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Editor Responsável
Nelson de Aquino Azevedo
Autores
Cesar Cunha Ferreira
Daniel Carlos de Campos
Elton Soares de Oliveira
Cartografia
Cesar Cunha Ferreira
Daniel Carlos de Campos
Capa
Cesar Cunha Ferreira
Diagramação
Guacira dos Santos Silva
Ilustrações
Jefferson Pereira Galdino
Daniel Carlos de Campos
Fotografias
Acervo da Prefeitura Municipal de Guarulhos Bandeira.
Edson Queiroz
Elton Soares de Oliveira
Laboratório de Geoprocessamento da Universidade de Guarulhos – UnG (p. 27)
Rodrigo Godoy Ferreira
Stefaní Martini Oliveira
Revisão
Arte da Palavra
Agradecimentos
Prefeitura Municipal de Guarulhos
SUMÁRIO
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA Mapa dos Tipos de Solos da Região Metropolitana de São Paulo ..................................................................... 45
Apresentação ....................................................................................................................................................... 5 Mapa dos Tipos de Solos de Guarulhos ............................................................................................................. 46
Terra, Nosso Lar no Espaço ................................................................................................................................. 6 Cobertura Vegetal ............................................................................................................................................... 47
Mapa-Múndi ......................................................................................................................................................... 7 Mapa da Vegetação Predominante no Estado de São Paulo .............................................................................. 47
Mapa dos Fusos Horários ..................................................................................................................................... 8 Mapa da Devastação da Vegetação no Estado de São Paulo ............................................................................ 48
As Américas ......................................................................................................................................................... 9 Mapa da Vegetação da Região Metropolitana de São Paulo .............................................................................. 49
Guarulhos na Linha do Trópico ........................................................................................................................... 10 Mapa da Cobertura Vegetal de Guarulhos ......................................................................................................... 50
Localização do Município de Guarulhos ............................................................................................................. 11 Fauna Guarullhense: 501 espécies .................................................................................................................... 51
Mapa Demográfico do Estado de São Paulo ...................................................................................................... 12 Clima .................................................................................................................................................................. 52
Mapa Demográfico da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................................... 13 Mapa-Múndi: Clima e Correntes Marítimas ....................................................................................................... 53
Cidades Limítrofes ao Município de Guarulhos .................................................................................................. 14 Mapa das Massas de Ar Atuantes no Brasil ...................................................................................................... 53
Bairros e Loteamentos de Guarulhos ................................................................................................................. 15 Mapa dos Domínios Climáticos do Estado de São Paulo (segundo Köeppen) ................................................... 54
Aspectos Gerais do Município ............................................................................................................................ 16 Mapa da Classificação Climática de Lísia Bernardes (versão adaptada) ........................................................... 54
Mapa das Temperaturas e Precipitações do Estado de São Paulo .................................................................... 55
ASPECTOS HISTÓRICOS Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos .......................................................................................................... 56
Povoamento, Economia e Expansão Urbana ...................................................................................................... 18 O Rio Tietê .......................................................................................................................................................... 57
Mapa da Mineração Aurífera de Guarulhos ........................................................................................................ 22 Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo ................................................................................................... 57
Mapa da Área Urbana de Guarulhos em 1938 .................................................................................................. 23 Mapa das Principais Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo .................................................................. 57
Desmembramento Territorial do Estado de São Paulo ....................................................................................... 25 Mapa da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e Adjacências ................................................................................... 58
Desmembramento – Guarulhos Já Foi Muito Maior .......................................................................................... 26 Mapa das Sub-Bacias e Recursos Hídricos de Guarulhos e Adjacências .......................................................... 59
Território do Município de São Paulo em 1840 .................................................................................................. 26 Ciclo das Águas .................................................................................................................................................. 60
Primeiros brasileiros – Como Chegaram a Guarulhos? ..................................................................................... 27 Águas Subterrâneas – Aquífero Cumbica .......................................................................................................... 61
Galeria da História .............................................................................................................................................. 28 Programa de Recuperação Ambiental de Rios e Córregos ................................................................................ 62
GEOGRAFIA FÍSICA GEOGRAFIA HUMANA
Geologia: Guarulhos Há Bilhões de Anos ........................................................................................................... 30 Empregos, Rendimentos e Produto Interno Bruto .............................................................................................. 64
As Principais Placas Tectônicas e Sentido de Deslocamento ............................................................................ 32 Mapa das Unidades de Planejamento Regional – UPR ...................................................................................... 65
Perfil da Placa Sul-Americana ............................................................................................................................ 32 Mapa do Uso e Ocupação do Solo de Guarulhos em 1980 ............................................................................... 66
Geologia do Estado de São Paulo ...................................................................................................................... 34 Evolução do Uso e Ocupação do Solo entre 1980 e 2007 ................................................................................ 66
Mapa Geológico do Estado de São Paulo .......................................................................................................... 35 Mapa do Uso e Ocupação do Solo de Guarulhos em 2006 ............................................................................... 67
Mapa Geológico da Região Metropolitana de São Paulo ................................................................................... 36 Saneamento Ambiental ...................................................................................................................................... 68
Mapa Geológico de Guarulhos ........................................................................................................................... 37 Mapa de Saneamento Ambiental de Guarulhos ................................................................................................. 69
Relevo ................................................................................................................................................................. 38 Áreas Protegidas ................................................................................................................................................ 70
Mapa do Relevo do Estado de São Paulo .......................................................................................................... 38 Mapa das Principais Unidades de Conservação Ambiental de Guarulhos ......................................................... 71
Mapa das Principais Elevações da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................ 39 Mudanças Climáticas em Nosso Planeta ........................................................................................................... 72
Mapa do Relevo de Guarulhos ........................................................................................................................... 40 Expansão Urbana e Mudanças Climáticas Locais .............................................................................................. 73
Diferenças de Altitudes ...................................................................................................................................... 41 Mapa da Evolução da Área Urbana de Guarulhos .............................................................................................. 74
Mapa das Diferentes Altitudes da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................. 41 Mapa da Temperatura da Superfície (Ilhas de Calor) de Guarulhos .................................................................. 76
Mapa das Diferentes Altitudes de Guarulhos ..................................................................................................... 42 Mapa das Principais Rodovias do Estado de São Paulo e de Guarulhos ........................................................... 77
Diferentes Inclinações dos Terrenos .................................................................................................................. 43 Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador André Franco Montoro ....................................... 78
Mapa das Diferentes Inclinações dos Terrenos de Guarulhos ........................................................................... 43 Histórico da Implantação do Aeroporto .............................................................................................................. 78
Tipos de Solos .................................................................................................................................................... 44 Glossário ............................................................................................................................................................. 79
Fontes e Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 80
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TERRA, NOSSO LAR NO ESPAÇO atmosfera. Por causa da presença de água em forma gasosa, a Terra, quando vista do espa-
ço, assume a coloração azul, o que encantou o cosmonauta da ex-União Soviética Yuri Gagarin,
A Terra, nosso lar no espaço, está localizada no Sistema Solar, integrante da Via Láctea, primeiro homem a chegar ao espaço, em 12 de abril de 1961. Anos mais tarde, em 1969, o
galáxia de forma espiral. O Sol é uma estrela dentre 100 bilhões que existem na Via Láctea e o astronauta norte-americano Neil A. Armstrong chegou à Lua.
Universo conhecido possui mais estrelas do que a quantidade de grãos de areia existentes A Terra tem a forma geoide, pois é achatada nos polos e gira em torno de seu próprio eixo,
em nosso planeta. A distância do Sol até a estrela mais próxima é de 5 anos-luz, ou seja, a o que determina as 24 horas de um dia – movimento de rotação. Além de girar em torno de si,
distância percorrida durante cinco anos na velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por a Terra gira em torno do Sol de forma elíptica, movimento chamado de translação. Os planetas
segundo. Com nossas espaçonaves atuais, levaríamos 100 mil anos para chegar lá. do Sistema Solar giram com seus eixos inclinados em relação ao plano de órbita solar.
A Terra está extremamente distante do Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros. A idade do O movimento de translação é resultado da força gravitacional que o Sol exerce na Terra
Sol é de 4,6 bilhões de anos e ele é 106 vezes maior que a Terra. Se o Sol fosse do tamanho de e nos demais planetas do Sistema Solar. A gravidade criou a Terra e os demais corpos celestes
uma bola de tênis de 6,4 centímetros, por exemplo, a Terra teria o tamanho de uma cabeça por meio da aglutinação de pequenas massas de matéria durante a formação do Universo.
de alfinete e a distância entre eles seria de quase 7 metros. A partir do Sol, a sequência dos O planeta Terra e tudo que nele existe é formado com o mesmo material que compõe
planetas é: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Até 2005, Plutão os demais corpos e tudo mais que faz parte do Universo.
era considerado planeta, porém, depois da descoberta, no Sistema Solar, de um corpo celes- Para entendermos a estrutura do Universo é necessário conhecer o componente essen-
te do mesmo tamanho dele, ambos foram considerados planetoides. cial de toda a matéria, o mundo atômico. Ele é tão pequeno que, se dividirmos 1 centímetro em
O planeta Terra está a uma distância do Sol suficiente para manter uma temperatura 100 milhões de partes iguais, cada parte será do tamanho de um átomo. É composto de elé-
capaz de conservar a água líquida na maioria de sua superfície e em forma de vapor na trons que orbitam seu núcleo e dentro do núcleo há partículas chamadas de nêutrons e prótons.
O núcleo atômico é tão fantasticamente pequeno que, se o átomo fosse um estádio, o núcleo
Representação Artística do Sistema Solar seria um grão de areia. Mesmo assim, o núcleo contém quase toda a massa de um átomo. Os
prótons e nêutrons são compostos por unidades ainda menores, os quarks.
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MAPA-MÚNDI
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AS AMÉRICAS
Existem duas formas de divisão do continente americano: a divisão geográfica e a divi-
são sociocultural.
A divisão geográfica é mais simples, pois consiste em agrupar os países de acordo com
os pontos cardeais (norte e sul), ou seja, a grande massa de terra americana localizada ao norte
do planeta situa-se na América do Norte. O que está ao sul faz parte da América do Sul. Já a
América Central é constituída por diminutos países situados entre esses dois gigantes blocos
de terras (América do Sul e América do Norte).
A divisão sociocultural é um pouco mais complexa, porém seu entendimento torna-se
mais fácil ao observarmos as diferenças entre a América Latina e a América Anglo-Saxônica,
percebidas na língua, na religião, na situação socioeconômica e na forma de colonização
europeia. Vamos conhecer essa divisão:
● América Anglo-Saxônica: trata-se de países (Estados Unidos e Canadá) que falam pre-
dominantemente a língua inglesa e onde a Igreja Protestante prevalece. São países ricos e
desenvolvidos, onde a colonização de povoamento* foi adotada pelos conquistadores ingleses.
● América Latina: são países com índices de desenvolvimento humano insatisfatórios
(México e todos os países da América Central e da América do Sul, inclusive o Brasil), mas
com alguns países apresentando índices crescentes de desenvolvimento, além de uma diver-
sidade cultural muito rica. As línguas mais faladas – predominantemente o espanhol e o por-
tuguês – derivam do antigo latim. A religião predominante é a católica e a forma de conquista
e domínio dos europeus foi a colonização de exploração*.
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*exceto o Círculo Polar Ántártico, que não é possível ver neste mapa.
GUARULHOS NA LINHA DO TRÓPICO
O termo trópico vem do grego e significa “volta”. Do ponto de vista geográ-
fico, são linhas imaginárias que circundam o globo terrestre em duas posições de
latitudes simétricas: o Trópico de Câncer, localizado ao norte do Equador, e o Tró-
pico de Capricórnio, ao sul. O Trópico de Capricórnio separa a zona subtropical sul
da zona tropical. É considerado a linha de transição climática entre as zonas térmi-
cas da Terra.
Em Guarulhos, o trópico passa pelos seguintes bairros: Vila Galvão, Picanço,
Maia, Paraventi, Bom Clima, Vila Barros, Cecap, Cumbica e Pimentas, dividindo o
território em duas zonas climáticas: ao norte predominando o clima tropical e ao
sul o clima subtropical.
Entretanto, essa variação climática não é perceptível simplesmente atravessan-
do-se o Trópico de Capricórnio, pois este serve apenas para delimitar graficamente
essas zonas no mapa. Na prática, como o clima possui inúmeras variáveis que influen-
ciam o seu comportamento e características (ver página 52), a “linha” oscila no
decorrer das quatro estações climáticas:
verão, outono, inverno e primavera.
Sabemos que o homem não tem Altitude do relevo: quanto maior a altitude, menor será a temperatura.
condições de limitar a área de influên- Correntes marítimas: correntes marítimas quentes propiciam a evapora-
cia do clima apenas traçando uma linha, ção das águas, aumentando as chuvas na região litorânea do continente. Ao con-
ou querer que as massas atmosféricas trário, as correntes frias dificultam a evaporação das águas oceânicas, tornando o clima seco ao
climáticas obedeçam a tais linhas. Assim, longo dos países banhados por elas (ver mapa da página 53).
podemos imaginar que a linha é o cen- Isso posto, vejamos o que ocorre, de um modo geral, em cada um dos países citados:
tro de uma faixa de transição climática
1. Brasil: possui corrente oceânica quente (corrente do Brasil), que eleva as chuvas no País.
e que todos que habitam esta faixa
Além disso, o relevo de baixa altitude contribui para que não ocorram baixas temperaturas.
sofrem influência ora do clima tropical,
2. Paraguai: por estar no centro do continente sul-americano, apresenta variação de
ora do clima subtropical.
temperatura muito mais acentuada do que o Brasil.
3. Argentina: sua continentalidade a torna a região mais seca do trópico.
PERCORRENDO O TRÓPICO 4. Chile: devido à elevada altitude em que se encontra a Cordilheira dos Andes e à corren-
te de Humboldt, muita fria, o clima chileno na região do Trópico de Capricórnio é frio e seco –
O Trópico de Capricórnio, ao contornar o hemisfério sul do planeta Terra, atra-
Guarulhos situa-se na mesma latitude e apesar disso possui clima muito diferente.
vessa três oceanos – Pacífico, Atlântico e Índico – e três continentes – América do
5. Austrália: o país é uma ilha circundada por várias correntes frias e quentes. Ao leste, o
Sul, África e Oceania –, percorrendo ao todo 36.784 quilômetros de extensão e pas-
clima é úmido devido à corrente Leste da Austrália, que é muito quente; ao oeste formam-se grandes
sando por dez países:
desertos áridos, caracterizados por muito frio à noite e calor forte durante o dia, devido à con-
● América do Sul: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile
tinentalidade no interior do país. Outras características que influenciam o clima no país são a
● África: Namíbia, Botsuana, África do Sul, Moçambique e Madagascar corrente marítima fria denominada corrente Oeste da Austrália e o baixo relevo.
