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INTITUTO SUPERIOR DE ARTES E CULTURA

Faculdade de Estudos Culturais


Licenciatura em Cinema e Audiovisual

Disciplina: História do Cinema

Tema: O movimento documentarista: Contexto, evolução, característica e


contribuições para o cinema

Docente: Rosemery Nhachote Discentes:


Cesar Victorino Elisa Manuel Gadaga

Ernesto Chavane

Isac Marcos

Nelo João Mundai

Zito Assane
O movimento Documentarista

Índice
1.Introdução ............................................................................................................................................ 1
1.1.Objetivo Geral ............................................................................................................................... 2
1.2.Objectivo Especifico ..................................................................................................................... 2
3.Metodologia ......................................................................................................................................... 3
4.Contexto Histórico ............................................................................................................................... 4
4.1.O Movimento Documentarista ...................................................................................................... 5
5.Definição de Conceito.......................................................................................................................... 6
6.Contexto Político, Social e Cultural do documentário ......................................................................... 7
7.Gêneros ou tipos de Documentários e suas características .................................................................. 8
7.1. Teoria do Gênero ......................................................................................................................... 8
7.2. Características do movimento documentário ............................................................................... 8
7.3. Tipos de Documentários .............................................................................................................. 9
7.3.1.O modo de representação expositivo ..................................................................................... 9
7.3.2.O modo de representação poético .......................................................................................... 9
7.3.3.O modo de representação observativo ................................................................................. 10
7.3.4.O modo de representação participativo ................................................................................ 10
7.3.5.O modo de representação reflexivo...................................................................................... 10
7.3.6.O modo de representação performático ............................................................................... 11
8. Contribuições do Movimento Documentarista para o Cinema ......................................................... 12
9.Considerações Finais ......................................................................................................................... 13
9.Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 14

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1 O movimento Documentarista

1.Introdução

Importa a prior referir que o cinema nasceu a partir do documentário. Desde as produções dos
irmãos Lumière, que mostravam um trem chegando à estação ou trabalhadores saindo de uma
fábrica, até a mais moderna maneira de fazer esse tipo de gênero, passando por todas as
discussões éticas ou sobre a sua forma. Nessa lógica, o documentário permaneceu latente por
todos esses anos influenciando a dinâmica das sociedades, adestrando o olhar frente às questões
que propõe e também sobre as que o origina.
Este trabalho tem por objetivo geral, analisar o documentário ou movimento documentarista
desde a sua gênese até a modernidade. Especificamente com esse trabalho, pretende-se
demonstrar que, com o detalhamento e contextualização dos fatos evidenciados na linguagem
desse gênero midiático, é possível desenvolver o aspecto crítico dos membros de uma
determinada comunidade e dar-lhes condições de participar ativamente nas decisões sociais
que os envolvem.
No que tem a ver com a organização do trabalho o mesmo contém três partes, dentro do qual
inicialmente apresenta a presente nota introdutória, seguido pelos objectivos gerais,
específicos, a metodologia usada para a sua materialização. Em relação ao desenvolvimento,
apresenta a revisao da literatura, a definição dos conceitos de redes de compudores, o
desenvolvimento de aspectos centrais do tema ligados a tipologia de redes de comuputadores.
E na conclusão apresenta a síntese dos aspectos chaves, seguido pelas referências
bibliográficas.

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1.1.Objetivo Geral
 Compreender o processo de evolução do movimento Documentarista até a
modernidade;

1.2.Objectivo Especifico
 Apresentar a Revisão da literatura do movimento documentarista;
 Identificar os tipos ou gêneros do movimento documentarista e;
 Descrever as características dos gêneros do documentário.

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3.Metodologia
São os procedimentos de investigação usados para a materialização do trabalho científico.
Quanto a abordagem, a Pesquisa é Qualitativa pelo facto de buscar opiniões e o significado dos
conceitos, baseando-se na interpretação dos envolventes da pesquisa, e considera ainda que há
uma relação entre o mundo real e o sujeito.

No que diz respeito aos procedimentos técnicos e meios, pautou-se pela pesquisa bibliográfica,
porque recorreu-se ao material acessível na literatura, sejam livros, teses. Nessa lógica, durante
a consecução do trabalho em referência, pautou-se pela consulta de diferentes materiais
disponíveis nas plataformas digitais que abordam sobre o movimento documentarista, tomando
em consideração a literatura ideal para o efeito. Portanto, a selecção criteriosa das informações
úteis, foi determinante para a organização dos conteúdos que perfazem o trabalho. Não só mas
também, o tratamento e análise das informações relevantes para o efeito.

