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Avaliação laboratorial da
Digestão e da Absorção
Intestinal
Diarréia, vômito e perda de peso são sinais clínicos tinados ao diagnóstico de má digestão e de má absorção
comumente verificados em doenças do sistema digestório. e à diferenciação entre elas. Serão discutidos outros tes-
No entanto, esses sintomas não indicam uma doença ou tes de laboratório úteis para avaliação do sistema digestório,
causa específica. Os exames laboratoriais que avaliam além da conveniência de cada teste para avaliação de
especificamente o sistema digestório podem fornecer doença aguda ou crônica.
importantes informações a respeito do diagnóstico. An-
tes de se realizar tais exames, deve-se obter o histórico
do paciente e avaliar os sinais clínicos. É preciso fazer TESTES DE TRIAGEM EM UMA
exame físico do animal, testes laboratoriais básicos (por
exemplo, hematologia, perfil bioquímico sérico e urinálise)
ClÍNICA VETERINÁRIA
e, em alguns casos, exame radiográfico e ultra-sonografia. Vários testes de triagem de animais com histórico e sinais
A escolha dos exames laboratoriais para avaliar o siste- clínicos sugestivos de doença do sistema digestório po-
ma digestório depende dos sinais clínicos, se sugestivos dem ser realizados na própria clínica. Os resultados podem
de doença aguda ou crônica. sugerir, mas geralmente não confirmam, o diagnóstico
Duas importantes anormalidades que induzem a si- ou a causa específica. Em geral, os testes confirmatórios
~ nais de doença crônica do sistema digestório são repre-
'D devem ser feitos em um laboratório de referência (discu-
"? sentadas por síndrome da má digestão e síndrome da má
tido a seguir).
~ absorção. A má digestão corresponde a uma falha na di-
~ gestão adequada do alimento e geralmente decorre da
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00
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secreção inadequada de enzimas digestivas pelo pâncreas . Parasitas Fecais
0\ Isso, por sua vez, em geral se deve à menor quantidade
de células acinares do pâncreas, denominada insuficiência A ação potencial de parasitas do trato gastrointestinal
pancreática exócrina (IPE). Má absorção corresponde à (GI) deve ser considerada em animais com diarréia crô-
incapacidade de o trato intestinal absorver adequadamente nica; o exame de fezes para detecção de parasitas deve
os nutrientes digeridos, resultante de várias lesões no ser parte integrante dos exames laboratoriais de rotina.
intestino delgado. Os sinais clínicos provocados por essas Devem ser utilizadas amostras de fezes frescas. Caso não
duas síndromes podem ser semelhantes e incluem au- seja possível realizar o exame da amostra de fezes em
mento do volume fecal, com fezes anormalmente for- até 2h após a coleta, ela deve ser refrigerada a 4"C. Neste
madas ou diarréia. Como o tratamento e o prognóstico tópico serão discutidos os métodos básicos para detecção
são distintos, é importante a diferenciação entre elas. Este de ovos, larvas, oocistos, cistos e trofozoítos de parasi-
capítulo aborda o emprego de exames laboratoriais des- tas; deve-se consultar um livro-texto sobre parasitologia
364 Bioquímica Clínica Aplicada aos Principais Animais Domésticos
para descrição mais detalhada e informações para inter- água, permanecendo em repouso durante 8h. Nesse tempo, :g
00
pretação dos resultados desses exames. as larvas deixam as fezes e passam para a água, saindo ~
Esfregaço de fezes direto, não corado, pode ser útil pelo fundo do funil. Depois de 8h deve-se coletar e ;j
para detecção de ovos de parasitas, larvas de parasitas centrifugar uma pequena quantidade de fluido do fundo .j>.
metazoários (por exemplo, Strongyloides sp.), oocistos do funil. Em seguida, o sedimento resultante é submetido ~
de coccídios e cistos ou trofozoítos de protozoários (por a exame microscópico para pesquisa de larvas. -b
exemplo, Giardia, Balantidium, Entamoeba e Trichomonas
sp.). O esfregaço também pode ser corado com corantes
hematológicos utilizados na rotina (por exemplo, corante Sangue Oculto nas Fezes
Wright-Giemsa ou Diff-Quick [Dade Diagnostics ofP.R.,
O teste de pesquisa de sangue oculto nas fezes detecta o
Inc., Aquada, PR]). No entanto, em várias situações, a
teor de sangue 20 a 50 vezes menor do que aquele
pequena quantidade dessas estruturas impede sua detecção
macroscopicamente visível. Pode ocorrer perda de 30 a
em esfregaço de fezes direto. Preparações úmidas obti-
50% do volume de sangue pelo trato gastrointestinal, sem
das com a mistura de pequena quantidade de fezes e al-
evidência macroscópica nas fezes. A pesquisa de sangue
gumas gotas de solução salina isotônica podem ser
oculto nas fezes é um teste simples, realizado no labo-
utilizadas para detectar parasitas móveis (por exemplo,
ratório da própria clínica. Ele detecta a atividade da
trofozoítos de Giardia, Balantidium e Entamoeba sp.).
