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Controle de Infec-

ção Hospitalar
1. Infecção do Trato Urinário, Sítio Cirúrgico. 4
1.1.Critérios Diagnósticos de Infecção do Trato Urinário
Relacionada à Assistência à Saúde (ITU-RAS) 7
1.2.Critérios Diagnósticos de Infecção do Trato Urinário
Relacionada à Assistência à Saúde (ITU-RAS) na Criança >
28 dias e ≤ 1 ano 8

2. Infecção do Acesso Vascular 10


2.1.Infecções Primárias da Corrente Sanguínea (IPCS) 11
2.1.1. Infecções Primárias da Corrente Sanguínea
Laboratorial 11
2.1.2. Infecções Primárias da Corrente Sanguínea clínica 12
2.1. Infecções Relacionadas ao Acesso Vascular 12

3. Limpeza e Esterilização de Desinfecção de Artigos e


Antissepsia. 18
3.1.Orientações para Limpeza de Instrumental Cirúrgico 21

4. Medidas Padrão de Prevenção 24


4.1.Equipamento de Pro-teção Individual (EPI) 24
4.2.Higienização das Mãos 27
4.3.Processamento de Super-fícies 27
4.4.Central de Material Este-rilizado (CME) 29

5. Investigações e Controle de Surtos 32

6. Referências Bibliográficas 36

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03
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

1. Infecção do Trato Urinário, Sítio Cirúrgico.

Fonte: exame.com1

D e acordo com Oliveira e Silva


(2015), a infecção do trato uri-
nário (ITU) é uma das causas mais
Além disso, o tratamento deve ser
baseado na incidência de infecções
locais do trato urinário e nos proto-
comuns de IRAS com grande poten- colos desenvolvidos em conjunto
cial preventivo, pois a maioria está com a equipe médica, o Comitê de
relacionada ao cateterismo vesical. Controle de Infecção Hospitalar
Embora existam casos de bacteriú- (CCIH), o Comitê de Farmácia e Te-
ria assintomática e candidíase que rapêutica (CFT) e Laboratório de
podem causar tratamento desneces- Microbiologia, e ajustada aos resul-
sário, o diagnóstico clínico precoce, tados de culturas. Em alguns casos,
em conjunto com exames comple- a associação de hemoculturas forne-
mentares (urina qualitativa e quan- cerá mais informações, principal-
titativa urocultura) fornece evidên- mente em pacientes com hospitali-
cias para o tratamento adequado. zados com sepse de foco urinário

1 Retirado em exame.com

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(20%), que deverá ser sempre consi- ITU associado a cateteres intermi-
derada como uma hipótese diagnós- tentes é menor em 3,1%, em compa-
tica em pacientes com febre sem ração com 1,4% na ausência de cate-
foco aparente. teres vesicais. Os pacientes acometi-
Aproximadamente de 16 a dos por essa condição são homens e
25% dos pacientes hospitalizados mulheres, e os agravantes relativos
são submetidos ao procedimento de dependem de doenças clínicas e ci-
cateterismo vesical, de alívio ou de rúrgicas e estão relacionados à uni-
demora, em muitos casos por indi- dade de internação. Em alguns ca-
cação clínica errada ou inexistente e sos, o aparecimento da bacteriúria
até mesmo sem conhecimento mé- clinicamente significativa, mas de
dico. O problema é maior quando curta duração, desaparece depois
muitos desses pacientes permane- que o cateter é retirado, mas em ou-
cem com o dispositivo além do ne- tros casos específicos relacionados
cessário, apesar das complicações ao hospedeiro, uma sepse altamente
infecciosas locais e sistêmicas, e não letal pode ocorrer. Os patógenos res-
infecciosas, como por exemplo, des- ponsáveis por essas infecções do
conforto para o paciente, restrição trato urinário, inicialmente tendem
da mobilidade e traumas uretrais a pertencer à microbiota do paci-
por tração (PRANDO e BARONI, ente. E, devido ao uso de antimicro-
2013). bianos, seleção bacteriana, assenta-
Conforme Imam (2018), a du- mento local, fungos e cuidados com
ração do cateterismo vesical é um fa- o cateter, a microbiota do paciente
tor chave na colonização e infecção pode mudar. As bactérias Gram-ne-
de bactérias e fungos. A infecção gativas (enterobactérias e bactérias
pode ser intraluminal ou extralumi- não fermentadoras) são as mais co-
nal (biofilme), sendo esta última a muns, mas as bactérias Gram-posi-
mais comum. O principal fenômeno tivas são de maior importância epi-
que determina a virulência da bacté- demiológica, especialmente as do
ria é a adesão ao epitélio uretral, co- gênero Enterococcus.
lonização do intestino, do períneo e Embora exista uma estreita re-
cateter. O crescimento das bactérias lação entre o cateterismo vesical e as
começa após a instalação do cateter, infecções do trato urinário, ainda
a uma taxa de 5 a 10% ao dia, e apa- existem fragilidades na implementa-
recerá em todos os pacientes quatro ção de medidas preventivas simples,
semanas depois. O risco potencial de tanto no Brasil quanto no exterior. É

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possível que uma percepção mundi- com o cateter instalado ou este havia
almente errada do caráter menos sido removido no dia anterior. Já as
agressivo quanto à morbidade, mor- infecções do trato urinário relacio-
talidade e impacto econômico das nada à assistência à saúde não Asso-
ITU em relação às outras IRAS seja ciada ao Cateter (ITU-NAC), são as
a explicação para tal atitude (RO- infecções sintomáticas de trato uri-
DRIGUES, 2014). nário em pacientes que não esteja
Segundo Albini, Souza, e Silveira em uso de cateter vesical de demora,
(2020), as infecções do trato uriná- na data da infecção ou na condição
rio relacionada à assistência à saúde que o cateter tenha sido removido,
(ITU-RAS) são definidas como qual- no mínimo, há mais de 1 (um) dia ca-
quer infecção do trato urinário rela- lendário, antes da data da infecção
cionada a procedimento urológico, (ALBINI, SOUZA e SILVEIRA,
podendo ser associada ou não ao uso 2020).
de cateter vesical de demora. Elas Para autores como Oliveira e
podem ser classificadas em: Silva (2015), o cateter vesical de de-
 ITU assintomática – afetam mora consiste naquele que entra
pacientes com ou sem cateter pelo orifício da uretra e permanece.
vesical de demora que não O período de janela da infecção é de
apresente sinais ou sintomas e 7 dias durante os quais são identifi-
com identificação de cultura
cados todos os elementos (sinais,
de urina positiva.
 ITU sintomática - afetam paci- sintomas, resultados de exames de
entes com ou sem cateter vesi- imagens e/ou laboratoriais) neces-
cal de demora que apresente sários para a definição da infecção.
sinais e sintomas e com identi- Para determinar o período de janela
ficação de cultura de urina po- do IPCSL, devem ser considerados
sitiva. três dias antes e três dias após a data
As infecções do trato urinário da primeira cultura de urina positiva
relacionada à assistência à saúde as- ou dos primeiros sinais e sintomas.
sociada ao cateter vesical (ITU-AC), A data de infecção deve ser consi-
são as infecções sintomáticas de dera a partir do aparecimento do
trato urinário, em paciente em uso primeiro elemento, como por exem-
de cateter vesical de demora insta- plo sinal, sintoma ou resultados de
lado por um período maior que dois exames de imagens ou laboratoriais,
dias calendário (sendo que o D1 é o usados para determinar a infecção,
dia da instalação do cateter), e que ocorridos dentro do período de ja-
na data da infecção o paciente estava nela de infecção de 7 dias.

