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A gestão da qualidade como elemento para sustentabilidade em projetos de arquitetura e design de

interiores
Julho/2019

A gestão da qualidade como elemento para sustentabilidade


em projetos de arquitetura e design de interiores

Fábio Ramalho Rodrigues – fabiorramalho@yahoo.com.br


Design de Interiores – Ambientação e Produção do Espaço
Instituto de Pós-Graduação – IPOG
Conselheiro Lafaiete, M.G. – 22 de julho de 2017

Resumo

O objetivo geral do artigo foi apresentar uma abordagem relacionada à gestão da qualidade
como fator de sustentabilidade em projetos de arquitetura e design de interiores. Dentro da
proposta de planejamento da qualidade, alguns conceitos de sustentabilidade foram
acrescentados agregando valor à discussão do tema. A justificativa para o estudo surgiu da
observação de que nem sempre os processos produtivos primam pela qualidade tendo em vista
que muitos colaboradores não tem a exata compreensão da importância do processo para os
resultados e desempenho da organização. A metodologia da pesquisa foi baseada em pesquisa
bibliográfica apresentando esclarecimentos e discussões sobre o tema qualidade e
sustentabilidade relacionadas à melhoria no desenvolvimento de projetos de arquitetura
voltados para ambientes internos. Uma das principais conclusões foi que, independente do
tamanho do espaço ou ambiente a ser trabalhado, a gestão da qualidade dos projetos de
arquitetura e design de interiores podem dinamizar todo o processo contribuindo para o
fortalecimento da sustentabilidade.

Palavras-chave: Arquitetura. Interiores. Ambiente. Qualidade. Sustentabilidade.

1. Introdução
A arquitetura voltada para a qualidade nos projetos para interiores vem se estruturando e sendo
pautada nos caminhos da busca pela qualidade de vida com sustentabilidade. Tais aspectos
envolvem uma preocupação por parte dos profissionais arquitetos e design de interiores com a
redução de custos e busca por materiais que permitam desenvolver projetos sustentáveis
capazes de oferecer eficiência, eficácia e efetividade, para que os resultados planejados e os
objetivos esperados possam surgir de forma continua e plena.
Concernente à qualidade de vida, optou-se em apresentar o conceito citado por Lawton (1991)
que abrange quatro dimensões: bem-estar subjetivo; qualidade de vida percebida; competência
comportamental; e, condições ambientais (CONTE; LOPES, 2005, p. 62).
O estudo se justifica pelo fato de que o tema gestão da qualidade é dinâmico, sendo sua evolução
fruto da interação dos diversos fatores que compõem a estrutura e as determinações aplicadas à
elaboração e desenvolvimento de projetos que priorizem os elementos também da
sustentabilidade na arquitetura e design de interiores.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 10, Edição nº 17 Vol. 01 Julho/2019
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Pretende-se com este estudo responder ao seguinte questionamento: quais os principais aspectos
que envolvem qualidade e sustentabilidade em projetos de arquitetura e design de interiores?
Nesse aspecto o objetivo do artigo foi abordar algumas questões relativas à qualidade e
sustentabilidade nos ambientes. Com relação ao planejamento da qualidade

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constitui-se necessária a atividade de desenvolvimento dos produtos e processos exigidos para


