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PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE FUTEBOL (CDF), MACAPÁ-AP

PROCESSO IPHAN Nº: 01424.000136/2022-15

GEIFANCE ABREU SANTOS


Arqueólogo Coordenador Geral

KEVELIN NUNES DA SILVA


Arqueóloga Coordenadora de Campo

BACABEIRA – MA
OUTUBRO DE 2022
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Áreas de Influência.................................................................................... 25


Figura 2: Indígenas da etnia Ticuna, documentados na obra de Osculati, 1854. ..... 32
Figura 3: Povoações Indígenas indicadas no Atlas de João Teixeira de Albernaz, Pará
e parte do Maranhão em Carta de 1640. .................................................................. 34
Figura 4: Indicação de Povoações Indígenas no Atlas do Brasil de João Teixeira de
Albernaz II, de 1666. ................................................................................................. 35
Figura 5: Povos Indígenas da Região de Macapá. ................................................... 46
Figura 6: Area de abrangência dos estudos do PRONAPABA. ................................ 48
Figura 7: Urnas Aruã, conforme documentadas por Meggers e Evans. ................... 51
Figura 8: Urnas Mazagão. ........................................................................................ 53
Figura 9: Representação da cerâmica da fase Mazagão. ........................................ 53
Figura 10: Cerâmicas Aristé, típicas do estilo OuanaryEncoché. ............................. 55
Figura 11: Urna do período Aristé Tardio, ................................................................ 55
Figura 12: Urna Aristé do cemitério Cunani, Amapá. ............................................... 55
Figura 13: Cronograma Executivo de Obras. ............................................................ 71
Figura 14: Modelo esquemático de metodologia de delimitação de sítios
arqueológicos. ........................................................................................................... 74
Figura 15: Ficha de coleta de material arqueológico ................................................ 75
Figura 16: Chave Classificatória 1 - artefatos cerâmicos ......................................... 79
Figura 17: Chave Classificatória 2 - artefatos cerâmicos ......................................... 80
Figura 18: Chave Classificatória 3 - artefatos líticos lascados ................................. 83
Figura 19: Chave Classificatória 4 - artefatos líticos polidos .................................... 84
Figura 20: Chave Classificatória 5 - louças históricas .............................................. 86
Figura 21: Cronograma Executivo da Obra – CDF Macapá. .................................... 93
LISTA DE MAPAS

Mapa 1: Áreas de Influência do Empreendimento .................................................... 27


Mapa 2: Povos Indígenas do Estado do Amapá e adjacências. ............................... 40
Mapa 3: Terras Indígenas e Unidades de Conservação do Estado do Amapá. ........ 42
Mapa 4: Distribuição dos Sítios Arqueológicos dos Amapá por componente
ambiental/vegetal do estado...................................................................................... 56
Mapa 5: Sítios Arqueológicos do Amapá. ................................................................. 57
Mapa 6: Localização geral da Costa Estuarina do Amapá, mostrando a distribuição
dos sítios arqueológicos. ........................................................................................... 58
Mapa 7: Sítios Arqueológicos de Macapá-AP. .......................................................... 60
Mapa 8: Densidade de distribuição dos sítios arqueológicos da cidade de Macapá-AP
.................................................................................................................................. 61
Mapa 9: Distribuição dos Sítios Arqueológicos em um Raio de 44km da ADA do
Empreendimento. ...................................................................................................... 64
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Coordenadas das Vértices da Poligonal da ADA. ..................................... 26

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Povos Indígenas descritos por Nimuendajú (1944) para o Amapá e


adjacências. .............................................................................................................. 36
Quadro 2: Povos Indígenas indicados por Nimuendajú 1944 para a região de Macapá.
.................................................................................................................................. 44
Quadro 3: Sítios Arqueológicos em um raio de 44km do empreendimento. ............. 62
Quadro 4: Cronograma de Acompanhamento. ......................................................... 94
SUMÁRIO
1. FICHA TÉCNICA ............................................................................................ 8
2. EQUIPE TÉCNICO-CIENTÍFICA .................................................................... 9
3. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10
4. OBJETIVOS ................................................................................................. 12
4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................................. 12
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO ......................... 13
5.1. O EMPREENDIMENTO ................................................................................................................................. 13
5.2. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ................................................................................................. 25
6. CONTEXTUALIZAÇÃO ARQUEOLÓGICA E ETNO-HISTÓRICA DA AID DO
EMPREENDIMENTO ................................................................................................ 28
6.1. ETNO-HISTÓRIA DO ESTADO DO AMAPÁ ........................................................................................................ 28
6.2. ENSAIO SOBRE A ARQUEOLÓGICA DO AMAPÁ .................................................................................................. 47
6.3. ENSAIOS SOBRE A ARQUEOLOGIA DE MACAPÁ. ................................................................................................ 58
6.4. BREVE DESCRIÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NAS PROXIMIDADES DO EMPREENDIMENTO CENTRO DE
DESENVOLVIMENTO DE FUTEBOL. .................................................................................................................................. 62
7. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................. 65
7.1. ETAPA DE ACOMPANHAMENTO EXTENSIVO .................................................................................................... 66
7.2. CAMINHAMENTO ARQUEOLÓGICO................................................................................................................. 68
7.3. OS REGISTROS DE CAMPO .............................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
8. SEQUÊNCIA DAS OPERAÇÕES A SEREM REALIZADAS NO CASO DE
LOCALIZAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS .................................................... 72
9. PROPOSIÇÃO DAS ATIVIDADES DE ANÁLISE E CONSERVAÇÃO DO
MATERIAL ARQUEOLÓGICO ................................................................................. 76
9.1. PROTOCOLO DE ACONDICIONAMENTO E CURADORIA DOS MATERIAIS ARQUEOLÓGICOS ............................................ 76
9.2. ANÁLISE TECNOLÓGICA DOS ARTEFATOS ......................................................................................................... 77
9.3. ANÁLISE DOS ARTEFATOS CERÂMICOS ............................................................................................................ 78
9.4. ANÁLISE DOS ARTEFATOS LÍTICOS LASCADOS E POLIDOS ..................................................................................... 81
9.5. ANÁLISE DE LOUÇAS HISTÓRICAS ................................................................................................................... 85
10. PROPOSIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ESCLARECIMENTOS E
DIVULGAÇÃO DOS BENS CULTURAIS ACAUTELADOS A SER REALIZADA NO
LOCAL, DESTINADAS À COMUNIDADE LOCAL E AO PÚBLICO ENVOLVIDO . 88
10.1. OBJETIVOS ................................................................................................................................................ 89
10.1.1. Geral ...................................................................................................................................................... 89
10.1.2. Específicos ............................................................................................................................................. 89
10.2. PÚBLICO-ALVO E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO ......................................................................................................... 90
11. PROPOSTA PRELIMINAR DAS ATIVIDADES RELATIVAS À PRODUÇÃO
DE CONHECIMENTO, DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E EXTROVERSÃO ................ 91
12. CRONOGRAMA ........................................................................................... 92
12.1. CRONOGRAMA EXECUTIVO DA OBRA ............................................................................................................. 92
12.2. CRONOGRAMA DE ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO .................................................................................. 94
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA............................................................... 95
14. ANEXOS .................................................................................................... 107
14.1. FOLDER EDUCATIVO ................................................................................................................................. 107
14.2. TERMO DE COMPROMISSO DO EMPREENDEDOR ............................................................................................ 110
14.3. TERMO DE COMPROMISSO DA ARQUEÓLOGO COORDENADOR GERAL ................................................................ 110
14.4. DOCUMENTAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA......................................................................................................... 110
14.5. DECLARAÇÕES DE PARTICIPAÇÃO ................................................................................................................ 110
14.6. ARQUIVOS VETORIAIS ............................................................................................................................... 110
15. APÊNDICE ................................................................................................. 111
15.1. FICHA DE ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO ............................................................................................ 111
1. FICHA TÉCNICA

Projeto:

PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO DO


EMPREENDIMENTO CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE FUTEBOL – CDF

Dados do Empreendimento:

EMPREENDIMENTO: CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE FUTEBOL (CDF)


MUNICÍPIO: Macapá UF: Amapá
ENDEREÇO: Av. Antigo Lote 11, Gleba Ad 04, Matapi II, Loteamento Eldorado.
ADA: 23.737,34m²

Dados do Empreendedor:

EMPREENDEDOR: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL


CNPJ: 33.655.721/0001-99
ENDEREÇO: Av. Luís Carlos Prestes, Nº 130 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro /RJ
CEP: CEP: 22.775-055
E-MAIL: herica@grupomayer.com.br

Execução do Projeto Arqueológico:

EMPRESA: ARQUEOMAP ARQUEOLOGIA


ENDEREÇO: Av. Amália Saldanha, nº 13, Vidéo, Bacabeira-MA.
CEP: 65143-000
TELEFONE: (98) 99235 5684
EMAIL: arqueomapprojetos@gmail.com

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2. EQUIPE TÉCNICO-CIENTÍFICA

NOME Geifance Abreu Santos

Mestrando em Arqueologia – UFPI


FORMAÇÃO Graduado em Arqueologia e Conservação de Arte
Rupestre – UFPI

RESPONSABILIDADE
Coordenação Geral – Responsabilidade Científica
NO PROJETO

EMAIL geifance33@gmail.com
CONTATO (98) 99235 – 5684

NOME Kevelin Nunes da Silva

Graduada em Arqueologia - UEA


FORMAÇÃO Pós-Graduada em Arqueologia e Patrimônio Histórico -
EDUCAMINAS
RESPONSABILIDADE
Arqueóloga Coordenadora de Campo
NO PROJETO

EMAIL kevelins.nunes@gmail.com

CONTATO (92) 99360-7124

9
3. INTRODUÇÃO
Reconhecer que o direito ao patrimônio cultural é
inerente ao direito de participar na vida cultural, tal
como definido na Declaração Universal dos
Direitos do Homem1

O patrimônio cultural brasileiro detém inúmeras formas de manifestações


socioculturais que resistem ao tempo e ao espaço. Legados desde a antiguidade, este
patrimônio se faz resiliente e presente até os dias atuais, seja em nossa culinária, na
nossa língua, manifestações artísticas, nos objetos do cotidiano e nas mais diversas
características socioculturais singulares do povo brasileiro. Os vestígios
arqueológicos por sua vez, são partes fundamentais desse patrimônio cultural. Estes,
sobreviveram às intemperes do tempo e contam-nos um pouco da história das
sociedades do passado que contribuíram para a formação dinâmica da nossa cultura,
dos nossos atuais ideais de identidade e no estabelecimento do nosso Estado e
Nação.
As diretrizes exigidas pelas esferas do poder público são unânimes em
considerar de extrema importância a preservação, conservação e manutenção dos
bens patrimoniais, e as práticas culturais a eles associadas. Segundo a Constituição
Federal de 1988, Art. 216:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem: (EC nº 42/2003)

I–as formas de expressão;


II–os modos de criar, fazer e viver;
III–as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV–as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais;
V–os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico

De acordo com o Art. 2º da Lei 3.924, de 26 de julho de 1961, o patrimônio


arqueológico brasileiro é considerado como bem cultural dos paleoameríndios, sendo
este de natureza finita e situado no ambiente podendo ser encontrado em superfície
ou subsuperfície, de maneira isolada ou a partir de formas estruturadas e/ou
concentradas. A carta de Lausanne 1990, por sua vez, versa sobre a importância do
patrimônio arqueológico, o qual constitui testemunho primordial sobre as atividades
humanas do passado. A proteção destes bem patrimoniais, bem como o

1 (CONSELHO DA EUROPA, 2005, CONVEÇÃO DE FARO, ART. 1º, a).


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gerenciamento dos mesmos, são indispensáveis para garantir que os arqueólogos e
outros pesquisadores possam estudá-lo.
As políticas de proteção ao patrimônio arqueológico devem ser
sistematicamente integradas àquelas relacionadas ao uso e ocupação do
solo, bem como às relacionadas à cultura, ao meio ambiente e à educação.
As políticas de proteção ao patrimônio arqueológico devem ser regularmente
atualizadas. Essas políticas devem prever a criação de reservas
arqueológicas. As políticas de proteção ao patrimônio arqueológico devem
ser consideradas pelos planificadores nos níveis nacional, regional e local
(CARTA DE LAUSANE, 1990, art.2)

A resolução CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986, “estabelece as definições,


as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente”, considerando assim, no seu art. 6, alínea C, “a
necessidade dos estudos dos sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade” (CONAMA nº 1,1986).
Em 2015 foi criada a Instrução Normativa nº 001, resultante do grande
crescimento de implantação de empreendimentos que possam vir a causar danos ao
patrimônio arqueológico, passando a classificar os empreendimentos por níveis de
interferência e impacto nas áreas e no solo. E é com base no atendimento das
diligências da IN em questão que se dá a formulação e aplicação deste projeto, que
tem por objetivo acompanhar e monitorar a implantação do empreendimento Centro
de Desenvolvimento de Futebol e os riscos de modificações paleoambiental da Área
de Influência Direta do empreendimento, no intuito de mitigar possíveis danos ou até
mesmo perdas definitivas que venham a ser ocasionadas aos bens de natureza
arqueológica porventura existentes nas áreas de abrangência do Centro de
Desenvolvimento supracitado, a ser instalado no município de Macapá, Estado do
Amapá.
Para tanto, serão apresentadas aqui propostas metodológicas, teoricamente
fundamentadas, que visam garantir a regularidade arqueológica da obra de instalação
do empreendimento supracitado, em atendimento às prerrogativas recomendadas
pelo IPHAN/AP.
A confecção deste projeto está subsidiada legalmente pelas recomendações do
Termo de Referência Específico - TRE Nº 21/2022, emitido após análise da solicitação
de reenquadramento, que enquadrou o empreendimento em tela como nível II.
Portanto, seguirá os preceitos da legislação que rege o pleito, Lei Federal nº
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3.924/1961, a Portaria Interministerial n°60/2015, a Portaria IPHAN n° 07/1988 e a
Instrução Normativa 001/2015, as quais determinam e normatizam os estudos e
procedimentos necessários para aquisição de anuências do IPHAN para processos
de licenciamentos ambientais, no que diz respeito ao componente arqueológico.
Ademais, responde pela coordenação geral do projeto, o arqueólogo Geifance Abreu
Santos.

4. OBJETIVOS

O projeto em questão tem como objetivo acompanhar e monitorar a implantação


do empreendimento Centro de Desenvolvimento de Futebol – CDF, dando a devida
atenção para os possíveis riscos de modificações paleoambiental que venham ocorrer
na Área Diretamente Afetada do empreendimento, a fim de mitigar os impactos
gerados pela instalação da obra, bem como para evitar possíveis danos ou até mesmo
perdas definitivas que venham a ser ocasionadas aos bens de natureza arqueológica
porventura existentes nas áreas de abrangência do Centro em questão, visando a
regularidade arqueológica da obra supracitada.
No que diz respeito à execução do acompanhamento arqueológico, esta deverá
ser descrita em relatórios parciais e final, a serem protocolados junto ao IPHAN para
fins de avaliação.

4.2. Objetivos específicos

Executar a metodologia estabelecida para o desenvolvimento do Acompanhamento


Arqueológico;
Explanar a respeito da contextualização arqueológica e etno-histórica referente à
área de estudo, com base em dados secundários obtidos por meio de levantamento
bibliográfico;
Propor a sequência operacional a ser desenvolvida caso sejam identificados sítios
ou ocorrências arqueológicas nas áreas de influência do empreendimento;
Propor as ações sistemáticas de análise, curadoria e conservação do material
arqueológico porventura identificado em campo;
Estabelecer as estratégias de esclarecimento dos bens culturais a serem
desenvolvidas junto à comunidade local, como forma de extroversão e divulgação
científica do conhecimento produzido;
Obter a portaria autorizativa da pesquisa arqueológica em questão, por parte do
IPHAN, a qual será publicada no Diário Oficial da União – DOU.

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5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO

5.1. O empreendimento

Segundo os dados informados na Ficha de Caracterização de Atividade – FCA


protocolada junto ao IPHAN/AP, o empreendimento supracitado trata-se de uma
Unidade denominada de Centro de Desenvolvimento de Futebol – CDF, de
propriedade da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, sendo composto por uma
edificação principal com 533,95m² de área construída. O lote, no entanto, conta com
uma área total de aproximadamente 23.737,34m². Além dessa edificação, o Centro
contará também com a presença de campo oficial padrão FIFA de futebol (dimensões
105mx68m e seus recuos). Toda a parte estrutural do projeto será composta por
paredes de alvenaria de bloco aparente, com junta de prumo, suas vigas serão de
baldrame, a laje em concreto tipo painel pré-moldado e o telhado em estrutura de
madeira tratada com revestimento em telha fibrocimento, seus brises serão metálicos
e as paredes internas serão feitas em gesso acartonado, conforme bloco NBR 6136
classe AE.
O empreendimento em questão será projetado na Avenida A Antigo, Lote 11,
Gleba AD-04, Matapi II, Loteamento El Dourado, no município de Macapá, estado do
Amapá. O estado em questão está localizado na região Norte do país, entre os rios
Oiapoque e Jari. De acordo com Luiz Fernando Amanajás Freire (2015), em 1943 o
governo instituiu um decreto federal (nº 5.812) que formalizou a criação do território
federal de Amapá, porém, somente em 1988 o território em questão se tornou de fato
um estado, “por meio das disposições transitórias da Constituição”. O autor enfatiza
ainda, que:
O estado do Amapá tem cerca de 710 km de fronteira com a Guina Francesa
e Suriname a norte e noroeste, e cerca de 1. 100 km de fronteira com o estado
do Pará a oeste e sudoeste, além disso, o Amapá também possui cerca de
600Km de costa oceânica. Sua estruturação espacial teve início em 1943 logo
após a criação do território, a partir desse acontecimento que tinha o objetivo
de proteger e garantir a soberania da República quanto a exploração dos
recursos naturais disponíveis no local, observou-se mudanças significativas
na configuração do espaço que promoveriam sua urbanização.” (FREIRE,
2015, p. 46 e 47).

