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CAPA Guarulhos Atlas.

pmd 1 04/06/2012, 14:44


Copyright © 2011 by Noovha América

Editor Responsável
Nelson de Aquino Azevedo
Autores
Cesar Cunha Ferreira
Daniel Carlos de Campos
Elton Soares de Oliveira
Cartografia
Cesar Cunha Ferreira
Daniel Carlos de Campos
Capa
Cesar Cunha Ferreira
Diagramação
Guacira dos Santos Silva
Ilustrações
Jefferson Pereira Galdino
Daniel Carlos de Campos
Fotografias
Acervo da Prefeitura Municipal de Guarulhos Bandeira.
Edson Queiroz
Elton Soares de Oliveira
Laboratório de Geoprocessamento da Universidade de Guarulhos – UnG (p. 27)
Rodrigo Godoy Ferreira
Stefaní Martini Oliveira
Revisão
Arte da Palavra
Agradecimentos
Prefeitura Municipal de Guarulhos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ferreira, Cesar Cunha


Guarulhos 450 anos: atlas escolar histórico e geográfico / Cesar Cunha Ferreira,
Daniel Carlos de Campos, Elton Soares de Oliveira. – São Paulo: Noovha América,
2011.
ISBN 978-85-7673-198-6
1. Atlas brasileiro 2. Geografia física – Guarulhos (SP) 3. Geografia – Brasão.
Guarulhos (SP) 4. Geografia humana – Guarulhos (SP) 5. Guarulhos (SP) –
Descrição 6. Guarulhos (SP) – História I. Campos, Daniel Carlos de. II.
Oliveira, Elton Soares de. III. Título.
11-05456 CDD-912.81612

Índices para catálogo sistemático:


1. Atlas escolar histórico e geográfico: Guarulhos: São Paulo: Estado: Todos os direitos desta edição reservados
912.81612 à Noovha América Editora Distribuidora de Livros Ltda.
2. Guarulhos: São Paulo: Estado: Atlas escolar histórico e geográfico Rua Lincoln Albuquerque, 319 – Perdizes
912.81612 São Paulo/SP – CEP 05004-010
1a edição – 2011 Telefax: (0xx11) 3675-5488
www.noovhaamerica.com.br
(De acordo com a Nova Ortografia da Língua Portuguesa) nova.america@cy.com.br
Edson Queiroz
ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

SUMÁRIO
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA Mapa dos Tipos de Solos da Região Metropolitana de São Paulo ..................................................................... 45
Apresentação ....................................................................................................................................................... 5 Mapa dos Tipos de Solos de Guarulhos ............................................................................................................. 46
Terra, Nosso Lar no Espaço ................................................................................................................................. 6 Cobertura Vegetal ............................................................................................................................................... 47
Mapa-Múndi ......................................................................................................................................................... 7 Mapa da Vegetação Predominante no Estado de São Paulo .............................................................................. 47
Mapa dos Fusos Horários ..................................................................................................................................... 8 Mapa da Devastação da Vegetação no Estado de São Paulo ............................................................................ 48
As Américas ......................................................................................................................................................... 9 Mapa da Vegetação da Região Metropolitana de São Paulo .............................................................................. 49
Guarulhos na Linha do Trópico ........................................................................................................................... 10 Mapa da Cobertura Vegetal de Guarulhos ......................................................................................................... 50
Localização do Município de Guarulhos ............................................................................................................. 11 Fauna Guarullhense: 501 espécies .................................................................................................................... 51
Mapa Demográfico do Estado de São Paulo ...................................................................................................... 12 Clima .................................................................................................................................................................. 52
Mapa Demográfico da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................................... 13 Mapa-Múndi: Clima e Correntes Marítimas ....................................................................................................... 53
Cidades Limítrofes ao Município de Guarulhos .................................................................................................. 14 Mapa das Massas de Ar Atuantes no Brasil ...................................................................................................... 53
Bairros e Loteamentos de Guarulhos ................................................................................................................. 15 Mapa dos Domínios Climáticos do Estado de São Paulo (segundo Köeppen) ................................................... 54
Aspectos Gerais do Município ............................................................................................................................ 16 Mapa da Classificação Climática de Lísia Bernardes (versão adaptada) ........................................................... 54
Mapa das Temperaturas e Precipitações do Estado de São Paulo .................................................................... 55
ASPECTOS HISTÓRICOS Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos .......................................................................................................... 56
Povoamento, Economia e Expansão Urbana ...................................................................................................... 18 O Rio Tietê .......................................................................................................................................................... 57
Mapa da Mineração Aurífera de Guarulhos ........................................................................................................ 22 Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo ................................................................................................... 57
Mapa da Área Urbana de Guarulhos em 1938 .................................................................................................. 23 Mapa das Principais Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo .................................................................. 57
Desmembramento Territorial do Estado de São Paulo ....................................................................................... 25 Mapa da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e Adjacências ................................................................................... 58
Desmembramento – Guarulhos Já Foi Muito Maior .......................................................................................... 26 Mapa das Sub-Bacias e Recursos Hídricos de Guarulhos e Adjacências .......................................................... 59
Território do Município de São Paulo em 1840 .................................................................................................. 26 Ciclo das Águas .................................................................................................................................................. 60
Primeiros brasileiros – Como Chegaram a Guarulhos? ..................................................................................... 27 Águas Subterrâneas – Aquífero Cumbica .......................................................................................................... 61
Galeria da História .............................................................................................................................................. 28 Programa de Recuperação Ambiental de Rios e Córregos ................................................................................ 62
GEOGRAFIA FÍSICA GEOGRAFIA HUMANA
Geologia: Guarulhos Há Bilhões de Anos ........................................................................................................... 30 Empregos, Rendimentos e Produto Interno Bruto .............................................................................................. 64
As Principais Placas Tectônicas e Sentido de Deslocamento ............................................................................ 32 Mapa das Unidades de Planejamento Regional – UPR ...................................................................................... 65
Perfil da Placa Sul-Americana ............................................................................................................................ 32 Mapa do Uso e Ocupação do Solo de Guarulhos em 1980 ............................................................................... 66
Geologia do Estado de São Paulo ...................................................................................................................... 34 Evolução do Uso e Ocupação do Solo entre 1980 e 2007 ................................................................................ 66
Mapa Geológico do Estado de São Paulo .......................................................................................................... 35 Mapa do Uso e Ocupação do Solo de Guarulhos em 2006 ............................................................................... 67
Mapa Geológico da Região Metropolitana de São Paulo ................................................................................... 36 Saneamento Ambiental ...................................................................................................................................... 68
Mapa Geológico de Guarulhos ........................................................................................................................... 37 Mapa de Saneamento Ambiental de Guarulhos ................................................................................................. 69
Relevo ................................................................................................................................................................. 38 Áreas Protegidas ................................................................................................................................................ 70
Mapa do Relevo do Estado de São Paulo .......................................................................................................... 38 Mapa das Principais Unidades de Conservação Ambiental de Guarulhos ......................................................... 71
Mapa das Principais Elevações da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................ 39 Mudanças Climáticas em Nosso Planeta ........................................................................................................... 72
Mapa do Relevo de Guarulhos ........................................................................................................................... 40 Expansão Urbana e Mudanças Climáticas Locais .............................................................................................. 73
Diferenças de Altitudes ...................................................................................................................................... 41 Mapa da Evolução da Área Urbana de Guarulhos .............................................................................................. 74
Mapa das Diferentes Altitudes da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................. 41 Mapa da Temperatura da Superfície (Ilhas de Calor) de Guarulhos .................................................................. 76
Mapa das Diferentes Altitudes de Guarulhos ..................................................................................................... 42 Mapa das Principais Rodovias do Estado de São Paulo e de Guarulhos ........................................................... 77
Diferentes Inclinações dos Terrenos .................................................................................................................. 43 Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador André Franco Montoro ....................................... 78
Mapa das Diferentes Inclinações dos Terrenos de Guarulhos ........................................................................... 43 Histórico da Implantação do Aeroporto .............................................................................................................. 78
Tipos de Solos .................................................................................................................................................... 44 Glossário ............................................................................................................................................................. 79
Fontes e Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 80

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

APRESENTAÇÃO Tempo e espaço no quadro dos saberes necessários.


“Uma caminhada, por mais significativa que seja, é sempre feita
por pequenos passos na direção desejada.”

Proposta Curricular – Secretaria de Educação de Guarulhos (outubro de 2009).

A publicação do Atlas Escolar Histórico e Geográfico – Guarulhos 450 anos é mais um


importante recurso estratégico da política pedagógica da Secretaria de Educação de Guarulhos,
nos marcos da construção da Proposta Curricular da Rede, em seu primeiro movimento, ba-
tizada pelos profissionais como “Quadro de Saberes Necessários”.
No conjunto das propostas curriculares encontram-se destacados os eixos “Tempo e
Espaço”, diga-se de passagem, essenciais entre os saberes necessários. Esta publicação é mais
um passo em nossa jornada rumo à concretização dos objetivos traçados em outubro de 2009.
Esse lançamento por si só se constitui em um acontecimento histórico. No transcorrer
dos 450 anos de existência da cidade, não há informações de que tenha existido algo seme-
lhante e, principalmente, voltado para os profissionais da área educacional.
Este Atlas trata da história e da geografia locais, sem perder de vista a relação dos
acontecimentos da cidade com as questões regionais, nacionais e mundiais.
Como diz Milton Santos “... As regiões e os lugares não são nada mais do que lugares
funcionais do todo, esses tempos internos são também divisões funcionais do tempo, subordi-
nados à dialética do todo, ainda que possam, em contrapartida, participar do movimento do todo
e assim influenciá-lo. É, aliás, por esse fato que as regiões e lugares, mesmo não dispondo de
uma real autonomia, influenciam o desenvolvimento do País como um todo” (SANTOS, M.
Da Totalidade ao Lugar, p. 65).
A finalidade deste Atlas é apresentar Guarulhos de uma forma que poucos a conhecem,
procurando proporcionar uma visão sistêmica do município. Para tanto, foram elaborados Antigas Estrada Geral e Rua Direita; atual Rua d. Pedro II.
mapas relacionados a vários temas, que possibilitam o conhecimento de detalhes do
município pouco difundidos à população. Alguns desses detalhes, quando divulgados,
geralmente são apresentados isoladamente, dificultando o bom entendimento, podendo
inclusive levar a interpretações errôneas.
O Atlas Escolar Histórico e Geográfico – Guarulhos 450 anos é uma excelente ferra-
menta, política e pedagógica, para as áreas de História, Geografia e Ciências Naturais.
Aproveite a leitura, viaje pelo município e descubra características pouco conhecidas de
Guarulhos que, certamente, farão você amar muito mais essa cidade!

Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos, 2011.


Prof o Moacir de Souza – Secretário de Educação.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

TERRA, NOSSO LAR NO ESPAÇO atmosfera. Por causa da presença de água em forma gasosa, a Terra, quando vista do espa-
ço, assume a coloração azul, o que encantou o cosmonauta da ex-União Soviética Yuri Gagarin,
A Terra, nosso lar no espaço, está localizada no Sistema Solar, integrante da Via Láctea, primeiro homem a chegar ao espaço, em 12 de abril de 1961. Anos mais tarde, em 1969, o
galáxia de forma espiral. O Sol é uma estrela dentre 100 bilhões que existem na Via Láctea e o astronauta norte-americano Neil A. Armstrong chegou à Lua.
Universo conhecido possui mais estrelas do que a quantidade de grãos de areia existentes A Terra tem a forma geoide, pois é achatada nos polos e gira em torno de seu próprio eixo,
em nosso planeta. A distância do Sol até a estrela mais próxima é de 5 anos-luz, ou seja, a o que determina as 24 horas de um dia – movimento de rotação. Além de girar em torno de si,
distância percorrida durante cinco anos na velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros por a Terra gira em torno do Sol de forma elíptica, movimento chamado de translação. Os planetas
segundo. Com nossas espaçonaves atuais, levaríamos 100 mil anos para chegar lá. do Sistema Solar giram com seus eixos inclinados em relação ao plano de órbita solar.
A Terra está extremamente distante do Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros. A idade do O movimento de translação é resultado da força gravitacional que o Sol exerce na Terra
Sol é de 4,6 bilhões de anos e ele é 106 vezes maior que a Terra. Se o Sol fosse do tamanho de e nos demais planetas do Sistema Solar. A gravidade criou a Terra e os demais corpos celestes
uma bola de tênis de 6,4 centímetros, por exemplo, a Terra teria o tamanho de uma cabeça por meio da aglutinação de pequenas massas de matéria durante a formação do Universo.
de alfinete e a distância entre eles seria de quase 7 metros. A partir do Sol, a sequência dos O planeta Terra e tudo que nele existe é formado com o mesmo material que compõe
planetas é: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Até 2005, Plutão os demais corpos e tudo mais que faz parte do Universo.
era considerado planeta, porém, depois da descoberta, no Sistema Solar, de um corpo celes- Para entendermos a estrutura do Universo é necessário conhecer o componente essen-
te do mesmo tamanho dele, ambos foram considerados planetoides. cial de toda a matéria, o mundo atômico. Ele é tão pequeno que, se dividirmos 1 centímetro em
O planeta Terra está a uma distância do Sol suficiente para manter uma temperatura 100 milhões de partes iguais, cada parte será do tamanho de um átomo. É composto de elé-
capaz de conservar a água líquida na maioria de sua superfície e em forma de vapor na trons que orbitam seu núcleo e dentro do núcleo há partículas chamadas de nêutrons e prótons.
O núcleo atômico é tão fantasticamente pequeno que, se o átomo fosse um estádio, o núcleo
Representação Artística do Sistema Solar seria um grão de areia. Mesmo assim, o núcleo contém quase toda a massa de um átomo. Os
prótons e nêutrons são compostos por unidades ainda menores, os quarks.

escala real, bem como as distâncias entre eles.


O tamanho dos planetas não tem relação com a
Sabemos que o Universo está se expandindo. Imaginemos agora em sentido contrário. Há
cerca de 15 bilhões de anos, tudo que compõe o Universo – exatamente tudo, as galáxias,
estrelas, planetas, rochas e até nós mesmos – deveria estar densamente compactado em uma
única esfera do tamanho de uma bola de gude! E ao mesmo tempo muito quente e que, de
repente, explodiu! Uma inimaginável explosão chamada de Big Bang.
Naquele momento, o Universo recém-nascido começou a se expandir e esfriar. Quarks
se combinaram, originando os prótons e nêutrons, atraindo os elétrons e assim formando os
átomos, expandindo-se numa poeira cósmica e aglutinando-se por meio da força gravitacional.
Durante bilhões de anos essas aglutinações formaram os planetas, estrelas, galáxias, conglo-
merado de galáxias e todo corpo celeste conhecido.
Movimento de rotação e translação Galileu Galilei foi o primeiro a reconhecer a força da gravidade, observando que objetos
diferentes caem à mesma velocidade. Isaac Newton, em 1687, relacionou a intensidade da
força da gravidade com o tamanho da matéria. Toda matéria ou energia produz gravidade e
a gravidade de uma matéria atrai outra matéria. Quanto maior o objeto, maior sua atração.
Newton descobriu o que a gravidade faz, mas foi o gênio Albert Einstein que entendeu
por que faz. Segundo Einstein, a gravidade é causada por objetos enormes como planetas e
estrelas que literalmente curvam o espaço-tempo como uma imensa chapa de borracha.
Portanto, o trajeto que os planetas fazem em torno de suas estrelas é resultado direto da
curvatura do espaço-tempo promovido pelas estrelas.
Não temos a pretensão de abordar assuntos tão complexos. Nossas observações são
para mostrar a vastidão de conhecimento a ser explorado, como afirmou Neil A. Armstrong:
“O homem precisa entender seu universo para entender seu destino. Quem sabe que
mistérios serão solucionados durante nossa vida e que novos enigmas passarão a ser desa-
fio das novas gerações.”

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA-MÚNDI

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE*.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DOS FUSOS HORÁRIOS

(Mapa adaptado por Antonio Graco da Silveira Vieira.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

AS AMÉRICAS
Existem duas formas de divisão do continente americano: a divisão geográfica e a divi-
são sociocultural.
A divisão geográfica é mais simples, pois consiste em agrupar os países de acordo com
os pontos cardeais (norte e sul), ou seja, a grande massa de terra americana localizada ao norte
do planeta situa-se na América do Norte. O que está ao sul faz parte da América do Sul. Já a
América Central é constituída por diminutos países situados entre esses dois gigantes blocos
de terras (América do Sul e América do Norte).
A divisão sociocultural é um pouco mais complexa, porém seu entendimento torna-se
mais fácil ao observarmos as diferenças entre a América Latina e a América Anglo-Saxônica,
percebidas na língua, na religião, na situação socioeconômica e na forma de colonização
europeia. Vamos conhecer essa divisão:
● América Anglo-Saxônica: trata-se de países (Estados Unidos e Canadá) que falam pre-

dominantemente a língua inglesa e onde a Igreja Protestante prevalece. São países ricos e
desenvolvidos, onde a colonização de povoamento* foi adotada pelos conquistadores ingleses.
● América Latina: são países com índices de desenvolvimento humano insatisfatórios

(México e todos os países da América Central e da América do Sul, inclusive o Brasil), mas
com alguns países apresentando índices crescentes de desenvolvimento, além de uma diver-
sidade cultural muito rica. As línguas mais faladas – predominantemente o espanhol e o por-
tuguês – derivam do antigo latim. A religião predominante é a católica e a forma de conquista
e domínio dos europeus foi a colonização de exploração*.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

*exceto o Círculo Polar Ántártico, que não é possível ver neste mapa.
GUARULHOS NA LINHA DO TRÓPICO
O termo trópico vem do grego e significa “volta”. Do ponto de vista geográ-
fico, são linhas imaginárias que circundam o globo terrestre em duas posições de
latitudes simétricas: o Trópico de Câncer, localizado ao norte do Equador, e o Tró-
pico de Capricórnio, ao sul. O Trópico de Capricórnio separa a zona subtropical sul
da zona tropical. É considerado a linha de transição climática entre as zonas térmi-
cas da Terra.
Em Guarulhos, o trópico passa pelos seguintes bairros: Vila Galvão, Picanço,
Maia, Paraventi, Bom Clima, Vila Barros, Cecap, Cumbica e Pimentas, dividindo o
território em duas zonas climáticas: ao norte predominando o clima tropical e ao
sul o clima subtropical.
Entretanto, essa variação climática não é perceptível simplesmente atravessan-
do-se o Trópico de Capricórnio, pois este serve apenas para delimitar graficamente
essas zonas no mapa. Na prática, como o clima possui inúmeras variáveis que influen-
ciam o seu comportamento e características (ver página 52), a “linha” oscila no
decorrer das quatro estações climáticas:
verão, outono, inverno e primavera.
Sabemos que o homem não tem Altitude do relevo: quanto maior a altitude, menor será a temperatura.
condições de limitar a área de influên- Correntes marítimas: correntes marítimas quentes propiciam a evapora-
cia do clima apenas traçando uma linha, ção das águas, aumentando as chuvas na região litorânea do continente. Ao con-
ou querer que as massas atmosféricas trário, as correntes frias dificultam a evaporação das águas oceânicas, tornando o clima seco ao
climáticas obedeçam a tais linhas. Assim, longo dos países banhados por elas (ver mapa da página 53).
podemos imaginar que a linha é o cen- Isso posto, vejamos o que ocorre, de um modo geral, em cada um dos países citados:
tro de uma faixa de transição climática
1. Brasil: possui corrente oceânica quente (corrente do Brasil), que eleva as chuvas no País.
e que todos que habitam esta faixa
Além disso, o relevo de baixa altitude contribui para que não ocorram baixas temperaturas.
sofrem influência ora do clima tropical,
2. Paraguai: por estar no centro do continente sul-americano, apresenta variação de
ora do clima subtropical.
temperatura muito mais acentuada do que o Brasil.
3. Argentina: sua continentalidade a torna a região mais seca do trópico.
PERCORRENDO O TRÓPICO 4. Chile: devido à elevada altitude em que se encontra a Cordilheira dos Andes e à corren-
te de Humboldt, muita fria, o clima chileno na região do Trópico de Capricórnio é frio e seco –
O Trópico de Capricórnio, ao contornar o hemisfério sul do planeta Terra, atra-
Guarulhos situa-se na mesma latitude e apesar disso possui clima muito diferente.
vessa três oceanos – Pacífico, Atlântico e Índico – e três continentes – América do
5. Austrália: o país é uma ilha circundada por várias correntes frias e quentes. Ao leste, o
Sul, África e Oceania –, percorrendo ao todo 36.784 quilômetros de extensão e pas-
clima é úmido devido à corrente Leste da Austrália, que é muito quente; ao oeste formam-se grandes
sando por dez países:
desertos áridos, caracterizados por muito frio à noite e calor forte durante o dia, devido à con-
● América do Sul: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile
tinentalidade no interior do país. Outras características que influenciam o clima no país são a
● África: Namíbia, Botsuana, África do Sul, Moçambique e Madagascar corrente marítima fria denominada corrente Oeste da Austrália e o baixo relevo.
● Oceania: Austrália 6. Madagascar, Botsuana, Moçambique e África do Sul: devido à passagem de duas cor-
Apesar de esses países estarem sob o Trópico de Capricórnio, não possuem rentes marítimas quentes (correntes das Agulhas e Equatorial Sul), esses países possuem clima seme-
clima idêntico devido a diversos fatores, tais como: lhante ao do Brasil, ou seja, tropical. O relevo também se parece com o brasileiro, com pequenas altitudes.
Continentalidade: quanto mais longe dos oceanos, maior será a oscilação 7. Namíbia: apesar de ser vizinho dos países africanos citados, apresenta um grande de-
térmica entre o dia e a noite e mais seco será o clima. serto árido causado pela corrente fria de Bengala, que não permite a formação de chuvas na região.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

