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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 2
2. CUIDADOS AO UTILIZAR FILMES COMO FONTE HISTÓRICA ................... 3
3. O CINEMA MUDO COMO HISTORIOGRAFIA ................................................... 4
4. CONTEXTUALIZANDO CHAPLIN ......................................................................... 6
5. OS FILMES DE CHAPLIN COMO FONTE HISTÓRICA..................................... 7
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 9
REFERÊNCAIS ................................................................................................................ 9
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RESUMO

Os filmes de Charles Chaplin são mais do que meramente entretenimento; eles possuem um
valor artístico e social genuíno, capturando magistralmente a essência da sociedade do século
XX. Neste artigo, buscaremos explorar a riqueza histórica das obras icônicas de Chaplin, as
quais podem ser consideradas fontes valiosas para a compreensão do passado. Similarmente à
forma pela qual um historiador utiliza jornais como ferramentas para desvelar o passado, os
filmes de Chaplin oferecem uma perspectiva singular sobre a história, seus eventos e o
cotidiano das pessoas daquela época. A primeira parte deste artigo será dedicada à discussão
do papel desses filmes como relevantes fontes históricas, evidenciando sua importância na
pesquisa histórica contemporânea, já na segunda parte, nos aprofundaremos na filmografia de
Chaplin, situando-a cronologicamente e expondo suas características distintivas. Ademais,
desbravaremos a forma pela qual essas obras cinematográficas podem ser exploradas pelos
historiadores, com o intuito de ampliar nossa compreensão do passado e descobrir novas
camadas de informações valiosas.

1. INTRODUÇÃO

Filmes há muito tempo têm sido considerados fontes históricas valiosas, pois oferecem
uma janela única para o passado, eles são capazes de retratar visualmente eventos históricos,
contextos culturais e a vida cotidiana de diferentes épocas. Como forma de arte e expressão,
os filmes têm o poder de transportar o espectador diretamente para determinados períodos
históricos, permitindo-lhes vivenciar virtualmente o que acontecia naqueles momentos
cruciais.

Ao longo da história, os filmes têm sido utilizados por historiadores para


complementar outras fontes tradicionais, como documentos escritos e registros oficiais, eles
preenchem lacunas e fornecem uma dimensão emocional e sensorial que pode estar ausente
em outras formas de evidência histórica. Por exemplo, filmes que retratam guerras podem
transmitir a intensidade dos combates, o sofrimento dos soldados e os impactos sobre as
populações civis de maneira mais vívida do que um relato escrito.

Os documentários cinematográficos têm sido particularmente valiosos como fontes


históricas, pois muitos deles são criados com o objetivo explícito de registrar eventos e
testemunhos de testemunhas oculares. Esses registros visuais podem ser fundamentais para
preservar a memória de eventos históricos e garantir que lições importantes sejam aprendidas
3

e compartilhadas com as gerações futuras. Além disso, filmes produzidos em diferentes


épocas podem, por si só, revelar muito sobre a mentalidade, os valores e as preocupações
sociais de sua época de criação. Bem como Marc Bloch disse “A diversidade dos testemunhos
históricos é quase infinita. Tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica, tudo que toca
pode e deve informar sobre ele” (BLOCH, Marc, 19971), a forma como certos eventos
históricos são retratados pode nos ajudar a entender como as pessoas viam o mundo em
diferentes períodos da história e como suas perspectivas evoluíram ao longo do tempo.

2. CUIDADOS AO UTILIZAR FILMES COMO FONTE HISTÓRICA

Um dos principais cuidados que o historiador deve ter ao utilizar filmes como fontes
históricas é evitar o anacronismo, ou seja, “enxergar o passado com os olhos atuais”, levando
valores sociais da atualidade para o passado. Os filmes de Charles Chaplin, por exemplo,
foram produzidos em um determinado contexto histórico, refletindo as crenças, valores e
sensibilidades da época em que foram feitos, é fundamental que o historiador leve em
consideração esses aspectos ao analisar as obras, evitando interpretar eventos ou personagens
do passado através de uma perspectiva contemporânea, a contextualização adequada é
essencial para compreender as motivações do diretor e a mensagem que ele pretendia
transmitir naquele momento histórico específico.

