, além de outros conteúdos, que na construção de um
mapa, a comunicação só ocorre quando a informação representada é devi-
damente apropriada e entendida pelo usuário. Essa informação, representa-
da pelo conjunto de símbolos cartográficos é transformada em conheci-
mento quando a comunicação cartográfica atinge plenamente os leitores.
Sendo os produtos da cartografia temática as cartas, mapas ou plantas em
qualquer escala, associadas a um tema específico, a representação temática nos
possibilita formular algumas questões: O que você percebe quando você olha
para um mapa? Você sabe como são elaborados os mapas? Que linguagem é
utilizada para que o usuário possa entender o que está representado num mapa?
Onde se localiza o fenômeno geográfico representado? Com qual finalidade os
mapas são elaborados? Para quem eles são elaborados?
Pois bem, a partir desse momento, iremos responder a essas e a outras
questões. Para tanto, vamos nos aprofundar no conhecimento da Cartografia
Temática, disciplina responsável pelo planejamento, elaboração e impressão de
mapas de um tema específico (geologia, geomorfologia, solo, vegetação, etc.).
Durante o caminho, conheceremos como as novas técnicas
computacionais, com programas específicos para a elaboração de mapas
temáticos vêm promovendo grandes avanços na representação geográfica,
constituindo-se na Cartografia Temática Digital.

8
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática.
Aula

CARTOGRAFIA TEMÁTICA 1
Na disciplina Cartografia Sistemática você teve os primeiros contatos
com a Cartografia Temática, quando comparou a Cartografia de Base (Topo-
gráfica) com a Cartografia Temática (Geográfica). Agora detalharemos um
pouco mais as diferenças entre ambas e até mesmo algumas semelhanças.
O conceito da Cartografia mais aceito atualmente foi estabelecido
em 1966 pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posterior-
mente, ratificado pela UNESCO, no mesmo ano:
A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações cien-
tíficas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações
diretas ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas,
cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos,
fenômenos e ambientes físicos e sócio-econômicos, bem como a sua utilização.
A partir do conceito acima percebemos que a Cartografia é muito
ampla, abrangendo uma diversidade de conceitos e aplicações, dificul-
tando uma simples classificação em Topográfica e Temática.
Acredita-se que a cartografia temática tenha surgido com o florescimento
dos diferentes ramos de estudos operados com a divisão do trabalho científico
no fim do século XVIII e início do século XIX. Essa nova demanda norteou a
passagem da representação das propriedades apenas “vistas” para a representa-
ção das propriedades “conhecidas” dos objetos, onde o código analógico é
substituído por um código mais abstrato, representando-se categorias mental-
mente e não visualmente organizadas (Palsky, 1984 citado em Martinelli, 1998).
No entanto, de maneira concreta, o primeiro mapa temático que se
tem conhecimento não surgiu de uma pré-definição, mas sim de maneira
intuitiva, quando foi incorporada a categoria espaço às análises realiza-
das no século XIX por John Snow. No ano de 1854 ocorreu em Londres
uma epidemia de cólera, uma das várias epidemias trazidas das Índias.
Uma corrente científica tentava explicá-la relacionando-a aos miasmas,
concentrados nas regiões baixas e pantanosas da cidade e outra à ingestão
de água insalubre. Foi então elaborado um mapa (Figura 1.1), identifican-
do os locais das mortes por cólera através de pontos e as bombas de água
que abasteciam a cidade através de cruzes, permitindo visualizar clara-
mente o centro da epidemia, a Broad Street. Esta hipótese foi confirma-
da, reforçada por outras informações como a localização do ponto de
captação de água da bomba à jusante (rio abaixo) da cidade, em local de
máxima concentração de dejetos e de pacientes coléricos.

9
Cartografia Temática

Figura 1.1 - Mapa da Epidemia de cólera na cidade de londres em 1854. (Fonte: http://www.dpi.inpe.br).

O século XIX foi caracterizado como a época da produção de ma-


pas, sendo considerado o período áureo da Cartografia, devido ao
surgimento de muitas técnicas inovadoras. Entretanto o grande passo dos
mapeamentos como apoio aos conhecimentos se dá com o avanço impe-
rialista no fim do século XIX. Cada potência necessitava de um inventá-
rio cartográfico preciso para as novas incursões exploratórias, incorpo-
rando, assim, também esta ciência às suas investidas espoliadoras nas
áreas de dominação (Palsky, 1984 citado em Martinelli, 2003b).
No século XX, o avanço do refinamento das técnicas cartográficas
associado ao surgimento de teorias que enfatizavam a responsabilidade
sobre o meio ambiente, deu grande impulso a projetos de mapeamentos
temáticos, conseqüentemente, à produção de mapas temáticos.
O início da utilização do computador em Cartografia ocorreu por
volta de 1960, nos Estados Unidos. Nesta época a ênfase estava na cria-
ção de algoritmos que reproduzissem tarefas muito dispendiosas manu-
almente, como o traçado de curvas de nível e de reticulados representan-
do os paralelos e meridianos segundo uma projeção cartográfica. Durante
a década de 1960, fez-se muito esforço para a implementação de algoritmos

10
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática.
Aula

que reproduzissem as tarefas manuais que reproduziam as tarefas antes


executadas. Dessa forma, com o desenvolvimento dos dispositivos para
1
visualização (monitores e impressoras), o aumento da capacidade de Algoritmo
processamento dos computadores e a diversidade de métodos de captura
de dados, houve um grande avanço também no desenvolvimento dos Sequência de passos
softwares para tratar a informação cartográfica. Paralelamente ao de- ou regras para execu-
senvolvimento dos métodos e técnicas para produção, armazenamento e tar uma determinada
tarefa ou para resolver
tratamento da informação geográfica, percebeu-se que a informação po-
um determinado pro-
deria ser utilizada para outras atividades além da reprodução de mapas. A blema.
sobreposição das informações armazenadas permitia que fossem feitas
análises sobre os dados, gerando nova informação. Com isso, surgiram os Softwares
Sistemas de Informação Geográfica (SIG), ampliando as possibilida-
des de elaboração dos mapas temáticos por processos automatizados, ou Referem-se a todos os
programas de um siste-
digitais, como são mais conhecidos atualmente.
ma computacional.
Ressalte-se que utilização da Cartografia Temática digital não garante
que o produto final representará corretamente os fenômenos geográficos, se- SIG
jam eles físicos ou abstratos. Se não houver um controle na qualidade do
mapa-base e do banco de dados representativo do fenômeno geográfico, ou Sistema baseado em
seja, se esses dados forem imprecisos, contendo erros, o resultado final será computador, que permi-
te coletar, manusear e
um mapa temático capaz de impressionar, mas sem valor técnico-científico.
analisar dados geográfi-
Considerando-se que os dados espaciais (mapa-base) e alfanuméricos cos (georreferenciados).
(atributos) tenham as qualidades exigidas para a elaboração correta do
mapa temático, devemos utilizar as técnicas adequadas da Cartografia Mapa-base
Temática de forma que o mapa gerado represente adequadamente o tema
e atinja o objetivo a que se propõe. Mapa contendo os ele-
mentos planimé-tricos
Então, de acordo com Oliveira (2008), se considerarmos apenas o conteúdo
e/ou altimétri-cos fun-
da representação cartográfica, a Cartografia pode ser classificada em três tipos: damentais necessários
- Cartografia Topográfica: representação fiel e precisa, de conformidade à representação de um
com as normas e convenções específicas às diversas escalas, dos diversos determinado espaço
aspectos naturais e artificiais da superfície terrestre. geográfico.
- Cartografia Temática: representação espacial de um tema específico.
Enquadram-se neste tipo as cartas geológicas, geomorfológicas,
pedológicas, de vegetação e utilização da terra, de uso do solo, rodoviári-
as, de população e outras.
- Cartografia Especial: representação espacial de um determinado assunto
que possua objetivo imediato e específico. Enquadram-se neste tipo as car-
tas aeronáuticas e as cartas náuticas. Alguns autores enquadram também
como especiais as cartas batimétricas, meteorológicas e geofísicas como
especiais.
No entanto, analisando as duas últimas classificações e, partindo do princí-
pio que toda representação especial trata de um tema, as cartas especiais podem
ser também consideradas temáticas. Ainda, a Cartografia Topográfica também é
denominada de Cartografia Geral ou Cartografia Básica por alguns autores.

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Cartografia Temática

Figura 1.1 – Quadro diferenciando Cartografia Topográfica e Cartografia Temática.


(Fonte: OLIVEIRA (2008) adaptado de DUARTE (1991)).
Considerando apenas os dois tipos principais (topográfica e temática),
a Figura 1.1 abaixo, auxilia na compreensão da diferença entre ambas.
Podemos concluir que a Cartografia Temática é a parte da Cartografia que
diz respeito ao planejamento, execução, impressão [ou visualização] de mapas
sobre um Mapa Básico, ao qual serão anexadas informações através de simbologia
adequada, visando atender as necessidades de um público específico.
Daqui para diante con-
sideraremos a Cartografia
Temática como a linguagem
de representação de fatos e
fenômenos geográficos com
especificidades que resul-
tam no processo de tradu-
ção visual de uma informa-
ção geográfica compatível
com o significado intrínse-
co da informação a ser
traduzida. Além de repre-
sentar diferentes fenômenos
geográficos de , a exemplo
dos tipos de solos e rochas,
por exemplo, a Cartografia
Temática expressa também
Figura 1.2 – Exemplo de um mapa representando um fenômeno geográfico físico idéias abstratas como áreas
(Geologia)
(Fonte: http://www.portalbrasil.net). de influência de uma cida-
de, IDH e densidade
populacional.

12
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática.
Aula

1
IDH

Índice de Desenvolvi-
mento Humano. A
metodologia de cálcu-
lo do IDH envolve a
transformação das va-
riáveis longevidade,
educação e renda, em
índices que variam de
0 (pior) a 1 (melhor)
que, combinados irão
compor o indicador-
síntese IDH. Quanto
mais próximo de 1 (um)
o valor deste indicador,
maior será o nível de
desenvolvimento hu-
mano do país ou re-
gião.

DNPM

Departamento Nacio-
Figura 1.3 – Exemplo de mapa representando um fenômeno geográfico abstrato (IDH). nal de Produção Mi-
neral

NORMAS DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA Embrapa

Segundo o Decreto Lei Nº 243 de 1967 que fixa as Diretrizes e Bases Empresa Brasileira de
Pesquisas Agrope-
da Cartografia Brasileira, no seu Capítulo IV, Art.6º, §1º, “A Cartografia
cuárias
Temática é o ramo da Cartografia que trata da representação gráfica, para
um fim específico, de um tema ou uma correlação de temas, sobre um
mapa-base (SANTOS, p.30, 1989)”. A princípio, a Cartografia Temática
deverá seguir as normas e padrões da Cartografia brasileira estabelecidas
pelo órgão cartográfico nacional, o IBGE. No entanto, não existe uma
total sistematização dos procedimentos a serem adotados que atenda aos
objetivos do executante e ao mesmo tempo do usuário.
Alguns temas têm suas convenções cartográficas padronizadas internacio-
nalmente. No Brasil, a representação da Geologia é padronizada pelo DNPM;
a Pedologia (ou Solos) tem suas convenções determinadas pela Embrapa.
Como exemplo de mapa temático representando um fenômeno geográfico
físico, podemos citar o Mapa Geológico do Brasil (Figura 1.2) e de um fenôme-
no geográfico abstrato o Mapa do IDH dos Estados do Brasil (Figura 1.3).

13
Cartografia Temática

É importante ressaltar que na Cartografia Temática a percepção das


informações temáticas tem supremacia sobre as informações da base
cartográfica utilizada. Contudo, não se pode suprimir ou negligenciar in-
formações importantes como a escala, legenda e projeção cartográfica e
que na elaboração de mapas temáticos a comunicação das informações
deve ser compreensível para o usuário, fornecendo uma resposta visual
clara, coerente, lógica e livre de ambigüidades.
O objetivo principal da Cartografia Temática é, portanto, comunicar
um tema através dos mapas e para ajudar o leitor a entender o que o mapa
apresenta, alguns padrões cartográficos têm sido estabelecidos ao longo
do tempo. A leitura dos mapas é uma habilidade básica da comunicação e
é utilizada por pessoas de muitas áreas distintas. Por isso, é importante
que o Cartógrafo, o Geógrafo ou o profissional que utilizará o mapa como
meio de comunicação de suas informações, esteja capacitado a gerar o
mapa temático segundo todas as normas da Cartografia.
Durante muito tempo os cartógrafos dedicaram seus estudos no senti-
do ao desenvolvimento de técnicas que permitissem gerar as representa-
ções cartográficas de um modo mais rápido e com menores custos. O ad-
vento do computador permitiu mudanças tanto qualitativas como quanti-
tativas na produção de mapas e cartas. Qualitativamente é possível interagir
com a representação em tempo real enquanto que quantitativamente é pos-
sível gerar um maior número de mapas em menor tempo (TAYLOR, 1994).
Assim, de um modo geral, podemos afirmar que a Cartografia
Temática é responsável pelo planejamento, elaboração e impressão de
mapas temáticos e que o sucesso da representação do fenômeno geográ-
fico está intimamente associado a um bom conhecimento dos dados ori-
ginais e a uma escolha acertada do método de representação gráfica.

CONCLUSÃO

Os mapas temáticos têm como objetivo a representação espacial de


um tema, podendo este tema ser abrangente ou até mesmo imediato e
específico. Para tanto, utilizamos símbolos quantitativos e/ou qualitati-
vos lançados sobre um mapa-base para representar graficamente os fenô-
menos geográficos e suas correlações.
A compreensão da representação gráfica utilizada na Cartografia Temática
é fundamental para que possamos aplicar adequadamente as técnicas para a
representação do fenômeno geográfico. Elaborar mapas temáticos que obe-
deçam ao rigor técnico-científico e que atenda ao objetivo desta ciência que
é a representação do fenômeno geográfico através da linguagem, gráfica tor-
na-se o principal objetivo do cartógrafo, geógrafo e todos os profissionais que
utilizam a categoria “espaço” como fonte para suas análises.

14
Fundamentos e evolução dos conceitos de Cartografia Temática.
Aula

RESUMO 1
Nesta aula aprendemos que a Cartografia Temática utiliza a lingua-
gem gráfica para a representação do fenômeno geográfico. Comunicando-
se através de mapas temáticos, a Geografia consegue alcançar o desafio
de representar as informações geográficas espaciais e alfanuméricas de
forma objetiva, capaz de ser entendida pela sociedade, tanto através de
mapas temáticos direcionados a especialistas, como de mapas turísticos,
que têm como público alvo os denominados leigos cartográficos. Atual-
mente, com a evolução de técnicas computacionais aplicadas à represen-
tação espacial, a Cartografia Temática toma um novo impulso, tanto qua-
litativo como quantitativo, possibilitando o manuseio de grandes volu-
mes de dados geográficos, impossíveis de serem trabalhados manualmen-
te em outros tempos.

ATIVIDADES

1. Em nossa primeira atividade, o aluno deverá comparecer à Biblioteca


da UFS em sua cidade e, baseando-se no Quadro 1 deste capítulo:
- separar 2 cartas topográficas e 2 cartas temáticas;
- descrever para cada uma as características que foram preponderantes
para a classificação (título, escala, nomenclatura CIM, enquadramento
geográfico, tema, etc.).

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Naturalmente, você utilizou muitas cartas topográficas na disciplina


de Cartografia Sistemática e não terá dificuldades em encontrá-las.
Para as cartas temáticas utilize os exemplares disponíveis na UFS.
Você poderá também consultar o site do IBGE (www.ibge.gov.br) e
fazer o download de cartas.
Lembre-se também que a disciplina Cartografia Sistemática tem a
denominação que consta na grade curricular do Curso de Geografia
da UFS, mas a rigor deveria chamar-se Cartografia Básica, cujo
conteúdo programático inclui além dos conceitos básicos de
cartografia, também a caracterização das cartas topográficas que são
representadas segundo uma sistematização a partir das cartas ao
milionésimo, por isto denominada Cartografia Sistemática.

15
Cartografia Temática

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula você irá conhecer os métodos da linguagem gráfica


utilizada na representação cartográfica, conteúdo fundamental para que
você possa dar continuidade ao curso. Como material didático comple-
mentar, você deverá ler a Introdução dos livros de Martinelli (2003a e
2003b), indicados nas referências bibliográficas a seguir.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2007.
CÂMARA, et al. Análise espacial e geoprocessamento. Disponível
em <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise.> Consultado em 04
nov. 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed.
Florianópolis: UFSC, 2002, 2005.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______.Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. Aracaju:
UFS, 2008.
______ Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
SANTOS, M.C.S.R. Manual de fundamentos cartográficos e diretri-
zes gerais para elaboração de mapas geomorfológicos e geotécnicos.
São Paulo: IPT, 1989.
TAYLOR, F. Modern Cartography: visualization in modern cartography.
2. Oxford: Pergamon Press, 1994.
TEIXEIRA, Amândio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, Antonio.
Sistemas de Informação Geográfica: Dicionário Ilustrado. São Paulo:
Hucitec, 1997.

16
Aula

SEMIOLOGIA GRÁFICA:
2
A LINGUAGEM DOS MAPAS E AS VARIÁVEIS VISUAIS

META
Conhecer os símbolos cartográficos e métodos da linguagem gráfica utilizados na representação
cartográfica.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
diferenciar o sistema semiológico monossêmico da linguagem polissêmica;
entender as relações fundamentais: diversidade, ordem e proporcionalidade;
utilizar adequadamente os símbolos cartográficos;
ser capaz de identificar e utilizar as variáveis visuais: forma, orientação, tamanho, granulação,
valor e cor.

PRÉ-REQUISITO
Rever o conteúdo da Aula 1 e adquirir uma caixa de lápis de cor com no mínimo 24 unidades. (A
caixa com apenas 12 unidades, por não possuir variações de tonalidades das cores,
impossibilitará um aprendizado completo, dificultando realização das atividades propostas).
Você poderá também estudar e resolver os exercícios, utilizando as ferramentas de desenho do
software Microsoft Word (A citação da marca não implica em propaganda comercial, sendo
indicada apenas pela facilidade de uso) ou similar. Não se esqueça de copiar as figuras coloridas
deste capítulo e dos demais, disponibilizadas na “plataforma”.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Olá! Que bom nos encontrarmos mais uma vez. Esperamos que tenha
aproveitado bastante a primeira aula de nossa disciplina e esteja motivado
para avançar nos estudos.
Nesta aula, você aprenderá que o universo da semiologia gráfica apli-
cada à linguagem dos mapas possibilita a construção de mapas geográficos.
Tal afirmativa apóia-se nos métodos e técnicas desenvolvidos especifica-
mente para a representação dos fenômenos geográficos. Dessa forma, a
representação gráfica através das relações fundamentais de diversidade,
ordem e proporcionalidade aplicadas às seis variáveis visuais: forma, tama-
nho, orientação, granulação, valor e cor, fornece as ferramentas necessárias
para a confecção dos mapas temáticos, iniciando o aluno no domínio das
representações gráficas através dos símbolos gráficos. Devido à sua com-
plexidade e importância para a Cartografia, a variável visual Cor será estu-
dada separadamente na Aula 3.
Os símbolos cartográficos figurativos têm sido utilizados de forma a facili-
tar o seu reconhecimento pelo leitor. Assim, os objetos cartográficos são transcri-
tos através de símbolos, resultando em uma convenção proposta ao leitor pelo
redator sendo representada em um quadro de sinais ou legenda do mapa.

18
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

SEMIOLOGIA GRÁFICA: A LINGUAGEM DOS


MAPAS
2
Conhecer as propriedades da linguagem visual para utilizá-la adequa-
damente é o objeto da semiologia gráfica.
Semiologia
É a ciência geral dos
SISTEMA SEMIOLÓGICO POLISSÊMICO E signos, que estuda
todos os fenômenos
MONOSSÊMICO culturais como se fos-
sem sistemas de sig-
A Cartografia pode ser considerada como uma linguagem universal, no nos, isto é, sistemas
sentido que utiliza uma série de símbolos conhecidos, sendo, portanto, uma de significação. Em
linguagem exclusivamente visual e, por isso mesmo, submetida às leis fisioló- oposição à linguística,
que se restringe ao
gicas da percepção das imagens. Compõe uma linguagem gráfica bidimensional,
estudo dos signos
atemporal, monossêmica, ou seja, de significado único, que tem supremacia linguísticos, ou seja,
sobre as demais linguagens, pois demanda apenas um instante de percepção. da linguagem, a
Distingue-se da linguagem figurativa, como a fotografia e a pintura que têm semiologia tem por
característica polissêmica, com significados múltiplos. objeto qualquer siste-
A comunicação polissêmica representada na Figura 2.1 ocorre quan- ma de signos (ima-
gens, gestos, vestuá-
do o signo emitido tem por objeto definir um conjunto ou um conceito
rios, ritos, etc.).
diante de infinitas possibilidades a um receptor qualquer.

Figura 2.1 - Exemplo de representação gráfica polissêmica. Fonte:


MARTINELLI (1998).

O receptor diante da imagem figurativa, polissêmica, pergunta: O


que a imagem procura dizer? Para cada receptor, ela representa algo com
sentido diferente, existindo, portanto, ambigüidade.
A representação monossêmica exclui qualquer ambiguidade possível.
Como pode ser observado na Figura 2.2, a indústria “A” emprega quatro
vezes mais de trabalhadores do que a indústria “B”, havendo somente uma

19
Cartografia Temática

solução para mostrar visualmente a diferença entre o número de trabalha-


dores empregados pelas duas indústrias. Não há, portanto, ambiguidade,
não é mais uma arte, pois não exige mais a escolha. Em contrapartida a
representação é universal e não exige nenhuma convenção.

Figura 2.2 - Exemplo de representação gráfica monossêmica.


Fonte: Martinelli (1998).

AS RELAÇÕES FUNDAMENTAIS

A representação gráfica tem por objeto transcrever as três relações


fundamentais: de diversidade ou seletividade ( ), de ordem (O) e de
proporcionalidade (Q) estabelecidas entre objetos, por relações visuais
da mesma natureza. A transcrição é, portanto, universal, sem ambigüida-
de (Figura 2.3).

Figura 2.3 – Quadro comparativo das relações fundamentais da representação gráfica.

Assim, a diversidade será transcrita por uma diversidade (seletividade)


visual, a ordem por uma ordem visual e a proporcionalidade por uma
proporcionalidade visual. Saber coordenar tais orientações significa do-
minar a síntese dessa linguagem (MARTINELLI, 2003a).
Na Figura 2.4, as relações fundamentais são demonstradas através
das relações entre os objetos por transcrições gráficas de diversidade, or-
dem e proporcionalidade visual.

20
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

Figura 2.4 – Quadro com as relações fundamentais entre os objetos. Fonte: Martinelli (2003a).

AS VARIÁVEIS ESPACIAIS

As variáveis espaciais são as formas de representar a informação


cartográfica, geralmente associada com a escala dos mapas. As variáveis
espaciais são:
- Ponto: é adimensional, representando a posição ou localização. Exem-
plos: ponto indicando a localização de uma cidade, de uma mina de ouro,
etc.
- Linha: é unidimensional, indicando comprimento. Uma linha é formada
por uma sucessão de pontos. Exemplos: rodovia pavimentada, rio, limite
estadual, etc.
- Área, Zona ou Polígono: é bidimensional, representando comprimento e
largura. Uma área é formada por um polígono fechado, gerado por uma
sucessão de linhas. Exemplo: municípios, estados, regiões, etc.
- Volume: é tridimensional, indicando comprimento, largura e altura. Em
Cartografia, a terceira dimensão geométrica (altura) não quer dizer neces-
sariamente o relevo, mas uma terceira variável como temperatura, por
exemplo. Exemplos: Maquete Hipsométrica, Modelo Digital do Terreno,
Modelo Digital de Precipitação Pluviométrica, etc.

