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PREPARATÓRIA
HISTÓRIA DE
PERNAMBUCO
PMPE E CBMPE
2023
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BOMBEIROS E POLÍCIA MILITAR
DE PERNAMBUCO
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História
História
Autor:
Júlio Raizer
Curriculum:
Júlio Cézar Raizer Naschke, 40 anos. Escritor,
autor de 8 livros (sendo um deles o Método
Focus de Aprovação) e membro fundador da
Academia Cascavelense de Letras. Graduado
em História pela Universidade Paranaense -
UNIPAR, Campus Cascavel, Especialista em
Neuropsicopedagogia. Tem experiência na
área de História, com ênfase em Historia
Geral, Movimentos Sociais da América
Latina, História do Brasil, e História
Regional. Atuando principalmente nos
seguintes temas: representações de poder,
política, história política, memória e história,
lugares de memória, imprensa, discurso e
manipulação. Professor de História e
Atualidades FOCUS CONCURSOS com
experiência em níveis de Ensino Médio, Pré-
vestibular, ENEM e Concursos Públicos.
Professor desde 2002. Já ministrou aulas de
História, Filosofia, Sociologia, Ciências
Humanas. Em 2013 passou a atuar também
na Educação Digital e com Concursos
Públicos..
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SUMÁRIO
1. COLONIZAÇÃO E OCUPAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO .............................................................................................................. 135
Terras Pré-cabralinas ......................................................................................................................................................................................... 135
Características Socioculturais das populações indígenas............................................................................................................ 135
A Ocupação e a Exploração de Pernambuco........................................................................................................................................... 136
A divisão das Capitânias-Hereditárias ..................................................................................................................................................... 136
A Lavoura Açucareira e Mão de Obra Escrava ...................................................................................................................................... 137
As Invasões Holandesas, 1630, e a Insurreição Pernambucana, 1648................................................................................... 137
Guerra dos Bárbaros ............................................................................................................................................................................................ 138
Guerra dos Mascates em Pernambuco: a Disputa entre Olinda e Recife ............................................................................... 139
As Instituições Eclesiásticas e a Sociedade Colonial ....................................................................................................................... 139
2. BRASIL IMPÉRIO: A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO .................................................................................................................................. 141
Antecedentes da Independência, 1817 ................................................................................................................................................... 141
Pernambuco e a Independência do Brasil .............................................................................................................................................. 142
A Confederação do Equador, 1824 .............................................................................................................................................................. 143
A Revolução Praieira: os ideais socialistas de 1848 ......................................................................................................................... 143
O Tráfico de Escravos ........................................................................................................................................................................................... 143
Herança Afro-Descente em Pernambuco ............................................................................................................................................... 145
3. O ESTADO DE PERNAMBUCO E A REPÚBLICA .............................................................................................................................................. 146
A República Velha, 1889 - 1930 .................................................................................................................................................................... 146
O Voto de Cabresto e Política dos Governadores, 1902................................................................................................................... 146
A Política do Café em Pernambuco .............................................................................................................................................................. 146
O Estado de Pernambuco sob Agamenon Magalhães ....................................................................................................................... 147
A República Populista e o Agamenonismo .............................................................................................................................................. 148
Movimentos Sociais e Repressão Durante a Ditadura Militar, 1964 – 1985........................................................................ 148
Resistência e Abertura Política .................................................................................................................................................................... 148
Processo Político em Pernambuco (2001-2015) ................................................................................................................................ 149
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1. COLONIZAÇÃO E OCUPAÇÃO DO índios seriam massacrados por ordens do governador.
História
em 25 de Janeiro de 1500, entre região do Cabo de Santo com os portugueses. São Tupiniquins, Tupinambás,
Agostinho, sul do litoral do Estado, tenha chego o espa- Tamoios, Caetés, Tabajaras, Potiguaras. Essas tribos ti-
nhol Vicente Pinzón. veram uma incidência maior em regiões litorâneas.
O local, no entanto, é alvo de debates acerca da De outro lado, a categoria dos tapuias era chamada por
localização exata que teria alcançado as embarcações àqueles que não falavam o tupi e estavam localizados
espanholas. Para portugueses teria sido uma região em regiões do sul da Bahia, norte do Espírito Santo,
da Guiana Francesa; para espanhóis o Cabo de Santo
além do Ceará e do Maranhão. Goitacazes, Aimorés e
Agostinho teria sido o ponto de desembarque, suposta-
mente 86 dias antes da Frota de Pedro Álvares Cabral. Tremembés constituíam as tribos de tapuias.
Entre algumas disputas judiciais, o filho de Colombo, Dentro das categorias culturais, os aimorés sem-
Diego, teria perpetrado uma ação contra a Coroa em pre foram descritos de maneira muito distinta pelos
Castela, para que pudesse obter direitos sobre a região. próprios colonizadores. Geralmente atribuía-se uma
Entre 1512 e 1515, vários navegadores foram ouvidos grande eficiência militar e uma rebeldia que os carac-
no intuito de determinar a exata localização da frota. terizava de maneira desfavorável à colonização e a
Algumas supostas hipóteses também levantaram sus- submissão. Nessas categorias, portanto, atribui-se o
peitas sobre ocupações em São Roque, no Rio Grande do fato de que tupis e tupinambás viviam em pequenas
Norte, e Ponte do Seixas, localizada no atual estado da comunidades rodeadas de casas, enquanto que os ai-
Paraíba. morés vivam como animais na floresta. Os aimorés,
Dos dois grandes grupos que aqui se encontravam nesse sentido, apreciavam a carne humana, enquanto
na região de Pernambuco pode-se destacar o famosos que parte dos tupis preservavam rituais de antropofa-
caso do Bispo D. Pero Fernandes Sardinha, o primeiro gia contra inimigos.
bispo do Brasil que viveu entre 1495 e 1556. Quando da Por esses e outros motivos, quando a coroa
criação da Diocese da Bahia em 1551, o bispo exerceu Portuguesa proibia em 1750 a escravização de indíge-
forte influência na região. Quando obrigado a retornar nas, os aimorés e parte das tribos consideradas ‘rebel-
a Portugal sob ordens de D. João III, a nau em que se en- des’ podiam ser escravizadas. Era o princípio da ‘guerra
contrava o bispo naufragou em algum lugar próximo justa’, que permitia a escravização em caso de resistên-
do Rio São Francisco. Os sobreviventes do naufrágio, cia aos objetivos da colonização.
no entanto, foram feitos prisioneiros por índios cae- Em termos de números, acredita-se que a quanti-
tés. Segundo relatos de Frei Vicente, 90 sobreviventes dade de indígenas que aqui se encontravam na época da
e mais o Bispo foram mortos e devorados em rituais de colonização aproximava-se de 2 a 5 milhões. Em gran-
antropofagia. Apenas 1 português e 2 índios foram pou- de parte das tribos tupis, praticava-se a caça, a pesca,
pados. Alguns anos depois, no governo de Mem de Sá, os a coleta de frutas e uma agricultura de subsistência.
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Eram, por excelência, nômades e esgotavam comple- 15 donatários.
Capítulo 01 - Colonização e Ocupação do Estado de Pernambuco
tamente os recursos naturais antes de migrarem para A Capitania de Pernambuco estaria sob o domí-
novas regiões. Para tanto, praticavam e praticaram a
nio de seu Primeiro Capitão-Donatário, Duarte Coelho, e
derrubada de árvores para objetivos de subsistência
e para atender interesses dos portugueses. Já pratica- parte da Capitania de Itamaracá, sob o domínio de Pero
vam as queimadas, além da plantação de feijão, milho, Lopes de Sousa, compreendendo o território entre o Rio
abóbora, mandioca. Pouca ou quase nenhum impor- Igaraçu e o Rio São Francisco.
tância se dava ao comércio, se comparado a Europa. Inicialmente, 1535, a Capitânia de Duarte Coelho
Apesar disso, ouvia-se sobre trocas de mulheres, bens seria denominada de “Nova Lusitânia” e, logo em se-
de luxo. Muitas dessas trocas acabaram por resultar guida, de Pernambuco, nome provavelmente de origem
em diferentes alianças entre tribos. As guerras permi- tupi que significa “furo de mar”. Poderia ainda ser expli-
tiam rituais de antropofagia que eram cultuados atra- cado pelo nome de origem indígena “paranãbuku”, de-
vés da celebração ou simplesmente da vingança, o que signação de “Mar comprido, alto”. Os povoados de Olinda
era mais comum entre tapuias. Por isso geralmente os e Igarassu foram elevados à Vila logo em 1537 com a
rituais de canibalismo eram recheados de simbolismos
e significados. chegada do Donatário Duarte Coelho. Olinda teria sido
Quando da chegada dos portugueses, as conse- elevada a Capital Administrativa e, no entanto, o porto
quências foram catastróficas para as tribos indígenas. de pescadores locais fundaria a futura cidade de Recife.
