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Divorciointerminavel
Divorciointerminavel
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Em relação ao divórcio também temos as questões da Igreja bem como as
questões no campo do Direito não só no Brasil como em outros vários países.
No Brasil, em 1977, o divórcio seguia os postulados do Direito Canônico isto é,
separação de corpos sem indissolubilidade do vínculo matrimonial e somente nos casos
de adultério, sevícia ou injúria grave, abandono voluntário do domicílio conjugal por 2
anos consecutivos e mútuo consentimento dos conjugues, se fossem casados há mais de
2 anos.
Divórcio e separação judicial devem resultar de uma sentença por causas
determinadas na Lei, em que o denominado processo é necessário para dissolução do
casamento, podendo esta somente ser obtida por órgão judicial.
Na revisão histórico do papel da criança, na cultura ocidental Vainer salienta a
importância da criança como ser social desde a Idade Média até os dias de hoje e que do
ponto de vista jurídico-social culminou no Estatuto da Criança e do Adolescente.
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Esses conflitos cronificados é classificado como colusão que podem ser tratados
com intervenção do psicólogo.
O Projeto Famílias em Divórcio mostra que é possível a implantação de um
trabalho semelhante no Brasil onde se atenderia aos feridos do processo de separação.
Análise crítica
Este livro inicialmente aborda a história jurídica do casamento em Roma e
aponta para a questão do lugar da mulher no casamento e na família. Evoluções têm
acontecido historicamente para as mulheres tanto dentro do casamento, lutas e
conquistas até hoje presentes entre elas, como também em relação à separação.
Bons exemplos de conquistas de outros países temos tido em relação ao divórcio
e as questões jurídicas, psicológicas e sociais ao longo dos tempos com o objetivo de
atender cada vez mais eficazmente às demandas dos conflitos e feridas gerados pela
ruptura.
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Globalidade – um sistema é um todo coeso e inseparável onde a
mudança de uma parte provoca mudanças em todas as outras partes e no sistema
como um todo.Na família todo indivíduo influencia e é influenciado pelos
demais.
Não-somatividade – um sistema não é a soma das partes. A
análise da família não é igual à análise individual de cada um de seus membros
Retroalimentação – as partes de um sistema estão relacionadas de
forma circular. Na família, as ações ou modificações de um indivíduo provocam
uma cadeia de sequências de interações com os demais subsistemas e voltam a
influir no indivíduo.
Eqüifinalidade – os sistemas abertos podem manter seu estado
constante independente da condição inicial. Na família, as modificações
circulares podem manter um estado constante por novas interações, baseadas no
estado anterior.
Homeostase enquanto a busca de estabilidade e equilíbrio. Na
família a homeostase pode ser uma resistência à mudanças (retroalimentação
negativa) ou a busca de um novo equilíbrio em um nível mais eficiente de
relação (retroalimentação positiva).
Teoria da Comunicação: Comunicação transmite uma informação e ao mesmo
tempo impõem um comportamento, é ação e reação, portanto é impossível não
comunicar. A comunicação digital é a que faz uso da palavra e das coisas que ela
representa. A comunicação analógica é toda comunicação não verbal.
Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas, baseadas na igualdade ou
minimização das diferenças; ou são complementares, baseadas na maximização das
diferenças.
Estes são os princípios que servem de base para Willi elaborar seu conceito de
colusão, ou seja, os conflitos inconscientes individuais são projetados na escolha
inconsciente do parceiro o que possibilita um inconsciente comum na medida em que os
conteúdos recalcados são complementares ou simétricos. Essa relação constitui um
sistema que sofre influências recursivas que o mantêm ou modificam continuamente.
Colusão – Conceitos e Classificação
Willi apresenta temas de esquemas de colusão aos quais deu os mesmos nomes
da teoria psicanalítica.
Colusão Narcisista – busca de um parceiro que o idealize e adore
e a identificação com a imagem idealizada que o outro projeta sobre ele. O
parceiro, por sua vez, renuncia à aspiração de uma identidade própria e idealiza
ser absorvido pelo outro. O narcisista complementar encontra no narcisista
idealizado sua própria identificação. Estabelece-se um jogo de projeção e
introjeção onde ambos sentem-se aprisionados. A colusão narcisista pauta-se na
ambivalência, pois a harmonia primitiva da fusão gera uma expectativa de
relação ideal, porém a fusão assusta e ameaça sucumbir os dois egos.
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Colusão oral – deriva da relação mãe-filho, onde um ocupa o
lugar da mãe que cuida e o outro o do filho desamparado a ser cuidado. O jogo
estabelecido é o de que aquele que cuida deve fazê-lo incondicionalmente e de
forma inesgotável e aquele que é cuidado deve abdicar de crescer. Estas relações
são estabelecidas na tentativa de resolução das fixações de ambos na fase oral.
Como filho, um se coloca numa posição regressiva-passiva na tentativa de
resgatar a satisfação oral, como mãe, o outro se coloca numa posição progressiva
antifóbica por medo de sua própria regressão e dependência. Esta relação
inicialmente dá a ilusão da possibilidade de cura, mas, na medida em que vão
convivendo, cada um acirra no outro os conflitos internos. O filho se mostra
cada vez mais insaciável e mal-agradecido, a mãe passa a cobrar e desaprovar as
atitudes do filho. Ficam presos a uma relação que temem perder e ao mesmo
tempo não os satisfaz.