AS VARIÁVEIS VISUAIS

A teoria das Variáveis Visuais ou de Retina foi introduzida por Bertin


em 1967, baseada nas variações percebidas pela retina que é o órgão sen-
sível do olho humano, formando a linguagem gráfica ou “cartográfica”,
que será detalhada nesta aula.
A elaboração de mapas através da representação gráfica pode ser ex-
pressa mediante a variação das duas dimensões no plano (X,Y), que são
as dimensões horizontal e vertical da folha de papel ou mesmo a tela do

21
Cartografia Temática

monitor de computador em que será desenhado o mapa. Um ponto dese-


nhado tela do monitor ou no papel, encontra-se posicionado em um deter-
minado lugar representado pelas dimensões (X,Y). Esta marca visível, além
de ter uma posição conhecida no espaço, pode ser associada a um atributo,
isto é, assumir uma terceira dimensão (Z), representada através das modu-
lações visuais sensíveis (Figura 2.5). Assim, as dimensões do plano (X,Y)
mais as seis modulações visuais sensíveis constituem as variáveis visuais
ou variáveis de retina: forma, orientação, tamanho, valor, granulação e cor.

Figura 2.5 – As duas dimensões do plano (x,y) e a variável visível ou atributo (z). Fonte: Almeida
(2008) adaptado de Martinelli (2003a).

Figura 2.6 – Quadro demonstrativo das seis modulações visuais sensíveis. Fonte: Martinelli (2003a).

As duas dimensões (X,Y) do plano identificam a posição do lugar.


Responde ao “ONDE?” Entretanto, os mapas mostram não só mostram
a posição dos lugares, mas também podem dizer muito sobre eles, carac-
terizando-os através da variável (Z), utilizando as relações fundamentais.
O esquema apresentado na Figura 2.7 a seguir demonstra como o aspecto
qualitativo ( ) responde a questão “O QUE?”, caracterizando relações

22
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

de diversidade entre os lugares; o aspecto ordenado (O) responde à ques-


tão “EM QUE ORDEM?”, caracterizando relações de ordem e o aspecto
2
quantitativo (Q) responde à questão “QUANTO?” caracterizando rela-
ções de proporcionalidade entre os lugares.

Figura 2.7 – Variáveis visuais sensíveis e as propriedades perceptivas compatíveis. Fonte: Almeida
(2008) adaptado de Martinelli (2003b).

AS PROPRIEDADES PERCEPTIVAS DAS


VARIÁVEIS VISUAIS

Segundo Martinelli (1998), as variáveis visuais apresentam proprie-


dades perceptivas características diante do nosso olhar. São elas:
- Percepção dissociativa: a visibilidade é variável, onde afastando-se da
vista tamanhos e valores visuais diferentes, somem sucessivamente (ta-
manho e valor);
- Percepção associativa: a visibilidade é constante e as categorias se con-
fundem com a distância; no entanto, afastando-se da vista, não somem
(for ma, orientação, granulação e cores de mesmo valor visual
(contrastantes);
- Percepção seletiva: o olho consegue isolar os elementos distintos (for-
ma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor de mesmo valor visual
(contrastante);
- Percepção ordenada: as categorias se ordenam naturalmente (tamanho,
granulação, valor e cores com valores visuais diferentes);
- Percepção quantitativa: a relação de proporção é imediata (somente tamanho).
A aplicação prática da utilização desses conceitos é apresentada na
Figura 2.8, ou seja, como representar nos mapas temáticos, pontos, li-
nhas e áreas, diferenciadas, ordenadas e proporcionais entre si.

23
Cartografia Temática

Figura 2.8 – Quadro demonstrativo da aplicação da percepção. Fonte: Martinelli (1998).

CONCEITUAÇÃO DAS VARIÁVEIS VISUAIS

Como já vimos, as variáveis visuais ou de retina são todas as varia-


ções percebidas pela retina e formam a linguagem gráfica, que se mani-
festam nas representações cartográficas de seis maneiras distintas:
- Forma: representa dados qualitativos associativos, podendo assumir
formas geométricas ou não. Exemplos: quadrado, círculo, triângulo,
losango, guarda-sol, farol, etc.
- Orientação: representa dados qualitativos seletivos. Exemplo: linhas
horizontais, verticais, inclinadas à direita, inclinadas à esquerda.

24
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

- Tamanho: utilizada para representação de dados quantitativos, preferen-


cialmente demonstrando a proporção correta entre as classes. Exemplo:
2
círculos representados pelos seus diâmetros, proporcionais ao elemento
estudado (círculo com 5 mm, círculo com 3 mm, círculo com 2 mm).
- Granulação: representa dados quantitativos ou qualitativos também in-
dicando ordenamento. É semelhante à intensidade, porém a variação ocor-
re na repartição de preto e de branco, mantendo-se a proporção de preto
e branco. Exemplo: linha tracejada com traços e espaçamentos iguais de
1 mm, 2 mm e 3 mm e assim por diante.
- Intensidade ou Valor: usada para representar dados quantitativos ou
qualitativos indicando ordenamento. O preenchimento da figura pode ser
com tons de cinza ou tons de uma única cor (representação
monocromática). Neste caso a variação não vai estar na cor, mas sim na
sua intensidade. Exemplo: círculo verde escuro, círculo verde médio, cir-
culo verde claro.
- Cor ou Tom de Cor: representa tanto dados quantitativos como qualita-
tivos. Para os qualitativos (sem ordenamento) são utilizadas cores
contrastantes e para os quantitativos ou qualitativos (com ordenamento)
utilizam-se cores análogas, também denominadas sequenciais ou seme-
lhantes. Exemplos: cores contrastantes (amarelo, vermelho, azul); cores
harmônicas (amarelo, laranja, vermelho).
É importante observar que, ao ser utilizada uma única cor variando-
se sua “tonalidade”, ou seja, de claro a escuro, a variável utilizada é a
Intensidade e não a Cor, embora com aparente variação de cor. Exemplo:
azul escuro, azul médio, azul claro.
Devido às suas propriedades e importância na Cartografia, dedicare-
mos a próxima aula inteira ao estudo da variável Cor.
O quadro seguinte, indicado na Figura 2.9, resume a teoria das Variáveis
Visuais propostas por Bertin, apresentando alguns exemplos de utilização
das variáveis visuais: forma, orientação, tamanho, granulação, valor e cor e os
modos de implantação pontual, linear e zonal, que você deverá compreender
bem para utilizá-lo na representação dos fenômenos geográficos.

OS SÍMBOLOS CARTOGRÁFICOS

Como já visto, as variáveis espaciais são as formas de representar a


informação cartográfica. Ao longo do tempo, estas formas foram se adap-
tando à tecnologia e ao fácil reconhecimento pelo leitor. Por exemplo, por
vários séculos as montanhas foram representadas em elevação ou em pers-
pectiva. Nos mapas mais recentes, o azul dos mares e rios ou o verde das
florestas agregam um valor de sugestão universal, representando a água e
as matas respectivamente.

25
Cartografia Temática

Figura 2.9 – Esquema das variáveis visuais e os modos de implantação em Cartografia.


(Fonte: Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b e 1993).

26
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

Os objetos cartográficos são transcritos através de grafismos, os sím-


bolos, resultando em uma convenção proposta ao leitor pelo redator, e
2
que é representada num quadro de sinais ou legenda do mapa.
O símbolo é, portanto, a representação gráfica de um objeto ou de
um fato sob forma sugestiva, simplificada. De acordo com as caracterís-
ticas específicas, os símbolos cartográficos podem ser classificados atra-
vés da sua dimensão espacial em três categorias: ponto, linha, área e volu-
me (Figura 2.10).

Figura 2.10 – Classificação dos símbolos cartográficos de acordo com sua dimensão espacial.
Fontes: Adaptado de Ramos (2005) e Almeida (2008).

A forma utilizada como característica específica dos símbolos cartográficos


divide-se em várias categorias: pictograma, ideograma, símbolo regular geomé-
trico, símbolo não geométrico e símbolo alfanumérico (Figura 2.11).

Figura 2.11 – Classificação dos símbolos cartográficos de acordo com sua categoria.
Fonte: Adaptado de Almeida (2008).

27
Cartografia Temática

CONCLUSÃO

A utilização da semiologia gráfica na linguagem dos mapas é de fun-


damental importância para que o geógrafo atinja a meta de comunicar-se
com o público alvo que, nem sempre é composto por especialistas, a exem-
plo dos mapas turísticos. Portanto, a compreensão e o uso adequado das
relações fundamentais de diversidade, ordem e proporcionalidade visual,
bem como das seis variáveis visuais, permitirão não somente responder
onde o fenômeno geográfico ocorre, mas também a diversidade do fenô-
meno e/ou a ordem e/ou a proporcionalidade. Assim, é imprescindível
que a aplicação dos métodos e técnicas para confecção de mapas geográ-
ficos seja norteada pela semiologia gráfica.

RESUMO

A semiologia gráfica apresentada nesta aula mostra a importância do uso


adequado dos métodos e técnicas na elaboração de mapas geográficos. No
primeiro tópico discutimos as diferenças entre a representação polissêmica e
monossêmica, que são de fundamental importância para entendermos as re-
lações fundamentais (diversidade, ordem e proporcionalidade). A partir des-
se entendimento, apresentamos as seis relações visuais sensíveis e os símbo-
los cartográficos, evidenciando a importância da utilização adequada desses
últimos na elaboração dos mapas para facilitar a identificação.

ATIVIDADES

1. Apresentar duas figuras esquemáticas demonstrando os conceitos de


representação polissêmica e monossêmica.
2. Preencha os quadros a seguir com as variáveis visuais seletiva, ordena-
da e quantitativa em ponto, linha e área.

PONTO
Represente nos campos, símbolos pontuais diferenciados ( )

28
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

Atribua aos círculos idéia de ordem (O) 2


Represente nos campos, quadrados de tamanhos proporcionais

LINHA
Represente linhas diferenciadas ( )

Atribua aos traços a idéia de Ordem (O)

Represente linhas com espessuras proporcionais (Q)

ÁREA
Aplique nos campos texturas diferentes ( )

29
Cartografia Temática

Aplique nos campos texturas de linhas que dêem idéias de ordem (O)

Microsoft
3. Elabore slides no software PowerPoint da Microsoft representando as
A citação da marca variáveis visuais e os modos de implantação. Você poderá usar a bibliote-
não implica em propa- ca de símbolos existentes no software. Seja criativo!
ganda comercial, sen-
do indicada apenas
pela facilidade de uso.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Através das atividades propostas pretendemos aplicar os conceitos


que devem ser apreendidos pelo aluno para a elaboração de mapas
temáticos. Ao realizar a primeira atividade você será capaz de distinguir
adequadamente a representação polissêmica da monossêmica. As
demais atividades possibilitarão a você, segurança para melhor escolher
a variável visual e o modo de representação adequado para cada
fenômeno geográfico. Observe que, em geral, existem várias
possibilidades de escolha. Seja versátil! Se desejar, poderá usar a variável
visual da cor em alguns casos, mas tome cuidado, pois a Cor, por ser
mais complexa, será estudada separadamente na próxima aula.

PRÓXIMA AULA

Devido à importância e à complexidade do uso das cores na elabora-


ção de mapas temáticos, na próxima aula dedicaremos nossos estudos
exclusivamente à variável visual cor. Não se esqueça de copiar as figuras
coloridas disponibilizadas no “portal”.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.

30
Semiologia gráfica: a linguagem dos mapas e as variáveis visuais Aula

FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.


JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
2
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
RAMOS, Christiane da Silva. Visualização cartográfica e Cartografia
multimídia: conceitos e tecnologias. São Paulo: UNESP, 2005.
SANTOS, M.C.S.R. Manual de Fundamentos cartográficos e diretri-
zes gerais para elaboração de mapas geomorfológicos e Geotécnicos.
São Paulo: IPT, 1989.
TAYLOR, F. Modern Cartography: visualization in modern cartography.
v.2. Oxford: Pergamon Press, 1994.
TEIXEIRA, Amândio Luís de Almeida; CHRISTOFOLETTI, Antonio.
Sistemas de Informação Geográfica: Dicionário Ilustrado. São Paulo:
Hucitec, 1997.

31
Aula

A VARIÁVEL VISUAL COR


3
META
Demonstrar a importância do uso da cor nos mapas temáticos.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
interpretar as radiações visíveis no espectro eletromagnético;
utilizar corretamente as três dimensões da cor: tom, luminosidade e saturação;
utilizar adequadamente o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos os símbolos;
cartográficos.

PRÉ-REQUISITO
Rever o conteúdo da Aula 2 e adquirir uma caixa de lápis de cor com no mínimo 24
unidades(Lembre-se que a caixa de lápis colorido com apenas 12 unidades, por não possuir
variações de tonalidades das cores, não possibilitará um aprendizado completo), caso você ainda
não o tenha feito. Assim como na aula anterior, você poderá também estudar e resolver os exercícios,
utilizando as ferramentas de desenho do software Microsoft Word (A citação da marca não implica
em propaganda comercial, sendo indicada apenas pela facilidade de uso) ou similar.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Olá! Este é o nosso terceiro encontro e esperamos que você esteja


aproveitando bastante os conteúdos já apresentados.
Na aula passada, conhecemos os símbolos cartográficos e métodos
da linguagem gráfica utilizados na representação cartográfica. Além dis-
so, aprendemos a diferenciar o sistema semiológico da linguagem
polissêmica, a utilizar adequadamente os símbolos cartográficos e iden-
tificar e utilizar as variáveis visuais, além de compreender as relações de
diversidade, ordem e proporcionalidade.
Nesta aula, vamos conhecer uma variável visual que está sempre
presente na composição dos mapas e tem grande poder de comunicação.
Estamos nos referindo às cores. Dentro desta temática, vamos aprender
a interpretar as radiações visíveis no espectro eletromagnético, a utilizar
adequadamente as três dimensões da cor (tom, luminosidade e satura-
ção), bem como o círculo das cores na elaboração de mapas temáticos.
Será que deu para despertar um pouquinho a sua curiosidade? En-
tão, siga em frente com a leitura e boa aula!

34
A variável visual Cor Aula

PORQUE O ESTUDO DAS CORES MERECE UMA


ATENÇÃO ESPECIAL?
3
A cor, além de afetar a emotividade humana, é uma variável visual
sempre presente e que tem um grande poder de comunicação. Na elabo-
ração de mapas temáticos, as cores, juntamente com os símbolos e letras,
devem ser utilizadas em composições harmoniosas, não podendo apare-
cer aleatoriamente, sem respeitar o bom senso e algumas regras básicas.
O produto resultante deve ter um significativo poder de comunicação, as
informações cartográficas devem estar corretamente representadas, e o
conhecimento adquirido pelos usuários, através do uso desse mapa preci-
sa ser correto e não deixar margens a dúvidas.
Para alcançar este objetivo, o conhecimento sobre as cores deve ser
mais preciso do que seu uso no cotidiano. Devemos assim, utilizar os
conceitos de cor, a qual é definida segundo três dimensões: tom ou matiz,
luminosidade ou valor e saturação.
As cores que maravilham nosso cotidiano são obtidas pela combi-
nação de cores denominadas primárias: vermelho, amarelo e azul, que
misturadas dão origem às cores secundárias: laranja, verde e violeta. Des-
sa forma, em um trabalho cartográfico, devemos levar em consideração
que as cores têm um significado, e para o geógrafo, não é suficiente que a
vegetação seja representada em verde e os rios em azul. Mas qual verde e
qual azul utilizar? Como deve ser o verde claro? Como deve ser o verde
escuro? Para por em prática o uso corretos das cores na elaboração dos
mapas temáticos, devemos estar atentos para que a cor, além de apresen-
tar um efeito estático, tenha significado e que o resultado seja claro, con-
seguindo transmitir a informação temática pretendida.

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
RADIAÇÃO VISÍVEL

A Cor não existe, a cor é uma sensação!


O fenômeno de o ser humano enxergar as diferentes cores está
associado aos estímulos do cérebro, que tem a capacidade de
diferenciar uma onda eletromagnética da outra. Vejamos, o
vermelho tem uma freqüência diferente do azul, por esta razão,
podemos afirmar que as cores não existem e sim objetos que
refletem ondas de freqüências diferentes, provocando no cérebro
a sensação de cores.

35
Cartografia Temática

RADIAÇÃO VISÍVEL – LUZ

O conjunto de radiações eletromagnéticas compreendidas entre os


comprimentos de ondas de 0,39Mm a 0,70Mm (micrômetros) é denomi-
nado de espectro visível, conhecido como luz. Assim, as radiações com-
preendidas nesta faixa de comprimento de onda ao interagirem com o

Figura 3.1 – Relação de cores e suas respectivas faixas espectrais no visível.

Figura 3.2 – Espectro eletromagnético

Figura 3.3 – Faixa visível do espectro eletromagnético (matizes).

36
A variável visual Cor Aula

sistema ocular humano são capazes de provocar uma sensação de cor


(Figuras 3.1, 3.2 e 3.3).
3
AS TRÊS DIMENSÕES DAS CORES

De acordo com as três dimensões das cores elas são definidas em: tom
ou matiz, luminosidade ou valor e saturação da cor. O tom da cor ou matiz
corresponde ao seu comprimento de onda no espectro visível. Portanto
está associada à denominação propriamente dita da cor, é a cor pura (azul,
verde, vermelho, etc.). Os tons de cores são representados por um diagra-
ma denominado de círculo de cores (Figura 3.4).

Figura 3.4 – Círculo das cores. (Fonte: http://www.lsc.ufsc.br).

A luminosidade da cor ou valor corresponde à quantidade de energia


refletida. É o que denominamos de claro ou escuro em relação às cores,
como verde claro e verde escuro, por exemplo. O verde é o tom da cor, e o
claro ou escuro é a variação em luminosidade ou valor da cor (Figura 3.5).

Figura 3.5 – Variação em luminosidade de cor em tons de cinza e azul, respectivamente. Fonte:
Adaptado de Vieira (2004).

A saturação é a variação que assume um mesmo matiz e diz respeito à


pureza da cor, iniciando com o neutro absoluto, passando pelo cinza até che-

37
Cartografia Temática

gar à cor pura. Assim quando o nível de saturação é máximo, a cor transfor-
ma-se em cinza, ou seja, não há percepção do tom da cor (Figura 3.6).

Figura 3.6 – Variação em saturação de um tom de cor. Fonte: Vieira (2004).

CÍRCULO DAS CORES

A utilização do círculo das cores na elaboração de mapas temáticos


possibilita a escolha adequada das cores. Para construí-lo, devemos dis-
por uma série de pastilhas coloridas segunda a sucessão espectral e de
acordo com os comprimentos de ondas (Figura 2.7). As cores primárias
ou básicas são o amarelo, o ciano (azul claro a esverdeado) e o magenta
(vermelhão ou vermelho róseo).

Para facilitar a compreensão do círculo das cores, apresentamos a se-


guir (Figura 2.8) o círculo de cores já com as pastilhas preenchidas. Observe
que temos duas ordens visuais crescentes a partir do amarelo, do lado esquer-
do as cores frias e do lado direito as cores quentes.
As cores frias criam uma sensação de quietude, frescor, tranquilidade,
profundidade, dando a impressão que se situam atrás do plano que as

38
A variável visual Cor Aula

contém. Nos mapas de vegetação, a cor fria verde-escuro mostra as vege-


tações mais densas, enquanto em mapa altimétricos, o verde representa
3
as regiões mais baixas. O azul lembra o ar e a água. Cria a sensação de
pureza, simplicidade e calma. É utilizado nos mapas para representar os
elementos hidrográficos: rios, lagos, chuva, etc.
Em razão dos efeitos de vivacidade, calor e alegria, as cores quen-
tes são atraentes, transmitindo a idéia de dinamismo. Elas também cau-
sam a sensação de aproximação aos nossos olhos. O laranja (ou alaranjado)
indica dinamismo, prosperidade, luz do sol, etc. Pode-se verificar que
muitos remédios, especialmente os infantis, apresentam-se em cor rosa,
proporcionando uma sensação agradável.

Figura 2.8 – Círculo das cores evidenciando cores frias e quentes, claras e escuras. (Fonte:
Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b). Harmonia

HARMONIA DAS CORES É a disposição bem


equilibrada entre as
partes de um todo;
Podemos considerar que ocorre harmonia das cores quando estas
proporção, ordem, si-
são utilizadas de acordo com uma disposição ordenada ou simétrica no metria.
círculo de cores.
A harmonia das cores pode ser compreendida de três formas: har-
monia monocromática; harmonia pelas cores vizinhas ou analogia e har-
monia pelas cores opostas ou contraste. Embora alguns autores conside-
rem que a harmonia ocorre somente quando há composição monocromática
ou pelas cores vizinhas, classificando a composição por contraste como
um caso à parte, nesta disciplina, adotaremos que haverá sempre harmo-

39
Cartografia Temática

nia, desde que utilizando um das três formas citadas e que serão discrimi-
nadas a seguir.
A harmonia monocromática ocorre quando usamos apenas uma cor,
variando a saturação ou o valor (luminosidade, brilho). Esta representa-
ção serve para demonstrar a intensidade de um fenômeno geográfico, em
que as cores fracas indicam valores menores e cores mais escuras indicam
valores maiores, a exemplo dos mapas de temperatura, precipitação
pluviométrica, tipos climáticos, etc., onde se evidencia o aspecto ordena-
do e/ou quantitativo. Este tipo de harmonia é bastante utilizado nos mapas
temáticos, devendo-se ter muito cuidado, principalmente na variação de
saturação, de forma a não tornar a combinação monótona.
A harmonia pelas cores vizinhas é uma forma de utilizar harmonicamente
as cores vizinhas do círculo de cores. Havendo necessidade de representar muitos
fenômenos, deve-se optar pela utilização da harmonia pelas cores vizinhas,
pois tanto a harmonia monocromática como a harmonia pelas cores vizinhas
servem para representar fenômenos que indicam hierarquia ou freqüência. Como
exemplo, podemos citar o mapa hipsométrico que evidencia o aspecto ordena-
do e quantitativo do relevo (classes de altitude).
A harmonia pelas cores opostas é empregada quando queremos de-
monstrar a distinção entre os fenômenos geográficos. Como por exemplo, um
fenômeno natural e um fenômeno urbano. As cores opostas são aquelas que
ficam diametralmente opostas no Círculo das Cores, a exemplo do verde que
está diametralmente oposto ao laranja-avermelhado. Um mapa característico
da aplicação de cores opostas é o político-administrativo, onde o objetivo é a
distinção entre os territórios, evidenciando o caráter qualitativo.
Portanto, a representação monossêmica dos fenômenos geográfi-
cos deve ser aplicada convenientemente pelo cartógrafo ou geógrafo, ca-
bendo ao mesmo, observar cuidadosamente as propriedades perceptivas
das variáveis visuais.
Na Figura 2.9 a seguir, apresentamos um exemplo de mapa temático
digital onde as variáveis visuais foram aplicadas corretamente de acordo
com o tema representado. O mapa aborda o Fluxo Aéreo no Brasil, sendo
fornecidos dados sobre o fluxo das linhas aéreas, se é grande, médio ou
pequeno, além de dados sobre o porte dos aeroportos, se é internacional
ou doméstico e se o movimento é grande, médio ou pequeno. Para a in-
tensidade do fluxo foi utilizada a variável visual “tamanho” com implan-
tação “linear”, pois as aeronaves deslocam-se em linhas, sendo que a li-
nha aérea com maior fluxo foi representada com a maior espessura, evi-
denciando-se assim o caráter ordenado e de proporcionalidade. Já para a
diferenciação entre aeroporto doméstico e internacional, foi utilizada a
implantação “pontual” para a variável visual “cor contrastante”, fixando-
se a forma geométrica “círculo”; as cores azul e ver melho são
diametralmente opostas no círculo de cores e por isto, contrastantes,

40
A variável visual Cor Aula

evidenciando a relação fundamental da diversidade visual. Para o movimen-


to dos aeroportos, com o objetivo de destacar a relação de ordem e também
3
de proporcionalidade, os círculos tiveram seus tamanhos proporcionais aos
movimentos, sendo que os círculos de maior diâmetro correspondem aos
maiores movimentos e os de menor diâmetro, menores movimentos.