a satisfação de necessidades específicas. (JURAN, 2004).
Já para Cerqueira (2006) um plano de qualidade e sustentabilidade detalhado deve incluir entre
outras, a descrição das metas do projeto em suas diferentes dimensões, o modo como os padrões
serão mensurados e aferidos, que tolerâncias devem ser admitidas, podendo estender- se à
análise de todos os impactos decorrentes.
O cuidado com o meio ambiente também deve pautar as escolhas, sobretudo em relação as
exigências das certificações de sustentabilidade. A especificação deve considerar o local de
extração da matéria-prima do produto e o que pode ser feito com ele ao final de sua vida útil.
Com relação à metodologia da pesquisa, o trabalho foi realizado a partir da seleção de material
bibliográfico que fundamentou o estudo e a considerações finais para um entendimento e
desenvolvimento de acordo com os objetivos propostos, procurando estabelecer relações entre
os autores estudiosos do tema.
A padronização de componentes e a simplificação das operações representam decisões tomadas
em projeto que visam à racionalização construtiva e ao consequente ganho de qualidade do
empreendimento. (NÓBREGA, 2009, p. 34).
Franco; Agopyan (1994) citados por Nóbrega (2009, p. 32) afirmam que, dentre as etapas de
desenvolvimento de um empreendimento, a fase de projeto exerce papel determinante na
qualidade, tanto do produto acabado como do processo construtivo. Assim, grande avanço na
obtenção de melhor qualidade da construção pode ser alcançado a partir da melhoria da
qualidade dos projetos. Além disso, muitas medidas de racionalização e praticamente todas as
medidas de controle da qualidade dependem de clara especificação na sua fase de concepção,
ou seja, para se controlar uma atividade ou um produto, suas características devem estar
perfeitamente definidas.
Nota-se que a ampliação da abrangência da qualidade em todas as atividades abrange também
os projetos para interiores e pode também ser percebida nas responsabilidades que se agregaram
à área, como qualidade ambiental e qualidade de vida, valores estes hoje imprescindíveis e
objeto de regulação e de normas diversas, mostrando a crescente modernização da sociedade.
2. Método adotado
Este estudo apresenta uma pesquisa de aspecto exploratório, descritiva de cunho qualitativo
consistindo em uma revisão bibliográfica que, segundo Vergara (2005, p. 48) é o “estudo
sistematizado, desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes
eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”.
Os dados foram coletados em artigos científicos que tratam das características relativas a gestão
da qualidade e sustentabilidade em projetos de arquitetura, com ênfase na organização de
ambientes interiores, conforto ambiental, entre outros.
Foram selecionados obras completas e artigos da literatura específica, em língua portuguesa, a
partir de periódicos e teses indexados nas bases de dados Sciello, Google Acadêmico, Revista
online-IPOG, utilizando-se como critério de busca as seguintes palavras-chave: qualidade;
design de interiores; sustentabilidade e arquitetura; conforto ambiental; cor nos ambientes
internos; iluminação; cor e forma.
Primeiramente, os artigos foram analisados e selecionados de acordo com os objetivos
propostos. Em seguida, os textos selecionados foram lidos, resenhados ou parafraseados sendo
publicados neste trabalho, com citação de todas as fontes pesquisadas, de modo a construir uma
fundamentação teórica sólida e, assim, responder de forma clara aos objetivos deste estudo.
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3. Qualidade e sustentabilidade: eficácia, eficiência e efetividade


A interligação entre qualidade e sustentabilidade deve ser considerada como elementos
definidores de resultados positivos referentes aos produtos ou serviços que se deseja realizar.
Este é um momento importante, ou seja, deverá ter a qualidade suficiente e adequada para
atender às necessidades e expectativas quanto aos resultados.
Segundo definição de Coutinho (2013, p. 4) quando se faz referência a projetos de interiores
destaca que,
a funcionalidade, estética e conforto são questões que devem ser levadas para a
concepção do projeto e a questão ecológica muitas vezes é esquecida, portanto cabe
ao designer de interiores ou ao arquiteto conscientizar o cliente sobre a importância
do uso de objetos, materiais e produtos que empregam o conceito sustentável.

Complementando essa afirmação Boff (2004) define modo de vida com sustentabilidade como
parte de uma sociedade orientada para novo sentido de viver e de trabalhar, de produzir e
preservar.
Para Blumenschein (2004, p. 36) a ”sustentabilidade de um edifício, ou de um material, está
diretamente ligada à sua durabilidade e à sua capacidade de sobreviver adequadamente e
eficientemente ao longo do tempo”.
Corbella; Yannas (2003, p. 17) definem arquitetura sustentável como sendo,
a continuidade mais natural da Bioclimática, considerando também a integração do
edifício à totalidade do meio ambiente, de forma a torná-lo parte de um conjunto
maior. É a arquitetura que quer criar prédios objetivando o aumento da qualidade de
vida do ser humano no ambiente construído e no seu entorno, integrando as
características da vida e do clima locais, consumindo a menor quantidade de energia
compatível com o conforto ambiental, para legar um mundo menos poluído para as
próximas gerações.

Entre os elementos que favorecem o pleno desenvolvimento de um projeto de qualidade que


seja sustentável o primeiro é o compromisso da responsabilidade em interagir com todas as
áreas que serão eventualmente envolvidas. O segundo elemento é um suporte funcional que
certamente auxilia significativamente a operacionalização do projeto.
Entretanto segundo Gonçalves; Duarte (2006), arquitetura sustentável vai além do conforto
ambiental abrangendo além do contexto e do problema ou programa que justifique o projeto, a
leitura e o entendimento desse contexto no qual a edificação se insere e nas primeiras decisões
de elaboração do projeto.
Tanto que segundo Lonrençon (2011, p. 82), além de elaborar desenho técnico e supervisionar
o projeto,

cabe ao arquiteto a especificação de materiais toma parte importante do trabalho do


arquiteto. Embora o cliente tenha de aprovar o que for utilizado em sua obra, cabe ao
arquiteto oferecer opções de produtos que tragam o melhor custo-benefício e,
principalmente, não apresentem problemas no futuro.
Assim, faz-se necessário com relação aos elementos a serem considerados na composição do
projeto que atenda aos padrões exigidos para a qualidade de forma sustentável destacar três
fatores importantes, ou seja, a eficiência, a eficácia e a efetividade do mesmo.
Com relação à eficiência, esta contribui para que a organização dos ambientes com
sustentabilidade, de tal forma que possa conseguir um considerável incremento e melhorias nos
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métodos de desenvolvimento dos trabalhos. Para isso, será necessário fortalecer cada vez mais
o uso de normas e padrões em todas as etapas do projeto. Com o propósito de oferecer um
conceito preciso de eficiência, Chiavenato (2011, p. 67) propõe o seguinte:

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[...] a eficiência está direcionada à melhor forma pela qual as coisas devem ser
executadas ou feitas (métodos de trabalho), de modo que os recursos (pessoal,
máquinas, matéria-prima, etc.) sejam ampliados de forma mais racional possível.
A eficiência dá atenção aos meios, com os métodos mais adequados, que devem
ser planejados de forma que garantam a otimização dos recursos disponíveis.
A eficácia basicamente visará ao resultado, ou seja, o projeto será sustentável, e com qualidade
a ponto de se mostrar melhor do que os tradicionais que geralmente são utilizados como
modelos. Neste momento, a focalização da arquitetura com qualidade e de forma sustentável
volta-se exclusivamente para a melhoria do ambiente interno e essa preocupação passa a ser de
curto e médio prazo. (Pereira, 2014). A elaboração dos projetos e o seu desenvolvimento devem
preocupar-se com os objetivos e resultados a serem atingidos, ou seja, a eficácia será mais
apurada, quanto mais próxima estiver do resultado determinando pelo projeto.
Seguindo essa linha de pensamento, Torres (2004, p. 175) conceitua eficácia como sendo, “a
preocupação maior que o conceito revela e relaciona simplesmente como atingimento dos
objetivos desejados, independente dos meios e mecanismos utilizados.”.
A efetividade profissional será medida no longo prazo, durante a observação sobre a execução
e os resultados de um projeto voltado para a sustentabilidade sem perder o compromisso com a
qualidade que se deseja alcançar. (PEREIRA, 2014)
Sob essa perspectiva, observamos o conceito de Torres (2004, p. 175), para ele, a efetividade
se concentra na qualidade do resultado e na própria necessidade de certas ações públicas. O
autor descreve que efetividade,
é o mais complexo dos três conceitos, em que a preocupação central é averiguar a
real necessidade e oportunidade de determinadas ações de forma democrática,
transparente e responsável possível, buscando sintonizar e sensibilizar a população
para a implementação das políticas públicas.
Por outro lado, a efetividade de um projeto para interiores que seja sustentável e de qualidade
basicamente consiste em produzir melhor, com menos encargos, o melhor e o mais rapidamente
possível. (Pereira, 2014). Observa-se que a garantia da efetividade do projeto está na
manutenção da fidelidade das normas e regulamentações estabelecidas como premissas de
qualidade e sustentabilidade.
Para Juran (2004) tais descrições constituem as medidas de qualidade específicas do projeto,
incluindo entre outros aspectos de desempenho, confiabilidade do serviço tanto para o processo
do projeto, considerando seus clientes internos e externos, quanto para os produtos do projeto.
Campos (2004) complementa dizendo que estes são elementos fundamentais na realização do
controle da qualidade, tendo em vista que o plano de melhoria contínua dos processos também
se insere no plano de gerenciamento do projeto e define onde devem ser realizadas as análises
visando a melhoria de desempenho.
Portanto, segundo Cheng; Melo Filho (2010) é preciso ter em mente que a implantação de
programas de qualidade envolve o domínio de algumas técnicas específicas, que vão desde a
análise de problemas, levantamentos estatísticos até o conhecimento de normas técnicas para
implantação dos projetos.
Outro aspecto a ser considerado, segundo o autor, é ter em mente que a mudança de postura é
um processo lento, que se desenvolve ao longo de vários anos, demandando reforços externos
que estimulem as pessoas a levarem adiante suas intenções. (CHENG; MELO FILHO, 2010).
Os autores concordam que o estudo e a aplicação eficiente de práticas e ferramentas para

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gerenciamento da qualidade com sustentabilidade nos projetos de arquitetura e design de


interiores, abrangem a excelência dos serviços como pressuposto básico para a satisfação das
necessidades do cliente, pois a excelência nos níveis de gerenciamento garante que os materiais
estejam nos locais determinados, nas quantidades necessárias, nas especificações

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corretas e identificadas, conforme as necessidades dos indivíduos.