Em relação às características geoambientais do Estado, estas são


diversificadas, sobretudo devido à sua localização que, por estar associada a uma
formação geológica antiga, oriunda de elevações dos planaltos das Guianas, acaba

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por resultar em um clima do tipo equatorial. Segundo as informações contidas no
Caderno de Caracterização do Amapá, o relevo amapaense apresenta-se subdivido
em “3 categorias sob a perspectiva de limitação natural, ou seja, entende-se como
relevos mais limitados os que demandam maiores esforços para deslocamento e
ocupação” (CODEVASF, 2021, p. 21). Assim, a primeira categoria, a qual é
apresentada como relevos sem limitações, é definida como aqueles relevos que
compreendem declividade de até 20%, os quais correspondem a 83,7% do território
do estado. Nesta ordem, os relevos que apresentam declividade entre 10 e 45% foram
definidos como relevo acidentado, o que ocupa 15,2% do total do relevo do estado. A
terceira e última categoria diz respeito a áreas que evidenciam declividade superior a
45%, classificado como fortemente acidentado, o que corresponde a 1,1% da área
total do estado (CODEVASF, 2021).
De acordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) do
Serviço Geológico do Brasil, o estado do Amapá apresenta três modalidades de relevo
que se configuram da seguinte forma:

Planície Litorânea, caracterizada por ambientes propícios a inundações, pois


a superfície é muito plana e dificulta a drenagem das águas; Baixo Planalto
Terciário, que se refere a planaltos levemente elevados, e Planalto Cristalino,
unidade de relevo que predomina no estado, ocupando grande parte do
território, onde há concentração de diversas serras, colinas e morros.
Destaca-se dentre as serras, a do Navio, onde está localizada a maior jazida
de manganês do Brasil. Já o relevo do estado onde é predominantemente
plano, isto é, com baixas altitudes, faz-se presente nas proximidades da foz
do rio Amazonas, litoral e bacia do Oiapoque (CPRM, 2016, p. 25).

A variação altimétrica do estado, apresenta-se em média entre 0m nas regiões


mais ao leste, onde há a predominância de regiões lacustres fluviomarinhas, e à
aproximadamente 800m, em porções mais a oeste e sudoeste do Amapá. Baseando-
nos nas informações acima mencionadas, elaboramos cartas cartográficas temáticas
que indicam de forma didática a representação dos padrões geoambientais do estado
do Amapá. No mapa a seguir, ilustraremos de maneira mais precisa acerca da
declividade e hipsometria amapaense, sendo esses dois, fatores primordiais para a
formação do relevo do estado.

14
Mapa 1: Padrões de declividade e altimetria do Estado do Amapá.

Fonte: Elaborado pelo autor.


15
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) destaca ainda, que, no tocante à
cobertura vegetal do estado, esta abrange desde florestas de terra firme, às florestas
de várzea, perpassando por mata de igapó, manguezal, cerrado e campos (CPRM,
2016, p. 25). Geologicamente, o Estado é constituído por algumas unidades
geológicas como Depósitos aluvionares, Depósitos Flúvio-Lacustrinos, Depósitos
Flúvio-marinhos, Formação Barreiras, Lateritos e Gossans, Formação Alter do Chão,
Jatapu, Formação Ererê, Formação Barreirinha, Grupo Trombetas, Suite Intrusiva
Plutônica, Complexo Guianense, Complexo Tumucumaque etc.
No que diz respeito ao município de Macapá propriamente dito, este encontra-
se localizado na região sudeste do Estado do Amapá, estendendo-se da margem
esquerda do rio Amazonas até a nascente do rio Maruanum. Segundo os dados
obtidos por meio do portal de informação do Governo do Estado, Macapá é a única
capital brasileira cortada pela Linha do Equador (que divide o planeta em dois
hemisférios), e foi o primeiro município a ser criado no Amapá2. A ocupação e
desenvolvimento da cidade, inclusive, teria ocorrido sumariamente em decorrência de
uma preocupação com a defesa das Missões do Cabo Norte, que, na época, contava
com a presença de forças estrangeiras como os franceses e holandeses (FREIRE,
2015). De acordo com Sidney da Silva Lobato e Françoise Pirot,

Macapá foi o primeiro investimento urbano realizado pelos prepostos do


ministro português Sebastião José de Carvalho e Melo (o futuro Marquês de
Pombal) no Estado do Grão-Pará e Maranhão. A solene elevação de Macapá
à condição de vila, no início de 1758, foi também o marco inaugural do “estilo
pombalino” – nele, o urbanismo tendencialmente regular (manuelino e
renascentista) deu lugar a um modelo plenamente simétrico, equilibrado e
bem arruado. Além de inibir as pretensões colonialistas não portuguesas na
foz do Amazonas, este núcleo urbano deveria surgir como símbolo da
civilidade “branca”, supostamente trazida por colonos açorianos e
economicamente embasada na agricultura. Mas, vários estudos têm
demonstrado que não ocorreu na Amazônia colonial um mero
aportuguesamento do modo de vida. No início do século XIX, a população da
Província dos Tucuju – bem como a de toda a região do Grão-Pará e
Maranhão – era formada por uma pluralidade de povos e culturas que deram
origem a diversas formas de hibridismo. (...) Macapá, no início de 1944,
ganhou o status de capital do Amapá. Neste momento, no entanto, ela era
uma vila de algumas centenas de habitantes, abalada pela crise da borracha
amazônica do início do século XX. As construções realizadas pelo governo
territorial trouxeram novo fôlego para a combalida economia macapaense.
Arthur Miranda Bastos, no livro Uma excursão ao Amapá, de 1947, afirmou
que o governo do Amapá tentou, logo que instalado, remover os sinais de
decadência de Macapá, “construindo prédios novos para abrigar os
funcionários da nova administração, limpando o mato das ruas e praças”,

2PORTAL GOVERNO DO AMAPÁ. Disponível em: https://www.portal.ap.gov.br/conheca/macapa.


Acesso em 13 de out de 2022.
16
comprando toneladas de materiais de construção e “tudo mais que seria
preciso para transformar numa capital apresentável uma velha e atrasada
cidade”. As novas condições de assistência e de vida aí existentes foram o
principal foco de atração das populações das ilhas paraenses vizinhas e de
migrantes nordestinos. (...) Nas primeiras décadas de existência do Território
Federal do Amapá uma grande parcela dos homens que chegaram a Macapá
foi absorvida pelo crescente setor da construção civil. Não seria um exagero
dizer que esta cidade, era nestes anos, um grande canteiro de obras. De um
lado, construções do governo, do outro, o levantamento de casas particulares
para os que chegavam. O clero também colaborou neste processo,
promovendo a construção de igrejas e demais prédios para a estruturação da
diocese. Já as mulheres, estavam mais presentes no setor de serviços.
Segundo o censo de 1950, das 1.013 pessoas que no Amapá trabalhavam
na “prestação de serviço”, 598 eram mulheres. Em 1960, trabalhavam neste
setor 1.209 homens e 1066 mulheres. Grande foi o número de mulheres
migrantes que se empregaram como domésticas. Muitas outras passaram a
ajudar no sustento da família através da lavagem de roupas para outrem.
Outra importante causa da forte migração para a capital do Amapá foi a
procura por serviços de saúde, educação, assistência social e etc. (LOBATO
e PIROT, 2017, p. 264269).

De acordo com o censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (2021), a estimativa populacional de Macapá é de cerca de 522.357
habitantes, distribuídos por uma área territorial de aproximadamente 6.563.849 km²,
e uma densidade demográfica equivalente a 62.14 hab/km².
Atualmente, além dos diversos pontos turísticos presentes no município, como
o monumento Marco Zero do Equador, “onde foi construído um obelisco para a
observação do fenômeno do Equinócio, que marca a mudança de estações”, e a
Fortaleza de São José de Macapá, “construída em 1782 para proteger a cidade das
invasões”, a capital conta, ainda, com o Estádio Olímpio Milton de Souza Corrêa, “cuja
linha que divide o gramado também é a Linha do Equador – os jogadores mudam de
hemisfério durante as partidas” (PORTAL DO GOVERNO DO AMAPÁ, 2015).
No que diz respeito às características climáticas e geoambientais do território
em questão, o município de Macapá é caracterizado pela predominância de um clima
quente e úmido, em decorrência de sua localização geográfica, com temperaturas que
variam de 20ºC a 33ºC. No verão, a condição climática ora apresentada tende a
aumentar e a sensação térmica passa de 40ºC. O município em questão possui duas
estações muito distintas, uma muito chuvosa e outra menos chuvosa com um ou dois
meses secos. Entre os meses de dezembro a agosto há uma incidência significativa
de chuvas fortes na região, o que deixa vários bairros da cidade vulneráveis a
alagamentos. Inclusive, durante os meses de março a abril que ocorrem as maiores
precipitações (FREIRE, 2015). Contudo, durante os meses de agosto a novembro
ocorre a estação menos chuvosa, onde durante outubro e novembro apresentam-se
17
como meses mais secos, onde podem ocorrer períodos muito longos de estiagem, os
quais são agravados pela alta temperatura e baixa umidade relativa (TAVARES, 2014,
p. 149).
Sabe-se que são vários os fatores que influenciam no clima de uma região,
dentre eles a climatologia cita a temperatura, a umidade relativa do ar, a dinâmica dos
ventos e as diferenças de relevo. Dessa forma, segundo João Paulo Nardin Tavares
(2014), em artigo publicado na revista online Caminhos de Geografia, do Instituto de
Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, a alta temperatura do território em
questão seria justamente por o mesmo se situar numa região tropical, próxima da
Linha do Equador, onde durante todo o ano recebe uma grande quantidade de energia
solar. Além disso, a umidade e o elevado índice pluviométrico seriam ocasionados por
influência da Floresta Amazônica, onde o intenso processo de evapotranspiração,
associado aos intensos raios solares, acaba por resultar em um grande índice de
umidade e, consequentemente, em chuvas regulares durante todo o ano (GOMES,
2017).
A vegetação predominante na região em apreço é a floresta de várzea,
característica do bioma Amazônia, e que, como bem ressaltou Freire (2015), “constitui
o segundo maior ambiente florestado da região”. O mesmo ressalta, ainda, que “a
floresta de várzea está predominante presente ao longo da orla amazônica e segue
para o interior através do estuário dos vários rios de baixo curso”. Além da floresta de
várzea, outro tipo de floresta bem característico que existe na região são as áreas de
savana, do bioma cerrado, que se distribuem de forma abundante em níveis densos
pela região. Entretanto, as espécies arbóreas e arbustivas de pequeno e médio porte
aparecem de forma isolada (FREIRE, 2015).
Ademais, o território macapaense apresenta algumas unidades pedológicas
bem características, das quais podemos citar concisamente, como um dos tipos de
solo mais predominantes, os Latossolos Amarelo, que são caracterizados pela forte
acidez e pouca fertilidade (advinda do baixo nível de nutrientes). Provenientes da
alteração de arenitos e material areno-argiloso de cobertura, estes solos apresentam
“cor, textura e estrutura relativamente uniformes, profundos e muito profundos, bem
drenados e com textura principalmente argilosa e muito argilosa.” (SEMPLAN, 2018,
p. 20). Outro tipo de solo bem característico é o Podzólico Vermelho-Amarelo, que
possui características muito parecidas com o Latossolo Amarelo, pois também

18
apresenta pouca fertilidade e alta acidez, sendo necessário, portanto, a “correção da
acidez e fertilização para que se obtenha uma boa produtividade”, no que diz respeito
ao uso agrícola (MELO FILHO, 1980, p. 36). Normalmente é encontrado em áreas
com relevo plano e suavemente ondulado.
Nos dados apresentados no Caderno de Caraterização do Estado do Amapá,
os quais foram obtidos por meio de levantamento divulgado pela Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paraíba – CODEVASF, há uma
explanação acerca das características básicas de algumas classes de solo presentes
no território macapaense, onde, além dos já discutidos anteriormente, menciona-se
também a respeito dos Gleissolos:

Gleissolos Háplicos: ocupam cerca de 19.636,80 km2 (13,82%) do estado


e são solos minerais, hidromórficos, pouco drenados, formados a partir de
sedimentos que apresentam influência acentuada do lençol freático sendo
gleizados, ou seja, apresentam cor acinzentada e evidência de mosqueado
devido ao processo de oxidação. Estes são pouco desenvolvidos, não muito
profundos, apresenta horizontes dispostos sequencialmente A, e CG, ou A,
Bg e Cg (VENTURIERI, 2017). Estes devido às suas características não se
enquadram nos Gleissolos Tiomórficos, Gleissolos Sálicos e Gleissolos
Melânicos, quanto aos subgrupos podem ser classificados em Gleissolos
Hálicos Carbonáticos, Sódicos, Ta Alumínicos, Ta Distróficos, Ta Eutróficos,
Tb Alumínicos, Tb Distróficos e Tb Eutróficos. Estes estão associados
geralmente aos Gleissolos Melânicos ou às classes dos Organossolos
localizados na planície aluvial (SANTOS et al., 2018; ALMEIDA; SANTOS;
ZARONI, 2013). Estão presentes nas planícies aluviais onde há a presença
de campo equatorial hidrófilo de várzea e floresta hidrófila de várzea,
geralmente estão associados aos Neossolos Flúvicos. Possuem forte
restrição ao uso agrícola e são mais destinados e indicados à preservação
ambiental (VENTURIERI, 2017, apud CODEVASF, 2015).

Gleissolos Sálicos: ocupam cerca de 3.521,76 km2 (2,48%) do estado.


Apresentam caráter sálico (CE ≥ 7 dS m-1, a 25 °C) em um único horizonte
ou mais e não mais profundo do que 100 cm (SANTOS et al., 2018). Esses
solos estão presentes em relevos planos de várzeas, às vezes ocorrem em
terraços, sua ocorrência na região nordeste está associada a mangues (zona
costeira) e cursos de rios e geralmente são acinzentados devido à pouca
disponibilidade do ferro e à solubilização do mesmo. Não apresentam aptidão
agrícola, pois a concentração de sais solúveis no solo é alta e a

19
dessalinização é difícil e cara, sendo indicados para preservação ambiental
(SANTOS et al., 2018, apud CODEVASF, 2015).

De acordo com a CODEVASF (2015), os Plintossolos também são apontados


como uma unidade pedológica presente no município supracitado. Conforme o
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da EMBRAPA (2018), Plintossolos
consistem em solos minerais que são formados sob condições de restrição à
percolação da água ou sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade e que,
por conta disso, são imperfeitamente ou mal drenados. Além disso, apresentam
coloração variável, com predominância de cores pálidas com ou sem mosqueados
que variam de cores alaranjadas à vermelhas ou coloração variegada, acima do
horizonte. Contudo, é válido destacar que os mesmos ocorrem também em condições
de boa drenagem, podendo apresentar cores avermelhadas na maior parte do perfil.
Estes solos são fortemente ácidos e podem apresentar saturação por bases baixas
(distróficos) ou alta (eutróficos), predominando os de baixa saturação.

Plintossolos Pétricos: estão presentes em cerca de 5.256,01 Km² (3,70%


da área do estado). São solos com horizonte concrecionário ou horizonte
litoplíntico, exceto quando precedido por horizonte plíntico (SANTOS et al.,
2018, apud CODEVASF, 2015).

Plintossolos Háplicos: estão presentes em cerca de 1.025,56 Km² (0,72%


da área do estado). São plintossolos que não se enquadram nas outras
classes de plintossolos, os mesmos ocorrem em áreas que possuem
escoamento lento de água, como áreas deprimidas de relevo plano ou suave
ondulado. (SANTOS et al., 2018, apud CODEVASF, 2015).

No mapa abaixo ilustraremos com mais precisão acerca das unidades


pedológicas presentes no território macapaense.

20
Mapa 2: Unidades Pedológicas do município de Macapá – AP.

Fonte: Elaborado pelo autor. 21


No que diz respeito ao relevo, Macapá apresenta desde vertentes pouco
íngremes e predominância de morros baixos com baixa declividade, onde há a
incidência de latossolos argilo-siltosos evoluídos e profundos e Gleissolos areno
siltosos, constituídos por arenitos/siltitos e sedimentos areno argilosos, às áreas com
vales abertos e superfícies aplainadas, onde é possível identificar as mesmas
características pedológicas. Além disso, há ainda no município, algumas regiões
planas, correspondentes às planícies aluviais e às extensas planícies de inundação,
nas quais há a predominância de solos hidromórficos e aluvionares com nível d’água
aflorante a raso, bem como terraços fluviais altos e/ou flancos de encostas, com
amplitudes e declividades baixas, onde as feições pedológicas são não hidromórficas,
em terreno silto-arenosos a argilosos e com nível d’água subterrâneo pouco profundo
(CPRM, 2015). Na região da Gleba AD-04, por exemplo, área onde será implantado o
Centro de Desenvolvimento de Futebol do Amapá, o relevo se apresenta parcialmente
acidentado, onde as curvas de nível têm uma elevação que varia de 5 a 25 metros, e
suas regiões mais baixas correspondem às áreas alagadas da Gleba (FREIRE, 2015).
Sumariamente, a formação geológica do território macapaense é atribuída a
algumas unidades geológicas bem características, como a Formação Barreiras, os
Depósitos Aluvionares e Flúvio-Lacustrinos, bem como os Depósitos Flúvio-Marinhos
e o Complexo Tumucumaque. Conforme destaca o levantamento realizado pelo
Serviço Geológico do Brasil (CPRM), os Depósitos Flúvio-Marinhos constituem uma
parcela significativa da região costeira do município de Macapá, bem como da região
metropolitana da mesma. Com presença de cascalho, areia e argila estes depósitos
englobam conjuntamente “depósitos de pântanos salinos, mangues e praias lamosas
associadas a região de desembocadura do Rio Amazonas, na porção sudeste da
Folha do Amapá, que é uma área de transição, pois é afetada pelos regimes fluviais
e marinhos, com influência de macromarés.”.

Embora em pequena escala, os Depósitos Aluvionares Holocênicos também


podem ser encontrados na porção sul do município em estudo. Diferentemente do que
pode ser constatado nos depósitos mencionados anteriormente, nos Aluvionares os
cascalhos e areias variam de semiconsolidados a inconsolidados (FARACO et al.,
2014). De acordo com Junior Veiga, estes depósitos:

(...) são constituídos por areias médias, mal selecionadas, quartzosas,


submaturas a maturas, apresentando intercalações de pelitos, formando os

22
depósitos de canal, de barras de canal e da planície de inundação dos cursos
médios dos rios. Originam-se por processos de tração subaquosa;
compreendendo fácies de canal e barras de canal fluvial. (JUNIOR VEIGA, p.
22, 2000).

Segundo Faraco et al. (2014), a Formação Barreiras é constituída por depósitos


de arenito ferruginoso com granulometria fina e grossa, bem como siltito e argilito com
lentes de conglomerado e arenito de granulometria grossa, capeados por blocos
lateríticos, que datam do período Terciário. Ressalta-se, ainda, que tais depósitos
apresentam coloração heterogênea que varia de vermelha a amarelada, com
ocorrência de tons esbranquiçados. Além de apresentar influência tanto continental
quanto costeira para sua formação.