Figura 2.9 – Exemplo de mapa temático com a correta aplicação das variáveis visuais.
(Fonte: http://www.uol.com.br).

SISTEMAS DE COR

Como complemento de seu aprendizado sobre a composição de


cores que são utilizadas nos mapas, tanto básicos quanto temáticos, apre-
sentaremos a seguir um resumo dos principais Sistemas de Cor.
Os sistemas de cor são utilizados para a composição de cores a
partir das cores básicas, a depender de sua aplicação. Os principais siste-
mas são:
- RGB: utilizado em eletrônica, computação e monitores
- CMYK: utilizado na área gráfica e impressoras
- HSV: utilizado na área gráfica e computação
- CieLab e CieLCh: utilizado em indústrias têxtil, cerâmica, tinta e outros.
Na Cartografia, principalmente a Digital, os sistemas RGB, CMYK e
HSV são os mais utilizados e serão discriminados a seguir. Você poderá obter
informações complementares, acessando outras publicações pela Internet.

1. Sistema RGB
Red (Vermelho)
Green (Verde)
Blue (Azul)

41
Cartografia Temática

- Inspirado no sistema visual humano

Adição de cores primárias


(Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008).

- Cores obtidas através do processo aditivo envolvendo as cores: verme-


lha, verde e azul (cores primárias em fontes de luz)
A cor “branca” é a reflexão total das cores, ou a “união de todas as
cores”.

2. Sistema CMYK
Cyan (Ciano)
Magenta (Magenta)
Yellow (Amarelo)
blacK (Preto)
- sistema complementar ao RGB
C R
M G
Y B

Subtração de Cores Primárias


(Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008).

42
A variável visual Cor Aula

- cores obtidas pelo processo subtrativo envolvendo as cores: amarela,


ciano e magenta (cores secundárias em fontes de luz).
3
A “cor preta” é a absorção total das cores, ou “ausência de cor”.

3. Sistema HSV
Hue (Matiz, Nuança ou Cor)
Saturation (Saturação)
Value (Valor, Luminosidade, Luminância ou Brilho)

SÓLIDOS OU ESQUEMA DE CORES

A seguir, estão representados diversos sólidos ou esquema de cores, onde


é possível obter as variações de cor pelos diferentes sistemas.

a) Sólido de Ostwald

(Fonte: FURB (Universidade de Blumenau – Sistemas Multimídia, 2008).


b) Corte de sólido de cores de Ostwald para o matiz amarelo (Losano,
1978).

43
Cartografia Temática

c) Sólido de cor de Munsell (Adobe Systems Incorporated, 2001)

d) Esquema de cores do software “Microsoft Office for Windows”.

Fonte: Microsoft Office (2007).

CUIDADOS ESPECIAIS COM AS CORES AZUL,


CINZA, PRETO E BRANCO

Cuidado especial deve ser tomado também com a cor azul, pois
normalmente aparece na hidrografia dos mapas-base. Então, numa repre-
sentação temática em que a hidrografia (rios, riachos, oceano, lagos) seja
representada no mapa-base, deve-se optar por outra cor no lugar do azul,
de forma a não encobrir os as representações planimétricas hidrográficas,
assim como a sua toponímia.
O cinza é uma cor neutra, ou seja, não produz harmonia nem por
contraste nem por analogia com cores vizinhas. Na prática, o cinza não é

44
A variável visual Cor Aula

uma cor do espectro, sendo obtido indiretamente pela saturação máxima


de qualquer cor ou então pelas diferentes misturas de preto e branco.
3
Quando optar por cores, evite o “cinza”, pois esta cor geralmente é
utilizada não para representar parte de um tema, mas sim para as áreas
limítrofes, ou então, ausência (falta) de dados. Por exemplo: no Mapa
Político do Brasil, as cores são aplicadas nos Estados e o cinza unicamen-
te nos países vizinhos, ou em áreas de litígio, desde que os países vizi-
Litígio
nhos fiquem em branco ou outro tom neutro.
No entanto, para representações monocromáticas em tons de cin- Questão judicial;
za, estes poderão ser aplicados no tema, desde que não haja nenhuma pendência; disputa.
nomenclatura em preto dentro das áreas, pois aí o cinza encobriria o pre- Fonte: Novo Dicio-
to. Da mesma forma, o cinza poderá ser utilizado em casos especiais, nário Aurélio Ele-
trônico (2004).
variando-se a saturação de uma cor, embora não resulte em uma
visualização muito agradável. O cinza também é utilizado em um mapa
temático colorido, para representar áreas onde não há dados, para que
estas fiquem neutras em ralação às áreas com dados. Obviamente neste
caso, as áreas vizinhas não poderão ser representadas em cinza, mas sim
em branco ou outro tom neutro ou suavizado.
Conforme já foi visto, o preto constitui-se na prática como absor-
ção total das cores ou “ausência de cor”. Na escala de tons de cinza, o
preto seria o valor máximo, ou seja, 100% de preto e 0% de branco). A
cor preta geralmente é utilizada em Cartografia para indicar a toponímia
dos acidentes geográficos, exceto para a hidrografia que é identificada na
cor azul. Também é utilizada na composição do título, escala, reticulado,
legenda, quadro de convenções cartográficas e notas.
Recomenda-se utilizar a cor preta somente nos casos de aplicação
da variável visual “granulação”, onde sempre haverá alternância entre
preto e branco ou “valor em tons de cinza”, quando o preto aparecerá
somente nas áreas onde o tema ocorrer em maior intensidade. Obvia-
mente, em nenhum dos casos, poderá haver toponímia na parte interna
das áreas onde serão aplicadas as variáveis visuais.
De forma semelhante ao preto, o “branco” também não se consti-
tui em uma cor propriamente dita, mas sim na reflexão total das cores ou
“junção de todas as cores”. Assim, deve ser utilizado para identificar áre-
as vizinhas à área em estudo ou então para indicar áreas com “inexistência”
do fenômeno no espaço considerado.
Ressalte-se que há uma diferencia entre “falta” e “inexistência”.
Falta significa que o dado existe, mas não foi mensurado ou coletado,
como por exemplo, num mapa temático de quantidade de casos de
esquistossomose nos municípios, onde poderá haver problemas na coleta
de dados ou amostras de sangue em alguma área. Já inexistência significa
que o dado realmente não existe, ou seja, não há amostragem na área,
como ocorre nos mapas temáticos de produção agrícola, por exemplo,

45
Cartografia Temática

onde alguns municípios possuem áreas plantadas de uma determinada


cultura e outros não.
Então, muito cuidado ao utilizar as cores azul, cinza, preto e branco!

CONCLUSÃO

A variável visual Cor é a mais utilizada nos mapas temáticos. Por


isso, conhecer suas propriedades é de suma importância para a Cartografia.
Como fisicamente a cor não existe, pois o que percebemos é apenas uma
sensação de cor, é importante entendê-la a partir da interpretação das radi-
ações visíveis no espectro eletromagnético e aplicá-las corretamente nos
mapas topográficos e principalmente nos temáticos. Utilizar adequadamen-
te as três dimensões da cor como tom, luminosidade e saturação, ampliará
suas possibilidades de melhor representar um tema no mapa. Também im-
portante é utilizar corretamente o círculo das cores na elaboração de mapas
temáticos de forma que haja sempre harmonia, a depender do fenômeno
representado. Quando for necessário destacar a diversidade, ou seja, dife-
renciar bem as feições geográficas, os melhores resultados são obtidos com
cores contrastantes (opostas no círculo de cores). Porém, se o tema reque-
rer o ordenamento e, em alguns casos, a proporcionalidade, utiliza-se prefe-
rencialmente a harmonia monocromática ou então por cores vizinhas (aná-
logas ou semelhantes). Na Cartografia Temática Digital é muito importante
conhecer os Sistemas de Cor, pois através deles, as cores podem ser mani-
puladas digitalmente, alterando-se sua composição e transformando-as em
outras cores, seja pelos sistemas RGB, CMYK ou HSV. Aprendendo e pra-
ticando todas estas técnicas você estará apto a elaborar qualquer tipo de
mapa temático e de excelente qualidade cartográfica.

46
A variável visual Cor Aula

RESUMO 3
Nesta aula, conhecemos a importância do estudo das cores para
seu uso adequado na elaboração de mapas temáticos. Como elas têm um
grande poder de comunicação visual, devem ser utilizadas de forma
criteriosa, associadas a símbolos e letras, buscando sempre preservar a
harmonia do produto elaborado. Todo esse cuidado tem como finalidade
a elaboração de um mapa que atenda às necessidades do usuário. O Es-
pectro Eletromagnético visível nos permite identificar as variações de
cores entre violeta e vermelho. As cores estão divididas em três dimen-
sões: tom ou matiz, luminosidade ou valor e saturação. Além disso, há o
Círculo das Cores que nos permite distinguir as cores frias das cores quen-
tes, as cores claras das cores escuras e a funcionalidade de cada uma
dessas variantes, bem como nos conduz às três formas de compreensão
da harmonia das cores: harmonia monocromática, harmonia pelas cores
vizinhas e pelas cores opostas. Para a obtenção das cores em monitores
de computador, impressoras e métodos gráficos, utilizam-se os Sistemas
de Cores os quais permitem diferentes composições a partir das cores
primárias e secundárias. Um cuidado especial deverá ser tomado ao se-
rem utilizadas as cores: preto, branco, cinza e azul.

ATIVIDADES

1. Proponha uma legenda, segundo a variável visual da Cor, para um Mapa


de Densidade Demográfica de uma determinada região, conforme abai-
xo. Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados.

hab/km2

< 500 Variável utilizada: _______________________

501 a 1.000 Modo de implantação: ________________

> 1.000

2. Proponha uma legenda, utilizando a variável visual da Cor, para o Mapa


Político do Brasil, segundo as regiões administrativas, abaixo. Indique a
variável visual e o modo de implantação utilizados.

NORTE

NORDESTE Variável utilizada: ___________________

47
Cartografia Temática

CENTRO-OESTE Modo de implantação: ________________

SUDESTE

SUL

3. Aplique nos mapas hipotéticos a seguir, variáveis visuais de moda a


representar adequadamente os temas indicados. Indique também a variá-
vel visual e o modo de implantação utilizados.

a) MAPA DE SOLOS
Objetivo: separar (diversidade) três solos diferentes A, B, C.

Variável: ___________________________
Modo de Implantação: ________________

b) MAPA DE APTIDÃO AGRÍCOLA DE SOLOS


Objetivo: classificar (ordem) três solos diferentes quanto à sua apti-
dão para agricultura. Indique a variável visual e o modo de implantação
utilizados.
A - Alta B - Média C - Baixa
Variável: ___________________________
Modo de Implantação: ________________

c) MAPA DE DENSIDADE DEMOGRÁFICA


Objetivo: classificar (ordem) três municípios quanto à sua densidade
demográfica (hab/km2). Indique a variável visual e o modo de implanta-
ção utilizados.
A - < 100
B - 100 a 200
C - > 200
Variável: ___________________________
Modo de Implantação: __________________

d) MAPA RODOVIÁRIO
Objetivo: diferenciar rodovia de ferrovia, classificando as rodovias quan-
to à pavimentação (utilizar o mapa da direita para aplicar as variáveis
visuais). Indique a variável visual e o modo de implantação utilizados.

48
A variável visual Cor Aula

3
A - rodovia pavimentada
B - rodovia em pavimentação
C - rodovia sem pavimentação
D - ferrovia

Variáveis utilizadas para separar rodovia de ferrovias: _________________


Variável utilizada para ordenar as rodovias: _______________________
Modo de implantação: _____________________

4. Dê um tratamento cartográfico (aplicação de variáveis visuais) aos


mapas temáticos abaixo:

Mapa Político Índice de Mortalidade Infantil (por mil)

A - 120
B - 80
C - 200

Mapa Geológico Acidentes de Trânsito Mensais

A – até 10
B – 10 a 40
C – acima de 40

5. Reproduzar as legendas-padrão para o mapa hipsométrico (altitude) e


para o mapa batimétrico (profundidade), conforme abaixo. Indique em
cada caso, a variável visual utilizada.
Altitude (m) Profundidade (m)

49
Cartografia Temática

variável visual: ______________ variável visual: ____________

6. Utilizando o Sistema de Cores do software Microsoft Office (ver Sólidos e


esquema de cores, item d), “clique” com o mouse nas diversas cores e
observe o que ocorre com os valores de RGB (Vermelho, Verde e Azul) e
de HSV (Matiz, Saturação e Luminosidade/Valor). Faça também o inver-
so, ou seja, altere os valores de RGB e HSV e observe qual cor será for-
mada. Apresente dois exemplos de cada caso e qual a cor resultante.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A primeira questão possibilitará que você desenvolva a sensibilidade


de trabalhar com a variável cor de maneira harmônica,
preferencialmente pelo critério monocromático. Para a segunda
questão sugere-se a utilização de cinco cores bem diferenciadas, ou
seja, contrastantes. Na terceira e quarta questões, não utilize apenas
a variável visual da cor; retorne aos conceitos da Aula 2 para aplicar
outras variáveis possíveis. Na quinta questão, utilize as cores-padrão
para hipsometria e batimetria normatizadas pelo IBGE e, para
respondê-la, consulte a aula sobre Altimetria da disciplina de
Cartografia Sistemática ou a apostila “Noções básicas de Cartografia”
disponível no site www.ibge.gov.br (item Geociências / Cartografia
/ Publicações). Na sexta e última questão, se encontrar dificuldade,
peça ajuda ao seu tutor.

50
A variável visual Cor Aula

PRÓXIMA AULA 3
Na próxima aula, você aprenderá as normas básicas para apresentação de
mapas temáticos e, ao final dela, será capaz de elaborar um mapa obede-
cendo às exigências técnicas necessárias.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Cartografia Temática. Apos-
tila. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
BRASIL. Atlas Geográfico Escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
VIEIRA, Antonio José Berruti et al. Curso de georreferenciamento
de imóveis rurais. Apostila. Curitiba: UFPR, 2004.

51
Aula

ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO
4
DOS MAPAS TEMÁTICOS

META
Apresentar os principais elementos cartográficos utilizados na elaboração de mapas temáticos.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
identificar fontes de dados alfanuméricos
coletar e utilizar dados alfanuméricos
identificar e elaborar mapa-base
utilizar corretamente os elementos cartográficos na composição dos mapas temáticos
criar layout contendo as convenções cartográficas dos mapas temáticos

PRÉ-REQUISITO
Rever o conteúdo das Aulas 2 e 3. Adquirir a cópia do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de
Sergipe, disponibilizada em mídia CD.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Olá! Este é o nosso quarto encontro e esperamos que o conteúdo desta


disciplina esteja de acordo com as suas expectativas.
Na aula anterior conhecemos detalhadamente a variável visual Cor que
é a mais utilizada nos mapas temáticos, possuindo um grande poder de
comunicação. Conhecemos suas propriedades, iniciando com o espectro
eletromagnético. A partir daí verificamos que a cor é na realidade uma sen-
sação, sendo os tons formados a partir da luz branca em diversas faixas
(espectro visível). Aprendemos também que nos mapas temáticos as cores
são usadas sempre em harmonia e, para tanto, é necessário utilizar adequa-
damente o Círculo das Cores. Por fim, complementando o aprendizado,
discorremos um pouco sobre os sistemas de cor que nos auxiliam na elabo-
ração dos mapas no monitor do computador ou em sua impressão.
Nesta aula, vamos conhecer os principais elementos cartográficos
utilizados na elaboração de mapas temáticos. Aprenderemos a identificar
as fontes de dados alfanuméricas, coletar e utilizar adequadamente os
mesmos, identificar um mapa-base e os elementos cartográficos necessá-
rios para a elaboração de mapas temáticos, além de criar layout contendo
as convenções cartográficas indispensáveis.

54
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula

A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA 4
Na elaboração de um mapa temático, de forma manual ou automáti-
ca (digital), devem ser observadas as normas propostas pela representa-
ção cartográfica a fim de torná-lo compreensível e útil aos usuários. As-
sim, a comunicação ocorre quando a informação temática representada é Cartógrafo
devidamente entendida pelo usuário.
O esquema a seguir representa as realidades do cartógrafo e do usu- Como o profissional
ário. O termo “realidade” refere-se ao “mundo real”, representado pelo que está utilizando a
fenômeno geográfico, que pretendemos representar no mapa temático atra- ciência da Cartografia
vés da linguagem cartográfica. Inserido nesta “realidade”, como parte para a elaboração do
mapa temático, seja o
integrante, encontra-se a realidade do cartógrafo e do usuário, represen- próprio cartógrafo,
tando o conhecimento dos mesmos. A compreensão dessas realidades geógrafo ou outro
ocorre quando existe um conhecimento comum ao cartógrafo e ao usuá- profissional habilita-
rio. Esta sobreposição é essencial para que a comunicação aconteça e, do para tal.
consequentemente, para alcançar o propósito final da representação
cartográfica, que é o entendimento do mapa temático pelo usuário.
A pergunta que devemos fazer é a seguinte: como proceder para que
essas realidades se sobreponham? Dessa forma, gerar a sobreposição, ou
seja, a compreensão do mapa pelo usuário é tarefa do cartógrafo.
Consequentemente são importantes a forma de representar o mapa e a
escolha do mapa-base sobre o qual serão lançadas as informações temáticas.
Para obtermos um bom resultado, devemos seguir as normas propos-
tas pela semiologia gráfica, já estudada nas aulas anteriores. Como esses
mapas são elaborados em bases pré-existentes, devemos ter um conheci-
mento preciso, quando da aquisição do mapa-base ou “mapa de origem”,
o qual servirá de base para a elaboração do mapa temático.

Figura 4.1 – Esquema da comunicação cartográfica. (Fonte: Peterson (1995) adaptado


por Vieira et al (2006).

55
Cartografia Temática

A representação do mapa temático também exige uma diagramação


Diagramação que promova uma boa apresentação do documento final. Assim, a comu-
nicação por meios dos símbolos deve ser clara, evitando que o usuário
Conjunto de opera- tenha interpretações dúbias ou equivocadas. O layout final do mapa deve
ções visando dispor
os elementos de um
formar um conjunto agradável e eficiente mantendo uma harmonia entre
documento de manei- seus componentes tais como cores, símbolos, toponímia, mapa-base e o
ra estética e funcio- tema. No exemplo a seguir (Figura 4.2), apresentamos um representação
nal. esquemática das populações das cidades sobre a base da divisa dos muni-
cípios. A representação da esquerda produz um ruído perceptivo, poden-
Layout do confundir o usuário do mapa, em que a figura de fundo (mapa-base),
Esboço da distribui-
composta pelas linhas retas e curvas, está se sobrepondo ao fenômeno
ção das informações geográfico temático, representado pelos círculos.
em um mapa Observa-se que, à esquerda, a representação é de má qualidade e
(posicionamento, tex- confusa, onde a base se sobressai ao tema. Já na representação da direita,
to, legenda, escala, o tema é bem representado, sobressaindo-se de forma clara.
etc.).

Topônimo

Nome próprio de lu-


gar. Exemplos:
Sergipe, Rio São
Francisco, Pico da
Neblina.

Iconografia

Arte de representar Figura 4.2 – Exemplo de mapa hipotético representando um tema de forma
por meio da imagem; inadequada (à esquerda) e adequada (à direita).
conhecimento e des-
crição de imagens ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO DOS MAPAS
(gravuras, fotografi-
as, etc). TEMÁTICOS

A correta utilização dos dados e da base cartográfica para a


elaboração de mapas temáticos
A elaboração do mapa temático busca representar um determinado tema
da realidade, seja no âmbito da sociedade, dados sociais, econômicos, edu-
cacionais e culturais ou da natureza. A aquisição dos dados considera tanto
os aspectos diretos como os indiretos. Com a evolução da informática, dis-
pomos atualmente de uma grande quantidade de dados alfanuméricos (ta-
belas) e espaciais (mapas) armazenados em forma digital.
O aspecto direto caracteriza-se pelo contato do pesquisador com a
própria realidade, realizado com observação de campo, com ou sem ins-
trumento. Já o aspecto indireto, distingue-se pela aquisição de dados atra-
vés de documentos como informações alfanuméricas e iconográficas,

56
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula

através de mapas, gráficos e imagens, impressos em papel ou digitalizados.


Atualmente, grande parte dessas informações está armazenada em ambi-
4
ente SIG (Sistema de Informações Geográficas), que possibilita a recupe-
ração, análise e apresentação dos dados de maneira automatizada.
De posse dos dados, necessitamos estabelecer o mapa-base, ou seja,
a base cartográfica georreferenciada ou a ser georreferenciada, que servi-
rá de suporte para a localização dos componentes temáticos. O mapa-
base deverá conter as informações básicas que atendem de maneira
satisfatória a representação do tema. Esta base não deve ser encarada como
informação isolada do tema a ser representado, mas como parte dele, deven-
do fornecer informações precisas sobre os elementos cartográficos. De acor-
do com o tema, ela pode ser planimétrica (Figura 4.3) representando aciden-
tes naturais e artificiais como rios, rodovias, limites, etc., ou planialtimétrica
com informações planimétricas acrescidas da representação do relevo, atra-
vés das curvas de nível, conforme mostrado na Figura 4.4.

Figura 4.3 – Base cartográfica planimétrica representando os municípios do


Estado de Sergipe.
(Fonte: SEPLANTEC-SRH (2004).

57
Cartografia Temática

Figura 4.4 – Base cartográfica planialtimétrica de parte do Estado de Sergipe.


Fonte: SEPLANTEC-SRH (2004).

Densidade
demográfica
Com o intuito de ressaltar o tema representado, o mapa-base deve
conter apenas as informações mínimas necessárias para facilitar sua aná-
É a relação entre o nú- lise espacial. Por exemplo: para elaborarmos o mapa temático das densi-
mero de habitantes e a dades demográficas1 municipais do Estado de Sergipe, o mapa-base
área, expressa em hab/ deverá conter apenas os limites municipais, não sendo necessários quais-
km2. quer outros elementos como rios ou estradas, por exemplo, que em nada
irão interferir na análise da distribuição espacial do tema, assim como
poderiam ofuscá-lo.
De forma similar, para realizarmos a distribuição espacial das bacias
hidrográficas do Estado de Sergipe, necessitamos traçar os divisores de
água e, para tanto, faz-se necessário um mapa-base contendo a rede
hidrográfica e as curvas de nível. Já para representarmos as regiões admi-
nistrativas do Estado, é necessário dispormos apenas de uma base con-
tendo os limites municipais.

DIAGRAMAÇÃO DE UM MAPA – LAYOUT

A diagramação envolve um conjunto de operações visando dispor


os elementos cartográficos de maneira estética e funcional. Na elabora-
ção de um mapa temático, sua diagramação deve ser feita de tal forma

58
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula

que resulte apresentação clara e objetiva, sem ambiguidade, levando sempre em


consideração a semiologia gráfica. Atualmente, com o uso efetivo da Cartografia
4
Digital, usa-se rotineiramente o termo layout em substituição à diagramação.

FORMATOS DE DESENHO

Para a apresentação de desenhos, a Associação Brasileira de Normas


Técnicas – ABNT (1970) estabelece formatos-padrão de papéis, que de-
verão ser utilizados sempre que possível. O formato básico é o A0, do
qual derivam os demais formatos (Figuras 4.5 e 4.6).

Figura 4.5 – Formatos-padrão de papel para desenho (ABNT).

(Figura 4.6 – Reprodução visual dos formatos-padrão da ABNT).