ROSA DOS VENTOS

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DEMOGRÁFICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DEMOGRÁFICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo 2007.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

CIDADES LIMÍTROFES AO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo – IGC*.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

BAIRROS E LOTEAMENTOS DE GUARULHOS

Alguns dos bairros mais antigos do Brasil estão em Guarulhos. Nos Arquivos
Públicos do Estado de São Paulo e do Município de Guarulhos, encontramos no-
mes de localidades aqui existentes desde o período em que Guarulhos era Fregue-
sia. Em 1776, constam: Lavras Velhas, Saboó, Capela de Nossa Senhora da Ajuda
(atual Capelinha), Bairro da Freguesia (centro de Guarulhos), São Miguel (antigo
Ururaí) e Nossa Senhora do Bom Sucesso. Estes são, portanto, os registros mais
antigos sobre os bairros de Guarulhos, que então tinha 1.170 habitantes e 156 pro-
priedades. Nos anos subsequentes, encontramos os seguintes nomes: Senhor do
Bom Jesus (atual Capelinha), Baquirivu (referência ao atual Rio Baquirivu Guaçu),
Itaverava, Lavras, Sabão, Bairro das Pedras, Thomé Gonçalves, Fortaleza, Tanque
Grande, Morro Grande, Catas Velhas, Serra do Bananal e Veigas.
No ano de 1988, por meio do Decreto Municipal no 4.998, foi oficializada a
divisão da cidade em bairros e loteamentos. O decreto estabeleceu 47 bairros, to-
dos eles subdivididos em aproximadamente 500 loteamentos. Os nomes dos
loteamentos sempre são antecedidos das palavras jardim, parque, vila, cidade,
chácara, conjunto etc.
O termo bairro é uma herança da colonização portuguesa, sendo que os pri-
meiros bairros de São Paulo e de Guarulhos são originários das antigas cartas de
sesmaria. O bairro é uma subdivisão da cidade, composto, a partir de critérios es-
tabelecidos pelas administrações municipais, por um ou mais loteamentos, que jun-
tos recebem, normalmente, o nome do aglomerado urbano mais antigo da região.
O Bairro São João, por exemplo,
é composto por dezoito lotea-
mentos, a saber: Jardim São
João, Cidade Seródio, Jardim Jade,
Jardim Cristina, Vila Girassol,
Jardim Santa Terezinha, Jardim
Aeródromo, Jardim Santo Expe-
dito, Cidade Soberana, Jardim
São Geraldo, Jardim Vida Nova,
Jardim Lenize, Vila São Carlos,
Jardim Bondança, Vila Rica,
Conjunto Habitacional Haroldo
Veloso, Jardim Novo Portugal e
Jardim Regina.

(Fontes: Prefeitura de Guarulhos(1) e IBGE(2).)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

DADOS GERAIS
Área: 320 quilômetros quadrados (aproximadamente)
População: 1.222.357 habitantes (IBGE-2010)
Mulheres: 626.954 habitantes (IBGE-2010)
Homens: 595.403 habitantes (IBGE-2010)
Densidade demográfica: 3.887,4 habitantes por quilômetro quadrado
Crescimento demográfico anual: 2,4% (2000-2009)
Vista panorâmica do Parque Bom Clima e da sede da Prefeitura.
Número de escolas municipais: 136
Número de alunos matriculados na rede pública municipal: 115 mil
ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIO Principais atividades econômicas: indústria, serviços e comércio
O município de Guarulhos é uma cidade industrial. Em seu território estão instaladas mais de 2.890 Padre fundador: Manoel de Paiva
fábricas, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662 prestadores de serviços e 54 unidades produtivas
Padroeira: Nossa Senhora da Conceição
em meio rural. A cidade oscila entre a 8a e a 9a posições no PIB Nacional (ver página 64).
Localizado a nordeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), distando cerca de 17,7 quilô- Aniversário da cidade: 8 de dezembro (1560)
metros do centro da Capital paulista, com aproximadamente 320 quilômetros quadrados de extensão, Gentílico: guarulhense
Guarulhos representa pouco menos de 4% do território da Região Metropolitana.
Situado num triângulo entre a Capital paulista e as saídas para o Rio de Janeiro e Minas Gerais, Prefeito atual: Sebastião Alves de Almeida (PT)
desde o começo da colonização Guarulhos sempre foi uma importante rota para tropeiros, sertanistas, (Fontes: IBGE e Fundação Seade*.)
bandeirantes e aventureiros que desbravaram o Brasil, muitas vezes para além do Tratado de Tordesilhas.
O município de Guarulhos testemunhou as mudanças geradas pela mineração de ouro, a fabrica-
ção de telhas e tijolos cozidos, a instalação de indústrias e obras de grande impacto ambiental. Seu grande
avanço industrial deu-se no período entre guerras e após a Segunda Guerra Mundial. Guarulhos viu o
Brasil-Império desmoronar e a República surgir.
Nos últimos 50 anos a cidade tornou-se referência como cidade industrial e aeroportuária, servida
por excelentes rodovias, bons hotéis e muitas instituições de Ensino Superior, públicas e particulares.
Outra característica marcante do município é a beleza natural proporcionada pela Serra da Cantareira,
que possui vegetação de Mata Atlântica, tombada como Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo
(RBCV) e outorgada em 1994 pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade (ver página 48). A RBCV
presta importantes serviços ambientais, como amenização do clima, controle da poluição atmosférica e
produção de água para toda a Região Metropolitana de São Paulo – e em particular para Guarulhos –,
por meio dos seus mananciais das represas Tanque Grande e Cabuçu (ver página 56).
Além dos atributos mencionados, a fauna, por sua vez, cintila no entorno da vegetação atlântica e dos
corpos-d’água, revelando uma biodiversidade* que precisa ser protegida. São dezenas de espécies animais e
vegetais que se abrigam na Serra da Cantareira, em meio a uma das maiores concentrações humanas do mundo.
O turismo de negócios tem-se beneficiado bastante da situação econômica da cidade. O ecoturismo,
aliado à conscientização ambiental, vem ganhando adeptos, tornando-se uma atividade econômica nos
moldes do desenvolvimento sustentável. (Fonte: Fundação Seade.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

Casa e Sítio da Candinha, desapropriada para implantação do Parque Natural Municipal da Cultura Negra.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

POVOAMENTO, ECONOMIA E EXPANSÃO mentos e as formas de organização política, sem perder de vista os aspectos lúdicos e culturais
desses povos, que construíram a história e o patrimônio material e imaterial da cidade de
URBANA Guarulhos.
Conhecer a cidade na sua totalidade exige obrigatoriamente cruzar informações locais
com o processo de mundialização econômico, iniciado com a chegada da esquadra coman-
Este resumo da história natural e social de Guarulhos enfatiza seis aspectos que con- dada por Pedro Álvares Cabral à Bahia de Todos os Santos, em 1500. A respeito de Guarulhos,
sideramos relevantes: a formação geológica do município, fator que induziu ao desenvolvi- iniciamos tratando do topônimo que originou o nome da cidade.
mento econômico e ao processo de expansão urbana; a presença dos primeiros habitantes
da localidade de que se tem registro, os paleoíndios Maromomi; a chegada dos colonizado-
res portugueses; a presença e a escravização de africanos; a vinda dos imigrantes estran-
CICLO COLETOR – PALEOÍNDIOS
geiros (europeus e asiáticos de um modo geral e em particular grande incidência de imigrantes Os “primeiros habitantes” de Guarulhos, como já dissemos, foram os Maromomi, que
do Oriente Médio), e a chegada dos migrantes nacionais, resultado do êxodo rural brasileiro. aqui chegaram por volta de 1400 da era cristã, após serem expulsos do litoral paulista pelos
Sendo a história feita pela ação humana e diante do desafio de resumi-la em poucas indígenas Tupi-Guarani. Os Maromomi eram coletores e nômades, viviam em uma espécie
palavras, destacamos, de modo especial, seus atores, seus feitos, o cenário dos aconteci- de “economia natural”, praticavam a caça, a pesca e a coleta de frutos. Guarulhos era seu
espaço predileto devido ao fruto da sapucaia e aos pinhões
da araucária, vegetação típica de Mata Atlântica, abundante
tempos atrás.

OS PRIMEIROS HABITANTES DE
GUARULHOS
O litoral brasileiro foi ocupado inicialmente por povos
coletores, como os Maromomi, que seriam depois os primei-
ros habitantes de Guarulhos. Por volta de 1400 da era cris-
tã, esse povo, que ocupou o litoral norte paulista, foi expulso
pelos Tupi, originários do Paraguai. Esse fato alterou o qua-
dro étnico e populacional não só do litoral, como também do
planalto paulista.
Ao referir-se a ele, a documentação quinhentista usa
diferentes nomes e grafias. Assim temos: Moromomis, Mara-
momis, Moromemim, Murumiminis. Na documentação do sé-
culo XVII aparecem as variantes Guariminus, Guarumimim,
Gurumimins, Muruminis, Jeromomim, Garumimim e Guarulhos,
entre outras. Decidimos padronizar a grafia Maromomi seguin-
do os jesuítas, que escolheram essa designação.
Alguns historiadores, como Capistrano de Abreu já no iní-
cio do século passado, afirmavam que “a imagem provável dos
Guarulhos-Maramumis pré-cabralianos, é de vasto grupo dis-
tribuído pelo litoral, por uma e outra aba da cordilheira maríti-
ma e da Mantiqueira, estendendo-se para Norte até o Rio
Jequitinhonha, talvez; as incursões de Tupinambás, Tupiniquins,
Goitacases, Aimorés produziram largos rombos sem destruir a
trama. No baixo, como no alto Paraíba, sua presença persistiu

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até que a mestiçagem, as epidemias e perseguições também povoara a Ásia em tempos remotos – teria sido
e caçadas os dissolvessem” (Os Caminhos Antigos assimilado, ou substituído, pelas levas mongóis” (BUENO,
e Povoamento do Brasil, 1963, p. 247-248). Brasil: uma história, 2003, p. 15).
Parte do litoral norte paulista foi território Segundo o padre Anchieta, por volta de 1570 os
Maromomi, pois a orla de Caraguatatuba era conhe- Maromomi apareceram em Bertioga, mostrando-se bas-
cida como Enseada dos Maromomis, o que mostra tante abertos aos jesuítas, o que os levou a serem
a presença desse povo naquela região por muito catequizados por volta de 1572. Este trabalho se deveu
tempo. ao padre Manuel Viegas, que passou a conviver com eles
Os Maromomi são da família Puri e pertencem (Textos Históricos, [c.1596] 1989, p. 142). Segundo rela-
ao tronco linguístico macro-jê, grupo que ocupava to do mesmo padre Viegas, em 1585 eles já estavam
um vasto território entre a Serra do Mar, o Vale do bastante próximos de São Vicente, o que facilitou o tra-
Rio Paraíba do Sul e a Serra da Mantiqueira. O nome balho missionário. Mas a falta de padres impediu a cria-
Puri ou Pucki, como se autodenominavam, parece ção de uma missão (In: LEITE, História da Companhia de
significar gente boa. Ocuparam extensa área do Su- Povo Puri aparentando os Maromomi. Ilustrado por Maximiliano de Wied-Neuwied. Jesus no Brasil, 2004, T. 9, Apend. B, p. 542).
deste, desde o Vale do Rio Paraíba, que corta os Em 1604 os jesuítas fizerem novo pedido ao superior
estados de São Paulo, Rio de Janeiro e sudeste de Minas Gerais, até a região do Rio Pomba em Roma para a fundação de uma missão entre os Maromomi, que já se encontravam em
(Prezia, Indígenas do Leste do Brasil, 2010, p.17). Piratininga (Arch. Rom. S.J., Congr. 51. In: LEITE, Os jesuítas e os índios Maromomis, RIHGSP,
Por serem coletores, as fontes de alimento dos Maromomi eram a caça, o mel, os fru- 1937, v. 32, p. 253). Mesmo com essa autorização e com a orientação de que fosse construída
tos da sapucaia e o pinhão da araucária, árvores típicas de Mata Atlântica, muito farta tem- a missão “em lugar seguro, ao abrigo de ataques dos índios”, ela foi se concretizar somente
pos atrás na região do Tanque Grande, Fortaleza, Capelinha e Bananal. Atualmente são espécies alguns anos depois, entre 1607 e 1608, graças ao empenho, certamente, do padre Viegas, cha-
raras devido ao desmatamento e a fatores climáticos. mado na época de “Pai dos Maromomis”.
Sobre os primeiros habitantes da região Leste do Brasil, Benedito Prezia afirma: “(...) Em 1608 encontramos as primeiras alusões de uma documentação civil sobre os
isso mostra que os paleoíndios, como são chamados, deviam pertencer ao mesmo grupo do Maromomi já localizados no planalto, feitas pela Câmara de São Paulo, ao se referir à sua
povo que teria vindo da África ou da Oceania há cerca de 50 mil anos, portanto antes do es- presença ao longo do Rio Tietê. Essa é uma prova de que apenas nessa época algumas fa-
tabelecimento do tipo racial asiático. Um homem com cabelos espetados, como os negros, mílias viviam acampadas à margem direita desse rio (ACSP, 5.10.1608, v. 2, p. 222).
desenhado há 10 mil anos, na caverna de Cerca Grande, em Lagoa Santa, reforça essa tese... A missão, que passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição dos Maromomis, teve
Pelos vestígios encontrados, esses povoadores construíam acampamentos provisórios, em re- como primeiro superior o padre Sebastião Gomes (LEITE, id., 2004, T. 6, L. 4, c.1, p. 501).
giões descampadas, ou se escondiam em abrigos naturais e cavernas. Alimentavam-se de Certamente o padre Viegas já devia estar sem condições de assumir a obra, pois morreu em
pequena caça, pesca, frutas e raízes... Com o fim do período glacial, por volta de 10 mil anos 1608. Com sua morte e com a per-
atrás, o clima do continente mudou, tornando-se a região leste mais quente e chuvosa. Des- da de prestígio dos jesuítas no pla-
sa forma surgiram a Mata Atlântica e as florestas... (Indígenas do Leste do Brasil, 2004, p. 14). nalto, os indígenas da Missão
Somos levados a crer que os Maromomi, por serem um povo coletor e por não domina- começaram a ser requisitados para
rem a técnica da cerâmica, teriam ligação com os paleoíndios, que seriam populações que trabalhos em fazendas e em outros
começaram a ocupar nossa região por volta de 8.000 anos atrás. O termo paleoíndios deno- serviços, como na forja de Diogo de
ta as populações que chegaram ao território brasileiro no paleolítico, ou seja, na idade da pedra Quadros, no Ibirapuera, atual Santo
lascada. O termo índio foi atribuído pelos portugueses às populações do tipo racial asiático, Amaro, como aparece numa ata da
por imaginarem ser o continente Sul-Americano parte da Índia. Com base no modelo das quatro Câmara de 1609 (ACSP, 15.02.1609,
migrações, sugerido pelo antropólogo físico Walter Neves, Eduardo Bueno comenta: “... Os v. 2, p. 234-235).
três últimos [ciclos migratórios] foram, todos eles, empreendidos por populações mongóis (cujo A partir de 1630, os paulistas
DNA é o mesmo das populações indígenas atuais). Anteriormente aos três fluxos dos mongóis, passaram a chamá-los de Gua-
no entanto, teria havido um ciclo migratório de povos não mongóis, cujos traços eram muito rulhos, certamente por influência À esquerda, crânio do homem de Lagoa Santa.
mais similares aos dos atuais africanos e aborígenes australianos. Esse grupo ancestral – que dos moradores do Rio de Janeiro, À direita, face reconstruída de Luzia.
Museu Arqueológico da região de Lagoa Santa, 2010.

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Ilustrado por Janaína Daniele Gomes Ferreira


OS GUARULHOS DO RIO DE JANEIRO
“Sobre a polêmica acerca dos aldeados em Guarulhos terem sido os Guarulhos (ou
Goarulho), constatamos que estes são originais do litoral norte do Rio de Janeiro. Em visita
ao município de Campos dos Goitacazes, observamos que lá existiu o Distrito de Santo Antô-
nio dos Guarulhos, criado pela decisão episcopal de 3 de janeiro de 1759. Em 1890, o distri-
to foi elevado à condição de freguesia, recebendo o nome de Santo Antônio dos Guarulhos.
Na cidade de Campos dos Goitacazes existe também o Distrito dos Guarus, como observa
um pesquisador de história local: “A origem do nome Guarus advém dos índios Guarulhos,
tribo que habitava a região no século XVII. A mudança de nome de Guarulhos para Guarus
ocorreu há alguns anos, por decisão dos poderes municipais, para poderem diferenciar da
denominação da cidade de Guarulhos, no Estado de São Paulo” (Herbson Freitas, pesquisa-
dor da história de Campos). Com o advento da colonização portuguesa no território e a dis-
seminação da língua geral paulista, mistura de tupi, guarani e português, e que foi falada pelos
moradores de São Paulo de Piratininga, verifica-se também uma expansão da língua e cultu-
ra tupi em regiões do sertão antes dominadas predominantemente por povos de língua dos
troncos macro-jê e aruak. Como esta língua geral foi falada até o final do século XVIII em
Do lado esquerdo o aborígene australiano. Foto do Museu Arqueológico de Lagoa Santa, 2010. toda a região paulistana, ainda hoje são encontrados muitos vocábulos tupi-guarani no terri-
Do lado direito, ilustração de um indígena atual – ciclo migratório dos povos mongóis. tório guarulhense, como Itaberaba, Cabuçu, Guaraçau, Capuava, Pirucaia, Baquirivu Guaçu,
Tietê, Piratininga, Jurema, entre outros.
onde um povo com língua semelhante tinha esse nome. Assim, a aldeia também passou a se
chamar Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos ou dos Goarulho. O mesmo Capistrano CICLO DO OURO EM GUARULHOS – ÉPOCA DA
de Abreu já afirmava que “não há motivo para duvidar que os Guarulhos de Muriaé [RJ] se-
jam idênticos aos [Maromomi] que catequizaram Manoel Viegas e Mateus Nunes de Siqueira” ESCRAVIDÃO
(Os caminhos antigos..., 1963, p. 248). Após os primeiros 30 anos da “descoberta do Brasil”, fren-
No contexto do tema em discussão, retiramos do livro do IV Centenário de Guarulhos te à necessidade de os portugueses consolidarem a coloniza-
uma informação que merece ser analisada. Segundo Noronha, nas margens do Rio Tietê fo- ção no território e, especialmente, encontrarem metais
ram encontrados sambaquis e urnas funerárias. Diz ele: “Desde muito cedo, tribos sem con- preciosos e matérias-primas, foi fundada a Capitania de
ta foram transladadas para o território dos Guarulhos. Uma das provas deste fato está no São Vicente, em 1532, e o povoado de São Paulo de
grande número de sambaquis já encontrados em vários pontos deste rincão, notadamente Piratininga, em 1554. Em 1560 chegaram a
nas proximidades do Tietê. Ainda recentemente, junto a uma variante da Estrada da Concei- Guarulhos e criaram a aldeia de Nossa Senhora da
ção, na divisa de Guarulhos com São Paulo, foram encontradas cinco urnas funerárias de barro, Conceição dos Maromomi.
algumas com ossos humanos, e vasilhas de barro cozido. A seção de etnologia do Museu Em 1597, Afonso Sardinha, o velho, descobriu
Paulista concluiu haver existido ali uma aldeia de índios guaranis, num período variável de ouro na Serra do Jaguamimbaba, atual bairro do
200 e 400 anos” (p. 17). Morro Grande, também conhecida por Pico do Gil ou
Como os Maromomi não eram ceramistas, é possível que estas urnas tenham sido dos do Itaberaba. Com 1.438 metros de altitude, o Itaberaba
numerosos Tupi que ocuparam o planalto entre os séculos XV e XVII. se localiza na porção nordeste do município de Guarulhos.
“O processo de migração campo-cidade, derivado da industrialização do Brasil, e espe- A mineração de ouro na cidade antecede a de Minas Gerais em mais de 100 anos. A
cialmente de Guarulhos, trouxe, nessas últimas décadas, mais de uma dezena de etnias indí- exploração de ouro em território guarulhense se deu em seis garimpos – Catas Velhas, Bair-
genas para nosso município, sobretudo originários do Nordeste, como os Pankararu, os Pankararé, ro das Lavras, Monjolo de Ferro ou Lavras do Geraldo, Campo dos Ouros, Bananal e Tanque
os Xukuru, os Wassu-Cocal, além de Tupi-Guarani, totalizando cerca de 1.500 habitantes Grande – e estendeu-se até 1812.
indígenas, alguns deles organizados em torno da organização não governamental Arte Nativa, O ciclo do ouro em Guarulhos foi responsável pela consolidação das primeiras estrutu-
criada em 2006” (Vários autores. 2010, Revelando a História do Bonsucesso e Região, p. 45). ras urbanas do município, pela escravização indígena e de negros africanos, bem como pela

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
mudança administrativa, da categoria de aldeia para a de freguesia, deixando marcas na paisa- Certamente os donos de garimpo influenciaram o poder sediado na Vila de São Paulo
gem da cidade. Dessa época constatamos a existência do Sítio Arqueológico do Garimpo de na mudança que houve em 1685, quando a localidade deixou de ser aldeia e passou à con-
Ouro do Ribeirão das Lavras, no bairro Capelinha, além de estruturas de garimpo nas demais dição de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de São Paulo de Piratininga, status
localidades mencionadas, construções de casas e igrejas em taipa de pilão e de diversos correspondente, na estrutura da Igreja Católica, ao de paróquia. É desse período a constru-
topônimos: Bairro das Lavras, Campo dos Ouros, Serra do Ouro, estradas das Lavras, das Catas ção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição (sede da paróquia na época), edificada na Praça
Velhas, da Conceição, Velha do Bonsucesso, do Caminho Velho, do Saboó, do Morro Grande, Tereza Cristina no mesmo ano da criação da freguesia.
Ribeirão dos Quilombos, igrejas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pre- Ao menos em três ocasiões os indígenas ameaçaram os propósitos dos colonizadores.
tos, de São Benedito dos Homens Pretos, de Nossa Senhora da Conceição, de Nossa Rebelados, atearam fogo em fazendas, o que resultou na destruição de plantações e na mor-
Senhora do Bonsucesso e Bom Jesus da Cabeça. te de alguns fazendeiros.
Quanto a indícios de resistência negra, há poucas pesquisas. Porém, a existência das
igrejas negras mencionadas e do Ribeirão dos Quilombos, bem como citações do pesquisa-
dor Clovis Mouro, de 1776, sobre a convocação feita pelo governador Cunha Menezes dos
capitães-mores da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição para conter fugas de escra-
vos, são elementos significativos que merecem maior aprofundamento.
Por força dos acontecimentos históricos, é significativa a presença de indígenas, brancos
e negros no território guarulhense atualmente – uns como senhores e a grande maioria feri-
da na sua dignidade, subjugada na condição de escravos. Foi nesse contexto econômico que
a cidade presenciou a transição de Colônia para República.