Em relação ao Complexo Tumucumaque, este é constituído por depósitos de


granito e granodiorito porfiróide, bem como protomilonitos, brechas tectônicas e
rochas tonalíticas a granítica com certa homogeneidade composicional. De acordo
com Lima et al. (1974), o Complexo em questão seria uma porção do Complexo
Guianense que após ser submetido a stress de considerável amplitude, bem como
atuação resultante de um evento de metamorfismo dinâmico, teria ocasionado à
transformação de suas rochas em cataclasitos, milonitos e brechas e falhas (LIMA et
al., 1974, apud GONÇALVES, 2009).

23
Mapa 3: Unidades Geológicas do município de Macapá – AP.

Fonte: Elaborado pelo autor. 24


5.2. Áreas de influência do empreendimento

Segundo a Resolução CONAMA 001/86, no seu artigo 4º, inciso III, deve-se
“definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os
casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza (CONAMA 001/86).
De acordo ao Ofício Nº 4429/2020/CNL/GAB PRESI/PRESI-IPHAN, que versa
sobre os parâmetros iniciais estabelecidos pelo DEPAM para serem adotados no
Sistema de Avaliação de Impacto ao Patrimônio – SAIP, conceitua-se as áreas
Diretamente Afetada e de Influência Direta da seguinte forma:

Área Diretamente Afetada – ADA corresponde a área necessária para a


implantação do empreendimento, incluindo suas estruturas de apoio, vias de
acesso privativas que serão construídas, ampliadas ou reformadas, bem
como todas as demais operações unitárias associadas exclusivamente à
infraestrutura do projeto, ou seja, de uso privativo do empreendimento.
Área de Influência Direta de uma atividade ou empreendimento
corresponde a área geográfica diretamente afetada pelos impactos
decorrentes do empreendimento e corresponde ao espaço territorial contíguo
e ampliado da ADA, e como esta, deverá sofrer impactos, tanto positivos
quanto negativos (OFÍCIO Nº 4429/2020/CNL/GAB PRESI/PRESI-IPHAN).

Figura 1: Áreas de Influência

Fonte: Elaborado pelo autor.

25
Conforme as conceituações da áreas de influência aludidas acima, considera-se
para o Centro de Desenvolvimento de Futebol do Amapá, as seguintes descrições das
áreas:

Área Diretamente Afetada (ADA)3: É constituída pela área do terreno que


sofrerá os impactos de diretos ocasionados pela implantação e instalação do
empreendimento. Sendo assim, caracterizada por poligonal contemplando o
total de área de 2.372,029m²

Tabela 1: Coordenadas das Vértices da Poligonal da ADA.


Sistema de Coordenadas UTM/Zona 22N – DATUM
SIRGAS 2000
Área Total
Vértice X Y
ADA (m²)
1 486353,998 5404,650
2 486454,772 5401,666
23.737,34m²
3 486519,727 5167,972
4 486417,882 5168,303
Fonte: Elaborado pelo autor.

Área de Influência Direta (AID): Área de Influência Direta – AID: é constituída


pela faixa de terreno de dimensão variável que circunscreve a ADA. Assim, foi
previsto para este empreendimento um buffer de 300 m a partir dos limites da
ADA, para estabelecer a AID. Sobretudo, é válido ressaltar que não serão
realizadas prospecções de subsuperfície na AID do empreendimento.

Área de Influência Indireta (AII): Define-se como a área total que sofrerá todo
e qualquer tipo de impacto indireto decorrente da implantação do
empreendimento. Neste caso, a AII em questão considera-se todo o município
de Macapá - AP.

As delimitações das áreas de Influência do empreendimento em estudo,


encontram-se em documentação anexa a este projeto, nos formatos vetoriais
shapefile e KML, seguindo as diretrizes da Instrução Normativa nº 001, de 25 de março
de 2015.

3 Ver Mapa 1.
26
Mapa 1: Áreas de Influência do Empreendimento

Fonte: Elaborado pelo autor.


27
6. CONTEXTUALIZAÇÃO ARQUEOLÓGICA E ETNO-HISTÓRICA DA AID
DO EMPREENDIMENTO

A elaboração desta contextualização baseou-se em fontes secundárias


no intuito de se compreender a respeito do contexto etnohistórico e arqueológico
do município de Macapá e regiões adjacentes. Para tanto, foram utilizados
artigos impressos e artigos publicados em periódicos científicos, livros e
relatórios de pesquisas desenvolvidas no estado do Amapá sobre o contexto pré-
colonial, etnográfico, histórico, geográfico e arqueológico.

6.1. Etno-História do Estado do Amapá

De acordo com a História Oficial, o termo “ethnohistory” (ou etno-história)


foi utilizado pela primeira vez pelo cientista social Clark Wissler, em 1909, que
se referia à mesma como um método que utiliza de dados arqueológicos e
documentos históricos, com o propósito de “reconstruir a história das culturas
indígenas”. Esse termo é usado para se referir à história das sociedades não-
ocidentais e, consequentemente, possui uma história de interfaces com a
arqueologia (OLIVEIRA, 2007).
Em seu texto “Etno-história e história indígena: questões sobre
conceitos, métodos e relevância da pesquisa”, Thiago Cavalcante (2011)
discorre que existe outra definição para a Etno-história, defendida por Manuela
Carneiro da Cunha e Eduardo Viveiros de Castro, que é caracterizada a partir de
uma representação que os povos indígenas fazem de si próprios e de suas
próprias histórias ou sobre as suas divisões de tempo, o que pode ser entendido
como “história indígena”.
Dessa forma, podemos perceber que o estudo da Etno-história é de
relevância para as discussões referentes à história dos povos tradicionais, pois
a partir dela compreende-se de maneira mais precisa o papel do indígena como
protagonista de suas próprias histórias, outro aspecto relevante é que essa
narrativa desmitifica a afirmativa de que os tais teriam sido exterminados por
completo do território brasileiro. O número de grupos indígenas que viviam no
território brasileiro na época em que os primeiros europeus deram início ao
processo de colonização no Brasil não é um dado evidenciado nas pesquisas

28
referentes a esse contexto. No entanto, existem estimativas sobre o número de
habitantes nativos à época, sugere-se cerca de 10 milhões de indivíduos
(LOPES, 2013) e aproximadamente 1,2 mil línguas indígenas diferentes faladas
há 500 anos antes do início da colonização (RODRIGUES, 2005). Segundo os
dados apresentados pelo Censo de 2010, hoje vivem apenas 800 mil indivíduos
autodeclarados indígenas, o que corresponde a cerca de 0,4% da população
brasileira (IBGE, 2010).
Ana Stela Negreiros Oliveira (2007) afirma que pouco se sabe em
relação aos indígenas que viviam no interior, pois as pesquisas que foram
desenvolvidas acerca dos povos tradicionais do país, em sua maioria, são
centradas exclusivamente nos indígenas que viveram no litoral.
Contudo, a história da ocupação humana do Brasil foi marcada por
relações entre diversas nacionalidades. Além dos povos indígenas, que já se
faziam presente antes da chegada dos primeiros colonizadores, o território
nacional abrigou povoações de portugueses, franceses, holandeses, povos
africanos de diferentes nacionalidades, entre outros. Os grupos humanos que
aqui viveram, contribuíram à sua maneira para deixar registrados dos seus feitos
na história local (ABREU SANTOS, 2021, p. 34). As fontes escritas da época do
contato entre indígenas e não indígenas nos primórdios da colonização, nos
servem aqui de catalizadoras para entendermos como se configurava a
ocupação pretérita da região alvo de estudo, antes e durante o período colonial.
Os povos indígenas, por sua vez, deixaram marcas de sua presença
através de vestígios materiais, que constituem, atualmente, os sítios
arqueológicos. No entanto, desde o contato com os colonizadores, uma série de
outras fontes de pesquisa passaram a apresentar informações sobre o modo de
vida desses povos. Desta forma, buscamos estabelecer uma maior
compreensão acerca do panorama de ocupação dos povos indígenas do estado
do Amapá, utilizando os dados disponíveis na bibliografia histórica, oriundas
desses primeiros contatos entre europeus e nativos. Entretanto, é valido
consideramos que, nesses relatos está impresso majoritariamente o ponto de
vista dos viajantes que desembarcaram no novo mundo, descrevendo assim as
peculiaridades do modo de vida dos povos que aqui estavam, bem como as
qualidades ambientais dessa terra antes “desconhecida”.

29
A história colonial do estado remonta da época das grandes navegações,
sobretudo com a chegada de Cristóvão Colombo na costa do que hoje
conhecemos como as Bahamas. Com os desdobramentos geopolíticos da
época, as nações percussoras desse momento de grandes navegações pelas
terras do novo mundo reivindicaram o direito de exploração das terras antes
desconhecidas, no que ficou conhecido como o “Tratado de Tordesilhas”, acordo
firmado entre Espanha e Portugal em 7 de junho de 1494.
Pois bem, feito esse breve resumo, é valido enfatizar que o território do
estado do Amapá, antes estava do lado da linha imaginaria, traçada no Tratado,
que correspondia ao domínio espanhol e que foi palco de uma das primeiras
expedições de reconhecimento das terras brasílicas por viajantes vindos de
nações ultramarinas. Vicente Yanes Pinzon, em 1499, e em janeiro de 1500,
através de navegação de cabotagem, percorreu parte do litoral norte e nordeste,
desde o litoral das Guianas, passando pela foz do rio Amazonas até o litoral
pernambucano, sendo um dos primeiros expedicionários europeus a passar pelo
estado do Amapá. Vicente Pinzon ao descobrir tamanha imensidão do rio
Amazonas, “o denominou de Santa Maria del Mar Dulce e, desde então, povoou
o imaginário de viajantes e cientistas que o exploraram na tentativa de desvendar
seus mistérios” (SCHULTZ, 2017, p. 128).
No que diz respeito a navegação do curso do Rio Amazonas, de fato
quem logra existo foi o Francisco Orellana corregedor espanhol, que a partir das
incursões espanholas em Quito, no equador, adentrou em 1541 o curso do Rio
Amazonas até a foz. Motivado pela sede de conquistar novas terras para coroa
da Espanha e apossar-se do ouro do lendário e imaginário Eldorado, Francisco
Orellana percorre o rio, mas uma serie de intempéries o acometem juntamente
de sua tripulação, onde baixas significativas não tornaram a viagem tão bem-
sucedida, apesar do cumprimento do percurso. A empreitada realizada por
Orellana foi documentada através dos escritos do frei Gaspar de Carvajal, na
conhecida e difícil viagem conduzida por Francisco. Nestes relatos, Carvajal
descreve acerca das impressões observadas durante a viagem, as quais se
referem a situações que envolvem “as mulheres guerreiras, as amazonas; o rio-
mar, o Amazonas, a natureza; e as representações sobre os indígenas,
oscilando entre os bons, que os ajudavam na imensa travessia, e os maus, que

30
faziam guerra a sua passagem” (FERNANDES, CARVALHO, CAMPOS, 2020,
p, 25).
Estes relatos históricos, são os primeiros documentam que descrevem o
modo de vida dos moradores nativos de regiões amazônicas. Neles, podemos
extrair algumas informações sobre este primeiro contato. Em sua crônica,
Carvajal nos conta como se desenrolou as relações iniciais entre espanhóis e
indígenas das margens do rio Amazonas:

Neste novo dia eles deram com um rio poderoso que eles não podiam
vadear, mas eles viram canoas tripuladas navegando suas águas pelos
indígenas, e que do lado oposto podiam ver alguns sob observação.
Então começou os espanhóis a chamá-los para virem sem medo, como
quinze ou vinte deles fizeram isso, levando-o ao seu cacique, a quem
Gonçalo Pizarro mais tarde entreteve com alguma feitiçaria muito ao
gosto dos selvagens, para que eu pudesse dizer-lhe se eu tivesse
notícias de alguma boa terra que estava além, mesmo que fosse
distante. Castigado com o que havia acontecido com os outros índios,
Delicola, como era chamado o cacique, então lhe disse, sabendo que
era mentira, que à frente havia grandes cidades e regiões muito ricas,
governado por senhores poderosos, recebendo como recompensa por
seu clichê, aquele que Pizarro condenava a manter preso pelos
serviços que poderia emprestá-lo mais tarde como guia (CAVAJAL,
1984, p 72).

Além das tentativas da Espanha de assegurar concreções nas terras do


seu lado do Tratado de Tordesilhas, outras nações também buscaram por tal
empreendimento. Quanto ao estado do Amapá, noticia-se presença de viajantes
portugueses, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses. A França não
reconheceu o tratado de Tordesilhas, de 1493, e argumentava: onde está o
testamento de Adão que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha. Com este
argumento, a França realizou várias incursões de pirataria no litoral brasileiro,
em que se aliavam aos índios, e traficavam madeira. Os ingleses e holandeses
frequentavam a região norte da costa amazônica. Eles fizeram ocupações na
região das Guianas. Em 1600, adentraram a bacia amazônica, estabelecendo
construções de feitorias e fortificações, estendendo-se para a região do Cabo
Norte e nas ilhas paraenses (FREIRE e HENRIQUE, 2022).
A investigação sistemática das terras baixas amazônicas tomou corpo a
partir das expedições cientificas em meados da década de 1800. Dentre os
pesquisadores que se aventuram por essas bandas, podemos elencar: Spix e
Von Martius (1817-1820), Georg von Langsdorff (1826-1828), Wallace e Bates

31
(1848) e Richard Spruce (1849). Segundo Schultz (2017), um dos primeiros
naturalistas a tentar replicar o percurso feito por Orellana, foi Gaetano Osculati
(1854), que percorre todo o rio Amazonas e recolhe grande quantidade de
material para estudos posteriores. No trabalho, Osculati faz menção e descrição
aos nativos que ocupavam as margens do majestoso Amazonas, bem como os
moradores dos andes peruanos. Das etnias na porção baixa da América do Sul,
o autor cita os Ticunas4 e Mundurucus5.

Figura 2: Indígenas da etnia Ticuna, documentados na obra de Osculati, 1854.

Fonte: Osculati, 1854.

No que diz respeito, especificamente, às primeiras notícias sobre povos


indígenas ocupantes das terras que correspondem ao estado do Amapá, estes

4
Do ponto de vista histórico-comparativo, a língua Ticuna (ou Tikuna) ainda é considerada como
um tipo isolado único. Greenberg (1987) fez o Ticuna aparecer como membro de um suposto
tronco Macro-Tukano (PIB, 2022).

5 Esse povo indígena é pertencente à família lingüística Munduruku, do tronco Tupi. Sua
autodenominação é Wuy jugu (PIB, 2022).

32
pertencem aos troncos linguísticos Aruak, Karib e Tupi. Segundo Pereira,
Oliveira e Matos (2017):
O comércio entre holandeses e índios do Amapá relatado por Lodewijk
Huslman (2011) indica que o território era densamente ocupado nos
princípios do século XVII. Os indígenas mantinham relações de
comércio com europeus de forma autônoma, trocando objetos de
metal, contas de vidro e outros utensílios manufaturados europeus por
tabaco, madeira e urucum, matérias-primas altamente valiosas na
Europa (PEREIRA, OLIVEIRA, MATOS, 2017, p. 3)

De acordo com Reis (1949), os estabelecimentos coloniais plantados


entre a Guiana e a margem esquerda do Amazônia Corupatuba, Oiapoque,
Jenipapo, Tauregue, Cocodive, contaram com a colaboração dos indígenas
Tocuju e dos Supana, para de fato lograrem êxito. Segundo o autor, o
contingente populacional da área era significativo, imputando imprecisão na
contabilidade: “a multidão de gentios que ocupava não tinha conta” (REIS, 1949,
p. 22). A província (hoje Amapá), segundo Bento Maciel, pertencia aos
Tapayossús, Tucuyús e Maringuins. Sarney e Costa extrovertem que a região
também era habitada pelos emerenhons e os Wayapi (SARNEY, COSTA, 2004).
Inicialmente, a região hoje definida como estado do Amapá, chamava-
se Capitania do Cabo do Norte. Bettendorff (2010), também menciona Tucuyús
ou Tucujus nas terras do estado do Amapá. Além dos registros escritos desta
época, os trabalhos relacionados a cartografia histórica contribuem para
especializar estas etnias em momentos específicos da colonização, como, por
exemplo, os mapas da Família Teixeira de Albernaz.
Dentre as cartografias históricas que reúnem informações sobre as
populações indígenas da região, é valido ressaltar o manuscrito "Descrição de
Todo o Marítimo da Terra de Santa Cruz Chamado Vulgarmente o Brasil",
publicado em 1640 (figura 3), por João Teixeira de Albernaz. Neste manuscrito,
o cartografo português faz o levantamento da costa do Brasil, indicando cidades
e vilas da época, algumas povoações indígenas, rios e demais feições
geoambientais. O segundo Mapa que também descreve a costa do Amapá, é de
autoria do herdeiro do ofício de cartógrafo de João Teixeira. De mesmo nome,
João Teixeira de Albernaz, o moço, realiza a confecção do “Atlas do Brasil”, de
1666 (figura 4), onde há menções a nações indígenas nas margens do rio
Amazonas, antiga Província do Cabo do Norte.

33
Figura 3: Povoações Indígenas indicadas no Atlas de João Teixeira de Albernaz, Pará e parte do
Maranhão em Carta de 1640.

Fonte: PORTUGALIAE MONUMENTA CARTOGRAFICA, vol. IV; ALBARNEZ, João Teixeira.


Discripção de todo o marítimo da Terra de S. Cruz chamado vulgarmente o Brasil - [s.l. : s.n.], D.L. 2000.
Ed. fac-simil.: Grafispaço - Centro Editorial Gráfico.
34
Figura 4: Indicação de Povoações Indígenas no Atlas do Brasil de João Teixeira
de Albernaz II, de 1666.

Fonte: Autor: ALBERNAZ II, João Teixeira. | Obra: Brasil. In:___ [Atlas do Brasil]. [ca. 1666]. 1 atlas ms.
(16 f.), 29 cartas desenhadas a tinta ferrogálica, col., aquareladas.