O europeu ao mesmo tempo em que respeitado, passou As Vilas de Igarassu e Olinda estão presentes
a ser temido e odiado pela destruição gradativa da cul- entre os primeiros núcleos urbanos e de ocupação do
tura do indígena. Ou o índio se submeteu, portanto, ou Brasil. De lá sairiam as primeiras expedições que des-
foi submetido à força pelo poder do colonizador, devas- bravariam o sertão Nordestino e alcançando o Rio São
tando culturas inteiras. Isso quer dizer que parte da cul- Francisco. As primeiras expedições foram lideradas
tura indígena se mesclou ao comportamento do coloni- pelo filho do então Donatário da Capitania, Jorge de
zado, resultando numa mistura de culturas que marcou
Albuquerque. A primeira atividade produtiva da colônia
tipicamente nosso país.
também surgiria em meio a ocupação e ao desenvol-
vimento da região, buscando o plantio do algodão e do
A Ocupação e a Exploração de Pernambuco açúcar, levando a instalação dos primeiros Engenhos.
Por esse motivo, Pernambuco foi considerada uma
Comumente associamos a colonização do Brasil das poucas Capitanias, ao lado de São Vicente, que de
em 3 fases distintas: a fase do ‘Descobrimento’ em fato trouxeram resultados, ‘deram certo’. Considerada
1500 ao Reconhecimento e Instalação das Capitanias a mais próspera e mais influente das Capitanias,
Hereditárias até 1549; a fase que vai da instalação do Pernambuco foi capaz de tornar-se o polo irradiador do
Governo-Geral em 1549 até a eclosão de movimentos açúcar, motivo que, posteriormente, a colocará no alvo
como a Inconfidência Mineira em 1789-90; e a crise do
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ou alugar as terras. Podiam distribuir sesmarias, que na No aspecto do indígena a escravização colocou
História
cos. A Holanda tinha, acima de tudo, a responsabilidade
sibilita a vinda de força de trabalho livre, mas encontra do investimento, do refino, do transporte e da comer-
alta rentabilidade no escravo negro. Isso porque o negro cialização do produto na Europa, devido a carência de
era visto como mercadoria, esta que gerava lucros, cir- investimentos Portugueses. Isso irá possibilitar que a
culação de mercadorias, cobrança de impostos, interes- Holanda enquanto parceira comercial da coroa portu-
sada a todas as partes envolvidas, além de uma capaci- guesa permaneça com amplos interesses até o controle
dade produtiva muito superior a do indígena. Apesar de dos territórios metropolitanos e coloniais por parte da
ter sido deixada de lado, a mão-de-obra do índio nunca
Espanha. Era o início da União Ibérica ou Hispania, pe-
deixou de ser usada, inclusive em períodos de escas-
ríodo relacionado a crise de sucessão do trono portu-
sez do negro (uma brecha de escravização pelo fato da
guês pelo desaparecimento de dois Reis D. Sebastião
guerra justa).
(que desaparece numa batalha no Marrocos sem dei-
xar herdeiros) e seu sobrinho D. Henrique (que também
Mão-de-obra Escrava: indígena ou negra? deixa o trono sem herdeiros)
O período da Hispania, de 1580 a 1640, representa
Acrescido ao desenvolvimento explorador e para o Brasil e Portugal um período bastante conturba-
agrário no Brasil veio também a força de trabalho: a do e que afeta diretamente os privilégios na produção
mão-de-obra. Nesse sentido, em terras brasileiras açucareira e gera como consequência a tomada dos ter-
houve a predominância do trabalho de tipo escra- ritórios brasileiros pela Holanda (Invasões Holandesas,
vo. Para sintetizar os fatores que levaram ao proces- 1630 - 1654) e o declínio da produção do açúcar e sua
so de escravidão vale destacar que a força de trabalho respectiva substituição pela economia aurífera.
assalariada não era uma opção viável em territórios Dentro desse contexto, os Países baixos con-
recém-descobertos. quistaram sua independência da Espanha e viram
Todavia, o que explica o fato da preferência pelo na possibilidade de adquirir o controle do açúcar pela
escravo e pelo negro? Houve, portanto, uma preferên- Capitania de Pernambuco. Tradicionais inimigos da
cia inicial pelo escravo indígena e que passou, poste- Espanha, os Holandeses buscaram na Bahia uma pri-
riormente, ao negro. Essa passagem foi concretizada de meira tentativa de invasão, essa fracassada em 1624.
fato pela economia açucareira no Nordeste da colônia. As invasões Holandesas foram o maior conflito político-
Entretanto, em todo o período de desenvolvimento açu-
-militar da Colônia.
careiro no Nordeste houve saltos e sobressaltos entre
Os holandeses desembarcaram a partir de uma
a mão-de-obra escrava indígena e negra. Nas regiões
esquadra com 66 embarcações e mais de 7 mil homens
mais periféricas como São Paulo o trabalho indígena
em direção a Pernambuco. Em 1629 os Holandeses
ainda predominou de maneira mais indireta.
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desembarcaram na praia do Pau Amarelo e fundaram Tejucupapo em que mulheres camponesas pegaram em
Capítulo 01 - Colonização e Ocupação do Estado de Pernambuco
a colônia de Nova Holanda. A resistência portuguesa foi armas contra os invasores. Esse episódio foi marcado
pequena e permitiu a instalação dos invasores na re- pela primeira participação da mulher em defesa do ter-
gião do Istmo que liga a cidade de Recife e Olinda. A par- ritório brasileiro.
tir desse contexto, as invasões foram caracterizadas No entanto, foi só em 1648 que os holandeses
em 3 períodos distintos: avançaram ao cerco dos bravos camponeses que resis-
Entre 1630 a 1637, ocorreu uma chamada de guer- tiam, eram as duas Batalhas de Guararapes, a primeira
ra de Resistência que permitiu a hegemonia holan- ocorrida em Cabo de Santo Agostinho pelo rompimen-
desa sobre as regiões do Ceará e do Rio São Francisco. to do cerco e a segunda quase um ano mais tarde, em
A figura icônica dos conflitos recaiu sobre Domingos 1649. Os holandeses serão cercados e permanecerão
Fernandes Calabar, nascido em Porto Calvo, região atu- até 1654 pressionados pela brava resistência dos luso-
al de Alagoas, que conhecia os terrenos e que apoiou a -brasileiros. As últimas defesas foram perpetradas e
causa dos invasores, traindo as forças luso-brasileiras, os invasores foram rendidos. Em 24 anos de invasões,
até que foi preso e executado. em quase 62 horas de negociações os holandeses assi-
O período de 1637 a 1644 é marcado por um rela- naram a rendição em 27 de Janeiro de 1654, entregando
tivo desenvolvimento e incentivo a produção do açúcar as chaves da cidade maurícia aos vitoriosos Insurretos
por intermédio do Conde e Príncipe Holandês Maurício Pernambucanos.
de Nassau. Suas medidas políticas resultaram em uma Pode-se considerar que a vitória dos insurretos
relação de vínculos com a política local, comprando an- tenha caracterizado um marco de desenvolvimen-
tigos engenhos abandonados e incentivando a produção to do espírito nacional do Brasil, permitindo ao Estado
do açúcar. O período de Nassau foi o de maior desenvol- de Pernambuco palco de futuras sublevações, con-
vimento e tolerância, inclusive aos católicos e judeus. O testações e movimentos de ideias e assumindo um
judaísmo foi permitido e a arquitetura de Olinda e Recife caráter de polo de resistência no Nordeste, a exemplo
fortemente marcada por influências judaicas. Das re-
das rebeliões da Revolução Pernambucana em 1817, da
formas feitas na cidade de Recife, permitiram que fosse
Confederação do Equador em 1824 e a Praieira entre
elevada a Capital da Capitania. A grande vinda recepção
de artistas, intelectuais foi uma das marcas de Nassau. 1848 e 1850.