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4.Contexto Histórico
O documentário surgiu da característica original do cinema de registrar os acontecimentos
cotidianos das pessoas e animais. Nessa lógica, as primeiras evidências históricas, enquanto
gênero cinematográfico, surgiram com o norte americano Robert Flaherty, o qual acompanhou
a vida dos esquimós do norte do Canadá de 1912 a 1919 e lançou o filme Nanouk, o esquimó,
em 19221. Para o autor acima descrito, o Robert Flaherty, DzigaVertov e John Grierson são os
pioneiros na história do documentário mundial, embora nenhum deles se reconhecia como
documentarista e nem diziam produzir documentários.

Noutra visão, estudiosos da área afirmam que o documentário começou a ganhar


reconhecimento enquanto forma cinematográfica distinta a partir dos anos 1920, mas,
sobretudo, durante os anos 1930. Para Bill Nichols (2008), era fundamental que a voz do
cineasta se fizesse presente nos filmes para que esta nova modalidade de cinema pudesse ser
reconhecida
Modesta parte, há uma corrente que defende que o nascimento do cinema nos Estados Unidos
está associado ao Thomas Edison, e o documentário foi a primeira opção para a captação da
realidade tal qual ela era aos nossos olhos.
Para alguns autores, o início da história do documentário está relacionado ao surgimento da
história do próprio cinema (Hallak, 2009), quando, por exemplo, os irmãos Lumière buscavam
fazer registros documentais do cotidiano nos centros urbanos num contexto em que uma
locomotiva que chega à estação ou os operários que saem de uma fábrica. De facto, são os
documentos que os irmãos Lumière deixaram para a posteridade, depois da invenção do
cinematógrafo.

1
Zandonade V; Fagundes M C J (2003) O vídeo documentário como instrumento de mobilização social.

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4.1.O Movimento Documentarista


O movimento documentarista iniciou com o percursor, John Grierson (1898-1972), fundador
do movimento documentarista britânico dos anos 30 na edição de 8 de Fevereiro de 1926
de The New York Sun, tendo publicado um texto sobre o filme Moana (1926), de Robert
Flaherty intitulado “Flaherty's Poetic Moan”'. Portanto, foi neste texto que, pela primeira vez,
usou o termo ``documentário''. Portanto, esse valor documental resulta da relação que a imagem
estabelece com o que tem existência fora dela.
Esse seu “valor documental” ou o ``valor fotográfico'' é secundário em relação à sua poética, à
sua capacidade em transmitir a beleza e harmonia da relação que o homem estabelece com a
natureza circundante. Essa sua capacidade só é possível pelo manuseamento das técnicas
cinematográficas. Além disso, Flaherty coloca a ênfase em quem é filmado mostrando que o
Eu não é assim tão diferente do outro, ainda que esse outro viva num local distante e quase
inacessível. O outro é apresentado na sua condição humana, condição que é a mesma do eu.

A nível Social, Grierson colocou a estética ao serviço de uma educação nacional, o seu interesse
era o papel que o cinema podia desempenhar na sociedade, um dos realizadores da Escola de
Grierson - deixa clara a ideia de que estética e educação são partes interligadas nos filmes que
faziam.

Para Grierson, o documentário deve abordar os problemas sociais e económicos e a solução


para esses mesmos problemas. Embora admirador de Flaherty, Grierson questiona os seus
filmes por não apresentarem soluções para os problemas dos povos que filma. Grierson
encontrou no documentário princípios que lhe permitiram explorá-lo como instrumento de
utilidade pública.

Em suma, Grierson enfatiza a capacidade do documentário em captar a vida mas, o que mais
ressalta desses seus princípios é a tónica colocada na capacidade do documentário agir sobre a
sociedade, de ser um instrumento ao serviço de ideais, no caso, de educação nacional numa
Grã-Bretanha em recuperação e transformação. Para que o documentário se assuma
verdadeiramente como a melhor forma de interpelar o mundo, Grierson defende que um
cineasta não pode dedicar-se simultaneamente ao documentário e ao filme de estúdio.