35
Outra importante fonte que trata sobre a localização, no tempo e no espaço, de
povos indígenas, é de autoria do alemão Curt Nimuendajú. Responsável por elaborar
o Mapa Etno-Histórico do Brasil e Regiões adjacentes, trabalho que condensa
centenas de informações, representações cartográficas, croquis, tudo materializados
em “mapa” e caderno de citações, com a localização de povos indígenas, filiações
linguísticas, e periodização de algumas etnias ao longo dos últimos séculos
(NIMUENDAJÚ, 1944, apud IPHAN, 2017).
No mapa etno-histórico de Curt Nimuendajú, contém exatamente 64 nações
indígenas descritas para o estado do Amapá e regiões limítrofes6 (vide quadro 1 e
mapa 4) em momentos e regiões diferentes. O autor delimita a posição desses povos
no estado e indica quais cursos d’agua banham seus territórios, além de indicar o
período de ocupação correspondente a cada local descrito (ver quadro 1).

Quadro 1: Povos Indígenas descritos por Nimuendajú (1944) para o Amapá e


adjacências.
Nações Data Data Família
Localização
Indígenas Inicial Final Linguística
Línguas
Amikwan Fronteira 1724 1724
Desconhecidas
Línguas
Anajá Ilha de Marjó - Rio Anajás 1700 1700
Desconhecidas
Rio Curuá - Rio Maicuru Tupi
1691 1862
Apamá Rio Paru Tupi
1784 1784
Rio Paru Tupi

Rio Paru 1930 Karib

Rios: Curuá - Maicuru_Paru 1899 1899 Karib

Rio Paru de Oeste Rio Paru 1857 1857 Karib


Aparaí
Rio Maicuru Karib

Rio Curuá Maicuru Pari 1899 1899 Karib

Rio Jari - Prox Limt. estadual 1937 1937 Karib


Línguas
Apehou Rio Xingu 1623 1623
Desconhecidas
Línguas
Rio Amazonas 1702 1820
Desconhecidas
Aracaju
Rio Amazonas 1680 1680 Tupi

6 Aponta-se não somente as indicações das populações indígenas descritas para os limites atuais do
referido estado, mas também povos que circundavam a região. Isso justifica-se devido ao trânsito de
movimentação dessas populações, que mesmo mantendo fronteiras especificas com outras etnias,
estas fronteiras eram fluídas, implicando em uma ocupação dinâmica do território, além disso há
questões de periodização, que nem sempre eram contemporâneas entre esses povos.
36
Línguas
Aramayu Marem do Rio Oiapoque 1750 1750
Desconhecidas
Línguas
prox Rio Caciporé 1702 1702
Desconhecidas
Arara
Línguas
Rio guamá 1693
Desconhecidas
Rio Principal 1645 1645 Aruak

Litoral - Rio Principal Aruak


Arawak
Nasc Rio Cajari 1741 1741 Aruak

Rio Amazonas 1620 1620 Aruak


Línguas
Ariane Rio VIla Nova - Rio Maracá 1698 1698
Desconhecidas
Línguas
Arikari Rio Calçoene - Litoral 1687 1727
Desconhecidas
Línguas
Arouargue Fronteira - Rio Oiapoque 1732 1732
Desconhecidas
Rio Vila Nova 1698 1698 Aruak

Ilha de Marajó Rio Anajás 1700 1700 Aruak


Aruã
Rio Uaça - Rio Caciporé Aruak

Litoral de Marajó 1816 1816 Aruak


Línguas
Caapina Nororeste Q 1691 1702
Desconhecidas
Línguas
Camboca Extremo Leste Q 1700 1700
Desconhecidas
Línguas
Carapeura Rio Amazonas 1601 1700
Desconhecidas
Línguas
Cauaná Centro Norte prox Rio Xingu 1656 1656
Desconhecidas
Línguas
Coaní Rio Amazonas 1662 1678
Desconhecidas
Línguas
Cussani prox Rio Araguarí 1741 1741
Desconhecidas
Emerillons Rio Oiapoque Tupi

Galibi Rio Uaça - Rio Caciporé Karib


Línguas
Guajará Litoral 1700 1700
Desconhecidas
Línguas
Harritiahan Rio Vila Nova 1656 1656
Desconhecidas
Línguas
Rio Amapari - Rio Vila Nova 1896 1896
Desconhecidas
Indios
Línguas
Rio Tartarugal
Desconhecidas
Línguas
Ingahiba Nordeste Q - Ilha de Marajó 1601 1700
Desconhecidas
Línguas
Rio Calçoene 1760 1760
Desconhecidas
Línguas
Itutan Ri Caciporé 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Rio Uaçá 1701 1800
Desconhecidas
37
Línguas
Joane Litoral 1700 1700
Desconhecidas
Línguas
Kaikusiana Próximo rio Mapoari 1891 1891
Desconhecidas
Línguas
Karanariú Rio Uaçá 1701 1800
Desconhecidas
Próximo Cap. Macapá 1646 1646 Karib
Karib
Rio Calçoene 1618 1618 Karib
Línguas
Kurukuan Rio Caciporé 1701 1800
Desconhecidas
Línguas
Rio Caciporé - Rio Calçoene 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Kussari Próximo Rio Mapoari 1732 1732
Desconhecidas
Línguas
Rio Araguari 1691 1691
Desconhecidas
Línguas
Rio Amapari - Rio Vila Nova 1636 1636
Desconhecidas
Makapa
Línguas
Prox. Rio Caciporé 1762 1762
Desconhecidas
Línguas
Makapaí margem Rio Paru de Oeste 1915
Desconhecidas
Línguas
Mapruan Rio Amapari - Rio Araguari 1698 1698
Desconhecidas
Línguas
Mapuá Ilha de Marajó 1700 1700
Desconhecidas
Línguas
Rio Principal 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Maraon Rio Principal - Litoral 1698 1698
Desconhecidas
Línguas
Prox. Litoral 1635 1687
Desconhecidas
Línguas
Marauaná Litoral 1700 1700
Desconhecidas
Línguas
Marauni Litoral
Desconhecidas
Línguas
Rio Uaçá 1701 1800
Desconhecidas
Mayé
Línguas
Litoral - prox. Rio Caciporé 1666 1760
Desconhecidas
Línguas
Menejou Próximo Rio Jari e Iratapuru 1698 1698
Desconhecidas
Línguas
Norak Fronteira Guiana Francesa 1618 1618
Desconhecidas
Línguas
Noyenne Prox. Rio Mapoari 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Oivaneca Próximo a Litoral 1601 1700
Desconhecidas
Línguas
Ouranajou Próximo ao Rio Tartarugal 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Oyanpique Fronteira - Rio Oiapoque 1726 1726
Desconhecidas
Rio Calçoene 1652 1760 Aruak
Palikur
Rio Caciporé - Rio Calçoene 1741 1741 Aruak

38
Rio Uaça 1652 1652 Aruak

Litoral - prox. Cap Macapá 1500 1500 Aruak


Línguas
Paracoto Litoral 1586 1586
Desconhecidas
Pauxi Rio Amazonas 1660 1660 Tupi

Rio Erepecuru 1900 1900 Karib


Pianokotó
Rio Marapari 1937 1937 Karib
Próxima Fronteira Guiana Línguas
Pino 1501 1600
Francesa Desconhecidas
Línguas
Sacaca Litoral 1700 1700
Desconhecidas
Línguas
Taricoupi Fronteira - Rio Araguari 1741 1824
Desconhecidas
Rio Maracanã Tupi
Tembé
Rio Guamá Tupi

Prox Rio Mapari 1941 1941 Karib


Tirió
RIo Sipaliwini Karib
Línguas
Tocoyene Rio Cajari 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Tomokom Prox. nascente do Rio Maracá 1832 1865
Desconhecidas
Línguas
Tucujú Rio Vila Nova - Capital 1681 1681
Desconhecidas
Tupinambá Rio Moju - Maracanã - Caeté 1619 1619 Tupi

Upuruí Rio Jari - limite estadual 1801 1900 Karib

Rio Paru de Oeste - Rio Jari 1904 Karib


Upuruí
Fronteira Rio Oiapoque 1701 1800 Karib

Rio Poloemeu Karib


Wayana
Rio Poloemeu – Mapoani – Jar Karib

Rio Amapari Tupi

Prox. Rio Oiapoque Tupi

Frontera - Rio Oiapoque Tupi

Wayapi Rio Mapari - Rio Amapari 1741 1762 Tupi

Rio Jari 1852 1862 Tupi

Rio Amapari 1908 1916 Tupi

Rio Mapari - Rio Camopi - Rio Oiapoque Tupi


Línguas
Yao Rio Principal - Litoral 1961 1691
Desconhecidas

39
Mapa 2: Povos Indígenas do Estado do Amapá e adjacências.

Fonte: Adaptado de Nimuendajú, 1944. Elaborado pelo Autor.

40
A densidade ocupacional do Amapá descrita no Nimuendajú, indica a
presença e dinamicidade das nações indígenas durante os períodos coloniais. Além
das descrições e indicações expostas no seu mapa etnohistórico, pesquisas mais
recentes demostram a presença de nações indígenas distribuídas pelo estado.
Segundo Chmyz e Sganzerla (2006), outros pesquisadores como John Gillin (1948:
799-860) e Françoise e Pierre Grenand (1987, 3(1):1-78), especializam grupos
indígenas dessa porção amazônica trazendo novos dados sobre a ocupação da
região:
John Gillin localiza grupos Ouranajou entre os rios Tartarugalzinho e Araguari
em 1741, os Maraon na bacia do rio Araguari em 1698 e 1741, os Aruak, na
margem direita do rio Araguari em 1641 e, os Palikur e Aricari no rio Amapá
Grande em 1652 e 1760 e, 1657 e 1727, respectivamente. Assinala também
os Apalaí nos rios Jari, Curuá e Paru, os Apuruí no baixo rio Jari e no
Oiapoque, os Oyana nas fronteiras sul das Guianas Francesa e Holandesa e
no alto rio Paru, Jari, Maronini, Lawa, Paloemeu e Tapanahony. Registra os
Wöciare como originários do rio Paru e, os Oyampi no rio Jari.

Françoise e Pierre Grenand (1987, 3(1):1-78), registram a ocupação deste


espaço pelos Palikur (1676- 1727), Kukuyune (1745), Arikare (1596-1613-
1760), Maye (1625-1676), Itutan (1676-1733), Yayo (1613), Maraon (1625-
1687-1698-1760), Kusaru (1676-1733), Aruã (1625), Makapa (1676),
Kawakukyene (1625) Kamuyune (1625), Tukuweine (1640-1676) e Arawak
(1610-1696). Nas ilhas do estuário do rio Amazonas, situam os Aruã (1621-
1640-1676- 1711) (CHMYZ & SGANZERLA. 2006, p. 133-134)

Quanto aos povos indígenas que habitam atualmente o estado do Amapá,


segundo a Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas, o Amapá tem uma
população estimada de 5.802 indígenas em Oiapoque, 3.043 no parque do
Tumucumaque e 1.220 na região de Pedra Branca do Amapari, totalizando uma
população de 10.065 indígenas. Estes estão divididos em 09 (nove) etnias indígenas,
dispostos em 6 Terras Indígenas regularizadas, sendo elas: TI Galibi, TI Juminá, TI
Tumucumaque, TI Uaçá I e II, TI Waiãpi.
Na região do Oiapoque, nas terras indígenas Uaça, Juminá e Galibi, vivem as
etnias: Karipuna, Palikur, Galibi Manrworno, Galibi Kalinã, na região do Parque do
Tumucumaque a Oeste do Estado do Amapá, na região norte do Pará, terra indígena
do Parque do Tumucumaque e Rio Paru D´Este, vivem as etnias: Apalay, Waiana,
Tiriyó, Kaxuyana. Na região Pedra Branca do Amapari, terra indígena baixo rio Xingu,
região delimitada pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, vivem os Waiãpi (SEPI, 2022).

41
Mapa 3: Terras Indígenas e Unidades de Conservação do Estado do Amapá.

Fonte: Elaborado pelo autor.


42
Especificamente no que se trata à formação da cidade de Macapá, o rei
espanhol Carlos V criou o Adelantado de Santa Luzia, nas terras onde hoje se
encontra Macapá (FERREIRA, HENRIQUE, 2022). As terras foram concedidas ao
explorador espanhol Francisco Orellana, mas morreu em expedição, antes de tomar
posse. “Por volta de 1598, holandeses fixavam-se na região, tendo notícia de
plantações holandesas e fortes holandeses no Xingu, chamados de Orange e Nassau.
Por volta de 1610, tinham feitorias também entre o Jari e Macapá, na região dos
tucujus” (SARNEY, COSTA, 2004). A cidade de Macapá surgiu oficialmente como
instalação da Vila de São José de Macapá em 1758. Nessa vila, foi construída a
Fortaleza de São José de Macapá, como ressalta Chmyz & Sganzerla:

Em 1631, um estabelecimento inglês foi erguido a duas léguas e meia ao sul


da atual cidade de Macapá e denominado forte Cumau. Sobre ele, com o
domínio português foi construído, em 1688, o forte Santo Antônio de Macapá.
Holandeses e ingleses fundaram o forte Philippe entre os rios Anauerapucu
e Matapí (1629 e 1631). Em 1623 foi criada, pelos irlandeses, a colônia
Torrego (Taurege), nas imediações do rio Maracapucu. Colônias holandesas
foram assinaladas, também, nas proximidades do rio Cajari e datam de 1610
e 1623-1625. Colônias inglesas, denominadas Tilletille e Warmeonaka, foram
estabelecidas em 1623 às margens do rio Cajari. Entre 1764 e 1782, já com
o domínio português, foi construído o forte São José de Macapá, na atual
Cidade de Macapá (CHMYZ & SGANZERLA. 2006, p. 133-140).

Macapá efetivou-se como núcleo populacional devido a relação ora amistosa,


ora belicosa entre indígenas e colonizadores. Nesta região, Vicente Pinzon noticía
pela primeira vez a presença dos Palikur, em meados de 1513. “Nos princípios do
século XVI, os Palikur, além de extremamente numerosos, habitavam a região que
hoje corresponde a cidade de Macapá e municípios vizinhos” (PEREIRA, OLIVEIRA,
MATOS, 2017). Além dessa etnia, menciona-se o povo Maraon no início do sec. XVII,
nas regiões de Macapá, Araguari, no Cabo Norte, nas lagunas de Mayacaré. Os
Tukuweine, chamados pelos portugueses de Tucuju, foram assinalados entre o forte
de Macapá e a embocadura do rio Jari. Aliados dos franceses, no final do século XVII”
(CHMYZ & SGANZERLA. 2006). Nas ilhas do estuário Amazônico e na costa sul do
Amapá, próximo a desembocadura do Amapá, documenta-se os Aruã, no séc. XVIII,
que também são citados por Curt Nimuendajú (1944) na Ilha de Marajó no séc. XVII e
em 1698, próximo ao Rio Vila Nova, nas imediações da atual Macapá.
De acordo com Nimuendajú, cerca de 12 etnias indígenas habitaram o
território que hoje compreende a cidade de Macapá. Estes grupos viveram nestas

43
regiões em um período que varia entre os anos 1500 e 1961 (NIMUENDAJÚ), legando
sua cultura a identidade do povo macapaense.

Quadro 2: Povos Indígenas indicados por Nimuendajú 1944 para a região de


Macapá.
Data Data Família
Nações Indígenas Localização
Inicial Final Linguística
Aruá Rio Vila Nova 1698 1698 Aruak

Karib Prox. Cap. Macapá 1646 1646 Karib

Línguas
Makapa Rio Amapari / Rio Vila Nova 1636 1636
Desconhecidas
Rio Principal 1645 1645 Aruak
Arawak
Litoral / Rio Principal Aruak
Línguas
Harritiahan Rio Vila Nova 1656 1656
Desconhecidas
Línguas
Ariane Rio VIla Nova - Rio Maracá 1698 1698
Desconhecidas
Línguas
Rio Principal 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Maraon Rio Principal / Litoral 1698 1698
Desconhecidas
Línguas
Prox. Litoral 1635 1687
Desconhecidas
Línguas
Yao Rio Principal / Litoral 1961 1691
Desconhecidas
Línguas
Ouranajou Prox. ao Rio Tartarugal 1741 1741
Desconhecidas
Línguas
Tucujú Rio Vila Nova - Capital 1681 1681
Desconhecidas
Palikur Litoral / prox Cap Macapá 1500 1500 Aruak
Línguas
Paracoto Litoral 1586 1586
Desconhecidas
Fonte: Adaptado de Nimuenjdaú 1944

De acordo com Chmyz & Sganzerla (2006), os Aruã, juntamente com os


Arikare, Maraon, Palikur, foram os grupos mais representativos da população indígena
do Amapá. Arqueologicamente, Meggers e Evans (1957) estipulam uma fase
arqueológica definida de Aruã, que segundo os autores, teriam ocupado inicialmente
a região até meados de 1200 d.C.
O território do amapá e consequentemente da capital Macapá, foi
ocupado por inúmeros povos indígenas antes, durante e posterior o contato com os
europeus. Contudo, infelizmente, não se tem documentos sobre os locais de
habitação de todos esses grupos, salvo alguns relatos históricos e estudos
arqueológicos e antropológicos que especializam essas populações. Contudo, é
possível vislumbrar que as áreas ocupadas por estas populações eram muito maiores

44
do que se tem noticiado, Abreu Santos (2021) versa a respeito do espectro socio-
simbólico que permeia o ethos dos povos indígenas do passado, e como isso se reflete
na ocupação dos seus territórios:

As informações arqueológicas, históricas e etnográficas, indicam que as


zonas de ocupação desses povos eram fluídas, indicando em uma ampla
abrangência de suas áreas e que suas fronteiras não eram estáticas. Desta
forma, percebe-se que a dinâmica de ocupação desses povos não estava
relacionada somente com questões de subsistência, mas havia toda uma
atmosfera sociopolítica e simbólica atrelada a escolha de ocupação e
reocupação dos territórios (ABREU SANTOS, 2021, p. 123).

A relação simbólica que os povos indígenas mantem com o território é


complexa, difícil de ser compreendida através dos mecanismos analíticos ocidentais.
No entanto, o conceito dialético intrínseco entre o modo de ser destas populações e
seus territórios, assume apropriações simbólico-afetivas que denotam um ideal de
idiossincrasia7 exclusivo desses povos (SILVA, 2012). Neste sentido, “o território
desdobra-se ao longo de um continuum que vai da dominação político-econômica
mais ‘concreta’ e ‘funcional’ à apropriação mais subjetiva e/ou cultural-simbólica” dos
espaços ocupados (BUENO MOTA, 2017).
A distribuição quanto a quantificação dessas etnias é muito maior do que se
é noticiado na literatura oficial, haja vista que os etnônimos são confusos do ponto de
vista histórico, uma vez que o mesmo grupo pode ter diversas atribuições,
autodesignações e subdivisões.