59
Cartografia Temática

ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS

Regras Básicas para Elaboração de um Mapa Temático


A elaboração dos mapas temáticos obedece algumas regras básicas
orientadoras, que vão norteá-lo na representação do fenômeno geográfi-
co. Estas regras são:
1. Um fenômeno se traduz por um único sinal. Assim, um fenômeno apre-
sentado em um mesmo mapa, não poderá ser mostrado com mais de um
sinal. Por exemplo, a representação da ocorrência de petróleo em uma
região, será feita com um único símbolo.

2. Um valor forte ou fraco se traduz por um sinal forte ou fraco respecti-


vamente. Quando representarmos densidade demográfica, as áreas mais
densas são mostradas com tonalidades escuras e as áreas menos densas
são representadas com tonalidades mais claras.

3. As variações qualitativas com manifestação pontual se traduzem pela


variação da forma dos sinais. A ocorrência de ouro, prata e petróleo em um
mapa, é representada com símbolos diferentes, bem distintos entrem si.

4. Nas manifestações zonais, as variações qualitativas são melhor repre-


sentadas pelas cores contrastantes, como ocorre com os mapas político-
administrativos. Por exemplo: para representar as três mesorregiões do
Estado de Sergipe, utilizamos três cores contrastantes (igualmente distri-
buídas no círculo de cores.

60
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula

5. As variações quantitativas são traduzidas pela variação do tamanho


dos sinais.
4
ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO DE UM MAPA
TEMÁTICO

O emprego harmonioso dos elementos de composição do mapa


temático (Figura 4.7) irá proporcionar, não só a utilização adequada dos
elementos cartográficos, mas também atingir o principal propósito, que é
a comunicação clara e sem ambiguidade

Figura 4.7 – Quadro contendo os elementos de composição de um mapa temático.

61
Cartografia Temática

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS TEMÁTICAS

As informações existentes na realidade da superfície devem ser de


fácil compreensão. Para tanto, devemos ter atenção com a nomenclatura,
já que as letras devem ser simples e claras e respeitar certa hierarquia
como letras maiores ou mais fortes para fatos mais significantes. Por exem-
plo, a capital do Estado de Sergipe, ARACAJU deverá ser representada
em caixa alta ou em negrito, contrapondo-se às cidades interioranas, as
quais também devem obedecer a uma hierarquia. Assim a cidade de Es-
tância, poderá ser escrita em caixa alta ou negrito, mas em tamanho me-
nor que a Capital, ou somente com a primeira letra em caixa alta. Sempre
que possível, os nomes são dispostos na horizontal e iniciando à direita
do símbolo. Já para os rios, além de respeitarem certa hierarquia, os no-
mes seguem o percurso dos elementos mostrado. Nos mapas, também
são colocados alguns topônimos mais significativos na área, como por
exemplo, o nome morros, rios e vilas.
A forma linear é utilizada para informações que requerem um traça-
do característico, sob forma de linha contínua ou não. Em geral as estradas
principais são representadas por duas linhas contínuas paralelas preenchi-
das com a cor vermelha, as estradas secundárias com linhas sem preenchi-
mento e os caminhos em linhas pontilhadas. Os cursos d’água são repre-
sentados em cor azul contínua e os rios intermitentes com linhas mistas
tracejadas e pontilhadas (traço e ponto ou traço e dois pontos).
Conforme a escala do mapa, a forma pontual é utilizada para infor-
mações que podem ser representadas através de pontos ou figuras geo-
métricas, como: cidades, casas, indústrias e igrejas, por exemplo. Geral-
mente essas representações apresentam ícones específicos, a exemplo de
usinas, cemitérios e fábricas.
À medida que a escala do mapa for aumentando, este deverá ser
representado com maior detalhamento. Assim, poderemos ter uma cida-
de representada por apenas um ponto na escala média, mas que terá no-
vas informações como ruas, avenidas, quadras, etc., sendo representada
por linhas e polígonos em escala grande.
A forma zonal é utilizada para as informações que ocupam uma
determinada extensão sobre a área a ser mapeada, por isso é recomendá-
vel sempre considerar a escala do mapa. A representação zonal é realiza-
da com a utilização de polígonos. O polígono relativo à representação da
cobertura vegetal é normalmente preenchido por colorações esverdeadas,
existindo uma variação da tonalidade em função dos diversos tipos de
formações vegetais, como por exemplo: Mata Atlântica com verde escu-
ro e Restinga com verde mais claro.

62
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula

USO DO MAPA TEMÁTICO: LEITURA, ANÁLISE E


4
INTERPRETAÇÃO

O uso crítico dos mapas temáticos deve necessariamente abordar as


atividades de leitura, análise e interpretação (Figura 4.8). Tal procedimento
metodológico possibilitará ao leitor, apontar comentários que irão eviden-
ciar, sem ambiguidade, as informações representadas no mapa temático.

Figura 4.8 – Quadro detalhado das atividades na leitura, análise e interpretação de mapas temáticos.

Diante do mapa, o leitor pode propor dois níveis de questão:

Questão em termos de detalhe, elementar: o que existe em determi-


nado lugar? Tal questão é típica de quem se interessa pelo inventário
existente em um determinado lugar. O mapa adequado para responder a
este tipo de questão é o mapa exaustivo, que registra num mesmo mapa
todos os atributos.
Questão em nível de conjunto, como por exemplo: onde está a ocor-
rência de potássio do Estado de Sergipe? A forma mais apropriada para
dar uma resposta visual instantânea é a representação exaustiva numa
coleção de mapas. Um mapa para cada atributo, ou seja, um mapa para
cada ocorrência mineral.

63
Cartografia Temática

CONCLUSÃO

A elaboração de um mapa temático tem como meta representar


uma determinada realidade, seja ela social, econômica, educacional, cul-
tural ou da natureza. Para tanto, faz-se necessário o domínio de métodos
e técnicas que possam ser utilizadas para atender o principal objetivo do
mapa que é a comunicação sem ambigüidade, de forma clara e objetiva
através da representação gráfica.

RESUMO

Aprendemos nesta aula, que o mapa temático faz a comunicação


cartográfica, ou seja, ele é a interface entre o cartógrafo e o usuário. Para
tanto, devemos saber identificar as fontes de dados alfanuméricos, assim
como coletá-los e utilizá-los e, para obtermos um bom resultado, deve-
mos seguir as normas propostas pela semiologia gráfica e aplicá-las sobre
um mapa-base confiável, que pode ser planimétrico ou planialtimétrico.
O layout ou diagramação é muito importante para uma boa apresentação
do mapa final, fazendo com que a comunicação seja clara e sem dubieda-
de. Verificamos também que a ABNT possui uma normatização para os
tamanhos de papel a serem utilizados, que preferencialmente deveremos
seguir. Aprendemos também algumas regras básicas para a elaboração
dos mapas temáticos, assim como os elementos que o compõem e as
convenções cartográficas. Muito importante para a Geografia são os pro-
cedimentos metodológicos que nos possibilitam fazer um uso crítico do
mapa temático, abrangendo sua leitura, análise e interpretação.

ATIVIDADES

1. Determine dois temas e, em seguida, adquira um mapa-base adequado


para a representação de cada tema escolhido. A base poderá ser analógica
e/ou digital. Justifique sua escolha. Varie escolhendo mapas-base dife-
rentes, sendo um planimétrico e outro planialtimétrico.
2. Pegue uma folha de papel A0 e, em seguida desenhe sobre ela os prin-
cipais formatos de papel de acordo as normas da ABNT. Observe o qua-
dro de formatos-padrão de papel para desenho estudado na aula.
3. Usando o mapa mudo do Estado de Sergipe (somente com o limite esta-
dual), crie um layout esquemático que você poderá utilizar em futuras
construções de mapas temáticos do Estado.

64
Elementos de representação dos mapas temáticos Aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES


4
Banco de dados
Para que você tenha sucesso na realização das atividades propostas,
antes de tudo, você deverá pesquisar onde poderá encontrar a base ou são estruturas organi-
bases cartográficas confiáveis para elaboração dos mapas temáticos. zadas que armazenam
De posse dessas, sejam elas digitais ou analógicas, você deverá buscar uma base de informa-
as informações referentes ao tema em um banco de dados. Sugerimos ções alfanuméricas e
espaciais.
que você utilize o Atlas Digital Sobre Recursos Hídricos do Estado de
Sergipe elaborado pela SRH em 2004, disponibilizado em mídia CD.

PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte, vamos nos aprofundar na coleta, tratamento e aná-


lise dos dados e informações geográficas, iniciando pelas bases estatísti-
cas para a tradução gráfica. Veremos como é feita a coleta de dados e sua
sistematização em séries estatísticas. Em seguida estudaremos como rea-
lizar o tratamento dos dados utilizando as técnicas de arredondamento e
finalizando com a sistematização dos dados quantitativos. Então, estuda-
remos as aplicações da Estatística na Geografia.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Cartografia Temática. Apos-
tila. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
BRASIL. Atlas Geográfico Escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______ Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______ Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Moder-
na, 1998.
______ Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.

65
Cartografia Temática

OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-


tóvão: UFS, 2008.
______ Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
SERGIPE. Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe. Aracaju:
SEPLANTEC-SRH, 2004. 1 CD.
VIEIRA, Antonio José Berruti et al. Curso de georreferenciamento
de imóveis rurais. Apostila. Curitiba: UFPR, 2004.
VIEIRA, Antonio José Berutti; SLUTER, Cláudia Robbi; DELAZARI,
Luciene Stamato. Cartografia Digital. Curitiba: UFPR, 2006.

66
Aula

COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE


5
DA INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

META
Conhecer as bases estatísticas para a tradução geográfica através da coleta, tratamento e
análise da informação geográfica

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
classificar e localizar as fontes de coleta de dados;
identificar as séries estatísticas;
tratar dados geográficos;
sistematizar dados quantitativos.

PRÉ-REQUISITO
Revisar as operações matemáticas básicas: soma, subtração, multiplicação e divisão, que
servirão de base para o tratamento e a sistematização dos dados geográficos.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula anterior, aprendemos alguns processos fundamentais para a


elaboração de mapas temáticos, como identificar, coletar e utilizar fonte
Microsoft de dados alfanumérica e o mapa-base, além de utilizar adequadamente os
A citação de marca
elementos cartográficos indispensáveis à elaboração desses mapas.
comercial não impli- Nesta quinta aula iremos nos aprofundar um pouco nas bases que
ca na recomendação outras ciências nos dão para facilitar a coleta, tratamento e análise dos
do referido progra- dados geográficos. Estudaremos um pouco de Estatística, somente no
ma, tendo sido feita que se refere às regras de arredondamento e sistematização de dados quan-
apenas devido à fa- titativos, através das medidas de tendência central. Envolverá um pouco
cilidade de encontrar
o Excel em qualquer
de Matemática, mas cujos cálculos poderão ser facilitados utilizando-se
computador. uma calculadora ou uma planilha de cálculo, como a Excel da Microsoft.

68
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica Aula

BASES ESTATÍSTICAS PARA A TRADUÇÃO


GRÁFICA
5
Os dados têm sua classificação baseada na fonte de coleta, que
pode ser primária ou secundária.
- Fonte primária: dados, fatos, testemunhos originais relativos a uma si-
tuação. Em Geografia existe uma diversidade de fontes primárias, como
registros de trabalho de campo, entrevistas, levantamento cartográfico, livros, arti-
gos, anuários estatísticos, entre outros.
Cada trabalho tem sua especificidade. Os dados podem ter como
fonte primária, tanto o próprio autor do trabalho no caso de uma pesquisa
de campo, como uma instituição oficial como o IBGE, quando o tema
estudado é a quantidade de população, por exemplo. Já os dados ambientais
devem ser preferencialmente coletados em órgãos públicos como IBAMA
ou as instituições ambientais estaduais e municipais, até mesmo as uni-
versidades, a depender do caso.
Quando nos referimos a fontes primárias que se encontram na for-
ma de livros ou artigos, é mais profícuo ler, registrar e analisar livros ou
artigos de autores considerados clássicos ou peritos no assunto.
- Fonte secundária: são os dados originais inseridos e/ou tratados em outras
publicações. No caso de um livro, poderia ser um tema discutido pelo
autor, mas referindo-se a uma publicação de outro autor. Uma tradução
também é considerada uma fonte secundária, pois por mais respeitado
que seja o tradutor e por mais fiel que seja a tradução, é a leitura de
alguém sobre a obra original.
Para os trabalhos em Geografia, deve-se preferir trabalhar com as
fontes primárias, utilizando-se das secundárias apenas quando não exista
a possibilidade do uso das primeiras ou então que seja inviável por ques-
tões financeiras ou de tempo.
Isso não quer dizer que, se encontrarmos apenas o livro traduzido
ou uma bibliografia inicial que seja mais baseada em fontes secundárias,
devamos desistir do projeto. Enquanto não conseguimos as fontes primá-
rias devemos trabalhar com as secundárias, mas sem perder de vista essa
necessidade.
As implicações resultantes devem ser analisadas cuidadosamente pelo
geógrafo de forma a não resultar em trabalhos de qualidade ruim ou duvidosa.
A localização dos dados poderá ser feita principalmente nas biblio-
tecas especializadas na área de Geografia ou afins. Em Aracaju temos a
biblioteca do IBGE, da SEPLAN Estadual, e outras, além da própria
UFS, mas a depender do tema a ser estudado, você poderá encontrar da-
dos também nos municípios.

69
Cartografia Temática

Importante atualmente é a pesquisa pela Internet. No entanto, de-


vemos ter um cuidado especial ao utilizar fontes nesta mídia. Recomen-
damos apenas a utilização de sites oficiais, ou seja, de órgãos públicos,
entidades de ensino ou pesquisa que sejam responsáveis oficiais pelo dado
produzido. Também existem muitas revistas especializadas em Geografia
e em outras áreas que podem ser consultadas on line, como Terra Livre e
Geousp, ambas avaliadas pelo Qualis como periódicos nacionais concei-
to A, oferecendo na rede os artigos publicados. Nos exemplos citados, a
Internet pode ser uma boa fonte de consulta.

ORDENAMENTO DOS DADOS (SÉRIES


ESTATÍSTICAS)

Realizada a pesquisa nas fontes, é preciso agora ordenar os dados, de


acordo com a necessidade do desenvolvimento da pesquisa ou do tema a
ser estudado. Esses dados são ordenados segundo as séries estatísticas.
Uma Série Estatística corresponde a um quadro ou tabela em que
se resume um conjunto de observações segundo o tempo, o espaço ou a
categoria do fato, resultando, respectivamente nas Séries Históricas, Ge-
ográficas, Categóricas ou Múltiplas. Uma série estatística é constituída de
linhas, colunas e células (encontro de uma linha com uma coluna).
- Série Histórica: mostra a variação de um fato através do tempo (sema-
nas, meses, anos, etc.). Também é chamada de Cronológica ou Temporal.
Nesta série, o local e a categoria são fixos, enquanto que o tempo é que
varia (Tabela 1).

Ano População (1.000 habitantes)

1950 51944

1960 70191

1970 93139

- Série Geográfica: mostra a variação ou ocorrência de um fato através do


espaço. Neste tipo, o tempo e a categoria são fixos, variando o espaço, ou
seja, o local de ocorrência (Tabela 2).

70
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica Aula

Tabela 5.2 – Estado de Sergipe – Percentual da área dos Territórios Sergipanos - 2008. 5

Tempo fixo (2008); espaço variável (territórios sergipanos); categoria fixa (% da área).

Fonte: Mapa dos Territórios Sergipanos, 2008.


- Série Categórica: mostra o fato por categorias ou espécie. Neste caso,
local e tempo são fixos, variando a categoria (Tabela 5.3).

Tabela 5.3 – Estado de Sergipe – Efetivo da Pecuária – 2004

Tempo fixo (2004); espaço fixo (Estado de Sergipe); categoria variável (tipo de rebanho).
Fonte: IBGE (2004) e FRANÇA (2007)

- Série Múltipla: há momentos em que as tabelas combinam as séries vis-


tas anteriormente, sendo denominadas então de Série de Múltipla Entra-
da ou simplesmente Série Múltipla (Tabela 5.4).

Tabela 5.4 – Grande Aracaju – Unidades Habitacionais construídas pela COHAB – 1968 a 2002

Tempo fixo (ano); espaço variável (município); categoria variável (tipo de unidade habitacional).
Fonte: CEHOP (2003) e FRANÇA (2007).

71
Cartografia Temática

TRATAMENTO DOS DADOS

Uma vez coletados os dados e ordenados em séries estatísticas, eles


estão prontos para serem trabalhados com a Estatística. Porém, geralmente
requerem antes, um tratamento de forma a deixá-los compatíveis com as
unidades de estudo. Ao ser feita uma simples média de crianças vacinadas
contra a poliomielite em relação ao número de habitantes total do Estado
de Sergipe, por exemplo, o resultado não deve conter casas decimais, pois a
unidade mínima para habitantes é o inteiro. Para tanto, precisaremos reali-
zar o arredondamento dos números para o número de casas decimais ne-
cessárias ou compatíveis com o fenômeno geográfico em estudo.

TÉCNICA DE ARREDONDAMENTO

Há casos em que o arredondamento de dados é plenamente justificá-


vel, visto não alterar a substância ou essência do trabalho, especialmente
quando se sabe que os dados não são precisos e, muito principalmente,
quando a facilidade do tratamento das informações é mais importante do
que a precisão. De modo geral, também se justifica o arredondamento
quando os números são resultantes de diversos cálculos que levam a cer-
ta generalização, como médias e porcentagens, por exemplo. Para fazer-
mos o arredondamento, devemos adotar o seguinte critério (Tabela 5.5)
a) O algarismo a permanecer não sofrerá alteração alguma caso o que lhe
seja imediatamente posterior seja menor que 5, ou seja, 1, 2, 3 ou 4.
Exemplo: ao arredondarmos 12,4 para inteiros, o resultado será 12 já que
o algarismo a ser abandonado é o 4.
b) O último dos algarismos a permanecer será aumentado de uma unida-
de caso o que lhe seja imediatamente posterior seja maior que 5, ou seja,
6, 7, 8 ou 9. Exemplo: ao arredondarmos 12,7 para inteiros, o resultado
será 13 já que o algarismo a ser abandonado é o 7.
c) Se o algarismo a abandonar for exatamente igual a 5, porém seguido de
outros números, isto o torna maior que 5; então o arredondamento far-se-
á conforme a regra anterior. Exemplo: ao arredondarmos 12,514 para
inteiros, o resultado será 13.
d) Se o algarismo a abandonar for exatamente igual a 5 sem quaisquer ou-
tros números a sua direita ou então seguido somente de zero(s), o algarismo
a ser conservado será aumentado de uma unidade se for ímpar, permane-
cendo sem alterações caso seja par. Exemplos: 11,5 12; 12,5 12; 13,5
14; 12,50 13; 13,50 14.
A prática do arredondamento faz com que, ao longo das operações, os
aumentos e reduções devidos aos arredondamentos sejam compensados.

72
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica Aula

Tabela 5.5: Critérios de arredondamento (Resolução nº 866/66 – IBGE). 5

Um cuidado especial deve ser tomado ao utilizar planilhas eletrôni-


cas como, por exemplo, o Excel da Microsoft. Quando o algarismo imedi-
atamente posterior ao algarismo que deverá permanecer for igual a 5, o
software não utiliza a regra dos números antecedentes par/ímpar, arre-
dondando sempre para mais. Isto acarreta maior desequilíbrio na média
dos arredondamentos, ampliando as possibilidades da soma dos valores
após o arredondamento não coincidir com o total pretendido. Exemplos:
no Excel: 12,5 = 13 (Diferente da regra); 13,5 = 14 (Igual à regra).
Neste caso acarretará um desequilíbrio na compensação dos dados,
recomendando-se verificar se os resultados trarão ou não prejuízos para a
análise do tema em estudo.

DÍGITOS SIGNIFICATIVOS

A precisão de medidas de dados contínuos sempre pode ser aprimora-


da melhorando-se o instrumento de medida. Por isso, os estatísticos fazem
distinção entre dígitos significativos, que representam uma informação pre-
cisa, e dígitos que servem apenas para localizar a vírgula. Nos resultados,
devem ser apresentados apenas os dígitos significativos, para evitar a falsa
impressão de exatidão (Vieira, 1999). O resultado de um cálculo estatístico
não deve conter mais dígitos significativos que os dados de menor precisão.
Por exemplo, um sensor de temperatura (termômetro de mercúrio) tem
uma precisão de 0,2°C. Isso significa que as leituras com precisão serão obtidas
em intervalos de 0,2 em 0,2°C e, por extrapolação, poderia se chegar a leituras
intermediárias de 0,1 (Tabela 6). Ao final, teremos uma tabela com intervalos
de 0,2 ou 0,1ºC. A precisão centesimal não tem significado numérico algum
para estas medidas, pois a precisão de medidas é de no máximo 0,1°C. Deve-

73
Cartografia Temática

se reduzir a precisão para o número de casas decimais compatíveis com a


precisão do sensor que gerou o valor, ou seja, 21,1ºC.
Tabela 5.6: Exemplo hipotético de valores de temperatura do ar.

(Fonte: GALVANI, 2005).


Muitas vezes, após o arredondamento, a soma dos valores não coincide
com o total pretendido. Quando isto ocorre, é recomendado adicionar ou
subtrair, conforme o caso, o valor faltante ou excedente à maior parcela ou
então àquela que se considerar que o erro relativo será menor. Além disso,
podemos também distribuir o excesso ou falta pelas parcelas, usando o
bom senso, de modo que não ocorra significativa alteração dos dados.

SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS QUANTITATIVOS


(Texto extraído de GALVANI, 2005)

A graduação em Geografia exige, pela própria natureza do curso, um


número significativo de trabalhos de campo. Essas saídas realizadas pelas
diferentes áreas/disciplinas, cada qual com seu instrumental apropriado,
produzem em cada trabalho um volume de informações. Quando
retomamos para a sala de aula, a grande questão que se apresenta é “o
que fazer com os dados quali-quantitativos coletados no trabalho de campo?”
Tradicionalmente, os alunos de graduação em Geografia não são muito
afeitos à área de exatas o que, em certas ocasiões, limita a análise e
interpretação dos dados observados. Por vezes, os resultados finais
obtidos ficam prejudicados por falta de uma análise mais numérica
(estatística) dos dados observados. O que pretendemos aqui não é formar
especialistas em Estatística, mas fornecer alguns princípios básicos de
Estatística Descritiva que permitam uma melhor análise dos dados
obtidos nos trabalhos de campo e, também, desmistificar o trauma que
é imposto aos nossos alunos com relação às ciências exatas. Vale lembrar
que essa sistematização de dados quantitativos, como chamaremos a
partir deste momento, aplica-se a qualquer tipo de informação, seja ela
produto de questionários ou de medições específicas em cada área/
disciplina do conhecimento (GALVANI, 2008).