Por conta de desentendimentos com a Companhia das “A Fronda dos Mazombos” obra do historiador
Índias Ocidentais, Nassau voltou à Europa em 1644. brasileiro Evaldo Cabral de Mello demonstra como a
No terceiro, e último, período de Invasões resistência dos insurretos foi primordial para a expul-
Holandesas a guerra de reconquista foi a marca deixada são dos holandeses. Quase 50 anos após a insurreição,
pelos luso-brasileiros. Com o fim do período de domina- descendentes dos bravos insurretos promoveram uma
nova sublevação, agora contra o governador do Estado
ção Espanhola sobre Portugal, os territórios brasileiros
do Pernambuco entre 1707 e 1710, Castro e Caldas. Os
foram aos pouco sendo reestabelecidos, com amplo
motivos estão ligados a Guerra dos Mascates, entre 1710
destaque ao processo de Reconquista em Pernambuco
História
e 1711.
entre os anos de 1645 e 1654. Dom João IV, rei de Portugal
da dinastia de Orleans e Bragança, impôs a mudança
nas relações políticas entre os países. Nesse período, a Guerra dos Bárbaros
revolta contra os holandeses teve força com as figuras
de André Vidal e João Fernandes Vieira, além do ne- O conjunto de conflitos e rebeliões que envol-
gro Henrique Dias e o índio Filipe Camarão. Algumas veram de um lado indígenas da tribo dos tapuias e os
conquistas foram feitas nas regiões costeiras até que colonizadores portugueses dá-se o nome de Guerra dos
a vitória dos portugueses começou a mudar os qua-
dros da invasão, era a Batalha de Guararapes em 1648 Bárbaros. Elas de fato ocorreram a partir do ano de 1683
e estiveram inseridas dentro do contexto das chama-
e 1649. Começava a Insurreição Pernambucana contra os das Guerras Justas. Após a expulsão dos holandeses do
Holandeses. território brasileiro, os portugueses puderam retomar
Alguns anos antes, em 1645, o Engenho de São suas atividades e a expansão colonial para além das
João reuniu 18 líderes Pernambucanos que estavam fazendas de açúcar. Muitas tribos indígenas, inclusive,
dispostos a lutar contra os invasores Holandeses, após haviam sido aliadas as tropas holandesas, oferecendo
a saída de Nassau do governo no Brasil. A partir de um maior resistência aos objetivos dos portugueses.
compromisso assinado entre os brasileiros, a resis- Várias expedições comandadas por
tência começava. A primeira vitória foi no Monte das Bandeirantes, a exemplo de Domingos Jorge Velho, fi-
Tabocas, localizado atualmente no município de Vitória zeram verdadeiros massacres contra a população na-
do Santo Antão, em que 1200 insurretos municiados de tiva. Como resposta, várias etnias do sertão Nordestino
armas de fogo, foices, e ferramentas derrotaram 1900 reuniram-se em torno de Confederações, como a que
ocorreu no Sudeste com os Tamoios, resistindo brava-
holandeses bem preparados e armados. Antônio Dias
mente ao processo de dominação. Essas alianças foram
Cardoso recebeu a alcunha de Mestre das Emboscadas. chamadas no Nordeste de Confederação dos Cariris ou
Preponderante foi a presença de índios, negros Confederação dos Bárbaros. Nesse contexto, o papel do
para derrotar os holandeses, que seguiram para a re- Bandeirante foi de primordial importância: na desin-
sistência em Casa Forte. Olinda, por fim, foi retomada tegração de Quilombos, verdadeiros focos de resistên-
pelos rebeldes e a insurreição, o levante de pernam- cia indígena que se formaram ao longo da História do
bucanos, pressionava os holandeses cada vez mais ao Brasil, com destaque para o líder Zumbi dos Palmares,
interior. Olinda fora retomada e os invasores estavam e, em segundo lugar, nos conflitos envolvendo alianças
encurralados e sem alimentos numa faixa de terra que entre grupos indígenas. A Confederação dos Bárbaros
ia de Recife a Itamaracá. Em 1646 ocorreu a Batalha de seria desintegrada em 1713 e contou com etnias de
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janduís, paiacus, caripus, icós, caratiús e cariris, todas terras acabara por se sujeitar ao poder econômico dos
História
apenas uma Comarca subordinada à cidade de Olinda.
A situação se complicou quando Recife foi emancipada ve a formação de uma elite branca, pautada no poder
politicamente, contrapondo os ideais de uma burguesia econômico da terra, mas sem a formação de uma aris-
estrangeira lusitana com a população latifundiária bra- tocracia de sangue, hereditária.
sileira local. No aspecto livre abriam-se precedentes para
A situação piorou quando latifundiários endivi- a formação de várias classes distintas: roceiros, pe-
quenos lavradores, camponeses. Apenas a descoberta
dados pela crise do açúcar viram a cidade de Recife al- do Ouro foi capaz de quebrar a lógica desse sistema de
cançar a emancipação político-administrativa pelo Rei organização. A economia da sociedade aurífera teria
de Portugal. Em 1710, no entanto, os senhores de enge- se diferenciado da estrutura de organização social es-
nho liderados por Bernardo Vieira de Melo se rebelaram tabelecida no Nordeste. Fatos que reforçam esse argu-
contra os ricos comerciantes de Recife. Desamparados mento demonstram uma sociedade muito mais dinâ-
muitos deles fugiram e a situação só foi contornada mica, de composição social diferenciada e, sobretudo,
por tropas portuguesas que chegam a Pernambuco. de classe média mais larga, devido ao aumento de ati-
Os membros da aristocracia rural foram liderados pelo vidades paralelas no circuito do Ouro.
Capitão-mor Pedro Ribeiro da Silva, reforços vieram A sociedade aurífera foi de fato a grande contri-
de Afogados, São-Lourenço, Olinda, sob o comando buinte para o primeiro fluxo migratório (e imigratório)
de Leonardo Cavalcanti e seu Filho Bernardo Vieira para o Brasil, tendo aproximadamente 600 mil pessoas
Melo. A situação tornou-se caótica com a demolição do chegando a região das Minas. Mas não pensemos que
Pelourinho em Recife, a destruição da Carta de Foral e isso facilitou a exploração, justamente pela caracterís-
a libertação de presos ligados ao governador mascate tica da sociedade ter sido marcada pela restrição e cir-
Sebastião Caldas Barbosa. Houve reação por parte de culação de pessoas em Minas Gerais. A coroa portugue-
Mascates e a cidade de Olinda foi invadida, desenca- sa havia dispendido interesses no ouro e o contrabando
deando incêndios e destruição de engenhos. Ao final deveria ser evitado. Para tanto se criou a Intendência
dos atritos, houve a nomeação de um novo governador, das Minas, que administrava, fiscalizava e tributava
Félix de Mendonça, e tropas vindas da Metrópole e da a exploração do ouro. Toda descoberta deveria ser co-
Capitania da Bahia apoiaram a burguesia e puseram municada as autoridades que demarcavam os espaços
fim aos conflitos. Em 1711, Recife garantia sua autono- e lotes, que passavam a chamar lotes. Deveria se com-
mia política e tornava-se a Capital da Capitania. provar um número de escravos para poder candidatar-
O simbolismo da rebelião da Guerra dos Mascates -se ao sorteio das minas. Posteriormente as Casas de
pôde demonstrar a capacidade produtiva em crise que Fundição, instaladas por toda a Coroa, deveriam tribu-
acabou por gerar uma massa de endividados pelas re- tar e selar o ouro que seguia para a Europa. Todo ouro
lações do comércio. Parcela de grandes proprietários de natural ou em pepita era proibido de circular.
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A cobrança de impostos realizada pela Coroa de- numa espécie de Irmandade ou Confraria, permitindo
Capítulo 01 - Colonização e Ocupação do Estado de Pernambuco
veria estabelecer o Quinto (20%) de tudo que se extraia assim os indígenas também uma forma de inserção no
da Mina, além da Capitação, impostos que deveria ser mundo social e religioso. Dessa forma, os primeiros re-
cobrado em cima das cabeças de escravos que traba- ligiosos que chegaram ao Brasil foram os Franciscanos.
lhavam nas Minas. No caso de extração em faisqueiras Ordem já estabelecida em Portugal, os franciscanos es-
(ouro encontrado na margem das montanhas e dos rios, tiveram presentes nas embarcações que descobriram o
portanto mais barato) o explorador pagava imposto novo Mundo. No aspecto de colonização e evangeliza-
sobre ele mesmo e seus trabalhadores. Arrecadas im- ção do gentio aconteceu bastante tardiamente, somen-
postos e organizar a sociedade das minas foi o objeti- te em 1580. A eles também se juntariam beneditinos e
vo da Coroa Portuguesa no Brasil. Para tanto, Ordens carmelitas.