7 Etimologicamente, significa característica comportamental peculiar a um grupo ou a uma pessoa.


Filosoficamente: “os motivos a que responde a idiossincrasia remetem às origens. Eles reproduzem os
momentos da proto-história biológica: sinais de perigo cujo ruído fazia os cabelos se eriçarem e o
coração cessar de bate” (ADORNO, 1985, Apud DA SILVEIRA, 2019). “Neste sentido, as
características particulares desse grupo somam - se e constituem um modo complexo de agir dessa
comunidade, tanto para fora de si quanto em suas lógicas internas” (DE GODOI, 2019).

DE GODOI, Rodrigo Duarte Bueno. A era LDRV: a idiossincrasia do grupo. Anais de Artigos do
Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais, v. 1, n. 3, 2019.

DA SILVEIRA, Sara Juliana Pozzer. Mimese, idiossincrasia e indústria cultural. Veritas (Porto Alegre),
v. 64, n. 2, p. e32363-e32363, 2019.
45
Figura 5: Povos Indígenas da Região de Macapá.

Fonte: Adaptado de Nimuendajú (1944), elaborado pelo autor.


46
6.2. Ensaio sobre a arqueológica do Amapá

A região Amazônica, é considerada atualmente detentora de um significativo


potencial para existência de remanescentes arqueológicos. Isso se dá, ora pelos seus
territórios densamente ocupados pelos povos originários, descritos tanto nos relatos
históricos como em trabalhos de cunho etnográficos, ora pela preservação de
diferentes tipos de sítios arqueológicos. As pesquisas a respeito da arqueologia da
região vêm sendo desenvolvidas sistematicamente a parir de meados do Sec. XX,
especificamente desde a década de 40, através dos trabalhos associados a
perspectivas da ecologia cultural norte Americana e do determinismo ecológico
(NEVES, 1999).
Esta perspectiva teórica acredita, sobretudo, que o desenvolvimento das
sociedades amazônicas estava diretamente ligado a imposições do ambiente de
floresta tropica, que em linhas gerais não favorecia para o surgimento de sociedades
complexas. Este pensamento teve sua base pautada sobretudo os conceitos
evolucionistas darwinistas, muito usados para entender o que alguns pesquisadores
como Tylor e Morgan, Gordon Childe, Leslie White, Julian Steward chamaram de
evolucionismo cultural (LIMA, 2006).
Seguindo esta ótica, dois pesquisadores estadunidenses do Instituto
Smithsonian, deram início ao Programa Nacional de Pesquisa Arqueológica
(PRONAPA 1965 – 1970). Betty Meggers e Clifford Evans, através do PRONAPA,
ficam responsáveis por elaborar, em conjunto com outros pesquisadores brasileiros,
o primeiro levantamento sistemático da arqueologia e Brasileira. Os desdobramentos
deste programa culminaram no PRONAPABA, o Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas na Bacia Amazônica. Neste contexto, os modelos estabelecidos por
Meggers e Evans, buscavam correlacionar padrões do registro arqueológico com
variáveis paleoambientais.

Através de 21 áreas selecionadas da Bacia Amazônica (cf. mapa).


especialmente ao longo dos tributários da margem direita do rio Amazonas,
tem o PRONAPABA por objetivo, no tocante à ocupação pré-histórica da
Amazônia, testar a aplicabilidade do modelo de refúgios florestados proposto
por vários biólogos (Haffer, Vanzolini, Sheppard Brown, Pranca e outros) para
explicar as diversificações observadas no ecossistema atual da região. Como
este modelo reflete períodos sucessivos de fragmentação e coalescências da
floresta tropical úmida, motivados por modificações climáticas ocorridas
desde o Pleistoceno, e, considerando ainda, que os dois mais recentes
desses episódios são posteriores à chegada do Homem à Amazônia, busca
o Programa: a evidências que possam revelar diferenças na antiguidade das
culturas pré-históricas adaptadas à floresta tropical; b - continuidade ou não
de residência local; r,- superposição de complexos e fases arqueológicas
distintas, além de outros tipos de situações compatíveis com o modelo
47
biogeográfico em questão, entre os quais certos padrões que possam vir a
corroborar ou esclarecer a localização e tamanho desses refúgios (SIMÕES,
1977, p. 298 – 299)

Figura 6: Area de abrangência dos estudos do PRONAPABA.

Fonte: SIMÕES, 1977

As proposições articuladas por Steward no Handbook of South American


Indians e difundidas por Meggers e Evans, versam que a “organização sociopolítica
dos ameríndios amazônicos era necessariamente baseada em aldeias pequenas e
autônomas com tecnologias simples e estruturas sociopolíticas igualitárias”
(SALDANHA, CABRAL, 2014). As ideias encabeçadas por Meggers e Evans
durante o PRONAPA e PRONAPABA, em geral resultaram em uma estipulação das
cronologias das terras baixas da América do Sul, em relação as datações e
complexificação social das sociedades andinas. Divididos através do conceito de fase
e tradição, os autores estipularam alguns “horizontes” ocupacionais cerâmicos, para
região, sendo eles: zonado hachurado”, “borda incisa”, “policromo” e “inciso e
ponteado”. Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, as proposições do casal
apresentaram ao longo dos anos muitos problemas, que implicaram em duras críticas
da comunidade cientifica.

48
No esquema acima descrito, há uma preferência pelo estabelecimento de
cronologias relativas através da seriação de atributos cerâmicos,
principalmente o tempero, um método influente ainda empregado por alguns
arqueólogos ainda ativos nas terras baixas. As justificativas para o emprego
desse método estão baseadas em uma série de premissas duvidosas: que
fragmentos decorados representariam uma amostra pequena em uma
coleção; que a variabilidade de técnicas decorativas em determinadas
indústrias seria muito grande e, finalmente, que superfícies pintadas seriam
vulneráveis à erosão (NEVES, 1999. p. 90).

Outra linha de pensamento sobre o desenvolvimento das sociedades


amazônicas pré-colombianas, caracteriza-se como oposta às proposições traçadas
durante o PRONAPA e PRONAPABA. Donald Lathrap surgiu com novos conceitos
que revolucionariam os estudos sobre a arqueologia dos povos Amazônicos. Lathrap
inicia seus trabalhos discordando das ideias de Meggers e Evans, opondo-se as
teorias adotadas pelo casal, que consistiam também nas proposições feitas por Von
Martius. A perspectiva que o Lathrap tinha sobre a Amazônia, era de um grande centro
de inovações culturais, a partir do qual estilos cerâmicos e técnicas de cultivos teriam
se expandidos para outras regiões (AMARAL,2015).

As hipóteses de Lathrap sobre a existência de um centro antigo, durante o


Holoceno, de desenvolvimento cultural nas áreas de várzea da floresta
tropical foram propostas em uma série de trabalhos com foco na arqueologia
do norte da América do Sul. Esses trabalhos apontam, dentre outros
aspectos, para evidências sobre antigas redes de comércio e para a presença
de elementos de floresta tropical na iconografia dos primeiros complexos
cerimoniais andinos como Chavín de Huantar. Em uma discussão sobre as
cerâmicas sul-americanas mais antigas conhecidas nos anos 70 – como
Valdivia, Bacia de Guayas, Equador; Puerto Hormiga, bacia do baixo
Magdalena, próximo ao litoral caribenho da Colômbia; fase Alaka, litoral das
Guianas propôs que complexos mais antigos deveriam ser encontrados ao
longo das várzeas da Amazônia central ou do norte do continente. Seu
raciocínio era cristalino: as cerâmicas então conhecidas eram diferentes o
bastante umas das outras para que se aceitasse a hipótese de difusão de um
complexo para o outro, uma afirmação confirmada por pesquisas adicionais
sobre esse problema (NEVES, 1999. p. 92).

Os estudos arqueológicos estiveram durante muito tempo atrelados a


exuberância estética “dos artefatos, associados ao sempre misterioso e, por vezes,
romântico olhar sobre a imponente natureza encontrada na região” (MACHADO,
2009). As pesquisas a respeito desses artefatos geraram diversos modelos sobre o
padrão de comportamento dos povos que os produziam.
O estado do Amapá assume papel protagonista no que se refere a estudos
arqueológicos na região norte do Brasil. O estado tem sido foco para esse tipo de
pesquisa, desde meados do sec. XIX, a partir dos trabalhos do pesquisador Emilio
Goeldi, em 1895, na costa atlântica. Durante as expedições do Goeldi, identificou-se
49
sítios arqueológicos em poços funerários com artefatos cerâmicos, que
posteriormente seriam conhecidos como “Fase Ariste” (SALDANHA, 2010).
A recorrência de sítios distribui-se com maior incidência na zona intermediária,
entre o litoral aluviônico e o da antiga costa arqueana. “Somente com a descrição da
cerâmica funerária de Cunani, por Goeldi, e com as investigações de Nimuendajú em
toda região norte do Território, o conhecimento arqueológico da região se tornou mais
objetivo” (HIBERT, 1957).
A região Estuaria do estado foi investigada brevemente por Eurico Fernandes
quem em 1935 identificou o sítio cemitério de Vila Velha, apresnetando uma urna com
restos de ossos queimados, mais de trezentas contas de vidro de variedades diversas,
um pequeno machado de pedra, sete muiraquitãs e pendentes de jadeíte. Aureliano
Lima Guedes (1897) e Farabee (1921), estudaram as bacias dos rios Vila Nova,
Maracá. (HIBERT, 1957; SALDANHA, 2010).
A primeira contextualização arqueológica da região foi feita pelo casal Meggers
e Evans. Como dito anteriormente, esses pesquisadores trabalharam intensivamente
a região da foz do Amazonas na década de 40. O resultado desses trabalhos,
estabeleceram 3 frases arqueológicas para o estado sendo as fases: “Aruã, Mazagão
e Aristé. O Amapá teria sido ocupado inicialmente pela fase Aruã, difundida da
América Central. Posteriormente, a fase Aruã seria desalojada pelas fases Mazagão
e Aristé” CHMYZ & SGANZERLA. 2006, p. 130). As fases Mazagão e Aristé estariam
situadas entre 1200 d.C. e 1500 d.C. e, a Aruã, anteriormente a 1200 d.C. Dessa
forma, a proposta Meggers e Evans estipula que as cerâmicas do Amapá tiveram
início com o tipo “Piratuba Liso”, correspondente a “Fase Aruã”.

“O material analisado por estes pesquisadores foi encontrado em apenas três


sítios no Amapá, sendo estes dois alinhamentos de pedra, além de um sítio
classificado como de habitação. O total do material analisado pertencente à
fase Aruã no Amapá é de 629 fragmentos. Chamam a atenção que, em pelo
menos dois sítios, há “mistura” de material de mais de uma fase e que o tipo
“Piratuba liso” é muito semelhante, se não idêntico, ao tipo “Serra Liso” da
fase considerada subsequente, denominada “Aristé” (SALDANHA, 2010, p.
98).

As cerâmicas desta fase pertenciam aos povos indígenas presentes no ato dos
primeiros contatos com os europeus nas ilhas estuarinas. Segundo Barreto (2008),
provavelmente estes artefatos são contemporâneos e posteriores à Marajoara,
correspondendo a populações aruaques encontra nessas ilhas. Ainda segundo a
autora, as Urnas vareiam entre 30 e 80 cm de altura e quase sempre não possuem
50
decoração ou apenas uma faixa de círculos impressa e/ou sobre fino aplique em rolete
(BARRETO, 2008). A Fase Aruã, é representada no Território do Amapá por três sítios
arqueológicos, estando dois na parte setentrional e um na parte meridional (HIBERT,
1957).

Figura 7: Urnas Aruã, conforme documentadas por Meggers e Evans.

Fonte: BARRETO, 2008, p. 77.

A Fase descrita como Mazagão, corresponde principalmente a sítios dispostos


na região Sul do Araguarí – Amaparí e nos rios Jari e Vilanova. Cabral e Saldanha
2008, extrovertem que foram os ceramistas da Fase Mazagão e Aristé, responsáveis
por empurrar os fabricantes da cerâmica Aruã para as ilhas da foz do Amazonas. “A
partir da semelhança entre estes dois tipos (“Jari Raspado” e “Flechal Raspado”), foi
postulada uma origem única para as duas fases, o que foi denominado “grupo
ancestral Aristé-Mazagão (CABRAL, SALDANHA, 2008).
51
Após esta divisão, teria havido um desenvolvimento independente entre as
Fases Mazagão e Aristé, marcado pelo surgimento de tipos característicos
em cada região, sem evidências de contato na forma de trocas ou influências
entre as fases. Ambas as fases tiveram, então, um desenvolvimento
relativamente curto, interrompido pela chegada dos europeus (CABRAL,
SALDANHA, 2008, p. 11).

O complexo ceramista da fase Mazagão ainda é um tanto desconhecido, e


compreende artefatos com variantes na decoração incisa, aproximando-se da tradição
arqueológica inciso ponteada (BARRETO, 2008). O tempero comumente identificado
nas cerâmicas desta fase consiste em área, quartzo triturado e cariapé. A decoração
é dividida em estágios, egundo Rufino de Castro Pastana (2007), o primeiro
compreende sulcos, geralmente profundos e largos. No estágio posterior observa-se
um aprimoramento nas escolhas das técnicas de decoração, consistindo em entalhes
mais precisos e bem definidos, as vezes preenchidos com tabatinga (argila mole). Os
motivos decorativos vareiam entre linhas retilíneas, linhas paralelas e pontilhadas
(CASTRO PASTANA, 2007). As urnas apresentam traços antropomórficos em duas
formas distintas, uma mais globular e outra mais tubular (BARRETO, 2008). Pardi e
Silveira (2005), descrevem as características gerais dos sítios arqueológicos típicos
desta fase arqueológica.

Os sítios têm solo escuro, com alta densidade de material cerâmico, ocorre
em pequenas elevações à beira rio, de onde se infere o uso de embarcações.
Dominam a técnica de fabricação de bordas ocas, o que demonstra sua
habilidade como artesãos: usam ornamentação incisa, formando meandros e
gregas, tem poucas peças modeladas com elementos zoomorfos e urnas
tubulares ou globulares com pedestal (PARDI, SILVEIRA, 2005).

52
Figura 8: Urnas Mazagão.

Fonte: BARRETO, 2008, p. 82.

Figura 9: Representação da cerâmica da fase Mazagão.

Fonte: PARDI, SILVEIRA, 2005, p. 25.

53
A última fase arqueológica estipula por Meggers e Evans para o estado do
Amapá, é a fase Aristé. A abrangência territorial dos sítios arqueológicos
classificados como pertencente a esta fase, engloba a “costa atlântica do Amapá,
desde a foz do Rio Amazonas até o Rio Approuague, já na Guiana Francesa. Datada
do século I até o período colonial, essa fase possui uma grande duração, chegando a
mais de 1000 anos” (SALDANHA e CABRAL, 2014).
A origem das populações que produziam as cerâmicas Aristé. segundo
Meggers seria andina. Segundo Hibert, 1957 a Fase Aristé, apresenta um estilo de
decoração em incisões (Uaçá incised) e raspado (FlechaI scraped), para a pintura em
faixas e secções grandes (Aristé painted), sobre uma cerâmica temperada com areia;
depois para desenhos curvilíneos de motivos complexos, sobre uma cerâmica lisa e
temperada com cacos moídos (Serra painted) (HIBERT, 1957). O autor supracitado
ao estudar conjuntos funerários relacionados a fase Aristé, na região do rio Cassiporé,
propões relação entre a cultura material e os motivos gráficos dos indigenas Palikur
do Amapá (HIBERT, 1957; LEITEE, 2014).
Meggers e Evans (1957) e Rostain (1994) subdividam cronologicamente essa
fase baseando-se nas características decorativas e de tempero da pasta cerâmica.
Essa divisão indica processo cultura ocorrido por volta do século X d.C. Saldanha e
Cabral (2014) explicam quem a sequência de ocupação Aristé começa com o estilo
Ouanary Encoché, caracterizado pela presença de apliques zoomorfos, modificações
incisas e ponteadas, principalmente localizadas nas bordas das vasilhas, além de
tempero de quartzo na cerâmica (SALDANHA E CABRAL, 2014).

Os sítios do tipo cemitério associados a esta fase são ao todos contabilizado


32. Deste 21 são no território do Amapá e 11 no Guiana Francesa. As formas
das urnas funerárias complexas, apresentando bases conoidais truncadas,
corpos semiglobulares divididos em zonas horizontais delimitadas por roletes
e relevos, mudanças de motivos pintados e uma ou mais constrição próximo
a borda. Rostos são representados em um lado da urna por olhos, nariz e
boca modelados próximo a borda e braços por apliques modelados ao longo
do corpo. As tampas ultrapassam as bordas, processando assim chapéus
sobre as figuras humanas representadas pelas urnas. Os motivos decorativos
são pintados em vermelho sobre um engobo amarelado, e incluem uam
variedade de formas geométricas tais quais faixas onduladas, espirais,
escalonados, vírgulas e reticulados (BARRETO, 2008, p. 83-84).

54
Figura 10: Cerâmicas Aristé, típicas do estilo OuanaryEncoché.

Fonte: SALDANHA E CABRAL, 2014.

Figura 11: Urna do período Aristé Figura 12: Urna Aristé do cemitério
Tardio, Cunani, Amapá.

Fonte: BARRETO, 2008 Fonte: BARRETO, 2008

55
O panorama de distribuição dos sítios arqueológicos estudados no estado do
Amapá, atualmente estão documentados através dos mecanismos de gerenciamento
do patrimônio arqueológico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN). Na plataforma do IPHAN, Cadastro Nacional de Sítio Arqueológico
CSNA/SGPA, constam 361 sítios arqueológicos cadastrados.
Cabral 2011, mapeia a distribuição dos sítios arqueológicos do Amapá em
relação aos componentes ambientais do estado. Com isso, o autor constatou que a
localização dos sítios arqueológicos no Estado do Amapá está majoritariamente em
ambientes que não são de Floresta Tropical Densa, ainda que este tipo de vegetação
seja claramente predominante. “Isto se deve, claramente, à falha de amostragem, uma
vez que as pesquisas tenderam a acompanhar as áreas de acesso mais facilitado
(junto às estradas) e de ocupação mais intensa (vale observar a relação dos sítios
conhecidos com a malha viária e com as sedes municipais)” (CABRAL, 2011).

Mapa 4: Distribuição dos Sítios Arqueológicos dos Amapá


por componente ambiental/vegetal do estado.

Fonte: CABRAL, 2011.