Para Fonseca (2009, p. 47) “o projeto de Arquitetura cumpre papel fundamental na obtenção da
qualidade final do produto. Isso ocorre, pois as especificações são determinadas em projeto
mediante a transformação dos requisitos dos sujeitos em definições técnicas do produto.” Assim
sendo e sem nenhuma sombra de dúvida e com toda a certeza, os caminhos do futuro a
preocupação com a comodidade e conforto dos ambientes passa obrigatoriamente pelos
processos de qualidade que fundamentam projetos sustentáveis.
Essa busca pela sustentabilidade com qualidade nos projetos deve necessariamente ser
fundamentada em padrões fixados em normas e ações com objetivo de sistematizar todas as
etapas do desenvolvimento do projeto do ambiente, para alcançar melhorias para o processo
como um todo.
Naime; Sommer (2013, p. 2) citam Kibert (2008) segundo o qual no seguimento do paradigma
do desenvolvimento sustentável, segundo o qual o conceito de construção sustentável, cujo
objetivo principal é a criação e gestão responsável de um ambiente construído saudável, tendo
em consideração os princípios ecológicos e a utilização eficiente de recursos.
Com relação à qualidade como um todo, percebe-se que esta se constitui na atividade de
desenvolvimento do trabalho, cujo controle consiste em várias atividades, ou seja, avaliar o
desempenho real do processo, comparar o desempenho real com as metas, buscando
posteriormente estratégias capazes de melhorar resultados.
4. Planejamento da qualidade no controle dos processos em projetos de interiores
O objetivo principal das atividades de planejamento da qualidade no controle dos processos é
determinar um controle efetivo das ações, para não se cair num excesso de controle,
desnecessário às finalidades. Quando se fala em controle de processo pode surgir a ideia de
economia em excesso. Entretanto, o que se deseja é verificar por meio de um planejamento
adequado o controle de variáveis como quantidade, qualidade, tempo e custo, resultados que
constituem o padrão de desempenho que se quer alcançar com a evolução do projeto.
“O planejamento correto deve considerar todos os aspectos, desde implantação do edifício no
local, com as considerações sociais culturais e de impacto ambiental, até a técnica e métodos
construtivos que permitam uma melhor qualidade e maior eficiência construtiva.” (NAIME;
SOMMER, 2013, p.5)
Todas as questões anteriores têm relações de causa e efeito com a qualidade e a sustentabilidade
dentro dos ambientes em que se vive. Assim sendo, a qualidade passou a ser um tema de ampla
discussão, observando o crescimento das ações efetivas de controle dos processos no sentido
de mudar definitivamente os padrões de qualidade no que diz respeito à sustentabilidade nos
projetos de ambientes interiores.
Para Juran (2004, p. 280), “o controle do processo, consiste em várias atividades: avaliar o
desempenho real do processo; comparar o desempenho real com as metas; tomar providências
a respeito da diferença”. De acordo com Meseguer (1991) o controle de qualidade são as
técnicas operacionais e atividades empregadas para fazer o acompanhamento da qualidade e
comprovar que esta foi efetivamente alcançada.
Apesar de a qualidade ser indicada como um objetivo permanente, suas características não são
estáveis ao longo do tempo, uma vez que o meio em que se insere é dinâmico, com constantes
inovações na oferta e na tecnologia, alterando as expectativas, impactando custos e modificando
relações estabelecidas, exigindo permanentes ajustes, ou seja, buscar a qualidade exige
constante superação de patamares já atingidos.
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Esse fato segundo Juran (2004) traz enormes dificuldades operacionais a quem pretende se
manter permanentemente atualizado, exigindo uma série de capacitações, motivações e

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recursos voltados especificamente à qualidade, agregados àqueles necessários à prestação dos


serviços profissionais que atendam às expectativas dos indivíduos com relação à modificação
e estrutura do ambiente interior do espaço ou edificação.
Segundo o autor, para atender a essas expectativas exige-se a frequente avaliação no que se
refere aos elementos que compõem a interação entre qualidade dos ambientes, especificamente
em interiores, e sua sustentabilidade como determinantes para o sucesso do trabalho a ser
realizado.
Ressalta ainda que, geralmente com relação à qualidade nos projetos bem como a aplicação de
conceitos dos sistemas de gestão de qualidade já não são percebidas como fontes de conflito ou
resistência às mudanças.
Isto porque, segundo Cerqueira (2006) o objetivo é mostrar que a gestão de um projeto, por
mais simples que seja ou possa parecer, requer utilização das ferramentas da qualidade, capazes
de ampliar as condições de sucesso, minorando os riscos e facilitando o monitoramento na busca
da melhoria contínua.
Segundo Campos (2004) a incorporação das medidas sugeridas ao um projeto na realidade pode
ter pouco custo adicional e garante maior qualidade no empreendimento, minimizando riscos
de falhas, prejuízo e descontinuidade da operação.
Por outro lado e de acordo com Marshall Jr (2010) um projeto que tenha excelência e
sustentabilidade consome tempo e recursos, exigindo levantamentos de informações que
envolvem a implantação de sistemas de registro e análise de dados, requer tempo para avaliar
alternativas de solução de problemas identificados e muitas vezes exigem recursos - físicos
materiais ou financeiros para a implantação das soluções desejadas.
Com tudo isso, o produto final da arquitetura e design de interiores para a sustentabilidade
ambiental, segundo Gonçalves; Duarte (2006, p. 55) é a síntese entre conceitos arquitetônicos,
fundamentos do conforto ambiental, técnicas construtivas e de operação predial, e a esperada
eficiência energética, seja no projeto de um novo edifício, seja na reabilitação tecnológica de
um edifício existente.
Para Marshall Jr (2010) implantar um projeto de qualidade não é trabalho simples e rápido, e
precisa comprometimento de pessoas qualificadas e orçamentos específicos, senão pode
condenar o projeto ao fracasso. Por isso, cada projeto deve ser específico pois cada situação
difere da outra, cada uma tem particularidades e características próprias.
Pode-se afirmar o planejamento e controle para arquitetura de qualidade e sustentável é um
acompanhamento a ser realizado em todos os momentos da execução. Este acompanhamento
permitirá o aprimoramento dos resultados pela correção e adequação do desempenho às
características finais desejáveis. (COUTINHO, 2013)
Naime; Sommer (2013) concordam que esta é uma nova perspectiva de vivência social e
ambiental que exige a formação de uma consciência sobre a importância do compromisso de
organizar ambientes de qualidade e sustentáveis, a partir métodos alternativos que permitam a
utilização de conteúdos técnicos capazes de estabelecer conexões entre os diferentes conceitos
de qualidade e sustentabilidade na arquitetura e design de interiores dos mais diversos
ambientes.
Pode-se então afirmar segundo Campos (2004) que o projeto deverá ser elaborado a partir de
sistemas de gestão da qualidade com especificação de suas diretrizes para planos da qualidade,
com apresentação de um esquema de referência para sua execução.
Defende que, como regra geral, eles devem conter as metas ou padrões de qualidade, as
atividades necessárias para garantir que estes sejam atingidos, os responsáveis por tais
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atividades e os procedimentos recomendados para elas.