Militares foram criadas com intuito de cercear a cir- Não obstante, foram apenas com os Jesuítas que
culação de indivíduos nas Minas. Foram estabelecidas a formação da cristianização ganhou mais poder, maior
juntas e ouvidores que poderiam intervir em determi- consistência. Chegaram ao Brasil em 1549, já no gover-
nados casos e milícias armadas que poderiam enfren- no de Mem de Sá, fundando a Companhia de Jesus ao
tar casos de emergência. No entanto, isso não acabou lado de Manuel da Nóbrega, importante jesuíta portu-
com o contrabando. Caso das Ordens Religiosas, que guês. Os Jesuítas fundaram também uma Escola, com a
mesmo impedidas de entrar nas regiões das Minas, função de catequizar os indígenas. Suas primeiras mis-
conseguiam contrabandear ouro em Pó em imagens de sões se prestaram a aprender a língua tupi-guarani. Por
Santos para a Europa. volta de 1575 foi inaugurado um grande Colégio Jesuíta
Esse contexto, portanto, nos leva a pressupor que em Olinda, em que eram ministradas aulas de ler, escre-
a sociedade aurífera não tenha sido necessariamente ver e algarismos.
mais rica que outras formas de exploração. Pelo con- A Ordem Jesuíta, fundada na Europa por Inácio
trário, o ouro gerava riqueza e aumento de preços, dado de Loyola em 1534, permitiu a formação de um cotidia-
a sua amplitude e o seu aumento de produção agríco- no no Brasil destinado a filhos de índios, mestiços e até
la e de comércio de produtos. Os produtos chegavam a de um chefe. Recitavam orações, disciplinavam os fiéis
custar 50 vezes mais que em outras regiões da Colônia. através de rituais de autoflagelação às sextas-feiras, se
Poucos enriqueceram, mas permitiram uma socieda- confessavam pelo menos 1 vez por semana, além de sair
de mais flexível e que, inclusive, importará ideias da para pescar e caçar.
Europa, ideais esses que serão essenciais para os movi- A situação, no entanto, alterou-se consideravel-
mentos de emancipação e independência. mente com a anexação de Portugal à Espanha na União
Fator principal que nos leve a constituir a região Ibéria, 1580 a 1640. Os Franciscanos, por exemplo, di-
140 das Minas como uma sociedade mais dinâmica é o fa- recionaram-se ao litoral Nordestino, no Rio Grande do
tor que propulsiona um número maior de movimentos Norte e Alagoas. Próximos aos Senhores de Engenho,
de resistência e de contestação aos impostos cobrados realizavam missas, batismos e casamentos em capelas
pela coroa Portuguesa. Até o período de instituição da comunitárias. Estavam, nesse sentido, mais ao lado dos
História
sociedade açucareira, séc. XVI, a coroa Portuguesa ago- brancos do que dos indígenas.
ra administrada pela dinastia dos Orleans e Bragança Com a massiva integração do negro ao traba-
foi responsável por esgotar as formas de cobrança de lho nas fazendas de açúcar, grande parte das Ordens
impostos, levando a população a se revoltar contra o Religiosas começou a buscar refúgio cada vez mais no
autoritarismo do Rei. Em nada, portanto, esses mo- interior. Chegaram levas de capuchinhos franceses e
vimentos tiveram de ideais radicais, de movimentos oratórios italianos, que puderam pregar mais próxi-
ideológicos bem definidos. Essa série de movimentos mos da população simples, humilde. A Ordem Jesuíta foi
será chamada de Nativistas por esse principal Motivo. a quem conseguiu o importante feito em relação a es-
Em muitos aspectos estiveram relacionados a revoltas cravização do indígena, o que não impediu constantes
de Quilombos, com escravos fugidos, e revoltas como conflitos entre colonos e missionários e que levaram a
a dos Beckman no Maranhão, em 1642; a dos Mascates revoltas em Escolas Missionárias de São Paulo, Santos e
entre Olinda e Recife, em 1710-11; em 1709 a Guerra dos Rio de Janeiro. Foi nesse período que um grande número
Emboabas pelo controle das regiões das minas entre de Missões Jesuíticas foi atacado por levas de colonos e
Paulistas de um lado e Estrangeiros de outro; e, por úl- bandeirantes em regiões entre o Paraguai, o Paraná e o
timo, a Rebelião de Filipe dos Santos em 1720. Todos eles Rio Grande do Sul.
apresentam em comum o fato de terem se revoltado Diferentes de Ordens Religiosas, grande desta-
contra o abuso da cobrança de impostos e pela criação que também se deu para Irmandades ou confrarias. Elas
de Companhias de Comércio que monopolizavam a dis- apresentavam caráter de associações locais de auxílio
tribuição de produtos em certas regiões. à Igreja, promovendo grande clamor social e desem-
No aspecto religioso, os súditos da Coroa eram penhando tarefas que muitas vezes estavam longe da
católicos, oscilando entre os mais e menos fervoro- alçada do governo português. Fundaram abrigos para
sos. Haviam judeus que foram obrigados a converter- meninos pobres, recolheram meninas órfãs, criaram
-se ao catolicismo, eram os chamados cristãos-novos. Casas de Misericórdia. Auxiliavam ainda em festas que
Sempre compuseram uma camada social de merca- buscavam devoção a Santos, essa era sua finalidade
dores, artesãos, senhores de engenho, além de cargos específica. Grupos de brancos, negros e mulatos se reu-
eclesiásticos e civis. Por esse motivo, em Pernambuco niam em torno de cultos e capelas. Festas de padroeiros
a determinação era de apenas aceitar cristãos velhos eram organizadas com a finalidade de integrar grande
para determinados cargos, dada a grande incidência de parcela de leigos da população. Ruas e Igrejas eram de-
judeus oriundos das Invasões Holandesas. coradas com a finalidade de integração da comunidade.
O aspecto religioso servira, portanto, ao prin- Procissões eram bastante comuns nesses tipos de fes-
cípio de identidade que começava a se entrelaçar no tas e arranjos.
Brasil. Era uma forma de inserção no grupo social,
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açúcar produzido no Brasil desde o século XVI.
Questões c) após a conquista de Pernambuco, os holandeses
Gabaritadas conquistaram a Bahia em 1654.
d) os holandeses abandonaram o comércio do açú-
História
a colaboração dos luso-brasileiros. Sobre o governo e) fundação da câmara Municipal do Recife.
de Nassau, analise as proposições abaixo.
I. Fundou, no interior da capitania, o Arraial do Bom GABARITO
Jesus para concentrar a resistência holandesa e,
usando a tática de guerrilha, minar a resistência 1 2 3 4 5
dos pernambucanos. B A B B B
II. A Companhia das Índias Ocidentais concedeu
créditos aos senhores de engenho para o reapare- 6 7 8
lhamento das propriedades, a recuperação dos ca- C C E
naviais e a compra de escravos.
III. Nassau estimulou a vida cultural e investiu em
obras urbanas, nos domínios holandeses. A cidade
do Recife foi beneficiada com a construção de casas, 2. BRASIL IMPÉRIO: A PROVÍNCIA DE
pontes e obras sanitárias. PERNAMBUCO
IV. Embora o objetivo dos holandeses fosse o de ex-
pandir sua fé religiosa, o luteranismo, outras religi-
ões foram toleradas, exceto o judaísmo. Antecedentes da Independência, 1817
Está CORRETO o que se afirma em
A) I e II, apenas. No contexto do Império, a Província de
B) II e III, apenas. Pernambuco foi protagonista antes e depois do proces-
D) II, III e IV, apenas. so de Independência, ou seja, em Pernambuco houve
C) I, II e III, apenas. um movimento liderado por protagonistas interessa-
E) I, II, III e IV. dos na emancipação da região antes mesmo do corte
das relações com a Metrópole, era o início da Revolução
5. A invasão Holandesa a Pernambuco em 1630 es-
tava diretamente ligada à questão da indústria açu- Pernambucana em 1817 e, mesmo após o Brasil eman-
careira. Sobre essa realidade, assinale a alternativa cipado, ares revolucionários envolveram a então
CORRETA: Província de Pernambuco na Confederação do Equador
a) os holandeses decidiram se lançar, pela primeira em 1824, que buscaram juntamente com as Províncias
vez, à produção do açúcar, produto com amplo espa- de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte
ço no mercado europeu. a Proclamação de uma República separa do resto do
b) os holandeses já participavam do comércio do Brasil.