56
Abaixo elaboramos um mapa com a localização atualizada dos sítios
arqueológicos já pesquisados e documentados pelo IPHAN para o estado do Amapá
(ver mapa 5). As informações a respeito dos sítios arqueológicos foram coletadas da
plataforma de Cadastro Nacional de Sítio arqueológico (CNSA) e do arquivo
georreferenciado dos bens arqueológicos disponíveis no banco de dados do IPHAN.

Mapa 5: Sítios Arqueológicos do Amapá.

Fonte: IPHAN, 2022; elaborado pelo autor.

57
6.3. Ensaios sobre a arqueologia de Macapá.

Como já relatado anteriormente, o estado do Amapá é detentor de um vasto


potencial arqueológico. A heterogeneidade das populações indígenas amazônicas é
refletida nos vareados tipos de sítios arqueológicos. Os resultados de pesquisas
recentes demonstram que ocupações antigas apresentavam uma diversidade cultural
bem-marcada. Os sítios arqueológicos mais conhecidos são os da Fortaleza de São
José de Macapá e a antiga Vila de Mazagão Velho (IPHAN-Web, 2022).
A capital do estado, encontra-se em uma região de pungência presença de
povos indígenas no passado. A costa estuaria foi palco de contatos, relações e
reações entre povos indígenas durante os primórdios da colonização do Brasil. Esta
região é importante por abrigar inúmeros sítios arqueológicos que contam a história
das populações nativas, antes, durante e pós contato. Saldanha (2010), ressalva
sobre a potencialidade da região
Na área entre a cidade de Macapá até o rio Araguari, os levantamentos
realizados através de um trabalho de Arqueologia Preventiva junto à uma
estrada estadual indicou uma alta densidade de sítios, em uma área de limite
entre a terra firme e a ampla várzea junto à foz do Amazonas. Estes sítios
são de dimensões consideráveis, alguns medindo mais de 500 metros de
diâmetro, sendo caracterizados pela presença de um sedimento escuro
misturado com fragmentos cerâmicos e pelo sepultamento de urnas
(SALDANHA, CABRAL, 2010, p.8).

Mapa 6: Localização geral da Costa Estuarina do Amapá, mostrando a distribuição dos


sítios arqueológicos.

Fonte: SALDANHA, 2010.

58
O período colonial rendeu uma série de documentos sobre os grupos que
viviam nessas regiões. Além disso, nesses documentos, apresenta-se descrições dos
estabelecimentos europeus na costa e interior do estado do Amapá. Estas áreas
atualmente se configuram como sítios arqueológicos históricos, e dentre eles
podemos citar:

Colônia anglo-holandesa no rio Cassiporé em 1647; colônia holandesa em


1646 entre os rios Calçoene e Amapá Grande; fortes holandeses e o
estabelecimento de plantações, no rio Araguari em 1616, Na margem
esquerda do mesmo rio, fortes portugueses foram criados em 1660, 1662 e
1688. Fortes e plantações holandesas em 1610, na região compreendida
entre os rios Jari e Macapá. Em 1631, um estabelecimento inglês foi erguido
a duas léguas e meia ao sul da atual cidade de Macapá e denominado forte
Cumau. Sobre ele, com o domínio português foi construído, em 1688, o forte
Santo Antônio de Macapá. Holandeses e ingleses fundaram o forte Philippe
entre os rios Anauerapucu e Matapí (1629 e 1631). Em 1623 foi criada, pelos
irlandeses, a colônia Torrego (Taurege), nas imediações do rio Maracapucu.
Colônias holandesas foram assinaladas, também, nas proximidades do rio
Cajari e datam de 1610 e 1623-1625. Colônias inglesas, denominadas
Tilletille e Warmeonaka, foram estabelecidas em 1623 às margens do rio
Cajari. Entre 1764 e 1782, já com o domínio português, foi construído o forte
São José de Macapá, na atual Cidade de Macapá (CHMYZ & SGANZERLA.
2006, p. 139-140).

Atualmente, segundo o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos, se tem


conhecimento de cerca de 40 sítios para a região que compreende os limites
municipais de Macapá. A grande maioria desses sítios são frutos de investigações no
âmbito da arqueologia preventiva e por isso a distribuição deste pelos contornos do
município quase sempre estão voltados para regiões de maior incidência de obras de
infraestrutura, nas quais demandam esse tipo de pesquisa. Abaixo segue cartografia
que mostra a distribuição desses sítios arqueológicos pelo município. Os dados foram
coletados através dos mecanismos de gerenciamento do patrimônio disponíveis nos
canais oficiais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

59
Mapa 7: Sítios Arqueológicos de Macapá-AP.

Fonte: Elaborado pelo autor.

60
Mapa 8: Densidade de distribuição dos sítios arqueológicos da cidade de Macapá-AP

Fonte: Dados dos sítios arqueológicos: IPHAN. 2022. Elaborado pelo autor.

61
6.4. Breve descrição dos sítios arqueológicos nas proximidades do
Empreendimento Centro de Desenvolvimento de Futebol.

Esta síntese, compreende nas informações a respeito dos sítios arqueológicos


mais próximo ao local de implantação do empreendimento ora em estudo. Traçamos
aqui um raio de influência de 44km, e consideramos sítios que estão disponíveis no
arquivo shapefile dos sítios georreferenciados na página do IPHAN na Web. As
informações serão cruzadas com as descrições das fichas de cadastros e demais
documentações disponíveis para culta pública.
É valido enfatizar que para a região do empreendimento, no arquivo
georreferenciado do IPHAN, existem menções de 12 sítios arqueológicos em um raio
de 5km. Entretanto, na plataforma CNSA, apenas 5 desses Sítios apresentam
cadastro (vide quadro 3). Iremos descrever apenas os sítios documentados no
CNSA/IPHAN.

Quadro 3: Sítios Arqueológicos em um raio de 44km do empreendimento8.


Cadastro
Item Nome do Sítio Latitude Longitude
CNSA-IPHAN
1 Campus Universitário SIM -51,067 -0,017
2 Casa da Festa-Sede NÃO -51,198 0,14
3 Baixada do Galeão SIM -50,928 0,262
4 AP-MA-20: Cajueiro SIM -51,095 0,333
5 Sítio Cerâmico Macaguari SIM -50,959 0,275
6 AP-MA-27: Santo Antônio da Pedreira SIM -50,874 0,332
7 São Raimundo NÃO -51,33 0,233
8 Torrão do Matapi I NÃO -51,175 0,234
9 Torrão do Matapi II NÃO -51,175 0,234
10 Santana-1 NÃO -51,185 -0,027
11 Santana-2 NÃO -51,19 -0,017
12 Ilha Mirim NÃO -51,103 0,056
Fonte: Dados IPHAN,2022, elaborado pelo autor.

Sítio Campus Universitário: Sítio cerâmico, de dimensões indeterminadas,


situado entre os blocos de salas de aulas E e F. Ocorrência de fragmentos de
cerâmica e de urnas funerárias na área do sítio. O componente geomorfológico é
caracterizado como planalto baixo e o compartimento topográfico: topo. O curso
d’água mais próximo é o Igarapé do Zerão, cerca de 600m de distância. A Bacia

8
As coordenadas dos Sítios correspondem ao sistema de coordenadas geográficas, plotados no Datum SIRGAS
2000.
62
Hidrografia predominante é do Rio Amazonas. Sítio Pré-colonial a céu aberto, com
presença de artefatos cerâmicos e funerários. A bibliografia relacionada: MACHADO,
Ana Lúcia. 1997. Relatório do Salvamento Arqueológico no Sítio AP-MA-5: Campus
Universitário - Macapá (AP). Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém. (Inédito).
Sítio Baixada do Galeão: classificado como sítio cerâmico a céu aberto com
estrutura de combustão e urna funerária. Perímetro de aproximadamente 100m². A
unidade ambiental é do tipo capoeira. O curso d’água mais próximo é o Igarapé
Galeão, distância cerca de 5m. Sítio unicomponencial a céu aberto.
Sítio AP-MA-20 Cajueiro: O sítio arqueológico está localizado no meio da LT
entre as T-66/2 a T-66/3. As medidas do perímetro correspondem a 100m de
comprimento por 40 de largura. Inserido em unidade geomorfológica do tipo planície,
na base da vertente, o sítio aproxima-se cerca de 350m de um córrego não
identificado. O rio mais próximo: rio Matapi, bacia do rio Amazonas. Este sítio é
unicomponencial, apresentando artefatos do tipo cerâmico, pré-colonial, a céu aberto.
Projeto: Levantamento Arqueológico na Linha de Transmissão de 138 KV -
Central/Santana - C2/Amapá.
Sítio Cerâmico Macaguari: Este sítio configura-se como sendo
unicomponencial, cerâmico a céu aberto. Este sítio apresenta características que o
incluem como de contato, podendo ter havido relações entre os grupos que
confeccionava a cerâmica com viajantes europeus representadas no registro
arqueológico.
Sítio AP-MA-27 Santo Antônio da Pedreira: Sítio localizado dentro da
comunidade de Santo Antônio da Pedreira é cortado pela Estrada AP-070. Próximo
do sítio existe um campo de futebol e, algumas casas. Este sítio está inserido em uma
paisagem do tipo planície, na base da vertente. O curso d’água mais próximo dista
cerca de 500m, sendo o Rio Pedreira. O compartimento ambienta/vegetal é do tipo
savana/cerrado. Trata-se de um sítio arqueológico unicomponencial a céu aberto, pré-
colonial, caracterizado do tipo cemitério, apresentando artefatos cerâmicos em grande
quantidade, dentre eles urnas funerárias.

63
Mapa 9: Distribuição dos Sítios Arqueológicos em um Raio de 44km da ADA do Empreendimento.

Fonte: Elaborado pelo autor.


64
7. METODOLOGIA DE PESQUISA

De acordo com as diretrizes da Instrução Normativa IPHAN nº 001/2015, todos


os empreendimentos classificados como nível II, devem apresentar no Programa de
Acompanhamento Arqueológico a proposição de metodologia de pesquisa para
realização do Acompanhamento Arqueológico, a qual deve ser compatível com o
cronograma de execução da obra.
Neste projeto, optaremos por um levantamento prospectivo focado em áreas
específicas da ADA. Primeiramente, objetivamos prospectar a área de implantação
da obra, no intuito de averiguar a existência ou não de possíveis vestígios
arqueológicos que indiquem a presença de populações humanas pretéritas na região,
utilizando como estratégia para isso a identificação, delimitação e correlação dos
contextos geoambiental, etnohistórico e arqueológico.
Deste modo, a presente proposta de pesquisa fundamenta-se nas concepções
teóricas e metodológicas da Arqueologia Preventiva, ramo que atua na pesquisa e
proteção do patrimônio arqueológico, bem como na difusão e promoção dos direitos
culturais relacionados, no âmbito dos estudos de impacto ambiental e instrumentos
outros de avaliação de danos e potenciais ambientais (SOUZA; BASTOS, 2010).
Estes procedimentos estão baseados em estudos amplamente discutidos e aplicados
em prospecções regionais, sobretudo aqueles com enfoque na paisagem, de forma
que na definição de métodos para a elaboração da presente investigação, também
serão levadas em conta não somente as especificidades técnicas dos
empreendimentos, mas também as características ambientais da área onde o mesmo
está inserido (BINFORD, 1982; SCHIFFER & GUMMERMAN, 1997; METELO, 1999;
MELO FILHO, 1980; JUNIOR VEIGA, 2000; LISBOA, 1914; MORAIS, 2000; ARAÚJO,
2001; FERRAZ & VALADÃO, 2006, GONCALVES, 1997).
A priori, seguem as conceituações e definições das unidades básicas de
estudo, bem como das estratégias de valoração, caracterização e classificação que
serão adotadas na pesquisa com relação ao potencial e registros arqueológicos a
serem avaliados:

Sítio arqueológico – espaço com acumulação clara de artefatos, ecofatos, estruturas,


construções que permanecem como resíduos da atividade humana (RENFREW &
BAHN, 2011);

65
Artefatos – incluem-se todos os objetos e portáteis ou móveis que foram
transformados e manufaturados por mão humana, bem como os restos deixados
resultante dessa produção (BICHO, 2000, p. 93);

Ocorrência Arqueológica – ou Área de Ocorrência Arqueológica, definida pela


presença objeto único ou de uma quantidade ínfima de artefatos arqueológicos
dispersos, sem uma lógica espacial definida (BASTOS; SOUZA, 2010);

Estruturas – agrupamento de artefatos, concentração de materiais e aglomerados que


formem unidades arqueológicas (lixeiras, concheiros etc.) (BICHO, 2000);

Indicadores etnohistórico e culturais – estudos e dados obtidos por fontes secundários


e primárias, sobretudo historiográficas e etnográficas, sobre os distintos grupos
humanos e seus aspectos culturais, os tipos de ocupações e a cultura material
desenvolvida em diferentes momentos de uma determina área e/ou região;

Solos antropogênicos – horizontes e camadas com características geoquímicas e


físicas que podem representar evidências de atividades de ocupação ou alteração
antrópica (BICHO, 2000, p. 94);

Geoindicadores arqueológicos – elementos ambientais e/ou bióticos que podem


indicar - ou que são favoráveis - à presença de vestígios da cultura humana produzidos
em tempos pré e pós-coloniais;

É pertinente ressaltarmos, no entanto, que a multidisciplinaridade é a condição


primordial para a realização de uma pesquisa coesa que pretende efetivar um
levantamento preciso e que possa translucidar a realidade do patrimônio arqueológico
porventura presente na área de implantação do empreendimento Centro de
Desenvolvimento de Futebol do Amapá.

7.1. Etapa de Acompanhamento Extensivo

A etapa de acompanhamento arqueológico, em termos práticos, corresponde


sumariamente ao acompanhamento minucioso de todas as atividades executadas
pela empresa responsável pelo empreendimento no momento da execução das obras,
principalmente quando há procedimentos que revolvem o solo e superfície arbórea,
como abertura de valas e fundações, terraplanagem, abertura de botafora e caixas de
empréstimo, bem como supressão vegetal manual ou mecanizada.
Nesta etapa, o arqueólogo de campo, visa documentar detalhadamente todas as
atividades realizadas, acompanhado de documentação fotográfica georreferenciada,
comprobatória dos trabalhos realizados em campo. No qual, um dos trabalhos a ser
desenvolvido é o de prospectar extensivamente toda a superfície da ADA, bem como
locais referentes à AID do empreendimento, a fim de traçar diagnóstico pormenorizado
66
das condições do patrimônio arqueológico/cultural que porventura venha a existir
nestes locais.
Dessa forma, os procedimentos adotados neste acompanhamento visam:

A análise visual sistemática de todas as áreas onde ocorram atividades de


corte e/ou movimentação de terra, supressão vegetal, terraplanagem e
atividades correlatas;
Descrição da estratigrafia dos perfis escavados durante as atividades de
escavação (fotografias georreferenciadas, desenhos, croquis);
Descrição da cor, textura e matriz pedológica da área;
Levantamento planialtimétrico;
Varredura total da ADA, através de caminhamentos (track maker);
Levantamento dos componentes geoambientais da ADA, visando a
identificação de feições que atribuam indícios de atividade humana
pretérita, como manchas pretas, manejo agroflorestais, plataformas de
polimentos, entre outros indícios arqueológicos;

É valido ressaltar que, caso seja identificado algum vestígio arqueológico ou


paleontológico, bem como estruturas e áreas de interesse arqueológico, as obras
neste local serão paralisadas e deverá ser colocado em prática procedimentos de
averiguação detalhada, por meio de abertura de poços-teste em malha equidistante
de 10x10m, no sentido dos pontos cardeais e colaterais. Tais procedimentos serão
necessários para uma melhor caracterização da espacialidade dos bens porventura
identificados vertical e horizontalmente. Em sequência, o perímetro será isolado com
fita zebrada e as informações obtidas por meio de tal operação serão apresentadas
em forma de Relatório Parcial ao IPHAN/AP para a devida avaliação.
Tendo em vista que os remanescentes arqueológicos relacionados a sítios do
tipo céu aberto9 encontram-se, geralmente, em superfície ou subsuperfície, a etapa
de preparação do terreno para construção do empreendimento ora em estudo, deve

9 “O sítio a céu aberto é o oposto do sítio em abrigo, ou seja, sem presença de estruturas naturais que
protejam os vestígios do sol e da chuva” (Portal Arqueologia & Pré-história).
Consideramos este tipo de sítio devido às características preliminares da ADA observadas por meio de
imagens de satélite, onde não se identifica abrigo sob rocha ou outra feição ambiental que denote
possivel presença de outros tipos de sítios arqueológicos.
67
ser cuidadosamente acompanhada, haja vista que é possível a existência de artefatos
em profundidades relativamente acuadas, os quais não seriam interceptados através
de uma prospecção usual por abertura de sondagens e poços-teste. Dessa forma, os
mecanismos de acompanhamento aqui adotados levarão a cabo a averiguação de
todas as frentes de obra e seus desdobramentos.

7.2. Caminhamento Arqueológico

Como já mencionado anteriormente, uma das principais atividades realizadas


pelo arqueólogo no momento do acompanhamento, consiste em percorrer os limites
da Área Diretamente Afetada, de forma a cobrir todo o perímetro da obra, sem deixar
que alguma parte fique de fora da sua observação e investigação direta. Ou seja,
objetiva-se executar uma varredura exaustiva da área do empreendimento, na
intenção de identificar e delimitar as estruturas e/ou materiais arqueológicos presentes
em superfície. Segundo Araújo (2001), “este tipo de levantamento é às vezes
chamado de “full coverage” ou “100% suvery”:

O objetivo deste tipo de levantamento é a localização de artefatos na


paisagem, permitindo uma posterior análise de atributos de localização,
dispersão e correlação com fatores ambientais. (ARAÚJO, 2001, p. 147) (...)
O intuito de uma vistoria extensiva pode ser considerado complementar, - é
evitar que vestígios atípicos passem despercebidos pelas estratégias de
amostragem (ARAÚJO, 2001, p. 149).