● Oceania: Austrália 6. Madagascar, Botsuana, Moçambique e África do Sul: devido à passagem de duas cor-
Apesar de esses países estarem sob o Trópico de Capricórnio, não possuem rentes marítimas quentes (correntes das Agulhas e Equatorial Sul), esses países possuem clima seme-
clima idêntico devido a diversos fatores, tais como: lhante ao do Brasil, ou seja, tropical. O relevo também se parece com o brasileiro, com pequenas altitudes.
Continentalidade: quanto mais longe dos oceanos, maior será a oscilação 7. Namíbia: apesar de ser vizinho dos países africanos citados, apresenta um grande de-
térmica entre o dia e a noite e mais seco será o clima. serto árido causado pela corrente fria de Bengala, que não permite a formação de chuvas na região.
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Alguns dos bairros mais antigos do Brasil estão em Guarulhos. Nos Arquivos
Públicos do Estado de São Paulo e do Município de Guarulhos, encontramos no-
mes de localidades aqui existentes desde o período em que Guarulhos era Fregue-
sia. Em 1776, constam: Lavras Velhas, Saboó, Capela de Nossa Senhora da Ajuda
(atual Capelinha), Bairro da Freguesia (centro de Guarulhos), São Miguel (antigo
Ururaí) e Nossa Senhora do Bom Sucesso. Estes são, portanto, os registros mais
antigos sobre os bairros de Guarulhos, que então tinha 1.170 habitantes e 156 pro-
priedades. Nos anos subsequentes, encontramos os seguintes nomes: Senhor do
Bom Jesus (atual Capelinha), Baquirivu (referência ao atual Rio Baquirivu Guaçu),
Itaverava, Lavras, Sabão, Bairro das Pedras, Thomé Gonçalves, Fortaleza, Tanque
Grande, Morro Grande, Catas Velhas, Serra do Bananal e Veigas.
No ano de 1988, por meio do Decreto Municipal no 4.998, foi oficializada a
divisão da cidade em bairros e loteamentos. O decreto estabeleceu 47 bairros, to-
dos eles subdivididos em aproximadamente 500 loteamentos. Os nomes dos
loteamentos sempre são antecedidos das palavras jardim, parque, vila, cidade,
chácara, conjunto etc.
O termo bairro é uma herança da colonização portuguesa, sendo que os pri-
meiros bairros de São Paulo e de Guarulhos são originários das antigas cartas de
sesmaria. O bairro é uma subdivisão da cidade, composto, a partir de critérios es-
tabelecidos pelas administrações municipais, por um ou mais loteamentos, que jun-
tos recebem, normalmente, o nome do aglomerado urbano mais antigo da região.
O Bairro São João, por exemplo,
é composto por dezoito lotea-
mentos, a saber: Jardim São
João, Cidade Seródio, Jardim Jade,
Jardim Cristina, Vila Girassol,
Jardim Santa Terezinha, Jardim
Aeródromo, Jardim Santo Expe-
dito, Cidade Soberana, Jardim
São Geraldo, Jardim Vida Nova,
Jardim Lenize, Vila São Carlos,
Jardim Bondança, Vila Rica,
Conjunto Habitacional Haroldo
Veloso, Jardim Novo Portugal e
Jardim Regina.
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DADOS GERAIS
Área: 320 quilômetros quadrados (aproximadamente)
População: 1.222.357 habitantes (IBGE-2010)
Mulheres: 626.954 habitantes (IBGE-2010)
Homens: 595.403 habitantes (IBGE-2010)
Densidade demográfica: 3.887,4 habitantes por quilômetro quadrado
Crescimento demográfico anual: 2,4% (2000-2009)
Vista panorâmica do Parque Bom Clima e da sede da Prefeitura.
Número de escolas municipais: 136
Número de alunos matriculados na rede pública municipal: 115 mil
ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIO Principais atividades econômicas: indústria, serviços e comércio
O município de Guarulhos é uma cidade industrial. Em seu território estão instaladas mais de 2.890 Padre fundador: Manoel de Paiva
fábricas, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662 prestadores de serviços e 54 unidades produtivas
Padroeira: Nossa Senhora da Conceição
em meio rural. A cidade oscila entre a 8a e a 9a posições no PIB Nacional (ver página 64).
Localizado a nordeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), distando cerca de 17,7 quilô- Aniversário da cidade: 8 de dezembro (1560)
metros do centro da Capital paulista, com aproximadamente 320 quilômetros quadrados de extensão, Gentílico: guarulhense
Guarulhos representa pouco menos de 4% do território da Região Metropolitana.
Situado num triângulo entre a Capital paulista e as saídas para o Rio de Janeiro e Minas Gerais, Prefeito atual: Sebastião Alves de Almeida (PT)
desde o começo da colonização Guarulhos sempre foi uma importante rota para tropeiros, sertanistas, (Fontes: IBGE e Fundação Seade*.)
bandeirantes e aventureiros que desbravaram o Brasil, muitas vezes para além do Tratado de Tordesilhas.
O município de Guarulhos testemunhou as mudanças geradas pela mineração de ouro, a fabrica-
ção de telhas e tijolos cozidos, a instalação de indústrias e obras de grande impacto ambiental. Seu grande
avanço industrial deu-se no período entre guerras e após a Segunda Guerra Mundial. Guarulhos viu o
Brasil-Império desmoronar e a República surgir.
Nos últimos 50 anos a cidade tornou-se referência como cidade industrial e aeroportuária, servida
por excelentes rodovias, bons hotéis e muitas instituições de Ensino Superior, públicas e particulares.
Outra característica marcante do município é a beleza natural proporcionada pela Serra da Cantareira,
que possui vegetação de Mata Atlântica, tombada como Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo
(RBCV) e outorgada em 1994 pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade (ver página 48). A RBCV
presta importantes serviços ambientais, como amenização do clima, controle da poluição atmosférica e
produção de água para toda a Região Metropolitana de São Paulo – e em particular para Guarulhos –,
por meio dos seus mananciais das represas Tanque Grande e Cabuçu (ver página 56).
Além dos atributos mencionados, a fauna, por sua vez, cintila no entorno da vegetação atlântica e dos
corpos-d’água, revelando uma biodiversidade* que precisa ser protegida. São dezenas de espécies animais e
vegetais que se abrigam na Serra da Cantareira, em meio a uma das maiores concentrações humanas do mundo.
O turismo de negócios tem-se beneficiado bastante da situação econômica da cidade. O ecoturismo,
aliado à conscientização ambiental, vem ganhando adeptos, tornando-se uma atividade econômica nos
moldes do desenvolvimento sustentável. (Fonte: Fundação Seade.)
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Casa e Sítio da Candinha, desapropriada para implantação do Parque Natural Municipal da Cultura Negra.
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POVOAMENTO, ECONOMIA E EXPANSÃO mentos e as formas de organização política, sem perder de vista os aspectos lúdicos e culturais
desses povos, que construíram a história e o patrimônio material e imaterial da cidade de
URBANA Guarulhos.
Conhecer a cidade na sua totalidade exige obrigatoriamente cruzar informações locais
com o processo de mundialização econômico, iniciado com a chegada da esquadra coman-
Este resumo da história natural e social de Guarulhos enfatiza seis aspectos que con- dada por Pedro Álvares Cabral à Bahia de Todos os Santos, em 1500. A respeito de Guarulhos,
sideramos relevantes: a formação geológica do município, fator que induziu ao desenvolvi- iniciamos tratando do topônimo que originou o nome da cidade.
mento econômico e ao processo de expansão urbana; a presença dos primeiros habitantes
da localidade de que se tem registro, os paleoíndios Maromomi; a chegada dos colonizado-
res portugueses; a presença e a escravização de africanos; a vinda dos imigrantes estran-
CICLO COLETOR – PALEOÍNDIOS
geiros (europeus e asiáticos de um modo geral e em particular grande incidência de imigrantes Os “primeiros habitantes” de Guarulhos, como já dissemos, foram os Maromomi, que
do Oriente Médio), e a chegada dos migrantes nacionais, resultado do êxodo rural brasileiro. aqui chegaram por volta de 1400 da era cristã, após serem expulsos do litoral paulista pelos
Sendo a história feita pela ação humana e diante do desafio de resumi-la em poucas indígenas Tupi-Guarani. Os Maromomi eram coletores e nômades, viviam em uma espécie
palavras, destacamos, de modo especial, seus atores, seus feitos, o cenário dos aconteci- de “economia natural”, praticavam a caça, a pesca e a coleta de frutos. Guarulhos era seu
espaço predileto devido ao fruto da sapucaia e aos pinhões
da araucária, vegetação típica de Mata Atlântica, abundante
tempos atrás.
OS PRIMEIROS HABITANTES DE
GUARULHOS
O litoral brasileiro foi ocupado inicialmente por povos
coletores, como os Maromomi, que seriam depois os primei-
ros habitantes de Guarulhos. Por volta de 1400 da era cris-
tã, esse povo, que ocupou o litoral norte paulista, foi expulso
pelos Tupi, originários do Paraguai. Esse fato alterou o qua-
dro étnico e populacional não só do litoral, como também do
planalto paulista.
Ao referir-se a ele, a documentação quinhentista usa
diferentes nomes e grafias. Assim temos: Moromomis, Mara-
momis, Moromemim, Murumiminis. Na documentação do sé-
culo XVII aparecem as variantes Guariminus, Guarumimim,
Gurumimins, Muruminis, Jeromomim, Garumimim e Guarulhos,
entre outras. Decidimos padronizar a grafia Maromomi seguin-
do os jesuítas, que escolheram essa designação.
Alguns historiadores, como Capistrano de Abreu já no iní-
cio do século passado, afirmavam que “a imagem provável dos
Guarulhos-Maramumis pré-cabralianos, é de vasto grupo dis-
tribuído pelo litoral, por uma e outra aba da cordilheira maríti-
ma e da Mantiqueira, estendendo-se para Norte até o Rio
Jequitinhonha, talvez; as incursões de Tupinambás, Tupiniquins,
Goitacases, Aimorés produziram largos rombos sem destruir a
trama. No baixo, como no alto Paraíba, sua presença persistiu
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até que a mestiçagem, as epidemias e perseguições também povoara a Ásia em tempos remotos – teria sido
e caçadas os dissolvessem” (Os Caminhos Antigos assimilado, ou substituído, pelas levas mongóis” (BUENO,
e Povoamento do Brasil, 1963, p. 247-248). Brasil: uma história, 2003, p. 15).
Parte do litoral norte paulista foi território Segundo o padre Anchieta, por volta de 1570 os
Maromomi, pois a orla de Caraguatatuba era conhe- Maromomi apareceram em Bertioga, mostrando-se bas-
cida como Enseada dos Maromomis, o que mostra tante abertos aos jesuítas, o que os levou a serem
a presença desse povo naquela região por muito catequizados por volta de 1572. Este trabalho se deveu
tempo. ao padre Manuel Viegas, que passou a conviver com eles
Os Maromomi são da família Puri e pertencem (Textos Históricos, [c.1596] 1989, p. 142). Segundo rela-
ao tronco linguístico macro-jê, grupo que ocupava to do mesmo padre Viegas, em 1585 eles já estavam
um vasto território entre a Serra do Mar, o Vale do bastante próximos de São Vicente, o que facilitou o tra-
Rio Paraíba do Sul e a Serra da Mantiqueira. O nome balho missionário. Mas a falta de padres impediu a cria-
Puri ou Pucki, como se autodenominavam, parece ção de uma missão (In: LEITE, História da Companhia de
significar gente boa. Ocuparam extensa área do Su- Povo Puri aparentando os Maromomi. Ilustrado por Maximiliano de Wied-Neuwied. Jesus no Brasil, 2004, T. 9, Apend. B, p. 542).
deste, desde o Vale do Rio Paraíba, que corta os Em 1604 os jesuítas fizerem novo pedido ao superior
estados de São Paulo, Rio de Janeiro e sudeste de Minas Gerais, até a região do Rio Pomba em Roma para a fundação de uma missão entre os Maromomi, que já se encontravam em
(Prezia, Indígenas do Leste do Brasil, 2010, p.17). Piratininga (Arch. Rom. S.J., Congr. 51. In: LEITE, Os jesuítas e os índios Maromomis, RIHGSP,
Por serem coletores, as fontes de alimento dos Maromomi eram a caça, o mel, os fru- 1937, v. 32, p. 253). Mesmo com essa autorização e com a orientação de que fosse construída
tos da sapucaia e o pinhão da araucária, árvores típicas de Mata Atlântica, muito farta tem- a missão “em lugar seguro, ao abrigo de ataques dos índios”, ela foi se concretizar somente
pos atrás na região do Tanque Grande, Fortaleza, Capelinha e Bananal. Atualmente são espécies alguns anos depois, entre 1607 e 1608, graças ao empenho, certamente, do padre Viegas, cha-
raras devido ao desmatamento e a fatores climáticos. mado na época de “Pai dos Maromomis”.