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Os antecedentes destes amplos movimentos po- protagonista da Confederação do Equador de 1824. Isso
dem estar relacionados ao passado mais próxima da demonstra o caráter relativamente heterogêneo dos
Província, inserido dentro do jogo de disputas e reações conflitos, permeados tanto por setores de alta classe
que foram ocasionadas desde as Invasões Holandesas, quanto a defesa de um princípio de igualdade almejado
Capítulo 02 - Brasil Império - A Província de Pernambuco
passando pela Guerra dos Bárbaros e permitindo a re- por classes mais baixas e também escravos. No entan-
gião um amplo movimento de inspiração liberal, pre- to, a revolta pode se traduzir num sentimento bastante
cursor em todo o Brasil. comum: o antilusitanismo. Tratava-se de acabar com
A cidade de Olinda por volta de final do século os mandos e desmandos da Centralização Política, pelo
XVIII já apresentava sinais de influências liberais e re- menos para a elite latifundiária. Exceção de Domingos
volucionárias. Inspirados no Iluminismo, essas ideias Martins era a representação do Abolicionismo, porém
alcançaram repercussão com Manuel Arruda Câmara não se constituía como regra do movimento. Até uma
que fundou em 1796 a primeira Loja Maçônica do Brasil, lei orgânica fora implantada nos 3 Estados, discutindo a
localizada no município de Itambé. Foi o início do mo- igualdade de direitos e a tolerância, no entanto, a escra-
vimento da Conspiração dos Suaçunas. A Maçonaria foi vidão permanecia mais como mera exceção. Um apoio
uma instituição que ganhou amplo destaque na con- externo que deveria vir por intermédio dos Estados
testação dos regimes Absolutistas na Europa, e quando Unidos, com armas e munições até chegou a ser cogi-
chegou ao Brasil foi importante no conjunto de ideias tado, porém, a ajuda chegara tarde demais e os revolto-
que buscaram a contestação da condição do Brasil en- sos já se encontravam sitiados pelas tropas reais. Dois
quanto Colônia de Portugal. Foram essas ideias atre- meses e meio de conflitos foram capazes, entretanto, de
ladas a determinados grupos no Brasil que fizeram deixar profundas marcar (novamente) no Nordeste.
eclodir movimentos revolucionários, chamados de
Movimentos Separatistas, sobretudo àqueles que bus- Pernambuco e a Independência do Brasil
caram questionar a autoridade do Rei de Portugal sobre
o Brasil. Até meados do século XVIII, a região de
Por esse motivo, grande parte dos protagonistas Pernambuco permitiu o amplo desenvolvimento eco-
das futuras rebeliões do Estado de Pernambuco es- nômico da Colônia, bem como um importante mo-
teve ligada ao movimento dos Suassunas, como os ir- vimento intelectual, pertinente aos movimentos
mãos Cavalcanti, donos do Engenho Suassuna que deu Emancipacionistas. Nesse contexto, é destaque a im-
origem a Conspiração. Em 1801, houve um processo de portância de precursora de inúmeros movimentos em
delação dos envolvidos que acabou por levar ao fecha- outras Províncias, como o Ceará, o Sergipe, Alagoas,
mento da Loja Maçônica. Paraíba, Rio Grande do Norte. Pernambuco só estava
142 Seria um erro, no entanto, supor que as ideais atrás da Capital do Império, o Rio de Janeiro. Nos ideais
teriam terminado com a Conspiração revolucionária Abolicionistas, seu principal líder Joaquim Nabuco, di-
dos irmãos Cavalcanti, principalmente por conta das fundiu suas manifestações por Pernambuco, símbolo
repercussões da Revolução em 1817. Também conheci- de orgulho e libertação na história do país.
História
da como Revolução dos Padres, o movimento serviu de A crise do açúcar e dos Engenhos recai quase ime-
contestação aos poderes instituídos pela presença da diatamente ao desenvolvimento da região Nordeste,
Coroa Portuguesa no Brasil, era o contexto do Período permitindo uma maior resistência aos movimentos em
Joanino, de Dom João VI, pai de Dom Pedro I. Permeada pro da Independência, resistindo bravamente e contes-
pelos ideais Iluministas e liberais, a Revolução de 1817 tando os valores políticos da sede do governo. No con-
buscava contestar o absolutismo Português e criar texto da Independência, os conflitos tiveram início em
uma território nordestino separado do resto do país. Foi 1821 e duraram até meados de 1823. Iniciada, portanto,
o primeiro movimento conspiratório do período colonial antes do dia do Fico, a luta pela independência do Brasil
que alcançou resultados mais concretos. Uma assem- permitiu a criação de figuras e mártires que fizeram do
bleia constituinte foi convocada e declarada a partir de movimento a resistência de um governo Provisório em
um governo provisório que proclamou a República no todo o Nordeste e que permitiu a criação de figuras e
Nordeste, envolvendo 3 grandes Estados: Pernambuco, mártires na história do Brasil.
Paraíba e Ceará. Na Província da Bahia, entretanto, do lado dos
Fora, portanto, no período da presença da Corte portugueses, fora nomeado governador das Armas da
no Rio de Janeiro que ventos de independência chega- Província o comandante Madeira de Melo. Veterano nas
ram primeiramente a Pernambuco. Os pesados impos- lutas contra Napoleão na Europa e bom conhecedor do
tos a qual estavam submetidos serviram de estopim Brasil, Madeira chegou a negar propina para baixar as
para os objetivos da Confederação. Vários desconten- armas e permitir a independência, mesmo sob ordens
tamentos serviram para que o sentimento da popula- de D. Pedro I. Quando exigida foi à rendição dos bra-
ção do Nordeste, distantes do poder central no Rio de sileiros, a resistência encontrou voz em um dos mais
Janeiro, servissem de pretexto para as contestações. conhecidos líderes que o Brasil viria conhecer: o cirur-
Abrangeu, acima de tudo, várias camadas sociais, desde gião Francisco Sabino, precursor de outra revolta de
militares e proprietários de terra até um grande núme- caráter Regencial em 1837, a Sabinada, que contou com
ro de sacerdotes. Um grande número de comerciantes apoio de escravos para também formar um República
também mantinha parte dos atritos com estrangeiros Baianense.
vindos de Portugal, sinônimo de que as divergências Mártires tão importantes para a História do
desde a época dos Mascates ainda se mantinha entre Brasil, a guerra de resistência brasileira produziu em 7
Olinda e Recife. Apesar da escravidão mantida no pro- de janeiro de 1823 a batalha decisiva para as tropas lu-
cesso revolucionário, importantes líderes fizeram par- sas, totalizando 500 mortes no lado português. Dessa
grande batalha em Janeiro, iria imortalizar e oficializar
te da Revolução de 1817, entre eles Domingos Martins,
a independência dos conflitos que se deram em torno
Antônio Andrada e Silva e Frei Caneca, importante
da independência, fato esses que levaram a constituir
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a memória dos bravos soldados que resistiram até o dia novembro de 1825. A sedição teve consequências pe-
2 de julho de 1823. O exército vitorioso era composto de sadas sobre seus principais líderes, condenado a morte
homens descalços, quase nus, mostrando na miséria de Frei Caneca, João Ratcliff e ainda Agostinho Cavalcantti.
sua população a grandeza de seus sacrifícios. Quando Como punição pela sedição dos revoltosos, o Imperador
História
priamente dito.
Permeadas agora por ideais Republicanos, antiportu- No entanto, não podemos atribuir o caráter ex-
gueses e Federativos, a Confederação foi tomando forma clusivamente socialista aos manifestos. Grande parte
e adquirindo cada vez mais poderes descentralizados, das reinvindicações se dava pela perda do controle da
objetivo das Províncias do Nordeste. província por setores mais conservadores, englobando
Cipriano Barata e Frei Caneca foram importantes assim também senhores de Engenho ligados ao partido
protagonistas da sublevação contra o poder de D. Pedro Liberal. Aproximadamente 2500 homens atacaram a
I. Os Irmãos Andradas também passaram a criticar ve- cidade de Recife e foram derrotados. As lutas sob a égi-
ementes as medidas adotadas pelo Imperador através de de guerrilhas acabariam por terminara apenas em
do destaque que se deu época para a participação da 1850, dois anos depois.
Imprensa nesse processo. Das figuras republicanas aparecia Borges da
Algum tempo depois de promulgada a Fonseca, que destaca entre os praieiros o interes-
Constituição, Cipriano foi preso e enviado ao Rio de se de um modelo federalista, contrário à manutenção
Janeiro, onde ficaria detido até 1830. Frei Caneca, de do Poder Moderador e à expulsão dos portugueses.
origem humilde, proveniente das ruas do Recife, mas Propostas mais radicais, defendida por parte de comer-
ciantes, demonstravam um liberalismo mais radical
educado nos moldes liberais através do Seminário de
que as simples reformas ou mudanças. O que a Praieira
Olinda, se tornaria implacável intelectual em defesa da
buscava era uma nacionalização do comércio a varejo,
revolução.
que então era monopolizado por portugueses. De resto,
O estopim para a Proclamação da Confederação
as novidades também se concentravam em defesa do
foi a nomeação de um governador pelo Imperador. Em
2 de julho de 1824 surgia a Confederação inspirada nos sufrágio universal, e ainda sem caráter etário ou censi-
ideais da Constituição da Colômbia. Seu chefe fora tário, ou seja, sem depender de uma determinada renda
Manuel de Carvalho. Além de Pernambuco agregava como determinava a Constituição de 1824.
