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U N I V ER S ID AD E F ED ER A L D O P I A U Í

C EN TR O D E C IÊN C IA S A GR Á R IA S
D EPA RTA MEN TO D E C LÍ N I C A E C I R U R G IA V ETER I N Á R I A
D I S C I P LINA :AN ESTES IOLOGIA V ETER I N Á R IA
P R O F º M A R LLO S H EN R I QUE V I EI R A N U N ES

ANESTESIOLOGIA EM ANIMAIS
GESTANTES
Considerações Gerais
Emergência ou distocia fetal;
Alterações fisiológicas e comodidade da mãe;
Alcalose respiratória compensada pela excreção renal de bicarbonato;
Hiperventilação. Anestesia volátil pode aumentar a concentração alveolar;
Ação mecânica exercida sobre o diafragma;
Alterações no fluxo sanguíneo placentário resultam em acidose fetal;
Considerações Gerais

As alterações hemodinâmicas também devem


ser levadas em consideração, pois face a
dilatação periférica que ocorre, observa-se
discreta queda da pressão arterial.
Ações bloqueadoras vasomotoras, como o
halotano ou a anestesia peridural, deprimem a
resposta vasoconstritora compensatória, assim
como as fenotiazinas, acentuando o risco.
Quadro de choque e pré-choque.
Fig 1. Representação esquemática das alterações que decorrem da hiperventilação.
Fatores relacionados ao feto

Anestésicos não-ionizáveis passam rapidamente pela barreira placentária e os


ionizáveis permanecem na circulação materna.
Alterações no PH sanguíneo aumentam a concentração de drogas não-
ionizáveis, drogas de alta solubilidade nas gorduras ou de baixo peso molecular.
Fatores relacionados ao feto
Circulação fetal barreira placentária metabolização no fígado redução
da concentração anestésica a nível de SNC fetal.
Absorção A permeabilidade hematoencefálica é maior, o que aumenta a
sensibilidade às drogas.
A função renal do feto é deficiente, o que dificulta a excreção das drogas.
A atividade microssômica enzimática também é deficiente.
Drogas e Barreira Placentária

Medicação Pré-Anestésica
O uso ou não de sedativos e tranquilizantes nas
fêmeas gestantes deve ser bem avaliado;
A tranquilização pode ocasionar depressão
neonatal;
Fármacos utilizados:
Tranquilizantes atravessam a barreira
placentária, mas não apresentam risco imediato para
o feto;
Drogas e Barreira Placentária
Anticolinérgicos atravessa barreira placentária podendo
desencadear taquicardia fetal;
Benzodiazepínicos mínimos efeitos depressores
respiratórios e cardiovasculares;

Hipóxia fetal
Depressão neonatal
Diazepan e
Cetamina (ausência de
Midazolan
vocalização,
letargia, hipotonia,
hipotermia)
Drogas e Barreira Placentária
Sedativos administração deve ser cautelosa e em doses baixas;
 doses

Bradicardia
Arritmias
Redução da FR
Diminuição da
viabilidade fetal
Drogas e Barreira Placentária
Tabela 1. Efeitos colaterais neonatais da medicação pré-anestésica.
Medicação pré-anestésica Efeito colateral neonatal
Acepromazina Hipotensão
Atropina Taquicardia
Escopolamina Taquicardia
Diazepam Depressão cardiorrespiratória, hipotonia, hipotermia
Midazolam Depressão neurológica
Xilazina Depressão cardiorrespiratória, hipotonia, mortalidade
Butorfanol Depressão respiratória e neurológica
Tramadol Depressão respiratória e neurológica
Meperidina Depressão respiratória e neurológica

Fonte: Adaptado de Waller et al, (2014).