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1.1. Critérios Diagnósticos No caso de Candida spp, con-


de Infecção do Trato Uriná- siderar qualquer crescimento.
rio Relacionada à Assistên-
Conforme Baroni (2015), as
cia à Saúde (ITU-RAS) infecções de trato urinário, relacio-
nadas a assistência à saúde, não as-
Para autores como Prando e
sociada ao cateter vesical de demora,
Baroni (2015), as infecções do trato
devem atender aos seguintes crité-
urinário que estão relacionadas à as-
rios:
sistência de saúde sintomáticas de-
 O paciente tem pelo menos um
vem atender aos seguintes critérios:
dos seguintes sinais ou sinto-
 Qualquer infecção do trato uri- mas, sem outras causas reco-
nário relacionada a procedi- nhecidas;
mento urológico;  Febre (Temperatura: >38ºC);
 ITU não relacionada a proce-  Urgência urinária;
dimento urológico, diagnosti-  Aumento da frequência
cada durante ou a partir de 2 urinária;
(dois) dias após a admissão em
 Disúria;
serviço de saúde e para a qual
 Dor suprapúbica ou lombar;
não são observadas quaisquer
evidências clínicas e que não  Em crianças com mais de um
estava em seu período de incu- ano, considerar o apareci-
bação no momento da admis- mento de incontinência uriná-
são. ria naquelas que já tinham
controle esfincteriano.
 Cultura de urina positiva com
De acordo com Prando (2015),
até duas espécies microbianas
as infecções do trato urinário, relaci- com ≥ 105 UFC/mL. No caso
onadas a assistência à saúde que es- de Candida spp, considerar
tão associadas ao uso de cateter ve- qualquer crescimento.
sical de demora devem atender aos
seguintes critérios: Segundo Imam (2015), as de-
 Apresenta pelo menos um dos mais infecções do sistema urinário
sinais e sintomas, sem outras devem preencher a pelo menos um
causas reconhecidas; dos seguintes critérios:
 Febre (Temperatura: >38ºC);  Isolamento de microrganismo
 Dor suprapúbica ou lombar; de cultura de secreção ou flu-
 E possui cultura de urina posi- ido (exceto urina) ou tecido
tiva com até duas espécies mi- dos seguintes sítios acometi-
crobianas com ≥ 105 UFC/mL. dos: rim, ureter, bexiga, uretra

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e tecidos adjacentes ao espaço 1.2. Critérios Diagnósticos de


retro peritoneal e espaço peri- Infecção do Trato Urinário Re-
nefrético; lacionada à Assistência à Sa-
 Presença de abscesso ou outra úde (ITU-RAS) na Criança > 28
evidência de infecção vista em dias e ≤ 1 ano
exame direto durante cirurgia
ou em exame histopatológico Para alguns autores como Al-
em um dos sítios: rim, ureter,
bexiga, uretra e tecidos adja- bini, Souza e Silveira (2020), as in-
centes ao espaço retroperito- fecções do trato urinário, relaciona-
neal e espaço perinefrético; das a assistência à saúde, que são as-
 Febre (Temperatura: >38ºC); sociadas ou não ao uso de cateter ve-
 Dor ou hipersensibilidade lo- sical de demora em crianças, devem
calizada em um dos sítios lis- apresentar os seguintes critérios:
tados;  Deve estar com cateter vesical
 Drenagem purulenta do sítio de demora instalado há pelo
acometido: rim, ureter, be- menos 2 (dois) dias no mo-
xiga, uretra e tecidos adjacen- mento do diagnóstico de ITU-
tes ao espaço retroperitoneal e RAS. Considerar o dia da ins-
espaço perinefrético; talação = Dia 1, ou o cateter
 Presença no sangue de micror- deve ter sido retirado no má-
ganismo compatível com o sí- ximo 1 (um) dia antes da data
tio de infecção. do diagnóstico.
 Febre (Temperatura: >38°C);
Os sinais e sintomas e os resul-  Hipotermia (Temperatura:
tados de cultura positiva de infec- ≤36°C);
ções do trato urinário, ocorrem no  Apneia;
período de janela de infecção. Acima  Bradicardia;
de duas espécies microbianas, há  Letargia;
grande possibilidade de ter. as infec-  Vômitos;
ções associadas a procedimentos  Aumento da sensibilidade su-
urológicos não cirúrgicos, são inclu- prapúbica;
ídas em outras ITU-RAS (IMAM,  Cultura de urina positiva com
até duas espécies microbianas
2020).
com ≥ 105 UFC/mL.

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2. Infecção do Acesso Vascular

Fonte: f1.media.brightcove.com2

D e acordo com Gerritsen (2011),


as infecções da corrente san-
guínea são multifatoriais, apresen-
inviabilizar a vigilância epidemioló-
gica, torna impossível estabelecer
indicadores de referência e compa-
tando diferentes fisiopatologia, cri- ração. Portanto, alguns desses as-
térios diagnósticos, tratamento, pectos devem ser integrados ao tra-
prognóstico e significância na pre- balho relacionado à vigilância epide-
venção. miológica. Do ponto de vista prático,
Principalmente do ponto de é importante definir duas síndromes
vista terapêutico, é importante a com aspectos diagnósticos e preven-
presença ou ausência de hemocul- tivos específicos que requerem alta
tura positiva, sinais sistêmicos de in- atenção e acompanhamento siste-
fecção, presença ou ausência de foco mático. Estas duas síndromes, são:
primário de origem, presença ou au-  As infecções primárias da cor-
sência de acesso vascular, tipo do rente sanguínea (IPCS) são in-
acesso, envolvimento e possibili- fecções com graves conse-
dade de remoção do mesmo, sinais quências sistêmicas, bactere-
mia ou sepse, sem um foco
locais de infecção do cateter.
principal claro. É difícil deter-
Além da subjetividade da mai- minar a intervenção do cateter
oria destes aspectos, o monitora- central na ocorrência de IPCS.
mento de subdivisões que conside- Para fins práticos, se houver
rem todas essas variáveis, além de um IPCS no diagnóstico, o

2 Retirado em f1.media.brightcove.com

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IPCS será associado ao cateter. recomendado dividir as infecções