Sobre os primeiros habitantes da região Leste do Brasil, Benedito Prezia afirma: “(...) Em 1608 encontramos as primeiras alusões de uma documentação civil sobre os
isso mostra que os paleoíndios, como são chamados, deviam pertencer ao mesmo grupo do Maromomi já localizados no planalto, feitas pela Câmara de São Paulo, ao se referir à sua
povo que teria vindo da África ou da Oceania há cerca de 50 mil anos, portanto antes do es- presença ao longo do Rio Tietê. Essa é uma prova de que apenas nessa época algumas fa-
tabelecimento do tipo racial asiático. Um homem com cabelos espetados, como os negros, mílias viviam acampadas à margem direita desse rio (ACSP, 5.10.1608, v. 2, p. 222).
desenhado há 10 mil anos, na caverna de Cerca Grande, em Lagoa Santa, reforça essa tese... A missão, que passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição dos Maromomis, teve
Pelos vestígios encontrados, esses povoadores construíam acampamentos provisórios, em re- como primeiro superior o padre Sebastião Gomes (LEITE, id., 2004, T. 6, L. 4, c.1, p. 501).
giões descampadas, ou se escondiam em abrigos naturais e cavernas. Alimentavam-se de Certamente o padre Viegas já devia estar sem condições de assumir a obra, pois morreu em
pequena caça, pesca, frutas e raízes... Com o fim do período glacial, por volta de 10 mil anos 1608. Com sua morte e com a per-
atrás, o clima do continente mudou, tornando-se a região leste mais quente e chuvosa. Des- da de prestígio dos jesuítas no pla-
sa forma surgiram a Mata Atlântica e as florestas... (Indígenas do Leste do Brasil, 2004, p. 14). nalto, os indígenas da Missão
Somos levados a crer que os Maromomi, por serem um povo coletor e por não domina- começaram a ser requisitados para
rem a técnica da cerâmica, teriam ligação com os paleoíndios, que seriam populações que trabalhos em fazendas e em outros
começaram a ocupar nossa região por volta de 8.000 anos atrás. O termo paleoíndios deno- serviços, como na forja de Diogo de
ta as populações que chegaram ao território brasileiro no paleolítico, ou seja, na idade da pedra Quadros, no Ibirapuera, atual Santo
lascada. O termo índio foi atribuído pelos portugueses às populações do tipo racial asiático, Amaro, como aparece numa ata da
por imaginarem ser o continente Sul-Americano parte da Índia. Com base no modelo das quatro Câmara de 1609 (ACSP, 15.02.1609,
migrações, sugerido pelo antropólogo físico Walter Neves, Eduardo Bueno comenta: “... Os v. 2, p. 234-235).
três últimos [ciclos migratórios] foram, todos eles, empreendidos por populações mongóis (cujo A partir de 1630, os paulistas
DNA é o mesmo das populações indígenas atuais). Anteriormente aos três fluxos dos mongóis, passaram a chamá-los de Gua-
no entanto, teria havido um ciclo migratório de povos não mongóis, cujos traços eram muito rulhos, certamente por influência À esquerda, crânio do homem de Lagoa Santa.
mais similares aos dos atuais africanos e aborígenes australianos. Esse grupo ancestral – que dos moradores do Rio de Janeiro, À direita, face reconstruída de Luzia.
Museu Arqueológico da região de Lagoa Santa, 2010.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
mudança administrativa, da categoria de aldeia para a de freguesia, deixando marcas na paisa- Certamente os donos de garimpo influenciaram o poder sediado na Vila de São Paulo
gem da cidade. Dessa época constatamos a existência do Sítio Arqueológico do Garimpo de na mudança que houve em 1685, quando a localidade deixou de ser aldeia e passou à con-
Ouro do Ribeirão das Lavras, no bairro Capelinha, além de estruturas de garimpo nas demais dição de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de São Paulo de Piratininga, status
localidades mencionadas, construções de casas e igrejas em taipa de pilão e de diversos correspondente, na estrutura da Igreja Católica, ao de paróquia. É desse período a constru-
topônimos: Bairro das Lavras, Campo dos Ouros, Serra do Ouro, estradas das Lavras, das Catas ção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição (sede da paróquia na época), edificada na Praça
Velhas, da Conceição, Velha do Bonsucesso, do Caminho Velho, do Saboó, do Morro Grande, Tereza Cristina no mesmo ano da criação da freguesia.
Ribeirão dos Quilombos, igrejas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pre- Ao menos em três ocasiões os indígenas ameaçaram os propósitos dos colonizadores.
tos, de São Benedito dos Homens Pretos, de Nossa Senhora da Conceição, de Nossa Rebelados, atearam fogo em fazendas, o que resultou na destruição de plantações e na mor-
Senhora do Bonsucesso e Bom Jesus da Cabeça. te de alguns fazendeiros.
Quanto a indícios de resistência negra, há poucas pesquisas. Porém, a existência das
igrejas negras mencionadas e do Ribeirão dos Quilombos, bem como citações do pesquisa-
dor Clovis Mouro, de 1776, sobre a convocação feita pelo governador Cunha Menezes dos
capitães-mores da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição para conter fugas de escra-
vos, são elementos significativos que merecem maior aprofundamento.
Por força dos acontecimentos históricos, é significativa a presença de indígenas, brancos
e negros no território guarulhense atualmente – uns como senhores e a grande maioria feri-
da na sua dignidade, subjugada na condição de escravos. Foi nesse contexto econômico que
a cidade presenciou a transição de Colônia para República.
Aqueduto – canal que levava água para a mineração de ouro – Sítio Soledad. Estrutura encontrada em 2010 por
Elton Soares de Oliveira, Daniel Carlos de Campos, David Almeida Braga, Donizete Bertozzi e José Abílio Ferreira. Sítio arqueológico do Ribeirão das Lavras, ouro no veio de quartzo.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
MAPA DA CICLO DO TIJOLO COZIDO – ÉPOCA DAS OLARIAS
MINERAÇÃO AURÍFERA Com o esgotamento da mineração, outro modelo de ocupação do espaço começou a ser
DE GUARULHOS gestado. Com isso, o povoamento e as atividades econômicas se deslocaram da região mon-
tanhosa para a parte baixa da cidade, nas proximidades das várzeas dos rios Tietê, Baquirivu
Guaçu e Cabuçu de Cima. O uso do tijolo cozido, em substituição à taipa de pilão, fez com
que Guarulhos reencontrasse o espaço perdido no cenário econômico global.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
A imigração subvencionada, a partir de 1870, traz milhares de imigran-
tes estrangeiros para o Brasil e especialmente ao Estado de São Paulo. A pre-
MAPA DA ÁREA URBANA DE GUARULHOS EM
sença de italianos, alemães, espanhóis, portugueses e, muito posteriormente, 1938
libaneses e asiáticos, de um modo geral, vai ser decisiva para o ordenamento
econômico, político e cultural da cidade de Guarulhos no período que antece-
de o ciclo industrial.
A imigração subvencionada, a expansão da lavoura de café em São Pau-
lo, seguida da implantação da rede ferroviária, bem como a existência de re-
cursos naturais em Guarulhos, como argila, água, madeira, areia e pedra, além
da proximidade com a Capital paulista, são fatores que possibilitaram o ciclo
econômico das olarias, que no período do ouro e das construções em taipa
de pilão produziam apenas telhas.
O uso do tijolo cozido em larga escala na Capital paulista e na região
metropolitana, empregado na edificação de casas, igrejas, pontes, cadeias,
galpões, tubulações, prédios públicos etc., fez surgir em Guarulhos dezenas
de olarias e proporcionou diversificação econômica à cidade.
Era comum os donos de olarias, mais para o final do período, interca-
larem a produção de tijolos e telhas com pequena produção de hortaliças,
destinadas ao mercado e à agricultura de subsistência. Na Ponte Grande
existiu um porto, no atual Bairro do Porto, por onde escoava o grosso da pro-
dução local, pela Hidrovia Rio Tietê/Ponte das Bandeiras, em São Paulo. Nesse
período foram abertas novas vias, houve crescimento do comércio, incremento
populacional, aumento do rebanho bovino e da produção de cachaça por meio
de engenhos. No auge da produção oleira guarulhense, em 1956, havia 250
olarias artesanais e uma produção média de aproximadamente 1 milhão de
tijolos por dia, sem contar a produção oleira industrializada.
Trabalhadores em olaria no bairro Ponte Grande. (Fonte: Conto, canto e encanto com a minha história... Guarulhos: Espaço de Muitos Povos, p. 21, 2008.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Dentro do período do ciclo do tijolo cozido, novas situações emergiram no cenário polí- meio da União Operária constata-se
tico da cidade: a presença de muitos imigrantes estrangeiros – italianos, portugueses, espa- a existência do primeiro grupo
nhóis, libaneses e asiáticos –, a chegada do trem da Cantareira, a primeira indústria da cidade, de teatro da cidade, os chamados
o salário como remuneração da força de trabalho e a constituição do primeiro núcleo de “teatristas da Vila Galvão”.
operários urbanos na Vila Galvão. Em 1950, o ciclo econômico da
Diante das transformações que vinham acontecendo, aos 24 de março de 1880, confor- cidade já era considerado industrial.
me a Lei no 34, Guarulhos emancipa-se de São Paulo, tornando-se vila (município). Logo em Vários fatores foram decisivos para o
seguida acontece o fim da escravatura. Em 1886, a freguesia da Penha deixa de pertencer a avanço da industrialização no muni- Ilustração da Sociedade Dramática Recreativa União dos
Guarulhos, o mesmo acontecendo com Mairiporã, em 1889 (antigo Juqueri, ver página 26). Em cípio, entre os quais destacamos: a Operários de Vila Galvão, em 1917.
19 de dezembro de 1906, mediante a Lei no 1.038, a Vila de Guarulhos foi elevada à categoria de localização geográfica entre a Capi-
cidade. Finalmente, a Lei Estadual no 2.456, de 30 de dezembro de 1953, regulamentou a comarca tal paulista, Minas Gerais e o Rio de Janeiro; a primeira e a segunda guerras mundiais; a exis-
(Poder Judiciário Local), cuja instalação se deu, solenemente, aos 18 de fevereiro de 1956. tência do aquífero Cumbica (ver páginas 61 e 62); a isenção de impostos municipais para
empreendimentos fabris; a oferta de força de trabalho próxima à indústria, oriunda da imi-
CICLO INDUSTRIAL – FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO gração nacional; investimentos públicos de grande monta em infraestrutura, especialmente
na implantação da Via Dutra, nas siderúrgicas de Volta Redonda e Usiminas, hidrelétricas e
OPERARIADO GUARULHENSE plataformas de petróleo, por exemplo.
A Guarulhos atual possui características essencialmente urbanas: concentração densa Diferentemente dos ciclos econômicos anteriores, que retiravam toda matéria-prima do
de população e boa infraestrutura – rede de fornecimento de água, coleta de esgoto, gás, próprio município, a produção industrial depende, como visto, de produtos semi-industrializa-
eletricidade, telefonia, transporte, sistema educacional e de saúde, áreas de lazer, aeroporto, dos, oriundos de outras localidades, e de estruturas de suporte fora da cidade. Guarulhos é um
vias de acesso, praças, imóveis residenciais, comerciais e industriais etc. Do ciclo dos indí- polo econômico industrial que faz parte de uma cadeia produtiva regional, nacional e internacional.
genas coletores a uma cidade industrializada são mais de 500 anos de construção. Para seu bom funcionamento, se faz necessária, principalmente, a existência de um sofisticado
A primeira indústria a se estabelecer no município, em 1911, na Vila Galvão, foi a Em- sistema de transportes e rodovias para suprir as demandas das indústrias.
presa Cerâmica Paulista, que ficava em frente à Estação Ferroviária. Ao redor da fábrica e da Segundo estudo (IBGE/IPEA* – 2005), “Aumenta a concentração de serviços e da população,
estação de trem, inicialmente chamada de Estação Cabussu, depois Vila Galvão, formou-se a de acordo com o nível de industrialização. Além do próprio peso da atividade, a indústria agrega
primeira vila dos operários da cidade, chamada de colônia. uma série de serviços em torno de si, o que faz crescer ainda mais a economia local. Foi a indús-
É dessa época a primeira forma de organização dos operários do município. Em 1o de tria, e não diretamente o Aeroporto Internacional, a grande responsável pelo Produto Interno Bruto
abril de 1917, os operários da Cerâmica Paulista e da Estrada de Ferro, Ramal Tramway (PIB) de Guarulhos. A produção industrial se reflete na receita do município: cerca de 60% da
da Cantareira, juntaram-se e fundaram o “União Operária Beneficente Portuguesa”. Se- arrecadação vêm, segundo a Prefeitura, das atividades industriais. Guarulhos faz parte do seleto
gundo relato, os fundadores do União Operária eram munidos de um mesmo ideal, de- grupo das nove cidades brasileiras responsáveis por 25% do PIB do Brasil”.
monstrando forte disposição para criar uma sociedade de lutas da classe operária. Por O município tem oscilado entre a 8a e a 9a posições na economia nacional, sendo respon-
sável por 1,03% do PIB brasileiro (IBGE-2006). Com um parque industrial diversificado, conta
91.847 trabalhadores em mais de 2.890 indústrias, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662
prestadores de serviços e 54 unidades produtivas em meio rural, segundo o Dipam-2006.
A produção industrial chega a R$ 12,06 bilhões anuais e a cidade figura no cenário
nacional com um PIB de R$ 18.194.924 bilhões. O emprego no setor formal contabiliza
227.914 trabalhadores.
A industrialização também gerou enorme contraste social, observando-se a existência de
muita riqueza e muita pobreza, inclusive de um grande passivo ambiental. O operariado urba-
no, diante das precárias condições de trabalho, baixo salário e falta de infraestrutura nos locais
de moradia, organizou-se em suas entidades de classe, sindicatos, associações de bairro,
partidos políticos etc. Com isso, vieram as greves, passeatas e protestos, conduzidos por ope-
rários e trabalhadores nos locais de trabalho e na periferia da cidade. O primeiro sindicato, o
Sede da primeira indústria de Guarulhos, em 1911. Cerâmica Paulista, em Vila Galvão. dos condutores, foi fundado em 1958, e a primeira greve operária aconteceu em 1963.
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(Fontes: Fundação Seade e Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo – IGC/SP.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
DESMEMBRAMENTO –
GUARULHOS JÁ FOI TERRITÓRIO DO
MUITO MAIOR MUNICÍPIO
DE SÃO PAULO
O desmembramento territorial, procedimento de parcelamento EM 1840
de solo, serviu, no passado, para criar novas áreas de povoamen-
to e permitir o melhor controle da terra e ações de desenvolvimento.
Territórios extensos eram difíceis de gerenciar e muitas
áreas ficavam sem intervenção administrativa (abandonadas),
por falta de recursos humanos e financeiros. Assim, os des-
membramentos eram essenciais para o desenvolvimento de São
Paulo, pois eram criados centros administrativos (vilas e cida-
des) que intercederiam diretamente naquela porção de terra
recém-formada.
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GALERIA DA HISTÓRIA
Estação Guarulhos, trem da Cantareira, Fábrica de Casimiras Adamastor, em 1926, Festas de Nossa Senhora do Bonsucesso e da
atual Praça IV Centenário. atual Centro Municipal de Educação Adamastor. Carpição, em 1959, celebradas há 268 anos.