pseudoperoxidase da hemoglobina nas fezes. Havendo
A técnica de flotação é a mais indicada ao exame de
sangue, a atividade dessa enzima forma uma marca azul
fezes para pesquisa de ovos e oocistos de parasitas. Na
num quadrado de papel no qual as fezes foram deposi-
técnica de flotação típica, misturam-se fezes e água. Essa
tadas (Fig. 25.1).
mistura é coada para retirar grandes resíduos e, então, é
Há disponibilidade de dois tipos de teste para sangue
centrifugada; em seguida, mistura-se o sedimento resultante
oculto nas fezes. O teste do guaiaco modificado baseia-se
com a solução de flotação preparada em concentrações
variáveis de açúcar ou sais, como cloreto de sódio, sul-
fato de magnésio, sulfato de zinco ou nitrato de sódio.
As instruções para preparação de soluções de flotação mais
Quadro 25.1 - Preparação de soluções de flotação
uti Iizadas são apresentadas no Quadro 25. I. A mistura de
mais utilizadas
sedimento fecal/solução de flotação é centrifugada durante
5 a 10min ou mantida em repouso por 30min. Como a • Solução de açúcar
maior parte dos ovos e oocistos de parasitas tem menor Dissolva 454g de açúcar granulado (sacarose) em 355mL
densidade que a solução de flotação, eles flutuam na su- de água quente (não fervendo). Verifique a densidade da
perfície da mistura, de onde são coletados pelo contato de solução utilizando um hidrômetro. A densidade deve variar
uma lamínula. O exame microscópico do material coleta- de 1,200 a 1,250. Adicione mais água ou açúcar para
do (objetiva de lOx) revela a presença de ovos ou oocistos ajustá-Ia. É possível adicionar 6mL de formaldeído
de parasitas. Essa técnica pode ser modificada para que para inibir o crescimento de fungos na solução
seja possível a contagem de ovos e oocistos e, portanto, a
sua quantificação nas fezes. Cistos de parasitas como Giardia • Solução de c/oreto de sódio
também flutuam em várias dessas soluções, mas podem Dissolva 400g de cloreto de sódio em 1.000mL de água.
estar deformados. Isso deve originar uma solução de cloreto de sódio
Ovos de trematódeos flutuam em algumas soluções saturada. Verifique a densidade utilizando um
de flotação (por exemplo, sulfato de zinco), mas a téc- hidrômetro. A densidade de uma solução de cloreto de
nica de sedimentação fecal geralmente é a preferida para sódio saturada deve variar de 1,180 a 1,200. Caso a
sua detecção. Em sua forma mais simples, misturam-se densidade seja inferior a isso, acrescente mais cloreto de
fezes e água; a mistura é coada para retirar grandes re- sódio até obter a densidade apropriada
síduos e, então, é centrifugada. A centrifugação da mis-
• Solução de sulfato de magnésio
tura provoca a sedimentação dos ovos de trematódeos e
o exame microscópico de algumas gotas desse sedimen- Dissolva 400g de sulfato de magnésio em 1.000mL de
to revela presença ou ausência de ovos. Há, também, relato água. Utilize um hidrômetro para ajustar a densidade
de modificação dessa técnica, acrescentando formalina em 1,200, adicionando água ou sulfato de magnésio
e éter ao sedimento da mistura.
• Solução de sulfato de zinco
Alguns parasitas gastrointestinais (por exemplo,
Dissolva 371g de sulfato de zinco em 1.000mL de água.
Strongyloides sp.) produzem mais larvas do que ovos.
Aqueça a água para acelerar a dissolução do sulfato.
Essas larvas não são facilmente detectadas pela técnica
Utilize um hidrômetro para ajustar a densidade em
de flotação, mas podem ser vistas pela de sedimentação.