 As infecções relacionadas ao em IPCS laboratorial e IPCS clínico
acesso vascular (IAV) são in- para adultos e crianças com mais de
fecções que ocorrem no local 30 dias. Os índices de infecções pri-
de inserção do cateter e não
márias da corrente sanguínea clínica
têm efeitos sistêmicos. A mai-
oria das infecções desta natu- e laboratorial devem ser calculados e
reza são infecções associadas analisados separadamente. As IPCS
ao acesso vascular central laboratoriais pode ser usado para
(IAVC). No entanto, em algu- comparação intra-hospitalar ou ava-
mas instituições, pode ser im- liação interinstitucional. As IPCS
portante monitorar infecções clínicas são um método de coleta op-
associadas ao acesso vascular
periférico. cional que pode ser usado para ava-
liação local.
2.1. Infecções Primárias da
2.1.1. Infecções Primárias da
Corrente Sanguínea (IPCS)
Corrente Sanguínea Laborato-
rial
De acordo com Gerritsen
(2011), as infecções da corrente san- Conforme Santos (2016), as
guínea podem ser divididas em he- infecções primárias da corrente san-
moculturas positivas e infecções guínea laboratorial, possui critérios
apenas com critérios clínicos. diagnósticos que precisam ser pre-
As infecções primárias da cor- enchidos, que são:
rente sanguínea com hemocultura  Critério 1 – paciente com uma
positiva têm critérios diagnósticos ou mais hemoculturas positi-
mais objetivos e pode tornar as com- vas coletadas preferencial-
mente de sangue periférico, e o
parações entre hospitais mais confi-
patógeno não está relacionado
áveis. Mas, a sensibilidade das he- com infecção em outro sítio.
moculturas varia de acordo com as  Critério 2 – pelo menos um
práticas institucionais de hospitais e dos seguintes sinais ou sinto-
laboratórios, sendo a sensibilidade mas: febre (>38°C), tremores,
menor para pacientes que já fazem oligúria (volume urinário <20
uso de antimicrobianos. Por outro ml/h), hipotensão (pressão
lado, a definição de infecção diag- sistólica ≤ 90mmHg), e esses
sintomas não estão relaciona-
nosticada clinicamente é relativa- dos com infecção em outro sí-
mente simples, mas subjetiva, por tio; e, duas ou mais hemocul-
isso é bastante difícil de comparar turas (em diferentes punções
entre as instituições. Sendo assim, é com intervalo máximo de 48h)

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com contaminante comum de b) Nenhuma infecção aparente


pele (ex.: difteróides, Bacillus em outro sítio;
spp, Propionibacterium spp, c) Médico institui terapia antimi-
estafilococos coagulase nega-
crobiana para sepse.
tivo, micrococos);
 Critério 3 - Para crianças > 30
dias e < 1ano, pelo menos um  Critério 2 – para crianças > 30
dos seguintes sinais ou sinto- dias e < 1ano pelo menos um
mas: febre (>38°C), hipoter- dos seguintes sinais ou sinto-
mia (<36°C), bradicardia ou mas: febre (>38°C), hipoter-
taquicardia (não relacionados mia (<36°C), bradicardia ou
com infecção em outro sítio); taquicardia (não relacionados
e, duas ou mais hemoculturas com infecção em outro sitio); e
(em diferentes punções com todas as condições seguintes:
intervalo máximo de 48h) com a) Hemocultura negativa ou não
contaminante comum de pele realizada;
(ex.: difteróides, Bacillus spp, b) Nenhuma infecção aparente
Propionibacterium spp, estafi- em outro sítio;
lococos coagulase negativo, c) Médico institui terapia antimi-
micrococos)
crobiana para sepse;
d) Infecções relacionadas ao
2.1.2. Infecções Primárias da
acesso vascular.
Corrente Sanguínea clínica

Segundo autores como Góis, 2.1. Infecções Relacionadas ao


Brígido e Menezes (2019), as infec- Acesso Vascular
ções primárias da corrente sanguí-
Para Eric (2012), as infecções
nea clínica, possui critérios diagnós-
no local de inserção do acesso vascu-
ticos que precisam ser preenchidos,
lar geralmente não são tão graves
que são:
quanto as infecções sanguíneas. No
 Critério 1 – pelo menos de um
dos seguintes sinais ou sinto- entanto, elas merecem duas consi-
mas: febre (>38°), tremores, derações importantes:
oligúria (volume urinário <20  Pode indicar contaminação do
ml/h), hipotensão (pressão sitio de inserção do dispositivo
sistólica ≤ 90mmHg) ou (não e apontar para a possibilidade
relacionados com infecção em de uma intervenção preven-
outro sítio), e todas as condi- tiva específica;
ções seguintes:  São indicadores de qualidade
a) Hemocultura negativa ou não de assistência que podem ser
realizada;

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aplicadas em vários ambien-  Quimioterapia;


tes, inclusive fora do ambiente  Administração de Contrastes.
de cuidados críticos.
Segundo autores como Couto,
De acordo com Martin e Segre Pedrosa, Cunha e Amaral (2009), os
(2010), as infecções relacionadas ao tipos de acesso venosos, são:
acesso vascular central (IAVC), são  Central;
caracterizadas pela presença de si-  Periférico;
nais locais de infecção (secreção pu-  Arterial;
rulenta ou hiperemia), em pacientes  Venoso;
sem diagnóstico simultâneo de  Implantado;
IPCS. A cultura de cateter é um teste  Semi implantado.
de baixa especificidade e não é ne-
Para Oliveira e Silva (2015), o
cessária para o diagnóstico de IAVC.
cateter venoso periférico, geral-
Já as infecções relacionada a acesso
mente, é inserido em veias nos
vascular periférico (IAVP) são carac-
membros superiores, é o dispositivo
terizadas pela presença de sinais lo-
vascular de curta duração mais utili-
cais de infecção (secreção purulenta
zado. Já o cateter venoso central é
ou celulite), com ou sem a presença
inserido através da pele em veias
de cordão inflamatório em pacientes
centrais (jugulares internas, femo-
sem diagnóstico simultâneo de
rais ou subclávias), é o tipo de cate-
IPCS. Conforme Slavish (2012), a in-
ter venoso mais usado. Além desses
serção de cateter venoso é atual-
dois tipos de cateter existem outros
mente uma prática indispensável
tipos, que também são utilizados,
dentro do contexto hospitalar, e é
dependendo da necessidade do paci-
considerado o procedimento inva-
ente, que são:
sivo mais comum realizado pela en-
 Cateter de artéria pulmonar - é
fermagem. As principais funções do
introduzido pela veia subclá-
acesso venoso são para administra- via ou jugular interna, atra-
ção de: vessa as valvas tricúspide e
 Fluidos; pulmonar, chegando na arté-
 Nutrientes; ria pulmonar para monitorar
 Medicações; condições hemodinâmicas do
 Hemoderivados; paciente, permanecendo em
 Monitorização hemodinâmi- média somente três dias.
ca;  Cateter central de inserção pe-
 Hemodiálise; riférica (PICC) – cateter peri-
 Nutrição Parenteral; férico que é inserido nas veias

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cefálica, basílica ou braquial e 4 a 5 dias em populações adul-


atinge a veia cava superior. tas) e alto risco de complica-
 Cateter umbilical – inserido ções infecciosas.
na veia ou artéria umbilical,
tem taxas de infecção seme- De acordo com Oliveira
lhantes entre veia e artéria (2015), as principais complicações
umbilical; relacionadas ao acesso vascular são:
 CVC totalmente implantado –  Celulite periorifício;
cirurgicamente implantado  Tromboflebite séptica;
abaixo da pele, tem uma bolsa  Septicemia;
subcutânea (“Port”) com  Endocardite;
membrana auto selante que  Osteomielite;
pode ser acessada por agulha
 Endofitalmite;
inserida através da pele. Usu-
almente é implantado nas  Artrite;
veias jugular ou subclávia e é  Flebite.
retirado via procedimento ci- Conforme Silva (2015), a fle-
rúrgico;
bite é um processo inflamatório da
 Flebotomia – é o procedi-
mento cirúrgico de implanta- camada íntima das veias, que pode
ção de cateter vascular em ser causada por: irritação mecânica,
veias periféricas para inserção irritação química e infecções bacte-
de cateteres centrais. Normal- rianas. De acordo com a tabela
mente este procedimento é re- abaixo a flebite pode ser classificada
alizado somente na impossibi- quanto a intensidade e critério clí-
lidade de acesso venoso cen-
nico.
tral em urgência. É uma opção
de curta duração (usualmente

Intensi- Critérios Clínicos


dade
01+ Dor no local, eritema, ou edema, sem endurecimento, cordão fibroso não-palpá-
vel.
02+ Dor no local, eritema, ou edema, formação de endurecimento, cordão fibroso
não-palpável.
03+ Dor no local, eritema, ou edema, formação de endurecimento, cordão fibroso pal-
pável.