Aqueduto – canal que levava água para a mineração de ouro – Sítio Soledad. Estrutura encontrada em 2010 por
Elton Soares de Oliveira, Daniel Carlos de Campos, David Almeida Braga, Donizete Bertozzi e José Abílio Ferreira. Sítio arqueológico do Ribeirão das Lavras, ouro no veio de quartzo.

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MAPA DA CICLO DO TIJOLO COZIDO – ÉPOCA DAS OLARIAS
MINERAÇÃO AURÍFERA Com o esgotamento da mineração, outro modelo de ocupação do espaço começou a ser
DE GUARULHOS gestado. Com isso, o povoamento e as atividades econômicas se deslocaram da região mon-
tanhosa para a parte baixa da cidade, nas proximidades das várzeas dos rios Tietê, Baquirivu
Guaçu e Cabuçu de Cima. O uso do tijolo cozido, em substituição à taipa de pilão, fez com
que Guarulhos reencontrasse o espaço perdido no cenário econômico global.

A trilha dos tropeiros, que ligava São Paulo ao Rio


de Janeiro, originalmente foi utilizada pelos garimpei-
ros do Rio Jaguari e posteriormente com mais intensi-
dade, para escoar o carvão vegetal e lenha da Serra
da Cantareira. Era o caminho para quem rumava de
São Paulo para Minas Gerais ou Rio de Janeiro.

Segundo Paulo de Almeida Vinha, este caminho


em acentuado ziguezague foi a rota obrigatória dos
anos setecentistas, quando era chamado de Caminho
da Conceição (Penha, Guarulhos) e Caminho Geral
(Guarulhos, Bom Sucesso e Arujá), que seguia
para Santa Isabel e dali adentrava o Vale do Paraíba.
Diz-se que o caminho do Vale do Paraíba nasceu do
prolongamento do Caminho Geral, aberto nos anos de
1600 para servir às minas de ouro.

OBS.: OS CONTORNOS DO MAPA DEMARCAM OS


LIMITES ATUAIS DOS MUNICÍPIOS
(Fontes: Instituto Geográfico e Geológico – IGG – e Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, 1950.)

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A imigração subvencionada, a partir de 1870, traz milhares de imigran-
tes estrangeiros para o Brasil e especialmente ao Estado de São Paulo. A pre-
MAPA DA ÁREA URBANA DE GUARULHOS EM
sença de italianos, alemães, espanhóis, portugueses e, muito posteriormente, 1938
libaneses e asiáticos, de um modo geral, vai ser decisiva para o ordenamento
econômico, político e cultural da cidade de Guarulhos no período que antece-
de o ciclo industrial.
A imigração subvencionada, a expansão da lavoura de café em São Pau-
lo, seguida da implantação da rede ferroviária, bem como a existência de re-
cursos naturais em Guarulhos, como argila, água, madeira, areia e pedra, além
da proximidade com a Capital paulista, são fatores que possibilitaram o ciclo
econômico das olarias, que no período do ouro e das construções em taipa
de pilão produziam apenas telhas.
O uso do tijolo cozido em larga escala na Capital paulista e na região
metropolitana, empregado na edificação de casas, igrejas, pontes, cadeias,
galpões, tubulações, prédios públicos etc., fez surgir em Guarulhos dezenas
de olarias e proporcionou diversificação econômica à cidade.
Era comum os donos de olarias, mais para o final do período, interca-
larem a produção de tijolos e telhas com pequena produção de hortaliças,
destinadas ao mercado e à agricultura de subsistência. Na Ponte Grande
existiu um porto, no atual Bairro do Porto, por onde escoava o grosso da pro-
dução local, pela Hidrovia Rio Tietê/Ponte das Bandeiras, em São Paulo. Nesse
período foram abertas novas vias, houve crescimento do comércio, incremento
populacional, aumento do rebanho bovino e da produção de cachaça por meio
de engenhos. No auge da produção oleira guarulhense, em 1956, havia 250
olarias artesanais e uma produção média de aproximadamente 1 milhão de
tijolos por dia, sem contar a produção oleira industrializada.

Trabalhadores em olaria no bairro Ponte Grande. (Fonte: Conto, canto e encanto com a minha história... Guarulhos: Espaço de Muitos Povos, p. 21, 2008.)

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Dentro do período do ciclo do tijolo cozido, novas situações emergiram no cenário polí- meio da União Operária constata-se
tico da cidade: a presença de muitos imigrantes estrangeiros – italianos, portugueses, espa- a existência do primeiro grupo
nhóis, libaneses e asiáticos –, a chegada do trem da Cantareira, a primeira indústria da cidade, de teatro da cidade, os chamados
o salário como remuneração da força de trabalho e a constituição do primeiro núcleo de “teatristas da Vila Galvão”.
operários urbanos na Vila Galvão. Em 1950, o ciclo econômico da
Diante das transformações que vinham acontecendo, aos 24 de março de 1880, confor- cidade já era considerado industrial.
me a Lei no 34, Guarulhos emancipa-se de São Paulo, tornando-se vila (município). Logo em Vários fatores foram decisivos para o
seguida acontece o fim da escravatura. Em 1886, a freguesia da Penha deixa de pertencer a avanço da industrialização no muni- Ilustração da Sociedade Dramática Recreativa União dos
Guarulhos, o mesmo acontecendo com Mairiporã, em 1889 (antigo Juqueri, ver página 26). Em cípio, entre os quais destacamos: a Operários de Vila Galvão, em 1917.
19 de dezembro de 1906, mediante a Lei no 1.038, a Vila de Guarulhos foi elevada à categoria de localização geográfica entre a Capi-
cidade. Finalmente, a Lei Estadual no 2.456, de 30 de dezembro de 1953, regulamentou a comarca tal paulista, Minas Gerais e o Rio de Janeiro; a primeira e a segunda guerras mundiais; a exis-
(Poder Judiciário Local), cuja instalação se deu, solenemente, aos 18 de fevereiro de 1956. tência do aquífero Cumbica (ver páginas 61 e 62); a isenção de impostos municipais para
empreendimentos fabris; a oferta de força de trabalho próxima à indústria, oriunda da imi-
CICLO INDUSTRIAL – FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO gração nacional; investimentos públicos de grande monta em infraestrutura, especialmente
na implantação da Via Dutra, nas siderúrgicas de Volta Redonda e Usiminas, hidrelétricas e
OPERARIADO GUARULHENSE plataformas de petróleo, por exemplo.
A Guarulhos atual possui características essencialmente urbanas: concentração densa Diferentemente dos ciclos econômicos anteriores, que retiravam toda matéria-prima do
de população e boa infraestrutura – rede de fornecimento de água, coleta de esgoto, gás, próprio município, a produção industrial depende, como visto, de produtos semi-industrializa-
eletricidade, telefonia, transporte, sistema educacional e de saúde, áreas de lazer, aeroporto, dos, oriundos de outras localidades, e de estruturas de suporte fora da cidade. Guarulhos é um
vias de acesso, praças, imóveis residenciais, comerciais e industriais etc. Do ciclo dos indí- polo econômico industrial que faz parte de uma cadeia produtiva regional, nacional e internacional.
genas coletores a uma cidade industrializada são mais de 500 anos de construção. Para seu bom funcionamento, se faz necessária, principalmente, a existência de um sofisticado
A primeira indústria a se estabelecer no município, em 1911, na Vila Galvão, foi a Em- sistema de transportes e rodovias para suprir as demandas das indústrias.
presa Cerâmica Paulista, que ficava em frente à Estação Ferroviária. Ao redor da fábrica e da Segundo estudo (IBGE/IPEA* – 2005), “Aumenta a concentração de serviços e da população,
estação de trem, inicialmente chamada de Estação Cabussu, depois Vila Galvão, formou-se a de acordo com o nível de industrialização. Além do próprio peso da atividade, a indústria agrega
primeira vila dos operários da cidade, chamada de colônia. uma série de serviços em torno de si, o que faz crescer ainda mais a economia local. Foi a indús-
É dessa época a primeira forma de organização dos operários do município. Em 1o de tria, e não diretamente o Aeroporto Internacional, a grande responsável pelo Produto Interno Bruto
abril de 1917, os operários da Cerâmica Paulista e da Estrada de Ferro, Ramal Tramway (PIB) de Guarulhos. A produção industrial se reflete na receita do município: cerca de 60% da
da Cantareira, juntaram-se e fundaram o “União Operária Beneficente Portuguesa”. Se- arrecadação vêm, segundo a Prefeitura, das atividades industriais. Guarulhos faz parte do seleto
gundo relato, os fundadores do União Operária eram munidos de um mesmo ideal, de- grupo das nove cidades brasileiras responsáveis por 25% do PIB do Brasil”.
monstrando forte disposição para criar uma sociedade de lutas da classe operária. Por O município tem oscilado entre a 8a e a 9a posições na economia nacional, sendo respon-
sável por 1,03% do PIB brasileiro (IBGE-2006). Com um parque industrial diversificado, conta
91.847 trabalhadores em mais de 2.890 indústrias, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662
prestadores de serviços e 54 unidades produtivas em meio rural, segundo o Dipam-2006.
A produção industrial chega a R$ 12,06 bilhões anuais e a cidade figura no cenário
nacional com um PIB de R$ 18.194.924 bilhões. O emprego no setor formal contabiliza
227.914 trabalhadores.
A industrialização também gerou enorme contraste social, observando-se a existência de
muita riqueza e muita pobreza, inclusive de um grande passivo ambiental. O operariado urba-
no, diante das precárias condições de trabalho, baixo salário e falta de infraestrutura nos locais
de moradia, organizou-se em suas entidades de classe, sindicatos, associações de bairro,
partidos políticos etc. Com isso, vieram as greves, passeatas e protestos, conduzidos por ope-
rários e trabalhadores nos locais de trabalho e na periferia da cidade. O primeiro sindicato, o
Sede da primeira indústria de Guarulhos, em 1911. Cerâmica Paulista, em Vila Galvão. dos condutores, foi fundado em 1958, e a primeira greve operária aconteceu em 1963.

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DESMEMBRAMENTO TERRITORIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

(Fontes: Fundação Seade e Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo – IGC/SP.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

DESMEMBRAMENTO –
GUARULHOS JÁ FOI TERRITÓRIO DO
MUITO MAIOR MUNICÍPIO
DE SÃO PAULO
O desmembramento territorial, procedimento de parcelamento EM 1840
de solo, serviu, no passado, para criar novas áreas de povoamen-
to e permitir o melhor controle da terra e ações de desenvolvimento.
Territórios extensos eram difíceis de gerenciar e muitas
áreas ficavam sem intervenção administrativa (abandonadas),
por falta de recursos humanos e financeiros. Assim, os des-
membramentos eram essenciais para o desenvolvimento de São
Paulo, pois eram criados centros administrativos (vilas e cida-
des) que intercederiam diretamente naquela porção de terra
recém-formada.

DESMEMBRAMENTO: GUARULHOS PERDEU


TERRITÓRIO
Em 1685 é criada a Freguesia de Nossa Senhora da Concei-
ção dos Guarulhos. O termo “freguesia” reconhecia institu-
cionalmente a elevação de um povoado a esta categoria quando
nele houvesse uma capela curada ou paróquia, com um padre
mantido pelos paroquianos locais. Era uma categoria oficial e
servia também para a administração civil daquela população.
Por meio da Lei no 34, de 24 de março de 1880, Guarulhos
deixa de ser freguesia de São Paulo, sendo criada a Vila (mu-
nicípio) de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, des-
membrando-se, desta forma, do município de São Paulo. A
categoria de vila corresponde à implantação dos Três Poderes
no município: Legislativo, Executivo e Judiciário (Comarca).
Quando Guarulhos se tornou município, em 1880, Mairi-
porã e a Freguesia de Nossa Senhora da Penha foram anexa-
das a Guarulhos. Na época, Mairiporã tinha a denominação de
Juqueri, e abrangia, além da sua área atual, os municípios de
Franco da Rocha, Francisco Morato e Caieiras, territórios igual-
mente pertencentes a Guarulhos naquela data. Em 3 de maio
de 1886, mediante a Lei Provincial no 71, a Penha voltou a per-
tencer a São Paulo. Mairiporã e seu vasto território, em
27 de março de 1889, de acordo com a Lei Provincial no 66,
constituiu-se em município, emancipando-se de Guarulhos. A partir desses desmembramentos, forma-se a feição espacial atual dos limites municipais (divisas) de Guarulhos.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

PRIMEIROS BRASILEIROS – COMO CHEGARAM A GUARULHOS?


Diferentemente do que se imaginava, não foram os indígenas que conhecemos os primeiros habitantes brasileiros. Luzia, o fóssil humano mais antigo das
Américas, que foi encontrado em 1975 na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, não era indígena. Luzia, assim batizada pelos cientistas, morreu com idade
entre 20 e 25 anos há cerca de 12 mil anos.
Segundo estudos realizados em 1998 por vários pesquisadores, entre eles o brasileiro Walter Neves, da USP, Luzia teria origem africana, diferentemente do
que se imaginava – até então, pensava-se que ela era originária de populações asiáticas e nativas americanas. No entanto, Luzia não era idêntica aos negros de
hoje, mas pertencia a uma população ancestral que depois se diferenciou.
Pesquisadores acreditam que o homem com características modernas – Homo sapiens sapiens – apareceu primeiro na África, há cerca de 120 mil anos, e
depois se espalhou pelo mundo. Por volta de 45 mil anos atrás, esse homem atingiu a Europa e, entre 40 a 50 mil anos, alcançou a Austrália.
De acordo com a teoria anterior às pesquisas de Walter Neves, a ocupação das Américas pelo homem ocorreu muito depois, entre 11,2 a 10,9 mil anos Reprodução do crânio de Luzia.
atrás. Segundo o modelo das Três Migrações, os primeiros americanos teriam surgido de populações do Norte da Ásia no final do Pleistoceno (ver tabela do
tempo geológico na página 31). No entanto, de acordo com os sítios arqueológicos do Chile, datados de 12,5 mil anos atrás, para que essa população migrasse
para esta região a partir da Ásia, teria que ter sido através do estreito de Bering (entre a Sibéria e o Alasca), há cerca de 20 mil anos. Tudo indica, portanto, que as Américas foram povoadas
por diversos grupos vindos da Ásia, num processo muito mais complexo. Walter Neves e outros pesquisadores propõem um modelo de quatro migrações – uma além das três populações
vindas da Ásia. Esta quarta migração foi anterior às demais e parecida com a que chegou à Austrália há cerca de 50 mil anos, com origens remotas da África.
Os descendentes de Luzia eram de tradição coletora, viviam da coleta de frutos, raízes e da extração de mel, da caça e da pesca. Com base nas informações atuais, de Minas Gerais espalha-
ram-se pelo território brasileiro. Dada a tradição coletora e a língua característica dos paleoíndios Maromomi, é bem provável que estes sejam descendentes dos primeiros povoadores do Brasil.

A DANÇA DOS CONTINENTES E A MIGRAÇÃO DO HOMEM PARA AS AMÉRICAS


Há cerca de 1,8 milhão de anos,
no final do Período Neógeno (ver esca-
la do tempo geológico na página 31), a
América do Norte se aproximou do Con-
tinente Asiático, unindo-se no estreito
de Bering, mediante o processo de
tectônica de placas (ver página 30).
Esta região, que inclui a Sibéria, Alasca
e porção oeste do Canadá, é conhecida
por Beríngia, pois desde a aproximação
dos continentes todas as vezes que o
nível do mar baixou, decorrente das
glaciações do Período Quaternário, for-
mou-se uma “ponte-terra” entre os
dois continentes, permitindo assim a
passagem da fauna, a mescla da flora
e, mais tarde, a migração do homem a
partir da África, passando pela Europa
e Ásia, até alcançar as Américas pelo
estreito de Bering.

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GALERIA DA HISTÓRIA

Represa do Cabuçu, construção de adutoras iniciada


em 1905. Dutos destinados ao abastecimento de água
na Capital paulista. Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário
Igreja Matriz, Santa Padroeira Nossa Senhora da dos Homens Pretos. Demolida no final da década de 1920,
Conceição, erguida em 1685, por ocasião da implantação igreja e cemitério fechavam a Rua Dom Pedro II, nas
da freguesia e paróquia. proximidades do Shopping Poli.

Estação Guarulhos, trem da Cantareira, Fábrica de Casimiras Adamastor, em 1926, Festas de Nossa Senhora do Bonsucesso e da
atual Praça IV Centenário. atual Centro Municipal de Educação Adamastor. Carpição, em 1959, celebradas há 268 anos.