1,018, adicionando água ou sulfato de zinco
Portanto, a técnica indicada para detecção de larvas nas
fezes é a de Baermann, pela qual se coloca água aqueci da • Solução de nitrato de sódio
num funil de vidro com uma válvula controladora de fluxo Dissolva 400g de nitrato de sódio em 1.000mL de água.
ou com mangueira de borracha cuja extremidade é fe- Utilize um hidrômetro para ajustar a densidade entre
chada com um clampe. Uma pequena quantidade de fezes 1,200 e 1,250, adicionando água ou nitrato de sódio
envolvida em uma camada dupla de gaze é colocada na
-------- -
Citologia Fecal
O exame citológico das fezes é mais útil para identificação
de microorganismos potencialmente patogênicos e na con-
Figura 25.1 - Teste de sangue oculto. A figura mostra um
firmação de inflamação ativa no trato GI. A citologia fecal
teste positivo para sangue oculto, indicado pela cor azul no
é indicada a animais com diarréia aguda ou crônica. Geral-
papel-filtro.
o-
mente a amostra citológica é preparada a partir de um fino
00 esfregaço de fezes corado com Wright -Giemsa ou com algum
\O
'9 tipo de corante rápido do tipo Romanowsky (por exemplo,
'<t na detecção de oxidação química do ácido guaiacônico,
Diff-Quick). Essas preparações também podem ser cora-
~ formando uma quinona conjugada;
.;, o teste do tablete de
das pelo Gram, Embora esse corante seja necessário para
00
00
ortotoluidina baseia-se na oxidação da tetrametilbenzidina.
classificar várias bactérias como Gram-negativas ou Gram-
s:; Neles, considera-se que o aparecimento da cor azul in-
positivas, ele é inadequado para identificação de tipos ce-
dique sangue nas fezes. As sensibilidades desses testes
lulares e de outros microorganismos infecciosos nas fezes.
parecem semelhantes. A pesquisa de sangue oculto nas
A etapa inicial do exame cito lógico é a avaliação da
fezes deve ser recomendada para animais com:
flora bacteriana. Em animais normais, a flora é mista
• Diarréia aguda, diarréia crônica ou fezes amolecidas, (Fig. 25.2). Caso haja predomínio evidente de um tipo
de bactéria, ela pode ser patogênica, indicando-se cultura ,.'
I.
sem explicação.
• Anemia microcítica sem causa evidente de hemorra- microbiológica. Animais com má digestão ou má absor- .
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Figura 25.3 - Esfregaço de fezes de um cão, corado com Wright- Figura 25.5 - Esfregaço de fezes de um cão, corado com Wright-
Giemsa, mostrando crescimento excessivo de Clostridium sp. Giemsa, mostrando uma Giardia (seta). 1.000x.
(setas), identificado pela forma esporulada (forma de "alfi-
nete de segurança"). 1.000x.
Quantidade muito pequena de células epiteliais (Fig.
25.6) pode ser encontrada em esfregaço de fezes de animais
identificados apenas em sua forma esporulada, caracte- normais. Neutrófilos (Fig. 25.7) são achados anormais
rizada pela aparência de "alfinete de segurança", porque em esfregaços de fezes e, quando presentes, parecem
um esporo faz com que muitos bacilos pareçam incha- degenerados. Neutrófilos em esfregaços de fezes suge-
dos e claros. Mais de cinco bactérias esporuladas por rem inflamação de cólon, porque os neutrófilos que migram
campo de lOOx (imersão) são consideradas excessivas e para o lúmen do intestino delgado não sobrevivem du-
sugerem crescimento exagerado de clostrídios. Campylo- rante o seu trajeto até o cólon terminal. Bactérias inva-
bacter sp. é identificado por sua forma de "gaivota" ou soras (por exemplo, Salmonella e Campylobacter sp.)
de "w" (Fig. 25.4). Protozoários patogênicos (por exemplo, devem ser consideradas possíveis causas quando há neu-
Giardia sp.) ocasionalmente são vistos em preparação trófilos nas fezes. Eosinófilos também são achados anor-
direta de fezes (Fig. 25.5). Esfregaços fecais ou raspa- mais em esfregaços de fezes e, quando presentes, sugerem
gem de cólon também podem revelar outros microorga- colite eosinofílica.
nismos infecciosos (por exemplo, fungos).
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Figura 25.4- Esfregaço de fezes de um cão, corado com Wright- Figura 25.6 - Esfregaço de fezes de um cão, corado com Wright-
Giemsa, mostrando crescimento excessivo de Campy/obacter Giemsa. Células epiteliais (seta) são entremeadas de várias
sp., identificado pela forma distinta de "gaivota" (cabeças bactérias e material amorfo. Pequena quantidade de células
de setas). 1.000x. epiteliais é um achado normal em esfregaços de fezes. 1.000x.