sob a forma federativa as Províncias da Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, além do Pará e Piauí. O movi- O Tráfico de Escravos
mento de 1824, no entanto, foi de caráter mais popular, o
que repercute seu caráter mais urbano e libertário que Recentes pesquisas sobre o tráfico de escra-
em 1817. Até mesmo alguns estrangeiros engrossaram vos para o Brasil demonstraram que o Estado de
as filas do movimento. Pernambuco e, especificamente, a região de Olinda
No entanto, sem muitas possibilidades de re- e Recife concentraram o 5º maior centro mundial de
sistência, foi derrotada quase que por completo em tráfico negreiro. O que se pode afirmar com certeza é
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que pelo menos quase 1500 viagens foram efetivadas conseguiu evidente constituir uma ideia sobre o im-
até o porto de Recife em quase 3 séculos de comércio. pacto negativo da escravidão: dizia que atrapalhava
Muito dos recursos provenientes do comércio teriam a economia, impedia o progresso, impedia o caráter e
sido angariados pelas fazendas de açúcar, o que expli- desmoralizava instituições, rebaixava a política e im-
Capítulo 02 - Brasil Império - A Província de Pernambuco
ca a alta incidência do número de escravos para a re- pedia imigrações, desonrava o trabalho, impedia o apa-
gião. Entre os anos de 1801 e 1851 pode-se inferir que recimento da indústria, desviava capital pra outros se-
houve o maior contingente de escravos que chegaram tores e afastava as máquinas, além de propagar o ódio
até Pernambuco na sua fase de maior intensidade. entre as classes sociais.
Acredita-se que aproximadamente 850 mil, dos 4 mi- No aspecto político, a luta de Nabuco contribuiu
lhões de escravos do Brasil, tenham desembarcado em no sentido de enriquecer as discussões sobre o pa-
Pernambuco, algo em torno de 5 mil por ano. Essa alta pel das instituições, já que contribuiu decisivamente
incidência confirma fortes suposições de pudesse ha- para o desenvolvimento do Federalismo. Imaginava
ver um circuito triangular da África para o Brasil e, em ele que o poder deveria se descentralizar, permitindo
seguida para a Europa, ou seja, um mesmo navio que às Províncias relativa independência, mesmo que para
transportasse manufaturas, traria em contrapartida isso defendesse uma Monarquia Federalista. A ideia de
também escravos que eram ‘descarregados’ em portos centralização, segundo ele, pesava sobre as diversas
brasileiros. regiões e contribuía para aumentar dissidências entre
O que, no entanto, fez com que o tráfico de escra- Conservadores e Liberais, a exemplo da Confederação
vos fosse contestado incialmente em Pernambuco? do Equador, da Farroupilha, da Praieira. Devido ao enor-
Para começar, é evidente que as concep- me alargamento das regiões no país, um regime federa-
ções Monarquistas não foram empecilho para que o lista só viria a contribuir para o desenvolvimento.
Pernambucano Joaquim Nabuco, grande defensor do Nesse sentido, pode-se afirmar que a convicção
Abolicionismo, pudesse colocar em prática suas refe- de Nabuco era de fato Monarquista, mas antes de qual-
ridas teorias e, mesmo assim, educado em uma famí- quer dúvida, um liberal convicto que contribuiu deci-
lia de escravocratas tenha respirado ares em prol da sivamente para o enriquecimento de discussões que
libertação. tornaram e aceleraram o processo de Proclamação da
Entendia ele que grande parte dos problemas en- República.
frentados pelo Brasil decorria da utilização do traba- Portanto, pode-se afirmar que a tradicional dis-
lho escravo. No entanto, sua manutenção deveria ser cussão sobre a questão abolicionista por Nabuco con-
feita de maneira gradativa, baseada em uma espécie tribuiu decisivamente para permitir discussões sobre
de consciência nacional dos benefícios que isso traria o cotidiano, o meio e as próprias consequências para
para a sociedade brasileira. Negava ele também toda e o escravo na forma de trabalho compulsório, forçado.
qualquer forma de interferência externa no processo Utilizada por mais de três séculos, a forma de trabalho
abolicionista, cabendo apenas ao Parlamento a função escravo, com primordial ênfase para o negro, preservou
de direcionar a abolição da escravatura. Foi também uma ampla rede de preconceito e discriminação que
História
um crítico mordaz da Instituição Igreja e do seu papel na permeia a vida das classes menos favorecidas.
manutenção do sistema. As formas de sobrevivência e permanência des-
Nesse sentido, para o Pernambucano Nabuco o ses elementos em sociedade só foi possível graças ao
processo de abolição além de constituir um ambiente grandioso esforço de resistência e manutenção de prá-
jurídico para tal, deveria constituir inclusive um pro- ticas e costumes que sobreviveram a esses três séculos
grama de inclusão a partir de reformas sociais que per- de exploração. Atualmente, características do cotidia-
mitissem a verdadeira construção na nação brasileira. no da sociedade brasileira são possíveis de serem per-
Pode-se dizer que juridicamente seu respaldo cebidas por esse constante esforço de grupos que não
aconteceu, porém, sem que houvesse uma construção se calaram, ou ao menos, buscar formas de não se calar
de fato de reformas sociais a partir da identificação e in- perante a opressão do branco.
clusão de setores desprovidos. Nabuco após formar-se Exemplos recorrentes da resistência dos negros
bacharel em Direito pela Faculdade do Recife se volta são as formas de arte, música, dança, em especial a
aos negócios no escritório do pai no Rio de Janeiro. Ao questão da capoeira que fora proibida pela República
passo que adentra ao trabalho jornalístico passa tam- do Café e que voltou a legalidade apenas no governo
bém a defender abertamente a Monarquia. Ao passo Vargas. As comunidades Quilombolas também são
que vai amadurecendo, suas ideias também vão to- exemplo de resistência e preservação de costumes.
mando forma o processo que irá se desenvolver em Tamanha foi a organização de Palmares, localizado no
Pernambuco. Quando eleito deputado geral pela sua então Estado do Alagoas, que assustou grande parte da
província natal, permite incluir as discussões sobre os elite. Palmares é o maior símbolo de rebelião contra a
rumos da escravidão no país. Perdendo prestígio e der- escravidão na América Portuguesa. Mesmo após a des-
rotado nas eleições próximas parte para a Europa e es- truição de Palmares, a memória daqueles vencidos foi
creve sua principal obra: o Abolicionismo. imortalizada no dia da Consciência Negra, dia 20 de no-
No retorno ao Brasil é quando eleito novamente vembro, morte de Zumbi, grande líder quilombola. Para
deputado influencia diretamente a elaboração dos dois a elite da Capitania de Pernambuco, Palmares repre-
últimos dispositivos em proteção aos escravos: a lei dos sentou o medo de que outra sublevação de escravos po-
Sexagenários, também chamada de Saraiva-Cotegipe dia ameaçar toda a ordem pré-estabelecida, buscando
em 1885, e a lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em formas de combater a fuga de escravos. Exemplo disso,
1888, 13 de maio. Antes mesmo desse processo gradual é que a resistência fora tão presente que o Quilombo de
da abolição defendido por Nabuco, a abolição já era rea- Catucá surgiu como forma de resistência nas primeiras
lidade no Ceará, primeiro estado a abolir a escravidão, décadas do século XIX.
e Manaus. O Quilombo vale destacar que foi inspirado na for-
Através de inúmeros argumentos, Nabuco ma de preservação da cultura africana pelos terreiros
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de Umbanda e inspirado na figura do líder João Batista. república.
Nesse contexto, quando as terras de Olinda estavam a) o movimento se inspirou na luta pela implantação
já em crise de produção agrícola, o movimento dos ne- de ideais democráticos no Estado Polonês, a qual se
gros de Catucá, localizado no atual município de Abreu solidificou com a carta constitucional Polonesa, que
História
mudou-se para Belo Horizonte e posteriormente para o direitos concedidos pela constituição.
Rio de Janeiro. IV – A escravidão institucionalizada foi rompida,
Paulo Viana, por outro lado, foi o grande ativis- porém muitas das relações da época do escravismo
ta do movimento negro entre os anos de 1970 e 1980. se mantiveram. O preconceito contra o trabalho, so-
Importante jornalista do Diário da Noite e do Jornal do bretudo o manual, foi um dos vestígios mais mar-
Commercio, Viana estabeleceu uma relação de resis- cantes do tempo da escravidão.
tência do movimento através de aspectos culturais e Está correto o que se afirma em:
folclóricos. Para ele, a cultura era um importante cam- a) I, II e III apenas.
po de batalha na divulgação da problemática racial, o b) I e IV apenas.
que levou a construção do evento a Noite dos Tambores c) I, III e IV apenas.
Silenciosos, uma espécie de manifesto cultural dos ne- d) II, III e IV apenas.
gros que prestam homenagens a ancestrais africanos. e) I, II, III e IV.