Colusão anal-sádica – na medida em que há a dissociação entre
sujeito e objeto, abriga o problema de até onde se podem tolerar aspirações
autônomas do cônjuge, sem por em risco a relação e como fazer para controlar e
dirigir a subordinação mútua, para se sentir seguro nessa associação. Nesta fase
de desenvolvimento, um dos aspectos mais marcantes é a ambivalência que se
expressa pelas polarizações que determinarão a forma de interação que, por sua
vez, fará parte na relação matrimonial futura. Numa relação de caráter anal os
conflitos ambivalentes de dependência-independência, atividade-passividade,
rebeldia-submissão e outros, são comuns. O dominante ativo tenta dominar seu
próprio desejo de dependência através da dominação. O passivo tenta manter o
poder e o controle da relação através da obediência e tolerância. Este jogo de
poder, quando extremado, pode levar à colusão sadomasoquista. É uma simétrica
onde cada cônjuge busca deter o poder para se afastar do risco de ser dominado.
Ambos precisam um do outro para a manutenção da briga pelo poder e para
manter-se numa posição de autonomia via essas polarizações.
Colusão fálico-edipal – para Willi, o complexo de Édipo pode
converter-se em um verdadeiro conflito entre consortes, em um jogo conjunto
neurótico, no sentido de uma colusão. A superação do complexo edipiano está
diretamente relacionada à conduta dos pais que podem ajudar a resolvê-lo ou
podem dificultá-lo. Filhos que não rompem com seus pais acabam incluindo-os
nas relações maritais.
O melhor exemplo deste tipo de colusão é o casamento histérico. A
mulher histérica idolatra a figura paterna sedutora que por sua vez ofusca a
figura materna fraca e ausente com a qual a filha não se identifica. O marido da
mulher histérica possui uma figura materna forte e dominadora e uma figura
paterna fraca e desvalida.
Numa formação reativa, na tentativa de libertar-se da figura materna, no
casamento o homem é aquele que se sacrifica pela família, sendo o pai e marido
provedor e único responsável pelo êxito do casamento. Já a mulher projeta no
homem suas expectativas quanto ã masculinidade ao mesmo tempo, o inveja
esperando e cobrando dele tudo o que for possível. Assume uma passividade
feminina. A relação projetiva da mulher complementa a necessidade do marido
de receber essas projeções como a auto-afirmação de que necessita. Passado
algum tempo, porém, os conflitos de ambos são potencializados. O homem
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busca na mulher suprir sua necessidade de proteção passiva e não é por ela
correspondido. A mulher por sua vez cobra do marido o fracasso de suas
expectativas. Ela se torna cada vez mais potente na medida em que se percebe
controlando a masculinidade do marido e ele torna-se cada vez mais passivo
adotando uma postura de vítima, embora ainda cuide dela e lhe coloque limites
através da culpa.
Para finalizar, a visão psicanalista do indivíduo isolado é ampliada pelos
conceitos sistêmicos que permite integrar os processos intrapsíquicos aos interpsíquicos.
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Capítulo V: O setor técnico dos assistentes sociais e psicólogos do Tribunal de
justiça do estado de São Paulo
O cargo de psicólogo na instituição judiciária é recente. Os processos que
correm nas Varas de Infância dispensam a atuação de advogado. A representação é feita
por meio de relatórios do assistente social e do psicólogo e em seguida encaminhada ao
Juízo e à Promotoria. Essa atuação se dá devido a urgência da resolução dos casos.
Esses profissionais atuam como peritos e tem a função de descrevera situação e
apresentar laudos com sugestões para facilitar a decisão judicial. Ressalta-se que nos
casos de litígio conjugal busca-se resguardar o interesse dos filhos.
Segundo o autor, a perícia possui três momentos básicos: 1. Estudo – coleta de
dados, visita domiciliares, testes, exames e outros 2. diagnóstico – análise dos dados
obtidos e reflexão diagnóstica 3. Laudo – exposição formal do estudo diagnóstico da
situação e do parecer técnico do perito.
O Juiz não é obrigado a aceitar as conclusões técnicas, pois o parecer é mais uma
das provas dos autos. O trabalho do técnico não é padronizado, tendo cada profissional
liberdade de exercer seu próprio estilo e escola.
Percebe-se que essa prática profissional é atravessada por pressões de todos os
lados, tanto que o Conselho Regional de Psicologia mesmo com pouco tempo de prática
da categoria da psicologia na atuação no contexto jurídico, faz ressalvas e críticas a uma
atuação subordinada ao saber jurídico, porém não tinha na época um posicionamento
por meio de diretrizes construídas para esse campo de trabalho.
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Capítulo VII – Resultados e reflexões
- O tempo de duração das ações no sistema judiciário, em média, atinge quase a metade
do tempo de casamento de cada casal.
- Fora do contexto psicológico de compreensão, esses atos são lidos como insensatez,
teimosia e má fé, tendendo-se a vitimizar um dos cônjuges em detrimento do outro. O
conceito colusivo permite enxergar a co-responsabilidade ao se alimentar o jogo do
conflito.
- Se tivéssemos uma política de saúde mental nesses casos, com equipes especializadas,
dentro ou fora do sistema judiciário, que se debruçasse sobre esses temas, o Poder
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Judiciário poderia dividir a sobrecarga de trabalho com os profissionais especialistas na
área.
- Muitas questões foram feitas em relação a como atuar em conjunto sobre o divórcio
difícil, como seriam necessários novos paradigmas no enfoque da separação, o quanto o
ato casamento é pessoal e o quanto o ato divórcio necessita de ajuda externa passando a
ser de domínio público, em como determinar regras para o divórcio, como se tivéssemos
um vencedor e um perdedor em um jogo, etc.
- As leis acabam por prover muito mais a disputa do que os acordos. Quando o casal
quer seguir novos rumos, rompendo o vínculo, os problemas legais são quase que
totalmente prescindíveis. O que mantém um casal em luta não é a questão dos interesses
conflitantes em nível legal e sim seu medo, sua raiva, sua dor, em suma a sua colusão,
pois, do divórcio, como evento legal, sobraria muito pouco.