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4.1 Gestão da qualidade e as condições ideais de ambiente interiores


Segundo a terminologia adotada pela NBR ISO 9000 (ABNT, 2008), a Gestão da Qualidade
compreende “[...] as atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que
diz respeito à qualidade”. Conforme Fonseca (2009, p.47)
O projeto, dentro de uma abordagem da qualidade aplicada às empresas de
Arquitetura, detém o potencial de estabelecer meios adequados para satisfazer às
necessidades dos clientes internos e externos pela concepção de um produto que, por
todas as suas características de projeto, possa ser julgado satisfatório pelo contratante
e pelo usuário final.

Uma edificação com alta qualidade ambiental deve assumir um compromisso de promover a
eficiência energética, o conforto ambiental e a proteção ao meio ambiente, daí a exigência da
qualidade com sustentabilidade. Tais aspectos requerem adequação arquitetônica ao clima do
lugar; a arquitetura deve ser compatível aos parâmetros ambientais: implantação, forma,
volumetria, padrão construtivo, materiais e acabamentos, dispositivos de sombreamento,
conforto térmico, visual, acústico e de iluminação. (AZEVEDO, 2002).
4.2 Influência da cor
A cor é provavelmente a dimensão física do espaço geralmente capaz de reduzir o brilho e
aumentar os reflexos da luz, observando-se que sua escolha além da estética deve também
considerar sua influência com relação ao comportamento humano. Nesse aspecto deve-se
também considerar as características da cor, que segundo Heimistra; McFarling; (1978, p. 31)
é estabelecida pelas dimensões de luminosidade, tonalidade e saturação, onde, “a luminosidade
é a intensidade da cor; a tonalidade é a cor do objeto ou o comprimento de onda no espectro de
cores predominantes na sua composição; e a saturação é a quantidade de branco presente em
qualquer cor, quanto mais saturada menos branco conterá”
Segundo Fonseca (2013, p. 49) “a cor não é um item que estabelece ligação direta com a função
do ambiente, porém não deve ser escolhida apenas por questões estéticas, já que é um
dispositivo de iluminação por reduzir o brilho e aumentar os reflexos da luz.” Ainda no que diz
respeito a cor Pedrosa (2003, p. 19) afirma que “a cor não tem existência material, mas é a
sensação provocada pela ação da luz sobre o olho, servindo para designar a sensação cromática
pelo estímulo de luz direta ou matiz ou o pigmento de reflexão, ou seja a cor”.

Sendo a cor um importante elemento tanto na concepção espacial do projeto quanto


na concepção da iluminação, é possível que em um projeto de design de interiores a
iluminação esteja tecnicamente correta e ainda assim causar insatisfação pelo efeito
deficiente das cores do ambiente, dentre uma infinidade de tonalidades existentes.
(MORAES, 2016, p. 9)

Na especificação de cores uma ou mais destas dimensões podem variar no planejamento de


disposições de cores, mas considerando-se a liberdade para realizar combinações capazes de
influenciar os comportamentos daqueles que utilizam determinado ambiente. A recomendação
de Costa (2005, p.62) é de que:
Um projeto de iluminação deve sempre iniciar com a tarefa visual. Esta tarefa é
própria do ambiente e está integralmente inserida dentro do aspecto da percepção
visual e do seu desempenho. Assim, um projeto de iluminação deve atender
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inicialmente dois condicionantes básicos como quantidade de luz ou iluminância e


qualidade da luz ou luminância, temperatura e índice de reprodução de cor.