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debate.html.acessado no dia 17 de fevereiro de 2022

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5.Definição de Conceito: Documentário

De acordo com Ramos (2013), é uma narrativa com imagens-câmera que estabelece asserções
sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa narrativa como asserção
sobre o mundo.
Dentro desse eixo comum, pode-se afirmar que o documentário é uma narrativa basicamente
composta por imagens-câmera, acompanhadas muitas vezes por imagens de animação,
carregadas de ruídos, música e fala (mas, no início de sua história, mudas), para as quais
olhamos (nós, espectadores) em busca de asserções sobre o mundo que nos é exterior, seja esse
mundo coisa ou pessoa..

Importa clarificar que a natureza das imagens-câmera e, principalmente, a dimensão da tomada


através da qual as imagens são constituídas determinam a singularidade da narrativa
documentária em meio a outros enunciados assertivos, escritos ou falados.

Nesse sentido, três elementos são destacados pelo autor para nortear uma compreensão do
documentário enquanto tal. O primeiro diz respeito ao conjunto variado de procedimentos
formais próprios que este assume para construir uma narrativa. O segundo é a intenção do
cineasta ao orientar esta construção, pelo esforço em estabelecer asserções sobre o mundo –
feita através de vozes diversas que falam de algum aspecto do mundo ou de si. Por fim, a
indexação social do gênero, definida por Ramos como sendo a recepção e a percepção do
público diante da obra (Ramos, 2013).2

2
RAMOS, Fernão Pessoa. Mas Afinal o que é mesmo documentário? São Paulo : Editora Senac São Paulo,
2008

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6.Contexto Político, Social e Cultural do documentário


Ao longo da segunda metade do século XX, os desenvolvimentos metodológicos nas ciências
sociais, e particularmente na ciência política, contribuíram para o aprofundamento do
conhecimento sobre atitudes e comportamentos políticos, incidindo de forma significativa no
incentivo e divulgação de investigações sobre atitudes e comportamentos eleitorais, ideologia
e políticas públicas, e ainda sobre a influência da personalidade na política, quer ao nível
individual, quer ao nível dos grupos sociais. Portanto, esses aspectos mencionados
influenciaram de forma significativa na produção do documentário.

O filme documentário é, um instrumento de pesquisa no âmbito dos estudos culturais em


articulação com o estudo da cultura política, uma vez confirmadas as qualidades estéticas de
representação nos domínios ideológico e político.
De acordo com Sebastião (2012), no pensamento pós-moderno, não podemos construir uma
história real linear, apenas imagens, pois o homem passa a ter experiências através da realidade
virtual.
A procura pelo significado do fenómeno cultural é enfatizado pelo trabalho interpretativo e
pelo texto que o acompanha não só pelo seu valor simbólico e cultural, mas também pelo
discurso ilustrativo que produz (Martin, 2002).
Para além disso, o filme documentário permite a confrontação geracional, a comparação entre
valores defendidos e tomadas de posição política ao longo do tempo, numa espécie de
aprendizagem com os erros ou divergências do passado

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7.Gêneros ou tipos de Documentários e suas características


7.1. Teoria do Gênero
A teoria de géneros inclui nas suas definições aspectos temáticos, narrativos e estéticos. O
projecto de Grierson não descurou nenhuma dessas virtudes. A obrigatoriedade em repetir-se
é o garante da sobrevivência de um género. E foi neste ponto que Grierson mais incidiu o seu
trabalho, promovendo a produção de documentários. E essa produção não podia ser feita sem
a definição do género que coloca cineastas e espectadores num território diferente do restante
cinema.

Genre, palavra francesa que significa ``categoria'', é um termo utilizado para uma classificação,
que facilita a produção, distribuição e exibição de filmes. Na teoria de géneros, impera mais a
permanência de determinados pressupostos que o carácter único dos filmes e o estilo exemplar
do seu autor. (Casetti,1993).

A constituição de qualquer género é (como em Grierson) mais autoritária que libertadora, pois
implica que os filmes partilhem características. Mas eles só podem ser isolados com base nas
`características principais' que só podem ser descobertas a partir dos próprios filmes depois de
terem sido isolados. Isto é, estamos apanhados num círculo que exige primeiro que os filmes
sejam isolados, para o que é necessário um critério, mas por sua vez supõe-se que o critério
deve emergir das características comuns dos filmes estabelecidos empiricamente

7.2. Características do movimento documentário


O documentarista Grierson, exaltou em Flaherty, no seu texto ``Flaherty's Poetic Moana'':
 A consciência artística e intenso sentimento poético são, de algum modo, as
características que Grierson refere como necessárias para o documentarista, num dos seus
textos mais citados: ``First principles of documentar, segundo o percursor o documentarista
não deve limitar-se ao registo da vida das pessoas, ele é responsável pela diferença entre os
filmes de actualidade e outras formas que utilizam o registo. Os outros filmes são apenas um
relato de acontecimentos; compete ser mais que isso, compete-lhe fazer um ``tratamento
criativo da realidade'', o que em Grierson é o mesmo que construir um filme apresentando
determinado problema e a solução governamental para esse mesmo problema. Em Grierson a
preocupação estética ía a par da função social e pedagógica dos filmes.