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Reservatório Cabuçu.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
região conhecida como zona de subducção, gerando atrito e fusão nas rochas, promovendo
GEOLOGIA: GUARULHOS HÁ BILHÕES DE ANOS vulcanismo, terremotos e a elevação da cordilheira dos Andes.
Esta “dança dos continentes”, bem como os terremotos, vulcões e a elevação de gran-
Para entendermos a formação do relevo (serras, montanhas, colinas e planícies) e a atual des cadeias de montanhas, são decorrentes do movimento de calor no interior da Terra, co-
paisagem de Guarulhos, além da ocorrência e extração de ouro no município e demais ativi- nhecido como fluxos geotérmicos (como bolhas que sobem de uma panela de água fervendo),
dades econômicas e sociais, é necessário conhecermos os processos geológicos relaciona- pois nosso planeta está sempre em movimento, ele é geologicamente vivo.
dos à formação de nosso planeta. Esses processos fazem parte da formação da Terra ao longo A teoria da Tectônica de Placas ou Global foi desenvolvida no início do século XX pelo
do tempo geológico, que foi dividido, tendo por base os maiores eventos da história geológi- cientista alemão Alfred Wegener. Baseado na observação do mapa-múndi, ele percebeu que
ca, como a evolução de cadeias de montanhas e as etapas de evolução da vida, constatadas as linhas das costas sul-americana e africana se encaixavam. Acreditava que todos os con-
por meio da observação de fósseis (ver página 31). tinentes eram unidos um dia e, posteriormente, ter-se-iam separado. Ele denominou essa teoria
Desde a formação da Terra, há cerca de 4,6 bilhões de anos, continentes inteiros surgi- de Deriva dos Continentes. Posteriormente detalhada e aperfeiçoada, passou a ser conheci-
ram e foram destruídos várias vezes. No início de sua formação, quando nem os continentes da como teoria da Tectônica de Placas. Wegener denominou esse supercontinente de Pangea,
nem os oceanos existiam como os conhecemos hoje a superfície da Terra era tão quente, que se fragmentou há cerca de 220 milhões de anos, no Período Triássico.
devido às atividades vulcânicas e aos impactos de meteoritos, que a água não podia se Da fragmentação do Pangea surgiram, no Período Cretáceo, dois continentes: Laurásia
condensar na superfície para formar rios, lagos e oceanos. (América do Norte, Europa e Ásia) e Gondwana (África, América do Sul, Austrália e Índia). No
Ao longo de milhares de anos a temperatura da Terra foi diminuindo, possibilitando a for- início do Período Terciário, há cerca de 65 milhões de anos, Gondwana se fragmentou, for-
mação da crosta terrestre, que é dividida em diversas partes chamadas placas tectônicas. A mando os continentes africano e sul-americano e também o oceano Atlântico.
crosta terrestre tem, em média, de cinco quilômetros no fundo do mar a setenta quilômetros Durante todo esse processo, lavas, cascalhos, areia e outros materiais foram se depo-
no alto das maiores montanhas. Os limites das placas tectônicas são regiões de atividades sitando como camadas de um bolo, como ocorreu no território do Estado de São Paulo (ver
vulcânicas e terremotos e estão em constante movimento, deslocando-se entre 1,3 a 18,3 cen- páginas 34 e 35). Essas camadas podem ter metros e até quilômetros de espessura e levar
tímetros por ano. Parece pouco, mas durante bilhões de anos esse processo possibilitou o milhões ou até bilhões de anos para se formar.
surgimento dos continentes, dos oceanos e do relevo tal como hoje os conhecemos (ver página 32). No processo de formação dos continentes sul-americano e africano, os terrenos se ele-
A placa sul-americana, por exemplo, é limitada a leste pela dorsal meso-oceânica, no varam ao longo de uma extensa faixa entre os atuais estados do Paraná, São Paulo e Rio de
fundo do oceano Atlântico, e a oeste junto à cordilheira dos Andes (ver página 32). Na dorsal Janeiro. Em seguida, o sentido das placas tectônicas se inverteu e, por isso, o topo dessas
meso-oceânica, a placa sul-americana se afasta da placa africana. À medida que elas se elevações sofreu um afundamento de blocos de rochas, num processo chamado de Rift Con-
afastam, são expelidas lavas (rocha derretida) entre as placas, criando um novo assoalho tinental do Sudeste Brasileiro (RCSB), entre as serras do Mar, da Mantiqueira e da Cantareira,
oceânico. Consequentemente, a placa sul-americana se desloca por cima da placa Nazca, formando um extenso vale.
Observação: deslocamento dos continentes a partir do Período Permiano. Evidências mostram que a movimentação dos continentes ocorreu diversas vezes antes desse período. Ver a configuração e a disposição atual dos conti-
nentes na página 32.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Durante milhares de anos as chuvas e o vento foram desgastando as montanhas, carre- ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO
gando cascalhos, areia e outros materiais, chamados de rochas sedimentares, que se deposi-
taram nessa parte afundada, conhecida como Bacia Sedimentar, situada entre as serras do Mar,
da Mantiqueira e da Cantareira.
Posteriormente, há cerca de 23 milhões de anos, no início do Período Neógeno, houve duas
novas elevações dos terrenos, desta vez transversais, o que dividiu essa extensa depressão em
três partes. Uma dessas elevações foi na divisa de Guarulhos com Arujá e definiu as bacias
hidrográficas do Rio Tietê e do Rio Paraíba do Sul. Essa elevação é conhecida como “Alto Estru-
tural de Arujá”. Originalmente as nascentes do Rio Tietê não estavam em Salesópolis, mas no
município de Guararema; o Rio Paraitinga era a nascente do Tietê. Com a evolução do “Alto
Estrutural do Arujá”, o Rio Paraitinga interrompeu o escoamento das águas em seu leito e o Rio
Paraíba do Sul o “capturou”. Ele passou, portanto, a ser a nascente do Rio Paraíba do Sul, con-
forme mapa da página 57.
O Rio Paraitinga corre exatamente em direção oposta à do Paraíba do Sul. A inflexão ou
cotovelo se dá na região de Guararema. O geógrafo Aziz Ab’Sáber (1957) identificou esta cap-
tura como uma “grande anomalia de drenagem existente na curvatura brusca que inverte total-
mente a direção do curso do Paraíba paulista, região de Guararema” e “a mais sugestiva anomalia
de drenagem do território brasileiro”.
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O processo de formação do “Alto Estrutural de Arujá” de atividades vulcânicas associadas a alterações
teve consequências muito singulares na divisa de hidrotermais e mineralização de ouro, características des-
Guarulhos e Arujá. Na divisa das bacias hidrográficas do se mar existente em Guarulhos há 1,5 bilhão de anos.
Rio Tietê e Paraíba do Sul em Arujá, próximo a Guarulhos, Nesse período, foi formada também a Serra do
a planície (porção do relevo mais baixa e plana em uma Itaberaba, ou do Gil, e o Morro Nhangussu, também co-
bacia hidrográfica) do Rio Baquirivu Guaçu, pertencente nhecido como morrão, ambos no bairro Morro Grande (ver
à bacia do Rio Tietê, adentra a sub-bacia do Rio Jaguari, páginas 38 a 40). Essa região era chamada de Serra do
este pertencente à bacia do Rio Paraíba do Sul (ver pá- Jaguamimbaba no início da colonização devido a ati-
gina 57). Isso significa que o limite dessas duas grandes vidades de exploração de ouro.
bacias hidrográficas, do Tietê e do Paraíba do Sul, na di- Esses antigos eventos geológicos em Guarulhos pro-
visa dos municípios é muito baixa e com declividade moveram a ascensão de fluxos de lavas para a superfí-
muito tênue, quase imperceptível, realmente uma situa- cie. O processo de elevação de lava à superfície através
Rocha marundito no Pico Pelado – Cabuçu, 2010.
ção bastante singular. de fissuras na crosta terrestre tem a propriedade de atrair
Adentrando novamente mais no passado geológico, e agregar partículas de ouro. Ao se solidificarem na su-
antes da formação dos continentes sul-americano e afri- perfície, em determinadas condições e composição, for-
cano, há evidências de eventos geológicos em Guarulhos maram cristais de quartzo associados às pepitas de ouro.
muito mais antigos, há pouco mais de 1,5 bilhão de anos, A partir disso, a ação da chuva e de outros agentes fi-
com a ocorrência de terremotos e a presença de muitos zeram com que essas pepitas se encaminhassem e se
vulcões. Desses eventos vulcânicos resultaram derrames Ouro em meio a
depositassem nos rios, formando o chamado ouro de alu-
rocha de quartzo.
de lavas que foram sendo depositadas no fundo de um vião. Esses eventos têm grande significado para
oceano então existente na região. Guarulhos, pois proporcionaram a ocorrência de ouro e,
As maiores evidências da existência de mar em posteriormente, sua extração, no início da colonização
Guarulhos é o fato de existirem hoje três tipos de rochas: portuguesa, sendo a primeira atividade econômica no
as basálticas, os quartzitos e os marunditos. As rochas município, especialmente na Tapera Grande, hoje região
basálticas são formadas pela erupção vulcânica e seu do Capelinha, entre outras localidades de Guarulhos.
resfriamento é muito rápido, em ambiente onde a crosta O território de Guarulhos, portanto, é composto, de
terrestre é pouco espessa, característica do assoalho um modo geral, por dois tipos de rochas, as sedi-
oceânico. Os quartzitos são compostos de grãos de areia mentares, de idade entre 65 e 1,8 milhão de anos, e as
típicos da praia desse mar existente na região e que so- cristalinas, mais antigas, de até 1,5 bilhão de anos, re-
freram elevadas pressões e altas temperaturas até se sultantes dos processos vulcânicos (ver página 37). Na
recristalizarem e formarem esse tipo de rocha. porção sul do território predominam as rochas se-
Os marunditos, por sua vez, são rochas muito ra- dimentares depositadas, durante o Período Terciário,
ras tanto no Brasil como no mundo. Elas estão presen- sobre as rochas cristalinas antigas (embasamento cris-
tes no Pico Pelado, região do Cabuçu, onde um desses talino). Sobre a Bacia Sedimentar, durante o Período
fragmentos de rocha chega a 60 metros de comprimen- Quaternário, há 1,8 milhão de anos, formaram-se os rios,
to, com uma variedade de tonalidades azul-clara, azul- córregos e ribeirões tais como os conhecemos hoje, en-
-escura, marrom e branca em função da concentração tre eles os rios Tietê, Baquirivu Guaçu e Cabuçu de Cima
diversificada de minerais. É tamanha a importância da e os córregos Tanque Grande e Lavras. Na porção norte
presença dos marunditos em Guarulhos que a área foi do município predominam as rochas cristalinas. O limi-
inserida em 2010, pela Comissão Brasileira de Sítios Os eventos geológicos estão associados a grandes pressões e elevadas tempe- te das rochas cristalinas e sedimentares, entre norte e sul,
Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), no catálogo de pa- raturas, que fazem, muitas vezes, com que as rochas se dobrem como papel, é marcado por uma falha geológica, denominada Falha do
trimônios naturais brasileiros a serem preservados. Sua sem se quebrar. É possível, entretanto, que ocorram rompimentos, chamados de Jaguari, bem marcada no sentido leste-oeste.
formação é bastante complexa e está ligada a processos falhas geológicas, em conjuntos de rochas.
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GEOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO Durante o Período Terciário a região foi novamente afetada por tectonismo decorren-
te da separação dos continentes América do Sul e África: houve soerguimento do emba-
samento Pré-Cambriano e, em duas áreas, formaram-se bacias alongadas e delimitadas
Cerca de um terço do Estado de São Paulo (porção leste) é constituído por granitos* e por falhas, onde se depositaram rochas sedimentares. Trata-se da formação do Rifte Con-
rochas metamórficas*, formando o embasamento Pré-Cambriano. A formação dessas rochas tinental do Sudeste Brasileiro (RCSB, ver página 31). São as bacias sedimentares de São
(grandes deformações tectônicas formando dobras e falhas, com deslocamento de blocos) Paulo e Taubaté. No Quaternário houve a formação de aluviões*, com camadas dispersas e
marca o atual relevo montanhoso do Estado. de pouca espessura.
Os outros dois terços do território pertencem à Bacia Sedimentar do Paraná, constituída A estrutura geológica do Estado de São Paulo, portanto, apresenta uma nítida divisão
por rochas sedimentares* variadas e por basaltos*. geral entre as rochas cristalinas* do embasamento Pré-Cambriano do Escudo Brasileiro e as
Na Era Paleozoica, desde o Período Devoniano, o interior do Estado de São Paulo esteve rochas sedimentares e vulcânicas de diferentes idades que compõem a Bacia Sedimentar do
submerso em um mar epicontinental – pouco profundo e localizado sobre a plataforma Paraná.
continental –, resultando no depósito de extensos pacotes de rochas sedimentares das Detalhando essa divisão em compartimentos geológicos, relacionando as características
formações Furnas, Grupo Itararé, Aquidauana, Grupo Guatá e Grupo Passa Dois. das rochas agrupadas em determinados intervalos do tempo geológico com a caracterização
No Triássico houve a regressão do mar, formando rios e lagos, e então o clima se do relevo, tem-se a seguinte apresentação:
tornou desértico. Nesse período ocorre um novo ciclo de sedimentação, quando arenitos
depositados pela ação dos ventos formaram sucessivos campos de dunas (formações Piramboia,
● no Planalto Atlântico, rochas cristalinas do Arqueozoico-Proterozoico;
durante o início do Período Triássico, e Botucatu, do final do Jurássico ao início do Cretáceo). ● na Depressão Periférica, rochas sedimentares do Paleozoico (Carbonífero e Permiano);
● na Cuesta Basáltica, rochas sedimentares e vulcânicas, do Triássico ao início do
Depois disso, ainda no início do Cretáceo, a Bacia do Paraná foi afetada por intenso
vulcanismo da Formação Serra Geral: sucessivos derrames de lavas basálticas recobriram Cretáceo;
quase todo o deserto de Botucatu, chegando a atingir cerca de 2.000 metros de espessura. ● no Planalto da Bacia do Paraná, sedimentos do final do Cretáceo e do Cenozoico,
Já em clima semiárido, durante o final do Cretáceo, depositaram-se sobre os basaltos exis- intercalados por rochas efusivas* (extrusivas) basálticas;
tentes sequências de arenitos do tipo calcífero (Grupo Bauru), com espessura média de 150 metros. ● na Província Costeira, terreno sedimentar de origem marinha do Período Quaternário.