Para outra linha de pensamento, a base do movi-
mento negro do Estado de Pernambuco só foi possível 2. Importante Monarquista, defensor da Abolição
com a criação do Centro de Cultura e Emancipação da gradual e sem interferência de potências estran-
Raça Negra, o CECERNE, criado em final da década de 70. geiras no Brasil, se dispôs a integração do escravo
Fundado em 1979, a questão do movimento negro na sociedade e a demonstrar o impacto negativo da
seguiu a linha de grandes centros como São Paulo e Rio escravidão na economia nacional. Esse importante
de Janeiro, num momento de ascensão da questão racial ativista, mesmo nascido em família escravocrata,
do país. Desse movimento outros surgiram com o intui- Pernambucano foi:
to de fazer prevalecer a questão racial no Estado, como a) Frei Caneca.
é o caso do Movimento Negro do Recife e o Movimento b) Gaspar de Lemos.
Negro Unificado. c) Cipriano Barata
d) Joaquim Nabuco
Questões e) João Batista, o Malunguinho.
Gabaritadas 3. Em oposição à política centralizadora de D. Pedro
I e à outorga da Constituição de 1824, um movi-
Sobre a Revolução Pernambucana de 1817, é incor- mento político-militar foi deflagrado em mais
de 5 Províncias. As altas taxas de impostos co-
bradas associadas a seca e a fome impulsiona-
ram o movimento de contestação, permeadas por
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Republicanos, antiportugueses e Federativos. encarregariam de normalizar e garantir o funciona-
Estamos nos referindo a qual importante mobiliza- mento do país. De outro lado, a parcela civil se apres-
ção no Estado de Pernambuco: saria para promulgar a nova Constituição, a primeira
a) Conspiração dos Suassunas. republicana, de 1891.
b) Revolta dos Padres.
c) Revolta Praieira.
O Voto de Cabresto e Política dos Governadores,
Capítulo 03 - O Estado de Pernambuco e a República
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Pernambuco esteve relacionado, entre outros, de um de interesse coletivo, reunidas pelo então Dr. Pimenta.
amplo processo socioeconômico da Zona da Mata, do Como consequência, a intervenção do Juiz Sérgio
Agreste, do Sertão da velha estrutura de produção para Loreto permitirá um amplo desenvolvimento urbano e
a influência das cidades dominada pela política dos co- de investimentos para Pernambuco, abrindo avenidas,
ronéis, dos usineiros, dos altos comerciantes. Estava reformando Portos, criando Departamentos públicos
em pleno vapor a indústria sucroalcooleira. e, no entanto, reprimindo manifestações sindicais e
História
marca perceptível do Estado e representa a fase de opo- Foi uma corrente semelhante a que se desenvolveu na
sição entre os patriarcados ainda rurais e a ascensão de ideologia nazista alemã.
uma espécie de aristocracia urbana, ligado ao núcleo Dessa forma, buscou uma espécie de política so-
agroexportador de Recife. Constantemente a massa de cial e centralização, marcado pela busca da unidade
trabalhadores urbanos de Pernambuco será convocada social, apoiada na personalidade pública de um líder
a fazer parte de uma estratégia de mobilização das ruas, carismático, um antecessor do ideal de Populismo de
impedindo a exploração de grandes capitais estrangei- governo.
ros no país. No campo social, incialmente, apresentou-se
Como nas revoluções passadas do Estado de como extremo tradicionalista e autoritário. Envolveu-
Pernambuco, essa mobilização será capaz de permitir se em todos os setores sociais através da censura do
a ascensão da participação popular na política, muitas DIP, o Departamento de Imprensa e Propaganda, e da
vezes incorporando interesses de grandes empresários manipulação da imagem pelo Diário da Manhã, jornal
classistas, como o Corporativismo Varguista. de propriedade dos Cavalcanti. Foi implacável na bus-
ca pelo falso “consenso” de sociedade, perseguindo fe-
O Estado de Pernambuco sob Agamenon rozmente a oposição de adversários, críticos, comunis-
tas, prostitutas, vadios, homossexuais. Isso permitia
Magalhães demonstrar uma relativa paz e harmonia social. Para
tanto, a função da imprensa era no sentido de afastar
É possível inferir que grande parte das agitações operários da doutrina da luta de classes defendida por
políticas que fizeram parte da República Velha nos anos
Marx.
20 foi fruto de intensas mobilizações de classe presen-
Pode-se compreender a política emplacada por
tes no Estado de Pernambuco. A forma de mobilização,
Agamenon a partir da noção constitutiva de governo
contestação e efervescência de ideias passou, necessa-
autoritário e defensor da modernidade, uma mescla de
riamente, pelo Estado e permitiu acelerar as contradi-
coronelismo revestido de interesses particulares que
ções da República Velha. Nesse sentido, o Tenentismo, o
pudessem calar a sociedade para todo e qualquer tipo
PCB, movimentos regionalistas e reformas do governa-
de oposição política. Em meio a crise do sistema liberal,
dor Sérgio Loreto foram o marco desse processo.
esse modelo encarnava a necessidade da manutenção
Na década de 20, uma mobilização importante das elites brasileiras, tornando uma massa de trabalho
na história do Estado esteve diretamente relaciona- mansa e cativa.
da à tentativa de intervenção pelo então Presidente da
República Epitácio Pessoa. Naquele episódio a popu- Para tanto, a política do ‘Agamenonismo’ consis-
lação foi conclamada às ruas para lutar por questões tia num caráter de ressocialização, na campanha con-
tra os Mocambos Pernambucanos e nas medidas de
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habitação, saúde, trabalho, cidadania. Muitas críticas do Presidente Jânio Quadros após 7 meses de governo
contra esse discurso ressocializador de soterramen- e a restrição sofrida pelo vice João Goulart, devido ao
to dos Mocambos partiram de Gilberto Freyre, Manuel sistema Parlamentarista instaurado em 1961, sinaliza-
Bandeira, Mario Sette etc. rão os problemas políticos do país e a suposta ameaça
Quando o Agamenon deixou o cargo de interven- comunista, que será duramente combatida pelos mili-
tor e virtude da eclosão da 2ª Guerra Mundial deixou um tares com o fechamento do Congresso Nacional.
Capítulo 03 - O Estado de Pernambuco e a República
importante legado político: a consolidação da máquina Essa instabilidade política será em partes solu-
política do PSD, o Partido Social-Democrático, compos- cionada com a eleição de Miguel Arraes para governa-
to por antigos membros e funcionários do Estado Novo. dor do Estado junto com o político do PSD Paulo Guerra,
Nele o Agamenonismo sobreviveria pelo menos até em 1963. Ela foi possível em partes pela perda da base
1958. É a partir dele que podemos concluir que os inte- esquerdista iniciada com a eleição de Pelópidas e de Cid
resses do Varguismo ao Brasil sobreviveram por bas- Sampaio para governador de Estado. Em 1958, Arraes
tante tempo no Estado de Pernambuco. havia sido eleito prefeito do Recife e angariou popu-
laridade quando investiu pesadamente em educação,
A República Populista e o Agamenonismo abastecimento, segurança pública, desenvolvimento
agrário, direitos trabalhistas para o homem do campo.
Dentro do contexto do fim do Estado Novo e da Na administração Estadual Arraes também daria ele-
redemocratização do país em 1946, a máquina consoli- vada preocupação com trabalhadores, dando ênfase
dada do PSD será capaz de preservar e manter os ideais para camponeses e trabalhadores do campo.
de um misto de política social e reestruturação política. Dado o contexto, no entanto, da consolidação
Diante das discussões ideológicas dos anos 50 de movimentos sociais, de experiências de “Governos
o PSD, no entanto, irá consolidar uma espécie de vi- Populares”, da expansão do comunismo não pode-
são mais conservadora, agrária e ruralista, bastante riam movimentos esses sobreviver em face aos acon-
diferente daquelas aproximações que ocorreram com tecimentos que levariam ao golpe de 64. A derrota
regimes de esquerda, personificado por uma visão de do PSD foi o marco do fim do Populismo no Estado de
grupos de industriais de classe média, militares nacio- Pernambuco. Daqui em diante seria comum a nomea-
nalistas, comunistas e socialistas, parte dos campone- ção de governadores e prefeitos na cena política do país,
ses e estudantes. Essa crise de polarizações populis- atingindo seu ápice de repressão e autoritarismo com
tas em Pernambuco permitiu que a bancada do PSD se o Ato Institucional número 5, decretado em dezembro
afastasse em partes de uma política de uma tendência de 1968, impondo drástica censura e perseguição aos
esquerdista. opositores do regime. Quando Arraes fora deposto com
A nova estruturação da bancada, mais conser- o golpe em 64, haveria de ser implacável a perseguição,
principalmente, a opositores do regime, com destaque
vadora e tradicional, seria a de transgredir tendências
progressistas para personificar novos tipos de cresci- para a figura do militante comunista Gregório Bezerra,
além das perseguições e maus tratos a líderes estudan-
História
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Freire em 1974 foi capaz de representar a memorável sua vida e de alguns assessores. Morreu em 13 de agos-
campanha por toda Pernambuco. Além disso, a eleição to de 2014. Com a campanha presidencial e a morte do
de vários deputados, vereadores e prefeitos serviram governador, o vice-governador João Soares Lyra Neto é
de força para a resistência, servindo uma base político o atual governador em exercício. No início de seu man-
ideológica mais condizente com uma centro-esquerda. dato de vice foi o coordenador de 3 áreas estratégicas
Quando os exilados políticos puderam retor- em Saúde, Segurança e Educação. João Lyra já havia
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medidas do governo Estadual. Marca de sua forma de Está correto o que ser afirma em:
governar também esteve no combate à pobreza rural, a) I e II apenas.
além de projetos e empreendimentos com a Refinaria b) I e III apenas.
