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Nome: Mateus Andrade Alves; 4º Período; Psicologia – Faculdade Pitágoras

Guarapari/ES.

Conceitos Básicos da Terapia Narrativa – Texto Alice Morgan

Um dos princípios norteadores da terapia narrativa, segundo a autora, se dá na


forma peculiar de compreender as identidades das pessoas, maneiras de
compreender problemas e seus efeitos na vida das mesmas, a forma como lidam
com cada dilema. Partindo desse princípio podemos entender que a terapia
narrativa é na verdade como contamos a história dos nossos dias, indo mais
além, é a forma como interpretamos cada acontecimento, cada época; a política,
opiniões e cosmovisão.

A ideia de narrar os acontecimento do ponto de vista interno diz muito como


iremos agir em face de qualquer acontecimento, e, nesse ponto, se dá a
complexidade que é o ser humano, uma vez que dependendo da construção
subjetiva do sujeito essa interpretação se dará de forma equilibrada, desastrosa
ou até mesmo desproporcional, pois, dependendo do Ângulo que decidimos
enxergar as situações, essas, terão impactos diferente e reações peculiares.

Partindo de certos princípios a terapia narrativa e/ou terapeuta dá a esse


“narrador” o papel importante no direcionamento dos fatos, ou seja, qual rumo
que essa conversa se dará, qual será a introdução, o desenvolvimento e suas
conclusões, e o terapeuta como balizador dessa jornada, se preocupa em
sinalizar que rumo é mais propício para o narrador, buscando sempre entender
seus caminhos de forma que ele, o narrador, possa extrair todo fato inerente da
sua vida. Perguntas frequentes do terapeuta como: “Como essa conversa está
indo para você?”, “isso é interessante para você?” dão o tom da terapia.

O importante desse trajeto na narrativa, é que várias direções podem ser


tomadas, não existe uma única mão na estrada chamada vida, o que nos remete
a uma escolha eficaz e dinâmica, pois, não existe uma interpretação correta, ou
quem sabe um manual para seguir, o que existe são construções elaboradas no
decorrer das sessões.
O conceito de “histórias” contadas nas sessões pelo sujeito se dá pela
significação que damos as experiências que somos expostos no dia a dia e
nessa experiência, tem um vasto repertório que inclui nossas lutas, competência,
nossas ações, desejos, relacionamento, trabalho, interesses, conquistas,
sucessos e fracassos. A autora cita o exemplo de ser uma boa motorista, e nessa
história contada, tendemos a selecionar eventos que reforcem essa narrativa, ou
seja, as vezes em que minhas experiências evidenciaram a ponto dessa história
ser confirmada através do que chamamos de reforçamento; em contra partida,
todas as vezes que possivelmente eu cometi um erro na direção não são
computados nessa construção do ser um “bom” motorista, ás vezes que subi em
um meio fio, que estacionei o carro errado deixando no meio da rua, arranhei a
lateral por não calcular direito o espaço necessário para colocar o veículo; todas
essas passagem são parcialmente esquecidas ou até mesmo colocadas com
peso diferentes ou quem sabe talvez justificando que a causa seja por situações
que não dependa do narrador, forçando ele a cometer tal erro.

O efeito que histórias como essa tem sobre nosso comportamento não é só no
presente, mas, no futuro e em todas as situações que me veja nessa mesma
condição, logo, cabemos aqui mencionar que na terapia narrativa, temos o que
chamamos de histórias dominantes, pois, existem muitas histórias ocorrendo ao
mesmo tempo como se fosse um segundo plano nas nossas vida, se pensarmos
em um enredo de filme, existem aquelas histórias que nos ajuda compreender a
história principal, por exemplo, minha história dominante é a que não sou um
bom cozinheiro, pois, um dia eu ouvir alguém comentar que aquela comida
estava sem tempero, ou sem sal, concomitante a isso, outras histórias foram
aparecendo, o dia em que cozinhei o arroz e deixei queimar, ou esqueci de
colocar a temperatura correta e não cozinhou, porém, caso em mudasse isso e
adquira uma panela de fazer arroz elétrica, que possibilite dosar a quantidade de
cada ingrediente, nesse contexto poderia surgir uma história alternativa sobre
aquela, e quando as pessoas experimentasse meu arroz, sentiria um bom sabor,
e começasse a elogiar, isso teria efeito na história dominante de cozinheiro ruim,
e esse caminho me possibilitasse experimentar novas técnicas para elaborar
alimentos mais saborosos, as pessoas próximas poderia me enxergar como um
verdadeiro chef de cozinha.
Assim como no exemplo acima as famílias possuem histórias de indivíduos que
denotam habilidades ou defeitos, que possam ser embasadas pela sociedade
que aquela família está inserida, que irá moldar todas as ações daquele clã.

O conceito básico para o terapeuta narrativo é identificar as narrativas com


descrições estreitas, e nesse contexto mora a maioria dos conflitos dentro da
própria família ou grupo, pois, como vimos, descrições estreitas tendem a
selecionar apenas uma parte da narrativa para embasar nossa conceituação de
problema, com isso, caímos na armadilha de olhar os fatos por apenas conceitos
rasos e sem detalhes, é como se reduzíssemos a história do mau cozinheiro
apenas nos dias que ele cometeu deslizes e assim conceituamos como ruim. E
qual a solução para a terapia narrativa? Ir em busca de histórias alternativas,
onde não foi só de erro que esse cozinheiro se fez, existiram dias que ele acertou
e ninguém consegui incluir, ou seja, faltou uma narrativa rica e densa levando
em consideração todas as tentativas desse em fazer uma boa comida e
consegui, buscar histórias alternativas e rica é a solução para diminuir ou
extinguir o efeito de histórias estreitas que origina os conflitos.

Identificar os autores de papeis e consequentemente responsáveis por histórias


de conceituação, propor uma narrativa rica e densa, não só apenas uma
alternativa, é sem dúvida a base para solução de conflitos dentro de um grupo.

Guarapari 17 de setembro de 2020.

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