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Reservatório Cabuçu.
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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
região conhecida como zona de subducção, gerando atrito e fusão nas rochas, promovendo
GEOLOGIA: GUARULHOS HÁ BILHÕES DE ANOS vulcanismo, terremotos e a elevação da cordilheira dos Andes.
Esta “dança dos continentes”, bem como os terremotos, vulcões e a elevação de gran-
Para entendermos a formação do relevo (serras, montanhas, colinas e planícies) e a atual des cadeias de montanhas, são decorrentes do movimento de calor no interior da Terra, co-
paisagem de Guarulhos, além da ocorrência e extração de ouro no município e demais ativi- nhecido como fluxos geotérmicos (como bolhas que sobem de uma panela de água fervendo),
dades econômicas e sociais, é necessário conhecermos os processos geológicos relaciona- pois nosso planeta está sempre em movimento, ele é geologicamente vivo.
dos à formação de nosso planeta. Esses processos fazem parte da formação da Terra ao longo A teoria da Tectônica de Placas ou Global foi desenvolvida no início do século XX pelo
do tempo geológico, que foi dividido, tendo por base os maiores eventos da história geológi- cientista alemão Alfred Wegener. Baseado na observação do mapa-múndi, ele percebeu que
ca, como a evolução de cadeias de montanhas e as etapas de evolução da vida, constatadas as linhas das costas sul-americana e africana se encaixavam. Acreditava que todos os con-
por meio da observação de fósseis (ver página 31). tinentes eram unidos um dia e, posteriormente, ter-se-iam separado. Ele denominou essa teoria
Desde a formação da Terra, há cerca de 4,6 bilhões de anos, continentes inteiros surgi- de Deriva dos Continentes. Posteriormente detalhada e aperfeiçoada, passou a ser conheci-
ram e foram destruídos várias vezes. No início de sua formação, quando nem os continentes da como teoria da Tectônica de Placas. Wegener denominou esse supercontinente de Pangea,
nem os oceanos existiam como os conhecemos hoje a superfície da Terra era tão quente, que se fragmentou há cerca de 220 milhões de anos, no Período Triássico.
devido às atividades vulcânicas e aos impactos de meteoritos, que a água não podia se Da fragmentação do Pangea surgiram, no Período Cretáceo, dois continentes: Laurásia
condensar na superfície para formar rios, lagos e oceanos. (América do Norte, Europa e Ásia) e Gondwana (África, América do Sul, Austrália e Índia). No
Ao longo de milhares de anos a temperatura da Terra foi diminuindo, possibilitando a for- início do Período Terciário, há cerca de 65 milhões de anos, Gondwana se fragmentou, for-
mação da crosta terrestre, que é dividida em diversas partes chamadas placas tectônicas. A mando os continentes africano e sul-americano e também o oceano Atlântico.
crosta terrestre tem, em média, de cinco quilômetros no fundo do mar a setenta quilômetros Durante todo esse processo, lavas, cascalhos, areia e outros materiais foram se depo-
no alto das maiores montanhas. Os limites das placas tectônicas são regiões de atividades sitando como camadas de um bolo, como ocorreu no território do Estado de São Paulo (ver
vulcânicas e terremotos e estão em constante movimento, deslocando-se entre 1,3 a 18,3 cen- páginas 34 e 35). Essas camadas podem ter metros e até quilômetros de espessura e levar
tímetros por ano. Parece pouco, mas durante bilhões de anos esse processo possibilitou o milhões ou até bilhões de anos para se formar.
surgimento dos continentes, dos oceanos e do relevo tal como hoje os conhecemos (ver página 32). No processo de formação dos continentes sul-americano e africano, os terrenos se ele-
A placa sul-americana, por exemplo, é limitada a leste pela dorsal meso-oceânica, no varam ao longo de uma extensa faixa entre os atuais estados do Paraná, São Paulo e Rio de
fundo do oceano Atlântico, e a oeste junto à cordilheira dos Andes (ver página 32). Na dorsal Janeiro. Em seguida, o sentido das placas tectônicas se inverteu e, por isso, o topo dessas
meso-oceânica, a placa sul-americana se afasta da placa africana. À medida que elas se elevações sofreu um afundamento de blocos de rochas, num processo chamado de Rift Con-
afastam, são expelidas lavas (rocha derretida) entre as placas, criando um novo assoalho tinental do Sudeste Brasileiro (RCSB), entre as serras do Mar, da Mantiqueira e da Cantareira,
oceânico. Consequentemente, a placa sul-americana se desloca por cima da placa Nazca, formando um extenso vale.

MOVIMENTO DOS CONTINENTES DE ACORDO COM A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

Observação: deslocamento dos continentes a partir do Período Permiano. Evidências mostram que a movimentação dos continentes ocorreu diversas vezes antes desse período. Ver a configuração e a disposição atual dos conti-
nentes na página 32.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Durante milhares de anos as chuvas e o vento foram desgastando as montanhas, carre- ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO
gando cascalhos, areia e outros materiais, chamados de rochas sedimentares, que se deposi-
taram nessa parte afundada, conhecida como Bacia Sedimentar, situada entre as serras do Mar,
da Mantiqueira e da Cantareira.
Posteriormente, há cerca de 23 milhões de anos, no início do Período Neógeno, houve duas
novas elevações dos terrenos, desta vez transversais, o que dividiu essa extensa depressão em
três partes. Uma dessas elevações foi na divisa de Guarulhos com Arujá e definiu as bacias
hidrográficas do Rio Tietê e do Rio Paraíba do Sul. Essa elevação é conhecida como “Alto Estru-
tural de Arujá”. Originalmente as nascentes do Rio Tietê não estavam em Salesópolis, mas no
município de Guararema; o Rio Paraitinga era a nascente do Tietê. Com a evolução do “Alto
Estrutural do Arujá”, o Rio Paraitinga interrompeu o escoamento das águas em seu leito e o Rio
Paraíba do Sul o “capturou”. Ele passou, portanto, a ser a nascente do Rio Paraíba do Sul, con-
forme mapa da página 57.
O Rio Paraitinga corre exatamente em direção oposta à do Paraíba do Sul. A inflexão ou
cotovelo se dá na região de Guararema. O geógrafo Aziz Ab’Sáber (1957) identificou esta cap-
tura como uma “grande anomalia de drenagem existente na curvatura brusca que inverte total-
mente a direção do curso do Paraíba paulista, região de Guararema” e “a mais sugestiva anomalia
de drenagem do território brasileiro”.

Elevação dos terrenos ao longo do atual litoral sudeste brasileiro


há 65 milhões de anos
Com a fragmentação do Pangea e o
processo de afastamento das placas
sul-americana e africana, os terrenos
ao longo do atual litoral sudeste bra-
sileiro (cerca de 900 km de extensão)
se elevaram.

No início do Período Terciário, com a


distensão da placa sul-americana, os
terrenos ao longo dos atuais estados do
Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro so-
freram um afundamento de blocos de
rochas no topo da elevação, formando
as Bacias Sedimentares de São Paulo,
do Vale do Paraíba, do Taubaté, de Re-
sende e de Volta Redonda. Posterior-
mente essa depressão foi preenchida por
sedimentos provenientes da erosão* das
montanhas e, por fim, no Quaternário,
formaram-se os atuais rios da região.
Perfil esquemático do Rifte Continental do Sudeste Brasileiro (RCSB).

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

AS PRINCIPAIS PLACAS TECTÔNICAS E SENTIDO DE DESLOCAMENTO

Limite divergente ou zona de diver-


gência de placas tectônicas (área respon-
sável pelo afastamento dos continentes).
Duas placas tectônicas são força-
das, pelo material magmático oriundo do
manto terrestre, a se afastarem uma da
outra. O espaço criado durante o afasta-
mento é logo preenchido com novo ma-
terial magmático, criando um novo
assoalho oceânico.

Limite convergente ou zona de con-


vergência de placas tectônicas (choque
entre placas). Conhecida também como
zona de subducção, onde uma placa
tectônica desliza sobre a outra. É uma
área de tensão sísmica e o atrito gerado
PERFIL DA PLACA SUL-AMERICANA entre as placas pode gerar terremotos.
Essas áreas estão associadas ao vulca-
Daniel Carlos de Campos

nismo e à orogênese (formação de mon-


tanhas pela deformação compressiva
aplicada na litosfera).

Limite conservativo, onde as placas


deslizam lateralmente uma em relação à
outra, sem a destruição ou geração de
crosta.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
O processo de formação do “Alto Estrutural de Arujá” de atividades vulcânicas associadas a alterações
teve consequências muito singulares na divisa de hidrotermais e mineralização de ouro, características des-
Guarulhos e Arujá. Na divisa das bacias hidrográficas do se mar existente em Guarulhos há 1,5 bilhão de anos.
Rio Tietê e Paraíba do Sul em Arujá, próximo a Guarulhos, Nesse período, foi formada também a Serra do
a planície (porção do relevo mais baixa e plana em uma Itaberaba, ou do Gil, e o Morro Nhangussu, também co-
bacia hidrográfica) do Rio Baquirivu Guaçu, pertencente nhecido como morrão, ambos no bairro Morro Grande (ver
à bacia do Rio Tietê, adentra a sub-bacia do Rio Jaguari, páginas 38 a 40). Essa região era chamada de Serra do
este pertencente à bacia do Rio Paraíba do Sul (ver pá- Jaguamimbaba no início da colonização devido a ati-
gina 57). Isso significa que o limite dessas duas grandes vidades de exploração de ouro.
bacias hidrográficas, do Tietê e do Paraíba do Sul, na di- Esses antigos eventos geológicos em Guarulhos pro-
visa dos municípios é muito baixa e com declividade moveram a ascensão de fluxos de lavas para a superfí-
muito tênue, quase imperceptível, realmente uma situa- cie. O processo de elevação de lava à superfície através
Rocha marundito no Pico Pelado – Cabuçu, 2010.
ção bastante singular. de fissuras na crosta terrestre tem a propriedade de atrair
Adentrando novamente mais no passado geológico, e agregar partículas de ouro. Ao se solidificarem na su-
antes da formação dos continentes sul-americano e afri- perfície, em determinadas condições e composição, for-
cano, há evidências de eventos geológicos em Guarulhos maram cristais de quartzo associados às pepitas de ouro.
muito mais antigos, há pouco mais de 1,5 bilhão de anos, A partir disso, a ação da chuva e de outros agentes fi-
com a ocorrência de terremotos e a presença de muitos zeram com que essas pepitas se encaminhassem e se
vulcões. Desses eventos vulcânicos resultaram derrames Ouro em meio a
depositassem nos rios, formando o chamado ouro de alu-
rocha de quartzo.
de lavas que foram sendo depositadas no fundo de um vião. Esses eventos têm grande significado para
oceano então existente na região. Guarulhos, pois proporcionaram a ocorrência de ouro e,
As maiores evidências da existência de mar em posteriormente, sua extração, no início da colonização
Guarulhos é o fato de existirem hoje três tipos de rochas: portuguesa, sendo a primeira atividade econômica no
as basálticas, os quartzitos e os marunditos. As rochas município, especialmente na Tapera Grande, hoje região
basálticas são formadas pela erupção vulcânica e seu do Capelinha, entre outras localidades de Guarulhos.
resfriamento é muito rápido, em ambiente onde a crosta O território de Guarulhos, portanto, é composto, de
terrestre é pouco espessa, característica do assoalho um modo geral, por dois tipos de rochas, as sedi-
oceânico. Os quartzitos são compostos de grãos de areia mentares, de idade entre 65 e 1,8 milhão de anos, e as
típicos da praia desse mar existente na região e que so- cristalinas, mais antigas, de até 1,5 bilhão de anos, re-
freram elevadas pressões e altas temperaturas até se sultantes dos processos vulcânicos (ver página 37). Na
recristalizarem e formarem esse tipo de rocha. porção sul do território predominam as rochas se-
Os marunditos, por sua vez, são rochas muito ra- dimentares depositadas, durante o Período Terciário,
ras tanto no Brasil como no mundo. Elas estão presen- sobre as rochas cristalinas antigas (embasamento cris-
tes no Pico Pelado, região do Cabuçu, onde um desses talino). Sobre a Bacia Sedimentar, durante o Período
fragmentos de rocha chega a 60 metros de comprimen- Quaternário, há 1,8 milhão de anos, formaram-se os rios,
to, com uma variedade de tonalidades azul-clara, azul- córregos e ribeirões tais como os conhecemos hoje, en-
-escura, marrom e branca em função da concentração tre eles os rios Tietê, Baquirivu Guaçu e Cabuçu de Cima
diversificada de minerais. É tamanha a importância da e os córregos Tanque Grande e Lavras. Na porção norte
presença dos marunditos em Guarulhos que a área foi do município predominam as rochas cristalinas. O limi-
inserida em 2010, pela Comissão Brasileira de Sítios Os eventos geológicos estão associados a grandes pressões e elevadas tempe- te das rochas cristalinas e sedimentares, entre norte e sul,
Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), no catálogo de pa- raturas, que fazem, muitas vezes, com que as rochas se dobrem como papel, é marcado por uma falha geológica, denominada Falha do
trimônios naturais brasileiros a serem preservados. Sua sem se quebrar. É possível, entretanto, que ocorram rompimentos, chamados de Jaguari, bem marcada no sentido leste-oeste.
formação é bastante complexa e está ligada a processos falhas geológicas, em conjuntos de rochas.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

GEOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO Durante o Período Terciário a região foi novamente afetada por tectonismo decorren-
te da separação dos continentes América do Sul e África: houve soerguimento do emba-
samento Pré-Cambriano e, em duas áreas, formaram-se bacias alongadas e delimitadas
Cerca de um terço do Estado de São Paulo (porção leste) é constituído por granitos* e por falhas, onde se depositaram rochas sedimentares. Trata-se da formação do Rifte Con-
rochas metamórficas*, formando o embasamento Pré-Cambriano. A formação dessas rochas tinental do Sudeste Brasileiro (RCSB, ver página 31). São as bacias sedimentares de São
(grandes deformações tectônicas formando dobras e falhas, com deslocamento de blocos) Paulo e Taubaté. No Quaternário houve a formação de aluviões*, com camadas dispersas e
marca o atual relevo montanhoso do Estado. de pouca espessura.
Os outros dois terços do território pertencem à Bacia Sedimentar do Paraná, constituída A estrutura geológica do Estado de São Paulo, portanto, apresenta uma nítida divisão
por rochas sedimentares* variadas e por basaltos*. geral entre as rochas cristalinas* do embasamento Pré-Cambriano do Escudo Brasileiro e as
Na Era Paleozoica, desde o Período Devoniano, o interior do Estado de São Paulo esteve rochas sedimentares e vulcânicas de diferentes idades que compõem a Bacia Sedimentar do
submerso em um mar epicontinental – pouco profundo e localizado sobre a plataforma Paraná.
continental –, resultando no depósito de extensos pacotes de rochas sedimentares das Detalhando essa divisão em compartimentos geológicos, relacionando as características
formações Furnas, Grupo Itararé, Aquidauana, Grupo Guatá e Grupo Passa Dois. das rochas agrupadas em determinados intervalos do tempo geológico com a caracterização
No Triássico houve a regressão do mar, formando rios e lagos, e então o clima se do relevo, tem-se a seguinte apresentação:
tornou desértico. Nesse período ocorre um novo ciclo de sedimentação, quando arenitos
depositados pela ação dos ventos formaram sucessivos campos de dunas (formações Piramboia,
● no Planalto Atlântico, rochas cristalinas do Arqueozoico-Proterozoico;
durante o início do Período Triássico, e Botucatu, do final do Jurássico ao início do Cretáceo). ● na Depressão Periférica, rochas sedimentares do Paleozoico (Carbonífero e Permiano);
● na Cuesta Basáltica, rochas sedimentares e vulcânicas, do Triássico ao início do
Depois disso, ainda no início do Cretáceo, a Bacia do Paraná foi afetada por intenso
vulcanismo da Formação Serra Geral: sucessivos derrames de lavas basálticas recobriram Cretáceo;
quase todo o deserto de Botucatu, chegando a atingir cerca de 2.000 metros de espessura. ● no Planalto da Bacia do Paraná, sedimentos do final do Cretáceo e do Cenozoico,

Já em clima semiárido, durante o final do Cretáceo, depositaram-se sobre os basaltos exis- intercalados por rochas efusivas* (extrusivas) basálticas;
tentes sequências de arenitos do tipo calcífero (Grupo Bauru), com espessura média de 150 metros. ● na Província Costeira, terreno sedimentar de origem marinha do Período Quaternário.
SEM ESCALA

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA GEOLÓGICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

(Rifte Continental do Sudeste Brasileiro)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.)

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MAPA GEOLÓGICO DE GUARULHOS

(Fonte: ANDRADE, 1999. Laboratório de Cartografia – FFLCH/USP e Laboratório de Geoprocessamento da UnG.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

RELEVO
Relevo é a forma da superfície terrestre MAPA DO RELEVO
representada, de um modo geral, por cordilhei-
ras, serras, montanhas, planaltos e planícies DO ESTADO DE
resultantes dos processos geológicos. A ciência SÃO PAULO
que estuda essas formas é conhecida como
geomorfologia. As características fundamentais
observadas no relevo pela geomorfologia são:
amplitude topográfica (diferença de altitude entre
pontos mais baixos e mais altos) e declividade
das encostas (maior ou menor inclinação) dos
terrenos.
Os geógrafos Pierre Monbeig e Aziz Ab’Saber
e o geólogo Fernando F. M. de Almeida dividiram,
entre 1949 e 1964, o Estado de São Paulo em
cinco diferentes porções geomorfológicas: Planí-
cie Costeira, Planalto Atlântico, Depressão Perifé-
rica, Cuestas Basálticas e Planalto Ocidental.
A Planície Costeira abrange, basicamen-
te, as regiões da Baixada Santista e o Vale do
Ribeira do Iguape. É constituída pela deposição
de rochas sedimentares de origem marinha e
sedimentos provenientes dos processos erosivos
do Planalto Atlântico.
O Planalto Atlântico é constituído por
gnaisses e granitos muito antigos, do Período
Pré-Cambriano. São terras altas, com monta-
nhas e planaltos que podem atingir até 2.000
metros de altitude. Esse compartimento de re-
levo aparece de modo evidente, com terrenos
enrugados, refletindo as falhas e demais defor-
mações das rochas, resultado dos processos Esse relevo é interrompido por uma faixa descontínua de escarpas* na porção central
geológicos quando da separação dos continen- do Estado, onde se limita com as Cuestas Basálticas, que formam planaltos* isolados com
tes e formação do Oceano Atlântico. Inserido no Planalto Atlântico, entre as altitudes de 700 altitudes médias de 800 a 900 metros e, a partir dessa linha sinuosa de escarpa, estende-se
a 900 metros, está o Planalto Paulistano, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e, o Planalto Ocidental, ocupando quase a metade do território estadual, diminuindo sua alti-
nela, Guarulhos. tude em direção ao Rio Paraná, divisa do Estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul.
Após o limite do Planalto Atlântico, seguindo para o oeste, verifica-se uma queda do Possui relevo ondulado esculpido nos arenitos do Grupo Bauru.
relevo, numa faixa de 80 a 100 quilômetros de largura onde se encontra a Depressão Peri- Em 1981, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT – elaborou o Mapa
férica, com altitudes médias de 600 a 650 metros. Essa região é formada por rochas Geomorfológico do Estado de São Paulo, estabelecendo zonas e subzonas geomorfológicas em cada
sedimentares Paleozoicas e Mesozoicas da Bacia Sedimentar do Paraná, caracterizadas por uma das cinco porções geomorfológicas. Citaremos aqui apenas a zona do Planalto Paulistano
terras baixas e colinas*. (inserida no Planalto Atlântico), onde está contida a Região Metropolitana de São Paulo e Guarulhos.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DAS PRINCIPAIS ELEVAÇÕES DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Na Região Metropolitana de São Paulo encontram-se dois compartimentos geomorfológicos bem diferenciados: a Bacia Sedimentar de São Paulo, caracterizada por relevos suavizados, com
colinas e espigões* tabulares com níveis escalonados. Seu entorno é constituído por rochas cristalinas Pré-Cambrianas, com relevo mais acidentado, como a Serra do Mar e a Serra da Cantareira.
Os terrenos sedimentares correspondem à unidade geomorfológica Colinas de São Paulo, que cobrem cerca de 60% da Região Metropolitana de São Paulo, com altitudes entre 715 e 900
metros. Estas, juntamente com a Morraria de Embu, formam o Planalto Paulistano. As Colinas de São Paulo se desenvolvem tanto sobre os sedimentos da Bacia de São Paulo como em rochas
Pré-Cambrianas.
Nas demais regiões predominam relevos acidentados, destacando-se morrotes, morros e serras. No setor norte da região (subzona Serraria de São Roque) são encontradas serras
alongadas, com declividades altas e extensão acima de 300 metros.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DO RELEVO
Já em Guarulhos, segundo o geólogo Már-
DE GUARULHOS
cio Roberto Magalhães de Andrade, a geomor-
fologia é composta por cinco regiões:
● Planície Aluvial*: declividades infe-
riores a 5%, com amplitudes topográficas in-
feriores a 10 metros.
● Colinas: declividades de até 30%, com

amplitudes topográficas de até 40 metros.


● Morrotes: declividades de até 30%,

com amplitudes topográficas de até 60 metros.


● Morros Baixos: declividades acima de

45%, com amplitudes topográficas de até 100


metros.
● Morros Altos: declividades acima de

45%, com amplitudes topográficas de até 150


metros.
● Serras: declividades acima de 45%,

com amplitudes topográficas de até 300 metros.


O Mapa Geomorfológico de Guarulhos
mostra um predomínio de colinas e morrotes,
além de extensas planícies aluviais. O relevo se
apresenta mais plano na porção central e sul do
território guarulhense, coincidindo, aproximada-
mente, com as rochas sedimentares da Bacia
de São Paulo. O relevo torna-se mais acidenta-
do à medida que se dirige ao norte, onde estão
as rochas cristalinas.
Na porção nordeste do município encon-
tramos a maior e a menor altitudes de Guaru-
lhos: Serras de Itaberaba (Pico do Gil), com mais
de 1.430 metros, e a localidade do Rio Jaguari,
com 660 metros de altitude, na divisa de Gua-
rulhos com os municípios de Arujá e Santa Isabel.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

DIFERENÇAS DE ALTITUDES
Como vimos, a paisagem natural é o resultado de processos geológicos ocorridos há milhões e até bilhões de anos, resultando nas diferentes formas de relevo. Este, por sua vez, pode
ser dividido por camadas de altitudes. O estudo desse atributo do relevo é conhecido por hipsometria.
A maior altitude no Estado de São Paulo é encontrada na Pedra da Mina, na Serra da Mantiqueira, com 2.770 metros.
Na Região Metropolitana de São Paulo, as maiores altitudes são encontradas (porção norte) entre Guarulhos e a Zona Norte de São Paulo (porção oeste), na cidade de Cotia e (porção
leste) na região das nascentes do Rio Tietê, município de Salesópolis.