Segundo Amaral (2009), os  Idade < 1 ano ou > 60 anos;


principais fatores de risco relaciona-  Sexo feminino;
dos ao paciente, são:  Perda de integridade da pele

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(psoríase ou queimaduras); extremidade distal para a pro-


 Granulocitopenia; ximal (menor calibre para o
 Quimioterapia imunossu- maior). As veias mais apropri-
pressora; adas são as do dorso da mão,
 Foco infeccioso a distância; cefálica, basílica e veias medi-
 Gravidade da doença de base; anas. As veias mais próximas
 Tempo de hospitalização; às articulações devem ser evi-
tadas pois a imobilização da
 Contato com cepas transporta-
articulação é necessária. Tam-
das pelas mãos da equipe;
bém devem ser evitadas as
 Umidade local.
veias dos membros inferiores
Para Cunha (2009), os princi- em adultos, devido ao aumen-
pais fatores de risco relacionados ao tado risco de flebite e trom-
bose. A preferência do mem-
cateter, são: bro não dominante, garante
 Tempo de permanência do ca- maior autonomia para o auto
teter; cuidado e maior durabilidade
 Habilidade do profissional de da punção, assim como deve se
saúde na punção; considerar a realização da téc-
 Localização; nica adequada e evitar conta-
 Cuidados com o cateter; minação da pele e dos disposi-
 Número de lúmens. tivos;
 Uso de torniquete ou garrote –
De acordo com Couto e Pe- são fontes potenciais de infec-
drosa (2009), os cuidados que de- ção cruzada e, portanto, de-
vem ser tomado no acesso venoso vem ser desinfetados com ál-
periférico, são: cool 70% antes e após cada
 Lavagem das mãos com água e procedimento. Caso o paciente
sabão, antes e após a punção esteja em precauções de con-
venosa; tato, seu uso deve ser desti-
nado somente a este paciente.
 Calçar luvas de procedimento,
como medida de biossegu-  Preparo da pele – caso haja su-
rança. O uso de luvas não jidade visível, lavar a área an-
substitui a necessidade de hi- tes com água e sabão, e secar.
gienização das mãos; Usar álcool a 70%, no sentido
do retorno venoso. É muito
 Escolha do sítio - é um dos
importante, lembrar de não
mais importantes aspectos,
mais palpar o local de punção
deve-se considerar o calibre e
após a antissepsia. Se necessá-
a localização da veia, tipo e du-
rio, aparar os pelos com te-
ração do tratamento. A punção
soura, pois a utilização de lâ-
deve ser iniciada sempre da
minas não é recomendada, por

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CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

provocar micro lacerações na  Preparar a medicação injetável


pele, aumentando o risco de imediatamente antes do uso;
infecção.  Observar a temperatura, horá-
 Troca do acesso e linha venosa rio e dose corretos. Toda solu-
- o acesso venoso deve ser da- ção deve ser inspecionada an-
tado e assinado pelo profissio- tes da administração, obser-
nal, assim como toda a linha vando-se turvação, alteração
venosa. da cor e modificação do as-
pecto habitual;
Conforme Martin e Segre  Realizar desinfecção com gaze
(2010), o principais cuidados na ma- estéril e álcool a 70% dos inje-
nutenção dos cateteres, são: tores e das conexões do cir-
 Remover os dispositivos intra- cuito, usando a própria gaze
vasculares assim que seu uso para abrir a conexão.
não for necessário;  O número de conexões deve
 Monitorar o sítio de inserção ser o menor possível, redu-
dos cateteres a cada plantão; zindo a manipulação do sis-
 Realizar curativo diário com tema.
clorexidina alcoólica 0,5% no  Caso aconteça a saída de parte
cateter venoso central. Para o do cateter, este não deverá
cateter venoso periférico uti- mais ser reposicionado;
lizar álcool 70%;  Em caso de refluxo de sangue
 Trocar o curativo sempre que para o equipamento, lavá-lo
estiver úmido, sujo ou solto. imediatamente. Na presença
Na troca de curativo, realizar de sangue aderido, trocar o e-
inspeção do local de inserção, quipamento.
atentando para sinais de infec-
Para Martin (2010), os enfer-
ção local.
meiros devem trocar o acesso ve-
Segundo Segre (2010), é muito noso em caso de sintomas de infla-
importante estar atento a prevenção mação (hiperemia, calor, dor, edema
de contaminação do sistema, através e / ou secreção purulenta) ou febre
dos seguintes procedimentos: (sem foco claro). Além de, realizar a
 Não perfurar o frasco de solu- cultura de ponta de cateter ACM,
ção parenteral com agulha; apenas simultaneamente com a he-
 Ampolas de uso único devem mocultura.
ser descartadas depois de
abertas porque não possuem
conservantes;
 Realizar desinfecção do
frasco/ampola com álcool a
70% antes de abri-lo;

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CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

3. Limpeza e Esterilização de Desinfecção de Arti-


gos e Antissepsia.

Fonte: www.diferenca.com3

D e acordo com Marcondes e


Montanari (2020), a sobrevi-
vência de microrganismos em su-
das pelas formas bacterianas espo-
ruladas. Essa resistência se deve à
estrutura específica e à baixa perme-
perfícies ambientais e instrumentos abilidade da parede celular. Essa
cirúrgicos está relacionada à disse- propriedade se deve à presença de
minação de infecções hospitalares. uma parede celular, que é composta
Estima-se que essa situação cause por alto teor de ácido micólico e lipí-
um grande número de mortes por dico, que pode atuar como barreira
infecções hospitalares a cada ano. O aos reagentes químicos. Sendo as-
reprocessamento eficaz pode inter- sim, conclui-se que a fonte de infec-
ferir neste problema. ção envolvendo microbactérias não
Vários estudos mostraram que tuberculosas não foi claramente de-
as microbactérias são amplamente finida. Observa-se a falha no repro-
consideradas as mais resistentes a cessamento dos instrumentos cirúr-
desinfetantes e esterilizantes, segui- gicos, possível poluição da água ou