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7.3. Tipos de Documentários

Segundo (Nichols, 2005) a tradição do cinema documentário apresenta, em sua evolução


paradigmática, seis modos de representação: o expositivo, o poético, o observativo, o
participativo, o reflexivo e o performático.

7.3.1.O modo de representação expositivo


Cronologicamente, o primeiro modo de representação foi o expositivo, que tinha como
premissa mostrar o mundo de uma forma explicativa e até didática. O uso de uma voz over é
um fundamento do modo de representação expositivo e este modo tornou-se uma opção
clássica, típica de uma narrativa que não quer chamar a atenção para os seus procedimentos,
para a sua linguagem, e sim para o conteúdo. Modo fundador da expressão documental, o modo
expositivo tem um caráter centralizador do conhecimento exposto e busca apontar, de cima
para baixo, quais os caminhos argumentativos válidos para a compreensão de um fato ou
situação apresentados.

“Este documentário é o concebido por Grierson e pelos seus seguidores, ou seja,


pela sua escola. A característica essencial deste tipo de filme é a utilização de um
texto apresentado através da voz em off de um narrador. Este, apesar de estar
ausente da imagem, torna-se presente pela sua voz onipotente. Compete à locução
fornecer uma explicação para as imagens que se vêem no ecrã. Essas imagens são
a evidência irrefutável da argumentação aduzida pela voz do narrador, mesmo
quando se usa a reconstrução, a qual é permitida desde que sincera e justificável”.
(1999, p.59)

7.3.2.O modo de representação poético


Desenvolve-se simultaneamente ao modo expositivo, apesar de ter iniciado pouco depois.
“Esse modo enfatiza mais o estado de ânimo, o tom e o afeto do que as demonstrações de
conhecimento ou ações persuasivas” (Nichols, 2005:138). Assim, deixa de lado o caráter
explicativo e mesmo as relações de continuidade e de argumentação lógica sobreo mundo em
favor da contemplação, que “surge como a dissolução intensa dos limites do espaço e do
tempo e, por sua própria essência, ela é aquilo quetambém dissolve a separação sujeito-
objeto intrínseca a todo processo cognitivo.”(Ibri, 2008:228).

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7.3.3.O modo de representação observativo


O terceiro modo a surgir foi o observativo, em que se buscava um distanciamento como viés
ético de não-intervenção. “Preconizava que o autor nunca devia interferir nos acontecimentos,
não fazer uso de comentários, nem de entrevistas, nem de legendagens, nem recorrer à re-
constituição dos eventos.” (Penafria, 2004:210).
Segundo Nichols, o respeito a essa proposta de observação, tanto nas filmagens como na
montagem, “resultou em filmes sem comentário com voz-over, sem música ou efeitos sonoros
complementares, sem legendas, sem reconstituições históricas, sem situações repetidas para a
câmera e até sem entrevistas.” (Nichols, 2005:147).
Surgido no final dos anos 1950, este modo de representação está diretamente ligado ao
surgimento de novas tecnologias inexistentes até então. Foram fundamentais naquele momento
as câmeras cinematográficas mais leves, em especial as de bitola de 16mm, e os gravadores de
áudio portáteis, especialmente os Nagra, pois o desenvolvimento destes dois equipamentos
propiciou um cinema documentário mais solto, que podia se movimentar e ir até os fatos com
maior facilidade.

7.3.4.O modo de representação participativo


O quarto modo de representação é o participativo. Derivado de ideias de pesquisa participativa
vindas das ciências sociais e da antropologia, “O documentário participativo dá-nos uma ideia
do que é, para o cineasta, estar numa determinada situação e como aquela situação
consequentemente se altera” (Nichols, 2005b:153). Muitas vezes esse modo apresenta como
característica principal o uso de entrevistas. Quando assistimos a documentários participativos,
esperamos testemunhar o mundo histórico da maneira pela qual ele é representado por alguém
que nele se engaja ativamente, e não por alguém que observa discretamente, reconfigura
poeticamente ou monta argumentativamente esse mundo.” (Nichols, 2005:154).
Utilizando-se das mesmas evoluções tecnológicas que possibilitaram realizar as intenções
objetivantes do Cinema Direto, surgiu, também no final dos anos 1950, o estilo chamado de
Cinema Verdade, ou ainda, de interativo.