Outro cuidado importante é estar ciente do viés do cineasta ao produzir o filme,


Charles Chaplin era conhecido por suas opiniões políticas e sociais progressistas, o que
influenciava suas obras cinematográficas, seus filmes frequentemente traziam críticas sociais
e reflexões sobre as desigualdades da sociedade, mas também expressavam sua visão pessoal
sobre o mundo. Ao utilizar essas obras como fonte histórica, é importante que o historiador
reconheça o viés do diretor e avalie como isso pode ter influenciado a representação de certos
eventos ou personagens. Ademais, é importante que o historiador entenda que nem tudo que
foi produzido em um filme tem como intenção de ser uma retratação fiel da história.

Julgamentos são feitos a respeito do valor histórico de um filme a partir de critérios


amplamente divergentes – exatidão dos detalhes, utilização de documentos originais,
adequação da música e do visual ou a aparente conformidade de um ator para
interpretar um personagem cuja linguagem corporal, voz e gestos nunca poderemos
conhecer a partir dos registros históricos.2

1
BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
2
ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. Tradução de Marcello Lino. São
Paulo: Paz e Terra, 2010, p. 21.
4

O historiador deve utilizar os filmes em geral de forma complementar a outras fontes


históricas, como documentos escritos, fotografias, jornais da época, entre outros sempre que
possível, a análise comparativa dessas diferentes fontes permite uma abordagem mais
abrangente e contextualizada dos eventos e processos históricos. A intersecção entre o que é
retratado nos filmes e o que é registrado em outras fontes pode proporcionar uma
compreensão mais sólida e fundamentada da história, trazendo um leque maior de
informações essenciais para o historiador.

3. O CINEMA MUDO COMO HISTORIOGRAFIA

A popularização do cinema mudo na Era do Cinema Mudo foi um período de


significativa importância na história da sétima arte, abrangendo desde os primórdios dos
primeiros filmes, no final do século XIX, até o surgimento do cinema falado na década de
1920. Esse período de experimentação técnica e criação de uma linguagem cinematográfica
única foi fundamental para o desenvolvimento posterior da cinematografia. Os cineastas da
época enfrentaram desafios únicos ao contar histórias sem o uso de diálogos falados, o que os
levou a explorar técnicas inovadoras, como gestos, expressões faciais, movimentos de câmera
e efeitos visuais, para comunicar de forma eficiente e emocionante com o público. Nesse
contexto, os filmes mudos tornaram-se verdadeiros pioneiros na construção narrativa e no
entretenimento. Diretores icônicos como Georges Méliès, Charles Chaplin, Buster Keaton e
D.W. Griffith deixaram um legado significativo ao criar obras inovadoras e criativas que
cativaram as plateias da época, esses filmes estabeleceram as bases para a indústria
cinematográfica como uma forma popular de entretenimento, contribuindo para o
desenvolvimento da sétima arte como a conhecemos hoje.

A Era do Cinema Mudo também foi marcada pela diversidade cultural e pelo alcance
global dos filmes produzidos nesse período, cada região do mundo viu surgir suas próprias
produções cinematográficas, com estilos e narrativas que refletiam a rica diversidade cultural
de cada localidade. Essa pluralidade de filmes permitiu que o cinema mudo alcançasse
audiências internacionais, estabelecendo uma experiência cinematográfica compartilhada em
escala mundial, ao utilizar a popularização do cinema mudo como fonte histórica desse
período, os historiadores podem obter valiosos e diferentes aspectos da sociedade e da cultura
do passado. Os filmes mudos retratavam as normas culturais e sociais predominantes da
época, oferecendo um panorama de tradições, costumes, moda e comportamentos
característicos da sociedade daquele tempo, além disso, essas obras cinematográficas
5

frequentemente abordavam temas políticos e econômicos, permitindo que os historiadores


identificassem tensões e desafios enfrentados pelas nações em diferentes momentos
históricos.