3 Retirado em www.diferenca.com

18
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

quem sabe a ineficácia dos antimi- podem ser adquiridos e transferidos


crobianos na eliminação de micror- para um paciente através de instru-
ganismos. mentos auxiliares usados durante a
Em geral, os laparoscópios rí- cirurgia.
gidos e os artroscópios são retos, O reprocessamento de artigos
possuem uma superfície metálica de médicos necessitam de uma limpeza
aço inoxidável lisa e não têm cavida- manual perfeita. A perfeição da lim-
des ou dobradiças. No entanto, o peza manual de lumens estreitos e
equipamento auxiliar usado para ci- peças difíceis de limpar (como as ar-
rurgia minimamente invasiva (como ticulações e superfícies onduladas) é
tesouras e pinças) tem uma estru- muito importante porque a matéria
tura tubular com lúmens internos, o orgânica residual pode interferir na
que infelizmente, dificulta a limpeza eficácia do esterilizador ou desinfe-
caso não possam ser desmontados tante. Todo esforço deve ser feito
(GOMES, 2017). para impedir que a matéria orgânica
Conforme Kavanagh (2011), a não seque dentro do instrumento,
presença de resíduos de tecidos e pois a eficácia da limpeza pode ser
outros fluidos corporais causará a reduzida na presença de sangue res-
formação de uma camada orgânica, secado. Quando a peça fica suja e
e a remoção dessa camada orgânica seca por muito tempo, é difícil remo-
pode ser mais difícil, piorando a si- ver a sujeira. Portanto, a limpeza de
tuação com a formação de biofilmes. peças com cavidades estreitas é o
O biofilme é uma forma de tecido principal desafio das unidades de re-
bacteriano no qual as bactérias ade- processamento em hospitais, e a uti-
rem rapidamente a uma superfície lização de lavadoras automáticas
úmida e formam uma colônia orga- com dispositivos de conexão para
nizada de células cercada por uma artigos restritos são uma boa opção.
matriz. A matriz é composta princi- Devido à resistência dos biofilmes a
palmente de polissacarídeos, que antibióticos, desinfetantes e bioci-
podem promover a adesão à superfí- das, os métodos químicos por si só
cie. A presença de sujidade também são geralmente ineficazes. Pois, as
pode favorecer a coleta adicional de bactérias em biofilmes são 1.000 ve-
sujidade podendo chegar a uma den- zes mais resistentes a agentes anti-
sidade crítica, que fazem como que bacterianos do que as mesmas
os fragmentos de biofilme se soltem (SILVA e COVAS, 2014).
devido ao processo de despolimeri- Segundo Resende (2011), os
zação. Sendo assim, os fragmentos detergentes enzimáticos são muito

19
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

recomendados para realizar a lim- Sendo assim, a limpeza ultrassônica


peza de artigos, pois dependendo da é considerada um método mais efe-
formulação do detergente ajudam a tivo de remoção da sujidade que a
remover proteínas, lípides e carboi- fricção manual, aumentando a pro-
dratos. As formulas desses tipos de babilidade de sucesso da esteriliza-
detergentes podem conter diversas ção. A combinação do tratamento
combinações de proteases, lipases e ultrassônico e do forte fluxo de uma
amilases, e a presença dessas enzi- grande quantidade de líquido em
mas contribui para as propriedades alta temperatura, e o uso de disposi-
proteináceas dos detergentes enzi- tivos de acessório de retrofluxo me-
máticos. Portanto, para remover to- lhoram a eficiência da limpeza das
talmente essas proteínas após a lim- lavadoras automáticas.
peza, um enxague rigoroso é neces- De acordo com Marcondes, o
sário, pois pode ajudar a aumentar a enxague é importante e necessário
concentração de proteínas no pro- para remover todos os resíduos de
duto. Além disso, muitos detergen- detergente e outras substâncias. A
tes enzimáticos precisam de um qualidade da água deve ser levada
tempo mínimo de contato/tempera- em conta durante todo o processo de
tura para serem capazes de remover limpeza. Alguns hospitais usam sis-
a sujeira corretamente. temas de produção centralizada de
Para Marcondes e Montanari água filtrada, mas a água da torneira
(2020), as lavadoras ultrassônicas é o líquido mais usado no processo
produzem ondas sonoras inaudíveis de enxague. A dureza da água, a tem-
de 20 a 120 kHz, que demandam peratura e o tipo de sujeira afetarão
meio líquido. Normalmente, algum a eficácia do agente de limpeza e, em
tipo de detergente neutro é adicio- consequência, na eficácia do pro-
nado à água para transmitir efetiva- cesso de limpeza. As partículas de
mente as ondas sonoras. Dessa água variam de uma área geográfica
forma, ondas de alta energia for- para outra e entre estações na
mam cavidades minúsculas (bo- mesma área. Depois de enxaguar os
lhas), que crescem e explodem. artigos, a limpeza e as condições de
Como resultado desse fenômeno, uso devem ser verificadas visual-
cria-se um vácuo, que cria uma área mente e, em seguida, serem coloca-
de sucção local, que suga o resíduo dos para secar. As gotículas de água
preso à superfície do artigo e, em se- que permanecem no produto são
guida, o libera e remove. Esse meca- condições favoráveis para a sobrevi-
nismo é denominado de cavitação. vência e crescimento de bactérias,

20
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

inibem o efeito do óxido de etileno e esterilização pode falhar (KAVA-


outros processos de esterilização, di- NAGH, 2011).
luem o desinfetante químico líquido, Conforme Slavish (2012), em-
podendo causar ferrugem ou man- bora seja bem conhecido que a falha
chas na superfície do produto. Resu- dos procedimentos convencionais
mindo, a avaliação do efeito de lim- pode causar infecções múltiplas, é
peza é um processo complexo com difícil calcular o impacto das melho-
vários fatores interdependentes, que rias nos métodos de descontamina-
são: ção. A implementação de métodos
 Qualidade da água; eficazes de limpeza manual ou auto-
 Tipo e qualidade dos agentes e mática deve contribuir para o su-
acessórios de limpeza; cesso da esterilização até que dados
 Manuseio e preparação dos precisos sobre a eficácia do esterili-
materiais para limpeza; zante contra microbactérias de cres-
 Método manual ou mecânico cimento rápido sejam obtidos.
usado para limpeza, o enxágue
e a secagem do material;
 Parâmetros de tempo-tempe- 3.1. Orientações para Lim-
ratura dos equipamentos de peza de Instrumental Ci-
limpeza mecânica; rúrgico
 Posicionamento do material;
 Configuração da carga para os Segundo Resende (2011), a
ciclos nos equipamentos me-
limpeza manual no centro cirúrgico,
cânicos.
deve ser feita de acordo com os se-
A esterilização a vapor tem guintes critérios:
uma grande margem de segurança e  Imergir o instrumental cirúr-
capacidade efetiva de morte micro- gico em recipiente contendo
solução com detergente e água
biana, levam a falta de consciência potável morna (entre 30º e
do impacto da limpeza insuficiente. 40º Celsius), conforme a ori-
Porque a limpeza contínua inade- entação do fabricante.
quada resultará no aumento de resí-  Injetar essa solução dentro do
duos após o uso repetido do instru- lúmen do instrumental com
mento, resultando em falha na este- uma seringa de 20ml;
rilização a vapor. Portanto, a esteri-  Encaminhar o instrumental ci-
rúrgico para o Centro de Mate-
lização a vapor é muito forte, mas se
rial e Esterilização – CME,
a quantidade residual de materiais imediatamente após o término
orgânicos/inorgânicos for grande, a da cirurgia.