Avaliação Laboratorial da Digestão e da Absorção Intestinal 367
Amido Fecal Figura 25.7- Esfregaço de fezes de um cão, corado com Wright-
Giemsa. Há grande quantidade de neutrófilos degenerados
Amido não digerido nas fezes é detectado por meio da (setas). Os neutrófilos são achados anormais no esfregaço
coloração das fezes com solução de Lugol, um corante fecal, independentemente da espécie. 1.000x.
específico para amido. Pequena quantidade de fezes (uma
a duas gotas) é misturada com uma a duas gotas de so-
lução de Lugol (solução de iodo a 2%) na superfície de sua deficiência sugere IPE. O teor de gordura na dieta pode
uma lâmina de microscopia. Coloca-se uma lamínula sobre influenciar o resultado desse teste. A pesquisa de gordura
a mistura que, em seguida, é submetida ao exame mi- nas fezes de animais sadios alimentados com dieta con-
croscópico. O amido não digerido aparece como grânu- tendo alto teor de gordura pode revelar resultado positi-
los azul-escuros a pretos (Fig. 25.8). A presença de amido vo; a pesquisa de gordura nas fezes de animais com IPE
não digerido sugere deficiência de enzimas que o dige- que recebem dieta com baixo teor de gordura pode indi-
rem ou aumento da motilidade intestinal resultando em car resultado negativo.
trânsito intestinal mais rápido. As enzimas que digerem O teste de pesquisa de gordura fecal indireto pode detectar
o- amido (amilases) são produzidas no pâncreas e sua de- gordura digerida em amostra de fezes negativa para o teste
cO
'-O ficiência sugere IPE. No entanto, esse teste não é sensí- de pesquisa de gordura fecal direto (amostra que parece
'Y
-q- vel nem específico, porque é influenciado pelo teor de não conter gordura não digerida). Mistura-se pequena
~
.;, amido na dieta. Caso um animal normal consuma grande quantidade de fezes (uma ou duas gotas) com uma ou
00 quantidade de amido, sua capacidade em digerir essa duas gotas de solução de ácido acético a 36% e uma ou duas
cO
s; substância pode estar sobrecarregada, originando um teste
de pesquisa de amido fecal falso-positivo. Se o animal
com IPE receber dieta com teor de amido muito baixo,
o teste de amido fecal pode ser negativo, apesar da de-
ficiência na digestão de amido.
Gordura Fecal
É possível detectar gordura digeri da e gordura não digerida
nas fezes por intermédio de corantes que as coram sele-
tivamente (Sudan III ou Sudan IV). Para detectá-Ias, esse
teste é realizado em duas etapas (direta e indireta).
O teste de pesquisa de gordura fecal direto é realizado
-,
mediante a mistura de pequena quantidade de fezes (uma
ou duas gotas) com uma ou duas gotas de corante Sudan
Ill ou Sudan IV na superfície de uma lâmina de microscopia.
Coloca-se uma lamínula sobre a mistura e, em seguida,
examina-se a lâmina ao microscópio. A gordura não digerida
se assemelha a gotículas alaranjadas refrangentes (Fig. 25.9).
A presença de 10 ou mais dessas gotículas por campo mi-
croscópico de 40x é considerada como resultado positivo, Figura 25.8- Esfregaço de fezes de um cão, corado com solução
indicando deficiência de enzimas que digerem gordura de Lugol e positivo para amido não digerido. Grânulos de
(lipases). Como essas enzimas são produzidas no pâncreas, amido parecem esferas azul-escuras a pretas. 400x.
368 Bioquímica Clínica Aplicada aos Principais Animais Domésticos
1
por campo microscópico de 40x indica resultado positi-
vo. À medida que a lâmina esfria, essas gotículas de lipídeos
2mL de gelatina a 7,5% dissolvida; essa mistura é incu-
bada a 37°C durante lho Após esse período, aguarda-se
•~ formam espículas amarelo-alaranjadas. A gordura digerida
o esfriamento do tubo e, em seguida, verifica-se a
•• e a gordura não digeri da são, assim, detectadas. No en-
solidificação ou não da mistura. Caso a gelatina perma-
tanto, como o teste direto inicialmente deve confirmar
neça líquida, considera-se atividade de protease fecal
ausência ou presença de gordura não digerida, um resul-
positiva (a protease das fezes digeriu a gelatina). A
tado positivo no teste indireto sugere gordura digerida.
solidificação da gelatina indica que não houve digestão
Resultado negativo no teste direto com resultado positivo
e que a atividade da protease fecal é baixa. O teste de
no teste indireto indica que a gordura tem sido digerida digestão da gelatina é considerado mais sensível do que
(o pâncreas está produzindo quantidade adequada de lipase), o teste de filme de raios X para detecção de baixa ativi-
mas não tem sido absorvida no intestino. Portanto, deve- dade da protease nas fezes.
se suspeitar mais de um problema intestinal (má absor- Baixa atividade de protease nas fezes sugere produ-
ção) que de IPE. ção deficiente de protease pelo pâncreas e, portanto, IPE.