MAPA DAS DIFERENTES ALTITUDES


DA REGIÃO METROPOLITANA
DE SÃO PAULO

Hipsometria
Termo geográfico amplamente utilizado para indicar a altimetria
(altitude) do relevo de um local ou região (bairro, município, estado, país
ou continente).
Esse termo refere-se a qualquer tipo de técnica ou método usa-
do para medição e constatação da altitude de um relevo em relação
ao nível do mar.
(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo – IGC.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DAS DIFERENTES ALTITUDES DE GUARULHOS


No mapa de diferenças de altitudes de Guarulhos a distribuição
altimétrica do relevo se apresenta nos seguintes níveis:
● acima dos 800 metros encontramos relevos mais acidentados, com-

postos por serras, morros altos e morros baixos, constituídos por rochas cris-
talinas;
● na faixa situada entre 800 e 760 metros estão as colinas e morrotes,

constituídos predominantemente por rochas sedimentares;


● os terrenos mais baixos de Guarulhos estão abaixo de 760 metros,

onde estão os terraços, várzeas, bacias de inundação, brejos e pântanos for-


mados por sedimentos ainda mais recentes.

(Fonte: Dissertação de mestrado do geólogo Márcio Roberto Magalhães Andrade, FFLCH*/USP, 1999.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

DIFERENTES INCLINAÇÕES DOS TERRENOS


A declividade ou as diferentes inclinações dos terrenos é um atributo das vertentes que compõem o relevo e refere-se ao ângulo formado entre a vertente e o plano horizontal, calculada
mediante a relação entre a amplitude (diferença de altitude entre pontos mais altos e baixos) e a distância horizontal entre esses dois pontos medidos em mapas. A declividade de um
terreno pode ser expressa em graus ou em porcentagem.
No Estado de São Paulo as maiores declividades estão presentes, de um modo geral, nas vertentes que limitam o Planalto Atlântico, especialmente a vertente marítima.
O Mapa de Diferentes Inclinações de Guarulhos evidencia uma linha física demarcatória, que corta todo o território na direção aproximada leste-oeste. O mapa mostra também como
os relevos mais acidentados, localizados ao norte do município, possuem declividades bastante acentuadas.

MAPA DAS DIFERENTES


INCLINAÇÕES DOS TERRENOS
DE GUARULHOS

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

TIPOS DE SOLOS O solo se forma, primeiramente, pelo processo de degradação das rochas, que se mis-
tura com materiais orgânicos como folhas e galhos de árvores e animais em decomposição,
sofrendo a influência do clima, especialmente a chuva e mudanças de temperatura. A pre-
Em Guarulhos, os solos tiveram uma grande importância cultural, econômica e social, sença de vegetação, com suas raízes, e de animais terrestres que abrem caminhos escava-
como exemplo, a extração de argila para a fabricação de tijolos nas olarias. dos no solo, possibilita a presença de oxigênio, tornando-o mais fértil.
O solo, juntamente com os recursos hídricos é, sem dúvida, o recurso natural mais im- O solo pode permanecer em um local específico ou ser transportado mediante a ação
portante, pois é ele a fonte de produção de alimentos. É um recurso finito que pode levar do vento ou da chuva, tornando-o um elemento dinâmico por natureza.
milhares de anos para tornar-se produtivo. A ciência que os estuda é conhecida como À medida que esses processos atuam, o solo vai se tornando mais espesso e diferenci-
pedologia. ado, formando subcamadas distintas, classificadas como horizonte A*, horizonte B* e assim
sucessivamente, pois incorporam mais ou menos matéria orgânica ou mineral de acordo com
as condições climáticas do local, agindo ao longo do tempo. Quando esse solo tem um de-
PERFIL GERAL DO SOLO senvolvimento completo, forma camadas bem definidas por suas características morfológicas,
DIVIDIDO POR CAMADAS DENOMINADAS químicas, mineralógicas e biológicas.
HORIZONTES: O, A, E, B, C e R As condições climáticas e de diferentes ambientes físicos, como o tipo de rocha que lhe
deu origem e o relevo, dará ao solo características distintas. A classificação dos tipos de solos
é um exercício difícil, existindo diversas metodologias.
É muito comum a associação, em determinados terrenos, de diferentes tipos de solos.
Entretanto, é possível classificá-los de acordo com a predominância de certos elementos. Como
exemplo, os solos orgânicos, que são mais férteis para fins de agricultura, ocorrendo normal-
mente na superfície, ou os argissolos, ricos em argila, encontrados normalmente em terre-
nos úmidos, usados na fabricação de tijolos. Já os solos arenosos são característicos pela
presença dominante de areia e por serem pouco orgânicos, o que, neste caso, dificulta o
desenvolvimento da maioria das espécies vegetais.
Na RMSP podemos observar predominância de argissolo*, especialmente na porção norte;
cambissolos* ao Sul e em uma porção ao norte, entre as cidades de Francisco Morato, Fran-
co da Rocha e Mairiporã; latossolos* na porção sudoeste, destacando-se as cidades de
Juquitiba, São Lourenço da Serra e Embu-Guaçu e entre Cotia e Vargem Grande Paulista.
Podemos encontrar os latossolos também entre as cidades de Guarulhos e Santa Isabel e entre
Mogi das Cruzes e Suzano.
Segundo o mapa do Projeto Radam Brasil, de 1983, Guarulhos apresenta, de modo ge-
ral, três tipos de solos, sendo: latossolos, argissolos e gleissolos*.
Os latossolos são solos altamente evoluídos, mas que sofreram perda de substâncias
solúveis, especialmente sais, os que o torna pouco férteis, mas, por outro lado, ricos em
argilominerais, além de partículas de ferro e alumínio.
Observação:
Argissolos são característicos pela presença predominante de argila e também são
A existência dos vários horizontes citados acima dependerá das condições pouco férteis.
geoambientais do lugar, tais como origem dos sedimentos, idade do solo, clima, Gleissolos, presentes predominantemente em regiões próximas aos rios e córregos, são,
vegetação, relevo e ainda a ação antrópica (alterações feitas pelo homem). O tipo,
portanto, saturados de água. Em geral, correspondem a solos orgânicos muito férteis e com
a profundidade e a quantidade de horizontes de um perfil de solo, bem como a
formação e a evolução do solo são diferentes em cada região devido aos fatores presença de argila. É justamente junto aos rios e córregos de Guarulhos, na presença de
geoambientais. gleissolos que, historicamente, encontramos a presença de agricultura e extração de argila.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DOS TIPOS DE SOLOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Agronômico de Campinas – IAC.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DOS TIPOS DE SOLOS


DE GUARULHOS

(Fonte: Modificado de Projeto Radam Brasil, 1983.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

COBERTURA VEGETAL ambiente salino). A mata de restinga ocorre na planície costeira, em terreno arenoso, iniciando
na praia e dunas (vegetação rasteira e arbustiva) e adentrando a planície, onde se formam
Dentre os seis ecossistemas* terrestres brasileiros, estão presentes no Estado de São grandes florestas de restingas. Ambos – mangue e restinga – compõem o ecossistema da
Paulo a Mata Atlântica e o Cerrado. Mata Atlântica.
A Mata Atlântica, pertencente ao Bioma Floresta Tropical Úmida, apresenta grandes Área de Tensão Ecológica: área de encontro entre dois tipos de vegetação convivendo
variações ao longo de sua extensão. Engloba diversificados conjuntos florestais, com estrutu- no mesmo espaço. Esse fato dificulta sua classificação, pois verifica-se a existência de duas
ras e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáti- ou mais espécies endêmicas*. Podem também ser chamadas de áreas de transição ou
cas da vasta região onde ocorre. Tem como elemento comum a exposição aos ventos úmidos ecótonos*.
que sopram do oceano. É um dos mais ricos ecossistemas do mundo. Já o Cerrado brasileiro, diferentemente do que se imagina, é uma das savanas de maior
Podemos encontrar na Mata Atlântica vegetação com características bem particulares, biodiversidade do planeta (em torno de 5%), fato que lhe conferiu a classificação de hotspot
a saber: mundial, ou seja, uma área altamente ameaçada e com grande concentração de espécies
Floresta Estacional Semidecidual: Floresta Tropical, com características peculiares cau- endêmicas. É caracterizada por uma paisagem vegetal composta por árvores ressequidas,
sadas pela forte influência do regime pluvial,
ou seja, sujeita a duas estações: uma chuvo-
sa e outra seca. Permite variações de algu-
mas espécies mais resistentes ao período de MAPA DA VEGETAÇÃO
secas, quando parte da vegetação perde as PREDOMINANTE NO
folhas.
Floresta Ombrófila* Densa: também
ESTADO DE SÃO PAULO
conhecida como Floresta Latifoliada* Tropical
Úmida de Encosta (recebe chuva o ano intei-
ro), é a vegetação que mais caracteriza a
Mata Atlântica. Trata-se de uma composição
exuberante, de vegetação densa e rica bio-
diversidade. Sua existência está relacionada
ao relevo e à umidade proveniente do Ocea-
no Atlântico.
Floresta Ombrófila Mista: tem ca-
racterísticas semelhantes às da Floresta
Ombrófila Densa, porém, neste caso, sofre a
influência do clima subtropical (frio) oriundo
do Sul do País e da baixa temperatura, carac-
terística das elevadas altitudes da Serra da
Mantiqueira. Nesses locais, verifica-se a pre-
sença de araucárias típicas da Mata dos Pi-
nhais, concentradas sobremaneira no Estado
do Paraná.
Vegetação Litorânea: composta por
mangues e restingas. O mangue, vegetação
típica dos litorais tropicais, desenvolve-se
sobre terreno lodoso em áreas de inundação
cíclica das marés. São vegetais halófitos (de

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
associada a uma vegetação de porte baixo (gramíneas) e arbustos com troncos retorcidos,
caule grosso e casca espessa.
No passado, o Estado de São Paulo estava recoberto quase em sua totalidade pela Mata
Atlântica, e uma porção menor de Cerrado. O processo de devastação das florestas no Estado
começou no período colonial e culminou, no século passado, com a expansão das atividades
agropastoris e a crescente expansão urbana, apoiada pela industrialização.
Atualmente, restam apenas 3% da cobertura vegetal que já recobriu 80% do Estado
de São Paulo, segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo. O desmatamento con-
tínuo trouxe como consequência a eliminação de milhares de espécies animais e vegetais,
que tiveram seus habitats destruídos. Também atingiu as populações tradicionais que, em
muitos casos, foram obrigadas a se deslocar, perdendo suas raízes históricas e sua cultura tra-
dicional. Além disso, esse processo intensificou a erosão e o empobrecimento do solo,
comprometendo a qualidade das águas fluviais.
Diante dessa situação, imagina-se que seja simples a recuperação dessas áreas.
No entanto, a compensação por meio de reflorestamento e revegetação, quando é feita,
não propicia o mesmo resultado das áreas florestadas preservadas, uma vez que elas
exigem um enorme tempo para que alcancem o clímax de seu desenvolvimento. O pro-
cesso de recuperação é complexo e lento e requer a aplicação de técnicas adequadas.
Desmatar não significa apenas a retirada física da cobertura vegetal, mas um conjunto
de danos diretos e indiretos, que abrangem a perda do sombreamento, de solos, do teor
de umidade no ar e da biodiversidade, todos condições fundamentais para aumentar as
chances de regeneração.
A Região Metropolitana de São Paulo está totalmente inserida no ecossistema da Mata
Atlântica, onde os maiores maciços vegetais são encontrados principalmente nas regiões da
Serra da Cantareira e Serra do Mar, sendo os últimos remanescentes de parte da Reserva
da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – RBCV, região que fornece boa parte da
água consumida na metrópole. Na área urbana a vegetação apresenta-se em porções meno-
res, mas com uma grande importância do ponto de vista ambiental. São exemplos o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga, Parque do Carmo, Parque do Ibirapuera, entre outros. Em
Guarulhos, destacam-se o Bosque Maia e a mata da Base Aérea de São Paulo.
As áreas verdes (espaços livres caracterizados pela presença de vegetação) num sítio
urbano exercem uma importante função na manutenção da qualidade ambiental. O desem-
penho, segundo o geógrafo João Carlos Nucci e o agrônomo Felisberto Cavalheiro, pode ser
resumido em três funções básicas: ecológica, estética e de lazer.
Fazem parte das funções ecológicas, entre outras, a amenização do superaqueci-
mento de áreas pavimentadas e concretadas (efeitos da “ilha do calor”, ver páginas 73 a 75),
proteção dos recursos hídricos, tanto qualitativos como quantitativos, incluindo as águas
subterrâneas, diminuição da poeira, proteção do solo (evitando erosões e escorregamen-
tos), atenuação do vento e suporte da fauna. Integram as funções estéticas os benefícios
relacionados às emoções e sentimentos que as áreas verdes propiciam, enquanto as fun-
ções de lazer envolvem todo tipo de utilização relacionada ao descanso, passeio, entre-
tenimento e recreação.
(Fonte: Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, Biota-Fapesp*.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DA COBERTURA VEGETAL DE GUARULHOS

As matas em Guarulhos estão localizadas, de um


modo geral, nas Unidades de Conservação*, ao norte
do município (ver página 70), e são importantes pela
sua biodiversidade, para o equilíbrio térmico da região
e a conservação dos recursos hídricos.
O Mapa de Cobertura Vegetal de Guarulhos evi-
dencia, na porção norte do município, o chamado
“efeito de borda”, provocado pela expansão urbana.
O efeito de borda faz que o perímetro da área des-
matada interfira na vegetação remanescente, que pro-
gressivamente vai perdendo sua integridade. Por essa
razão, aumenta a necessidade de se permitir a rege-
neração de matas secundárias, capoeiras, campos
antrópicos e outras formas de vegetação alterada que
ainda podem ser vistas no município. Dentre os frag-
mentos remanescentes, distribuídos em diferentes
porções do município, destacam-se a capoeira, que
é o estágio inicial e intermediário da regeneração
natural, e a vegetação de várzea, ainda presente nas
maiores planícies.
O município apresenta uma distribuição bastante
irregular da cobertura vegetal e das áreas verdes.
Enquanto nas áreas ao norte, em parte protegidas, são
encontrados elevados percentuais, nas áreas urbanizadas
os índices de preservação são bastante baixos e a
vegetação é bastante dispersa.
Segundo João Carlos Nucci e colaboradores, no
ano 2000 foi identificado em Guarulhos um índice de
3,4 metros quadrados de vegetação por habitante, va-
lor muito abaixo dos 12 metros quadrados de vegeta-
ção por habitante recomendados pela Organização
Mundial da Saúde – OMS. A distribuição espacial des-
se índice em muitos bairros urbanizados e tradicionais
da cidade é baixa e bastante irregular, oscilando entre
0,13 metro quadrado por habitante (Gopoúva e Ita-
pegica) e 1,81 metro quadrado por habitante (Vila
Augusta). No entanto, nos últimos anos, um conjunto
de políticas públicas tem intensificado o incremento de
áreas verdes em todo o município.
(Fonte: Plano Diretor de Drenagem – Diretrizes, Orientações e Propostas, 2008.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Rodrigo Godoy Ferreira

Stefaní Martini Oliveira


FAUNA GUARULHENSE:
501 ESPÉCIES
De acordo com profissionais da Secretaria do Meio Am-
biente de Guarulhos – Projeto “Guarulhos Tem Biodiversidade” –,
mesmo a cidade tendo experimentado um acelerado cresci-
mento urbano, contabilizando mais de 1,3 milhão de habitan-
tes em 2010, ainda assim verifica-se em seus 320 quilômetros
quadrados e quase 33% de cobertura vegetal grande variedade
de animais.
Levantamento preliminar sobre as espécies de fauna lo-
cal, realizado pela equipe do Zoológico Municipal, publicado no
Arara Canindé. Diário Oficial do Município de 26 de outubro de 2010 e aponta Garça.
a existência de 501 espécies na cidade. Dentre essas há ma-

Stefaní Martini Oliveira


Rodrigo Godoy Ferreira

míferos, aves e répteis, constando espécies ameaçadas, como


a suçuarana e a lontra.
A experiência inicial de verificação das espécies na cida-
de indica que o número 501 é, certamente, subestimado. Nes-
ta oportunidade citaremos 46 espécies protegidas na área de
soltura da AmBev, convênio da Secretaria do Meio Ambiente e
Zoológico Municipal – Prefeitura de Guarulhos. Um dos objeti-
vos da parceria é contribuir com o programa municipal de sol-
tura e monitoramento de fauna, bem como com o programa de
conservação da biodiversidade, projeto “Guarulhos Tem
Biodiversidade”. Algumas dessas espécies podem ser encon-
tradas no Zoológico Municipal de Guarulhos, localizado na
Capivara. Av. Dona Glória Pagnoncelli, 344 – Jd. Rosa de França. Tartaruga de orelha vermelha.
Stefaní Martini Oliveira

Rodrigo Godoy Ferreira


ESPÉCIES: NOMES POPULARES
Bentivi, Biguá, Bugio, Chorro do mato, Capivara, Carcará,
Cascavel, Caxinguelê, Cobra d’água, Coleirinha, Coruja-orelhu-
da, Falsa Coral, Frango-d’água comum, Furão, Gambá de ore-
lhas pretas, Garça branca grande, Garça branca pequena,
Gato-do-mato-pequeno, Gavião-carijó, Gavião-carrapateiro,
Gavião pega-macaco, Jacuguaçu, Jaguatirica, Jararaca, La-
vadeira mascarada, Lontra, Maitaca, Onça-parda, Ouriço-
cacheiro, Paca, Pavó, Preguiça comum, Quero-quero,
Sabiá-laranjeira, Sanhaço-cinzento, Saruê, Sauá, Serelepe,
Socozinho, Suçuarana, Surucuá-de-peito-azul, Teiú, Tucano-
-de-bico-verde e Veado-catingueiro.
Onça-pintada. Suçuarana.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

CLIMA profunda das águas oceânicas se dá em função da mudança de densidade da água, pro-
movida por suas variações de salinidade e de temperatura. Quando mais densa, movi-
menta massas de água para o fundo do oceano, como é o caso da calota polar do Norte
O clima é bastante dinâmico – essa é sua essência. Ele se processa a partir de trocas de que se desloca para o Sul. Esses fluxos, somados à circulação mais superficial, transferem o
energia solar (a que atravessa a atmosfera e a que sai), resultando em movimentos complexos calor do Equador para regiões mais frias e o frio dos polos para regiões mais quentes
e organizados que distribuem calor e frio provenientes dos trópicos e polos, mediante fluxos (ver página 53).
horizontais e verticais (os que sobem e os que descem). Esses fluxos são influenciados pela ● Relevo: além da diferença natural de incidência de calor nas vertentes de orientações

rotação da Terra, gerando os ventos predominantes e os padrões meteorológicos (chuva, grani- distintas, o relevo pode exercer o papel de barreira aos ventos, alterando sua direção e, conse-
zo e neve) característicos nas diferentes regiões da Terra em certo período de tempo. quentemente, a umidade e a temperatura do ar.
Os principais fatores que condicionam o clima numa dada região são: ● Uso do solo: modifica a umidade do ar quando a cobertura vegetal inexiste ou é

● Latitude: que determina o ângulo de incidência de raios solares na superfície terres- pouco expressiva. Isso é bastante significativo em áreas urbanas ou regiões desmatadas,
tre. A Terra possui uma inclinação no seu eixo polar que varia entre 22,1 e 24,5 graus em com solo exposto às atividades pecuárias (ver páginas 73 a 75).
relação ao plano de sua órbita em torno do Sol (ver página 6). A inclinação faz com que os Todos esses processos condicionam a temperatura, a pressão e a umidade do ar, os
hemisférios ora recebam mais ora menos energia solar, o que determina as estações do ano. ventos, o regime de chuvas ou de neve em todo o globo terrestre.
Se o eixo da Terra fosse perpendicular, e não inclinado, os dias e noites seriam iguais dentro As chuvas ou precipitações são medidas em milímetros por meio de aparelhos conheci-
de cada faixa de latitude e o clima seria uniforme. dos como pluviômetros e pluviógrafos. Esses aparelhos são compostos por recipientes, com um
● Diferença da distribuição das massas continentais e oceânicas pelo globo tamanho padrão determinado por convenção e com uma escala métrica. Quando chove, esse
(Hemisfério Norte em relação ao Hemisfério Sul): a água necessita de duas vezes mais recipiente começa a encher d’água e, ao fim da chuva, usando a escala métrica, verifica-se
energia térmica que a terra para se aquecer. Essa condição faz que os oceanos demorem quantos milímetros choveu em determinado período e lugar.
mais para se aquecer; ao mesmo tempo, seu resfriamento também é mais lento, criando Quando dizem que choveu 60 milímetros em um dia, por exemplo, significa que em 1 metro
uma massa de ar úmido e quente sobre ele. Isso torna os oceanos uma grande reserva de quadrado do terreno o volume de chuva foi de 60 litros, pois uma coluna de água de 1 milímetro
calor da Terra. Observando-se o mapa-múndi, nota-se que a porção oceânica, contraria- em 1 metro quadrado equivale a 1 litro, que depois escoará ou se infiltrará no solo.
mente à porção continental, no Hemisfério Sul é superior em relação ao Norte. Isso significa Em 1966, o geógrafo M. V. Galvão, utilizando a classificação do meteorologista e
que o Hemisfério Norte reserva menos calor, propiciando, em termos gerais, invernos mais climatologista W. Köeppen, definiu grupos climáticos em diferentes regiões do Brasil, sen-
frios e verões mais quentes. do: Clima Tropical Chuvoso, com temperatura média do mês mais frio superior a 18 ºC;
● Correntes marítimas: são determinadas pela interação entre o movimento de Climas Secos; e Climas Temperados Quentes, com temperatura média do mês mais frio
rotação da Terra, a disposição dos continentes e os processos atmosféricos. A circulação entre 18 e -3 ºC.

MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
DIA E NOITE
Incidência de raios solares na superfície terrestre em
diferentes latitudes.
A inclinação da Terra em relação ao plano de órbita
solar varia entre 22,1 e 24,5 graus, o que determina as di-
ferentes estações do ano: Primavera, Verão, Outono e In-
verno (ver página 6).
O planeta Terra, nosso lar no espaço, está a uma dis-
tância do Sol suficiente para manter uma temperatura ca-
paz de conservar a água em estado líquido na maioria de sua
superfície e em forma de vapor em sua atmosfera, garan-
tindo o surgimento e a manutenção da vida no planeta.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA-MÚNDI:
CLIMA E CORRENTES
MARÍTIMAS

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.)

MAPA DAS MASSAS DE AR


ATUANTES NO BRASIL

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
No Estado de São Paulo, os atributos geográficos locais são de
grande relevância para o clima nos diversos setores paulistas, com MAPA DOS DOMÍNIOS
destaque para o relevo. A maior parte do território paulista está na CLIMÁTICOS DO
zona tropical, propiciada pela forte radiação solar. A porção ao sul ESTADO DE SÃO PAULO
encontra-se na zona subtropical. Os ventos predominantes são prove- (segundo Köeppen)
nientes do Sudeste, chamados de ventos alísios.
Em 1966, o engenheiro José Setzer, adotando o sistema de W.
Köeppen, realizou o zoneamento climático paulista. Na região do Pla-
nalto Atlântico predominam climas úmidos, de temperaturas brandas.
Na Depressão Periférica e em parte do Planalto Ocidental dominam os
climas quentes e de inverno seco. No sudeste do Estado predominam
climas quentes e úmidos. Já no norte do Estado destacam-se climas
tropicais de verão chuvoso e inverno seco.
Tal variação climática no Estado ao longo do ano é decorrente, além
do relevo, da combinação da sua posição geográfica e da grande distân-
cia entre a região oeste e o oceano. O maior reflexo dessa condição é per-
ceptível no regime de chuvas.
Os índices pluviométricos médios do Estado estão entre 1.100 e
2.000 mm, sendo que no litoral e nas escarpas da Serra do Mar esses
índices podem ficar entre 2.500 e 3.500 mm devido à atuação das
principais correntes de circulação atmosférica da vertente atlântica,
com grande influência da Frente Polar. À medida que se avança para
o interior do Estado, esses índices diminuem.
A média anual de temperatura no Estado varia de valores infe-
riores a 18 ºC nas regiões serranas a leste e superiores a 24 ºC em
grandes trechos das porções norte, centro e oeste. A máxima pode MAPA DA CLASSIFICAÇÃO
chegar a 40 ºC na região centro-oeste, enquanto os valores mínimos CLIMÁTICA DE LÍSIA
são registrados na região de Campos do Jordão.
Em Guarulhos o clima é subtropical úmido, com chuvas médias de BERNARDES
1.470 mm, temperatura média anual entre 17 e 19 ºC. No mês mais frio
(VERSÃO ADAPTADA)
a média é de 15 ºC e no verão varia entre 23 e 24 ºC, com ventos domi-
nantes sudeste-noroeste. Como característica básica, tem-se o inverno
seco e o verão chuvoso, com influência da umidade oceânica e frentes
frias antárticas.

(Fonte: Centro de
Pesquisas
Meteorológicas e
Climáticas Aplicadas
a Agricultura –
Cepagri.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
MAPA DAS TEMPERATURAS E PRECIPITAÇÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

BACIAS HIDROGRÁFICAS E gem direita). Ou seja, a sub-bacia do Rio Cabuçu de Cima é compartilha-
da entre Guarulhos e São Paulo.
RECURSOS HÍDRICOS A região do centro histórico de Guarulhos pertence à sub-bacia do
Canal de Circunvalação. Este canal é o antigo leito do Rio Tietê que foi
desviado ao sul, disponibilizando espaço para a implantação do Parque
Os rios, córregos e ribeirões sempre fizeram parte do desenvolvimen-
Ecológico do Tietê.
to humano, suprindo suas necessidades básicas e servindo de suporte para
Na porção sul do município está a sub-bacia cuja formação é de aflu-
as atividades culturais e econômicas de determinada região. Em Guarulhos
entes diretos do Rio Tietê, que drenam as águas de parte dos bairros de
não foi diferente. Desde o período colonial, os cursos d’água eram o ambi-
Reservatório do Cabuçu. Cumbica e Pimentas.
ente onde houve intensa mineração de ouro de lavagem, especialmente no
A maior bacia de Guarulhos é a do Rio Baquirivu Guaçu, com área de
Ribeirão das Lavras, Ribeirão Tanque Grande e Rio Tomé Gonçalves. Poste-
165,5 quilômetros quadrados, uma das maiores do Alto Tietê, correspondendo
riormente, no início do século XX, um novo ciclo econômico, a produção de
a praticamente metade do território do município. Suas nascentes estão lo-
tijolo cozido, teve como suporte os recursos hídricos, pois eram usados em
calizadas no Município de Arujá, seguindo no sentido leste-oeste. Chegan-
sua fabricação, assim como no escoamento da produção para São Paulo, atra-
do a Guarulhos, atravessa uma ampla planície onde, no Bairro do Taboão,
vés dos rios Baquirivu Guaçu e Tietê, por meio de embarcações.
passa a ter seu curso no sentido norte-sul, passando sob as rodovias Presi-
Hoje Guarulhos, com uma população superior a um milhão de duzentos
dente Dutra e Ayrton Senna até chegar ao Tietê. As nascentes de seus prin-
mil habitantes, é servido, além da água dos reservatórios Cabuçu e Tan-
cipais afluentes da margem direita estão localizadas ao norte do município,
que Grande, também por poços que extraem água do subsolo, comple-
em áreas de Unidade de Conservação Ambiental. Um dos principais afluen-
mentando o abastecimento para as atividades sociais e econômicas do
tes do Rio Baquirivu Guaçu é o Ribeirão Tanque Grande que no período co-
município, ver página 61. Reservatório do Tanque Grande. lonial foi suporte para as atividades de extração de ouro e hoje seu
O território guarulhense possui uma rica rede de cursos d’água, com-
reservatório é responsável pelo abastecimento dos Bairros Bananal, Forta-
posta por rios, córregos, ribeirões e lagoas, especialmente em sua porção
leza, São João, entre outros.
norte, onde é possível encontramos milhares de pequenas nascentes pro-
Algo bastante particular está presente na Bacia do Rio Baquirivu Guaçu.
tegidas por uma abundante e densa vegetação de Mata Atlântica. Esta rede
Próximo as suas nascentes, no Município de Arujá, sua planície (a área mais
de cursos d’água foi formada durante milhares de anos, pela ação da chu-
plana e baixa da bacia) adentra a sub-bacia do Rio Jaguari, pertencente a
va e processos geológicos que formaram o relevo e compartimentou o escoa-
Bacia do Rio Paraíba do Sul. Isso significa que o divisor de águas dessas
mento das águas em sub-bacias hidrográficas.
Cerca de 81,15% do território de Guarulhos pertencem à Bacia duas imensas bacias hidrográficas, a do Rio Tietê e a do Rio Paraíba do Sul,
Hidrográfica do Alto Tietê, ou seja, a água que chove e escoa nessa região nessa região de Arujá, é extremamente plana e baixa, quase imperceptível
se dirige ao Rio Tietê que atravessa o limite sul de Guarulhos. Os demais onde começa uma ou outra bacia. Essa particularidade é resultado do de-
18,85% pertencem à Bacia do Rio Paraíba do Sul, cujas águas desse terri- senvolvimento do “Alto Estrutural de Arujá”, evento geológico ativado há 23
Planície do Rio Baquirivu Guaçu
tório escoam para o rio homônimo em direção ao Rio de Janeiro. milhões de anos que também desviou o curso do Rio Paraitinga, que per-
adentrando a sub-bacia do Rio Jaguari
A porção do território em Guarulhos que pertencente à Bacia do Alto em Arujá. tencia ao Rio Tietê, passando a se tornar integrante do Rio Paraíba do Sul,
Tietê está subdividida em quatro sub-bacias: Bacia do Rio Cabuçu de Cima, ver mapa da página 58. Esta anomalia foi descrita pelo geógrafo Aziz
do Canal de Circunvalação, do Rio Baquirivu Guaçu e dos afluentes diretos Ab’Sáber, em 1957, como a “grande anomalia de drenagem existente na
do Rio Tietê (ver página 59). curvatura brusca que inverte totalmente a direção do curso do Paraíba
O Rio Cabuçu de Cima nasce no Parque Estadual da Cantareira, onde paulista, região de Guararema” e “a mais sugestiva anomalia de drenagem
está localizado o reservatório do Cabuçu, que abastece parte do municí- do território brasileiro” e por King em 1956, “como um dos exemplos mais
pio. A Barragem do Reservatório do Cabuçú, inaugurado em 1907, é o notáveis de captura de drenagem da face da Terra”.
primeiro no Brasil construído em arco de concreto armado. O Rio Cabuçu Por fim, a nordeste do município está a porção do território de Guarulhos
de Cima se desenvolve com ambas as margens no Município de Guarulhos pertencente à Bacia do Rio Paraíba do Sul, que corresponde à sub-bacia do
até a foz de seu afluente, o Ribeirão Engordador, trecho médio, onde seu Rio Jaguari. Seu principal afluente é o Rio Tomé Gonçalves que no período
canal passa a ser o limitador do município com a capital paulista (mar- Cachoeira do Ribeirão das Lavras. colonial foi intensamente minerado em busca de ouro.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

O RIO TIETÊ BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO


Não há uma definição precisa na origem No Estado de São Paulo, as serras do Mar e da Mantiqueira, entre outros conjuntos de
de seu nome. Tietê, ou “rio verdadeiro”, assim serras e montanhas, estabelecem dois compartimentos de drenagem, sendo: 91% do territó-
denominado pelos indígenas era a fonte de ali- rio pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, incluindo a Bacia do Rio Tietê e parte de
mentos e demais necessidades para os povos Guarulhos, e as bacias cujas águas de chuva que escoam diretamente para o Oceano Atlân-
originais de São Paulo. Entretanto, há pesqui- tico, sendo que esta última representa cerca de 9% do território paulista, correspondendo à
sadores que afirmam que Tietê foi um nome Bacia do Rio Ribeira do Iguape, do Paraíba do Sul e às bacias cujos rios e córregos perten-
dado pelos colonizadores. Podemos também cem à vertente marítima (lado oceânico da serra do mar), na Região da Baixada Santista.
encontrar nomes atribuído a ele, como: Os principais afluentes do Rio Paraná no território paulista são os rios: Sapucaí-Mirim,
Anhembi, Agembi, Aiembi, Anenby, Anienbi, Embarcação com tijolos no Rio Tietê Pardo, Mogi Guaçu, Sapucaí, Turvo, São José dos Dourados, Tietê, Aguapeí, Peixe, Santo
Anhambi, Anhebi, Anhebu, Anhebig, Anhembu, no Bairro Ponte Grande em Guarulhos, em 1945. Anastácio, Paranapanema e vertentes parciais* dos rios Grande e Paraná.
Iniambi, Inhambi, Inhembi e Niembi. Tendo em vista a importância dos recursos hídricos para a manutenção ambiental, for-
Dentre estes, Anhembi, de origem indígena, é um nome bastante familiar que significa necimento de água, atividades recreativas, econômicas e sociais, o Estado de São Paulo criou,
“o rio de unas aves animais”, ou conforme Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro “Cami- em 1991, o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e, posteriormente, em 1994, estabeleceu
nhos e Fronteiras”, “rio de anhumas ou anhimas”, aves que possuíam um unicórnio central e 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI. As Unidades de Gerenciamento
grito semelhante ao de um burro zurrando. Inúmeros outros pesquisadores atribuem diversos da Bacia do Rio Tietê são: Baixo Tietê, Tietê Batalha, Tietê Jacaré, Piracicaba/Capivari/Jundiaí,
significados, como Nhambi, erva rasteira de flores amareladas, ou Anhamgi, rio dos veados. Tietê Sorocaba e Alto Tietê, este último onde estão suas nascentes, abrangendo, integral ou
Desde o começo da colonização, através do Rio Tietê, os bandeirantes paulistas explo- parcialmente, 36 dos 39 municípios da RMSP.
raram e colonizaram as terras interioranas onde ao longo de seu curso foram fundadas de-
zenas de cidades, conduzindo pessoas e mercadorias, servindo como principal meio de
locomoção fluvial, além de fonte de alimentos e de abastecimento das populações que iam MAPA DAS PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICAS
se estabelecendo no domínio de suas águas. DO ESTADO DE SÃO PAULO
Durante centenas de anos o Rio Tietê teve um significado cultural para as populações que
viviam de suas riquezas. A partir do fim do século XIX, na Região Metropolitana de São Paulo, o
Tietê e suas várzeas passaram a se tornar objeto de desejo dos grandes investidores imobiliá-
rios. Assim, seus espaços de amortecimento de cheias (várzeas) foram aterrados e seu curso
sinuoso foi transformado em linear e no espaço de suas águas foram implantadas grandes vias
de tráfego e diversas empresas ao longo de suas margens. Consequentemente, um fenômeno
que era natural, as inundações, passaram a se tornar um grande problema.
O Rio Tietê nasce no Município de Salesópolis, na vertente continental da Serra do Mar,
a apenas 22 quilômetros do Oceano Atlântico, seguindo pelo interior do Estado de São Paulo,
numa extensão de 1.136 quilômetros, sendo que sua bacia hidrográfica incide no espaço
territorial de 282 municípios, abrangendo parte dos municípios da Região Administrativa de
Campinas e da RMSP, incluindo a Capital e grande parte de Guarulhos. A partir de suas nas-
centes, atravessando a Região Metropolitana de São Paulo, vence encostas abruptas, formando
corredeiras e cachoeiras, esculpindo rochas cristalinas no Planalto Paulistano entalhando a
Depressão Periférica, a Cuestra Basáltica até atingir a Bacia Sedimentar do Paraná. Na divisa
com Mato Grosso do Sul deságua no Rio Paraná, que por sua vez, segue até o Rio da Plata
encontrando o Oceano Atlântico na divisa do Uruguai com a Argentina. Portanto, o Rio Tietê,
ao contrário da maioria dos rios, ignora a proximidade de suas nascentes com o oceano, cerca
de 22 quilômetros, e segue para o interior continental até finalmente se encontrar com o
Atlântico depois de banhar terras num percurso de 3500 quilômetros.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ


E ADJACÊNCIAS

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DAS SUB-BACIAS E DA HIDROGRAFIA DE GUARULHOS


E ADJACÊNCIAS

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

CICLO DAS ÁGUAS essas gotículas aumentam de volume, por um processo de colisão que as aglutina, tornam-
se suficientemente pesadas para vencer a resistência do ar e se precipitam.
Cerca de 70% da superfície terrestre são cobertos por água. Apesar disso, apenas 2,5% A água precipitada é amortecida pela vegetação antes de atingir o solo, desviando-se em
equivalem a água doce, sendo que somente 0,5% encontra-se disponível para o consumo. O percursos entre as folhas e caules, o que, em parte, possibilita a absorção pelas plantas para a
Brasil detém 12% das reservas de água doce do planeta. realização de seu metabolismo. Posteriormente, a água é devolvida à atmosfera por meio da
De modo geral, no globo terrestre, a água está presente em diferentes ambientes e es- evapotranspiração. Esse conjunto de retenções e liberações de água sob forma de vapor asse-
tados físicos, sendo: vapor d’água na atmosfera; líquida no interior dos seres vivos e no gura os altos teores de umidade encontrados nas florestas que, assim, cumprem um importan-
subsolo; e líquida ou sólida na superfície terrestre (lagos, oceanos, rios e calotas polares). O te papel na manutenção do equilíbrio da temperatura e das chuvas. A evapotranspiração em
conjunto desses ambientes é chamado de hidrosfera e o movimento entre esses diferentes áreas florestadas de climas quente e úmido devolve à atmosfera mais de 70% da precipitação.
ambientes e estados físicos é denominado ciclo das águas, também conhecido como ciclo O amortecimento da água da chuva pela vegetação possibilita, juntamente com os cami-
hidrológico. nhos escavados pelas plantas por meio de suas raízes, e pelos pequenos animais, a infiltração da
O ciclo hidrológico, partindo-se da precipitação (chuvas, granizo ou neve), se desenvolve, água no solo. Ela então se acumula entre rochas ou escoa lentamente por percursos subterrâ-
de modo geral, pelo escoamento superficial e subterrâneo, evaporação e evapotranspiração*, neos até atingir os rios e córregos, garantindo neles fluxos de água permanente, mesmo tendo
até atingir a atmosfera e se precipitar novamente. longos períodos sem chuvas. A parcela de água que não se infiltra no solo, por este estar
As chuvas se formam a partir da saturação de umidade na atmosfera. A saturação acon- saturado, escorre superficialmente para os rios e córregos. Quando o volume de água exce-
tece quando ocorre a ascensão de ar úmido a altitudes mais elevadas, atingindo temperatu- de a capacidade de escoamento dos rios ou córregos ocorrem as cheias, enchentes e inun-
ras mais baixas. Como a capacidade da atmosfera em conter vapor d’água varia de acordo dações, que propiciam solo fértil, e multiplicar condições de manutenção e surgimento de
com a temperatura, o resfriamento da massa de ar promove a diminuição de seu volume, diferentes formas de vida ao longo da área inundada. Essa água que escoa pelos cursos d’água
reduzindo a capacidade da atmosfera de mantê-la suspensa, fazendo-a transformar-se em se encaminha aos oceanos e, nessa trajetória, possibilita a ação da radiação solar, que provoca
gotículas muito pequenas e ainda incapazes de se precipitar, formando as nuvens. Quando a evaporação. O ciclo hidrológico se completa quando as águas evaporadas se precipitam.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS – AQUÍFERO CUMBICA