21
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

Para, a limpeza manual no do instrumental com água po-


centro de material de esterilização, tável sob pressão;
deve seguir os seguintes critérios:  Enxaguar a superfície interna
dos lumens injetando água po-
 Diluir nova solução de deter-
tável sob pressão pelo menos 5
gente, conforme a orientação
vezes.
do fabricante, adicionando
água potável morna (entre 30º
e 40º Celsius); De acordo com Silva (2014),
 Imergir todo o instrumental para realizar a limpeza automati-
cirúrgico na solução de deter- zada ultrassônica corretamente, é
gente, lembrando de injetar preciso colocar o instrumental cirúr-
essa solução também dentro gico com lúmen, desmontado, numa
do lúmen dos mesmos com lavadora ultrassônica, e iniciar o ci-
uma seringa de 20ml, man-
clo, conforme a orientação do fabri-
tendo a solução em contato
com o instrumental por no mí- cante. Após a lavagem, é necessário
nimo 3 minutos ou conforme a enxaguar todo o instrumental cirúr-
orientação do fabricante; gico em água corrente, instilando
 Friccionar a superfície externa água sob pressão, certificando-se
de cada instrumental com uma posteriormente da ausência de suji-
esponja macia, no mínimo 5 dade. Para o procedimento de seca-
vezes, do sentido proximal
gem, é necessário colocar o instru-
para o distal. Repetir esse pro-
cedimento até a eliminação de mental cirúrgico sobre um pano
sujidade visível, certificando- branco e limpo, e secar cada instru-
se de que todas as reentrâncias mental externa e internamente com
foram lavadas; ar sob pressão. Ainda de acordo com
 Friccionar a superfície interna o autor a inspeção deve ser feita da
de cada lúmen com uma es- seguinte forma:
cova macia, ajustada ao tama-
 Verificar a presença de suji-
nho do lúmen, no mínimo 5
dade sobre o pano branco;
vezes, do sentido proximal
para o distal. Repetir esse pro-  Verificar a presença de suji-
cedimento até a eliminação de dade a olho nu, analisando o
sujidade visível; instrumental do sentido proxi-
mal para o distal;
 Pinças de vídeo-cirurgia de-
vem ser lavadas com seringa  Verificar a presença de suji-
conectada a dispositivo de la- dade com o auxílio de uma
vagem por retrofluxo fazendo- lupa, analisando o instrumen-
se 5 jatos sequenciais; tal do sentido proximal para o
distal.
 Enxaguar a superfície externa

22
23
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

4. Medidas Padrão de Prevenção

Fonte: en.as.com4

D e acordo com Carrara, Strabelli


e Uip (2017), os profissionais
de saúde enfrentam vários riscos
saúde e lavagem cuidadosa das
mãos.

ocupacionais. A adoção de medidas 4.1. Equipamento de Pro-


preventivas padronizadas ou teção Individual (EPI)
universais, medidas preventivas
básicas, e adotadas em toda a Conforme Silva e Covas
assistência médica, são regras de (2014), os equipamentos de
biossegurança que podem evitar que proteção individual, inclui um ou
os profissionais infectem ou atuem mais dispositivos para proteger os
como vetor de microrganismos profissionais de diferentes áreas e da
patogênicos para outros pacientes contaminação por microrganismos
ou seus familiares. Essas medidas patogênicos. O EPI também pode
incluem o uso de equipamentos de proteger os pacientes da
proteção individual (EPI), contaminação por patógenos atreves
imunização dos profissionais de da equipe profissional e outros

4 Retirado em en.as.com

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CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

pacientes (contaminação cruzada). camada de proteção, sendo


Existem legislações específicas para trocada no final de cada
o uso de equipamentos de proteção período de trabalho ou se ficar
umedecida ou quando
individual, uma delas é a Norma
observar-se contaminação. No
Regulamentadora - NR 6, da atendimento a pacientes com
Portaria 3214/78 do Ministério do tuberculose ativa e no
Trabalho, que considera como EPI manuseio de produtos quí-
“todo dispositivo de uso individual micos, utilizar máscaras
de fabricação nacional ou especiais.
estrangeira, destinado a proteger a  Gorro – é barreira mecânica
saúde e integridade física do contra a contaminação por
secreções e aerossóis, além de
trabalhador.” De acordo com a impedir a queda de cabelo nas
portaria citada as normas de uso de áreas de procedimento.
EPI, são: Preferencialmente
 Avental – pode prevenir o descartável, trocado a cada
contato com sangue e outros turno de trabalho.
líquidos orgânicos, bem como  Protetor ocular – é utilizado
prevenir a umidade gerada por em procedimentos de limpeza
aerossóis e cuidados com o e desinfecção de objetos e
paciente, procedimentos de superfícies, bem como no
limpeza e desinfecção de atendimento de pacientes
artigos e superfícies, e respin- onde haja risco de contami-
gos causados por acidentes nação por secreções, aerossóis
térmicos, mecânicos e e produtos químicos. Protege
químicos. Recomenda-se o de os olhos do impacto de
mangas longas, descartável. O partículas volantes, de
impermeável deve ser usado luminosidade intensa, de
nos procedimentos de limpeza radiação ultravioleta e de
e desinfecção de artigos e respingos de produtos
superfícies, sendo que para o químicos e material biológico.
profissional de limpeza Deve ser confortável, ter boa
protege a roupa contra vedação, ser transparente,
umidade. O avental plum- permitir lavagem com água e
bífero protege profis-sional e sabão líquido e desinfecção
pacientes de exposição quando indicada. Recomen-
radiológica. dado ao paciente quando
 Máscara – deve cobrir a boca e houver possibilidade de
o nariz, permitindo respiração acidente físico, químico ou
normal sem irritar a pele. Deve biológico. O protetor ocular
ser descartável, com tripla pode ser substituído pelo

25
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

protetor facial, fabricado em profissional de limpeza em


policarbonato. suas atividades e de qualquer
 Luva – indispensáveis para contato direto ou indireto com
proteger o profissional em material orgânico (sangue,
suas atividades de contato secreções, excretas, tecidos);
direto ou indireto com matéria luvas de plástico, são usadas
orgânica (sangue, secreções, como sobre luvas para
tecidos). Devem ser de boa manuseio de artigos fora do
qualidade e usadas em todos campo de trabalho; luvas
os procedimentos. São antitérmicas, usadas na
barreiras físicas contra a Central de Material Este-
contaminação cruzada e dos rilizado (CME), protegem de
profissionais da saúde, acidentes no manuseio de
reduzindo severamente os embalagens aquecidas duran-
riscos ocupacionais. Protegem te o processo de esterilização.
as mãos contra agentes  Calçados – usados para
abrasivos, escoriantes, cortan- proteção dos pés contra
tes, perfurantes, quími-cos, acidentes com eletricidade e
biológicos, térmicos e contra agentes químicos,
elétricos. Os principais tipos: térmicos, cortantes, escori-
luvas de procedimentos, antes, além de proteger da
normalmente de látex, não umidade quando da execução
estéreis e indicadas para de ações que utilizem água.
proteção profissional durante Devem ser fechados e com
procedimentos clínicos de solado antiderrapante.
rotina, em situações onde não
haja risco de contaminação Segundo Marcondes e
para o paciente; luvas Montanari (2020), os equipamento
cirúrgicas, são estéreis e
de proteção individual não
indicadas para procedimentos
cirúrgicos, curativos, suturas, descartáveis são de uso individual.
ordenha e outros proce- Quando o EPI for atingido por
dimentos invasivos, e devem sangue ou secreções, deve ser
ser descartadas a cada substituído imediatamente e reali-
atendimento; luvas grossas de zada a higienização. Diaria-mente,
PVC, são utilizadas nos os calçados, luvas e avental de
procedimentos de limpeza e
borracha devem ser lavados,
desinfecção de artigos e
superfícies, protege por desinfetados, secos e armazenados
períodos de longo contato com em local arejado. Para conforto e
produtos químicos e são proteção dos pés, utilizar meias
indispensáveis para proteger o quando do uso do calçado