Abreu e Lima, o Estaleiro Hemisfério Sul e Polo de c) I, II e III apenas.
Poliéster. d) II, III e IV apenas.
O mandato de Jarbas, no entanto, seria assu- e) I, II, III e IV.
mido pelo seu vice-governador José Mendonça Filho.
Assumiu o mandato pelo afastamento de Jarbas ao 2. O Ato Institucional Número 5 (AI-5), um dos mais
Senado federal e em 2007 foi responsável pelo proces- terríveis instrumentos normativos lançados pelo
so de privatização da CELPE. Além disso, proporcionou Regime Militar, foi extinto no governo de
o projeto Universidade Democrática, destinado a jovens A) João Batista de Figueiredo.
da rede pública o acesso a UFPE; o Jovem Campeão e o B) Humberto de Alencar Castelo Branco.
Ação Integrada pela Segurança. C) Emílio Garrastazu Médici.
No ano de 2006, foi a vez do governador elei- D) Ernesto Geisel.
to duas vezes pelo Estado de Pernambuco, o Senhor E) José Sarney.
Eduardo Henrique Accioly Campos. Em seu governo,
várias medidas em projetos hídricos foram tomadas 3. O clima de censura do regime militar não impe-
em todo o Estado, tirando 1,5 milhão de pessoas do ra- diu que jovens e artistas se arriscassem na luta por
cionamento. A Companhia de Saneamento, Compesa, uma sociedade democrática. A este respeito, pode-
foi modernizada e aumento a sua captação em 18 vezes. se afirmar que:
Escolas passaram por amplos investimentos, além do 1. os festivais de música popular da TV Record cons-
recebimento de notebooks para mais de 26 mil profes- tituíram importantes espaços de atuação destes
sores. O valor da energia em seu mandato foi reduzido jovens.
em 10% para famílias de baixa renda e o PAC, programa 2. a UNE era o único órgão, institucionalmente acei-
de aceleração do crescimento, foi contribuir para a dis- to pelo governo, que representava os estudantes.
tribuição de mais de 25 mil moradias. 3. compositores como Edu Lobo, Chico Buarque e
Nos dois mandatos do governador Eduardo Geraldo Vandré ficaram conhecidos pelas canções
Campos, Pernambuco ganhou mais de 157 mil empre- de protesto.
gos e foi capaz de atrair investimentos para o Estado, Está (ão)correta(s):
qualificando mão-de-obra além de programas contra o A) 1 e 2, apenas.
desemprego temporário. Eduardo, na campanha presi- B) 2, apenas.
dencial de 2014, foi vítima de acidente aéreo, vitimando C) 2 e 3, apenas.
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D) 3, apenas. repressão. Os principais líderes foram presos e su-
E) 1 e 3, apenas. mariamente executados.
4. Líder político que foi o ideal de representação na 8. Sobre o Brasil Contemporâneo, considere as afir-
década de 50 da personificação do tipo de populis- mações a seguir.
mo em Pernambuco. Angariou popularidade, típi- I – Fernando Collor de Mello tinha como programa
Capítulo 03 - O Estado de Pernambuco e a República
co dessa figura política, investindo em educação, de Governo privatizar empresas estatais, comba-
abastecimento e segurança pública. Preocupou- ter os monopólios, abrir o país à concorrência in-
se em seu governo com camponeses e trabalha- ternacional e desburocratizar as regulamentações
dores do campo. Foi eleito governador de Estado econômicas.
em Pernambuco em 1962 e sofreu a deposição pe- II – Em maio de 1993, o Ministro da Fazenda,
los militares, chegando a ser preso. Esse líder de Fernando Henrique Cardoso, anunciou as primeiras
Pernambuco foi: medidas para estabilizar a economia. O novo plano
a) Agamenon de Magalhães. econômico, o Plano Real, previa o congelamento dos
b) Eduardo Campos preços e salários e confisco das contas bancárias.
c) Jarbas Vasconcelos. III – O modelo político brasileiro, em vigor desde o
d) Miguel Arraes. começo dos anos 90, é considerado por muitos como
e) Carlos de Lima e Cavalcanti. neoliberal, por pretender a valorização das organi-
zações trabalhadoras, visando estabelecer alian-
5. Sobre a colonização lusitana do Brasil, assinale a ças na luta contra o desemprego.
alternativa correta. IV – Com a saída de Fernando Collor do governo do
a) A América Portuguesa foi explorada nos moldes país, o vice-presidente Itamar Franco foi empossado
do mercantilismo em voga na Europa. na presidência. Estão corretas
b) Durante o período de 1500 a 1530, a colonização a) somente I e II.
visou dinamizar investimentos holandeses no b) somente I e III.
plantio da cana de açúcar. c) somente II e III.
c) Portugal colonizou as novas terras nos moldes d) somente I e IV.
feudais, priorizando o trabalho assalariado na ex- e) somente II e IV.
tração do pau-brasil.
d) Para que a extração do pau-brasil pudesse ser 9. A invasão holandesa a Pernambuco em 1630 es-
devidamente regulamentada, Espanha e Portugal tava diretamente ligada à questão da indústria açu-
assinaram o Tratado de Tordesilhas. careira. Sobre essa realidade, assinale a alternativa
e) Os minérios, em especial o ouro, foram extraídos CORRETA.
em grandes quantidades, no período pré-colonial, a) Os holandeses decidiram se lançar, pela primeira
para atender aos pleitos do mercado externo. vez, à produção de açúcar, produto com amplo espa-
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ço no mercado europeu.
6. Durante o século XVI, destacaram-se como gran- b) Os holandeses já participavam do comércio do
des polos de produção açucareira no Brasil as regi- açúcar produzido no Brasil desde o século XVI.
ões de c) Após a conquista de Pernambuco, os holandeses
a) Pernambuco, Bahia e São Vicente. conquistaram a Bahia em 1654.
b) São Vicente e Rio de Janeiro. d) Os holandeses abandonaram o comércio do açú-
c) Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. car após a malograda invasão do Brasil.
d) Itamaracá e São Vicente. e) Olinda tornou-se a sede do governo holandês no
e) Rio de Janeiro e Bahia. Brasil.
7. Sobre a Revolução Pernambucana de 1817, é incor- 10. A Guerra dos Mascates foi um conflito político,
reto afirmar que que marcou o Pernambuco dos primórdios do sécu-
a) os diversos grupos sociais envolvidos na revolta lo XVIII. A causa desse conflito foi o(a)
tinham como consenso o objetivo de proclamar a a) colapso da indústria açucareira em Pernambuco.
república. b) expulsão dos investidores holandeses da região.
b) o movimento se inspirou na luta pela implantação c) União Ibérica capitaneada pelo monarca Felipe II
de ideais democráticos no Estado Polonês, a qual se de Espanha.
solidificou com a carta constitucional polonesa, que d) escolha de Olinda como capital da capitania.
ficou conhecida como “A Polaca”. e) fundação da Câmara Municipal do Recife.
c) osrebeldes, quetomaramopoderem Pernambuco,
construíram um governo provisório, que decidiu GABARITO
extinguir alguns impostos e elaborar uma cons-
tituição, decretando a liberdade religiosa e de im- 1 2 3 4 5
prensa e a igualdade para todos, exceto para os
A D E D ANULADA
escravos.
d) apesar de ter fracassado, a Revolução 6 7 8 9 10
Pernambucana foi o movimento mais importante
de todos os outros precursores da independência, A B D B E
porque ultrapassou a fase de conspiração, e os re-
voltosos chegaram ao poder.
e) tropas reais, enviadas por mar e terra, ocuparam
a capital de Pernambuco, desencadeando intensa
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