74
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica Aula

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL 5


A análise de um conjunto de dados com uso de tendência central nos
permite avaliar para onde caminha nosso dado. Uma espécie de raios-X inicial
que pode ser determinado com a utilização dos indicadores descritos a seguir.
Média Aritmética (X): a média aritmética é o procedimento mais
simples e comum passível de ser aplicado a um conjunto de dados. Esta
medida de tendência central expressa o somatório de todos os elementos
da série dividido pelo número total de elementos. Numericamente, a mé-
dia aritmética é expressa por:

Xi é cada elemento da série, e i varia de 1 a n; n é o número de ele-


mentos e o símbolo Ó significa somatório de todos os elementos da série.
Resumindo, somam-se todos os elementos e divide-se pelo número total
de elementos da série.
Moda (MO): a moda ou modo (MO) é o valor presente na série que
ocorre com mais freqüência. Existem séries em que nenhum dado se re-
pete, nesses casos não existe a moda da série. Isso geralmente ocorre em
séries reduzidas (menos que cinquenta elementos amostrados). De forma
análoga, podem ocorrer séries com duas (bi-modal) ou mais modas. Nes-
ses casos prevalece o valor de maior freqüência de ocorrência ou, em
caso de empate, a série pode apresentar mais de uma moda.
Mediana (ME): a mediana é aplicável em séries extensas de dados
(geralmente mais de mil informações nas quais existem extremos que
possam contaminar a média, ou seja, alguns dados que fogem da tendência
central, podendo sub ou superestimar as análises. A mediana é determina-
da ordenando-se os dados de forma crescente ou decrescente e identifi-
cando-se a posição central da série. Em caso de séries com número impar
de elementos, a mediana estará na posição central da série. Para séries
com número par de elementos, a mediana será a média dos elementos que
ocupam a posição central da série. O conceito de mediana gera algumas
confusões: a mediana é simplesmente o valor que se situa na posição
central do conjunto de dados ordenados. Assim, tem que haver uma rela-
ção de ordem nos valores.
Valor Máximo (Vmax) e Valor Mínimo (Vmin): o valor máximo da sé-
rie é aquele de maior magnitude, ou seja, o maior valor encontrado na
série. O valor mínimo, por sua vez, é o menor valor encontrado na série.
Em princípio, parece ser uma informação sem importância. Contudo nos
permite visualizar em que intervalo de medidas encontra-se distribuído
determinado conjunto de dados. Serve para evidenciar o tamanho dos da-

75
Cartografia Temática

dos que serão trabalhados. Em séries climatológicas de temperatura do


ar, por exemplo, o Vmax equivale à temperatura máxima do ar e o Vmin
equivale à altura mínima do ar.
Amplitude (Ä ): a amplitude de um conjunto de dados expressa a
diferença entre o Vmax e o Vmin. Essa medida de tendência central ex-
pressa a variação máxima dos valores constituintes do conjunto de dados.
Dois ou mais conjuntos de dados poderão ter a mesma média, porém
diferentes Vmax, Vmin e Ä , evidenciando-se tratar de séries distintas. A
seguir será apresentado, para um conjunto simples de dados, exemplo de
cálculo das medidas de tendência central: média, moda, mediana, valor
máximo, valor mínimo e amplitude.
Esses procedimentos podem ser efetuados facilmente com o progra-
ma Excel da Microsoft através dos seguintes passos: dispor o conjunto de
dados em duas colunas; entrar na barra de ferramentas no atalho fx; em
seguida em estatística e selecionar a análise de tendência desejada; selecio-
nar o intervalo de dados. O resultado é mostrado. Caso a barra de ferra-
mentas não ofereça o atalho fx, clique em inserir e em seguida em fx,
seguindo os mesmos procedimentos descritos acima.
Qual a diferença de interpretação entre a mediana e a média?
Embora a média seja um valor mais fácil de ser entendido, seu uso
tem restrições na medida em que pode nos induzir a um erro de tendên-
cia, se a amostra analisada apresentar valores de amplitude elevados. Por
exemplo, na distribuição dos dados da Tabela 5.7 a média da variável A é
161 e a mediana é 163. Caso a amostra tivesse apresentado valor máximo
de 300 e não 184, a média saltaria para 178, ou seja, seria superior a todos
os valores individuais, mas a mediana continuaria a ser 163. Se olharmos
para os 7 valores individuais da nossa amostra, verificamos que o número
163 é o melhor representante da distribuição desse conjunto de dados.
Assim, no caso das variáveis quantitativas, quando o valor da mediana é
muito diferente da média, é aconselhável considerar sempre a mediana
como valor de referência mais importante.
Tabela 5.7 – Valores arbitrários para duas variáveis A e B.

76
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica Aula

Tabela 5.8 – Resultados da análise de tendência central para o conjunto de dados da tabela
anterior.
5

MEDIDAS DE DISPERSÃO, DISTRIBUIÇÃO DE


FREQUÊNCIA E CORRELAÇÃO E REGRESSÃO
LINEAR

Estas formas de sistematização de dados requerem um conheci-


mento mais aprofundado em Estatística e não serão exigidas nas ativida-
des e nas avaliações. No entanto, você poderá consultar uma bibliografia
específica ou então a referência bibliográfica indicada nesta aula
(GALVANI, 2005). As medidas de dispersão são úteis quando diferentes
conjuntos de dados apresentam a mesma média e mediana, porém varia-
bilidades distintas. Este tipo de análise pode ser utilizado para comparar
quantos conjuntos de dados forem necessários, pois os cálculos são
efetuados individualmente para cada conjunto. Subdividem-se em: desvio
em relação à média, variância, desvio padrão e coeficiente de variação.
A distribuição de frequência é composta pela frequência, frequência
relativa, probabilidade e tempo de retorno.
A correlação e regressão linear são determinadas pelo coeficiente
de correlação e pela regressão linear.

CONCLUSÃO

A coleta, tratamento e análise da informação geográfica são muito


importantes para os estudos geográficos, mas requerem alguns cuidados e
conhecimentos básicos de Estatística. Conhecer as bases estatísticas como
séries, arredondamento de dados e medidas de tendência central são fun-
damentais para uma posterior tradução gráfica dos dados.

77
Cartografia Temática

RESUMO

Nesta aula, aprendemos que a Estatística é uma ciência que forne-


ce aporte à Geografia no tocante ao tratamento e análise da informação.
Iniciamos classificando e localizando as principais fontes de coleta de
dados, relacionando inclusive alguns órgãos públicos que contêm biblio-
tecas (inclusive as virtuais) com publicações ou dados utilizados na Geo-
grafia. Em seguida aprendemos como os dados são dispostos, através das
séries estatísticas históricas, geográficas, categóricas ou múltiplos. De-
pois estudamos as formas de tratamento e sistematização dessas séries,
utilizando as regras de arredondamento e as medidas de tendência cen-
tral, conceitos básicos da Estatística.

ATIVIDADES

1. Forneça um exemplo real da cada uma das Séries Estatísticas. Não se


esqueça de indicar o título e a fonte de consulta.
2. Para cada uma das séries da atividade anterior, calcule todas as Medi-
das de Tendência Central, observando sempre as regras de arredondamento
de forma a deixar o resultado com valores compatíveis com o elemento
geográfico existente na tabela.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Na primeira atividade, você poderá consultar as bibliotecas indicadas


no texto referente às Fontes de Dados. Cuidado com as consultas na
Internet! Lembre-se de utilizar apenas fontes oficiais. Para a segunda,
de preferência utilize uma calculadora científica ou então uma
planilha de cálculo, como a Excel. Lembre-se que todos os resultados
devem ser arredondados para o mesmo número de casas decimais da
fonte de dados.

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, veremos como transformar dados quantitativos em grá-


ficos, que são muito utilizados na Geografia e também na Cartografia quando
da elaboração de cartodiagramas, que são mapas-base com a inserção de dia-
gramas (gráficos), evidenciando um caráter quantitativo ou dinâmico ao mapa.

78
Coleta, tratamento e análise da informação geográfica Aula

REFERÊNCIAS 5
ALVES, Glória da Anunciação; CUSTÓDIO, Vanderli. Pesquisa Biblio-
gráfica e Fonte de Dados. In: VENTURI, Luís Antonio Bittar (Org.). Pra-
ticando Geografia: técnicas de campo e laboratório. São Paulo: Oficina
de Textos, 2005. p.203-210.
FRANÇA, Vera Lúcia; CRUZ, Maria Tereza Souza (Org.). Atlas escolar
de Sergipe: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: GRAFSET, 2007.
GALVANI, Emerson. Sistematização de sados quantitativos. In:
VENTURI, Luís Antonio Bittar (Org). Praticando Geografia: técnicas
de campo e laboratório. São Paulo: Oficina de Textos, 2005. p.175-186.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.

79
Aula

OS GRÁFICOS UTILIZADOS NA
GEOGRAFIA
6
META
Conhecer os gráficos (diagramas) básicos para a Geografia

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
relacionar os tipos de gráficos utilizados na Geografia;
construir, analisar e interpretar gráficos;
escolher o melhor gráfico para cada tipo de dados.

PRÉ-REQUISITO
Dominar o conteúdo da aula 5. Rever como se usa o papel milimetrado ou preferencialmente,
conhecer os princípios básicos de uma planilha de cálculo eletrônica, como o Excel, por
exemplo.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula anterior estudamos as formas de coleta, tratamento e análise da


informação geográfica, através da classificação e localização das fontes de
coleta de dados, identificação das séries estatísticas e sistematização dos da-
dos quantitativos. Observamos que a Geografia utiliza a Estatística para fa-
cilitar o tratamento e a análise dos dados geográficos. Nesta aula aprendere-
mos a transformar em gráficos, os dados de uma tabela, assim como verifica-
remos seu poder de comunicação, muito superior ao da tabela.
Para muitos, os gráficos são meras ilustrações que geralmente estampam
Mapas os jornais e revistas para mostrar, por exemplo, a evolução da inflação ou dos
acidentes de trânsito. De acordo com Le Sann (s.d.), o Geógrafo, professor ou
O termo “gráfico”, profissional, usa as tabelas de dados na sua prática diária, seja na sua forma
comumente utilizado, primária, a própria tabela, seja nas suas traduções visuais, os gráficos ou mapas,
tem um significado
que facilitam a apreensão das informações. Conforme Martinelli (1998), a mai-
mais amplo; ele
abrange tudo o que é oria das informações pode ser apresentada numa tabela disposta sob a forma
representação numa de séries estatísticas, como já visto. Sendo o gráfico um meio de comunicação,
superfície. O diagra- necessita desempenhar uma tríplice função: registro dos dados, tratamento des-
ma é uma forma de ses dados e comunicação da informação revelada (Martinelli, 1998).
construção de um Quando a informação se refere a uma localização precisa no espaço,
gráfico (BONIN,
procura-se elaborar um mapa. Porém, às vezes a construção de um dia-
1983, p. 30).
grama traduz melhor a informação. Unindo um mapa com um ou mais
diagramas obtemos os “cartodiagramas” que ampliam o poder de análise
geográfica e que serão estudados em outra aula. É importante saber esco-
lher a melhor representação. Para isto é necessário conhecer os tipos de
gráficos, as suas características e as suas regras de construção. A interpre-
tação difere em função da construção e/ou da finalidade de cada tipo.
Então, os gráficos juntamente com os mapas, passam a ser úteis como
instrumento de reflexão e de descoberta do real conteúdo da informação,
devendo dirigir o discurso e não apenas ilustrá-lo. Devem revelar o que há a
dizer e que decisão tomar diante dos resultados descobertos (Martinelli, 1998)

82
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS:
CONSIDERAÇÕES GERAIS
6
Os problemas encontrados para a construção de gráficos são diver-
sos e dependem do tipo escolhido. Porém, a escolha do formato, das esca-
las e a colocação dos elementos de identificação indispensáveis, são co-
muns a quaisquer diagramas construídos.
Para escolher o formato do desenho deve-se considerar o diagrama junto
com os seus elementos de identificação. As escalas de construção são um fator
determinante. É bom lembrar que um gráfico muito grande não facilita sua
leitura, além de ocupar um espaço que poderia ser liberado para sua análise e
interpretação, por exemplo. Muitas vezes, a aproximação de vários gráficos fa-
cilita as comparações e torna a interpretação mais rica (LE SANN, s.d.).
A definição da escala de construção de um gráfico é o ponto mais impor-
tante. Uma escala mal escolhida pode prejudicar a leitura, portanto a análise
e, posteriormente, a interpretação de um gráfico. Deve-se lembrar que uma
escala exagerada (tanto no sentido da ampliação como no da redução) pode
mascarar um fenômeno, ou ainda, aumentar ou diminuir sua importância.

TIPOS DE GRÁFICOS

Quando uma informação exige a construção de um gráfico para sua


melhor compreensão, o redator gráfico enfrenta o problema da escolha do
tipo de gráfico a ser construído. São vários os tipos, de construção sim-
ples ou sofisticada. A classificação a seguir procura ordenar aqueles mais
comumente utilizados no ensino de Geografia. Esta classificação não é
exaustiva e seu objetivo principal é de facilitar o entendimento das carac-
terísticas principais de cada um dos diagramas, considerando suas aplica-
ções gerais ou específicas, no ensino de geografia (Tabela 6.1).

83
Cartografia Temática

Aos gráficos aplicamos também as variáveis visuais, de forma que


haja uma compatibilidade com o fenômeno geográfico. Por exemplo, ao
representar os dados pluviométricos, as colunas devem preferencialmen-
te ser azuis. As diferentes partes de um gráfico setorial devem evidenciar
a propriedade seletiva, sendo preenchidas com cores contrastantes ou
texturas diferenciadas (OLIVEIRA, 2008).

CURVA OU LINEAR

A curva é utilizada para representar variáveis contínuas de evolu-


ção no tempo, como por exemplo, as variações de temperatura durante o
ano numa determinada cidade. Tanto a temperatura como o ano (tempo)
são variáveis contínuas. Os dados podem ser absolutos ou relativos.
Então, a partir de uma tabela constando nas linhas, os meses e nas
colunas, os valores de temperatura (Tabela 6.2), elaboramos o gráfico de
curva (Figura 6.1), conforme mostrado abaixo:

84
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

Fonte: DEAGRO e SEPLAN, 2004

Tabela 6.2 – Temperatura média mensal – Monte Alegre de Sergipe (SE) – 2004.

De acordo com os manuais da Estatística aconselha-se repeitar


determinada proporção entre o eixo vertical e o horizontal, sendo que o
comprimento do eixo vertical deve ser em média, 75% do comprimento
do eixo horizontal. Observe que o gráfico acima foi construído aproxi-
madamente dentro destas proporções.
De maneira idêntica aos elementos de composição dos mapas
temáticos, os gráficos também devem ter elementos mínimos de identifi-
cação ou composição, como:
- título do gráfico: centralizado indicando o tema, o local e a data (o que,
onde e quando)

85
Cartografia Temática

- título dos eixo horizontal e/ou do eixo vertical; opta-se às vezes por
indicar apenas as unidades, ficando a nomenclatura subentendida. Por
exemplo: ao indicar JAN, FEV, etc., já ficaria implícito que se trata de
meses do ano ou indicar (ºC) apenas pois é de conhecimento que trata-se
de uma unidade de temperatura.
- nomenclatura ou valores das variáveis, tanto no eixo x como no eixo y;
- fonte dos dados (se a tabela permanecer ao lado do gráfico, e esta já
contiver a fonte, não há necessidade de repetí-la.
- ao definir o intervalo de medida (no caso 5ºC), o eixo correspondente
deve avançar no máximo até a classe ou intervalo que contiver o maior
valor. No exemplo anterior, os maiores valores se localizam entre 25 e
30º C, não havendo necessidade então, de prolongar o eixo y até os 35ºC.

BARRA OU COLUNA

Utilizamos o gráfico de barra (disposição horizontal) ou coluna (dis-


posição vertical) para representar variáveis descontínuas, ou seja, quan-
do há interrupção da ocorrência do fenômeno ao longo do tempo de ob-
servação, como ocorre, por exemplo, com a precipitação pluviométrica,
pois não chove sem parar o ano todo. Os dados também podem ser rela-
tivos ou absolutos (Tabela 6.3 e Figura 6.2).
Tabela 6.3 – Precipitação pluviométrica mensal – Estância – 2004.

Fonte: DEAGRO e SEPLAN, 2004

86
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

Figura 6.2 - Exemplo de Gráfico de Coluna. Fonte: Oliveira (2008).

É
É comum encontrar o gráfico de chuvas representado também com
Curva, porém não estaria reproduzindo o fenômeno de acordo com a
característica da variável, pois denotaria uma continuidade, o que não
ocorre ao longo do ano.

HISTOGRAMA

O aspecto do histograma é semelhante ao de coluna ou barra, po-


rém mostra distribuições representando variáveis contínuas com dados
absolutos ou relativos (Figura 6.3).

Figura 6.3 – Exemplo de Histograma e a respectiva tabela de dados. Fonte: Martinelli (1998).

87
Cartografia Temática

SETORIAL OU CIRCULAR

O diagrama Setorial ou Circular é um tipo de diagrama simples utiliza-


do para mostrar proporções por intermédio de subdivisões de um círculo ou
setores. O diagrama setorial é construído a partir de dados percentuais. Os
dados devem ser transformados considerando que um círculo mede 360º e
representa 100%, ou seja, 1% corresponde a 3,6º. É importante lembrar que
o somatório das variáveis deve formar um todo (100%). Veja alguns exem-
plos na Figura 6.4, onde a soma das lavouras, pastagens, matas e flores e
áreas produtivas não utilizadas, formam a totalidade de cada grande região.

(Fonte: IBGE 1993).

Figura 6.4 – Exemplos de gráficos setoriais e seus respectivos dados. Fonte: Martinelli, 1998.

88
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

Você deve tomar cuidado com as denominações impróprias para este


tipo de gráfico que é comumente chamado de “pizza” ou “torta (pie em
6
Inglês)”, inclusive no software Excel. Acostume-se a denominá-lo corre-
tamente de setorial ou circular, pois em trabalhos técnico-científicos,
não se utiliza denominação popular.

COLUNA 100% OU BARRA 100%

Este diagrama simples é utilizado para mostrar proporções, assim como


no gráfico setorial. Neste caso, a altura total da coluna (ou comprimento
da barra) corresponde a 100%. Cada uma das subdivisões corresponde às
partes deste total. Este gráfico só tem uma escala vertical (ou horizontal
no caso das barras). Uma boa escala é a de 1 cm para 10 ou 20%, fazendo
com que as colunas tenham 10 ou 5 cm, respectivamente. Lembre-se que
a escolha da escala depende apenas do espaço disponível na folha de
papel, da legibilidade do gráfico e da sua finalidade. Para a largura use 0,5
ou 1,0 cm. Na Figura 6.5 temos alguns exemplos de Barra 100%.

(Fonte: IBGE 1993).

(Fonte: IBGE 1993).


Figura 6.5 – Exemplos de diagramas Barra 100%. Fonte: Martinelli (1998).

89
Cartografia Temática

PIRÂMIDE

A pirâmide é resultante da justaposição de dois histogramas, um à


esquerda e outro à direita, em dados absolutos ou relativos. Embora pos-
sa ser utilizada para representar quaisquer dados que possibilitem a opo-
sição de duas variáveis como, por exemplo, produção e consumo, renda
per capta e analfabetismo, antes e depois, é mais comum utilizá-la com a
denominação de pirâmide etária ou pirâmide das idades. Neste caso, a
pirâmide resulta de um histograma representando as quantidades de ho-
mens para cada faixa de idade de um lado e do outro, o número de mulhe-
res para as mesmas faixas. A justaposição facilita a comparação dos dois
grupos, evidencia as diferenças e as semelhanças para cada faixa de idade
e permite uma visão global da evolução da população.
Apesar do nome “pirâmide”, a depender dos dados, nem sempre o
gráfico terá a forma de uma pirâmide. Esta construção torna-se um exce-
lente instrumento de raciocínio para alunos, de qualquer série, dependen-
do do grau de sofisticação do gráfico de base (MARTINELLI, 1998).
Na Tabela 6.4 apresentamos um exemplo com dados fictícios de
população por faixa etária e por sexo, o que nos possibilita a construção
de uma pirâmide etária. Esta tabela está adaptada para a planilha de cál-
culo Excel, onde os valores que irão compor o histograma da esquerda
apresentam-se negativos, para “enganar” o computador, fazendo com que
construa automaticamente as barras dos homens para a esquerda. Para os
dados das mulheres, os valores permanecem normais (positivos) para que
o computador situe-os no histograma da direita.

Tabela 6.4 – Dados de população adaptados para uso em planilha de cálculo. Fonte: Oliveira (2008)

90
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

Na Figura 6.6 representamos o diagrama da pirâmide etária referente


a esses. Observe que, neste caso, é necessário indicar a legenda para iden-
6
tificar homens e mulheres. As cores devem ser contrastantes de forma a
evidenciar a diversidade.

Figura 6.6 – Exemplo de pirâmide etária. Fonte: Oliveira (2008).

POLAR OU RADIAL

O sistema polar foi estabelecido por Bernoulli. Tal sistema considera


uma distância, denominada raio vetor, a partir de uma origem fixa no eixo polar,
chamado polo, que forma com esse mesmo eixo um ângulo denominado ângu-
lo polar. Este diagrama é uma variante dos gráficos de coluna ou de linha, onde
o eixo x é todo centralizado no polo e o eixo y corresponde aos raios.
Uma aplicação bastante difundida do sistema polar na representação de
fenômenos cíclicos é a que mostra combinadamente a precipitação e a tempe-
ratura. A precipitação é representada por colunas que se irradiam de um círculo
central de base, e a temperatura é indicada por uma linha fechada (Figura 6.7).

91
Cartografia Temática

Figura 6.7 – Exemplo de gráfico polar (cíclico). Fonte: Martinelli (1998).

COROA

Este gráfico é considerado como uma variante do diagrama circular.


Apenas, ao invés de desenhar o círculo completo, utiliza-se uma coroa
deste círculo. Geralmente, esta construção corresponde à superposição
de dois diagramas circulares: um central, de raio menor, aparece por intei-
ro como se ficasse em cima do outro, de raio maior, deixando aparecer
apenas a coroa que corresponde à diferença de raio entre os dois círculos.
É bastante utilizada para comparar elementos, como por exemplo, o nú-
mero de matrículas de um Município em relação às do Estado (Tabela 6.5
e Figura 6.8).

Tabela 6.5 – Dados hipotéticos de matrículas nas quatro primeiras séries do 1º grau comparando
um Município com o Estado. Fonte: Oliveira (2008).

92
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

Figura 6.8 – Exemplo de gráfico Coroa. Fonte: Oliveira (2008).

PICTÓRICO

O diagrama pictórico não passa, na realidade, de variante de uma cur-


va, de um digrama de barra ou coluna, ou ainda, de um diagrama setorial ou
circular, apresentado com um desenho sugestivo, como por exemplo, o que
está representado na Figura 6.9, utilizado na Revista “Isto É”, em 1984,
para mostrar o recuo das vendas de imóveis na capital do Estado de São
Paulo. Este tipo de gráfico é amplamente utilizado em revistas, jornais e
atualmente na Internet. Outro exemplo seria um gráfico cuja informação é
“produção de petróleo de um determinado país” onde as colunas convenci-
onais seriam substituídas por colunas de barris (LE SANN, s.d.)

Figura 6.9 – Exemplo de gráfico pictórico. Fonte: Le Sann (s.d.).

93
Cartografia Temática

DIAGRAMA OMBROTÉRMICO OU CLIMOGRAMA

Um gráfico de linhas pode ser proveitosamente utilizado de forma


conjugada com um gráfico de colunas. A aplicação mais difundida dessa
combinação é o gráfico termopluviométrico, também chamado de
ombrotérmico ou climograma. A temperatura, por ser contínua, é repre-
sentada por linha. A precipitação é acumulativa (descontínua) e por isso
utilizam-se colunas para representá-la (MARTINELLI, 1998).
O gráfico ombrotérmico considera a escala das precipitações à es-
querda e a das temperaturas à direita. Segundo a proposta de Gaussen e
Bagnouls (1953), a cada 1ºC de temperatura devem corresponder 2 mm
de precipitação. O gráfico assim elaborado pode mostrar contrastes entre
períodos secos e úmidos. Quando a curva da temperatura estiver acima
do perfil das colunas da precipitação, indicará estação seca (Figura 6.10).

Figura 6.10 – Exemplo de diagrama ombrotérmico. Fonte: Martinelli (1998).

DIAGRAMA TRIANGULAR OU TERNÁRIO

Os gráficos construídos no sistema triangular são ideais para mos-


trar estruturas com três componentes cuja soma é constante.
Esse sistema considera três distâncias sobre os lados de um triân-
gulo equilátero, a partir de três origens, que são seus vértices. As distânci-
as marcam medidas, de onde saem paralelas aos lados adjacentes aos vér-
tices, considerados como respectivas origens. As três paralelas se cruzam
ANÁLISE E NÍVEIS DE LEITURA DE UM GRÁFICO

94
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

em um ponto (P) no interior do triângulo, o qual significa a corres-


pondência entre as três componentes de uma estrutura.
6
Como exemplo, a partir dos dados do Brasil constantes na Tabela
6.6, localiza-se o Brasil (Figura 6.11) através da intersecção das linhas
correspondentes aos valores de 23,83% (setor primário), 22,70% (setor
secundário) e 54,70% (setor terciário).
Tabela 6.6 – População economicamente ativa (PEA) segundo as grandes regiões e setores de
atividades. Fonte: IBGE (1993); Martinelli (1998).