26
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

impermeável. A escolha do EPI alavancas ou pedais, pois não


dependerá do procedimento a ser requerem o uso de papel toalha.
realizado pelo profissional. Para Conforme Carrara, Strabelli e
situações incomuns, aplicar o bom Uip (2017), a técnica adequada de
senso para a escolha dos compo- higienização das mãos, é a seguinte:
nentes do EPI.  Abrir a torneira com a mão
não dominante ou pedal e
4.2. Higienização das Mãos molhar as mãos, sem
encostar-se na pia ou lavató-
rio;
Para Lins e Veronese (2018), a
 Ensaboar as mãos, friccio-
higienização das mãos é um ato
nando a palma, o dorso, os
simples e fundamental para espaços interdigitais, polegar,
prevenção e controle de infecção nos articulações, unhas e extremi-
serviços de saúde. Usar a técnica dades, dedos, punhos;
certa para lavar as mãos com água e  Enxaguar as mãos;
sabão, pode interromper a cadeia de  Fechar a torneira com o auxí-
transmissão da infecção entre lio de papel toalha.
pacientes e profissionais de saúde.
Essa prática deve ser realizada entre 4.3. Processamento de Super-
procedimentos, antes e após o fícies
atendimento individual, ao adentrar
Segundo Carrara (2017), a
e antes de sair do ambiente de
limpeza é o processo de remoção da
trabalho, antes e após uso do
sujeira aplicando mecanicamente
banheiro, antes de calçar as luvas
(por fricção) produtos químicos
para não contaminá-las, e após o uso
como água e sabão). Consiste na
de luvas também, pois essas
limpeza de todas as superfícies fixas
frequentemente têm micro furos.
verticais e horizontais e
De acordo com Couto e
equipamentos permanentes das
Pedrosa (2017), acessórios (anéis,
diversas áreas das Unidades de
pulseiras, relógios) que podem ser
Saúde. Inclui pisos, paredes,
usados como reservatórios
divisórias, janelas, portas, mobili-
microbianos devem ser removidos.
ários, escadas, suportes, sanitários,
As unhas devem ser sempre bem
grades de aparelhos de ar
aparadas porque podem conter
condicionado, ventiladores, exaus-
microrganismos que causam
tores, aparelho telefônico, de
infecções. O ideal é que as torneiras
responsabilidade dos auxiliares de
do lavatório sejam acionadas por
serviços gerais. Em cada área, a

27
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

limpeza dos equipamentos odonto-  Áreas semicríticas (SC) – são


lógicos, médico e hospitalares é de as áreas ocupadas por
responsabilidade de auxiliares e pacientes com doenças
profissionais técnicos. infecciosas de baixa
transmissibilidade e doenças
Para autores como Strabelli e
não infecciosas, isto é, aquelas
Uip (2017), a desinfecção é um áreas ocupadas por pacientes
processo aplicado em superfícies que não exijam cuidados
inertes, que pode eliminar intensivos ou de isolamento.
microrganismos na forma Como por exemplo, os
vegetativa, mas não garante a consultórios, sala de espera,
eliminação completa dos esporos sala de aerossol.
 Áreas não-críticas (NC) – são
bacterianos. Pode ser feita por meio
as áreas não ocupadas por
de processos químicos ou físicos, pacientes e onde não se realiza
aplicável a determinadas procedimento de risco. Como
superfícies, dependendo da sua por exemplo as áreas
classificação. Antes da limpeza, a administrativas, refeitório.
superfície ou área deve ser
classificada quanto ao uso (crítico, Conforme Lins e Veronese
semicrítico e não crítico) e a (2018), a classificação por tipos de
presença ou ausência de matéria limpeza, é a seguinte:
orgânica.  Limpeza concorrente – é o
De acordo com Uip (2017), a processo de limpeza diária de
todas as áreas da Unidade de
classificação por área é a seguinte:
Saúde, objetivando a
 Áreas críticas (C) – são áreas manutenção do asseio,
que oferecem maior risco de abastecimento e reposição dos
transmissão de infecções, ou materiais de consumo diário
seja, áreas onde se realizam (sabonete líquido, papel
procedimentos invasivos e/ou higiênico, papel toalha e
que atendam pacientes com outros) e coleta de resíduos.
sistema imunológico Alguns itens do mobiliário,
comprometido, ou ainda como leito, equipamento
aquelas áreas que por sua odontológico, mesa
especificidade devem ter a ginecológica, mesa de
presença de microrganismos procedimentos, maca, cadeira
patogênicos minimizada. de rodas e prancha devem ser
Como por exemplo a sala de limpos e desinfetados a cada
urgência, sala de curativo, troca de paciente.
consultório odontológico, sala  Limpeza terminal – é o
de vacina. procedimento de limpeza e/ou

28
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

desinfecção de toda a Unidade esterilização, assegurando e-


de Saúde, objetivando a conomia de pessoal, material e
redução da sujidade e, tempo;
consequentemente da  Treinar pessoal para as
população microbiana, redu- atividades específicas do setor,
zindo a possibilidade de conferindo-lhe maior produti-
contaminação ambiental. É vidade;
realizada periodicamente de  Facilitar o controle do consu-
acordo com a criticidade das mo, qualidade do material e
áreas (crítica, semicrítica e das técnicas de esterilização,
não-crítica), com data, dia da aumentando a segurança do
semana e horário pré- uso;
estabelecido em cronograma  Oferecer subsídios para o
mensal. Inclui todas as ensino e o desenvolvimento de
superfícies e mobiliários. pesquisas;
 Segundo Lins e Veronese  Manter reserva de material
(2018), a desinfecção de para o pronto atendimento das
superfícies fixas horizontais e necessidades das unidades de
verticais inclui limpeza com serviço.
luvas adequadas, limpeza com
água e sabão líquido, enxágue De acordo com Veronese
com pano umedecido em água
(2018), a Central de Material
potável, secagem e uso de
produtos padronizados CCI- Esterilizado (CME) compreende as
SMS. seguintes áreas:
 Expurgo – área onde é feita a
4.4. Central de Material Este- recepção, limpeza e
rilizado (CME) desinfecção de todo o material
contaminado e sujo da
Para Lins (2018), as principais Unidade de Saúde, logo após o
seu recebimento e nos
finalidades da Central de Material
horários preconizados na
Esterilizado (CME) são: rotina do serviço de saúde. A
padronização do horário de
 Centralizar o material, esterili- recebimento de materiais é
zado ou não, tornando mais muito importante para
fácil seu processamento, com- organizar a dinâmica de
servação, manutenção e trabalho e beneficiar os
distribuição para as unidades colaboradores no
de serviço; desenvolvimento de
 Executar técnicas de limpeza, procedimentos técnicos.
preparo, empacotamento e  Preparo de materiais – área