Água subterrânea é a fração que se infiltra no subsolo, cujos movimento e armazenamento
são determinados pela ação gravitacional e a resistência das rochas e solos. A água subterrâ-
nea, descontadas as geleiras, pode representar cerca de 95% de toda água doce do planeta.
A partir da chuva, a água chega ao solo, onde parte é retida temporariamente e, poste-
riormente, se infiltra na rocha subjacente. A parte da água que não se infiltra no solo saturado
escoa superficialmente, atingindo as partes baixas dos terrenos nos rios e córregos, ou sofre
os processos de evaporação ou evapotranspiração.
A infiltração no solo é favorecida pela cobertura vegetal por meio das suas raízes, que
abrem caminho para a água alcançar o subsolo. Além disso, a cobertura florestal retarda a
chegada da água no solo por meio de suas folhagens, que a liberam lentamente ao solo,
propiciando melhores condições para a infiltração. A quantidade de água subterrânea depen-
de da porosidade do subsolo.
Na geologia (ver página 33), os materiais porosos são representados por solos e sedi-
mentos, ou rochas sedimentares, que possuem melhores condições de infiltração e reserva
de água, conhecidos como Sistema Aquífero Sedimentar. Já as rochas duras e compactas,
chamadas de rochas cristalinas, armazenam água por meio de suas fraturas, fissuras ou fen-
das e formam o Sistema Aquífero Cristalino.
O relevo é um importante condicionante para a recarga das águas subterrâneas. As
declividades acentuadas dos terrenos favorecem mais o escoamento superficial, diminuindo
a infiltração, enquanto os mais planos propiciam a acumulação mais prolongada da água no
solo e, consequentemente, sua infiltração. Essa condição depende também da quantidade,
frequência e duração da chuva. Chuvas torrenciais favorecem o escoamento superficial, pois
o solo é saturado rapidamente; já as chuvas regularmente distribuídas ao longo do tempo fa-
cilitam a infiltração.
De acordo com a quantidade de água, o solo pode ser compartimentado em duas zo-
nas: aeração e saturação. A zona de aeração ou vadosa é a porção mais superficial, que é prazo, imune à longa estiagem; mas, ao mesmo tempo, uma vez poluído o aquífero pode le-
preenchida parte com água e parte com ar. A zona de saturação está abaixo da zona de var séculos ou mais até promover sua autodescontaminação.
aeração. Nela os espaços intergranulares estão totalmente preenchidos por água e podem As águas subterrâneas em Guarulhos fazem parte do Sistema Aquífero Sedimentar de
atingir até 10.000 metros de profundidade. É daí que se extrai água para o abastecimento São Paulo, localizado nas porções central e sul do município e conhecido como Gráben do
humano. O limite entre essas duas zonas é conhecido como nível ou superfície freática. Rio Baquirivu Guaçu com excelente qualidade e grandes vazões*. É uma camada de sedimen-
As águas presentes na zona saturada migram para os vales de maneira lenta em re- tos Terciários e Quaternários, cuja espessura média varia de 100 a 250 metros, depositada
lação às águas superficiais e alimentam os cursos d’água, por meio de caminhos subter- acima das rochas cristalinas antigas. Já na porção norte, Guarulhos conta com o Sistema
râneos. A água superficial de um rio ou córrego, por exemplo, dependendo de seu tamanho, Aquífero Cristalino, porém apresenta baixas vazões.
move-se cerca de 1 metro por segundo, enquanto a subterrânea estaria na ordem de 1 me- A exploração de água subterrânea também cumpre um importante papel no abasteci-
tro por dia. Isso explica o fluxo de água de rios e córregos mesmo em longos períodos sem mento público de Guarulhos por meio de sua empresa municipal, o SAAE (Serviço Autônomo
chuva. de Água e Esgoto), complementando o fornecimento dos reservatórios superficiais (Cabuçu e
No livro Águas Subterrâneas, Robert W. Cleary menciona que o tempo médio de perma- Tanque Grande) e o fornecimento realizado pela Sabesp, empresa estadual.
nência da água subterrânea no subsolo é de 280 anos, e em águas mais profundas o tempo Outro grande explorador do aquífero é o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos,
é tão longo quanto 30.000 anos ou mais, enquanto nos rios e córregos esse tempo é de no onde a totalidade do abastecimento é feita pelas águas subterrâneas, por meio de poços
máximo algumas semanas. Esse fato torna a água subterrânea uma fonte confiável em longo tubulares profundos que fornecem mais de 5.000 m³ de água por dia.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO
AMBIENTAL DE RIOS E CÓRREGOS
Os rios, canais e córregos da maioria das grandes cidades brasilei-
ras encontram-se com suas águas muito poluídas por esgotos domésticos
e industriais.
As obras de despoluição dessas águas são caríssimas e há gran-
des dificuldades na implantação da canalização dos esgotos, pois boa
parte das margens dos rios, canais e córregos encontra-se ocupada por
residências, prédios comerciais e industriais – apesar de existirem leis
federais que protegem as margens e várzeas desses rios e represas,
elas não são devidamente respeitadas. Assim, quando ocorrem as chu-
vas, as cidades sofrem com as enchentes; e no tempo seco o mau cheiro
Jardim Lenize antes da implantação do programa de recuperação. é insuportável por causa da poluição das águas. Jardim Lenize depois da implantação do programa de recuperação.
Nesta situação, a população exige dos poderes públicos a canaliza-
ção fechada dos rios, para esconder o mau cheiro e tentar diminuir as
enchentes.
Para realizar as obras é necessário que máquinas cheguem às margens
dos rios. E, como fazer se essas margens estão ocupadas? E mais, es-
sas obras canalizam não só as águas poluídas, como também as águas das
chuvas e das nascentes, que podem ser consideradas, digamos, limpas.
Pensando nesses problemas, o tecnólogo em obras hidráulicas Carlos
de Jesus Campos, a partir de 2004 em Guarulhos, desenvolveu uma técnica
que permite canalizar apenas as águas poluídas em tubulações de diâmetro
muito menor, mantendo as águas das grandes chuvas e das nascentes
escoando livres pelo leito do rio, sem serem canalizadas.
É como se, tendo um rio poluído, dele se fazem dois: o poluído é
Córrego Queromano antes da implantação do programa de recuperação. separado em tubulação e o não poluído é aquele cujas águas das nas- Córrego Queromano depois da implantação do programa de recuperação.
centes, do lençol freático e das chuvas escoam livres no canal, como a
natureza os fez.
Essa técnica, denominada de canalização da vazão poluída de base,
tem trazido uma excepcional melhoria ambiental onde tem sido aplica-
da, além de ser simples e barata em relação às canalizações tradicionais,
pois não necessita da remoção dos imóveis das margens, além de não
precisar de grandes equipamentos para implantar as tubulações.
Desta forma, mesmo sem se tratar ainda uma única gota de esgo-
to, é possível recuperar trechos de córregos até que as obras definitivas
das redes de esgoto, dos coletores-tronco e das estações de tratamento
sejam construídas.
A implantação dessa técnica fez com que, naturalmente, as águas lim-
pas das nascentes e do lençol freático aflorassem, propiciando condições para
o retorno da vida aquática, o que pode ser observado no Córrego Queromano,
Córrego Queromano, com suas águas cristalinas. na Rua Otávio Nunes da Silva, Vila Augusta, e também no Jardim Lenize. Córrego Queromano.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

Cruzamento das avenidas Tiradentes e Paulo Faccini.


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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

Representa o total da riqueza gerada pelos setores produtivos de um país, estado ou


município, ou seja, de uma dada área político-administrativa. Soma-se o valor monetário
final de bens e serviços produzidos pelos setores produtivos ou econômicos do local para
se obter o valor de seu PIB. Mediante a obtenção desse valor, é possível medir sua capa-
cidade produtiva, e quanto maior ele for, maior a possibilidade de reverter parte da rique-
za gerada em prol da população e, assim, promover melhorias na qualidade de vida.

PIB: R$ 25.663.710,00
PIB per capita: R$ 19.998,95
Participação do setor industrial: R$ 8.348.404,86
Participação do setor agropecuário: R$ 7.699,11
Participação do setor de serviços: R$ 17.307.606,02
Participação no PIB do Estado (%): 3,19%
Participação nas exportações do Estado: 4,16% (Fonte: Fundação Seade.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DAS UNIDADES DE PLANEJAMENTO REGIONAL – UPR

ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE GUARULHOS EM 11 REGIÕES


Em 2008, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Guarulhos (SDU), mediante o
Decreto Municipal no 25.303, estabeleceu 11 Unidades de Planejamento Regional (UPRs),
com o objetivo de descentralizar a gestão municipal. Os critérios adotados para estabele-
cer tal divisão foram fundamentalmente a conformação do sistema viário, do relevo e do uso
do solo. Ressalte-se que o Parque Estadual da Cantareira e o Aeroporto não são considerados
UPR, uma vez que são geridos, respectivamente, pelos governos estadual e federal.

(Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Guarulhos, 2008.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

EVOLUÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO


MAPA DO USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO DE GUARULHOS DO SOLO ENTRE 1980 E 2007
Historicamente, a evolução do uso e ocupação do solo em Guarulhos
EM 1980 está associada aos ciclos de desenvolvimento econômico e à fixação de
pessoas nas proximidades das vias de acesso, assentamentos edificados
nas proximidades da Estrada da Conceição, Hidrovia Tietê, Ramal Ferro-
viário Tramway Cantareira, Rodovia Rio-São Paulo e, posteriormente, a
Via Dutra e a Fernão Dias.
No período entre 1980 e 2007, que compreende 27 anos da histó-
ria da cidade, observou-se uma explosão demográfica, situada entre a
segunda e a terceira fases da industrialização do município. A formação
industrial guarulhense (a primeira fase) teve início em 1911.
Em 1953 a cidade contava 27 grandes indústrias; em 1956 eram
90 grandes fábricas e 80 pequenas e pouco mais de 35.000 habitantes.
O período de implantação das grandes indústrias no município
foram as décadas de 1950, 60, 70 e 80. Com o incremento das empre-
sas, o crescimento populacional também foi alavancado. No início dos
anos 1950 a população era de 35.523 e saltou para 532.724 habitantes
em 1980. Em 30 anos a cidade recebeu 497.201 novos moradores, cres-
cimento correspondente a 1.500% ou a 15 novas cidades. Entre 1980
e 2007 a população passou de 532.724 para 1.236.192 habitantes.
Do modelo de desenvolvimento econômico e da forma de uso e
ocupação do solo decorre a grande quantidade de problemas ambientais
e sociais no município. De acordo com o IBGE, 10% da população moram
em favelas – o IBGE considera núcleos de favelas aqueles com menos de
50 unidades habitacionais. Além das favelas, existem várias ocupações em
áreas particulares e loteamentos irregulares e em situação de risco.
Quanto às questões ambientais, as mais graves são o desma-
tamento, a poluição das águas, a contaminação do solo e a poluição
atmosférica, fatores que se agravam devido à escassa corrente de ven-
to, bloqueada pelas serras da Mantiqueira e do Mar, no sentido norte-sul.
Quando se consideram os indicadores de desenvolvimento huma-
no – renda, longevidade e educação –, apenas a educação se mantém
em níveis satisfatórios. No cenário nacional a cidade aparece com Índi-
ce de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,0798, o que a posiciona na
191a colocação entre os municípios paulistas e 607a entre os municípios
do Brasil.
No entanto, uma série de políticas públicas tem sido implementada
no município nos últimos anos, como reurbanização de favelas e
reassentamento de famílias que se encontravam em áreas de risco, além
(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo – IGC.) de outras políticas de inclusão social.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DO USO E OCUPAÇÃO DO


SOLO DE GUARULHOS
EM 2006

(Fonte: Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A – Emplasa, 2006.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
entulhos de construção, bagulhos (móveis velhos, poda de árvores e utensílios sem mais serventia)
e materiais recicláveis (plástico, vidro e metal).
Os PEVs estão localizados em 15 bairros da cidade: Macedo, Paraventi, Continental II,
Vila Barros, Santos Dumont, João do Pulo, Gopoúva, Jardim Fortaleza, Torres Tibagy, Haroldo
Veloso, Vila Galvão, Inocoop, Parque Mikail, Ponte Grande e Cabrália.
Os resíduos recolhidos nos PEVs são encaminhados a uma recicladora de entulhos, situa-
da na região do Cabuçu. O material é triturado e reutilizado na fabricação de blocos de concre-
to para a pavimentação de ruas.
Em 2008 foram entregues, nos 14 PEVs até então implantados na cidade, cerca de
22.150 metros cúbicos de resíduos sólidos, proporcionando aos cofres públicos, entre setem-
bro e dezembro de 2005, uma economia de cerca de 40% (R$ 250.000,00) nos custos com
operações de remoção de resíduos, os quais deixaram de ser descartados clandestinamente
em ruas, terrenos baldios e praças.

DRENAGEM – INUNDAÇÕES, ENCHENTES E ALAGAMENTOS


Estação de Tratamento de Esgoto do São João, já em operação.
A água sofre ao menos duas grandes variações ao longo do ano, no que se refere à sua
quantidade sobre a superfície do solo: o período de estiagem, quando chove pouco, e o de cheia,
SANEAMENTO AMBIENTAL quando as águas precipitadas já não cabem no leito dos rios e extravasam para as suas vár-
zeas, localizadas ao longo de suas margens. Essa variação, mais ou menos pronunciada, a de-
ABASTECIMENTO DE ÁGUA pender da variabilidade climática local, se refletirá na necessidade de maior ou menor espaço
Do total de 3.994 litros de água distribuída por segundo, o município produz cerca de 13% que as águas utilizarão em toda a área da bacia hidrográfica, em seu percurso na busca de
(516 litros por segundo) em suas Estações de Tratamento de Água – ETAs. A água utilizada no locais mais baixos. A partir da precipitação, atravessando a cobertura vegetal, espaços edificados,
município é proveniente dos reservatórios do Cabuçu e Tanque Grande e dos diversos poços piso impermeável, canais, tubulações variadas e solo exposto em diferentes graus de
artesianos perfurados entre os anos de 2001 e 2009. Cerca de 87% da água distribuída são ad- permeabilidade, a água ganha ou perde velocidade, escapa ou é acumulada em diferentes pro-
quiridos pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), da Sabesp. porções, a depender das condições oferecidas pelos seus diversos “recipientes”.
Nesse percurso, mesmo perdendo em velocidade e quantidade, grandes volumes alcan-
ESGOTAMENTO SANITÁRIO çam e se espalham nos locais mais baixos e com menor declividade, propiciando as inunda-
ções, cheias ou enchentes que, por se acumularem em superfícies baixas e planas (várzeas),
O Plano Diretor do Sistema de Esgotamento Sanitário (PDSE), elaborado entre 2003 e propiciam solo fértil arrastado e irrigado e, também, multiplicam condições e formas de vida.
2004, prevê a construção de cinco Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) no município, a
Todo esse processo faz parte de um mecanismo muito maior de circulação contínua de mas-
saber: São João (já em operação), Bonsucesso, Várzea do Palácio, Cabuçu e Fortaleza, além
sas de água, em nosso planeta, e componente do ciclo das águas (ver página 60).
da integração dos sistemas do Parque Novo Mundo e São Miguel Paulista, operados pelo
Inundações, enchentes ou cheias, portanto, são fenômenos naturais de extravasamento
governo estadual, mediante acordo com a Sabesp. Está prevista também a implantação dos
das águas de um curso d’água para as áreas marginais quando de chuvas intensas. Passam
coletores-tronco para a condução do esgoto às ETEs.
a ser problema quando são construídas ruas, casas, indústrias e outras estruturas urbanas
De 2001 a janeiro de 2009, o SAAE implantou 304,3 quilômetros de rede de esgoto no
nos espaços naturais das águas, chamados de várzeas e planícies de inundação.
município, o que aumentou a coleta para 75%, e fez 41.691 ligações domiciliares.
Alagamento, por sua vez, é quando a microdrenagem, ou seja, as bocas de lobo, valas
etc. são insuficientes para escoar as águas, causando alagamentos nas ruas, interrompendo
RESÍDUOS SÓLIDOS o tráfego. Os alagamentos podem ser causados pelo acúmulo de lixo nas ruas, obstruindo as
O município de Guarulhos conta com 100% de coleta de lixo e de varrição em todas as bocas de lobo. O lixo não está associado às grandes inundações, pois estas sempre existi-
regiões da cidade. Esses resíduos são encaminhados para o Aterro Sanitário Quitaúna, ram, mesmo sem ou com pouca ocupação humana. Há registros, por exemplo, no Rio
na região do Cabuçu. Tamanduateí, várzea do Carmo, de grandes inundações no início da colonização portuguesa:
Além disso, Guarulhos possui uma rede de Postos de Entrega Voluntária de Entulhos (PEVs). “Em 1556, após uma tempestade enorme, o padre José de Anchieta comentou em uma car-
Trata-se de depósitos distribuídos pela cidade, destinados a receber pequenas quantidades de ta que, por pouco, a Vila de Piratininga não foi arrasada”.

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MAPA DE
SANEAMENTO AMBIENTAL
DE GUARULHOS

(Fonte: Plano Diretor de Drenagem – Diretrizes, Orientações e Propostas, 2008.)

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ÁREAS PROTEGIDAS Regiões Administrativas de Campinas, Registro, São José


dos Campos e Sorocaba parcialmente. A RBCV é integran-
te da Rede Mundial de Reservas da Biosfera, que faz par-
Os ambientes naturais protegidos por lei foram cria-
te do programa “O Homem e a Biosfera (The Man and the
dos para permitir o pleno desempenho das funções ecoló-
Biosphere – MAB)”, da Organização das Nações Unidas
gicas e ambientais exercidas pelas áreas vegetadas, além
para a Educação, Ciência e Cultura – Unesco. Trata-se de
de contribuírem para a perpetuação da flora e da fauna, sob
uma categoria única atribuída a determinada região do pla-
risco de extinção, e para a proteção dos recursos hídricos.
neta, considerada de relevante valor ambiental para a hu-
A partir da constatação do avanço da degrada-
manidade por abrigar importante ecossistema. A Reserva
ção ambiental, verificou-se a necessidade de proteger
da Biosfera tem como objetivo gerir a preservação e con-
espaços naturais mais significativos, objetivando sua
servação da natureza, a pesquisa científica e o desenvol-
conservação* e proteção. Partindo dessa premissa, os
vimento autossustentado, servindo como referência para
Estados Unidos foram os pioneiros ao criar, em 1872,
mensurar os impactos do homem no meio ambiente.
o Parque Nacional de Yellowstone, localizado nos Esta-
Na RBCV estão inseridas diversas áreas de prote-
dos de Wyoming, Montana e Idaho.
ção ambiental, destacando-se Estação Ecológica
A primeira experiência brasileira foi em 1937, Represa do Tanque Grande – Parte da APA do Cabuçu-Tanque Grande. de Itapevi; Parque Ecológico Estadual das Nascentes do
com a criação do Parque Nacional do Itatiaia. Ao lon-
Tietê e Parque Ecológico Estadual da Guarapiranga;
go do século XX foram criadas novas unidades de con-
Parque Estadual do Jaraguá e Parque Estadual da Cantareira, este último abrangendo par-
servação, tendo em vista a preocupação ambiental, então já manifestada pela opinião pública.
No Brasil, a Lei Federal no 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Con- te da porção norte de Guarulhos.
servação – SNUC, estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Conforme o Mapa das Áreas Ambientalmente Protegidas de Guarulhos, ao norte do
unidades de conservação, priorizando o uso sustentável* dos recursos naturais, garantindo município encontramos o Parque Estadual da Cantareira, onde está localizado o reservatório
que a exploração do meio ambiente não afete a perenidade dos recursos ambientais* do Cabuçu, importante manancial que oferece parte da água consumida na cidade. O parque
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos eco- foi criado em 1963 e abrange parte dos municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã e
lógicos, de modo socialmente justo e economicamente viável. Guarulhos. É dividido em quatro núcleos, sendo o de Guarulhos o núcleo Cabuçu.
O SNUC é dividido em dois grupos de unidades de conservação com características Nas bordas e ao sul do Parque Estadual da Cantareira incide a Área de Proteção Ambiental
específicas e graus de restrições diferenciados. O primeiro é a Unidade de Proteção Integral*, – APA do Cabuçu – Tanque Grande, criada em 2010, abrangendo parte dos bairros do Cabuçu,
que tem como objetivo a preservação* da natureza mediante a manutenção dos ecossistemas Invernada e Tanque Grande, incluindo sua represa.
livres da interferência humana. O segundo grupo é a Unidade de Uso Sustentável, que tem Na região nordeste do município vigora a Área de Proteção Ambiental Federal da Bacia do Rio
como objetivo a compatibilização da conservação da natureza com o uso sustentável de par- Paraíba do Sul. Sobreposta a esta APA existe outra categoria de Unidade de Conservação, a Área de
celas de seus recursos naturais. Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM) do Rio Jaguari, criada pelo Governo Estadual.
No Estado de São Paulo encontramos algumas categorias de Unidades de Proteção In- Ao sul do município encontramos a Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê,
tegral, como: Estações Ecológicas, Reservas Biológicas e Unidades de Uso Sustentável, como: criada em 1987. Essa APA possui dois perímetros distintos, sendo que o primeiro (leste) vai desde
Áreas de Proteção Ambiental; Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Florestas Nacionais. a barragem da Ponte Nova, próxima às nascentes do Tietê, até a Barragem da Penha abran-
Além dessas Unidades de Conservação, podemos encontrar também áreas protegidas que não gendo os municípios de Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi da Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba,
pertencem ao SNUC, dentre as quais se destacam: Áreas Naturais Tombadas; Áreas sob Pro- Guarulhos e São Paulo (parte da zona leste). O segundo perímetro (oeste) vai desde a barragem
teção Especial; Reservas Florestais; Parques Ecológicos e Terras Indígenas. Edgard de Sousa até Santana de Parnaíba, abrangendo os municípios de Osasco, Barueri e
As áreas protegidas, no Estado de São Paulo, estão concentradas, principalmente, ao Carapicuíba. Ou seja, a APA é interrompida pela capital ao longo da Marginal Tietê.
longo do litoral paulista, protegendo remanescentes florestais da Mata Atlântica. Já no inte- Sobreposta a esta APA está o Parque Ecológico do Tietê, que foi criado em 1976. O projeto
rior do Estado existem unidades de conservação de menor porte e dispersas, abrangendo original abrangia uma área muito maior. No entanto, a área atual restringe-se a Guarulhos e São
fragmentos florestais do Cerrado e da Mata Atlântica. Paulo no trecho leste e Barueri e Santana de Parnaíba no trecho oeste. O objetivo da criação do
A RMSP está inserida na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – Parque Ecológico do Tietê é a proteção de suas várzeas e o controle de vazões de cheia, além de
RBCV –, que abrange, além da Grande São Paulo, a RM da Baixada Santista integralmente e as colocar à disposição da comunidade uma área de lazer numa região carente de áreas verdes.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DAS PRINCIPAIS UNIDADES


DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
DE GUARULHOS

(Fonte: Prefeitura Municipal de Guarulhos.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM NOSSO PLANETA Efeito Estufa