(Fonte: IBGE 1993).

Figura 6.11 – Exemplo de diagrama triangular para a PEA do Brasil. Fonte: Martinelli, 1998.

95
Cartografia Temática

Segundo Le Sann (s.d.), a análise de um gráfico deve seguir passos


rigorosos para ser exaustiva, pois se o principal “defeito” de uma tabela é
de possibilitar uma leitura apenas em nível elementar, o gráfico deve
aprofundar a análise.
Bertin citado em Le Sann (s.d.) afirma que a informação é uma
relação, mas esta relação pode se estabelecer entre elementos,
subconjuntos ou conjuntos.
Tomando como exemplo a análise dos dados “renda per capita e analfa-
betos de países em um determinado ano”, temos os seguintes níveis de análise:
- Primeiro nível ou nível elementar: Revela qual é a renda per capita de
cada país; responde à questão: em tal país, qual foi a renda per capita
naquele ano? A tabela também fornece esta resposta, não sendo necessá-
ria a elaboração de um gráfico para respondê-la.
- Segundo nível ou nível médio: responde às perguntas do tipo “quais
são os países de menor renda per capita entre os países citados?”. Para
responder a este tipo de questão a partir de uma tabela, é necessário ler a
tabela inteira, memorizar os nomes dos países de menor renda per capita
e mentalmente organizar o grupo destes países. Porém, a resposta pode
ser vista facilmente no gráfico: Portugal, México, Brasil, China, Bolívia e
Egito (Figura 6.12). O nível médio de leitura compara os subconjuntos
da informação tais como: os países de maior renda per capita em relação
aos países de menor renda per capita, os países com elevadas taxas de
analfabetos comparados aos países que apresentam baixas taxas.
- Terceiro nível ou nível global: a comparação deve ser analisada em nível de
conjunto. O gráfico mostra a relação inversa existente entre a renda per capita
e a taxa de analfabetismo. Este nível de comparação é quase impossível de ser
obtida apenas pela análise da tabela. Isto justifica a construção de gráficos.

Figura 6.12 – Pirâmide de renda per capita e analfabetismo dos países. Fonte: Le Sann (s.d.).

96
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

INTERPRETAÇÃO 6
Se a análise consiste no “exame de cada parte de um todo para
conhecer-lhe a natureza”, a interpretação procura “explicar o sentido de...”
(Aurélio citado em Le Sann, s.d.). Interpretar o significado de um gráfico
exige do leitor um conhecimento mais amplo do tema abordado no mes-
mo. Enquanto a análise pode ser feita por qualquer pessoa, a interpreta-
ção requer um estudo do contexto da informação. Quando o gráfico acom-
panha um texto, este deve conter elementos de explicação dos fenôme-
nos que podem ser analisados a partir do diagrama e, ainda, não afirmar
como verdades fatos desmentidos pela análise do gráfico. É preciso cui-
dar sempre da integração entre quem escreve o texto e quem elabora os
gráficos, pois deverá sempre haver uma coerência entre ambos. A melhor
situação ocorre quando o redator do texto é também o redator gráfico
(LE SANN, s.d.). Atualmente, a função de “redator gráfico” é ocupada
geralmente pelos profissionais da Informática. Deve-se evitar também
“deixar” os gráficos para serem elaborados por profissionais que tem ape-
nas conhecimento de Informática, pois os mesmos não dominam as téc-
nicas de representação cartográfica. Por isso é importante que o profissi-
onal da Geografia domine as técnicas de construção dos diagramas, de
forma que possa, em seguida, redigir os textos a partir de sua interpreta-
ção e não antes, isoladamente.

AVALIAÇÃO

Uma vez construído um determinado diagrama para traduzir uma


tabela de dados, o redator gráfico completa o ciclo das etapas de elabora-
ção de um documento com uma análise crítica após ter concluído o dese-
nho. Esta análise deve completar os aspectos tanto da identificação do
documento, verificando a relevância do título, a exatidão da escala, da fon-
te, das datas de referência para citar apenas os elementos imprescindíveis à
identificação, quanto da relevância da escolha do tipo de diagrama para
traduzir a informação. Para realizar esta última avaliação o redator visual
deverá se colocar na posição do leitor do documento e seguir todas as eta-
pas da análise, no intuito de indagar eventuais melhorias no desenho do
diagrama. A construção de diagramas não deve ser considerada como um
simples desenho, acabado na primeira tentativa. Como para a redação de
texto, o redator gráfico precisa rascunhar, rever, reformular, apagar, refazer
até atingir o melhor resultado para que o leitor possa “enxergar” as infor-
mações que surgem da confrontação dos dados (LE SANN, s.d.)

97
Cartografia Temática

CONCLUSÃO

Os gráficos ou diagramas não são meras ilustrações contidas num


documento, mas sim importantes meios de comunicação. Saber reprodu-
zi-los a partir de uma tabela de dados geográficos é de fundamental im-
portância para o Geógrafo, que deverá fazer uso desse instrumento como
fonte para a elaboração de seus textos e não somente para ilustrá-los. Isto
torna os gráficos muito úteis para analisarmos as ocorrências dos fenô-
menos geográficos em níveis muito mais avançados do que faríamos se a
análise fosse feita apenas a partir de uma tabela.

RESUMO

Iniciamos esta aula tecendo algumas considerações gerais sobre as


vantagens de utilização dos gráficos na Geografia. Em seguida comenta-
mos sobre a escolha da escala de construção e dos elementos de identifi-
cação de um gráfico, que também é chamado de diagrama. Relacionamos
todos os tipos de gráficos, assim como uma classificação dos mesmos por
tipos e aplicações. Em seguida, cada tipo foi descrito, sendo mostrado um
exemplo de sua construção a partir de uma tabela. Verificamos também
ao longo do desenvolvimento da aula que alguns gráficos adaptam-se
melhor a algumas variáveis, como é o caso do gráfico linear, utilizado
mais para fenômenos contínuos. Cada gráfico tem uma metodologia pró-
pria para sua construção, propiciando diferentes etapas de análise, basea-
das no reconhecimento dos níveis de leitura possíveis. Por fim, destaca-
mos a importância da edição ou redação gráfica final, de forma a garantir
uma comunicação clara e precisa.

ATIVIDADES

1. A partir da consulta em fonte de dados confiáveis, elabore 10 gráficos,


sendo um de cada tipo mostrado nesta aula: curva (ou linear), barra (ou
coluna), barra 100% (ou coluna 100%), histograma, setorial (ou circular),
pirâmide, polar (ou radial), triangular, ombrotérmico (ou climograma) e
pictórico. Na apresentação de cada tipo, deverá constar também a tabela
com os dados.
2. Para cada uma das tabelas geradas na atividade anterior, indique o tipo
de série estatística.

98
Os gráficos utilizados na Geografia Aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES


6
Assim como na aula anterior, na primeira atividade, consulte apenas
fontes oficiais e confiáveis, como bibliotecas de órgãos públicos,
universidades, atlas geográficos, etc.. Lembramos novamente para
tomar muito cuidado com as consultas na Internet. Se for utilizar o
método analógico, ou seja, em papel, opte pelo papel milimetrado no
formato A-4, pois facilita não só o dimensionamento dos gráficos,
como sua representação a partir dos dados. Você poderá usar também
uma folha de papel em branco (tipo sulfite), no formato A-4, mas aí
deverá relembrar alguns princípios da Geometria, como por exemplo:
o eixo x é perpendicular ao eixo y; e no papel em branco não há
linhas de referência, mas os eixos deverão ser sempre paralelos aos
lados da folha, por questão de estética e padrão de representação.
Há ainda a opção do software Excel, o que facilitará bastante a
elaboração dos diagramas. No entanto, o diagrama triangular e o
pictórico não fazem parte da biblioteca de opções do Excel, devendo
ser elaborados manualmente ou com outros softwares de desenho.
Lembre-se de não exagerar no tamanho dos gráficos, representando-
os nem muito grandes, nem muito pequenos. Em geral é possível
utilizar uma folha para cada tabela e gráfico, distribuindo a tabela na
parte de cima e o gráfico na parte de baixo, ou, invertendo-se a folha,
a tabela à esquerda e o gráfico correspondente à direita. Lembre-se
de indicar em cada gráfico, seus elementos básicos de representação
como título do gráfico, título dos eixos (varia para cada tipo de
gráfico), unidades das variáveis, legenda (se for o caso), nome de
quem o está elaborando (seu nome, no caso) e a fonte dos dados.
Importante também é aplicar corretamente as variáveis visuais ou de
retina, assim como escolher o gráfico apropriado para a variável
representada. E não se esqueça que o gráfico é uma representação
técnica e por isto deve ficar claro, limpo e legível. Utilize sempre
letras de imprensa (ou letras de forma).
Para a segunda atividade, revise os conceitos de séries estatísticas
e não terá nenhuma dificuldade, pois foi assunto da aula passada.

PRÓXIMA AULA

Conheceremos na próxima aula, alguns critérios de classificação das


cartas ou mapas temáticos quanto ao tipo, método, conteúdo, conteúdo,
modo de implantação, variáveis de retina e natureza dos dados.

99
Cartografia Temática

REFERÊNCIAS

LE SANN, Janine Gisele. Os gráficos básicos no ensino da Geogra-


fia: tipos, construção, análise, interpretação e crítica. Belo Horizonte: IGC/
UFMG, [s.d.]
MARTINELLI, Marcelo. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo.
São Paulo: Moderna, 1998.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.

100
Aula

CLASSIFICAÇÃO DAS CARTAS


TEMÁTICAS
7
META
Conhecer a classificação dos mapas ou cartas temáticas por diferentes critérios de
representação.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
classificar os mapas por diferentes critérios;
saber escolher qual tipo é mais adequado à variável em estudo.

PRÉ-REQUISITO
Dominar o conteúdo de todas as aulas anteriores, principalmente sobre as variáveis visuais
ou de retina.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula anterior apresentamos todos os tipos de gráficos utilizados


na Geografia, assim como as vantagens que eles têm em relação às tabe-
las. Também mostramos que existem gráficos específicos ou que se adap-
tam melhor a um determinado tipo de variável, sendo que cada um deles
tem uma metodologia própria para sua construção e propiciam diferentes
formas de análise.
Nesta aula trabalharemos com a classificação das cartas temáticas
por diferentes critérios, o que auxiliará na escolha do melhor tipo de re-
presentação para a variável temática.

102
Classificação de cartas temáticas Aula

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS


TEMÁTICAS
7
As cartas temáticas, de acordo com Oliveira (2008), podem ser clas-
sificadas quanto aos critérios: tipo, método, conteúdo, modo de implanta-
ção, variável de retina e natureza dos dados, que serão discriminados a
seguir.
1. Quanto ao tipo
- Carta ou Mapa
- Cartograma
- Cartodiagrama
- Anamorfose cartográfica ou geográfica
2. Quanto ao método
- Corocromático
- Coroplético
- Isorítmico ou “Isarítmico”
- de Contagem
- Dinâmico
- Pictórico
3. Quanto ao conteúdo
- Analítico
- de Síntese
4. Quanto ao modo de implantação
- Pontual
- Linear
- Zonal
5. Quanto às variáveis de retina (ou variáveis visuais)
- Forma
- Orientação ou Direção
- Tamanho
- Intensidade ou Valor
- Granulação
- Cor
6. Quanto à natureza dos dados
- Qualitativo
- Ordenado
- Quantitativo
- Dinâmico
A seguir detalharemos as classificações quanto ao tipo, método e con-
teúdo. A classificação quanto ao modo de implantação e variáveis visuais
já foi estudada nas aulas anteriores. Quanto à natureza dos dados, deta-
lharemos nas próximas aulas.

103
Cartografia Temática

QUANTO AO TIPO:
CARTA OU MAPA

A carta ou mapa temático (Figura 7.1) propriamente dito é cons-


tituído por 3 elementos básicos: escala, projeção cartográfica e
Mapa Temático
simbologia, segundo as regras de localização (x,y) e de qualificação (z).
Embora não muito (JOLY, 1990, p.76; RUFFINO, 2008).
comum, podería- Na Figura 7.1 apresentamos um exemplo de carta (mapa)
mos utilizar tam- temática(o) com localização (x,y) em coordenadas geográficas e a quali-
bém o termo “plan- ficação (z) representada pelo tema “turismo”
ta temática” para
grandes escalas.

Figura 7.1 – Exemplo de mapa: Mapa Turístico do Pólo Costa dos Coqueirais (Municípios
Litorâneos de Sergipe) – 2004. Fonte: SEPLAN (2008).

CARTOGRAMA

Um cartograma é a representação descontínua de um fenômeno


geográfico quantitativo por representações proporcionais localizadas
(JOLY, 1990, p.76).
Cartograma também pode ser definido como um mapa temático em qual-
quer escala, em que as intensidades de um fenômeno quantitativo, são repre-
sentadas mediante a intensidade do traço ou da cor. (OLIVEIRA, 1987, p. 86).
Apesar das definições de autores consagrados acima, observa-se na
prática que, um cartograma geralmente é representado em escala reduzi-
da, sobre um mapa-base que contém apenas os elementos essenciais para
servir de fundo ao tema em estudo, como por exemplo, limites territoriais,
hidrografia ou localidades principais (Figuras 7.2 e 7.3).

104
Classificação de cartas temáticas Aula

(Fonte: Atlas IDH-PNUD, 2000).


Elaboração: Paulo José de Oliveira

Figura 7.2 – Exemplo de cartograma com modo de implantação zonal. Fonte: Oliveira (2008).

Figura 7.3 – Exemplo de cartograma com modo de implantação pontual. Fonte: Archela (2008).

105
Cartografia Temática

CARTODIAGRAMA

Um cartodiagrama é formado por um conjunto de diagramas (gráfi-


cos) posicionados sobre o mapa-base. (JOLY, 1990, p.76).
Segundo Oliveira (1987, p. 84), cartodiagrama é a representação
detalhada de fenômenos geográficos mensuráveis na forma de um con-
junto de diagramas (gráficos) constituído por elementos comparáveis lo-
calizados num fundo cartográfico.
Em suma, o cartodiagrama (Figura 7.3) é um mapa temático com
gráficos ou até mesmo um cartograma com sobreposição de diagramas
representando uma variável relacionada com o tema principal do mapa.

Figura 7.3 – Exemplo de cartodiagrama. Fonte: Archela (2008).

ANAMORFOSE GEOGRÁFICA

A anamorfose geográfica ou cartográfica é a representação pela qual,


conservando-se a continuidade do espaço, deformam-se voluntariamen-
te as superfícies reais para torná-las proporcionais à variável considerada.
(JOLY, 1990, p.76). O termo anamorfose tem origem na língua grega,
significando “formado de novo”.

106
Classificação de cartas temáticas Aula

A anamorfose é usada em vários setores do conhecimento como a


Matemática, a Óptica e também nas Artes Plásticas. Em Geografia usa-
7
mos essa técnica para representar cartograficamente temas visualizando-
os de forma diferente da habitual (Figura 7.4). A superfície de cada terri-
tório cartografado vai variar proporcionalmente segundo a variável, como
por exemplo: a população, o PIB, a exportação de produtos manufatura-
dos, a mortalidade, etc., tornando a análise comparativa evidente.

Figura 7.4 – Exemplo de anamorfose geográfica representando a projeção da população mundial


em 2025, em que o tamanho de cada país é proporcional à população. Fonte: Relatório Mundial
sobre o Desenvolvimento Humano, 1990 (www.geocarto.org)

QUANTO AO MÉTODO

COROCROMÁTICO

O termo corocromático vem do grego: chorus + chromus = lugar + cor.


A carta corocromática originalmente é elaborada a partir de cores
contrastantes ou texturas diferenciadas, representando distribuições espaciais.
No entanto, para o modo de implantação pontual, podemos substituir as cores
e as texturas, pela variável de retina “forma”. Em todos os casos, este método
é recomendado para cartas qualitativas (Figura 7.5).
-Vantagens: possibilita identificar a distribuição do fenômeno e a comparação
sobre sua ocorrência (ou não) inclusive em termos de representação espacial.
-Desvantagens: limitada à variável visual da cor, ou em sua substituição,
pelas texturas, permitindo apenas a diferenciação e a associação entre as
unidades observacionais.
-Cartas Corocromáticas mais comuns: geologia, solos, vegetação,
etnografia, divisão política.
-Responde às perguntas: o que, onde e quanto (qualitativamente).

107
Cartografia Temática

Figura 7.5 - À esquerda, mapa corocromático com informação seletiva no modo de implantação zonal.
À direita, mapa do bombardeio de Israel ao Líbano em 2006 com informação seletiva, pontual e
variável visual forma. Fontes: Archela (2008) e Infográficos ( www.uol.com.br).

COROPLÉTICO

O termo coroplético tem origem na língua grega: do grego: chorus +


plethos = lugar + quantidade.
Intensidade ou valor
A carta coroplética é elaborada originalmente a partir da intensida-
Quantidade de ener- de e matiz das cores para exprimir a progressão da variável mapeada. A
gia refletida. Uma sé- variável visual granulação pode ser utilizada em substituição às anterio-
rie de valores pode res, produzindo também o mesmo efeito visual.
ser comparada a uma Essa progressão geralmente está vinculada às variáveis quantitati-
sequência de cinzas, vas, mas pode também representar as ordenadas como, por exemplo: for-
indo desde o preto
até o branco.
te, médio, fraco. A representação pode ser feita usando-se uma ordem
visual entre as cores, das mais claras até as mais escuras (Figura 7.6), ou
Matiz empregando-se uma ordem visual com texturas (granulação), também das
mais fracas até as mais fortes. Outras opções são as que, no círculo de
Nuança cromática na cores, vão das mais frias para as mais quentes, como ocorre nos mapas de
sequência espectral. tipos climáticos ou de temperatura. Existe ainda a opção do uso das cores
Está associado a uma
radiação espectral
e matizes padronizados internacionalmente, como nas representações de
pura. É a cor pura. faixas de altitudes (hipsometria), indo do verde (áreas mais baixas) ao
Corresponde a um vermelho ou marrom (áreas mais altas) e podendo chegar até o branco
único comprimento (áreas extremamente altas, denotando ocorrência de neve).
de onda bem defini- -Vantagens: aproveita os valores visuais das cores (propriedade de orde-
do na faixa do visível. nar) para representar os valores absolutos dos fenômenos mapeados.

108
Classificação de cartas temáticas Aula

-Desvantagens: incoerência entre a natureza dos dados do fenômeno a ser


mapeado (que obedece a escala da razão) com a variação visual adotada
7
(que obedece a uma escala ordenada). Assim, taxas e proporções
percentuais como, por exemplo, densidade demográfica, resultam ilógi-
cas, pois os tamanhos das unidades observacionais farão parte do símbo-
lo e fornecerão uma visão distorcida das quantidades reais.
-Cartas Coropléticas mais comuns: densidade demográfica, hipsometria, clima.
-Responde: o que, onde, quanto, em que ordem (somente as quantitativas).

Figura 7.6 – Mapa coroplético com informação ordenada no modo de implantação zonal.
Fonte: Archela (2008).

ISARÍTMICO

Mais conhecido como Isarítmico, etimologicamente deveria ser


“Isorítmico”, do grego: iso + rithimus = igual + tempo.
Representa fenômenos contínuos a partir de valores de medidas
obtidas em descontinuidade, através de pontos dispersos ou distribuídos
segundo um padrão. A continuidade é representada através de isolinhas,
ou seja, linhas que representam um valor.
-Cartas Isarítmicas mais comuns: Altimetria, Batimetria. Declividade, Tempe-
ratura (Figura 7.7), Pluviosidade, Pressão Atmosférica, Umidade do Ar.

109
Cartografia Temática

Nas cartas temáticas são muitas as representações isarítmicas. No


Quadro 7.1, relacionamos alguns tipos de isolinhas, indicando o nome
original, o significado e como é mais conhecida na Cartografia.

Quadro 7.1 – Relação das isolinhas mais comuns em Cartografia.

Vantagens: proporciona a estimativa da dimensão do fenômeno e a


visão de conjunto das unidades observacionais.
-Desvantagens: elaboração minuciosa que exige contabilidade das informa-
ções, tabulações estatísticas e interpolação, porém bastante facilitada atu-
almente, através dos programas de Modelagem Numérica em Cartografia
Digital.
-Responde: o que, onde, quanto, em que ordem.

Figura 7.7 – Exemplo de mapa isarítmico (isotermas ou linhas de mesma tempe-


ratura).

110
Classificação de cartas temáticas Aula

DINÂMICO 7
Representa a variação do fenômeno no tempo e no espaço. Pode
ser qualitativa ou quantitativa. Por exemplo: se lançarmos em uma carta,
os gráficos ombrotérmicos e de evolução da composição da população
nas áreas de ocorrência dos fenômenos, teremos uma representação dinâ-
mica com variação de tempo. Já se trabalharmos o fluxo de migração ou
tráfego de veículos sobre a área de ocorrência dos fenômenos estaremos
construindo uma representação dinâmica com variação de espaço (Figu-
ra 7.8).
-Vantagens: abordar a dinâmica do fenômeno no tempo e no espaço.
-Desvantagens: conforme o número de variáveis ou a amplitude do fenô-
meno, sua elaboração fica difícil ou até impossível.
-Cartas Dinâmicas mais comuns: Avanço de Cultivos, Desmatamentos, Uso
de Tecnologia, Dados Climáticos, Fluxos.
-Responde: o que, onde, quanto (somente as quantitativas), quando, em
que ordem.

Figura 7.8 – Mapa de fluxo com informação quantitativa no modo de implantação linear.
Fonte: Archela (2008).

111
Cartografia Temática

DE CONTAGEM

Pelo método de Contagem, a representação do fenômeno é feita


através da atribuição de um símbolo e um valor unitário correspondente,
quando este for superior a um. O quantitativo total é obtido pela conta-
gem do número de símbolos multiplicado pelo valor unitário (Figura 7.9).

Figura 7.9 – Mapas de contagem utilizando símbolos pontuais (informação seletiva no modo de
implantação pontual. Fonte: Archela (2008) e Martinelli (1998).

PICTÓRICO

O termo pictórico originalmente significa “relativo à pintura”.


Utilizamos o método pictórico na representação dos fenômenos
geográficos através de símbolos artísticos objetivando atender ao usuário
comum, ou seja, mais preocupado com a visualização rápida da informa-
ção, e não propriamente com a Cartografia. Estas representações geral-
mente não estão em escala e misturam visão bidimensional e
tridimensional, como por exemplo, um “mapa” turístico (Figura 7.10).
Na verdade, deveríamos classificar estas representações como “croquis”
e não como mapas (OLIVEIRA, 2008).

112
Classificação de cartas temáticas Aula

Figura 7.10 – Mapa pictórico da Vila São Francisco – Quebrangulo – AL. Fonte: Oliveira (2008).

QUANTO AO CONTEÚDO

Quanto ao conteúdo os mapas temáticas podem ser classificados


em analítico ou de síntese.

ANALÍTICO

O mapa analítico mostra a dis-


tribuição de um ou mais elementos
de um fenômeno, utilizando dados
primários, com as modificações ne-
cessárias para a sua visualização. São
exemplos de mapas analíticos, os
mapas de distribuição da população,
cidades, supermercados, redes
hidrográficas e rodovias entre outros
tantos temas (Figura 7.11).

DE SÍNTESE

O mapa de síntese é mais


Figura 7.11 – Exemplo de mapa analítico com círculos proporcio-
complexo e exige profundo conhe- nais sobrepostos à representação coroplética, representando aspec-
tos de um único fenômeno. Fonte: Archela (2008).