Drogas e Barreira Placentária

Anestésicos Injetáveis
Anestesia geral é a conduta mais indicada e segura na paciente;
 Barbitúricos Tiopetal e tiamilal não são recomendados;
Não barbitúricos Propofol é o mais recomendado;

Não tem ação Sem efeitos


teratogênica depressores
Drogas e Barreira Placentária
Anestésicos Inalatórios
Lipossolúvel PM
Atravessam prontamente a barreira placentária;
Mais indicados: isofluorano, sevofluorano e desfluorano;
Halotano tem ação vasopressora vasodilatação periférica reduz PA

Idosas
Anêmicas
Toxêmicas
Hipovolêmicas
Drogas e Barreira Placentária
Anestésicos Locais
Técnica mais usada: epidural
Evita a exposição dos fetos aos anestésicos;
É necessário usa-los com resguardo;

Prilocaína
tem potencial tóxico!
Mepivacaína
Drogas e Barreira Placentária
Tabela 2. Efeitos colaterais neonatais dos anestésicos locais
Drogas e Barreira Placentária
Bloqueadores Neuromusculares
Podem ser associados à anestesia geral, pois facilitam a intubação traqueal e
reduzem o tônus musculoesquelético;
São altamente ionizáveis e não são lipossolúveis não passa facilmente pela
barreira placentária;

Succinilcolina
Principais Complicações
Hipotensão
Resposta fisiológica a vasodilatação;
Acomete principalmente os pequenos
animais
Hipovolemia
Ocorre em animais em quadros de
desidratação ou que tiveram hemorragias
durante o parto;
É aconselhável repor a volemia ou hidratar o
animal;
Principais Complicações
Anestesia peridural lombossacra

c Circulação Depressão
PA DC i Venosa do miocárdio

Sugere-se o uso de adrenalina;


Síndrome Supina
animal colocado na posição decúbito dorsal , dificulta a vascularização ( arterial e
venosa);
Principais Complicações
Recomenda-se agilizar a cirurgia;
Colocar o animal na calha cirúrgica
ligeiramente inclinado pra um dos
lados;

Posicionamento em decúbito dorsal


Principais Complicações
Descompressão rápida
 Ocorre quando os cornos uterinos são retirados bruscamente da cavidade
abdominal;
Vômitos e aspirações de conteúdo gástrico
 Ocorre em induções anestésicas violentas ou por aplicação de drogas
parassimcomiméticas;
 Por manipulação visceral exagerada;
Em casos emergenciais introduzir sonda endotraqueal
Técnicas anestésicas nas diferentes
espécies
Canina e Felina

 Jejum de 12h e hídrico de 2h;


Qual fármaco ideal para a indução direta permitindo uma anestesia com
menor concentração de anestésico?
Canina e Felina
Primeira técnica (para cadelas)
MPA com levomepromazina ou clorpromazina, 0,3
mg/kg IV, ou acepromazina, a 0,2%, 0,05 mg/kg IV
Tricotomia e aguardar 15 min
Tiopental a 2,5%, 5 a 8 mg/kg IV, ou tiamilal a 2%, 5
a 8 mg/kg IV, ou meto-hexital a 2,5% 5 a 7 mg/kg
IV
Intubar com sonda de Magill
Adaptar ao aparelho de anestesia e aplicar
enfluorano, na dose de até 2 V%
Canina e Felina
Segunda técnica
Tricotomia
MPA conforme a técnica anterior
Cetamina, 2 mg/kg IV lentamente
Estabelecida a prostração, adaptar a máscara e oferecer o enfluorano a 2 V%,
isofluorano ( 2V%) ou sevofluorano (2 V%) ou até atingir um plano anestésico
suficiente para a intervenção
Canina e Felina
Terceira técnica (para gatas)
MPA conforme técnica anterior, mas pela via IM
Cetamina, 15 mg/kg IM
Tricotomia
Decorrido 10 min, aplicar a mascara facial (adulto), administrando o
anestésico volátil enfluorano a 2 V%.
Canina e Felina
Quarta técnica
Atropina, na dose de 0,04 mg/kg SC
Aguardar de 10 a 15 min
Cetamina, 15 mg/kg IM em cadelas, e 10 mg/kg em gatas, associada a
Xilazina, 1 mg/kg, por via IM em cadelas, 0,5 a 0,8 mg/kg em gatas,
ambas na mesma seringa
Canina e Felina