Os procedimentos de cobrimento da ADA do empreendimento, se darão por


meio de prospecções de superfície a serem executadas na área do empreendimento,
as quais terão o intuito de sondar minuciosamente as regiões a serem percorridas
pela arqueóloga colaboradora da ARQUEOMAP, no intuito de levantar o máximo de
informações possíveis acerca da contextualização espacial do terreno, como, por
exemplo, características voltadas às feições pedológicas, geológicas,
geomorfológicas e referentes à vegetação que constitui a área, bem como para
conseguir identificar possíveis vestígios arqueológicos que estiverem dispostos em
superfície e/ou indícios de ocupação de populações pretéritas.
O procedimento de caminhamento da área será efetuado sistematicamente
durante todo o período de execução das etapas de revolvimento do solo. Contudo, a
arqueóloga coordenadora de campo efetuará um caminhamento preliminar prévio,
antes do início das atividades, pois devido à movimentação e trânsito de veículos
68
motorizados (máquinas pesadas, caminhões) e transeuntes (colaboradores em geral),
pode haver impacto sobre algum vestígio arqueológico porventura disposto em
superfície. Desse modo, a etapa de caminhamento se apresenta enquanto um
trabalho imprescindível durante um acompanhamento arqueológico, pois a mesma
consegue prevenir os vários impactos ao patrimônio arqueológico.
No mais, a metodologia adotada na etapa de varredura extensiva
(caminhamento) está pautada nos seguintes autores: (ARAÚJO, 2001; BALME &
PATERSON, 2009; BURKE & SMITH ,2004; e FREITAS, 2019). Heather Burke e
Claire Smith (2004) ressalvam, inclusive, que os levantamentos arqueológicos mais
eficazes são aqueles realizados sistematicamente a pé, movendo-se lentamente pelo
terreno. Os autores ressaltam, ainda, que um levantamento de superfície é geralmente
conduzido por linhas de caminhamento ou corredores (transects) ao longo da área de
estudo (BURKE & SMITH ,2004). Para os autores, as linhas de caminhamento podem
se dá nas seguintes configurações:

Podem ser linhas retas entre dois pontos ou linhas sinuosas seguindo os
contornos do terreno. A largura de um transecto e o seu espaçamento em
relação a outros transectos dependerá do tempo disponível, do número de
pessoas envolvidas e da natureza do terreno. Obviamente, quanto mais
transectos você percorre uma área, e quanto mais próximos eles estiverem,
melhor será a cobertura da sua pesquisa (...). Andar por transectos
sistemáticos só é realmente possível quando a área que você está
pesquisando é relativamente pequena, ou se você tiver bastante tempo para
completar a pesquisa. Na realidade, a pesquisa de locais pode ser abordada
de várias maneiras, dependendo dos objetivos da pesquisa e de quanto
tempo e dinheiro estão disponíveis. Se um levantamento sistemático de
superfície a pé não for prático - por exemplo, se você estiver pesquisando
uma área muito grande ou se tiver tempo ou recursos limitados para dedicar
à tarefa - é possível realizar um levantamento procurando artefatos em um
veículo em movimento lento. Ao fazer isso, no entanto, há um risco muito
maior de sites serem perdidos, portanto, geralmente não é recomendado
(BURKE & SMITH ,2004, p.69).10

10 Citação original em inglês: These may be straight lines between two points or sinuous lines following
the contours of the ground. The width of a transect and its spacing in relation to other transects will
depend on the time available, the number of people involved and the nature of the terrain. Obviously,
the more transects you walk through an area, and the closer together they are, the better your survey
coverage will be (...). Walking systematic transects is really only possible when the area you are
surveying is relatively small, or if you have ample amounts of time in which to complete the survey. In
reality, surveying for sites can be approached in a variety of ways, depending on the goals of the survey
and how much time and money is available. If a systematic surface survey on foot is not practical—for
example, if you are surveying a very large area, or if you have limited time or resources to devote to the
task—it is possible to conduct a survey by looking for artefacts out of a slowly moving vehicle. By doing
this, however, there is a much greater risk of sites being missed, so it is not generally recommended.

69
O procedimento em questão possibilita ao arqueólogo(a) a identificação e
localização de possíveis Ocorrências ou Sítios Arqueológicos existentes na área em
estudo, bem como a contextualização espacial dos mesmos, como, por exemplo, o
grau de antropização e uso do solo, os possíveis afloramentos rochosos com
presença de abrigos ou a possibilidade de uso local para fornecimento de matéria
prima para produção de ferramentas e a proximidade com cursos d’água e suas
variadas dimensões.
Como já mencionado anteriormente, o caminhamento a ser realizado pela
arqueóloga colaboradora da ARQUEOMAP acontecerá tanto na ADA quanto em parte
da AID do empreendimento. No primeiro momento, o caminhamento focalizará em
observações oportunísticas em pontos com modificações antrópicas e naturais e que
possibilitem uma boa visualização do solo. É valido enfatizar, que estes
caminhamentos podem eventualmente sofrer algumas alterações em campo, tendo
em vista que as características topográficas do terreno, bem como a densidade da
cobertura vegetal e outros fatores não identificados preliminarmente, podem inferir
dificuldades e/ou impossibilidades da execução de alguma atividade por parte dos
pesquisadores.
Ressalta-se que, o mapa de caminhamento será entregue, em anexo ao
relatório de pesquisa, juntamente com o shapefile gerado a partir do arquivo de GPS
de campo.

7.3. Os Registros de Campo

De acordo com o cronograma executivo da obra, apresentado pelo


empreendedor, a atividade de acompanhamento delineada neste Programa consiste
majoritariamente em acompanhar os locais onde serão realizados procedimentos de
revolvimento do solo, as quais consistem basicamente em: Serviços Preliminares,
Canteiro de Obras, Movimento de Terra, Fundações Especiais, Infraestrutura e
Superestrutura. Estas etapas estão previstas para serem executadas em um prazo
máximo de aproximadamente três meses.
Para tanto, a metodologia de registro para a etapa em questão contará com
uma ficha descritiva (apêndice 1), a ser preenchida diariamente, durante o decorrer
dos dias de acompanhamento da implantação do Centro de Desenvolvimento de
Futebol do Amapá. Considerando-se que a fase de acompanhamento será

70
relativamente rápida, o montante de dados gerados e compilados em Fichas de
Descrição Diária serão apresentados no Relatório Parcial, que será encaminhado ao
IPHAN/AP ao final de cada mês (mais precisamente ao final dos dois primeiros meses
de acompanhamento), de forma que não acarrete em arquivos muito extensos e
pesados, sendo possível reunir um número significativo de informações, sem
problemas de armazenamentos ou de envio dos dados para a Superintendência do
IPHAN/AP.

Figura 13: Cronograma Executivo de Obras.

Fonte: Confederação Brasileira de Futebol.

71
8. SEQUÊNCIA DAS OPERAÇÕES A SEREM REALIZADAS NO CASO DE
LOCALIZAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

Na eminência da evidenciação de achados arqueológicos durante o


acompanhamento, a arqueóloga coordenadora geral deverá determinar a paralisação
da obra nas áreas onde for identificado patrimônio arqueológico e comunicar ao
IPHAN a existência de tais achados, a fim de obter parecer deliberativo acerca das
ações a serem executadas.

Além disso, é importante salientar que as diligências legais e teóricas


demandam a execução de alguns procedimentos no tocante à delimitação e
contextualização de achados arqueológicos in loco. Assim, faz-se necessário a
tomada de decisões para manter ao máximo a integridade do mesmo e preservar o
contexto arqueológico em questão.

Para se delimitar espacialmente um sítio arqueológico, deve-se entender,


sobretudo, o seu processo de formação e como as características dialéticas entre
ocupação, meio físico e cultural refletem no seu registro. Por isso, é comum o emprego
de metodologias distintas para delimitação e estudo de um sítio arqueológico, tendo
em vista que a sua configuração é singular ao éthos que o engloba, tanto no contexto
sistêmico, quanto arqueológico (BICHO, 2006; TRIGGER, 2004; SILVA, 2001;
ARAÚJO, 2001).
Segundo Dunnell, o registro arqueológico caracteriza-se por um espaço
contínuo no meio, delineado através do uso alargado do espaço geográfico e dos
recursos naturais pelas comunidades humanas (DUNNELL, 1971). Bastos (2011)
versa, que a definição do registro arqueológico está contida em diversas normas pelo
mundo, como nas indicações da UNESCO, nas Recomendações de Nova Deli (1954),
e mais recentemente na Carta de Lausanne (1990). Para o autor “o registro
arqueológico hoje é considerado uma assinatura material das ações resultantes da
atividade humana que resistiram no tempo e no espaço” (BASTOS, 2011). Morais
(200) por sua vez, designa o registro arqueológico da seguinte forma:

Como registro arqueológico consideram-se todos os objetos, artefatos,


estruturas e construções produzidas pelas sociedades do passado, inseridas
em determinado contexto social e ambiental a partir de duas perspectivas;
ocorrência arqueológica, que se refere aos objetos inseridos no meio
ambiente, mas que estão desassociados de outros registros no âmbito
72
espacial, podendo está correlacionado ou não a um sítio arqueológico, e
sítios arqueológicos, que se referem às estruturas existentes nas paisagens
produzidas ou modificadas pelo homem. (MORAIS, 2000, p. 7)

A portaria Nº 316, de 4 de novembro de 2019, estabelece os procedimentos para


a identificação e o reconhecimento de sítios arqueológicos pelo Iphan. Segundo o ato
normativo, no seu Art. 3º, “o processo de identificação de sítio arqueológico, quando
da sua localização, consiste em sua delimitação, georreferenciamento, caracterização
e contextualização. Não obstante, faz-se necessário a efetuação das seguintes ações:

Art. 4º Delimitação é a definição da área do sítio arqueológico, por meio do estabelecimento


dos seus limites horizontais, de forma que se crie um polígono;

§ 1º O estabelecimento dos limites horizontais do sítio arqueológico dar-se-á pela verificação


da área de dispersão dos vestígios de natureza arqueológica;

§ 2º O estabelecimento dos limites horizontais do sítio arqueológico deverá ser feito por
métodos interventivos em subsuperfície, excetuando-se os sítios em que esta metodologia não
seja necessária para a sua delimitação;

§3º As propostas de delimitação realizadas sem intervenção em subsuperfície somente serão


analisadas quando comprovada a impossibilidade de uso de métodos interventivos;

Art. 5º Georreferenciamento é o referenciamento do polígono delimitado do sítio arqueológico


ao Sistema Geodésico Brasileiro, precisando sua área e posição geográfica;

Parágrafo único. No georreferenciamento do sítio arqueológico deverão ser utilizadas


coordenadas geográficas em graus decimais e Datum Sirgas 2000.

No caso de identificação de vestígios arqueológicos durante as etapas


prospectivas, será adotada a metodologia de delimitação de sítio tal qual proposta por
Chartkoff (1978) e em consonância com as diretrizes da Portaria IPHAN n° 316/2019.
O processo metodológico em questão define-se no uso de transects (paralelos e/ou
radiais) traçados a partir de um ponto zero, sendo este o PT positivo para evidência
arqueológica e/ou a partir do(s) artefato(s) encontrado(s) em superfície.
A partir do ponto central (ou zero), os poços-teste para delimitação serão
realizados em intervalos de 10 metros um do outro, ou em intervalos menores, se
houver necessidade, com escavação em níveis artificiais de 20 cm até o máximo que
o solo propiciar. Estes serão dispostos seguindo os sentidos dos pontos cardeais (N,
S, L e O), conforme Figura 10, na intenção de verificar a ocorrência de vestígios
arqueológicos em subsuperfície. O perímetro do sítio será definido a partir da
identificação de sondagens positivas, seguidas de 2 (duas) sondagens negativas,

73
sendo estas últimas os limites admitidos para delimitação da área. Estas ações serão
complementadas com registro fotográfico e georreferenciamento por GPS. Através
dessa metodologia, será possível obter informações dos assentamentos, frequência
do material e dispersão espacial dos horizontes culturais.

Figura 14: Modelo esquemático de metodologia de delimitação de sítios arqueológicos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após o levantamento do sítio, caso seja necessário, este será “cercado” com
fita zebrada de tamanho 70 mm. O mesmo será registrado por meio de fotografias,
desenhos, plantas, croquis e, posteriormente, será registrado no Cadastro Nacional
74
de Sítios Arqueológicos (CNSA). Uma vez caracterizados como sítios, evidências
arqueológicas identificadas neste contexto serão coletadas de forma amostral para
passarem por análises laboratoriais: tamanho, orientação espacial, morfologia,
densidade e filiação cultural, de modo a obter informações que permitam aos
pesquisadores futuros, traçar estratégias para a salvaguarda do patrimônio
identificado.
Os materiais porventura evidenciados serão armazenados em sacos plásticos
com saída de ar, para evitar a proliferação de microrganismos, e os encontrados em
meios úmidos, serão coletados com sedimento e colocados em dupla embalagem, e
identificados com fichas individuais (Figura 11). Posteriormente, os sacos serão
armazenados e organizados em caixotes plásticos transparentes, limpos e secos. A
armazenagem será realizada conforme a tipologia do material (cerâmica, vidro, osso,
lítico, metal etc.) observando às dimensões, peso e fragilidade. Todo o caminhamento
realizado nas áreas acima citadas será registrado em GPS e constará nos relatórios
na forma de mapas e shapefile.

Figura 15: Ficha de coleta de material arqueológico

Fonte: Base de dados da presente pesquisa

75
9. PROPOSIÇÃO DAS ATIVIDADES DE ANÁLISE E CONSERVAÇÃO DO
MATERIAL ARQUEOLÓGICO

Quanto ao material arqueológico que porventura seja encontrado na ADA do


empreendimento e, consequentemente, coletado, é valido enfatizar que existem
vários procedimentos a serem adotados que visam a catalogação, classificação,
acondicionamento e salvaguarda destes objetos. Contudo, alguns aspectos devem
ser considerados exclusivamente direcionado para cada coleção, tendo em vista que
tanto os procedimentos de conservação quanto os de análise tecnológica vareiam de
acordo com o tipo de material, o ambiente deposicional, e o contexto dos atributos
simbólicos e culturais de um povo ou grupo social associados ao artefato.
Assim sendo, ressaltamos que as fichas de análises apresentadas a seguir são de
caráter preliminar, podendo vir a ser alterada/adaptada segundo as características dos
materiais arqueológicos que possam ser encontrados.

9.1. Protocolo de acondicionamento e curadoria dos materiais


arqueológicos

Após o término das atividades de campo, os vestígios arqueológicos que


possivelmente forem recolhidos, serão registrados e acondicionados em vasilhames
de plásticos para encaminhamento ao trabalho de laboratório. Os procedimentos a
serem realizados em laboratório seguirão as seguintes etapas:

Triagem e higienização:
1. Chegada em sacos com etiquetas de campo;

2. limpeza a seco: escovas de dente e de unhas (material para datação não são
limpos);

3. No momento da limpeza realiza-se a triagem separando o que não são


artefatos e material histórico construtivos;

4. Separe-se os vestígios por procedência e níveis, acondicionando em sacos


com a produção de novas etiquetas, com a atribuição de um número
sequencial por sítio;

5. Em situações que demandar princípios de organização distintos, devido à


tipologia e quantidade de material arqueológico, como, por exemplo, mudanças

76
climáticas bruscas no decorrer das atividades de campo, a equipe responsável
tentará viabilizar a instalação de um laboratório de campo;

6. Como princípio básico de conservação, os materiais coletados serão mantidos


na sombra para preservar suas características e manter sua integridade.

Tombamento e Inventario:
1. Juntamente com a nova etiquetagem, faz-se uma planilha de controle de
etiquetas com o novo número, a quantidade inicial e a quantidade final. Na
observação, entra o tipo de intervenção; estabelecer critério para retirada de
classe residual (fragmentos menores que 20 mm que não sejam diagnóstico);

2. Tombamento com uso de base e nanquim, por meio de sigla alfanumérica,


composta por sigla do nome do sítio (não há regras quanto ao número de letras
da sigla; quando há mais de um sítio com o mesmo nome, se acrescenta o
número do sítio) e numeração sequencial por sítio. Ex: Juçaral - JU-001 ou
Juçaral 1: JU1-001 – critérios para letras (sítio com nome de uma única palavra,
duas letras, uma maiúscula e outras minúsculas; sítios com nome composto,
inicial maiúscula de cada palavra);

3. Após tombamento, é feito o inventário (pelo número de tombamento), em


banco de dados Acess, de todas as peças individualmente;

4. Registro fotográfico realizada de todas as peças, para compor o banco de


dados;

9.2. Análise tecnológica dos artefatos

Este trabalho dará ênfase a coleta, organização e aplicação das informações


disponíveis na bibliografia sobre estudo da cultura material da ilha, corroborando com
a análise das peças arqueológicas que forem evidenciadas no local de execução
deste projeto. Desta maneira consideramos as informações bibliográficas e os
artefatos como autênticas fontes por conterem dados suficientes para a análise de
problemas de interesse arqueológico. Atrelado a isso, as análises serão efetuadas
tendo como base manuais e bibliografias a respeito de cada calasse e característica
dos vestígios arqueológicos.

77
9.3. Análise dos artefatos cerâmicos

As análises dos materiais cerâmicos, serão pautadas por estudos tecnológicos,


com base na identificação dos princípios de cadeias operatórias que originaram a
confecção do artefato. Atrelado a isso, será considerada à análise cerâmica os
pressupostos teóricos da teoria do design e os conceitos de sistema tecnológico e
cadeia operatória (SCHIFFER & SKIBO, 1992; LEMONNIER, 1992).
O exame detalhado dos artefatos será dividido em duas etapas, uma
quantitativa e outra qualitativa. Na análise quantitativa, observaremos elementos
diagnósticos tanto no processo de construção do artefato, quanto atributos associados
à matéria-prima, preparo de pasta, às técnicas de manufatura, a cor do núcleo, às
características de contorno formal, tratamentos de superfície e espessura. Levando
em consideração que este tipo de análise também favorece para a remontagem dos
fragmentos, no intuito de maximizar as chances de se reconstituir parcialmente uma
vasilha. Assim, buscaremos identificar com maior facilidade a existência de atributos
com similaridades recorrentes que possam denotar modos de fazer característicos.
Durante este procedimento analítico, cada fragmento será analisado
individualmente visando preencher uma ficha de análise de atributos (figura 12 e 13).
Posteriormente cada peça cerâmica será representada graficamente em escala,
através de vetorização, tendo como objetivo agrupar artefatos com características
semelhantes. Será efetuado o registro fotográfico dos artefatos para fins
catalográficos (CORRÊA, 2009). De posse das representações gráficas, das análises
descritivas e dos agrupamentos de cada fragmento e/ou vasilha, se dará a segunda
etapa de análise. A averiguação qualitativa das peças identificadas no Programa de
Acompanhamento Arqueológico em tela, visará a identificação atributos que lhes
conferem similaridades, podendo ser indicativo de recorrência de uma mesma cadeia
operatória. Isso subsidiará a comparação inter-sítio, caso seja evidenciado mais de
um sítio e/ou os materiais encontrados tenham similaridades tecnológicas com o
material encontrado nos sítios mais próximos, em um raio de 7 km, como já exposto
no tópico 4.5 deste. Através disso poderá ser observada tanto as escolhas técnicas
das cadeias operatórias quanto nas características do registro arqueológico, como
ocupação e inserção na paisagem. Os resultados serão compilados e interpretado em
um contexto crono-espacial, favorecendo desta maneira um panorama de
classificação deste material.
78
Figura 16: Chave Classificatória 1 - artefatos cerâmicos

Fonte: Chave utilizada pelo Laboratório de Arqueologia e Estudos de Tecnologias -LATEC – UFPI/ Organizada por Ângelo Alves Corrêa.