113
Cartografia Temática

cimento técnico dos assuntos a serem mapeados. Representam o


mapeamento da integração de fenômenos, feições, fatos ou acontecimen-
tos que se interligam na distribuição espacial. Esses mapas permitem que
se estabeleçam estudos conclusivos sobre a integração e interligação dos
fenômenos. Entre os exemplos de mapas de síntese encontram-se os ma-
pas de Uso do Solo (Figura 7.12), mapas de sensibilidade, mapas de
zoneamento, mapas geomorfológicos e mapas tipológicos diversos. Os
mapas de síntese são construídos para mostrar ao leitor as relações exis-
tentes entre vários dados, tal como sua eventual aptidão para determinar
conjuntamente outros fenômenos ou outras combinações. Os mapas de
síntese devem ser objetivos e legíveis e comportar apenas dados essenci-
ais (Archela, 2008).

Figura 7.12 – Exemplo de mapa de síntese representando a “síntese” de estudos sobre diferentes
fenômenos, no caso os relativos à frente pioneira no Brasil. Fonte: Archela (2008).

Confor me infor mamos, a classificação das representações


cartográficas quanto ao modo de implantação e variáveis visuais já foi
estudada nas aulas anteriores e quanto à natureza dos dados, detalhare-
mos a partir da próxima aula.

114
Classificação de cartas temáticas Aula

CONCLUSÃO 7
Ter conhecimento da classificação geral dos mapas temáticos por
diferentes métodos nos fornece uma ampla visão das aplicações da Car-
tografia em diversas áreas, com destaque para a Geografia, onde a elabo-
ração dos mapas é essencial para compreender a organização do espaço.
Importante também é saber escolher qual tipo adapta-se melhor à variá-
vel que será representada no mapa.

RESUMO

Iniciamos a aula relacionando os tipos de mapas de acordo com dife-


rentes critérios. Quanto ao tipo, os mapas são classificados em carta (ou
mapa), cartograma, cartodiagrama e anamorfose geográfica. Quanto ao
método de elaboração temos: corocromático, coroplético, isarítmico, de
contagem, dinâmico e pictórico. O mapa analítico e o de síntese enqua-
dram-se na classificação quanto ao conteúdo. Quanto ao modo de implan-
tação classificamos os mapas como pontuais, lineares ou zonais. A forma,
orientação, tamanho, valor, granulação e cor inserem-se na classificação
pelas variáveis de retina. Finalizando, quanto à natureza dos dados, os ma-
pas subdividem-se em qualitativos, ordenados, quantitativos e dinâmicos.

ATIVIDADES

1. Para cada um dos 12 tipos de mapas mostrados nesta aula, pesquise


outros que os substituam, mas que, obviamente, estejam de acordo a res-
pectiva classificação.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

De preferência, apresente-os no software Word da Microsoft, em um


único arquivo. Você poderá utilizar a mesma ordem que está no texto:
7.1, 7.2 e assim por diante, de forma a facilitar a correção dos mesmos
pelo seu tutor. Não se esqueça nunca de indicar a fonte de consulta,
pois isto enobrece seu trabalho, valorizando o de outros profissionais.

115
Cartografia Temática

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula estudaremos como são elaboradas as repre-


sentações qualitativas.

REFERÊNCIAS

ARCHELA, Rosely Sampaio; THÉRY, Her vé. Orientation


méthodologique pour la construction et la lecture de cartes
thématiques. Revista Franco-Brasileira de Geografia. Disponí-
vel em <http://confins.revues.org/document3483.html>, Consul-
tado em 05 dez. 2008.
JOLY, Fernand. A Cartografia. Campinas: Papirus, 2007.
MARTINELLI, Marcello. Gráficos e mapas: construa-os você
mesmo. São Paulo: Moderna, 1998.
OLIVEIRA, Cêurio. Dicionário Cartográfico. Rio de Janeiro:
IBGE, 1987.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São
Cristóvão: UFS, 2008.
RUFFINO, Sandra Fagionato; MARTINS, Sílvia; SALVADOR,
André Salvador. O uso de mapas. Disponível em <http://
educar.sc.usp.br/maomassa/cartografia.htm> Consultado em 10
dez. 2008.
SERGIPE. Mapa Turístico Polo Costa dos Coqueirais: municí-
pios litorâneos de Sergipe. Aracaju: SEPLANTEC/PRODETUR,
2004.

116
Aula
MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO
DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA:
REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS MANIFESTAÇÃO PONTUAL
8
META
Demonstrar a localização e a extensão dos fenômenos geográficos qualitativos a partir da
manifestação pontual.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
Saber escolher o procedimento mais adequado para a representação qualitativa dos
fenômenos geográficos: socioeconômico, cultural, físico e ambiental, a partir da representação
pontual

PRÉ-REQUISITO
Solicitar ao seu tutor uma cópia do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe e pesquisar
sobre a Geologia e as ocorrências minerais do Estado de Sergipe. Rever o assunto sobre
“escalas” da Cartografia Sistemática.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula anterior conhecemos a classificação das cartas temáticas


por diferentes critérios, o que auxiliará na escolha do melhor tipo de re-
presentação para a variável temática daqui para diante. Entre os critérios,
verificamos que, quanto à natureza dos dados, as cartas são classificadas
em qualitativas, ordenadas, quantitativas e dinâmicas.
Nesta aula iniciaremos a elaboração de mapas temáticos utilizando
os métodos para representações qualitativas e as formas de manifestações em
pontos, sendo a escolha da forma de manifestação (ponto, linha, área)
definida de acordo com as características do fenômeno geográfico e a
escala de representação.
O aspecto qualitativo responde à questão “o que?”, caracterizando as
relações de diversidade entre os conteúdos dos lugares. Dessa forma, as repre-
sentações qualitativas são utilizadas em mapas temáticos para evidenciar a lo-
calização e ocorrência dos fenômenos diferenciados pela sua natureza e tipo.

118
Métodos de Representação da Cartografia Temática – Representações... Aula

REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS
MANIFESTAÇÃO PONTUAL
8
Os símbolos pontuais transmitem a idéia da localização exata da
ocorrência dos fenômenos geográficos. Na representação qualitativa pon-
tual, podemos utilizar figuras geométricas (ponto, retângulo, etc.) e sím-
bolos evocativos, também chamados de figuras pictóricas, como já foi
visto. Através do uso dessas figuras, procuramos retratar o fenômeno que
está sendo mostrado, como por exemplo, a representação de um aeropor-
to através do desenho de um avião. Tais figuras são utilizadas para facili-
tar a memorização dos símbolos, principalmente por turistas e crianças.
Na manifestação pontual devemos ter o cuidado de manter o mesmo ta-
manho para as figuras geométricas.
Na manifestação pontual, a escala do mapa é fator preponderante.
O mapa representa a abstração da realidade e a depender da escala, o
elemento geográfico é representado mantendo-se sua forma proporcional
à escala ou então substituindo-o por um ponto se as dimensões da forma
se tornarem muito pequenas.
Como exemplo, podemos ter uma cidade que, devido às suas dimen-
sões reais, ao ser representada na escala 1:50.000, ainda tenha uma exten-
são grande de forma que possa ser representada por um polígono, ou seja,
uma área com a aparência das dimensões reais. Porém, se esta mesma cida-
de for representa na escala 1:500.000, e o polígono não mais apresentar a
forma parecida com a real, ou mesmo desaparecer, precisaremos substituí-
lo por um ponto, um círculo, por exemplo. Então, na escala 1:50.000 a
cidade teria manifestação zonal e na escala 1:500.000, pontual.
Então, uma vez definido que a manifestação será pontual, devere-
mos escolher os pontos de acordo com o tema do mapa a ser representa-
do. Na aula 2 já iniciamos este assunto. Nas Figuras 8.1, 8.2 e 8.3 apre-
sentamos outros exemplos para representações pontuais.

Figura 8.1 – Símbolos geométricos.

119
Cartografia Temática

Figura 8.2 – Símbolos pictóricos. Fonte: Martinelli (2003b).

Figura 8.3 – Símbolos alfanuméricos.

MAPA EXAUSTIVO

A principal questão que se coloca é a seguinte: “O que existe em um


determinado lugar?”. O mapa temático apropriado para responder a esse tipo
de questão, é o mapa exaustivo, caracterizado por apresentar todos os atribu-
tos em um mesmo mapa. A representação exaustiva permite responder a
uma questão do tipo: quais os recursos minerais da faixa litorânea sergipana?
Na Figura 8.4 encontramos a resposta: areia, argila, calcário e petróleo.
Representação Exaustiva – Recursos Minerais de Sergipe

Figura 8.4 – Representação exaustiva dos recursos minerais de Sergipe. Fonte de dados: Atlas Digital Sobre
Recursos Hídricos de Sergipe, 2004.

120
Métodos de Representação da Cartografia Temática – Representações... Aula

COLEÇÃO DE MAPAS 8
A representação mais apropriada para uma resposta visual instan-
tânea Para a questão “onde está o Petróleo de Sergipe?” é dada pelo des-
dobramento dos mapas exaustivos em vários mapas, um para cada atribu-
to, no caso específico, um para cada recurso mineral. O exemplo a seguir
responde de forma rápida e eficiente onde está localizado determinado
mineral do Estado de Sergipe e, dessa forma, o leitor poderá verificar
rapidamente, por exemplo, na Figura 8.5, onde estão as ocorrências de
petróleo neste Estado.
Coleção de mapas – Recursos de Minerais de Sergipe

Figura 8.5 – Representação dos recursos minerais de Sergipe por coleção de mapas. Fonte de dados:
Atlas Digital Sobre Recursos Hídricos de Sergipe, 2004.

CONCLUSÃO

A construção de mapas temáticos utilizando os métodos para repre-


sentações qualitativas através da manifestação pontual atende, de maneira
calara e objetiva, sem ambiguidade, a representação de temas que possam ser
visualizados como um “ponto” na escala do projeto. Os objetos geográficos
apresentados através da manifestação pontual, tais como cidades, aeropor-
tos, ocorrências de recursos minerais, etc., estão diretamente relacionados
com a escala do projeto, pois esses mesmos objetos poderão, em outra escala,
ser representados pela forma de manifestação zonal (areal). Portanto, a escala
do projeto é determinante para se optar ou não pela manifestação pontual.

121
Cartografia Temática

RESUMO

Nesta aula, discorremos sobre a representação qualitativa através da


manifestação pontual, tal método nos possibilitará responder às seguin-
tes questões: o que existe em um determinado lugar e onde ocorre tal fenômeno
geográfico. Os mecanismos adequados para chegar a essa resposta são os
“mapas exaustivos”, em que todos os atributos estão registrados em um
mesmo mapa ou através de “coleção de mapas”, resultantes do desdobra-
mento da representação exaustiva em vários mapas.

ATIVIDADES

1. Represente em um mapa temático exaustivo as principais ocorrências


de recursos minerais por município no Estado de Sergipe.
2. Represente essas mesmas ocorrências, em uma coleção de mapas, em
que cada um represente um atributo (ocorrência mineral).
3. Comente a escolha do método e elabore um texto descrevendo a
espacialização, ou seja, municípios com maior concentração de
determinado(s) recurso(s). Em seguida, justifique através de seus conhe-
cimentos geográficos e geológicos a referida distribuição espacial.
4. Como atividade complementar, você poderá analisar de forma críticas
alguns mapas turísticos disponíveis nos sites www.mapaturistico.com.br/
cidades, www.seplan.se.gov.br/supes (Geografia e Cartografia) ou no site
www.aracaju.se.gov.br/userfiles, em que será possível baixar (fazer o
download) dos mapas de Aracaju e do Polo Costa dos Coqueirais (Muni-
cípios Litorâneos de Sergipe).

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para responder à primeira e à segunda atividades, você deverá utilizar a


base cartográfica do Atlas Digital Sobre Recursos Hídricos de Sergipe
desenvolvido e disponibilizado pela SRH, contendo a divisão municipal
do Estado de Sergipe e a tabela com os municípios e as suas respectivas
ocorrências de recursos minerais. Para a terceira atividade, você deverá
realizar uma análise crítica da espacialização dos recursos minerais do
Estado. Como sugestão, você poderá utilizar o Mapa Geológico de
Sergipe disponibilizado no atlas mencionado. Na atividade
complementar, você terá a oportunidade de verificar se os mapas
apresentados atingem de forma clara, sem ambiguidade, os objetivos
propostos. Neste caso, analise pelo menos, um mapa de cada site indicado.

122
Métodos de Representação da Cartografia Temática – Representações... Aula

PRÓXIMA AULA 8
Na próxima aula utilizaremos a manifestação linear para representa-
ção qualitativa dos fenômenos geográficos que podem ser representados
através de linhas, a exemplo de rios, estradas, etc.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______ . Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo:
Contexto, 2003b.
______ . Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______ . Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
SERGIPE. Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe. Aracaju:
SEPLANTEC-SRH, 2004. 1 CD.

123
Aula

MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO
DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA:
9
REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS MANIFESTAÇÃO LINEAR

META
Demonstrar a localização e a extensão dos fenômenos geográficos que se diferenciam pela
sua natureza qualitativa a partir da manifestação linear.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
Saber escolher o procedimento mais adequado para a representação qualitativa dos fenômenos;
geográficos: socioeconômico, cultural, físico e ambiental, a partir da representação linear.

PRÉ-REQUISITO
Consultar o site http://www.der.se.gov.br (Rodovias) do DER-SE (Departamento de Estradas de
Rodagem do Estado de Sergipe) e baixar o Mapa Rodoviário do Estado de Sergipe mais recente.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula passada, conhecemos a representação qualitativa através


da manifestação pontual, método que nos possibilita determinar o local
de ocorrência de um determinado fenômeno geográfico através dos ma-
pas exaustivos e por coleção de mapas. Nesta aula, daremos continuidade
ao estudo das Representações Qualitativas, porém, vamos centrar a nos-
sa discussão na Manifestação Linear.
O modo de implantação linear destina-se aos elementos que po-
dem ser representados por um ou mais seguimentos de reta (traços), a
exemplo de rios e estradas. De modo geral, a espessura da linha tem um
significado simbólico, pois na maioria dos casos, não existe uma relação
direta entre a espessura da linha e a escala do mapa. Esse fato ocorre na
representação linear em mapas elaborados confeccionados em escalas
pequenas, tal como, 1:1.000.000 em que 1 milímetro da linha no mapa
representa 1 quilômetro no terreno, favorecendo dessa forma, a generali-
zação da informação. Seria difícil de ocorrer tal relação, pois normalmen-
te as estradas não atingem a 1 quilômetro de largura. Em contrapartida,
as escalas grandes como 1:2.000, em que 1 milímetro no mapa represen-
tar 2 metros no terreno, privilegiam ao detalhamento da informação grá-
fica, representada em tamanho proporcional ao real.

126
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS
MANIFESTAÇÃO LINEAR
9
A experiência tem mostrado que na representação dos símbolos line-
ares não se deve utilizar mais do que 4 espessuras de linhas, pois tal proce-
dimento dificultaria a legibilidade da informação, não atingindo, portanto, a
um dos principais objetivos da Cartografia Temática, que é transmitir de
forma clara e sem ambiguidade a informação desejada. Porém, as variações
de formas dos traços, apresentam bons resultados para a representação de
fenômenos geográficos lineares, permitindo um aumento significativo das
possibilidades de distinguirmos os símbolos de maneira clara e objetiva. As
variações dos traços podem ser usadas de forma combinada, variando a
espessura, orientação e forma das linhas, combinando traços duplos e in-
corporando símbolos às linhas. O uso das cores aumenta significativamen-
te as possibilidades de combinações, pois cada representação pode ser usa-
da duas ou mais vezes variando apenas as cores.
A seguir, repetimos dois quadros já estudados na Aula 2, onde podem
ser observados vários tipos de representações lineares (Figuras 9.1 e 9.2).

Figura 9.2 – Quadro demonstrativo da aplicação da percepção, com as manifestações lineares na parte
central. Fonte: Martinelli (1998).

127
Cartografia Temática

Figura 9.1 – Quadro representando as variáveis visuais e os modos de implantação em Cartografia, inclusive o
linear. Fonte: Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (2003b e 1993).

128
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

CONCLUSÃO 9
A elaboração de mapas temáticos, utilizando os métodos para repre-
sentações qualitativas através da manifestação linear de temas que possam
ser visualizados por meio de um traço, é utilizada na Cartografia Temática
para ilustrar feições lineares, tais como estradas, rios e linhas férreas. No en-
tanto, essa representação linear, a depender da escala do mapa, pode ou não
corresponder à largura exata do atributo geográfico representado no mapa.

RESUMO

Nesta aula, discorremos sobre a representação qualitativa através da


manifestação linear, método que nos possibilita a representação clara e
objetiva de atributos lineares como rios, estradas, limites territoriais, etc.

ATIVIDADES

1. Utilize o mapa-base apresentado a seguir e, através de um papel trans-


parente (papel vegetal ou papel manteiga) ou um software de Cartografia
Digital (caso você domine este conhecimento), elabore um mapa temático
representando a rede de rodovias e federais e estaduais do Estado de
Sergipe. A classe 1 indica que o tipo de via de transporte é uma “rodovia
federal” e a classe 2 “rodovia estadual”.

Fonte: Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe, SEPLANTEC-SRH, 2004.

129
Cartografia Temática

2. Avaliar os agrupamentos e dispersões e fazer uma análise crítica a par-


tir do que foi observado.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para responder à primeira atividade, você deverá utilizar o mapa-base


fornecido, ou reproduzi-la a partir do Atlas Digital Sobre Recursos
Hídricos/SRH, contendo o traçado das principais rodovias sergipanas.
O mapa temático da rede rodoviária federal e estadual que você irá
construir possibilitará uma visão integrada das dispersões e agrupamentos
das mesmas no território sergipano. Entretanto, para entender o que foi
observado e efetuar a análise crítica, você deverá recorrer às disciplinas
inerentes à Geografia Regional, que darão subsídios a sua análise. Para
elaborar a legenda com as convenções cartográficas você poderá consultar
o Mapa Rodoviário de Sergipe (pré-requisito desta aula).

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula utilizaremos a manifestação zonal para representa-


ção qualitativa dos fenômenos geográficos que podem ser representados
através de ocorrências areais (zonais).

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
SERGIPE. Mapa Rodoviário do Estado de Sergipe 2007. Disponível
em <http://www.der.se.gov.br>. Consultado em 12 dez. 2008.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.

130
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.


OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
9
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
SERGIPE. Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe. Aracaju:
SEPLANTEC-SRH, 2004. 1 CD.

131
Aula

MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO
DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA:
10
REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS MANIFESTAÇÃO ZONAL

META
Demonstrar a extensão e a distribuição dos fenômenos geográficos qualitativos a partir da
manifestação zonal.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
saber escolher o procedimento mais adequado para a representação qualitativa dos fenômenos
geográficos a partir da representação zonal.

PRÉ-REQUISITO
Consultar os mapas referentes à representação zonal com manifestação qualitativa no Atlas
Escolar Sergipe – Espaço Geo-Histórico e Cultural, indicado nas referências desta aula.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Olá! Esperamos que você esteja aproveitando bastante os conteúdo


de nossas aulas e que esteja bastante animado para prosseguir. Na aula
passada, aprendemos um pouco mais a respeito das representações quali-
tativas, mais especificamente sobre a manifestação linear. Verificamos,
por exemplo, que não há uma relação direta entre a espessura das linhas
utilizadas na elaboração de um mapa e sua respectiva escala.
Nesta aula, ainda continuaremos abordando as representações quali-
tativas, mas relacionadas à manifestação zonal. O modo de implantação
zonal é utilizado para demonstrar como determinado tema se distribui no
espaço geográfico, como também sua extensão sobre a superfície terres-
tre, a exemplo da geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, clima,
bacias hidrográficas e densidade demográfica.

134
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

REPRESENTAÇÕES QUALITATIVAS 10
Manifestação Zonal

Nas ocorrências qualitativas zonais, classicamente, usa-se o método


corocromático, o qual consiste na utilização de cores diferenciadas para os
Puntiformes
distintos atributos em suas áreas de manifestação. É notório que o uso de
cores tem maior eficácia para a representação zonal, entretanto na impos- Que têm forma ou
sibilidade de utilizar a cor, deve-se utilizar texturas compostas por ele- aparência de ponto.
mentos puntiformes ou lineares, de mesmo valor visual, ou seja, a tex-
tura tem que manter o mesmo tom de cinza, fazendo com que uma textu- Digital
ra não fique mais escura que a outra.
CAM (Computer
Atualmente, a elaboração desses mapas a partir da utilização de Aided Mapping) ou
software de Cartografia Digital, tem facilitando o uso de hachuras e SIG (Sistema de In-
cores sem dificuldades. formações Geográfi-
cas), como o
AutoCad Map ou o
ArcGis, por exemplo.

Textura com elementos pontuais

Textura com elementos lineares

Cores (aproveite e “pinte” os quadros.

135
Cartografia Temática

CONCLUSÃO

A grande diversidade de temas que podem ser visualizados utilizando a


representação qualitativa através da manifestação zonal, faz com que vári-
os segmentos utilizem este método para a elaboração de mapas temáticos
bastante específicos, a exemplo dos geológicos, geomorfológicos, dentre
outros. Dessa forma o referido método assume uma maior acessibilidade e,
de certa forma, induz ao uso incorreto do emprego das cores e das hachuras,
cabendo, portanto ao cartógrafo ou geógrafo uma atenção especial na apli-
cação da teoria das variáveis visuais e sempre lançar um olhar crítico sobre
os mapas temáticos específicos, pois os mesmos podem conter erros gra-
ves, devido à grande quantidade de informações neles contidos.

RESUMO

Nesta aula, discorremos sobre a representação qualitativa através da


manifestação zonal, método que possibilita a elaboração de mapas
temáticos de diversos temas específicos como geológico, geomorfológico,
vegetação e uso da terra e outros.

ATIVIDADES

1. Utilize a tabela e o mapa-base fornecido a seguir e elabore um novo


mapa representando as microrregiões sergipanas, evidenciando o aspecto
diferenciado, ou seja, cada unidade é distinta. Porém, não utilize muitas
cores. Para mapas político-administrativos, como é o caso do Mapa das
Microrregiões, apenas 5 cores contrastantes são suficientes, alternando-
as de forma equilibrada, resultando numa melhor apresentação, muito
melhor do que utilizar 13 cores (13 microrregiões), pois muitas cores fica-
riam parecidas demais, confundindo o leitor (usuário), não atingindo o
objetivo proposto que é a comunicação do tema.
2. Fazer uma análise crítica a partir do que foi observado.

136
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

10

Fonte: IBGE, 2009 (www.ibge.gov.br)

Fonte: Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe, SEPLANTEC-SRH, 2004.

137
Cartografia Temática

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para responder à primeira atividade, você deverá utilizar o mapa-base


e a tabela fornecidos. Você poderá aplicar. Você poderá aplicar o método
corocromático, utilizando cores bem distintas. Outra possibilidade é
empregar texturas compostas por elementos puntiformes ou lineares,
do mesmo valor visual. Em ambos os métodos, você deve sempre em
mente o objetivo da Cartografia Temática: evidenciar o tema sem
ambiguidade, facilitando a leitura pelo usuário. Lembre-se que para
este tema, não há necessidade de utilizar mais que 5 cores ou texturas,
distribuindo-as da forma mais equilibrada possível, não importando
as repetições. Obviamente, como temos 13 microrregiões, a quantidade
não é múltipla de 5. Usando cinco cores, algumas cores se repetirão
duas vezes e outras três vezes. Você poderá também tentar resolver a
questão utilizando 4 cores, mas cuidado para não repetir a cor para
uma microrregião vizinha.

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula utilizaremos as representações ordenadas.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
SERGIPE. Mapa Rodoviário do Estado de Sergipe 2007. Disponível
em http://www.der.se.gov.br. Consultado em 12 dez. 2008.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2 ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
FRANÇA, Vera Lúcia; CRUZ, Maria Tereza Souza (Org.). Atlas escolar
de Sergipe: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: GRAFSET, 2007.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo:
Contexto, 2003b.