Quinta técnica
MPA semelhante a da primeira técnica
Tricotomia
Anestesia peridural lombossacra com agulha 30 x 8, injetando-se de
3 a 5 ml de lidocaína a 2%, dependendo dependendo do talhe do
animal
Anestesia infiltrativa pré-umbilical, com 3 a 5 ml de lidocaína a 1%
Suínas
Primeira técnica
MPA com levomepromazina ou clorpromazina,0,5mg/kg IV, ou
acepromazina a 1%,0,05 mg/kg IV,ou azeperone, 2mg/IV,associado ou
não a 0,05 mg/kg de flunitrazepam, ambas as drogas na mesma seringa
e pela mesma via;
Suínas
Infiltração com lidocaína a 1% (10 a 20 ml) e agulha 100 x 10 no
local da incisão, que se baseia numa linha imaginaria a partir da base
da orelha até a articulação femorotibiopatelar do lado correspondente
á cirurgia, com localização na região do flanco;
Suínas
Segunda técnica
MPA semelhante á da técnica anterior
Quetamina, 2 mg/kg IV, lentamente.
Terceira técnica
MPA, se necessário
Anestesia peridural lombossacra
Infiltração local no lugar da incisão com 10 ml de lidocaína a 1%.
Caprina e Ovina
 Primeira técnica:  Secunda técnica:
MPA; MPA;
Tricotomia do flanco esquerdo; Tricotomia no espaço
lombossacro
Anestesia infiltrativa em
retângulo; Anestesia peridural lombossacra
com 5 a 10 ml de lidocaína a 1 %
Verificada a prostração, testar a
área anestésica antes de iniciar a
cirurgia.
Bovina e Equina
Temperamento
Peculiaridades anatômicas
Respostas a determinados fármacos
Medicação pré-anestésica ( MPA)

Importância: Pequenas explorações semiológicas ou até transportes , ferrageamentos,


curativos e exames mais apurados.
Protocolos: viagens, tranquilização para exames clínicos, anestesias locais, induções
anestésicas.
• acepromazina a 1% 0,1 mg/kg;
• clorpromazina ou levomepromazina 0,5 a 1 mg/kg;
• azaperone 0,8 a 1 mg/kg.
Comentário. A vantagem da aplicação desses fármacos por via
intramuscular é a de que, nas três primeiras indicações, não
aparece a excitação inicial, como quando aplicados por via
intravenosa. Já com o azaperone, é contra-indicada a sua
aplicação por via intravenosa, pois a excitação é drástica e difícil
de ser contida, especialmente em recintos fechados.
Anestesia local peridural (intercoccígea)
Tratamento de prolapsos retais
Fístulas retovaginais
Intervenção cirúrgica região ( retais ou retovaginais)
Levantamento e abaixamento da cauda do animal, a fim de individualizar o
ponto recomendado para a introdução da agulha, que é entre a primeira e a
segunda vértebras coccígeas
Fármacos mais utilizados na fase de gestação de
bovinos e equinos
Efeitos da xilazina em equinos e bovinos
gestantes
O tônus do miométrio e a pressão intrauterina
aumentam após a injeção de xilazina em
bovinos.
Produzem aumento na pressão intrauterina de
éuas.
Redução do débito cardíaco fetal e do
fornecimento de oxigênio ao feto (LEMKE,
2007).
Efeitos da cetamina em equinos e bovinos
gestantes
Quando administrado em gestantes pode
induzir sedação nos fetos e depressão do
sistema nervoso central em recém-nascidos.
Efeito da prilocaína em equinos e bovinos
gestantes

Prilocaína não deve ser usadas pois pode levar à


metahemoglobinemia, tanto na mãe quanto no feto
(Malamed, 2004).
OBS: A lidocaína é o anestésico mais apropriado
para as gestantes + associada a PRILOCAÍNA
pode ser fatal tanto pra mãe quanto ao feto.
Efeito da bupivacaína em equinos e bovinos gestantes

A bupivacaína apresenta a maior


cardiotoxicidade, maior penetrabilidade
nas membranas do coração e maior
resistência após eventual parada
cardíaca(Malamed, 2004).
OBRIGADO!!!!
Referências
Massone, Flavio. Anestesiologia Veterinária: farmacologia e
técnicas: texto e atlas colorido. – 6 ed. – Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011;
OLIVA, V.N.L.S.; ALBUQUERQUE, V.B. Anestesia na cadela
gestante. Medvep – Revista Científica de Medicina Veterinária –
Pequenos Animais e Animais de Estimação, v.20, n.7, p.52-58, 2009.

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