Constante na NBR 5413/ABNT a Iluminância de Interiores é determinada segundo níveis de


iluminação média interna relativos às atividades desenvolvidas. “A capacidade de iluminância

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é fundamental na qualidade da iluminação, em função da tarefa visual a ser executada,


respeitando-se suas especificidades”. Agrupamento de tarefas visuais, as atividades, em três
classes específicas (TORRES, 2007, p.8).
Essas classes são determinadas pela norma NBR 5413/ABNT, onde consta a quantidade de
Iluminâncias, conforme mostrado na Tabela 1,

Tabela 1 - Iluminâncias por classe de tarefas visuais


Fonte: ABNT, 1992, p.2.

De acordo com Benneti; Tey (1972) citado por Heimistra; McFarling (1978) estabeleceu-se
talvez por associações do senso comum que cores com variação do vermelho são cores quentes,
por outro lado cores frias são caracterizadas por tons azuis ou verdes. Tais associações, segundo
os autores, levam ainda que hipoteticamente à formação da tonalidade relacionada à
temperatura do lugar, ou seja, frequências de luz dominantes para vermelho dão impressão de
mais calor e espaços com luzes em tons azuis traduzem sensação de frio. Tais características
podem atuar conjuntamente para afetar de maneira diferenciada o conforto térmico dos
ocupantes do espaço.
Heimistra; MacFarling (1978, p. 32) relata que Benneti; Tey (1972) realizaram experimento
para verificação de tonalidade-calor e sua atuação no conforto térmico dos ocupantes de um
determinado ambiente, foi utilizada uma câmara ambiental, uma sala com controles presos
sobre umidade e temperatura.
A temperatura na câmara foi alterada, fazendo-se circular fluido frio ou quente através
de serpentinas conectadas às paredes, que eram de alumínio. A cor outra variável
independente, foi controlada, e cada pessoa deveria usar sucessivamente óculos
vermelhos, azuis e claros. A cada condição de cor, a temperatura da parede foi
aumentada para 39°C e, depois, diminuída para 15°C. As pessoas sentadas próximas
às paredes classificariam periodicamente suas sensações de conforto térmico. As
leituras de temperatura foram obtidas nos pontos em que as pessoas mudaram de uma
condição de conforto térmico para outra em cada uma das condições de cores.
Constatou-se que quanto a conforto térmico, o vermelho não afetou as sensações das

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pessoas de modo diferente daquele das condições azul ou clara. Assim a hipótese
tonalidade-calor é somente intelectual, uma crença arraigada de que certas cores
tornam as salas mais quentes do que as outras.

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Em outro estudo também relatado por Heimistra; McFarling (1978) realizado por Berry (1961)
buscando-se prova do efeito intelectual das cores internas de um ambiente sobre seus ocupantes,
no referido estudo as pessoas foram colocadas numa sala sob diferentes cores de iluminação e
enquanto o experimentador aumentava a temperatura do ar na sala, solicitava que
relatassem quando a sentissem muito quente. Embora não fossem descobertas
quaisquer diferenças entre as cores e o ponto em que os indivíduos declararam uma
sensação de desconforto, os participantes indicaram que as cores como âmbar e
amarelo conduziam mais calor do que as cores como verde e azul consideradas frias.
As autoras concluem afirmando que estes estudos não comprovaram a influência da cor sobre
o conforto ambiental, embora os participantes tenham demonstrado perceber de forma cognitiva
variação de calor relacionada às mudanças de cores dos ambientes interiores.
Assim, a criação de condições ambientais pelo menos satisfatórias pode parecer relativamente
simples, mas nem tanto, já que os indivíduos tem preferências e necessidades físicas e
psicológicas, distintas com relação as condições ambientais. Portanto, dentro de um mesmo
ambiente esse conjunto é que determina comportamentos diferentes entre os indivíduos.
4.3 Conforto ambiental
O conforto ambiental tem como elementos de composição capazes de influenciar os aspectos
de conforto e desconforto para os usuários de determinado ambiente, tendo em vista as
diferentes preferências dos alguns indivíduos quanto a condições ambientais. Conforme Moraes
(2016) os componentes de conforto e abordagens que interferem na percepção humana,
conforme a Figura 1 a seguir:

Figura 1. Fatores ambientais, abordagens e interferências que resultam no conforto humano.


Fonte: Bitencourt (2013) apud Moraes (2016, p. 4)

Conforme Fonseca (2013, p. 49) “o conforto ambiental é afetado por ruídos, temperatura,
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iluminação e odor; as condições ambientais requeridas para satisfazer o usuário vão depender
da função para qual o ambiente foi projetado.”