É provável que o teste de pesquisa de gordura fecal É possível haver resultado falso-negativo na pesquisa da
indireto em umaamostra claramente positiva ao teste direto atividade de protease fecal em razão de:
não acrescente qualquer informação importante ao diagnós-
tico. Caso se faça o teste indireto em amostra de fezes • Oscilações diárias na atividade de protease nas fezes.
positiva ao teste direto (presença de gordura não digerida), • Presença de inibidores de protease nas fezes.
o resultado do teste indireto pode parecer mais intensa- • Utilização de toda protease durante a digestão.
mente positivo do que aquele do teste direto. No entanto,
isso não implica necessariamente em um problema in- Pode surgir resultado falso-positivo na pesquisa da ati-
testinal porque, às vezes, em IPE o teste indireto mostra vidade de protease fecal devido à atividade de protease
resultado mais fortemente positivo do que o teste direto. bacteriana nas fezes.
O teste de pesquisa de gordura fecal direto positivo é
muito específico para IPE; entretanto, não é um indica-
Fibras de Músculo nas Fezes
dor sensível (por exemplo, mais de 50% dos cães com
IPE não apresenta quantidade de gordura fecal suficien- Fibras de músculo estriado não digeri das se coram de
te para ser detectada pelo teste). A pesquisa de gordura marrom-claro com o corante Lugol (Fig. 25.10). As fi-
não digerida e de gordura digerida nas fezes pelos testes bras musculares também podem ser vistas no exame
direto e indireto não é considerada confiável para a di- citológico das fezes. Fibras musculares nas fezes suge-
ferenciação entre IPE e má absorção intestinal. rem digestão anormal dessas fibras, provavelmente de-
Avaliação laboratorial da Digestão e da Absorção Intestinal 369
não são sensíveis nem específicos. Conseqüentemente, a IST sérica é praticamente 100% específica para IPE.
os clínicos deixam de realizá-los. Algumas vezes eles Caso o valor de IST sérica de um cão seja inferior a
são feitos e os resultados sugerem doença específica do 5,0Ilg/L, mas superior a 2,5Ilg/L, deve-se repetir o teste
sistema digestório. Qualquer que seja o caso, é necessá- após algumas semanas; essa repetição do teste costuma
rio confirmar o diagnóstico dessas enfermidades por exa- mostrar claramente se o animal está saudável ou se é porta-
mes laboratoriais mais sensíveis e específicos. Esses dor de IPE. As causas prováveis de resultados nessa zona
exames serão discutidos a seguir. "obscura" (2,5 a 5,0Ilg/L) são:
ra a atingir o valor máximo) nos casos de retardo no es- Dosagem Sérica de Folato
vaziamento gástrico; crescimento bacteriano excessivo,
resultando na metabolização de xilose pelas bactérias do e de Vitamina B12
lúmen intestinal; e seqüestro de xilose em pacientes com
A medição da concentração sérica de vitamina B12 e folato ""
acúmulo de fluido extravascular (por exemplo, edema, após jejum de 12h pode ser útil para identificação dos ~
hidrotórax ou ascite). Além disso, a absorção de D-xilose locais do trato intestinal afetados pela doença que causa
comumente está diminuída em cães com IPE, possivel- ""
má absorção. A vitamina B 12é liberada no estômago a
mente devido às anormalidades na mucos a intestinal partir de proteínas da dieta, sob ação da secreção gástri-
secundárias à insuficiência pancreática exógena ou ao ca ácida. Em seguida, a vitamina se liga a proteínas (de-
crescimento excessivo de bactérias associado à IPE. nominadas proteínas R) e chega o intestino delgado, onde
Podem ocorrer picos de D-xilose falsamente elevados, as proteases pancreáticas digerem as proteínas R, libe-
com menor excreção urinária de D-xilose, quando hou- rando a vitamina B 12. Vitamina B 12livre se liga a um
ver insuficiência renal. fator intrínseco, produzido pela mucosa gástrica de hu-
Embora a D-xilose seja facilmente disponível, nem todos manos; em cães e gatos parece ser produzido principal-
os laboratórios de referência executam esse teste. Por- mente pelo pâncreas. O complexo vitamina B 12-fator
tanto, antes de realizar o teste de absorção de D-xilose, intrínseco é absorvido na porção distal do intestino del-
deve-se definir o laboratório que o fará. gado, especialmente no íleo. O folato está presente na
dieta, mas é conjugado com resíduos de glutamato, sendo
pouco absorvido. As enzimas das vilosidades da porção
Teste de Absorção de BT-PABA/ proximal do intestino delgado removem quase todos esses
o-Xilose Combinado resíduos, permitindo a absorção de folato. Portanto, o
folato é absorvido no intestino delgado proximal, espe-
A realização dos testes de absorção de BT-PABA e de cialmente no jejuno. Caso ocorra má absorção no intes-
D-xilose, simultaneamente, ajuda a definir se a menor tino delgado proximal, a concentração sérica de folato
absorção de bentiromida é provocada por má absorção pode diminuir, mas o teor sérico de vitamina B 12deve
intestinal ou se é secundária à insuficiência pancreática estar normal. Quando há má absorção no intestino del-
exógena. A interpretação dos resultados desse teste combi- gado distal, o teor sérico de vitamina B 12pode estar menor,
nado em animais com menor absorção de BT-PABA está mas a concentração sérica de folato deve estar normal.