7.3.5.O modo de representação reflexivo


O modo reflexivo “mistura passagens observacionais com entrevistas, a voz sobreposta do
diretor com intertítulos, deixando patente o que esteve implícito o tempo todo: o documentário
sempre foi uma forma de re-presentação, e nunca uma janela aberta para a ‘realidade’”
(Nichols, 2005:49). Em certa medida, este modo enfatiza a participação do realizador e de sua

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equipe, que sempre se tornam evidentes, mais do que no modo participativo. Muitas vezes
assume um caráter de metalinguagem. O princípio ético é o mesmo do modo participativo,

mas extremado, sugerindo que o conhecimento do espectador do processo de realização do


filme torna mais ético esse processo. “Em lugar de ver o mundo por intermédio dos
documentários, os documentários reflexivos pedem-nos para ver o documentário pelo que ele
é: um construto ou representação” (Nichols, 2005b:163).

A reflexividade no cinema documentário criou filmes em que se tem um aumento da


complexidade nas formas apresentadas. Complexidade esta ligada ao imbricado propósito de
tornar aparentes os posicionamentos ideológicos e estéticos através da demonstração de várias
partes do processo de realização fílmica até se chegar no produto fílmico, em um jogo repleto
de elementos de metalinguagem.

7.3.6.O modo de representação performático


Por fim, o sexto modo de representação é o performático, tipicamente centrado na primeira
pessoa. “O documentário performático sobredetermina a reflexividade-participativa da
enunciação, constituindo-se através da subjetividade pessoal da performance, do próprio
encenar da representação pelo sujeito em frente da câmera” (Ramos, 2005:183-84). É como se
a ideia de recuo fosse tão intensificada que, eticamente, a única postura justificável fosse falar
de si mesmo.

Os princípios de representar voltado para si mesmo levam o documentário que opta por esse
tipo de performatização a dar pouca importância para a informação ou o conhecimento gerado
pelo filme. “Como o modo poético, o modo performático suscita questões sobre o que é
conhecimento.” (Nichols, 2005:169). O modo performático, questiona o que pode ser
conhecido e o que pode ser o conhecimento

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8. Contribuições do Movimento Documentarista para o Cinema


No texto “First Principles of Documentary”, a partir de onde se tornou famosa a definição de
documentário como o “tratamento criativo da realidade” pode ler-se:
 O documentário assume-se não apenas como uma arte nova, mas, também, vital. A
capacidade do cinema em se movimentar e fazer selecções a partir da própria vida tem sido
esquecida pelos estúdios; interpretar o mundo através do ecrã só poderá ser feito a partir dos
gestos do actor original ou nativo e, finalmente, as histórias desta arte nova, denominada
documentário, são mais reais que as representadas e criadas em estúdio, pelo que assumem um
valor especial e insubstituível, intimamente ligadas que estão com o conhecimento e capazes
de provocarem um efeito que as histórias dos estúdios nunca poderão atingir.

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9.Considerações Finais
Podemos concluir, portanto, que o documentário pode se constituir enquanto processo que é
fruto das práticas dos sujeitos históricos. Por ser um objeto fílmico construído através das
escolhas de seus criadores, são abertas diferentes possibilidades de abordagem para representar
algum aspecto do mundo abordagens que ainda variam no tempo e no espaço. Sendo resultado
de uma prática social e histórica, o documentário assume características específicas e se
redefine de acordo com a apropriação que é feita em diferentes contextos.

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9.Referências Bibliográficas
Hallak, A. (2009). O documentário perfurado: um estudo sobre as possibilidades de abertura e
expansão do filme/vídeo documentário. 137 f. 2009. Dissertação (Mestrado em Artes) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,

Martin, M (2003). A linguagem cinematográfica. São Paulo : Brasiliense,

Nichols, B. (2005). Representing Reality: Issues and Concepts in Documentary. Introdução ao


Documentário. São Paulo : Papirus,.

Penafria, M. (1999).O Filme Documentário: história, identidade, tecnologia. Lisboa : Edições


Cosmos,

Zandonade V; Fagundes M C J (2003) O vídeo documentário como instrumento de mobilização


social.

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