SEM ESCALA
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RELEVO
Relevo é a forma da superfície terrestre MAPA DO RELEVO
representada, de um modo geral, por cordilhei-
ras, serras, montanhas, planaltos e planícies DO ESTADO DE
resultantes dos processos geológicos. A ciência SÃO PAULO
que estuda essas formas é conhecida como
geomorfologia. As características fundamentais
observadas no relevo pela geomorfologia são:
amplitude topográfica (diferença de altitude entre
pontos mais baixos e mais altos) e declividade
das encostas (maior ou menor inclinação) dos
terrenos.
Os geógrafos Pierre Monbeig e Aziz Ab’Saber
e o geólogo Fernando F. M. de Almeida dividiram,
entre 1949 e 1964, o Estado de São Paulo em
cinco diferentes porções geomorfológicas: Planí-
cie Costeira, Planalto Atlântico, Depressão Perifé-
rica, Cuestas Basálticas e Planalto Ocidental.
A Planície Costeira abrange, basicamen-
te, as regiões da Baixada Santista e o Vale do
Ribeira do Iguape. É constituída pela deposição
de rochas sedimentares de origem marinha e
sedimentos provenientes dos processos erosivos
do Planalto Atlântico.
O Planalto Atlântico é constituído por
gnaisses e granitos muito antigos, do Período
Pré-Cambriano. São terras altas, com monta-
nhas e planaltos que podem atingir até 2.000
metros de altitude. Esse compartimento de re-
levo aparece de modo evidente, com terrenos
enrugados, refletindo as falhas e demais defor-
mações das rochas, resultado dos processos Esse relevo é interrompido por uma faixa descontínua de escarpas* na porção central
geológicos quando da separação dos continen- do Estado, onde se limita com as Cuestas Basálticas, que formam planaltos* isolados com
tes e formação do Oceano Atlântico. Inserido no Planalto Atlântico, entre as altitudes de 700 altitudes médias de 800 a 900 metros e, a partir dessa linha sinuosa de escarpa, estende-se
a 900 metros, está o Planalto Paulistano, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e, o Planalto Ocidental, ocupando quase a metade do território estadual, diminuindo sua alti-
nela, Guarulhos. tude em direção ao Rio Paraná, divisa do Estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul.
Após o limite do Planalto Atlântico, seguindo para o oeste, verifica-se uma queda do Possui relevo ondulado esculpido nos arenitos do Grupo Bauru.
relevo, numa faixa de 80 a 100 quilômetros de largura onde se encontra a Depressão Peri- Em 1981, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT – elaborou o Mapa
férica, com altitudes médias de 600 a 650 metros. Essa região é formada por rochas Geomorfológico do Estado de São Paulo, estabelecendo zonas e subzonas geomorfológicas em cada
sedimentares Paleozoicas e Mesozoicas da Bacia Sedimentar do Paraná, caracterizadas por uma das cinco porções geomorfológicas. Citaremos aqui apenas a zona do Planalto Paulistano
terras baixas e colinas*. (inserida no Planalto Atlântico), onde está contida a Região Metropolitana de São Paulo e Guarulhos.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Na Região Metropolitana de São Paulo encontram-se dois compartimentos geomorfológicos bem diferenciados: a Bacia Sedimentar de São Paulo, caracterizada por relevos suavizados, com
colinas e espigões* tabulares com níveis escalonados. Seu entorno é constituído por rochas cristalinas Pré-Cambrianas, com relevo mais acidentado, como a Serra do Mar e a Serra da Cantareira.
Os terrenos sedimentares correspondem à unidade geomorfológica Colinas de São Paulo, que cobrem cerca de 60% da Região Metropolitana de São Paulo, com altitudes entre 715 e 900
metros. Estas, juntamente com a Morraria de Embu, formam o Planalto Paulistano. As Colinas de São Paulo se desenvolvem tanto sobre os sedimentos da Bacia de São Paulo como em rochas
Pré-Cambrianas.
Nas demais regiões predominam relevos acidentados, destacando-se morrotes, morros e serras. No setor norte da região (subzona Serraria de São Roque) são encontradas serras
alongadas, com declividades altas e extensão acima de 300 metros.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
MAPA DO RELEVO
Já em Guarulhos, segundo o geólogo Már-
DE GUARULHOS
cio Roberto Magalhães de Andrade, a geomor-
fologia é composta por cinco regiões:
● Planície Aluvial*: declividades infe-
riores a 5%, com amplitudes topográficas in-
feriores a 10 metros.
● Colinas: declividades de até 30%, com
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
DIFERENÇAS DE ALTITUDES
Como vimos, a paisagem natural é o resultado de processos geológicos ocorridos há milhões e até bilhões de anos, resultando nas diferentes formas de relevo. Este, por sua vez, pode
ser dividido por camadas de altitudes. O estudo desse atributo do relevo é conhecido por hipsometria.
A maior altitude no Estado de São Paulo é encontrada na Pedra da Mina, na Serra da Mantiqueira, com 2.770 metros.
Na Região Metropolitana de São Paulo, as maiores altitudes são encontradas (porção norte) entre Guarulhos e a Zona Norte de São Paulo (porção oeste), na cidade de Cotia e (porção
leste) na região das nascentes do Rio Tietê, município de Salesópolis.
Hipsometria
Termo geográfico amplamente utilizado para indicar a altimetria
(altitude) do relevo de um local ou região (bairro, município, estado, país
ou continente).
Esse termo refere-se a qualquer tipo de técnica ou método usa-
do para medição e constatação da altitude de um relevo em relação
ao nível do mar.
(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo – IGC.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
postos por serras, morros altos e morros baixos, constituídos por rochas cris-
talinas;
● na faixa situada entre 800 e 760 metros estão as colinas e morrotes,
(Fonte: Dissertação de mestrado do geólogo Márcio Roberto Magalhães Andrade, FFLCH*/USP, 1999.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
TIPOS DE SOLOS O solo se forma, primeiramente, pelo processo de degradação das rochas, que se mis-
tura com materiais orgânicos como folhas e galhos de árvores e animais em decomposição,
sofrendo a influência do clima, especialmente a chuva e mudanças de temperatura. A pre-
Em Guarulhos, os solos tiveram uma grande importância cultural, econômica e social, sença de vegetação, com suas raízes, e de animais terrestres que abrem caminhos escava-
como exemplo, a extração de argila para a fabricação de tijolos nas olarias. dos no solo, possibilita a presença de oxigênio, tornando-o mais fértil.
O solo, juntamente com os recursos hídricos é, sem dúvida, o recurso natural mais im- O solo pode permanecer em um local específico ou ser transportado mediante a ação
portante, pois é ele a fonte de produção de alimentos. É um recurso finito que pode levar do vento ou da chuva, tornando-o um elemento dinâmico por natureza.
milhares de anos para tornar-se produtivo. A ciência que os estuda é conhecida como À medida que esses processos atuam, o solo vai se tornando mais espesso e diferenci-
pedologia. ado, formando subcamadas distintas, classificadas como horizonte A*, horizonte B* e assim
sucessivamente, pois incorporam mais ou menos matéria orgânica ou mineral de acordo com
as condições climáticas do local, agindo ao longo do tempo. Quando esse solo tem um de-
PERFIL GERAL DO SOLO senvolvimento completo, forma camadas bem definidas por suas características morfológicas,
DIVIDIDO POR CAMADAS DENOMINADAS químicas, mineralógicas e biológicas.
HORIZONTES: O, A, E, B, C e R As condições climáticas e de diferentes ambientes físicos, como o tipo de rocha que lhe
deu origem e o relevo, dará ao solo características distintas. A classificação dos tipos de solos
é um exercício difícil, existindo diversas metodologias.
É muito comum a associação, em determinados terrenos, de diferentes tipos de solos.
Entretanto, é possível classificá-los de acordo com a predominância de certos elementos. Como
exemplo, os solos orgânicos, que são mais férteis para fins de agricultura, ocorrendo normal-
mente na superfície, ou os argissolos, ricos em argila, encontrados normalmente em terre-
nos úmidos, usados na fabricação de tijolos. Já os solos arenosos são característicos pela
presença dominante de areia e por serem pouco orgânicos, o que, neste caso, dificulta o
desenvolvimento da maioria das espécies vegetais.
Na RMSP podemos observar predominância de argissolo*, especialmente na porção norte;
cambissolos* ao Sul e em uma porção ao norte, entre as cidades de Francisco Morato, Fran-
co da Rocha e Mairiporã; latossolos* na porção sudoeste, destacando-se as cidades de
Juquitiba, São Lourenço da Serra e Embu-Guaçu e entre Cotia e Vargem Grande Paulista.
Podemos encontrar os latossolos também entre as cidades de Guarulhos e Santa Isabel e entre
Mogi das Cruzes e Suzano.
Segundo o mapa do Projeto Radam Brasil, de 1983, Guarulhos apresenta, de modo ge-
ral, três tipos de solos, sendo: latossolos, argissolos e gleissolos*.
Os latossolos são solos altamente evoluídos, mas que sofreram perda de substâncias
solúveis, especialmente sais, os que o torna pouco férteis, mas, por outro lado, ricos em
argilominerais, além de partículas de ferro e alumínio.
Observação:
Argissolos são característicos pela presença predominante de argila e também são
A existência dos vários horizontes citados acima dependerá das condições pouco férteis.
geoambientais do lugar, tais como origem dos sedimentos, idade do solo, clima, Gleissolos, presentes predominantemente em regiões próximas aos rios e córregos, são,
vegetação, relevo e ainda a ação antrópica (alterações feitas pelo homem). O tipo,
portanto, saturados de água. Em geral, correspondem a solos orgânicos muito férteis e com
a profundidade e a quantidade de horizontes de um perfil de solo, bem como a
formação e a evolução do solo são diferentes em cada região devido aos fatores presença de argila. É justamente junto aos rios e córregos de Guarulhos, na presença de
geoambientais. gleissolos que, historicamente, encontramos a presença de agricultura e extração de argila.
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COBERTURA VEGETAL ambiente salino). A mata de restinga ocorre na planície costeira, em terreno arenoso, iniciando
na praia e dunas (vegetação rasteira e arbustiva) e adentrando a planície, onde se formam
Dentre os seis ecossistemas* terrestres brasileiros, estão presentes no Estado de São grandes florestas de restingas. Ambos – mangue e restinga – compõem o ecossistema da
Paulo a Mata Atlântica e o Cerrado. Mata Atlântica.
A Mata Atlântica, pertencente ao Bioma Floresta Tropical Úmida, apresenta grandes Área de Tensão Ecológica: área de encontro entre dois tipos de vegetação convivendo
variações ao longo de sua extensão. Engloba diversificados conjuntos florestais, com estrutu- no mesmo espaço. Esse fato dificulta sua classificação, pois verifica-se a existência de duas
ras e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáti- ou mais espécies endêmicas*. Podem também ser chamadas de áreas de transição ou
cas da vasta região onde ocorre. Tem como elemento comum a exposição aos ventos úmidos ecótonos*.
que sopram do oceano. É um dos mais ricos ecossistemas do mundo. Já o Cerrado brasileiro, diferentemente do que se imagina, é uma das savanas de maior
Podemos encontrar na Mata Atlântica vegetação com características bem particulares, biodiversidade do planeta (em torno de 5%), fato que lhe conferiu a classificação de hotspot
a saber: mundial, ou seja, uma área altamente ameaçada e com grande concentração de espécies
Floresta Estacional Semidecidual: Floresta Tropical, com características peculiares cau- endêmicas. É caracterizada por uma paisagem vegetal composta por árvores ressequidas,
sadas pela forte influência do regime pluvial,
ou seja, sujeita a duas estações: uma chuvo-
sa e outra seca. Permite variações de algu-
mas espécies mais resistentes ao período de MAPA DA VEGETAÇÃO
secas, quando parte da vegetação perde as PREDOMINANTE NO
folhas.
Floresta Ombrófila* Densa: também
ESTADO DE SÃO PAULO
conhecida como Floresta Latifoliada* Tropical
Úmida de Encosta (recebe chuva o ano intei-
ro), é a vegetação que mais caracteriza a
Mata Atlântica. Trata-se de uma composição
exuberante, de vegetação densa e rica bio-
diversidade. Sua existência está relacionada
ao relevo e à umidade proveniente do Ocea-
no Atlântico.
Floresta Ombrófila Mista: tem ca-
racterísticas semelhantes às da Floresta
Ombrófila Densa, porém, neste caso, sofre a
influência do clima subtropical (frio) oriundo
do Sul do País e da baixa temperatura, carac-
terística das elevadas altitudes da Serra da
Mantiqueira. Nesses locais, verifica-se a pre-
sença de araucárias típicas da Mata dos Pi-
nhais, concentradas sobremaneira no Estado
do Paraná.
Vegetação Litorânea: composta por
mangues e restingas. O mangue, vegetação
típica dos litorais tropicais, desenvolve-se
sobre terreno lodoso em áreas de inundação
cíclica das marés. São vegetais halófitos (de
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
associada a uma vegetação de porte baixo (gramíneas) e arbustos com troncos retorcidos,
caule grosso e casca espessa.
No passado, o Estado de São Paulo estava recoberto quase em sua totalidade pela Mata
Atlântica, e uma porção menor de Cerrado. O processo de devastação das florestas no Estado
começou no período colonial e culminou, no século passado, com a expansão das atividades
agropastoris e a crescente expansão urbana, apoiada pela industrialização.
Atualmente, restam apenas 3% da cobertura vegetal que já recobriu 80% do Estado
de São Paulo, segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo. O desmatamento con-
tínuo trouxe como consequência a eliminação de milhares de espécies animais e vegetais,
que tiveram seus habitats destruídos. Também atingiu as populações tradicionais que, em
muitos casos, foram obrigadas a se deslocar, perdendo suas raízes históricas e sua cultura tra-
dicional. Além disso, esse processo intensificou a erosão e o empobrecimento do solo,
comprometendo a qualidade das águas fluviais.
Diante dessa situação, imagina-se que seja simples a recuperação dessas áreas.