Adicionalmente, a análise das transformações urbanas e industriais presentes nos


filmes mudos é de extrema relevância para a compreensão desse período histórico, as cenas
que retratam cidades em crescimento e desenvolvimento industrial fornecem um retrato único
das mudanças nas paisagens urbanas, condições de vida das pessoas e relações sociais em
meio às transformações da época. Ademais, os filmes mudos também serviam como veículo
de propaganda e ideologia, transmitindo mensagens políticas e sociais aos espectadores.
Através da análise desses filmes, os historiadores podem compreender como o cinema foi
utilizado como ferramenta de persuasão, além de identificar as narrativas construídas e
divulgadas para influenciar a opinião pública. Nos anos 1970, o historiador Marc Ferro
tornou-se conhecido por estudar filmes como fontes históricas, ele questionou a visão
tradicional dos historiadores, que só usavam documentos oficiais, ignorando o valor dos
filmes. Ferro argumentava que os filmes eram vistos como objetos manipuláveis, podendo
distorcer a verdade, mas essa ideia mudou com a "Nova História", que valorizou o cinema não
só como entretenimento, mas também como uma fonte importante para entender a história, os
filmes passaram a ser considerados produtos culturais que carregam significados além do
aspecto cinematográfico.

É necessário aplicar esses métodos a cada substância dos filmes [...] às relações entre
os componentes dessas substâncias; analisar o filme principalmente a narrativa, o
cenário, o texto, as relações do filme com o que não é o filme: o autor, a produção, o
público, a crítica, o regime. Pode-se assim esperar compreender não somente a obra
como também a realidade que representa. 3

Dessa forma, a análise da popularização do cinema mudo como fonte histórica desse
período possibilita uma compreensão mais aprofundada e abrangente da cultura, política,
economia e sociedade da época, revelando não apenas o passado em si, mas também a
evolução da linguagem cinematográfica e seu impacto na construção da história visual. O uso
interdisciplinar dessas obras permite que os historiadores adentrem em um mundo vivo e em
constante mudança, capturado pela magia do cinema mudo, enriquecendo ainda mais nossa
compreensão do passado e suas múltiplas nuances.

3
FERRO, MARC. O filme uma contra-análise da sociedade? In: LE Goff, J.; NORA, P. (Orgs). História:
novos objetos. Trad.: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p. 199- 215.
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4. CONTEXTUALIZANDO CHAPLIN

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um dos eventos mais devastadores do


século XX, deixando uma marca profunda na sociedade e na cultura da época, os horrores e as
consequências desse conflito tiveram um impacto significativo na mentalidade das pessoas e
moldaram a forma como a sociedade enfrentou as mudanças subsequentes. Chaplin foi
sensível às transformações sociais e políticas que ocorreram após a Grande Guerra, e essas
mudanças se refletiram em suas obras cinematográficas. Durante a guerra, a Europa e o
mundo passaram por momentos de caos, perdas humanas massivas e crise econômica. As
pessoas enfrentaram a morte de entes queridos, escassez de recursos, fome e desespero, o
otimismo e a confiança nas instituições tradicionais foram abalados, e a sociedade viu-se
diante de novos desafios e incertezas. As trincheiras das frentes de batalha se tornaram
símbolos da carnificina e da destruição causadas pelo conflito, e a população sofreu com as
consequências emocionais e psicológicas da guerra.

Nesse contexto, Chaplin criou um de seus personagens mais icônicos, "The Tramp".
Esse personagem carismático, usando um chapéu-coco, bigode e roupas desgastadas,
representava o trabalhador comum, um "everyman" que lutava para sobreviver em meio à
adversidade. "The Tramp" era um símbolo da resiliência e da humanidade em tempos difíceis,
encarando as dificuldades da vida com humor e compaixão. Essa figura cômica de Chaplin,
muitas vezes em conflito com a dura realidade, era uma metáfora das lutas e dores
compartilhadas pela sociedade após a guerra, além disso, em filmes como "O Garoto" (1921)
e "Em Busca do Ouro" (1925), Chaplin explorou temas como a pobreza, a busca por melhores
condições de vida e a esperança de um futuro melhor. Essas histórias retratavam as questões
sociais e econômicas que permeavam a sociedade do pós-guerra, dando voz aos anseios e
aspirações daqueles que lutavam para reconstruir suas vidas após a catástrofe global.