ilustrada na Tabela 25.1. A absorção de BT-PABA é Se a má absorção for generalizada, poderá haver dimi-
anormal em animais com IPE devido à digestão anormal nuição de ambas as concentrações.
de BT-PABA, e em animais com má absorção, devido à São possíveis resultados duvidosos em gatos ou cães
anormalidade na absorção de PABA. A absorção de D- com IPE e em pacientes que apresentem crescimento
xilose pode ser normal ou anormal em animais com IPE, bacteriano excessivo ou estejam recebendo suplementos
dependendo do grau de má absorção que acompanha a de vitamina. Há relato de menor concentração de vita-
enfermidade. Na síndrome de má absorção, a absorção mina B 12e folato em gatos com IPE. A maior parte des-
de D-xilose é anormal. Então, os dois testes de absorção ses gatos apresentava concentração sérica de vitamina
(BT-PABA e D-xilose) podem estar alterados em animais B 12indetectável e em mais de 50% a concentração de
com IPE, bem como em animais com má absorção. Assim, folato estava abaixo do normal. Considera-se que o menor
a IPE não pode ser diferenciada da síndrome de má teor sérico de vitamina B 12 se deva à menor secreção
absorção quando ambos estiverem anormais. Quando pancreática do fator intrínseco, necessário para absor-
apenas o teste BT-PABA for anormal, considera-se que ção de vitamina B 12,em gatos. Acredita-se que a menor
a interpretação apropriada seja o diagnóstico de IPE.
28
24
100
Concentração Concentra- 20
sérica de xilose 80 ção sérica
(mg/dl) de D-xilose 16
60
(mg/dl) 12 __________
- Sad io
40 Sadio 8
20 ~oente
Doente 4
Figura 25.13 - Curvas de absorção de D-xilose em cão sadio Figura 25.14 - Curvas de absorção de D-xilose em eqüino sa-
e cão doente. A curva de absorção de D-xilose de um cão dio e eqüino doente. A curva de absorção de D-xilose de um
atinge valor máximo acima de 60mg/dl 60 a 90 min após a eqüino atinge valor máximo acima de 20mg/dL 90 a 180min
administração oral de D-xilose. após a administração oral de D-xilose.
Avaliação laboratorial da Digestão e da Absorção Intestinal 373
concentração de folato se deva à doença intestinal que Tabela 25.1 - Interpretação dos resultados de testes
acompanha a IPE e à conseqüente diminuição na absor- combinados
ção de folato. Em gatos, a detecção de menor concentra-
Absorção Absorção de
ção de vitamina B 12 e de folato pode decorrer de IPE,
de BT-PABA o-Xilose Interpretação
bem como de doença intestinal. Em cães com IPE, a
concentração sérica de vitamina B 12 pode estar discreta Anormal Normal Insuficiência pancreática
a moderadamente diminuída (o estômago secreta algum exócrina
fator intrínseco em cães). No entanto, o teor sérico de Anormal Anormal Má absorção ou
folato geralmente se encontra normal ou elevado devido insuficiência
ao crescimento excessivo de bactérias, seqüela comum pancreática exócrina
de IPE. O crescimento exagerado de bactérias provoca
aumento da concentração sérica de folato em virtude da
síntese bacteriana de folato e diminuição do teor sérico
de vitamina BI2 em razão da ligação da vitamina BI2 dicar erroneamente baixa atividade da protease nas fe-
com as bactérias. O crescimento bacteriano excessivo zes de cães sadios devido à oscilação na atividade
sempre deve ser levado em conta quando houver essa proteolítica fecal. A sensibilidade do teste é de, aproxi-
combinação de resultados. Quando houver aumento de madamente, 95%; a especificidade é cerca de 80%. A
ambas as concentrações, a explicação mais provável é a disponibilidade desse teste é limitada.
suplementação da vitamina antes da obtenção da amos- A prova da difusão radial da enzima indica atividade
tra de sangue, pois nenhuma doença ocasiona tal alteração. proteolítica fecal, avaliando a distância na qual a solução
a, fecal induz a hidrólise e clareamento após difusão no ágar
00
que contém como substrato a paracaseína de cálcio. Essa
~ Exame Bioquímica das Fezes distância é proporcional à atividade da protease nas fezes.