No entanto, a compensação por meio de reflorestamento e revegetação, quando é feita,
não propicia o mesmo resultado das áreas florestadas preservadas, uma vez que elas
exigem um enorme tempo para que alcancem o clímax de seu desenvolvimento. O pro-
cesso de recuperação é complexo e lento e requer a aplicação de técnicas adequadas.
Desmatar não significa apenas a retirada física da cobertura vegetal, mas um conjunto
de danos diretos e indiretos, que abrangem a perda do sombreamento, de solos, do teor
de umidade no ar e da biodiversidade, todos condições fundamentais para aumentar as
chances de regeneração.
A Região Metropolitana de São Paulo está totalmente inserida no ecossistema da Mata
Atlântica, onde os maiores maciços vegetais são encontrados principalmente nas regiões da
Serra da Cantareira e Serra do Mar, sendo os últimos remanescentes de parte da Reserva
da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – RBCV, região que fornece boa parte da
água consumida na metrópole. Na área urbana a vegetação apresenta-se em porções meno-
res, mas com uma grande importância do ponto de vista ambiental. São exemplos o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga, Parque do Carmo, Parque do Ibirapuera, entre outros. Em
Guarulhos, destacam-se o Bosque Maia e a mata da Base Aérea de São Paulo.
As áreas verdes (espaços livres caracterizados pela presença de vegetação) num sítio
urbano exercem uma importante função na manutenção da qualidade ambiental. O desem-
penho, segundo o geógrafo João Carlos Nucci e o agrônomo Felisberto Cavalheiro, pode ser
resumido em três funções básicas: ecológica, estética e de lazer.
Fazem parte das funções ecológicas, entre outras, a amenização do superaqueci-
mento de áreas pavimentadas e concretadas (efeitos da “ilha do calor”, ver páginas 73 a 75),
proteção dos recursos hídricos, tanto qualitativos como quantitativos, incluindo as águas
subterrâneas, diminuição da poeira, proteção do solo (evitando erosões e escorregamen-
tos), atenuação do vento e suporte da fauna. Integram as funções estéticas os benefícios
relacionados às emoções e sentimentos que as áreas verdes propiciam, enquanto as fun-
ções de lazer envolvem todo tipo de utilização relacionada ao descanso, passeio, entre-
tenimento e recreação.
(Fonte: Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
(Fonte: Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, Biota-Fapesp*.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
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Rodrigo Godoy Ferreira
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
CLIMA profunda das águas oceânicas se dá em função da mudança de densidade da água, pro-
movida por suas variações de salinidade e de temperatura. Quando mais densa, movi-
menta massas de água para o fundo do oceano, como é o caso da calota polar do Norte
O clima é bastante dinâmico – essa é sua essência. Ele se processa a partir de trocas de que se desloca para o Sul. Esses fluxos, somados à circulação mais superficial, transferem o
energia solar (a que atravessa a atmosfera e a que sai), resultando em movimentos complexos calor do Equador para regiões mais frias e o frio dos polos para regiões mais quentes
e organizados que distribuem calor e frio provenientes dos trópicos e polos, mediante fluxos (ver página 53).
horizontais e verticais (os que sobem e os que descem). Esses fluxos são influenciados pela ● Relevo: além da diferença natural de incidência de calor nas vertentes de orientações
rotação da Terra, gerando os ventos predominantes e os padrões meteorológicos (chuva, grani- distintas, o relevo pode exercer o papel de barreira aos ventos, alterando sua direção e, conse-
zo e neve) característicos nas diferentes regiões da Terra em certo período de tempo. quentemente, a umidade e a temperatura do ar.
Os principais fatores que condicionam o clima numa dada região são: ● Uso do solo: modifica a umidade do ar quando a cobertura vegetal inexiste ou é
● Latitude: que determina o ângulo de incidência de raios solares na superfície terres- pouco expressiva. Isso é bastante significativo em áreas urbanas ou regiões desmatadas,
tre. A Terra possui uma inclinação no seu eixo polar que varia entre 22,1 e 24,5 graus em com solo exposto às atividades pecuárias (ver páginas 73 a 75).
relação ao plano de sua órbita em torno do Sol (ver página 6). A inclinação faz com que os Todos esses processos condicionam a temperatura, a pressão e a umidade do ar, os
hemisférios ora recebam mais ora menos energia solar, o que determina as estações do ano. ventos, o regime de chuvas ou de neve em todo o globo terrestre.
Se o eixo da Terra fosse perpendicular, e não inclinado, os dias e noites seriam iguais dentro As chuvas ou precipitações são medidas em milímetros por meio de aparelhos conheci-
de cada faixa de latitude e o clima seria uniforme. dos como pluviômetros e pluviógrafos. Esses aparelhos são compostos por recipientes, com um
● Diferença da distribuição das massas continentais e oceânicas pelo globo tamanho padrão determinado por convenção e com uma escala métrica. Quando chove, esse
(Hemisfério Norte em relação ao Hemisfério Sul): a água necessita de duas vezes mais recipiente começa a encher d’água e, ao fim da chuva, usando a escala métrica, verifica-se
energia térmica que a terra para se aquecer. Essa condição faz que os oceanos demorem quantos milímetros choveu em determinado período e lugar.
mais para se aquecer; ao mesmo tempo, seu resfriamento também é mais lento, criando Quando dizem que choveu 60 milímetros em um dia, por exemplo, significa que em 1 metro
uma massa de ar úmido e quente sobre ele. Isso torna os oceanos uma grande reserva de quadrado do terreno o volume de chuva foi de 60 litros, pois uma coluna de água de 1 milímetro
calor da Terra. Observando-se o mapa-múndi, nota-se que a porção oceânica, contraria- em 1 metro quadrado equivale a 1 litro, que depois escoará ou se infiltrará no solo.
mente à porção continental, no Hemisfério Sul é superior em relação ao Norte. Isso significa Em 1966, o geógrafo M. V. Galvão, utilizando a classificação do meteorologista e
que o Hemisfério Norte reserva menos calor, propiciando, em termos gerais, invernos mais climatologista W. Köeppen, definiu grupos climáticos em diferentes regiões do Brasil, sen-
frios e verões mais quentes. do: Clima Tropical Chuvoso, com temperatura média do mês mais frio superior a 18 ºC;
● Correntes marítimas: são determinadas pela interação entre o movimento de Climas Secos; e Climas Temperados Quentes, com temperatura média do mês mais frio
rotação da Terra, a disposição dos continentes e os processos atmosféricos. A circulação entre 18 e -3 ºC.
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
DIA E NOITE
Incidência de raios solares na superfície terrestre em
diferentes latitudes.
A inclinação da Terra em relação ao plano de órbita
solar varia entre 22,1 e 24,5 graus, o que determina as di-
ferentes estações do ano: Primavera, Verão, Outono e In-
verno (ver página 6).
O planeta Terra, nosso lar no espaço, está a uma dis-
tância do Sol suficiente para manter uma temperatura ca-
paz de conservar a água em estado líquido na maioria de sua
superfície e em forma de vapor em sua atmosfera, garan-
tindo o surgimento e a manutenção da vida no planeta.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
MAPA-MÚNDI:
CLIMA E CORRENTES
MARÍTIMAS
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
No Estado de São Paulo, os atributos geográficos locais são de
grande relevância para o clima nos diversos setores paulistas, com MAPA DOS DOMÍNIOS
destaque para o relevo. A maior parte do território paulista está na CLIMÁTICOS DO
zona tropical, propiciada pela forte radiação solar. A porção ao sul ESTADO DE SÃO PAULO
encontra-se na zona subtropical. Os ventos predominantes são prove- (segundo Köeppen)
nientes do Sudeste, chamados de ventos alísios.
Em 1966, o engenheiro José Setzer, adotando o sistema de W.
Köeppen, realizou o zoneamento climático paulista. Na região do Pla-
nalto Atlântico predominam climas úmidos, de temperaturas brandas.
Na Depressão Periférica e em parte do Planalto Ocidental dominam os
climas quentes e de inverno seco. No sudeste do Estado predominam
climas quentes e úmidos. Já no norte do Estado destacam-se climas
tropicais de verão chuvoso e inverno seco.
Tal variação climática no Estado ao longo do ano é decorrente, além
do relevo, da combinação da sua posição geográfica e da grande distân-
cia entre a região oeste e o oceano. O maior reflexo dessa condição é per-
ceptível no regime de chuvas.
Os índices pluviométricos médios do Estado estão entre 1.100 e
2.000 mm, sendo que no litoral e nas escarpas da Serra do Mar esses
índices podem ficar entre 2.500 e 3.500 mm devido à atuação das
principais correntes de circulação atmosférica da vertente atlântica,
com grande influência da Frente Polar. À medida que se avança para
o interior do Estado, esses índices diminuem.
A média anual de temperatura no Estado varia de valores infe-
riores a 18 ºC nas regiões serranas a leste e superiores a 24 ºC em
grandes trechos das porções norte, centro e oeste. A máxima pode MAPA DA CLASSIFICAÇÃO
chegar a 40 ºC na região centro-oeste, enquanto os valores mínimos CLIMÁTICA DE LÍSIA
são registrados na região de Campos do Jordão.
Em Guarulhos o clima é subtropical úmido, com chuvas médias de BERNARDES
1.470 mm, temperatura média anual entre 17 e 19 ºC. No mês mais frio
(VERSÃO ADAPTADA)
a média é de 15 ºC e no verão varia entre 23 e 24 ºC, com ventos domi-
nantes sudeste-noroeste. Como característica básica, tem-se o inverno
seco e o verão chuvoso, com influência da umidade oceânica e frentes
frias antárticas.
(Fonte: Centro de
Pesquisas
Meteorológicas e
Climáticas Aplicadas
a Agricultura –
Cepagri.)
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
MAPA DAS TEMPERATURAS E PRECIPITAÇÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
BACIAS HIDROGRÁFICAS E gem direita). Ou seja, a sub-bacia do Rio Cabuçu de Cima é compartilha-
da entre Guarulhos e São Paulo.
RECURSOS HÍDRICOS A região do centro histórico de Guarulhos pertence à sub-bacia do
Canal de Circunvalação. Este canal é o antigo leito do Rio Tietê que foi
desviado ao sul, disponibilizando espaço para a implantação do Parque
Os rios, córregos e ribeirões sempre fizeram parte do desenvolvimen-
Ecológico do Tietê.
to humano, suprindo suas necessidades básicas e servindo de suporte para
Na porção sul do município está a sub-bacia cuja formação é de aflu-
as atividades culturais e econômicas de determinada região. Em Guarulhos
entes diretos do Rio Tietê, que drenam as águas de parte dos bairros de
não foi diferente. Desde o período colonial, os cursos d’água eram o ambi-
Reservatório do Cabuçu. Cumbica e Pimentas.
ente onde houve intensa mineração de ouro de lavagem, especialmente no
A maior bacia de Guarulhos é a do Rio Baquirivu Guaçu, com área de
Ribeirão das Lavras, Ribeirão Tanque Grande e Rio Tomé Gonçalves. Poste-
165,5 quilômetros quadrados, uma das maiores do Alto Tietê, correspondendo
riormente, no início do século XX, um novo ciclo econômico, a produção de
a praticamente metade do território do município. Suas nascentes estão lo-
tijolo cozido, teve como suporte os recursos hídricos, pois eram usados em
calizadas no Município de Arujá, seguindo no sentido leste-oeste. Chegan-
sua fabricação, assim como no escoamento da produção para São Paulo, atra-
do a Guarulhos, atravessa uma ampla planície onde, no Bairro do Taboão,
vés dos rios Baquirivu Guaçu e Tietê, por meio de embarcações.
passa a ter seu curso no sentido norte-sul, passando sob as rodovias Presi-
Hoje Guarulhos, com uma população superior a um milhão de duzentos
dente Dutra e Ayrton Senna até chegar ao Tietê. As nascentes de seus prin-
mil habitantes, é servido, além da água dos reservatórios Cabuçu e Tan-
cipais afluentes da margem direita estão localizadas ao norte do município,
que Grande, também por poços que extraem água do subsolo, comple-
em áreas de Unidade de Conservação Ambiental. Um dos principais afluen-
mentando o abastecimento para as atividades sociais e econômicas do
tes do Rio Baquirivu Guaçu é o Ribeirão Tanque Grande que no período co-
município, ver página 61. Reservatório do Tanque Grande. lonial foi suporte para as atividades de extração de ouro e hoje seu
O território guarulhense possui uma rica rede de cursos d’água, com-
reservatório é responsável pelo abastecimento dos Bairros Bananal, Forta-
posta por rios, córregos, ribeirões e lagoas, especialmente em sua porção
leza, São João, entre outros.
norte, onde é possível encontramos milhares de pequenas nascentes pro-
Algo bastante particular está presente na Bacia do Rio Baquirivu Guaçu.
tegidas por uma abundante e densa vegetação de Mata Atlântica. Esta rede
Próximo as suas nascentes, no Município de Arujá, sua planície (a área mais
de cursos d’água foi formada durante milhares de anos, pela ação da chu-
plana e baixa da bacia) adentra a sub-bacia do Rio Jaguari, pertencente a
va e processos geológicos que formaram o relevo e compartimentou o escoa-
Bacia do Rio Paraíba do Sul. Isso significa que o divisor de águas dessas
mento das águas em sub-bacias hidrográficas.