79
Figura 17: Chave Classificatória 2 - artefatos cerâmicos

Fonte: Chave utilizada pelo Laboratório de Arqueologia e Estudos de Tecnologias -LATEC – UFPI/ Organizada por Ângelo Alves Corrêa.

80
9.4. Análise dos artefatos Líticos lascados e polidos

Sob os pontos de vista conceitual e metodológico utilizaremos neste projeto e


para o entendimento e análise das peças líticas, eventualmente identificadas e
coletadas, uma abordagem que frequentemente se opõe à tipologia (porém, não
exclui), sendo esta, a análise tecnológica, desenvolvida inicialmente desde a década
de 1960 na França, a partir da chamada Escola Francesa.
Ao longo do processo de análise e interpretação desta forma de análise, um dos
principais conceitos utilizados para a perspectiva tecnológica, é a noção de cadeia
operatória, introduzida na arqueologia nos anos 1960 a partir de André Leroi-Gourhan
(1964), que por sua vez, tomou emprestado esse conceito da antropologia praticada
entre os anos de 1940 e 1950, nas figuras do antropólogo e etnólogo Marcel Mauss
(1947) e de Marcel Maget (1953), baseando-se no reposicionamento hierarquizado
dos diferentes objetos arqueológicos de todas as etapas de transformação da matéria
e produção dos instrumentos (objeto desejado pelo artesão), desde a matéria-prima
bruta, passando por todas as etapas de produção lítica, até a finalização e utilização
do instrumento final. Há de considerar, também, todos os demais aspectos inseridos
no processo de produção desses instrumentos, como as jazidas de matéria-prima,
suas etapas de fabricação, os seus gestos técnicos e materiais envolvidos para toda
e qualquer etapa.
Logo, a análise tecnológica busca o reposicionamento de cada peça produzida
e utilizada na fabricação dos instrumentos dentro da cadeia operatória (ou cadeias
operatórias), de forma organizada e correlacionada uma com as outras (PELEGRIN,
2005; RODET, DUARTE-TALIM & SANTOS JÚNIOR, 2013), configurando um
entendimento técnico (savoir-faire) nas coleções.
Entre os objetivos de estudo a partir da cadeia operatória, está o de entender o
sistema técnico do grupo que produzia tais instrumentos líticos, levando em
consideração também o estado técnico das peças (PELEGRIN, 2020). Nessa
perspectiva, a peça analisada como chega nas mãos do pesquisador a partir do
momento do seu abandono, acabada ou não, possibilita uma avaliação em qual
momento da cadeia operatória a peça pertence, e se pertence a tal cadeia operatória
“normal” ou esperada, (PELEGRIN, 2020, p. 231), observando variantes do sistema
técnico.

81
Considerando as possibilidades de composição de uma amostra de peças líticas
na região onde será desenvolvido esse estudo, fazer a opção por intentar o
reconhecimento dos métodos e técnicas na produção de objetos líticos pode, a
princípio, parecer óbvia e clara. No entanto, essa suposta obviedade nem sempre
condiz com a realidade do artesão que produzia os objetos. Isto porque uma indústria
lítica relacionada, ao longo do processo de produção, envolve diferentes tecnologias
para a elaboração de um instrumento, como, por exemplo, o lascamento e o
picoteamento. Portanto, mesmo que se trate somente de instrumentos finalizados
durante as análises, outros dados podem ainda ser observados para o entendimento
técnico das coleções, como morfologias e estigmas variados observados de maneira
macro ou microscópica, proporcionando um entendimento morfo-tecnológico.
Dentro do processo de produção, em que as cadeias operatórias dos
instrumentos possam estar inseridas, pode haver peças passíveis de remontagens
físicas e até mesmo mentais, ou raccords, como apresenta Tixier (1978; 1980). No
entanto, as remontagens se mostram importantes quando o pesquisador procura entre
os próprios objetos ou em marcas neles, indícios do processo de produção dos
objetos, observando as sequências operacionais, a fim de reconstruir os métodos de
produção, independente da técnica utilizada. A utilização dos raccords para as
indústrias líticas pode representar uma maior dificuldade na leitura tecnológica, devido
a possíveis ausências desses restos dos lascamentos e polimentos dentro do registro
arqueológico para remontagens físicas, mas ao mesmo passo, a partir de uma base
de dados etnográficos de outros grupos, que não necessariamente o pesquisado,
além das marcas e estigmas evidenciados na própria coleção, pode levar ao
entendimento dos comportamentos técnicos a partir de associações e remontagens
mentais do grupo que produziu os materiais líticos em estudo.
Não obstante, a associação de dois fatores, matérias-primas e técnicas
utilizadas na produção dos instrumentos em muitas indústrias líticas, acabam não
deixando restos ou outros produtos e subprodutos que caracterizariam um processo
de redução da massa inicial, dificultando essa leitura tecnológica, o que se faz
necessário que o pesquisador tenha um bom conhecimento preliminar sobre as
indústrias líticas para definições da, ou das, suas cadeias operatórias. Neste sentido,
a análise de peças líticas, sejam lascadas ou polidas, será realizada a partir da
utilização das fichas apresentadas a seguir.

82
Figura 18: Chave Classificatória 3 - artefatos líticos lascados

Fonte: Adaptada do Laboratório de Arqueologia e Estudos de Tecnologias - LATEC – UFPI. 83


Figura 19: Chave Classificatória 4 - artefatos líticos polidos

Fonte: Ficha elaborado pelo autor durante o estágio no Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão – CPHNAMA.
84
9.5. Análise de louças históricas

Louça histórica é uma denominação de conjunto que reúne uma série de


derivados de cerâmica que são comumente encontrados em sítios arqueológicos,
associados a contextos históricos e não pré-coloniais. Tratam-se, entre outros, de
faianças, faianças finas, porcelanas e grés, os quais podem ser divididos ou
subdivididos por classes, tipos de pasta, cores de pasta, decorações, cores de fundo,
motivos decorativos, carimbos, motivo de borda e cores de desenhos diferentes.
A metodologia a ser utilizada para análise dessas peças consistirá,
primeiramente, na triagem dos fragmentos de louça. Após essa triagem, será utilizado
o método de aferição do número mínimo de peças, chamado por Araújo & Carvalho
(1993) de “número mínimo”. Caracterizando-se como uma forma de:

associar fragmentos que apresentem características semelhantes e,


sistematicamente, agrupá-los de modo a se obter um número mínimo de
recipientes. Em um acervo composto de fragmentos, se tivermos três
fragmentos que remontam e um quarto que, apesar de ter características
muito semelhantes aos outros três, não pode ser diretamente associado a
eles (p. ex. os três fragmentos podem ser de uma borda, e o quarto do centro
de um prato), não podendo considerá-lo como fazendo parte do mesmo
recipiente. (ARAÚJO & CARVALHO, 1993: 89)

Após esse processo de associação dos fragmentos, será desenvolvida uma


análise e classificação através do emprego de ficha analítica, baseada em: Pileggi
(1958), Brancante (1981), Zanettini (1986), Lima et al. (1989), Lima (1993, 1997),
Deetz (1996), Symanski (1998), Sousa (1998), Schavelzon (1991), Stelle (2001),
Hume (2001), Tocchetto et al. (2001), Juliani (2003), Souza (2010) e Soares (2011).
Sendo, assim, possível a quantificação dos artefatos e apresentação dos dados em
forma de gráficos.

85
Figura 20: Chave Classificatória 5 - louças históricas

Fonte: Base de dados da presente pesquisa.


86
Para a análise das tipologias de materiais arqueológicos: Vidro, material
arqueofaunístico, metal e material construtivo, serão utilizadas lista de atributos
qualitativos e quantitativos, construídas com base na metodologia e pressupostos
teóricos adotados em pesquisas desenvolvidas pelos seguintes autores:

Vidro: Zanettini & Camargo (1999), Jones & Sullivan (1989), Symansky (1998),
Lima (1995/1996, 2002), e Juliani (2003), além de informações disponibilizadas
pela Society for Historical Archaeology, na página de internet Historic Glass
Bottle Identification & Information Website11

Material Arqueofaunístico: Lyman (1994), Reitz & Wing (1999), Figuti (1999),
Rosa (2008), Milheira e Deblasis (2011), Miziara (2006), Bissaro-Júnior (2008)
e Kökler (2012).

Metal: Lima (1993), Albuquerque e Lima (1994), Symansky (1998), Maximino


(2003), Zequini (2006) e Troncoso (2013).

Material Construtivo: Pileggi (1958), Chmyz (1976), Brancante (1981), Rice


(1987), Rye (1981), Zanettini (1986), La Salvia e Brochado (1989), Lima et al.
(1989), Orton et. al. (1993), D’Alambert (1993), Shepard (1995 [1956]), Lima
(1985, 1993, 1997), Deetz (1996), Symanski (1998), Sousa (1998), Schavelzon
(1991), Stelle (2001), Hume (2001), Tocchetto et all (2001), Juliani (2003),
Souza (2010) e Soares (2011).

11
A produção de vidro no Brasil teve início no século XIX com a chegada da coroa portuguesa, mas se
firmou apenas na passagem do século XIX para o XX (ZANETTINI & CAMARGO, 1999).
87
10. PROPOSIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ESCLARECIMENTOS E
DIVULGAÇÃO DOS BENS CULTURAIS ACAUTELADOS A SER REALIZADA NO
LOCAL, DESTINADAS À COMUNIDADE LOCAL E AO PÚBLICO ENVOLVIDO

A arqueologia, com o seu papel socioeducativo, possibilita a reelaboração de


sentido aos remanescentes materiais que se relacionam diretamente às histórias e
vivências das comunidades em geral, possibilitando a reapropriação desses bens, de
forma a resgatar nas memórias acerca do patrimônio os sentidos de identidade dentro
de um cenário local e regional.
O atendimento à legislação, somado à existência de cidadãos mais conscientes
de que as ações que atentam contra o patrimônio arqueológico são ilegais e reduzem
a herança cultural local e nacional, refletem na diminuição dos impactos sobre os sítios
arqueológicos e o patrimônio cultural. Assim, para este projeto, as estratégias de
divulgação do conhecimento serão realizadas através das Atividades de
Esclarecimento, desenvolvidas junto às comunidades localizadas no traçado do
empreendimento. Ressalta-se que tais atividades não se confundem com a
metodologia de Educação Patrimonial, esta envolve pressupostos teórico
metodológicos que não serão trabalhados nesta etapa do projeto, por estarem
atrelados à Gestão do Patrimônio Arqueológico.
Conforme a Instrução Normativa nº 001, de 25 de março de 2015, do IPHAN,
os procedimentos adotados nesta etapa de Avaliação de Impacto ao Patrimônio
Arqueológico consistem em ‘‘Atividades de Esclarecimento’’, Art. 20°, inciso IX. A
proposta é que seja estabelecido o diálogo entre os trabalhos desenvolvidos em
campo e a comunidade impactada pelo empreendimento, no que tange ao seu
patrimônio, visando com isso, repassar o conhecimento sobre a identidade cultural
local.
Estas ações integrarão as atividades desenvolvidas junto às comunidades
envolvidas, onde serão repassadas informações sobre a importância do conhecimento
e proteção dos bens arqueológicos como forma de garantir a redução dos impactos a
estes. Estas ações mostram que todos podem se envolver com o patrimônio cultural,
além de estimular as percepções que envolvem os moradores com o seu patrimônio,
as noções de pertencimento e de identidade, conforme delineou Sônia Rampim
Florêncio ao ressaltar que “os processos educativos devem primar pela construção
coletiva e democrática do conhecimento, por meio do diálogo permanente entre os

88
agentes culturais e sociais e pela participação efetiva das comunidades detentoras e
produtoras das referências culturais, onde coincidem diversas noções de Patrimônio
Cultural” (FLORÊNCIO et. al., 2014).
Tendo isso em mente, esta proposta visa a extroversão do conhecimento
arqueológico, de maneira didática, abordando questões relacionadas ao trabalho do
arqueólogo, sua relevância para a preservação e divulgação do patrimônio, suas
principais ferramentas de trabalho e sua atuação em campo, bem como os bens
patrimoniais mais presentes no cotidiano da população que reside no entorno da AID
do empreendimento.

10.1. Objetivos

10.1.1. Geral

Utilizar a educação patrimonial como forma de levar os indivíduos a refletir a


respeito de sua própria identidade, bem como acerca do patrimonial cultural
existente no seu entorno, como forma de reconhecer e respeitar a diversidade
cultural presente em sua vida e na de outras pessoas, sejam elas da mesma
localidade ou não.

10.1.2. Específicos

Apresentar a proposta de pesquisa arqueológica preventiva executada na área


do empreendimento;

Executar ações de divulgação dos bens culturais às comunidades locais, a fim


de reforçar a noção de patrimônio cultural para elas, principalmente os bens de
natureza arqueológica;

Discutir a importância da cultura material, bem como dos estudos


arqueológicos, enquanto evidência da ocupação humana na região;

Estimular uma identificação da comunidade com suas referências culturais.

89
10.2. Público-alvo e estratégias de ação

Local:

• Macapá - AP, haja vista que o empreendimento será edificado no município


em questão;

Ação:

• Entrega e explicação do conteúdo existente sobre Patrimônio Cultural e


Arqueologia nos folders educativos;

Público-alvo:

• Moradores do entorno da AID do empreendimento, além de residências,


pontos comerciais, entre outras instalações compreendida nas ruas próximas
ao empreendimento;12

Recurso:

• Folder (Anexo 1);

Formas de Avaliação:

• A avaliação acontecerá através da observação dos participantes e sua


compreensão e análise dos conceitos apresentados e construídos

12
É valido ressaltar, que devido o contexto de pandemia que ainda se mantem, as atividades seguirão
todas as recomendações dos protocolos de segurança da OMS e do Ministério da Saúde.
90
11. PROPOSTA PRELIMINAR DAS ATIVIDADES RELATIVAS À PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTO, DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E EXTROVERSÃO

Além da produção de relatórios técnicos pertinentes à execução deste projeto,


os quais serão protocolados junto ao IPHAN/AP e, posteriormente, disponibilizados
no Sistema Eletrônico de Informação – SEI para consulta pública, são aguardados
trabalhos escritos, a serem apresentados em eventos científicos regionais e/ou
nacionais, sob a forma de banners ou comunicações orais, acerca da região em
estudo.
Ademais, os resultados aqui obtidos servirão como fonte para pesquisas
acadêmicas futuras relacionadas ao contexto arqueológico do município de Macapá -
AP, no intuito de fomentar a promoção e divulgação dos bens de natureza
arqueológica porventura existentes na região supracitada. Portanto, recomenda-se
que tais resultados sejam disponibilizados para a sociedade em geral como uma forma
de retorno do conhecimento obtido em campo.

91
12. CRONOGRAMA

12.1. Cronograma Executivo da Obra

Como relatado no item 7.1 deste Programa, as obras de implantação do Centro


de Desenvolvimento de Futebol do Amapá foram previstas para iniciar suas atividades
em julho de 2022, onde ocorreu a execução das etapas de Serviços Preliminares e
Canteiro de Obras. Entretanto, no que diz respeito ao prognóstico referente à
execução das etapas de Movimento de Terra, Fundações Especiais, Infraestrutura e
Superestrutura, estas estão previstas para ter início agora em outubro, em caráter de
urgência, em virtude das exigências da CBF e FIFA, que estipulou tempo hábil
necessário para a conclusão do empreendimento, de forma que não impossibilitasse
a utilização do Centro pelas crianças e comunidade do entorno, já no início das aulas
do ano que vem.

Assim, o cronograma de acompanhamento arqueológico foi pensando de forma


que atendesse tanto as diretrizes exigidas pelo IPHAN e legislação ambiental vigente,
quanto à realidade de execução das obras.

92
Figura 21: Cronograma Executivo da Obra – CDF Macapá.

Fonte: Confederação Brasileira de Futebol.

93
12.2. Cronograma de Acompanhamento Arqueológico

O cronograma de Acompanhamento Arqueológico aqui apresentado foi produzido em concordância com o cronograma
executivo das obras de implantação do CDF de Amapá, detalhado anteriormente, o qual contempla as etapas onde será
imprescindível a presença de arqueólogo in situ acompanhando as atividades. Além disso, o cronograma apresenta a previsão
proposta para a entrega dos Relatórios Técnicos, onde, ao final dos três primeiros meses, será apresentado ao IPHAN/AP os
Relatórios Parciais e, após a execução de todas as etapas que envolvam atividades de intervenção nas condições vigentes do solo,
será apresentado o Relatório Final, conforme requerido por esta Superintendência.

Quadro 4: Cronograma de Acompanhamento.


2022
ATVIDADE
OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
MOVIMENTAÇÃO DE TERRA

FUNDAÇÕES ESPECIAIS

INFRAESTRUTURA
SUPERESTRUTURA

RELATÓRIO PARCIAL 1

RELATÓRIO PARCIAL 2

RELATÓRIO FINAL
Fonte: Base de dados da presente pesquisa.

94
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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106
14. ANEXOS

14.1. Folder Educativo

107
Anexo 1: Folder para ação de divulgação do patrimônio. Folha 1.

Fonte: Elaborado pelo Autor.

108
Anexo 2: Folder para ação de divulgação do patrimônio. Folha 2

Fonte: Elaborado pelo Autor.

109
Todos os arquivos referentes aos itens listados abaixo estão anexados a este
formato compatível, cumprindo as diligências do IPHAN – AP, bem como à Instrução
Normativa nº 001/2015.

14.2. Termo de Compromisso do Empreendedor


14.3. Termo de Compromisso da Arqueólogo Coordenador Geral
14.4. Documentação da Equipe Técnica
14.5. Declarações de Participação
14.6. Arquivos Vetoriais

110
15. APÊNDICE

15.1. Ficha de Acompanhamento Arqueológico

111

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