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Na questão da temperatura, Fonseca (2013, p. 58) explica que “para obter-se um conforto
térmico, o edifício deve estar implantado com orientação solar correta, a fim de que a incidência
solar venha favorecer as atividades que nele ocorrem – a temperatura e iluminação interna.”
É certo, segundo Moraes (2016, p. 35) que fatores ambientais e pessoais podem causar efeitos
fisiológicos e psicológicos em indivíduos e expostos a condições climáticas severas, de alta ou
baixa temperatura, conforme demonstrado na figura a seguir:

Figura 2. Percepção e efeitos adversos sobre os desvios de temperatura ambiental.


Fonte: Grandjean (1998, p. 300) apud Moraes (2016, p. 35)

Com relação ao ruído, conforme definição de Heimistra; Mcfarling (1978), este tem influência
emocional por causar nervosismo ou provocar interferência direta no comportamento das
pessoas atingidas prejudicando o estado de conforto que o ambiente poderia oferecer.
No que se refere à iluminação, outro elemento que influencia o conforto dos ambientes, pode
interferir na visualização exigindo esforço visual acima do necessário caso as condições de luz
não sejam adequadas. Assim e para que haja um conforto visual, “deve se ter um bom projeto
de iluminação, levando em conta tanto a iluminação natural quanto a artificial, desta forma, é
possível favorecer as tarefas visuais.” (FONSECA, 2013, p. 57).
Já o tamanho e a forma de um ambiente influenciam o comportamento conforme sua função; e
o mobiliário tem o objetivo de acomodar os usuários conforme a função a ser realizada no
ambiente, a qual pode ser favorecida se houver uma boa ergonomia. (FONSECA, 2013, p. 49).
Percebe-se assim que o conforto ambiental vai das questões eminentemente voltadas somente
para o projeto a ser realizado, abrangendo situações e recursos que atuem como referência na
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construção do ambiente tomando-se como referência padrões que servirão de base para uma
avaliação dos resultados e do trabalho realizado.
4.4 A estrutura e a forma
Nota-se que os ambientes precisam ser organizados de forma a atender aos parâmetros
estabelecidos para estrutura e a forma como agentes influenciadores da satisfação dos
indivíduos com o meio que o cerca. Percebe-se que os projetos de ambientes construídos com
relação à qualidade na execução do projeto e sua sustentabilidade envolvem diversos
componentes, que formam o ambiente propriamente dito. Cada um destes ambientes possui
características comuns relacionadas e variáveis como a estrutura física, capazes de trazer ou
não conforto ambiental que por sua vez pode afetar o comportamento dos indivíduos.
(HEIMISTRA; MCFARLING, 1978).
Essas variáveis, segundo os autores, influenciam o ambiente e podem ser agrupadas em duas
categorias. Inicialmente o ambiente pode ser considerado em relação às características como
tamanho e forma do espaço, cujas combinações determinam a quantidade e o tipo de espaço
interno e externo. Uma segunda categoria, mais flexível, de aspectos físicos do ambiente
construído, refere-se aos componentes como disposição de cores e mobiliários, que também
podem agrupar ruídos, iluminação e temperatura, dimensões próprias do conforto ambiental.
Nota-se, portanto, que esse conforto tem como base a dinâmica da qualidade que passa de uma
perspectiva técnica a um movimento de renovação das práticas de melhoria contínua dos
ambientes. Neste aspecto a da qualidade não pode e não deve ser vista como um simples
processo de certificação, mas como uma justificativa para a qualificação sistemática e efetiva
desses ambientes.
Análises do ambiente e de todas as suas variáveis não podem ignorar também as relações
sociais, humanas e culturais, já que estes fatores podem servir como indicadores, com
informações necessárias e mensuráveis para descrever tanto a realidade ambiental encontrada
como as modificações que devem ser realizadas para tornar o ambiente melhor. (HEIMISTRA;
MCFARLING, 1978).
5. Algumas questões críticas para a qualidade nos projetos
A elaboração e desenvolvimento de projetos para interiores levantam muitos pontos essenciais
para a reflexão de quem pensa em implantar programas de qualidade para projetos de
arquitetura. O primeiro ponto a considerar é o que se pretende alcançar com o projeto: se é a
solução imediata de problemas operacionais, talvez o melhor caminho não seja esse. O projeto
de qualidade deve ser entendido como um investimento de retorno a médio e longo prazos, e
pode ainda demandar considerável tempo adicional para que seja implantado de forma
abrangente. (JURAN, 2004)
Qualidade também não pode ser vista como uma solução capaz de resolver todos os problemas
tendo como elemento caracterizador a mudança de postura das pessoas, com a qual se
alavancam resultados desde sua elaboração.
Nessa linha, faz-se necessário melhorar a comunicação entre pessoas e os processos,
estimulando um trabalho em equipe e o compartilhamento de responsabilidades e resultados, e
o engajamento coletivo para atingir objetivos que passam a ser comuns.
No que se refere aos recursos, estes também devem ser vistos como atribuição adicional das
pessoas onde a qualidade, entendida como mudança de postura, não algo simples e natural, pois
demanda recursos especiais. (CHENG; MELO FILHO, 2010).
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Isto porque um projeto de qualidade consome tempo e recursos, exigindo levantamentos de


informações que envolvem a implantação de sistemas de registro e análise de dados, requer
tempo para avaliar alternativas de solução de problemas identificados e muitas vezes exigem
recursos físicos, materiais ou financeiros para a implantação das soluções desejadas.