Cerca de 81,15% do território de Guarulhos pertencem à Bacia duas imensas bacias hidrográficas, a do Rio Tietê e a do Rio Paraíba do Sul,
Hidrográfica do Alto Tietê, ou seja, a água que chove e escoa nessa região nessa região de Arujá, é extremamente plana e baixa, quase imperceptível
se dirige ao Rio Tietê que atravessa o limite sul de Guarulhos. Os demais onde começa uma ou outra bacia. Essa particularidade é resultado do de-
18,85% pertencem à Bacia do Rio Paraíba do Sul, cujas águas desse terri- senvolvimento do “Alto Estrutural de Arujá”, evento geológico ativado há 23
Planície do Rio Baquirivu Guaçu
tório escoam para o rio homônimo em direção ao Rio de Janeiro. milhões de anos que também desviou o curso do Rio Paraitinga, que per-
adentrando a sub-bacia do Rio Jaguari
A porção do território em Guarulhos que pertencente à Bacia do Alto em Arujá. tencia ao Rio Tietê, passando a se tornar integrante do Rio Paraíba do Sul,
Tietê está subdividida em quatro sub-bacias: Bacia do Rio Cabuçu de Cima, ver mapa da página 58. Esta anomalia foi descrita pelo geógrafo Aziz
do Canal de Circunvalação, do Rio Baquirivu Guaçu e dos afluentes diretos Ab’Sáber, em 1957, como a “grande anomalia de drenagem existente na
do Rio Tietê (ver página 59). curvatura brusca que inverte totalmente a direção do curso do Paraíba
O Rio Cabuçu de Cima nasce no Parque Estadual da Cantareira, onde paulista, região de Guararema” e “a mais sugestiva anomalia de drenagem
está localizado o reservatório do Cabuçu, que abastece parte do municí- do território brasileiro” e por King em 1956, “como um dos exemplos mais
pio. A Barragem do Reservatório do Cabuçú, inaugurado em 1907, é o notáveis de captura de drenagem da face da Terra”.
primeiro no Brasil construído em arco de concreto armado. O Rio Cabuçu Por fim, a nordeste do município está a porção do território de Guarulhos
de Cima se desenvolve com ambas as margens no Município de Guarulhos pertencente à Bacia do Rio Paraíba do Sul, que corresponde à sub-bacia do
até a foz de seu afluente, o Ribeirão Engordador, trecho médio, onde seu Rio Jaguari. Seu principal afluente é o Rio Tomé Gonçalves que no período
canal passa a ser o limitador do município com a capital paulista (mar- Cachoeira do Ribeirão das Lavras. colonial foi intensamente minerado em busca de ouro.
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CICLO DAS ÁGUAS essas gotículas aumentam de volume, por um processo de colisão que as aglutina, tornam-
se suficientemente pesadas para vencer a resistência do ar e se precipitam.
Cerca de 70% da superfície terrestre são cobertos por água. Apesar disso, apenas 2,5% A água precipitada é amortecida pela vegetação antes de atingir o solo, desviando-se em
equivalem a água doce, sendo que somente 0,5% encontra-se disponível para o consumo. O percursos entre as folhas e caules, o que, em parte, possibilita a absorção pelas plantas para a
Brasil detém 12% das reservas de água doce do planeta. realização de seu metabolismo. Posteriormente, a água é devolvida à atmosfera por meio da
De modo geral, no globo terrestre, a água está presente em diferentes ambientes e es- evapotranspiração. Esse conjunto de retenções e liberações de água sob forma de vapor asse-
tados físicos, sendo: vapor d’água na atmosfera; líquida no interior dos seres vivos e no gura os altos teores de umidade encontrados nas florestas que, assim, cumprem um importan-
subsolo; e líquida ou sólida na superfície terrestre (lagos, oceanos, rios e calotas polares). O te papel na manutenção do equilíbrio da temperatura e das chuvas. A evapotranspiração em
conjunto desses ambientes é chamado de hidrosfera e o movimento entre esses diferentes áreas florestadas de climas quente e úmido devolve à atmosfera mais de 70% da precipitação.
ambientes e estados físicos é denominado ciclo das águas, também conhecido como ciclo O amortecimento da água da chuva pela vegetação possibilita, juntamente com os cami-
hidrológico. nhos escavados pelas plantas por meio de suas raízes, e pelos pequenos animais, a infiltração da
O ciclo hidrológico, partindo-se da precipitação (chuvas, granizo ou neve), se desenvolve, água no solo. Ela então se acumula entre rochas ou escoa lentamente por percursos subterrâ-
de modo geral, pelo escoamento superficial e subterrâneo, evaporação e evapotranspiração*, neos até atingir os rios e córregos, garantindo neles fluxos de água permanente, mesmo tendo
até atingir a atmosfera e se precipitar novamente. longos períodos sem chuvas. A parcela de água que não se infiltra no solo, por este estar
As chuvas se formam a partir da saturação de umidade na atmosfera. A saturação acon- saturado, escorre superficialmente para os rios e córregos. Quando o volume de água exce-
tece quando ocorre a ascensão de ar úmido a altitudes mais elevadas, atingindo temperatu- de a capacidade de escoamento dos rios ou córregos ocorrem as cheias, enchentes e inun-
ras mais baixas. Como a capacidade da atmosfera em conter vapor d’água varia de acordo dações, que propiciam solo fértil, e multiplicar condições de manutenção e surgimento de
com a temperatura, o resfriamento da massa de ar promove a diminuição de seu volume, diferentes formas de vida ao longo da área inundada. Essa água que escoa pelos cursos d’água
reduzindo a capacidade da atmosfera de mantê-la suspensa, fazendo-a transformar-se em se encaminha aos oceanos e, nessa trajetória, possibilita a ação da radiação solar, que provoca
gotículas muito pequenas e ainda incapazes de se precipitar, formando as nuvens. Quando a evaporação. O ciclo hidrológico se completa quando as águas evaporadas se precipitam.
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PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO
AMBIENTAL DE RIOS E CÓRREGOS
Os rios, canais e córregos da maioria das grandes cidades brasilei-
ras encontram-se com suas águas muito poluídas por esgotos domésticos
e industriais.
As obras de despoluição dessas águas são caríssimas e há gran-
des dificuldades na implantação da canalização dos esgotos, pois boa
parte das margens dos rios, canais e córregos encontra-se ocupada por
residências, prédios comerciais e industriais – apesar de existirem leis
federais que protegem as margens e várzeas desses rios e represas,
elas não são devidamente respeitadas. Assim, quando ocorrem as chu-
vas, as cidades sofrem com as enchentes; e no tempo seco o mau cheiro
Jardim Lenize antes da implantação do programa de recuperação. é insuportável por causa da poluição das águas. Jardim Lenize depois da implantação do programa de recuperação.
Nesta situação, a população exige dos poderes públicos a canaliza-
ção fechada dos rios, para esconder o mau cheiro e tentar diminuir as
enchentes.
Para realizar as obras é necessário que máquinas cheguem às margens
dos rios. E, como fazer se essas margens estão ocupadas? E mais, es-
sas obras canalizam não só as águas poluídas, como também as águas das
chuvas e das nascentes, que podem ser consideradas, digamos, limpas.
Pensando nesses problemas, o tecnólogo em obras hidráulicas Carlos
de Jesus Campos, a partir de 2004 em Guarulhos, desenvolveu uma técnica
que permite canalizar apenas as águas poluídas em tubulações de diâmetro
muito menor, mantendo as águas das grandes chuvas e das nascentes
escoando livres pelo leito do rio, sem serem canalizadas.
É como se, tendo um rio poluído, dele se fazem dois: o poluído é
Córrego Queromano antes da implantação do programa de recuperação. separado em tubulação e o não poluído é aquele cujas águas das nas- Córrego Queromano depois da implantação do programa de recuperação.
centes, do lençol freático e das chuvas escoam livres no canal, como a
natureza os fez.
Essa técnica, denominada de canalização da vazão poluída de base,
tem trazido uma excepcional melhoria ambiental onde tem sido aplica-
da, além de ser simples e barata em relação às canalizações tradicionais,
pois não necessita da remoção dos imóveis das margens, além de não
precisar de grandes equipamentos para implantar as tubulações.
Desta forma, mesmo sem se tratar ainda uma única gota de esgo-
to, é possível recuperar trechos de córregos até que as obras definitivas
das redes de esgoto, dos coletores-tronco e das estações de tratamento
sejam construídas.
A implantação dessa técnica fez com que, naturalmente, as águas lim-
pas das nascentes e do lençol freático aflorassem, propiciando condições para
o retorno da vida aquática, o que pode ser observado no Córrego Queromano,
Córrego Queromano, com suas águas cristalinas. na Rua Otávio Nunes da Silva, Vila Augusta, e também no Jardim Lenize. Córrego Queromano.
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PIB: R$ 25.663.710,00
PIB per capita: R$ 19.998,95
Participação do setor industrial: R$ 8.348.404,86
Participação do setor agropecuário: R$ 7.699,11
Participação do setor de serviços: R$ 17.307.606,02
Participação no PIB do Estado (%): 3,19%
Participação nas exportações do Estado: 4,16% (Fonte: Fundação Seade.)
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entulhos de construção, bagulhos (móveis velhos, poda de árvores e utensílios sem mais serventia)
e materiais recicláveis (plástico, vidro e metal).
Os PEVs estão localizados em 15 bairros da cidade: Macedo, Paraventi, Continental II,
Vila Barros, Santos Dumont, João do Pulo, Gopoúva, Jardim Fortaleza, Torres Tibagy, Haroldo
Veloso, Vila Galvão, Inocoop, Parque Mikail, Ponte Grande e Cabrália.
Os resíduos recolhidos nos PEVs são encaminhados a uma recicladora de entulhos, situa-
da na região do Cabuçu. O material é triturado e reutilizado na fabricação de blocos de concre-
to para a pavimentação de ruas.
Em 2008 foram entregues, nos 14 PEVs até então implantados na cidade, cerca de
22.150 metros cúbicos de resíduos sólidos, proporcionando aos cofres públicos, entre setem-
bro e dezembro de 2005, uma economia de cerca de 40% (R$ 250.000,00) nos custos com
operações de remoção de resíduos, os quais deixaram de ser descartados clandestinamente
em ruas, terrenos baldios e praças.
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MAPA DE
SANEAMENTO AMBIENTAL
DE GUARULHOS
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Durante todas as eras geológicas e até hoje as mudanças do clima sempre causaram
transformações na Terra. No decorrer do Quaternário (1,8 milhão de anos atrás) houve 16 ci-
clos de glaciações, com cerca de 100 mil anos de duração, alternando-se com fases de tem-
peraturas mais quentes e de menor duração (cerca de 20 mil anos), os chamados interglaciais.
Em fases mais quentes, as temperaturas médias globais chegaram a 22 ºC. Hoje essas
médias são de 15 ºC. Essas mudanças ocorreram, em grande parte, de forma lenta e gradual.
A crescente transformação dos recursos naturais (minérios, madeira, petróleo etc.) em
produtos tem causado dois efeitos danosos: de um lado o esgotamento dos recursos natu-
rais, causando desequilíbrio, e de outro a produção de volumes cada vez maiores de resí-
duos que são lançados no solo, na água e na atmosfera. Segundo cientistas, esse processo
tem causado mudanças rápidas no clima da Terra, de uma maneira que o meio físico e biótico
não tem tempo de se adaptar a essas novas condições.
A principal causa das mudanças do clima pela ação do homem é a emissão de gases
de efeito estufa na atmosfera, especialmente o CO2.
Durante bilhões de anos, a presença, na atmosfera, de vapor d’água, dióxido de carbo-
no (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), entre outros gases, deu origem ao efeito estufa,
um processo natural que mantém parte da energia solar na superfície terrestre. Essa energia
se redistribui em forma de calor através das circulações oceânicas e atmosféricas, criando
as condições necessárias para o surgimento e a manutenção da vida na Terra e permitindo
que a outra parte da energia se irradie no espaço.
Com o aumento desses gases na atmosfera, uma porção maior de energia se acumula,
causando um aumento na temperatura terrestre que, segundo os cientistas, foi da ordem de de gelo. Nesse ritmo, segundo os cientistas, o nível do mar poderá aumentar entre 30 e 80
0,7 °C nos últimos 100 anos. Esse aumento abrupto tem se dado, principalmente, pela queima centímetros nos próximos 50 a 80 anos.
de combustíveis fósseis, como o petróleo, e pela destruição das florestas. ● No planeta, as temperaturas diárias mínimas do ar à noite aumentaram em média
Em 2007 foi divulgado o último relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudan- 0,2 ºC por década entre 1950 e 1993. No Sul do Brasil, entre 1913 e 1998, houve um aumento
ças Climáticas, que chocou o mundo com o resultado de que é muito provável (90% de chance) de 1,4 ºC na temperatura mínima anual, e também um incremento nas ondas de calor, na
que o aquecimento global esteja sendo causado pelas atividades humanas. frequência de chuvas mais intensas e na precipitação média anual, que cresceu nos últimos
Segundo relatório do Greenpeace, as evidências do aquecimento global são: 50 anos a uma taxa média de 6,2 mm/ano.
● Desde que os registros de temperatura começaram a ser feitos, o ano de 2005 foi o ● Os oceanos têm apresentado um aumento da temperatura, o que causa o branqueamento
mais quente desde 1880. Neste ano (2005) a Amazônia enfrentou uma seca intensa. de corais em escala global, colocando em risco os recifes.
● Segundo o estudo do cientista K. A. Schein, publicado em 2006, a concentração de
O IPCC foi criado em 1988 por duas entidades da Organização das Nações Unidas (ONU),
dióxido de carbono na atmosfera saltou de 288 partes por milhão (ppm), no período pré-indus- uma ambiental e outra meteorológica, mas as discussões sobre as mudanças climáticas já
trial, para 378,9 ppm em 2005. vinham acontecendo pelo menos desde a década de 1960.
● A média de tempestades tropicais e furacões no Oceano Atlântico, entre 1995 e 2004,
Em 1992 houve a Conferência Rio-92, quando foi criada a Convenção Quadro de Mu-
foi de 15 por ano. Em 2005 ocorreram 28, dos quais 15 foram furacões, três de grande inten- danças Climáticas, que resultou no Protocolo de Kyoto. Nessa conferência estabeleceu-se que,
sidade. Há evidências de que o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em agosto de entre 2008 e 2012, os países mais industrializados deveriam reduzir em média 5,2% as
2005, está ligado ao aquecimento global, segundo estudos realizados pelo Centro Nacional emissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis lançados em 1990. No entanto,
para Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos. segundo cientistas, essa meta não é suficiente, pois mesmo se as emissões forem congela-
● Na Cordilheira dos Andes, as geleiras já perderam entre 20% e 30% de sua área nos das nos níveis de 1990, estima-se que até o ano de 2200 a temperatura global aumentaria
últimos 40 anos. Em 12 anos, na Antártida, já foram perdidos 14 mil quilômetros quadrados entre 0,4 e 0,8%. Apesar disso, as emissões têm aumentado intensamente nos últimos anos.