'T
~ Embora não seja muito executado, o exame bioquímica Assim como o teste de digestão do corante de azocaseína,
~ das fezes pode ser útil em animais com diarréia crônica. este é influenciado pela oscilação na atividade proteolítica
00
s; A medição da atividade proteolítica fecal e da excreção fecal, recomendando-se a obtenção de várias amostras. A
de gordura nas fezes pode ser útil para avaliar a produ- disponibilidade desse teste também é limitada.
ção de enzimas digestivas pelo pâncreas. A dosagem de
eletrólitos nas fezes, juntamente com a determinação da Quantificação de Gordura Fecal
osmolaridade fecal, pode ser útil para diferenciar os ti-
pos de diarréia (por exemplo, osmótica versus secretória) A medição da quantidade total de gordura fecal produ-
em animais com diarréia aguda ou crônica. zida durante 24 a 72h é um teste mais específico e sen-
sível para avaliar a atividade de lipase nas fezes do que
,.,1
Atividade Proteolítica Fecal o teste de coloração das fezes com o corante Sudan. A .j
;)
gordura fecal é quantificada em animais submetidos à
O teste de hidrólise da azocaseína e o teste de difusão dieta cujo conteúdo de gordura é conhecido. Em animais
radial da enzima são os métodos de triagem mais sensí- sadios, menos de 10% da gordura ingerida são excretados
veis e específicos para avaliar a atividade da enzima nas fezes. Em cães e gatos, a quantidade de gordura
protease (por exemplo, teste da digestão de filme de raios normalmente excretada durante 24h é inferior a 0,3g/kg
X e teste da digestão de gelatina) em animais com sus- e O,4g/kg, respectivamente. Pode haver maior excreção
peita de IPE. A atividade da protease em diferentes por- de gordura nas fezes de animais com IPE ou síndrome de
ções da amostra de fezes é variável. Além disso, ocorrem má absorção. A quantificação de gordura fecal não é feita
oscilações diárias na atividade da protease fecal associa- na maioria dos laboratórios veterinários de referência.
das à dieta. Esses testes devem ser realizados em amos-
tras múltiplas coletadas em diferentes dias, em pool de Eletrólitos e Osmolaridade das Fezes
amostras de fezes coletadas durante três dias; ou após o
fornecimento de farelo de soja suplementar na dieta. A A osmolaridade do sobrenadante das fezes é resultante
atividade de protease nas fezes é instável; as amostras de eletrólitos e outras substâncias osmóticas que não foram
de fezes destinadas a tal análise devem ser congeladas absorvidas (por exemplo, ácidos graxos voláteis, outros
imediatamente e transportadas durante a noite para evi- tipos de gordura, alimento fermentado, aminoácidos, pro-
tar resultados falso-negativos. teínas, carboidratos e ácidos biliares). A soma das concen-
Medição da hidrólise da azocaseína é um teste espec- trações de Na e de K nas fezes multiplicada por dois for-
trofotométrico que avalia a alteração da cor de uma mistura nece uma estimativa da colaboração desses dois eletrólitos
de fezes com o corante azocaseína, como substrato. A e de seus ânions na osmolaridade das fezes.
atividade proteolítica nas fezes provoca alteração da cor Os animais com diarréia osmótica, na qual substâncias
dessa mistura devido à digestão desse corante. O grau osmoticamente ativas, exceto Na, K e seus ânions, são
de alteração da cor é proporcional à atividade proteolítica retidas no conteúdo intestinal, apresentam um amplo hiato
fecal. Esse é um teste mais confiável para diagnóstico de (> 50mOsm/L) entre a osmolaridade estimada a partir
IPE em cães do que os testes da digestão de filme de raios X da concentração de eletrólitos e a osmolaridade medida.
e da digestão de gelatina; no entanto, também pode in- Esse hiato representa essas outras substâncias osmotica-
374 Bioquimica Clínica Aplicada aos Principais Animais Domésticos
mente ativas não medidas. Na diarréia secretória, o grau no caso de vômito ou diarréia aguda. Tais alterações
de osmolaridade das fezes se deve, principalmente, à pre- são provocadas pela perda de fluido no trato GI e
sença de Na, K e seus ânions, pois a maioria das outras conseqüente desidratação e hemoconcentração.
