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Coleta e Processamento
de Amostras e Análise das
Opções de Serviços
laboratoriais
No capítulo anterior, fez-se uma revisão sobre tecnolo- cadeia seqüencial de eventos completa, para que se ob-
gia laboratorial. No entanto, para aproveitar essa tec- tenha o diagnóstico pretendido. Por exemplo, mesmo o
nologia e seu potencial para o diagnóstico clínico, as exame mais confiável, realizado em local extremamente
amostras devem ser coletadas e preparadas adequada- adequado e interpretado pelos mais conceituados espe-
mente. Para empregar a ampla lista de opções de técnicas cialistas não supera o erro causado por uma técnica não
de diagnóstico, o veterinário deve avaliar a possibili- apropriada de coleta ou tratamento da amostra. Esta seção
"" dade de adotar esses procedimentos tecnológicos, de- fornece um guia para garantir a correção da seqüência
~ cisão que será influenciada por diversos fatores, como de procedimento envolvendo a coleta e o tratamento das
,..'? tipo de atividade (por exemplo, clínica geral, clínica amostras.
~ ambulatorial, instalações para atendimento de emergên-
'Q cia, centro de referência de especialidades), localiza- Recipientes para Coleta
fi: ção geográfica e experiência prática dos indivíduos
0\ envolvidos. Este capítulo contém recomendações para Para a coleta de sangue são utilizados vários tubos dispo-
o processamento adequado das amostras e orientações níveis no mercado. Eles contêm o anticoagulante apro-
para selecionar as opções mais apropriadas de técnicas priado para vários exames hematológicos e o vácuo ade-
de diagnóstico laboratorial. quado à obtenção de um volume suficiente de sangue; são
mais conhecidos como tubos Vacutainer'" (Becton-Dickin-
son). A seguir, serão descritos (em ordem de freqüência
COLETA E PROCESSAMENTO de uso) os tubos a vácuo mais empregados. Normalmente,
os tubos são denominados pela cor de sua tampa, que iden-
DE AMOSTRAS tifica o tipo de anticoagulante contido nele (Fig. 2.1).
Independentemente do laboratório e da técnica para o
teste de diagnóstico, a obtenção de resultados confiáveis Tubo de Coleta de Soro
começa com a adoção de método de coleta apropriado e
manuseio adequado da amostra. A coleta, o processa-
ou de Tampa Vermelha
mento, a análise da amostra e a interpretação dos resul- o tubo de tampa vermelha, destinado à obtenção de amostra
tados devem ser convenientemente efetuados como uma de soro, não contém anticoagulante. O sangue nele con-
38 Princípios Gerais sobre Exames e Diagnósticos laboratoriais
Figura 2.1- Tubos a vácuo típicos utilizados na coleta de amostras Recomendações para o Preenchimento
de sangue para exame laboratorial. Da esquerda para direita,
tem-se tubo de tampa lavanda com EDTA, tubo de tampa
dos Tubos a Vácuo
vermelha sem anticoagulante, tubo para separação de soro e Alguns hábitos simples devem ser considerados para o
tubo de tampa azul com citrato. Notar que o tubo de separa- '!)
preenchimento adequado dos tubos: -.J
ção de soro contém um gel amarelo na parte inferior. 00
Do
u.
• A proporção de volume sangue:anticoagulante deve j
ser fixada. Isso é muito importante para os exames .j>..
tido deve coagular para que se obtenha o soro. Esse tubo
hematológicos e para os testes bioquímicos que ava- ~
é utilizado para obtenção de soro necessário às análises ""
liam a coagulação sanguínea; portanto, um tubo com --O
bioquímicas comuns, como aquelas incluídas na elabo-
anticoagulante deve ser preenchido até o volume es-
ração de um perfil bioquímico.
pecificado para ele. A quantidade de vácuo no tubo
facilita, mas o usuário deve ter certeza de que isso
Tubo de Tampa Lavanda realmente acontecerá.
o tubo de tampa lavanda contém o anticoagulante ácido • Ao coletar sangue para vários procedimentos diagnós-
etilenodiaminotetracético (EDTA). É utilizado para co- ticos, inicialmente preencha o(s) tubo(s) que con-
leta de sangue destinado aos exames hematológicos. O tenha(m) anticoagulante e, por último, os tubos sem
anticoagulante EDTA preserva melhor o volume celular anticoagulante. A combinação mais utilizada é um tubo
e as características morfológicas das células nos esfregaços com EDTA e um tubo sem anticoagulante. O tubo com
corados. A preparação líquida de sal tripotássico é a forma EDTA deve ser preenchido primeiro, diminuindo o risco
mais usada de EDTA, a preferida para preservação do de formação de coágulo. Essa preocupação não existe
volume celular quando se utiliza um analisador hemato- em relação ao tubo sem anticoagulante porque, nesse
lógico automatizado. As formas de EDTA em pó não são caso, espera-se a coagulação do sangue.
recomendadas por serem mais difíceis de misturar com
• Os tubos a vácuo devem ser preenchidos com a míni-
o sangue adicionado ao tubo.
ma força positiva, pois a passagem forçada do sangue
pela agulha pode provocar hemólise que, por sua vez,
Tubo com Heparina ou de Tampa Verde pode ocasionar alterações nas medições bioquímicas.