O final da década de 1920 e o início dos anos 1930 trouxeram desafios com a Grande
Depressão, uma crise econômica mundial que atingiu fortemente os Estados Unidos e a
Europa, o desemprego em massa, a falência de empresas e a pobreza generalizada foram as
marcas desse período sombrio. O contexto político da época também foi moldado por eventos
importantes, na década de 1930, regimes totalitários ganharam força em países como a
Alemanha, a Itália e a União Soviética, enquanto a democracia enfrentava desafios em vários
lugares do mundo.
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Em meio a esses acontecimentos históricos e mudanças sociais, Chaplin encontrou seu


lugar como um cineasta talentoso e inovador. Seus filmes refletiam o humor, a esperança e a
tragédia da condição humana, ao mesmo tempo em que abordavam questões sociais e
políticas da época. Ele usava sua arte para criticar as desigualdades sociais, a industrialização
desenfreada e os abusos do poder, capturando as angústias e aspirações de uma geração.

Dessa forma, o trabalho de Chaplin transcendeu as fronteiras do cinema mudo e se


tornou um espelho da sociedade em constante mudança, sua capacidade de conectar-se com o
público, evocando risos e emoções, fez dele um dos cineastas mais influentes de seu tempo.
Ao examinar o contexto histórico em que Chaplin viveu, podemos compreender melhor o
significado e a relevância de suas criações cinematográficas, que ecoam ao longo do tempo
como um testemunho da complexidade e diversidade da experiência humana.

5. OS FILMES DE CHAPLIN COMO FONTE HISTÓRICA

Os filmes "Tempos Modernos" (1936) e "O Grande Ditador" (1940), duas das obras
mais icônicas de Charles Chaplin, transcendem o mero entretenimento e se revelam como
poderosas fontes históricas que refletem de forma magistral o contexto social e político de
suas respectivas épocas. Chaplin, conhecido por seu talento como cineasta e ator, demonstrou
uma sensibilidade aguçada para capturar as questões prementes da sociedade de seu tempo.

"Tempos Modernos" aborda os efeitos da industrialização e da modernização na


sociedade do início do século XX, o filme é uma contundente crítica à desumanização dos
trabalhadores nas fábricas, tratados como meras engrenagens de uma máquina gigante e
sujeitos ao ritmo frenético e alienante das linhas de produção. A figura carismática de "The
Tramp" personifica a luta do trabalhador comum para sobreviver em meio às adversidades da
era industrial, a narrativa cômica e dramática de Chaplin transmite as consequências da
Grande Depressão, aprofundando-se nas desigualdades sociais e evidenciando a busca por
dignidade e humanidade em um cenário marcado por avanços tecnológicos acelerados.

Ademais, em "O Grande Ditador", Chaplin corajosamente critica o nazismo e o


fascismo, movimentos políticos que ganhavam força na Europa na época, o filme apresenta
dois personagens icônicos, interpretados por Chaplin: um barbeiro judeu e um ditador que se
assemelha a Adolf Hitler. Por meio de um discurso emocionante e eloquente no final do filme,
o barbeiro expressa uma mensagem de esperança e união, denunciando a crueldade e a
intolerância do regime totalitário. "O Grande Ditador" se tornou uma manifestação de apoio
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aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, ganhando ainda mais relevância em um


período em que a Segunda Guerra Mundial se aproximava.

Essas duas obras cinematográficas de Chaplin vão além de seu valor artístico e se
tornam registros valiosos da história, como fontes históricas, elas fornecem uma perspectiva
única e profunda do período em que foram produzidas, oferecendo aos historiadores uma
variedade de informações preciosas, os discursos proferidos pelos personagens nos filmes
revelam as preocupações e anseios de Chaplin, proporcionando uma visão íntima de suas
opiniões e posicionamentos políticos. Esses discursos também podem ser analisados como
declarações artísticas e políticas do cineasta. Ao utilizar esses filmes como fontes históricas,
os historiadores têm a oportunidade única de mergulhar na perspectiva de Chaplin e obter
referências valiosas sobre os desafios e dilemas enfrentados pela humanidade em momentos
cruciais da história. Dessa forma, é possível entender que os filmes analisados pelo historiador
vão muito além da arte por si só, como diz Barros:

A fonte cinematográfica, particularmente a fonte fílmica, torna-se evidentemente uma


documentação imprescindível para a história cultural- uma vez que ela revela
imaginários, visões de mundo, padrões de comportamento, mentalidades, sistemas de
hábitos, hierarquias sócias cristalizadas em formações discursivas e tantos outros
aspectos vinculados aos de determinada sociedade historicamente localizada.4