138
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-


derna, 1998.
10
______ Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
SERGIPE. Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe. Aracaju:
SEPLANTEC-SRH, 2004. 1 CD.

139
Aula

MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO
DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA:
11
REPRESENTAÇÕES ORDENADAS

META
Representar os fenômenos quando os mesmos admitem uma classificação segundo uma
ordem.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
saber escolher o procedimento mais adequado para a representação ordenada dos fenômenos
geográficos a partir dos modos de implantação pontual, linear ou zonal.

PRÉ-REQUISITO
Pesquisar sobre o IDH no Brasil e no Estado de Sergipe, assim como fazer o download do Atlas
do PNUD-IDH (consultar o site www.pnud.org.br).
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula passada, terminamos o assunto relativo às representações


qualitativas. Nesta aula, estudaremos as representações ordenadas em
todos os modos de implantação: pontual, linear e zonal.
As representações ordenadas são indicadas quando os fenômenos
admitem uma classificação segundo uma ordem, inserindo-se em uma
sequência única, universalmente aceita.
Esses fenômenos podem se manifestar em pontos, linhas ou áreas
(zonas). Na elaboração desses mapas, em qualquer modo de implantação,
deverá ser observada a variação visual com propriedade perceptiva com-
patível com a ordenação, ou seja, a ordem visual.
Nas representações ordenadas também podemos explorar a ordem
visual entre as cores, organizando-as das mais claras para as mais escuras.
Dessa forma, na manifestação pontual, em geral conservamos o tamanho
da forma elementar e variamos o seu valor visual, do claro para o escuro.
Na manifestação linear, conservamos a espessura da linha e variamos o
seu valor visual, do claro para o escuro também. De maneira idêntica,
para a manifestação zonal, consideramos uma variação do claro para o
escuro em toda a extensão do fenômeno. Em casos especiais como nos
mapas climáticos ou hipsométricos, por exemplo, podemos variar na uti-
lização das cores de frias para quentes e vice-versa.

142
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações...
Aula

REPRESENTAÇÕES ORDENADAS 11
Na elaboração de mapas temáticos representativos de fenômenos que
admitem uma classificação segundo uma ordem, a exemplo da representa-
ção da hierarquia das cidades pelo critério da quantidade populacional, usa-
mos o tamanho e a forma elementar variando seu valor visual, de claro para
escuro, ou então sua granulação, da menos densa para a mais densa.
Utilizando o método das representações ordenadas, também pode-
mos construir mapas temáticos representativos de fenômenos opostos, a
exemplo do uso da terra e cobertura do solo, evidenciando a oposição
existente entre o espaço natural como manguezal, por exemplo, e o espa-
ço produzido pelo homem, como o espaço urbano. Para compreender-
mos essa oposição, sociedade/natureza, poderemos utilizar a dupla or-
dem visual das cores frias em oposição às cores quentes, estando normal-
mente as cores frias associadas ao espaço natural e as cores quentes ao
espaço produzido pela sociedade. Na representação do relevo pela
hipsometria, as cores são padronizadas internacionalmente e começam
pelo verde nas baixas altitudes, passando pelo amarelo e vermelho, até o
cinza e branco para grandes elevações. Observemos a seguir, alguns tipos
de tipos de representação ordenada (Figura 11.1). É importante também
observar a inserção das representações ordenadas, no conjunto de todas
as variáveis visuais, relembrando a Figura 11.2, que já foi estudada no
início da disciplina (Aula 2).

Figura 11.1 – Exemplos de representações ordenadas pontuais, lineares e zonais.


Fonte: Adaptado de Martinelli (1998).

143
Cartografia Temática

Figura 11.1 – Exemplos de representações ordenadas pontuais, lineares e zonais.


(Fonte: Adaptado de Martinelli (1998)).

144
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações...
Aula

CONCLUSÃO 11
A utilização da representação ordenada na elaboração de mapas
temáticos é apropriada para mostrar a ordenação ou sequência de um
fenômeno geográfico de maneira hierárquica. Segundo Martinelli (2003a e
2003b), podemos admitir que certos fenômenos nos autorizam a impor-
lhes uma classificação segundo uma ordem lógica e evidente, consideran-
do categorias deduzidas de interpretações quantitativas ou de datações.
É importante destacar que, nas representações ordenadas, sejam elas
com manifestação pontual, linear ou zonal, podemos utilizar, a depender do
fenômeno a ser representado, o valor visual, a granulação e as cores análogas,
também denominadas sequenciais, semelhantes ou harmônicas por vizinhança.
A difícil tarefa de elaborar os mapas temáticos pelo método das re-
presentações ordenadas está sendo facilitada pelo advento de softwares
específicos e hadwares (computadores) mais eficientes, possibilitando dessa
forma, um ganho tanto em qualidade como em tempo gasto para a elabo-
ração dos mesmos. Ao mesmo tempo, facilita o acesso a profissionais que
não dominam as técnicas cartográficas.

RESUMO

Nesta aula, falamos sobre as representações ordenadas e nas ativida-


des, iremos elaborar mapas temáticos representativos de fenômenos geo-
gráficos que admitem uma representação ordenada utilizando as formas
de manifestação pontual, linear e zonal. Quando da aplicação do método
das representações ordenadas, teremos possibilidade de representar de
forma hierárquica tanto fenômenos geográficos sócio-econômicos e cul-
turais como fenômenos físicos, a exemplo do IDH e da representação
hipsométrica, respectivamente.

ATIVIDADES

1. Represente a hierarquia urbana das principais cidades do Estado de


Sergipe, pelo critério do tamanho (quantidade) populacional.
2. Represente a rede de rodovias da Região Metropolitana de Aracaju
(municípios de Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro
e São Cristóvão), enaltecendo a sua hierarquia.
3. Elabore o mapa do IDH dos municípios do Estado de Sergipe.
4. Comente, para as três aplicações, pontual, linear e zonal, se a escolha do
método atingiu o propósito de revelar a ordenação dos fenômenos geográficos.

145
Cartografia Temática

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A primeira atividade deverá ser desenvolvida com base na


manifestação pontual. Utilize o Atlas Digital sobre Recursos Hídricos
de Sergipe da SRH.
Para a segunda atividade você deverá elaborar um mapa temático
hierarquizando as rodovias federais, estaduais e locais a partir da
manifestação linear. Utilize também o Atlas da SRH e o Mapa
Rodoviário de Sergipe.
Na terceira atividade você deverá utilizar o método de
representação ordenada de ocorrência zonal, denominado método
coroplético. Para tanto você deverá utilizar cores sequenciais de forma
a evidenciar os valores menores com tons mais fracos e os valores
maiores com tons mais fortes. Utilize o Atlas do PNUD-IDH.

PRÓXIMA AULA

Na aula seguinte estudaremos as representações quantitativas atra-


vés das formas de representação pontual, linear e areal (zonal) através
dos métodos das figuras geométricas proporcionais, pontos de contagem
e isarítmico e coroplético.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
CASTRO, Frederico do Valle Ferreira et al. Apostila de Cartografia
Temática. Belo Horizonte: Instituto de Geociências. UFMG, 2004.
SERGIPE. Mapa Rodoviário do Estado de Sergipe 2007. Disponível
em http://www.der.se.gov.br. Consultado em 12 dez. 2008.
DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de Cartografia. 2ed.
Florianópolis: UFSC, 2002.
FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000.
FRANÇA, Vera Lúcia; CRUZ, Maria Tereza Souza (Org.). Atlas Escolar
de Sergipe: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa: GRAFSET, 2007.
JOLY, Fernand. A Cartografia. 4 ed. Campinas: Papirus, 2001.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas.
São Paulo: Edusp, 2003a.

146
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações...
Aula

______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-


texto, 2003b.
11
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
BRASIL. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível
em www.pnud.org.br. Consultado em 14 dez. 2008.
SERGIPE. Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe. Aracaju:
SEPLANTEC-SRH, 2004. 1 CD.

147
Aula

MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO
DA CARTOGRAFIA TEMÁTICA:
12
REPRESENTAÇÕES QUANTITATIVAS

META
Representar os fenômenos quando os mesmos admitem uma relação de proporcionalidade.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá:
saber escolher o procedimento mais adequado para a representação quantitativa dos
fenômenos geográficos a partir dos modos de implantação pontual, linear ou zonal;
conhecer os métodos quantitativos: figuras geométricas proporcionais, pontos de contagem;
coroplético e isarítmico.

PRÉ-REQUISITO
Revisar os conceitos das aulas anteriores.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula anterior, discorremos sobre as representações ordenadas, ou


seja, quando os fenômenos admitem uma classificação segundo uma or-
dem, inserindo-se em uma sequência única, universalmente aceita. Vi-
mos que esses fenômenos podem se manifestar em pontos, linhas ou áre-
as (zonas) e que, na elaboração desses mapas, deverá ser observada sem-
pre ordem visual.
Nesta nossa décima segunda aula, já quase no final da disciplina,
trabalharemos com as representações quantitativas, quando as variáveis
em estudo requerem uma análise que ressalte a relação de não apenas de
ordem, mas também de proporcionalidade (Martinelli, 1998). Veremos
que não basta apenas responder em que ordem o fenômeno ocorre, mas
sim em que quantidade, em que proporção.

150
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

REPRESENTAÇÕES QUANTITATIVAS 12
As representações quantitativas são empregadas em mapas para evi-
denciar a relação de proporcionalidade entre objetos, como “A é três ve-
zes maior que B”, por exemplo. Esta relação deve ser transcrita por uma
relação visual de mesma natureza e a única variável visual que transcreve
corretamente esta noção é a de tamanho.
No entanto, para as manifestações zonais, podemos aplicar também
as variáveis visuais de granulação, valor e as cores semelhantes, sempre
em ordem da mais clara para a mais escura para que fiquem compatíveis
com a proporcionalidade (Martinelli, 2003a).
Conforme os fenômenos se manifestam em pontos, linhas ou áreas,
no mapa, utilizamos respectivamente pontos, linhas e áreas que terão
uma variação com propriedade perceptiva compatível com a
proporcionalidade: a proporcionalidade visual (Figura 12.1)

Figura 12.1 – Exemplos de representações quantitativas pontuais, lineares e zonais. Fonte:


Oliveira (2008) adaptado de Martinelli (1998).

Na manifestação pontual modulamos o tamanho do local de ocorrên-


cia. Esta solução é ideal para a representação de fenômenos localizados
com efetivos elevados, como é o caso da população urbana. O tamanho
de uma forma escolhida – o círculo, por exemplo – é proporcional à inten-
sidade da ocorrência em valores absolutos. Para resolver esta representa-
ção, aplicamos o Método das Figuras Geométricas Proporcionais. As áreas das
figuras serão proporcionais às quantidades a serem representadas.
Na manifestação linear, variamos a espessura da linha proporcional-
mente à intensidade do fenômeno. Dessa maneira, podemos representar a
intensidade de fluxo entre dois pontos. Pela capacidade de mostrar movi-
mentos no espaço, esta quantificação será vista nas Representações Di-
nâmicas, na Aula 13.
Para a manifestação zonal contamos com vários métodos de repre-
sentação:
a) Método das figuras geométricas proporcionais: considera o tamanho
de uma figura geométrica proporcional à quantidade a ser representada,

151
Cartografia Temática

que será colocada no centro da área de ocorrência. Este método é ideal


para a representação de valores absolutos, como por exemplo, a popula-
ção das Capitais dos Estados brasileiros (Figura 12.2).

Figura 12.2 – Exemplo de mapa temático quantitativo elaborado pelo método das figuras geomé-
tricas proporcionais aplicadas no local da ocorrência (capitais dos Estados). Fonte: Martinelli (1998).

O círculo pode ser ainda ser subdividido em setores proporcionais às


parcelas que compõem os totais, como por exemplo, a população urbana
e rural, componentes da população total residente (Figura 12.3).

152
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

12

Figura 12.3 - Exemplo de mapa temático quantitativo elaborado pelo método das figuras geomé-
tricas proporcionais subdivididas aplicadas no centro da área de ocorrência (Estados). Fonte:
Martinelli (1998).

b) Método dos pontos de contagem: considera um número de pontos iguais,


proporcional à quantidade a ser representada, distribuídos adequadamen-
te na área de ocorrência. Este método é ideal para a representação de
fenômenos com um padrão de distribuição disperso, como é o caso da
população rural (Figura 12.4)

153
Cartografia Temática

Figura 12.4 - Exemplo de mapa temático quantitativo elaborado pelo método de contagem. Fonte:
Martinelli (1998).

c) Método coroplético: considera que a ordem das quantidades (em valo-


res relativos) agrupadas em classes significativas, seja transcrita por uma
ordem visual, que será lançada nas respectivas áreas de ocorrência. Este
método é adequado para a representação de valores relativos, como a
densidade demográfica, por exemplo.
A seguir mostraremos os passos para a elaboração do mapa de densi-
dade demográfica. Acompanhe a sequência: análise da tabela, apuração
dos dados, elaboração do histograma, definição das classes e escolha da
variável visual, elaboração da legenda e aplicação nas áreas do mapa (Fi-
guras 12.5 a 12.10)

154
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

12

Figura 12.5 – Tabela de densidades demográficas dos Estados do Brasil. Fonte: Martinelli (1998).

Figura 12.6 – Tabela de apuração (ordenamento) dos dados anteriores. Fonte: Martinelli (1998).

155
Cartografia Temática

Figura 12.7 – Histograma elaborado a partir dos dados apurados. Fonte: Martinelli (1998).

Figura 12.8 – Escolha das classes segundo análise do histograma. Fonte: Martinelli (1998).

Figura 12.9 – Definição da legenda. Fonte: Martinelli (1998).

156
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

12

Figura 12.10 – Mara corocromático resultante. Fonte: Martinelli, 1998.

d) Método isarítmico: considera o traçado das linhas de igual valor – as


isolinhas – unindo pontos de igual valor da intensidade do fenômeno.
Este método convém para a representação de fenômenos com continui-
dade espacial, como o caso das chuvas, das temperaturas e das altitudes
do relevo.
O método isarítmico já foi visto na disciplina de Cartografia Sistemá-
tica nas aulas de Altimetria, quando foram feitas interpolações de curvas
de nível (isoípsas).
Apresentaremos nas Figuras 12.11 e 12.12 a aplicação do método
para obtenção das isotermas (linhas com mesmo valor de temperatura) e
isoietas (linhas com mesmo valor de precipitação pluviométrica. Para tanto,
basta substituir os pontos cotados (com valores de altitude) pelos valores
de temperatura ou precipitação. O método do traçado é idêntico. Atual-
mente existem softwares de modelagem digital que facilitam este processo.

157
Cartografia Temática

Figura 12.11 – Mapa isarítmico (mapa de isotermas). Fonte: Martinelli (1998).

Figura 12.12 – Mapa isarítmico (mapa de isoietas). Fonte: Martinelli (1998).

158
Métodos de Representação da Cartografia Temática: Representações... Aula

CONCLUSÃO 12
As representações quantitativas são importantes para a Cartografia
Temática quando o objetivo é evidenciar a relação de proporcionalidade
do fenômeno geográfico representado.
É importante manter sempre a proporcionalidade visual de forma
que possam ser respondidas através da leitura do mapa, à perguntas do
tipo: quantas vezes uma ocorrência é maior ou menor que outra.

RESUMO

Nesta aula, detalhamos o método de representação quantitativo que


tem como base, a manutenção da proporcionalidade entre as ocorrências.
Iniciamos com o método das figuras geométricas proporcionais e mostra-
mos que elas podem ser aplicadas no local de ocorrência, nas manifesta-
ções pontuais e no centro da área de ocorrência, quando a manifestação
for zonal. Depois mostramos como se processa o método de pontos de
contagem que é muito útil quando as ocorrências são dispersas. Seguindo,
apresentamos o método coroplético que geralmente é aplicado nas mani-
festações zonais, utilizando-se as variáveis de granulação, valor ou cores
análogas. Concluindo, mostramos o método isarítmico que na prática já
havia sido estudado em Cartografia Sistemática, aplicado à representação
das curvas de nível, ou linhas com mesmo valor de altitude. Nesta aula,
este último método foi aplicado na elaboração de isotermas e isoietas.

ATIVIDADES

1. Consulte na biblioteca da UFS o livro “Cartografia Temática” do autor


Marcelo Martinelli (indicado nas referências bibliográficas) e elabore quatro
mapas temáticos pelos métodos vistos nesta aula: figuras proporcionais,
contagem, coroplético e isarítmico.
2. A partir do Atlas do PNUD-IDH, elabore dois mapas coropléticos com
temas a sua escolha, sendo um com cores análogas (semelhantes) e outro
em tons de cinza.

159
Cartografia Temática

COMENTÁRIOS SOBRE AS ATIVIDADES

Para a primeira atividade você poderá reproduzir os mapas-base


existentes no livro, copiando-o com uma folha de papel vegetal ou
transparente. Você poderá também fazer uma cópia (xerox) isolada,
mas lembre-se sempre de citar a fonte.
Na segunda atividade repita os procedimentos que utilizou na
aula anterior, mas agora aplicando cores e tonalidades de cinza.

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula concluiremos a disciplina mostrando as representa-


ções dinâmicas e os mapas de síntese.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______ .Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.
BRASIL. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível
em www.pnud.org.br. Consultado em 14 dez. 2008.

160
Aula

MÉTODOS DE REPRESENTÇÃO
DA CARTOGRAFIATEMÁTICA:
13
REPRESENTAÇÕES DINÂMICAS E CARTOGRAFIA DE
SÍNTESE

META
Representar os fenômenos quando estes variam no tempo e no espaço e apresentar como se
processa a Cartografia de Síntese.

OBJETIVOS
Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de:
Reconhecer e elaborar mapas temáticos dinâmicos
Conhecer os fundamentos da Cartografia de Síntese.

PRÉ-REQUISITO
Dominar todo o conteúdo das aulas anteriores.
Cartografia Temática

INTRODUÇÃO

Na aula anterior estudamos como são elaboradas as representações


quantitativas, ou seja, quando as variáveis requerem proporcionalidade.
Nesta décima terceira e última aula, destacaremos os mapas dinâmicos e
também como reunir todos os métodos anteriores de forma a sintetizar
duas ou mais informações num único mapa.

162
Métodos de Representção da CartografiaTemática: Representações... Aula

REPRESENTAÇÕES DINÂMICAS 13
Alguns fenômenos geográficos podem ser representados de forma di-
nâmica quando for desejado mostrar sua variação no tempo ou no espaço.
Em relação ao tempo, o dinamismo se traduz pelas transformações
de estados que se sucedem ou pelas variações quantitativas (acréscimo
ou decréscimo) dos fenômenos para um mesmo lugar.
No espaço, a dinâmica se manifesta através de movimentos, deslo-
cando quantidades ao longo dos percursos.

VARIAÇÕES NO TEMPO

Como exemplo de representação dinâmica com variação no tempo,


citamos o avanço da devastação da vegetação ou retração espaço-tempo-
ral da vegetação nativa ocorrida no Brasil de 1950 a 1988.
A melhor representação para ilustrar a dinâmica é a de coleção de
mapas, sendo um para cada década, dispostos em sequência temporal. O
arranjo seqüencial revela facilmente o padrão do avanço da devastação
da vegetação, o mesmo da ocupação efetiva do território brasileiro ao
longo de sua história, ou seja, de leste para oeste. No entanto, observa-se
também que nas últimas duas décadas, é evidente uma penetração em
direção ao norte, ao longo da rodovia Belém – Brasília, e outro em dire-
ção noroeste pela rodovia Cuiabá – Porto Velho (Figura 13.1).

Figura 13.1 – Exemplo de representação dinâmica com variação no tempo.


Fonte: Martinelli (1998)
163
Cartografia Temática

VARIAÇÃO NO ESPAÇO

Um dos melhores exemplos de aplicação das representações dinâmi-


cas com variação no espaço é o Mapa de Fluxos. Os movimentos no
espaço são representados pela articulação de flechas com larguras pro-
porcionais às quantidades deslocadas, seguindo roteiros estipulados, mo-
bilizando assim, a variável visual tamanho em implantação linear, que se
traduz pela espessura da linha.
Para elaborar o mapa, necessitamos inicialmente de uma tabela que
contenha as quantidades deslocadas e um mapa-base com os registros
dos pontos de partida e de chegada do percurso.
A seguir apresentamos um exemplo de mapa dinâmico mostrando o
fluxo migratório da população brasileira de 1970 a 1980 (Figura 13.2).

Figura 13.2 - Exemplo de representação dinâmica com variação no espaço.


Fonte: Martinelli (1998).

164
Métodos de Representção da CartografiaTemática: Representações... Aula

CARTOGRAFIA DE SÍNTESE 13
Como vimos na Aula 7, os mapas, segundo seu conteúdo, são classi-
ficados em “analíticos” e “de síntese”. Todos os mapas elaborados até
esta aula são analíticos, pois abordam os temas que os constituem.
Os mapas de síntese, ao contrário, não trazem mais elementos em
superposição aos analíticos, mas sim a fusão deles em “tipos” ou unidades
taxonômicas. Isto significa que esses mapas deverão mostrar agrupamentos
de lugares caracterizados por agrupamentos de atributos ou variáveis.
Como exemplo, apresentamos na Figura 13.3, o mapa de síntese da
tipologia de estruturas de utilização das terras do Brasil em 1985. Neste
mapa, o diagrama triangular foi elaborado separadamente e ao final, ser-
viu de legenda para o próprio mapa, uma forma de melhorar a interpreta-
ção. Obviamente para interpretá-lo o usuário deverá ter um conhecimen-
to técnico maior do assunto.

Figura 13.2 - Exemplo de mapa de síntese. Fonte: Martinelli (1998).

165
Cartografia Temática

CONCLUSÃO

Os mapas dinâmicos agregam bastante poder de interpretação geo-


gráfica na medida em que permitem a representação dos fenômenos vari-
ando no tempo e no espaço.
Os mapas temáticos de síntese não se tratam de mapas “novos” so-
bre um tema, mas sim de um mapa com a fusão de temas, sintetizando-
os, mostrando agrupamentos importantes para a análise geográfica.

RESUMO

Nesta aula, apresentamos o método de representação dinâmica inici-


ando com os que representam variações no tempo, como é o caso dos
mapas de avanço dos desmatamentos. Em seguida mostramos um exem-
plo de mapa dinâmico com variação no espaço, muito utilizado na Geo-
grafia para representar fluxos. Em seguida apresentamos os critérios para
a elaboração de um mapa de síntese, muito importante para “sintetizar”
as ocorrências e relacioná-las com outros fenômenos.

ATIVIDADES

1. Consulte nos livros de Geografia do 1º e 2º Grau, dois exemplos de


cada um dos tipos de representação dinâmica, ou seja, dois mapas com
variação no tempo e dois no espaço.
2. De forma idêntica, encontre dois mapas de síntese e apresente um
texto de análise dos mesmos.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para as atividades você poderá consultar também alguns Atlas


Geográficos Escolares, tanto em papel (analógicos) quanto digitais
(Internet). Lembre-se sempre de usar fontes confiáveis.

166
Métodos de Representção da CartografiaTemática: Representações... Aula

PRÓXIMA AULA 13
Com esta aula encerramos a disciplina e esperamos que tenha apro-
veitado bastante. Esperamos também que você tenha percebido a impor-
tância que a Cartografia Temática exerce para Geografia.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Antonio Pacheco. Cartografia Temática. Apostila. São


Cristóvão: UFS, 2008.
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia Temática: caderno de mapas. São
Paulo: Edusp, 2003a.
______. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. São Paulo: Con-
texto, 2003b.
______. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Mo-
derna, 1998.
______. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
OLIVEIRA, Paulo José de. Cartografia Temática. Apostila. São Cris-
tóvão: UFS, 2008.
______. Cartografia. Aracaju: UNIT, 2007.

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