29
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

onde é feita a revisão, seleção, em número suficiente para


preparo e acondicionamento atender a demanda dos
do material utilizado em toda materiais necessários à
Unidade de Saúde. Deve Unidade de Saúde e em
possuir amplitude suficiente condições adequadas de
para abrigar a quantidade e a limpeza interna e externa.
diversidade dos materiais da Deve ter espaço suficiente
Unidade de Saúde. A para instalação dos
iluminação deve ser suficiente equipamentos e para a
para uma perfeita triagem, colocação e retirada de carga
inspeção e seleção de de material. Devido ao risco de
materiais, combinando a luz queimaduras pelo contato com
natural com a artificial, o equipamento e materiais
evitando sombras e reflexos. A quentes, recomenda-se o uso
embalagem deve ser de luvas antitérmicas de cano
selecionada de acordo com o longo para proteção de mãos e
tamanho, forma e finalidade braços.
do material, e sempre. O  Armazenamento e
conteúdo das embalagens é distribuição – é a área que
padronizado por tipo de centraliza todo o material
procedimento. É necessário processado e esterilizado, para
investigar os materiais posterior distribuição às
utilizados diariamente pela unidades consumidoras. Para
unidade de serviço e preparar o material conservar sua
o controle interno dos condição estéril, o ambiente
materiais a serem esterili- deve oferecer condições ade-
zados. Serão encami-nhados à quadas de armazenamento
área de esterilização os que evitem riscos de recon-
pacotes necessários à taminação. Área restrita aos
reposição do estoque da área funcionários que aí trabalham,
de distribuição, evitando-se o diminuindo a circulação de
acúmulo de materiais pessoas e consequentemente a
esterilizados nesta área. Cada conta-minação do ambiente.
pacote a ser esterilizado deve Importante estabelecer rotina
ser identificado durante o de entrega ou distribuição dos
preparo (nome do funcionário, artigos processados.
tipo de artigo, data do
preparo).
 Esterilização – é a área onde
estão localizados os equipa-
mentos de esterilização,
principalmente autoclaves e
estufas, as quais deverão ser

30
31
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

5. Investigações e Controle de Surtos

Fonte: br.sputniknews.com5

C onforme Marcondes e Monta-


nari (2020), a investigação de
surtos é o estudo epidemiológico
der rapidamente, o efeito de preven-
ção será mais eficaz. Através da in-
vestigação de surtos é possível inter-
prático mais utilizado na equipe de romper a sua ocorrência e prevenir o
saúde. A importância está na neces- surgimento de novos casos.
sidade de interromper a fonte de Segundo Marcondes (2020),
transmissão e eliminar o risco de os principais objetivos da investiga-
propagação da doença a outras pes- ção e controle de surtos são:
soas, reduzir a gravidade do pro-  Identificar sua etiologia;
blema e formular medidas para con-  Identificar as fontes e modos
trolar e prevenir futuros surtos. Se a de transmissão;
epidemia for detectada o mais cedo  Identificar os grupos expostos
possível e determinada pela habili- a maior risco;
 Implementar medidas de con-
dade da equipe relevante em respon-
trole.

5 Retirado em br.sputniknews.com

32
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

Para Montanari (2020), um mos multirresistentes ou mu-


surto é uma epidemia confinada a dança do padrão de sensibili-
uma área local, representando um dade dos microrganismos.
aumento inesperado na incidência
Conforme Couto e Pedrosa
da doença. A epidemia envolve mais
(2017), as principais características
pessoas em uma área geográfica
dos surtos, são:
mais ampla. Em termos de infecções
relacionadas à assistência à saúde,  Fonte comum – microrganis-
mos transportados pela água,
um surto é um aumento inesperado
pelos alimentos, ar, medica-
de infecções conhecidas ou novas in- mentos, produtos ou equipa-
fecções. mentos;
Os surtos podem envolver ca-  Fonte progressiva – transmis-
sos de infecção ou colonização. são direta/indireta de um mi-
Ainda de acordo com o autor, os crorganismo de um indivíduo
pseudosurtos são falsos surtos, que colonizado ou infectado, para
um indivíduo susceptível.
geralmente são causados por altera-
ções nos procedimentos de rotina ou
Segundo Couto (2017), a ocor-
falha nos procedimentos diagnósti-
rência de surtos de IRAS está relaci-
cos, ou seja, há um resultado micro-
onada a vários fatores, incluindo as
biológico positivo, mas não clinica-
condições inerentes ao paciente (do-
mente relacionado à descoberta.
enças potenciais e comorbidades) e
De acordo com Kavanagh
intervenções de tratamento por
(2011), é importante prestar atenção
equipamentos, instrumentos e arti-
a alguns sinais que podem indicar o
gos, bem como o uso de antimicrobi-
aparecimento de um surto, afim de
anos e manipulação dos profissio-
favorecer a intervenção precoce, evi-
nais de saúde.
tando que a investigação seja inici-
Como todos sabemos, as pes-
ada quando já houve a ocorrência de
soas com maior probabilidade de se-
muitos casos. Os principais sinais
rem infectadas no hospital são aque-
são:
las que recebem tratamento inva-
 Os níveis endêmicos de infec- sivo, que estão debilitadas, princi-
ção são ultrapassados;
palmente pessoas com imunidade
 Isolamento de microrganis-
mos pouco comuns; enfraquecida, incluindo recém-nas-
 Identificação de sítios de in- cidos, idosos, pacientes transplanta-
fecção pouco comuns; dos e pacientes em Unidade de Tera-
 Isolamento de microrganis- pia Intensiva (UTI).

33
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

Para Pedrosa (2017), a investi- serviço relacionadas ao proce-


gação e controle de surtos, deve se- dimento ou localização topo-
guir as seguintes etapas: gráfica do agravo investigado.
 Conhecer e controlar as fontes
 Confirmar a existência do
de transmissão, os fatores de
surto;
risco e pontos específicos de
 Iniciar registros da investiga-
propagação da infecção.
ção por escrito;
 Obter conhecimento disponí-
 Estabelecer uma definição de
vel acerca da doença/agente
caso;
que se suspeita.
 Identificar e listar os casos;
 Caracterizar o surto em
tempo, lugar e pessoa;
 Formular hipóteses;
 Implementar medidas de con-
trole;
 Coletar amostras de pessoal ou
ambiente, quando indicado;
 Confirmar hipóteses;
 Monitorar a ocorrência de ca-
sos novos.

De acordo com Gomes (2017),


na investigação de surtos deve-se se-
guir os seguintes procedimentos:
 Obter conhecimento disponí-
vel acerca da doença/agente
que se suspeita.
 Comunicar os profissionais
das áreas afetadas e adminis-
tradores para garantir a coo-
peração durante a investiga-
ção.
 Instituir medidas de controle
gerais imediatas que envol-
vem: reforço para higiene das
mãos e higiene ambiental;
aplicação ou intensificação de
medidas de precauções especi-
ais (contato, aerossol, gotícu-
las), além de estabelecer sua
eficácia; revisão das rotinas do

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CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

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