substâncias osmoticamente ativas é digerida e absorvida. • Em diarréia aguda podem ocorrer alterações variáveis
Portanto, o hiato entre a osmolaridade estimada a partir na contagem de leucócitos. Caso a diarréia seja causa-
da concentração de eletrólitos e a osmolaridade medida da por rnicroorganismos infecciosos que produzem to-
é pequeno « 30mOsm/L). Com base nesses princípios, xinas, o seqüestro de neutrófilos e a intensa demanda
a medição da osmolaridade e dos teores de Na e K das tecidual podem ocasionar neutropenia, como leucopenia
fezes de animais com diarréia pode indicar se a diarréia marcante. Endotoxemia ou demanda tecidual menos
é osmótica ou secretória. grave pode induzir à neutrofilia com desvio à esquerda.
Para determinar a concentração de eletrólitos e a • Animais com diarréia ou vômito podem manifestar
osmolaridade das fezes em um sobrenadante, o fluido distúrbios ácido-básicos e eletrolíticos. No entanto,
fecal deve representar, no mínimo, um terço do volume tais distúrbios são variáveis e imprevisíveis. Nesses
das fezes. O hiato osmolar das fezes é calculado do se- animais, é importante avaliar as condições ácido-bá-
guinte modo: sica e eletrolítica do soro sangüíneo. Em pacientes com
diarréia secretória, a perda de Na, CI e, ocasionalmente,
Hiato osmolar = Osmolaridade fecal medida - 2 (Na + K) K pode resultar em menor concentração sérica desses
eletrólitos. Ademais, em diarréia há perda de bicarbo-
Diarréia com alto valor de hiato osmolar (> 50mOsmollL) nato, o que pode causar acidose metabólica. Isso, por
provavelmente seja osmótica. Diarréia com baixo hiato sua vez, pode provocar desvio de K do compartimen-
osmolar « 30mOsmol/L) possivelmente seja secretória. to intracelular para o extracelular, bem como reten-
A Tabela 25.2 lista exemplos desses dois tipos de diarréia. ção de K pelos rins. O desvio de potássio pode induzir
a uma concentração sérica de K normal ou elevada,
apesar da perda de K nas fezes. Animais que apresen-
OUTRAS ANORMALIDADES tam vômito podem perder quantidade significativa de
LABORATORIAIS ASSOCIADAS A HCI, muitas vezes suficiente para causar hipocloremia
DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO e alcalose metabólica. Contudo, caso o vômito inclua
conteúdo alcalino oriundo do intestino delgado, esses
As anormalidades em exames laboratoriais associadas a animais poderão exibir condição ácido-básica normal
doenças do sistema gastrointestinal variam de acordo com ou acidose metabólica. Neles, a alcalose metabólica
o local do distúrbio GI, a causa e a evolução aguda ou freqüentemente está associada à obstrução pilórica,
crônica da doença. As alterações associadas à diarréia resultando em perda de HCI não acompanhada de perda
aguda ou crônica serão discutidas a seguir. de conteúdo intestinal alcalino.
• Podem ocorrer aumentos no teor de nitrogênio da uréia
Associadas a Vômito ou à Diarréia sangüínea e de creatinina devido à desidratação (azo-
temia pré-renal),
Aguda • Em diarréia aguda, pode existir aumento de atividade
• É possível notar aumento do hematócrito, da concen- das enzimas hepáticas de extravasamento, possivel- ~ 00
tração de hemoglobina e da contagem de eritrócitos, mente por lesão de hepatócitos resultante da ação de ~
toxinas absorvidas no trato GI lesado. .:..,
bem como do teor plasmático ou sérico de proteína, 'J;:
• Leucograma de inflamação, que pode ser sugestivo riana de vitamina K2 e severa restrição de gordura na
de inflamação significativa ou úlcera profunda na parede dieta, com redução adicional da absorção de vitamina
intestina!. K, pois ela depende da absorção de gordura. Como a
• Neutropenia. Caso, além de neutropenia, se observem ati vidade dos fatores de coagulação que dependem de
neutrófilos tóxicos, é possível que tenha havido ab- vitamina K deve ser reduzida para menos de 35% em
sorção de endotoxina no trato GI devido à enterite relação ao valor normal, antes que ocorram tais alte-
causada por bactérias Gram-negativas, estase intesti- rações, os animais com tais anormalidades apresen-
nal, septicemia, peritonite bacteriana grave decorrente tam grave deficiência e devem receber vitamina K su-
de perfuração intestinal ou enterite vira!. plementar, por via parentera!.
• Eosinofilia, que pode estar associada à gastroenterite
eosinofílica ou a parasitismo.
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