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A multiplicidade de poderes
Uma Europa dividida e instável tinha-se criado. Senhorios, principados, cidades
independentes coexistiam com unidades mais vastas – os reinos – e até um império.
Os senhorios
O senhorio era a terra de um senhor, de um nobre ou de um membro do alto clero.
Os senhorios era uma propriedade fundiária, de dimensão muito variável. Estas
grandes propriedades eram formadas por um núcleo mais significativo, dominado pelo
castelo do senhor, que agrupava terras areáveis, bosques e um ou mais aglomerados
populacionais; este complementava-se com terras dispersas, entremeadas por outros
senhorios.
Além dos rendimentos económicos, o senhor detinha a autoridade sobre os homens
que a habitavam, tendo o direito de julgar e aplicar penas, lançar impostos e outras taxas,
recrutar homens para o exército. Exercia um conjunto de poderes políticos, os poderes
públicos receberam o nome de ban ou bannus.
O domínio duplo do senhor, é uma característica marcante da idade medieval.
Ducados e condados
Os duques e condes constituíam os escalões superiores da nobreza medieval.
Possuíam senhorios intensos; generosas doações régias e política de casamentos. Estes
senhores tinham para além das terras, cidades importantes.
Os reinos
Os reinos são unidades políticas extensas, que são governadas por um rei. Um reino
estável detinha duas condições fundamentais:
O reconhecimento da superioridade de uma família, à qual compete exercer a
realeza, em regime hereditário. O rei detém sobre todos a autoridade suprema,
que utiliza para o bem comum.
A delimitação de um território. O facto de ter nascido no reino coloca, todo o
homem na dependência do rei.
A constituição de um reino corresponde sempre a um processo de identificação
entre um rei, um território e os seus habitantes.
O império
No século X, o sonho imperial renasceu na pessoa de Otão I (936-973), rei da
Alemanha, que era, o mais poderoso monarca do ocidente. Este império recebeu o nome
de Sacro Império Romano-Germânico.
Este império foi rapidamente destruído.
As comunas
O movimento de luta pela liberdade citadina, começou no séc. XI, no Norte de Itália.
Chefiado pelos mercadores, o grupo maus ativo, mais rico e influente, obrigou a união de
todos os habitantes da cidade, selada por um juramento solene de entreajuda e lealdade:
a comuna.
É a comuna, associação de gentes da cidade, que apresenta ao senhor as
reivindicações, luta por elas.
As lutas comunais estenderam-se a toda a Europa, dando origem a episódios
violentos, os privilégios urbanos foram adquiridos de forma pacífica, a troco de uma boa
soma de dinheiro.
Boa parte dos burgos europeus recebeu a sua carta comunal, onde estavam as
garantias e liberdades concedidas pelo senhor à cidade.
As cartas comunais estipulavam estatutos e privilégios muito diferentes.
Algumas regiões conseguiram privilégios administrativos, onde as governava um
conselho de burgueses e um copo de magistrados, aos quias competia a definição de
normas, o lançamento e cobrança de taxas, a aplicação da justiça, ou seja, a regulação de
todos os aspetos da vida urbana.
Estes altos cargos eram, assumidos pelos mercadores mais ricos, que controlavam a
vida económica e política da comuna.
A unidade da crença
A Europa Ocidental assumia-se como um conjunto unido pela mesma Fé. A igreja era
a única instituição que ultrapassava fronteiras. A noção geográfica de Ocidente converteu-
se numa realidade cultural, a Cristandade latina, conjunto de terras e povos cuja língua
litúrgica era o latim e que, obedecia ao bispo de Roma, o Papa.
O crescimento demográfico
A abundância de alimentos reflete-se no número de homens. Quando as grandes
fomes recuaram, diminuíram também as epidemias, porque, a população tornou-se mais
resistente à doença.
Assistiu-se assim 2 séculos de paz e prosperidade económica, política e social.
O surto urbano
Em torno dos velhos castelos senhoriais, as cidades aumentam em número e em
tamanho.
As cidades transformam-se, antes eram centros políticos, militares ou religiosos,
derivando da dignidade do nobre ou do bispo que as habitava. As cidades medievais
assumem uma feição essencialmente económica. Aqui, estabelecem-se mercadores,
banqueiros, artesãos, lojistas, estes são maioritariamente os habitantes do burgo.
Assim se individualiza um novo grupo social, a burguesia.
A cidade assume-se, como um polo de atração.
A Flandres
Uma ativa indústria de lanifícios fez prosperar as cidades.
A Flandres atraía, por força da sua posição geográfica, mercadores dos quatro
cantos da Europa.
Bruge torna-se o local mais cosmopolita da Europa.
O comércio de Hansa
Associações mercantis destinadas a assegurar a proteção dos comerciantes de uma
cidade ou região e a defender os seus interesses: as hansas ou guildas.
De todas estas associações, as cidades do mar do Norte e do mar Báltico, conhecida
como Hansa Teutónica, foi, a mais poderosa.
A Hansa destinada a assegurar o monopólio do comércio do mar Báltico e, do mar
do Norte.
As cidades italianas e o domínio do comércio mediterrâneo
O desencadear da 1ª cruzada, em 1095, marcou o recuo do domínio muçulmano no
Mediterrâneo e a sua abertura ao comércio europeu.
Concorriam entre si nas rotas comerciais que levavam à Ásia Menor, à Síria, ao
Egipto.
As feiras de Champagne
Os mercadores eram sobretudo viajantes.
Em algumas regiões desenvolveram-se feiras periódicas que, atingiram dimensão
internacional.
Reis e senhores ofereciam condições vantajosas de alojamento e armazenamento.
Garantiam, a segurança dos mercadores.
Entre todas as feiras medievais destacam-se as Champagne, que se realizavam nas
cidades de Lagny, Bar-sur-Aube, Provins e Troyes. Situadas em pleno eixo de ligação entre o
norte flamengo e o sul italiano.
A grande peste
Em 1348, uma terrível epidemia – a Peste Negra – abateu-se sobre o ocidente.
Trazida do Oriente por marinheiros genoveses, a Peste Negra foi a mais grave
epidemia que há memória.
Tinha um carácter bubónico, fazendo nascer tumefações nas virilhas, nas axilas e no
pescoço. Além disso, podia revestir um carácter pulmonar, propagando-se pelo ar
respirável, o que a tornava contagiosa e fatal.
Os médicos protegiam-se usando luvas, uma túnica e uma máscara em forma de bico
e pássaro, onde acumulavam ervas aromáticas, com o objetivo de filtrar o ar. A ausência de
higiene, foi o principal fator da rápida propagação.
A peste grassou durante meses a fio, causando uma elevada mortandade. No total,
entre 1348-1350, um terço da população foi ceifada pela Peste Negra.
A guerra
A guerra contribui igualmente para a queda demográfica.
Os efeitos devastadores da guerra resultavam mais das violências exercidas pelos
exércitos sobre as populações.
Resumindo, nos séculos XIV e XV a vida assumia, um contudo violento e sombrio.