Durante todas as eras geológicas e até hoje as mudanças do clima sempre causaram
transformações na Terra. No decorrer do Quaternário (1,8 milhão de anos atrás) houve 16 ci-
clos de glaciações, com cerca de 100 mil anos de duração, alternando-se com fases de tem-
peraturas mais quentes e de menor duração (cerca de 20 mil anos), os chamados interglaciais.
Em fases mais quentes, as temperaturas médias globais chegaram a 22 ºC. Hoje essas
médias são de 15 ºC. Essas mudanças ocorreram, em grande parte, de forma lenta e gradual.
A crescente transformação dos recursos naturais (minérios, madeira, petróleo etc.) em
produtos tem causado dois efeitos danosos: de um lado o esgotamento dos recursos natu-
rais, causando desequilíbrio, e de outro a produção de volumes cada vez maiores de resí-
duos que são lançados no solo, na água e na atmosfera. Segundo cientistas, esse processo
tem causado mudanças rápidas no clima da Terra, de uma maneira que o meio físico e biótico
não tem tempo de se adaptar a essas novas condições.
A principal causa das mudanças do clima pela ação do homem é a emissão de gases
de efeito estufa na atmosfera, especialmente o CO2.
Durante bilhões de anos, a presença, na atmosfera, de vapor d’água, dióxido de carbo-
no (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), entre outros gases, deu origem ao efeito estufa,
um processo natural que mantém parte da energia solar na superfície terrestre. Essa energia
se redistribui em forma de calor através das circulações oceânicas e atmosféricas, criando
as condições necessárias para o surgimento e a manutenção da vida na Terra e permitindo
que a outra parte da energia se irradie no espaço.
Com o aumento desses gases na atmosfera, uma porção maior de energia se acumula,
causando um aumento na temperatura terrestre que, segundo os cientistas, foi da ordem de de gelo. Nesse ritmo, segundo os cientistas, o nível do mar poderá aumentar entre 30 e 80
0,7 °C nos últimos 100 anos. Esse aumento abrupto tem se dado, principalmente, pela queima centímetros nos próximos 50 a 80 anos.
de combustíveis fósseis, como o petróleo, e pela destruição das florestas. ● No planeta, as temperaturas diárias mínimas do ar à noite aumentaram em média
Em 2007 foi divulgado o último relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudan- 0,2 ºC por década entre 1950 e 1993. No Sul do Brasil, entre 1913 e 1998, houve um aumento
ças Climáticas, que chocou o mundo com o resultado de que é muito provável (90% de chance) de 1,4 ºC na temperatura mínima anual, e também um incremento nas ondas de calor, na
que o aquecimento global esteja sendo causado pelas atividades humanas. frequência de chuvas mais intensas e na precipitação média anual, que cresceu nos últimos
Segundo relatório do Greenpeace, as evidências do aquecimento global são: 50 anos a uma taxa média de 6,2 mm/ano.
● Desde que os registros de temperatura começaram a ser feitos, o ano de 2005 foi o ● Os oceanos têm apresentado um aumento da temperatura, o que causa o branqueamento

mais quente desde 1880. Neste ano (2005) a Amazônia enfrentou uma seca intensa. de corais em escala global, colocando em risco os recifes.
● Segundo o estudo do cientista K. A. Schein, publicado em 2006, a concentração de
O IPCC foi criado em 1988 por duas entidades da Organização das Nações Unidas (ONU),
dióxido de carbono na atmosfera saltou de 288 partes por milhão (ppm), no período pré-indus- uma ambiental e outra meteorológica, mas as discussões sobre as mudanças climáticas já
trial, para 378,9 ppm em 2005. vinham acontecendo pelo menos desde a década de 1960.
● A média de tempestades tropicais e furacões no Oceano Atlântico, entre 1995 e 2004,
Em 1992 houve a Conferência Rio-92, quando foi criada a Convenção Quadro de Mu-
foi de 15 por ano. Em 2005 ocorreram 28, dos quais 15 foram furacões, três de grande inten- danças Climáticas, que resultou no Protocolo de Kyoto. Nessa conferência estabeleceu-se que,
sidade. Há evidências de que o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em agosto de entre 2008 e 2012, os países mais industrializados deveriam reduzir em média 5,2% as
2005, está ligado ao aquecimento global, segundo estudos realizados pelo Centro Nacional emissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis lançados em 1990. No entanto,
para Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos. segundo cientistas, essa meta não é suficiente, pois mesmo se as emissões forem congela-
● Na Cordilheira dos Andes, as geleiras já perderam entre 20% e 30% de sua área nos das nos níveis de 1990, estima-se que até o ano de 2200 a temperatura global aumentaria
últimos 40 anos. Em 12 anos, na Antártida, já foram perdidos 14 mil quilômetros quadrados entre 0,4 e 0,8%. Apesar disso, as emissões têm aumentado intensamente nos últimos anos.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Para muitos cientistas, o limite de 2 ºC é considerado um ponto de não retorno. Pode- De acordo com a Comunicação Inicial do Brasil à Convenção-Quadro da ONU sobre
mos estar entrando em um “portal climático”, segundo o meteorologista Carlos Nobre, do Mudanças do Clima de 2004, os quatro setores urbanos que mais queimam combustíveis
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe. “Nosso padrão de consumo, com hábitos fósseis são: transportes (40,8%), indústria (32%), geração de energia (11,1%) e residencial
tão enraizados como o uso do automóvel e a dieta baseada em proteína animal, terá que (6,6%). Segundo dados de 2004 da Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável do
mudar. Caso contrário, em 2200 teríamos uma temperatura de 7 ºC a até 10 ºC maior. Seria Ministério das Cidades, a frota veicular cresceu rapidamente no Brasil: 3,1 milhões em 1970
outro planeta, com enormes ameaças à nossa habitabilidade.” para 36,5 milhões em 2003.
A Amazônia preservada é muito importante para o Brasil e para o clima da Terra, pois As grandes metrópoles, além da poluição do setor de transportes, também contribuem
calcula-se que nela a quantidade de biomassa armazenada na matéria orgânica do solo e na com a emissão de vários gases de efeito estufa em função da produção de lixo, principal fonte
vegetação é de 100 a 120 bilhões de toneladas de carbono. Segundo Carlos Nobre, se tudo de metano, gás com impacto no clima 21 vezes maior do que o CO2, por ser muito mais opaco.
isso fosse para a atmosfera, haveria um aumento de 15% a 17% na concentração global dos O tratamento do lixo de 118 milhões de moradores de áreas urbanas brasileiras respondeu
gases de efeito estufa. Além disso, a floresta pode estar absorvendo da atmosfera de 100 a por 6,1% das emissões brasileiras de metano em 1994, sendo 5,1% no lixo e 1% no esgoto.
400 milhões de toneladas de carbono por ano. Ela é ainda um surpreendente regulador atmos- Segundo relatório do Greenpeace, as grandes metrópoles contribuem com o aquecimento
férico, estabelecendo um regime de chuva em toda a América do Sul e até em outros continentes. global, mas também serão as vítimas preferenciais dele, pois as regiões metropolitanas fica-
Segundo cientistas, a grande umidade na floresta, aliada à que é evaporada no Oceano Atlântico rão mais sujeitas às inundações e escorregamentos.
Tropical, é trazida para vastas áreas do território, como o Centro Sul, Sudeste e Sul do Brasil, A intensificação da emissão de gases de efeito estufa e a degradação ambiental, de um
pelos ventos alísios, transformando-se em chuvas. modo geral, estão diretamente ligadas ao processo de expansão urbana, que promove, cada
Além disso, a floresta serve ainda como filtro de poluentes. Oxidantes como o ozônio e vez mais, o deslocamento de seus moradores, além da derrubada crescente das florestas
óxidos de nitrogênio são removidos por mecanismos regulatórios. Esta propriedade pode ser per- remanescentes no entorno das cidades.
dida com a destruição da floresta, afirma Carlos Nobre.
Em dezembro de 2009, houve a última Conferência de Mudanças MAPAS DA EVOLUÇÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO
Climáticas da ONU em Copenhague, capital da Dinamarca. A COP-15, como
foi chamada, reuniu 119 chefes de Estado dos 192 países do mundo.
Esse esforço teve o objetivo de tentar estabelecer um programa de
cooperação global para a redução das atividades humanas causadoras do
aquecimento global. No entanto, países ricos e os maiores poluidores, como
os Estados Unidos, não propuseram e nem assumiram qualquer compro-
misso com a redução dos gases do efeito estufa, apesar de países po-
bres e em desenvolvimento, como o Brasil, terem se esforçado para o
sucesso da conferência.
A posição brasileira foi a defesa do Protocolo de Kyoto. “Os países
desenvolvidos devem assumir metas ambiciosas de redução de emissões
à altura de suas responsabilidades históricas e do desafio que enfrenta-
mos”, discursou o presidente Lula, finalizando: “o veredito da história não
poupará os que faltarem com suas responsabilidades neste momento”.

EXPANSÃO URBANA E MUDANÇAS


CLIMÁTICAS LOCAIS
Como foi demonstrado, dos 2% de contribuição do Brasil para as
emissões de gases de efeito estufa, 75% são provenientes das queima-
das. No entanto, outros 22,5% têm um efeito significativo nas grandes
cidades, pois são provenientes da queima de combustíveis fósseis, (Fonte: Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – CBAT. Diagnóstico dos Recursos Hídricos (Relatório Zero). São Paulo, 2000.)
causando elevados índices de poluição atmosférica.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DA EVOLUÇÃO DA ÁREA


URBANA DE GUARULHOS

(Fonte: Plano Diretor de Drenagem – Diretrizes, Orientações e Propostas, 2008.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
Quase um terço da população brasileira vive em apenas 11 regiões metropolitanas, sendo A supressão da vegetação promove grande redução no teor de umidade na superfície
boa parte em favelas e áreas degradadas. do solo, dando início a um processo de aquecimento que se agrava com a concentração
A Região Metropolitana de São Paulo, durante muitos anos, constituiu-se num grande de edificações (casas, fábricas, rodovias etc.), a queima de combustíveis e as amplas su-
polo de atração populacional. Aliado a isso, as elevadas taxas de crescimento demográfico* perfícies refletoras de luz e calor (superfícies asfaltadas e cimentadas, telhados etc.). Isso
observadas nas décadas de 1960/70, com índices acima de 5%, foram responsáveis pelo provoca o fenômeno conhecido por “ilha de calor”, que é um padrão de circulação de ar
intenso crescimento urbano da região. Uma mudança acentuada ocorreu nos últimos anos, interno às grandes cidades, que dificulta a dispersão dos poluentes e do calor, concentran-
devido à queda progressiva dessas taxas, que atingiram valores inferiores a 1,5% anuais. do-os na área urbana. As brisas marinhas que chegam à região entram em contato com a
Atualmente, apesar da redução do crescimento populacional e da diminuição dos flu- “ilha de calor” e a umidade é carregada para camadas mais altas da atmosfera (as par-
xos migratórios, estabeleceu-se uma tendência de esvaziamento populacional nas áreas tículas de ar quente tendem a subir por serem mais leves), onde o ar é mais frio, conden-
urbanas centrais, com melhor infraestrutura e um aumento populacional acompanhado de sando-se e causando chuvas intensas e concentradas.
crescimento horizontal acelerado nas áreas periféricas mais carentes de infraestrutura. Esse fenômeno tem diminuído as chuvas nas áreas florestadas, justamente onde se
No município de Guarulhos a expansão urbana teve enorme impulso com o seu direcio- encontram os mananciais de abastecimento à população e, por outro lado, agravando as inun-
namento para as regiões leste e sul, ocorrido após a implantação da Rodovia Presidente Dutra. dações nas áreas urbanas. Segundo informações de 2004 do Ministério das Cidades, as
Essa expansão também se deu para o norte, mas de forma menos intensa. inundações urbanas já causam um prejuízo anual superior a 1 bilhão de dólares.
Nos últimos anos, embora as taxas populacionais tenham sido cada vez menores em Gua- Estudos realizados por meio de dados coletados na estação meteorológica localizada no
rulhos, o seu crescimento anual manteve-se próximo a 3,6%, muito acima do percentual mé- Parque Estadual Fontes do Ipiranga, entre 1936 e 2005, mostraram que nas últimas sete dé-
dio registrado em toda a Região Metropolitana de São Paulo, que é de 1,5%. O crescimento cadas São Paulo teve: menos garoa e mais tempestades; em média 395 mm de chuvas a
possui características semelhantes ao da Grande São Paulo, com taxas elevadas nas periferias mais por ano; 7% a menos de umidade do ar, e aumento de 2,1 ºC na temperatura média,
e baixas nas áreas centrais, que chegam a registrar inclusive índices negativos. três vezes mais em comparação a um aumento de 0,7 ºC nos últimos 100 anos nas tempe-
A tendência de expansão urbana é uma ameaça aos últimos remanescentes florestais da raturas globais. As mudanças climáticas já são uma realidade há muito tempo nas grandes
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Grande São Paulo. cidades, e são bastante intensas.

ILHAS DE CALOR
As ilhas de calor são provocadas pelo desmatamento e a construção de superfícies asfaltadas e cimentadas, refle-
toras de luz e calor.
Nas tardes de verão, as brisas marítimas costumam entrar na cidade pelo sudeste. Por causa da atração da “ilha
de calor”, as massas úmidas são carregadas para camadas mais altas da atmosfera, entrando em contato com baixas
temperaturas, condensando-as e causando as fortes chuvas.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

MAPA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE


(ILHAS DE CALOR) DE GUARULHOS

(Fonte: Adaptado de TARIFA & ARMANI, 2004.)

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MAPA DAS PRINCIPAIS RODOVIAS DO ESTADO


DE SÃO PAULO E DE GUARULHOS

(Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem – DER/SP.)

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO/GUARULHOS


GOVERNADOR ANDRÉ FRANCO MONTORO

HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DO AEROPORTO


O Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, conhecido popularmente como Aeroporto de Cumbica, ocupa uma
área de 14 quilômetros quadrados no trecho médio do Rio Baquirivu Guaçu (em sua margem esquerda) e no centro geográfico
do município de Guarulhos.
A vocação aeroportuária da região remonta a 1934, quando parte da Fazenda Cumbica foi transformada em campo de pouso e
decolagem de planadores.
Em 1940, a área, pertencente à empresa Marillis Ltda e à família Guinle, foi doada para a implantação da Base Aérea de São Paulo –
Basp, inaugurada em 1945. Sua finalidade era proteger o maior centro industrial do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.
Com a crescente demanda de Congonhas na Capital paulista e a necessidade de implantação de um aeroporto de grande porte, em 1977 o Minis-
tério da Aeronáutica definiu que o local para a instalação do aeroporto seria a Base Aérea de São Paulo, começando os processos de desapropriação e o
início das obras em 1979. O aeroporto foi inaugurado em 20 de janeiro de 1985, completando, em 2010, 25 anos de operações sob administração da Infraero
(Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).
Até 2007, o complexo aeroportuário movimentou cerca de 222,3 milhões de pessoas que embarcaram e desembarcaram nos terminais de passageiros, com cerca de
2,9 milhões de operações de pousos e decolagens que transportaram aproximadamente 6,9 milhões de toneladas de cargas.
A média diária de operações de pouso e decolagem em Cumbica foi de 475 até 2007.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

GLOSSÁRIO Horizonte B: camada inferior ao horizonte A, é o horizonte de maior diferenciação das classes de solo. Segundo
o geólogo Antonio Manoel dos Santos Oliveira, é resultante de “transformações relativamente acentuadas
do material originário e/ou ganho de constituintes minerais e/ou orgânicos migrados de outros horizontes”.
Jusante: significa “rio abaixo”, enquanto ‘montante’ quer dizer “rio acima”.
Aluviões: são constituídos por cascalho, areia, silte e argila que foram transportados pela ação da água ou Latifoliada: vegetação que contém diversos tipos de espécies vegetais dotadas de folhas largas.
ventos e depositados em terrenos planos, as planícies aluviais. Latossolo: solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais na proporção 1:1 e oxi-hidróxidos de
Argissolos: solos bem evoluídos, argilosos, apresentando mobilização de argila na parte mais superficial. ferro e alumínio.
Basaltos: rochas solidificadas provenientes do magma vulcânico. Ombrófila: ombrófila é o mesmo que pluvial, porém, o primeiro termo é de origem grega e o segundo tem
Biodiversidade: é o termo utilizado para definir a variabilidade de organismos vivos (flora e fauna) abrangendo a origem latina. Ambos têm o mesmo significado: “amigo das chuvas”.
diversidade de genes e de populações de uma ou mais espécies e suas interações em ecossistemas. Planalto: é uma porção de relevo elevada em relação aos vizinhos.
Cambissolos: solos pouco desenvolvidos, com horizonte B incipiente. Planície aluvial: planície aluvial ou fluvial: porção de terreno baixa e plana, drenada por corpos d´água, po-
Colinas: pequenas elevações do terreno com declividades suaves que não excedem os 50 metros de altitude. dendo apresentar terraços relativamente mais elevados, composta por depósitos deixados pelos rios.
Colonização de exploração: foi a forma que os espanhóis e portugueses impuseram para a conquista e As espessuras dos sedimentos dependem, em geral, do tamanho do curso d´água.
domínio das terras americanas por eles descobertas. Tratava-se da exploração indiscriminada das riquezas Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção, a longo prazo, das
naturais com objetivo primordial de abastecer e enriquecer a Espanha e Portugal (as metrópoles). O cresci- espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplifi-
mento populacional e econômico dessas colônias estava diretamente ligado aos interesses mercantilistas cação dos sistemas naturais.
dessas metrópoles. Recursos ambientais: as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o
Colonização de povoamento: foi a fixação do europeu na América do Norte, principalmente dos ingleses, subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora e tudo que é passível de ter valor econômico.
mediante o rápido povoamento, explorando as riquezas da terra, fazendo-as primeiramente circular entre Rochas cristalinas: são rochas compostas de cristais facilmente visíveis, sobretudo nas rochas metamórficas
os colonos, gerando um forte mercado interno. O excedente produzido nas colônias inglesas era (modificadas por pressão e temperaturas em eras passadas), representadas principalmente pelo gnaisse ou
comercializado com a Inglaterra. Cada vez mais os colonos ingleses procuravam diminuir o grau de depen- por rochas sedimentares denominadas clásticas.
dência colonial em relação à Coroa inglesa. Rochas efusivas: rochas de origem eruptiva (vulcânica) que se solidificaram rapidamente na superfície, dando
Conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo preservação, manuten- uma textura mais fina a ela. Essas rochas podem alcançar a superfície, derramando-se umas sobre as
ção, utilização sustentável, restauração e recuperação do ambiente natural para que possa produzir o maior outras, quando são denominadas rochas de derrame. Exemplo: derrame de basalto.
benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessida- Rochas metamórficas: rochas pre-existentes que sofrem mudanças pelo aumento de pressão e temperatura.
des e aspirações das gerações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Rochas sedimentares: rochas constituídas de sedimentos produzidos por meio de processos erosivos, que
Ecótonos: áreas de transição entre duas comunidades florísticas, ou seja, possuem elementos dos dois foram removidas e depositadas durante milhares de anos.
ambientes limítrofes, tornando a área um local único e raro do ponto de vista ecológico. Taxas de crescimento demográfico: diferença do número de nascimentos e mortes num determinado ano.
Ecossistema: área territorial razoavelmente homogênea que contém um complexo sistema de relações Uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
mútuas entre os organismos vivos e elementos físicos e químicos do ambiente que interagem entre si, ha- renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos de forma
vendo transferência de energia e matéria entre esses componentes. Os ecossistemas brasileiros são: socialmente justa e economicamente viável.
Amazônico, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampas (também conhecido como Campos do Sul) Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
e a Mata de Araucárias. Bioma, por sua vez, é a classificação em escala global de um conjunto de ecossis- com características naturais relevantes. Legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conser-
temas que apresentam aspectos semelhantes na mesma latitude terrestre, com vegetação, espécies ani- vação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas
mais e tipos de solos influenciados pelo clima e relevo, segundo Ricklefs, 2003. de proteção.
Endêmico: nativo de uma determinada área geográfica ou ecossistema e restrito a ela. Unidade de Proteção Integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interfe-
Erosão: em condições naturais, consiste na degradação, remoção e transporte de partículas de solo ou rência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.
fragmentos de rochas pela ação, combinada ou não, da gravidade com a água, o vento, o gelo e organismos Vazão: a quantidade de água que passa através de determinada seção transversal, por unidade de tempo,
vivos, e posterior sedimentação. constitui a vazão de um corpo d’água.
Escarpas: rampa ou declive de terrenos que aparece nas bordas de planaltos, serras-testemunho etc. Vertentes parciais: pequenos cursos d’água que deságuam diretamente no rio principal.
Espigões: altos ou dorsos das serras, constituindo penhascos de arestas vivas, podendo também apresen-
tar topos de superfícies planas.
Evapotranspiração: conjunto de água evaporada – desencadeado pela radiação solar – proveniente do solo
SIGLAS
ou das folhas das árvores e o vapor d’água da transpiração das plantas. Fapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Granito: rocha fundida e resfriada no interior do globo terrestre e posteriormente elevada à superfície.
FFLCH: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Gleissolos: solos hidromórficos (saturados em água), ricos em matéria orgânica, apresentando intensa
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
redução de ferro.
Horizonte A: camada superior do solo, horizonte mineral com a presença de matéria orgânica mineralizada, sen- IGC: Instituto Geográfico e Cartográfico, ligado à Secretaria de Planejamento do Governo do Estado de São Paulo.
do o horizonte com maior atividade biológica, apresentando coloração mais escura pela presença de matéria IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
orgânica. Dependendo do ambiente em que se dá, pode ter maior ou menor presença de compostos orgânicos. Seade: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados do Estado de São Paulo.

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS
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