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Para muitos cientistas, o limite de 2 ºC é considerado um ponto de não retorno. Pode- De acordo com a Comunicação Inicial do Brasil à Convenção-Quadro da ONU sobre
mos estar entrando em um “portal climático”, segundo o meteorologista Carlos Nobre, do Mudanças do Clima de 2004, os quatro setores urbanos que mais queimam combustíveis
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe. “Nosso padrão de consumo, com hábitos fósseis são: transportes (40,8%), indústria (32%), geração de energia (11,1%) e residencial
tão enraizados como o uso do automóvel e a dieta baseada em proteína animal, terá que (6,6%). Segundo dados de 2004 da Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável do
mudar. Caso contrário, em 2200 teríamos uma temperatura de 7 ºC a até 10 ºC maior. Seria Ministério das Cidades, a frota veicular cresceu rapidamente no Brasil: 3,1 milhões em 1970
outro planeta, com enormes ameaças à nossa habitabilidade.” para 36,5 milhões em 2003.
A Amazônia preservada é muito importante para o Brasil e para o clima da Terra, pois As grandes metrópoles, além da poluição do setor de transportes, também contribuem
calcula-se que nela a quantidade de biomassa armazenada na matéria orgânica do solo e na com a emissão de vários gases de efeito estufa em função da produção de lixo, principal fonte
vegetação é de 100 a 120 bilhões de toneladas de carbono. Segundo Carlos Nobre, se tudo de metano, gás com impacto no clima 21 vezes maior do que o CO2, por ser muito mais opaco.
isso fosse para a atmosfera, haveria um aumento de 15% a 17% na concentração global dos O tratamento do lixo de 118 milhões de moradores de áreas urbanas brasileiras respondeu
gases de efeito estufa. Além disso, a floresta pode estar absorvendo da atmosfera de 100 a por 6,1% das emissões brasileiras de metano em 1994, sendo 5,1% no lixo e 1% no esgoto.
400 milhões de toneladas de carbono por ano. Ela é ainda um surpreendente regulador atmos- Segundo relatório do Greenpeace, as grandes metrópoles contribuem com o aquecimento
férico, estabelecendo um regime de chuva em toda a América do Sul e até em outros continentes. global, mas também serão as vítimas preferenciais dele, pois as regiões metropolitanas fica-
Segundo cientistas, a grande umidade na floresta, aliada à que é evaporada no Oceano Atlântico rão mais sujeitas às inundações e escorregamentos.
Tropical, é trazida para vastas áreas do território, como o Centro Sul, Sudeste e Sul do Brasil, A intensificação da emissão de gases de efeito estufa e a degradação ambiental, de um
pelos ventos alísios, transformando-se em chuvas. modo geral, estão diretamente ligadas ao processo de expansão urbana, que promove, cada
Além disso, a floresta serve ainda como filtro de poluentes. Oxidantes como o ozônio e vez mais, o deslocamento de seus moradores, além da derrubada crescente das florestas
óxidos de nitrogênio são removidos por mecanismos regulatórios. Esta propriedade pode ser per- remanescentes no entorno das cidades.
dida com a destruição da floresta, afirma Carlos Nobre.
Em dezembro de 2009, houve a última Conferência de Mudanças MAPAS DA EVOLUÇÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO
Climáticas da ONU em Copenhague, capital da Dinamarca. A COP-15, como
foi chamada, reuniu 119 chefes de Estado dos 192 países do mundo.
Esse esforço teve o objetivo de tentar estabelecer um programa de
cooperação global para a redução das atividades humanas causadoras do
aquecimento global. No entanto, países ricos e os maiores poluidores, como
os Estados Unidos, não propuseram e nem assumiram qualquer compro-
misso com a redução dos gases do efeito estufa, apesar de países po-
bres e em desenvolvimento, como o Brasil, terem se esforçado para o
sucesso da conferência.
A posição brasileira foi a defesa do Protocolo de Kyoto. “Os países
desenvolvidos devem assumir metas ambiciosas de redução de emissões
à altura de suas responsabilidades históricas e do desafio que enfrenta-
mos”, discursou o presidente Lula, finalizando: “o veredito da história não
poupará os que faltarem com suas responsabilidades neste momento”.
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Quase um terço da população brasileira vive em apenas 11 regiões metropolitanas, sendo A supressão da vegetação promove grande redução no teor de umidade na superfície
boa parte em favelas e áreas degradadas. do solo, dando início a um processo de aquecimento que se agrava com a concentração
A Região Metropolitana de São Paulo, durante muitos anos, constituiu-se num grande de edificações (casas, fábricas, rodovias etc.), a queima de combustíveis e as amplas su-
polo de atração populacional. Aliado a isso, as elevadas taxas de crescimento demográfico* perfícies refletoras de luz e calor (superfícies asfaltadas e cimentadas, telhados etc.). Isso
observadas nas décadas de 1960/70, com índices acima de 5%, foram responsáveis pelo provoca o fenômeno conhecido por “ilha de calor”, que é um padrão de circulação de ar
intenso crescimento urbano da região. Uma mudança acentuada ocorreu nos últimos anos, interno às grandes cidades, que dificulta a dispersão dos poluentes e do calor, concentran-
devido à queda progressiva dessas taxas, que atingiram valores inferiores a 1,5% anuais. do-os na área urbana. As brisas marinhas que chegam à região entram em contato com a
Atualmente, apesar da redução do crescimento populacional e da diminuição dos flu- “ilha de calor” e a umidade é carregada para camadas mais altas da atmosfera (as par-
xos migratórios, estabeleceu-se uma tendência de esvaziamento populacional nas áreas tículas de ar quente tendem a subir por serem mais leves), onde o ar é mais frio, conden-
urbanas centrais, com melhor infraestrutura e um aumento populacional acompanhado de sando-se e causando chuvas intensas e concentradas.
crescimento horizontal acelerado nas áreas periféricas mais carentes de infraestrutura. Esse fenômeno tem diminuído as chuvas nas áreas florestadas, justamente onde se
No município de Guarulhos a expansão urbana teve enorme impulso com o seu direcio- encontram os mananciais de abastecimento à população e, por outro lado, agravando as inun-
namento para as regiões leste e sul, ocorrido após a implantação da Rodovia Presidente Dutra. dações nas áreas urbanas. Segundo informações de 2004 do Ministério das Cidades, as
Essa expansão também se deu para o norte, mas de forma menos intensa. inundações urbanas já causam um prejuízo anual superior a 1 bilhão de dólares.
Nos últimos anos, embora as taxas populacionais tenham sido cada vez menores em Gua- Estudos realizados por meio de dados coletados na estação meteorológica localizada no
rulhos, o seu crescimento anual manteve-se próximo a 3,6%, muito acima do percentual mé- Parque Estadual Fontes do Ipiranga, entre 1936 e 2005, mostraram que nas últimas sete dé-
dio registrado em toda a Região Metropolitana de São Paulo, que é de 1,5%. O crescimento cadas São Paulo teve: menos garoa e mais tempestades; em média 395 mm de chuvas a
possui características semelhantes ao da Grande São Paulo, com taxas elevadas nas periferias mais por ano; 7% a menos de umidade do ar, e aumento de 2,1 ºC na temperatura média,
e baixas nas áreas centrais, que chegam a registrar inclusive índices negativos. três vezes mais em comparação a um aumento de 0,7 ºC nos últimos 100 anos nas tempe-
A tendência de expansão urbana é uma ameaça aos últimos remanescentes florestais da raturas globais. As mudanças climáticas já são uma realidade há muito tempo nas grandes
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Grande São Paulo. cidades, e são bastante intensas.
ILHAS DE CALOR
As ilhas de calor são provocadas pelo desmatamento e a construção de superfícies asfaltadas e cimentadas, refle-
toras de luz e calor.
Nas tardes de verão, as brisas marítimas costumam entrar na cidade pelo sudeste. Por causa da atração da “ilha
de calor”, as massas úmidas são carregadas para camadas mais altas da atmosfera, entrando em contato com baixas
temperaturas, condensando-as e causando as fortes chuvas.
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GLOSSÁRIO Horizonte B: camada inferior ao horizonte A, é o horizonte de maior diferenciação das classes de solo. Segundo
o geólogo Antonio Manoel dos Santos Oliveira, é resultante de “transformações relativamente acentuadas
do material originário e/ou ganho de constituintes minerais e/ou orgânicos migrados de outros horizontes”.
Jusante: significa “rio abaixo”, enquanto ‘montante’ quer dizer “rio acima”.
Aluviões: são constituídos por cascalho, areia, silte e argila que foram transportados pela ação da água ou Latifoliada: vegetação que contém diversos tipos de espécies vegetais dotadas de folhas largas.
ventos e depositados em terrenos planos, as planícies aluviais. Latossolo: solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais na proporção 1:1 e oxi-hidróxidos de
Argissolos: solos bem evoluídos, argilosos, apresentando mobilização de argila na parte mais superficial. ferro e alumínio.
Basaltos: rochas solidificadas provenientes do magma vulcânico. Ombrófila: ombrófila é o mesmo que pluvial, porém, o primeiro termo é de origem grega e o segundo tem
Biodiversidade: é o termo utilizado para definir a variabilidade de organismos vivos (flora e fauna) abrangendo a origem latina. Ambos têm o mesmo significado: “amigo das chuvas”.
diversidade de genes e de populações de uma ou mais espécies e suas interações em ecossistemas. Planalto: é uma porção de relevo elevada em relação aos vizinhos.
Cambissolos: solos pouco desenvolvidos, com horizonte B incipiente. Planície aluvial: planície aluvial ou fluvial: porção de terreno baixa e plana, drenada por corpos d´água, po-
Colinas: pequenas elevações do terreno com declividades suaves que não excedem os 50 metros de altitude. dendo apresentar terraços relativamente mais elevados, composta por depósitos deixados pelos rios.
Colonização de exploração: foi a forma que os espanhóis e portugueses impuseram para a conquista e As espessuras dos sedimentos dependem, em geral, do tamanho do curso d´água.
domínio das terras americanas por eles descobertas. Tratava-se da exploração indiscriminada das riquezas Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção, a longo prazo, das
naturais com objetivo primordial de abastecer e enriquecer a Espanha e Portugal (as metrópoles). O cresci- espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplifi-
mento populacional e econômico dessas colônias estava diretamente ligado aos interesses mercantilistas cação dos sistemas naturais.
dessas metrópoles. Recursos ambientais: as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o
Colonização de povoamento: foi a fixação do europeu na América do Norte, principalmente dos ingleses, subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora e tudo que é passível de ter valor econômico.
mediante o rápido povoamento, explorando as riquezas da terra, fazendo-as primeiramente circular entre Rochas cristalinas: são rochas compostas de cristais facilmente visíveis, sobretudo nas rochas metamórficas
os colonos, gerando um forte mercado interno. O excedente produzido nas colônias inglesas era (modificadas por pressão e temperaturas em eras passadas), representadas principalmente pelo gnaisse ou
comercializado com a Inglaterra. Cada vez mais os colonos ingleses procuravam diminuir o grau de depen- por rochas sedimentares denominadas clásticas.
dência colonial em relação à Coroa inglesa. Rochas efusivas: rochas de origem eruptiva (vulcânica) que se solidificaram rapidamente na superfície, dando
Conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo preservação, manuten- uma textura mais fina a ela. Essas rochas podem alcançar a superfície, derramando-se umas sobre as
ção, utilização sustentável, restauração e recuperação do ambiente natural para que possa produzir o maior outras, quando são denominadas rochas de derrame. Exemplo: derrame de basalto.
benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessida- Rochas metamórficas: rochas pre-existentes que sofrem mudanças pelo aumento de pressão e temperatura.
des e aspirações das gerações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Rochas sedimentares: rochas constituídas de sedimentos produzidos por meio de processos erosivos, que
Ecótonos: áreas de transição entre duas comunidades florísticas, ou seja, possuem elementos dos dois foram removidas e depositadas durante milhares de anos.
ambientes limítrofes, tornando a área um local único e raro do ponto de vista ecológico. Taxas de crescimento demográfico: diferença do número de nascimentos e mortes num determinado ano.
Ecossistema: área territorial razoavelmente homogênea que contém um complexo sistema de relações Uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
mútuas entre os organismos vivos e elementos físicos e químicos do ambiente que interagem entre si, ha- renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos de forma
vendo transferência de energia e matéria entre esses componentes. Os ecossistemas brasileiros são: socialmente justa e economicamente viável.
Amazônico, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampas (também conhecido como Campos do Sul) Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
e a Mata de Araucárias. Bioma, por sua vez, é a classificação em escala global de um conjunto de ecossis- com características naturais relevantes. Legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conser-
temas que apresentam aspectos semelhantes na mesma latitude terrestre, com vegetação, espécies ani- vação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas
mais e tipos de solos influenciados pelo clima e relevo, segundo Ricklefs, 2003. de proteção.
Endêmico: nativo de uma determinada área geográfica ou ecossistema e restrito a ela. Unidade de Proteção Integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interfe-
Erosão: em condições naturais, consiste na degradação, remoção e transporte de partículas de solo ou rência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.
fragmentos de rochas pela ação, combinada ou não, da gravidade com a água, o vento, o gelo e organismos Vazão: a quantidade de água que passa através de determinada seção transversal, por unidade de tempo,
vivos, e posterior sedimentação. constitui a vazão de um corpo d’água.
Escarpas: rampa ou declive de terrenos que aparece nas bordas de planaltos, serras-testemunho etc. Vertentes parciais: pequenos cursos d’água que deságuam diretamente no rio principal.
Espigões: altos ou dorsos das serras, constituindo penhascos de arestas vivas, podendo também apresen-
tar topos de superfícies planas.
Evapotranspiração: conjunto de água evaporada – desencadeado pela radiação solar – proveniente do solo
SIGLAS
ou das folhas das árvores e o vapor d’água da transpiração das plantas. Fapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Granito: rocha fundida e resfriada no interior do globo terrestre e posteriormente elevada à superfície.
FFLCH: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Gleissolos: solos hidromórficos (saturados em água), ricos em matéria orgânica, apresentando intensa
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
redução de ferro.
Horizonte A: camada superior do solo, horizonte mineral com a presença de matéria orgânica mineralizada, sen- IGC: Instituto Geográfico e Cartográfico, ligado à Secretaria de Planejamento do Governo do Estado de São Paulo.
do o horizonte com maior atividade biológica, apresentando coloração mais escura pela presença de matéria IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
orgânica. Dependendo do ambiente em que se dá, pode ter maior ou menor presença de compostos orgânicos. Seade: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados do Estado de São Paulo.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
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