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Por exemplo, as previsões de orçamento para um projeto de qualidade devem ser analisadas
caso a caso, porque nenhum projeto é igual ao outro, com situações específicas e
particularidades. Para atender essas particularidades é necessário primeiramente haver perfeita
integração entre todas as áreas eventualmente envolvidas; e num segundo momento, a
existência de um suporte funcional, demandando alguma cobertura para que sua área funcional
não seja prejudicada
Essa integração possibilita o amplo sucesso do programa de qualidade, pois seus benefícios são
reconhecidos não apenas pelo público interno, mas também pelo externo. (Juran, 2004). Assim
sendo, é preciso antecipar um plano de comunicação eficiente para a divulgação dos resultados
alcançados por meio do marketing do projeto, capitalizando os benefícios potenciais para a
imagem que se quer alcançar.
A organização interna é essencial para que um projeto de qualidade obtenha sucesso, tendo em
vista que além da valorização da empresa ou profissionais pelo trabalho realizado diante do
mercado competitivo, dificilmente pode ser implantado em um ambiente que não tenha uma
razoável organização e formalidade nos procedimentos.
Esse fato é tão importante que as diferentes normas ISO definem uma série de padrões de
organização e operação das principais áreas relevantes para o desenvolvimento e obtenção de
resultados para o projeto. Esses padrões determinam que as áreas operacionais devam obedecer
a rotinas que podem ser bastante delimitadas, o que exige controles eficientes e registros
confiáveis, e com boa estrutura de recursos disponíveis. (JURAN, 2004).
No entanto, para o autor pode ser dificultada quando existirem problemas que possam interferir
na motivação da equipe para maior empenho e identificação das pessoas com os objetivos da
qualidade que se quer alcançar independente do tamanho do projeto ou do espaço a ser
transformado.
De acordo com Queiroz (2009) o sucesso de um projeto de qualidade dependerá do esforço
comum e deve ser compartilhado por todos os níveis da organização, que de forma coletiva
cabe a responsabilidade de tomar as decisões para prover os recursos envolvidos e promover
eventuais ajustes ao longo do projeto de tal forma que não sejam comprometidos os resultados
do programa.
6. Conclusão
Ao final do estudo pode-se afirmar, com base na literatura analisada, que a gestão da qualidade
é elemento essencial para alcançar a sustentabilidade nos projetos de arquitetura e design de
interiores. Para tanto, se faz necessário escolher os critérios e padrões a serem adotados para
identificar quais recursos disponíveis atendem de forma plena aos objetivos propostos para cada
novo projeto.
A escolha dos elementos e componentes do projeto deve-se primar pela eficácia, eficiência e
efetividade como fatores relacionados à representação que o projeto de qualidade traz a
realidade do ambiente e como o novo espaço pode trazer uma nova experiência, mudanças de
comportamentos, centrados nas estratégias e nos seus resultados. É necessário que o arquiteto
e/ou designer de interiores sinta-se livre para exercitar suas habilidades e competências, para
propor novas ideias e modificações diante das situações ou resultados apresentados.
O conhecimento da natureza do ambiente e dos seus elementos como cor, forma, temperatura,
iluminação, bem como das características dos diferentes indivíduos ali presentes, são critérios
norteadores capazes de facilitar o planejamento, a seleção e organização dos procedimentos e
recursos necessários para se trabalhar os mesmos.
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No entanto, para obter resultados satisfatórios é necessário determinar inicialmente o que se


quer com relação à mudança nas práticas de qualidade para a sustentabilidade e em seguida

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delimitar quais recursos serão mais pertinentes para dinamizar e melhorar os processos e etapas
de cada projeto.
Sustentabilidade e qualidade na arquitetura e design dos ambientes não dependem apenas de
objetivos e recursos bem operacionalizados, mas de um conjunto de ações capazes de
transformá-los em meios de atingir a satisfação com os resultados alcançados.
Tanto que ambas implicam em considerar outras dimensões que afetam os processos de
elaboração dos projetos e os resultados alcançados, como é especialmente o caso da
identificação dos fatores de influência que estão dentro e fora do ambiente que se quer projetar.
Espera-se com este estudo contribuir para ampliar a reflexão sobre as questões que envolvem a
gestão da qualidade em projetos de arquitetura e design de interiores com sustentabilidade.
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