Os filmes de Charles Chaplin destacam-se por sua riqueza ideológica e a capacidade


de manipular a narrativa cinematográfica para representar o passado histórico de forma
impactante, de fato, a frase "cinema é manipulação" 5se mostra muito apropriada quando se
analisa como Chaplin utilizava diversos elementos estéticos para transmitir suas mensagens.
Através de uma cuidadosa construção dos personagens, figurinos, ângulos de câmera e
encenações, Chaplin transporta o público para cenários marcantes do passado. Nesse
contexto, a abordagem do cinema como uma fonte histórica é enfatizada por Napolitano:

Nos filmes históricos, essa questão é crucial, pois o importante não é apenas o que se
encena do passado, mas como se encena e o que não se encena do processo ou evento
histórico que inspirou o filme. Não se trata de cobrar do diretor a fidelidade ao evento
encenado em todas as suas amplitudes e implicâncias, mas de perceber as escolhas e
criticá-las dentro de uma estratégia de análise historiográfica.
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BARROS, José D’Assunção. NÓVOA, Jorge. Cinema- história: teoria e representações sociais no cinema.
3. Ed. Rio de Janeiro: Apicuri. 2012.
5
A frase "cinema é manipulação" é atribuída ao cineasta e teórico de cinema francês Jean-Luc Godard. Ele é
conhecido por suas ideias sobre a natureza manipulativa do cinema como uma forma de arte e sua crença de que
os cineastas têm o poder de moldar e influenciar a percepção da realidade através da linguagem cinematográfica.
6
NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: A história depois do papel. In: PINSKY Carla Bassanezi.
(Org.) Fontes históricas. 2 ed., 1ª reimpressão. - São Paulo: Contexto, 2008.
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O historiador deve compreender que os filmes de Chaplin, embora sejam obras de


ficção, têm o poder de revelar aspectos cruciais do contexto social e político de suas
respectivas épocas, através dessas narrativas cinematográficas, é possível acessar informações
sobre as condições de trabalho nas fábricas, as desigualdades econômicas, as ideologias
políticas extremas e a cultura da sociedade da época. Em suma, as obras cinematográficas de
Chaplin oferecem uma janela para o passado, permitindo uma exploração emocional e
empática da história e enriquecendo a compreensão da complexidade da experiência humana,
bem como os momentos em que o autor e roteirista viva.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, os filmes de Charles Chaplin constituem um tesouro histórico que nos


possibilita mergulhar nas perspectivas e reflexões do cineasta sobre a sociedade de suas
épocas, eles oferecem uma visão única do passado e nos convidam a refletir sobre as questões
universais que ainda ecoam em nossos tempos. Ao utilizar essas obras cinematográficas como
fontes históricas, os historiadores têm a oportunidade de aprofundar suas análises e descobrir
camadas adicionais de significado e contextos que nos ajudam a construir uma compreensão
mais completa e autêntica do passado. Dessa forma, a riqueza e a relevância histórica dos
filmes de Charles Chaplin são indiscutíveis, e eles continuarão a ser uma referência
inspiradora para estudiosos e cinéfilos ao redor do mundo.

Compreender o poder do cinema como uma forma de manipulação, como ressaltado


por Jean-Luc Godard, nos permitiu reconhecer a profundidade e a relevância histórica das
obras de Chaplin, que transcendem o entretenimento e nos conduzem a uma compreensão
mais empática e emocional dos desafios enfrentados pela humanidade em momentos cruciais
da história.

REFERÊNCIAS

BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Editor, 2002.

ROSENSTONE, Robert A. A história nos filmes, os filmes na história. Tradução de


Marcello Lino. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
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FERRO, MARC. O filme uma contra-análise da sociedade? In: LE Goff, J.; NORA, P.
(Orgs). História: novos objetos. Trad.: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p.
199- 215.

BARROS, José D’Assunção. NÓVOA, Jorge. Cinema- história: teoria e representações


sociais no cinema. 3. Ed. Rio de Janeiro: Apicuri. 2012.

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: A história depois do papel. In: PINSKY


Carla Bassanezi. (Org.) Fontes históricas. 2 ed., 1ª reimpressão. - São Paulo: Contexto, 2008.

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