O tubo de tampa verde contém heparina. Esse anticoagu- Agulhas de calibres menores são as causas mais pro-
lante é utilizado para alguns testes bioquímicos especiais, váveis de hemólise. Uma agulha calibre 18 ou 20 é a
principalmente aqueles que requerem sangue total e podem melhor indicação à coleta de sangue.
ser influenciados por outros anticoagulantes químicos. • É importante que a venipuntura seja asséptica e sem
contaminação tecidual, pois isso pode resultar em
Tubo com Citrato ou de Tampa Azul agregação plaquetária indesejada e coagulação das
amostras coletadas com anticoagulante. Também é im-
O tubo de tampa azul contém citrato de sódio. É utiliza-
portante selecionar locais de venipuntura que propi-
do para determinação bioquímica de substâncias ou fa-
ciem o volume de sangue necessário para as análises
tores relacionados aos mecanismos de coagulação.
pretendidas para um determinado paciente (por exem-
plo, veia jugular).
Tubo Sure-Sep" • Selecione um local de venipuntura que forneça facil-
O tubo Sure-Sep" é uma variação do tubo de tampa verme- mente o volume de sangue desejado. Isso significa um
lha que não contém anticoagulante. Sua tampa é vermelha fluxo sangüíneo que cause mínimo ou nenhum colapso
Coleta e Processamento de Amostras e Análise das Opções de Serviços laboratoriais 39
sobre laboratórios de diagnóstico. Em geral, esses labo- comerciais são: diluição do custo dos equipamentos b.
ratórios se enquadram em três categorias: automatizados devido ao grande volume de solicitações §;i -.o
de exames, disponibilidade de uma extensa lista de exa-
• Laboratório da própria clínica veterinária. mes, supervisão profissional do desempenho técnico e
• Laboratório veterinário comercial. suporte de patologista. Como a instrumentação auto-
• Laboratório humano ou hospital da comunidade. matizada se destina ao diagnóstico de doenças específi-
cas dos animais, geralmente já está ajustada para análise
Vários fatores devem ser considerados quando se tra- de amostras animais. Geralmente há programas de con-
ça uma estratégia para utilizar uma (ou mais) dessas opções. trole de qualidade, mas eles são variáveis.
Coleta e Processamento de Amostras e Análise das Opções de Serviços laboratoriais 41
As desvantagens incluem turno de trabalho menos fle- à tecnologia diagnóstica do pessoal que realiza tais pro-
xível, fato que impõe uma logística para o transporte de cedimentos, bem como a adoção de um programa de
amostras além do que este transporte representa uma im- controle de qualidade regular. Isso implica monitoração
J; portante parte do custo do serviço. A consulta e o apoio periódica da exatidão e precisão do equipamento, usan-
~ de um patologista também podem ser variáveis. do material de controle comercial. O gasto mensal com
""1" esse material pode variar de 100 a 300 dólares.
N
~ Vantagens e Desvantagens
~ de Laboratórios Humanos Relação Profissional com Patologista
O>
FATORES QUE DEVEM SER exames de amostras animais somente após finalizarem
os exames de pacientes humanos (prioridade) podem não
CONSIDERADOS NA ESCOLHA DE liberar os resultados em tempo adequado.
SERViÇOS DE LABORATÓRIOS
EXTERNOS Aptidão Espécie-específica
O laboratório deve ser capaz de identificar e interpretar
Adaptação do Equipamento anormalidades anatomopatológicas espécie-específica e
o equipamento deve ser adequadamente ajustado para o deve fornecer informações sobre os resultados anormais
exame de amostras de sangue de animais. Isso é muito e sobre a morfologia celular verificada nos esfregaços
importante para exames hematológicos. Essa adaptação sangüíneos e no exame citológico.
tende a ocorrer mais em laboratórios veterinários comer-
ciais do que em laboratório de hospitais humanos, nos
quais as análises de amostras de animais são considera- Consulta por Telefone
das preocupações secundárias. O-
o veterinário usuário deve ser capaz e ter liberdade de g:;
consultar a equipe do laboratório e os patologistas a respeito ,..Q
Serviço de Recolhimento de Amostras dos resultados anormais ou não usuais obtidos.
V ários laboratórios veterinários oferecem serviço de
recolhimento de amostras uma ou duas vezes ao dia para Tomada de Decisão
reduzir o tempo entre a coleta da amostra e a entrega dos
A análise das opções de diagnóstico pode ser resumida
resultados das análises. O problema é que o serviço de da seguinte maneira: a decisão sobre a instalação de um
mensageiro representa uma fração considerável do cus- laboratório de diagnóstico é complexa e essa complexi-
to. Geralmente os laboratórios humanos confiam no usuário dade é exacerbada pelas rápidas mudanças das tecnologias
para levar as amostras até o laboratório. e dos serviços. Recomenda-se pesquisar alguns labora-
tórios e equipamentos para facilitar tal análise. Na dúvi-
Turno de Trabalho Apropriado da, é aconselhável evitar compras ou contratos a longo
prazo.
Em geral, um fator limitante é o transporte da amostra
até o laboratório. A distância costuma ser muito grande,
havendo necessidade de um turno de trabalho mais fle- BIBLIOGRAFIA
xível. Na maioria dos estabelecimentos, ao chegar ao la- Jain NC, ed: Schalrn's veterinary hematology. 4th ed. Philadelphia:
boratório, a amostra é analisada o mais rápido possível Lea & Febiger, 1986.
e o resultado enviado por fax ou correio eletrônico. Em Kaneko JJ, Harvey Jl-l, Bruss ML, eds: Clinical biochemistry of
um dia de muito trabalho, os laboratórios que realizam domestic animais. 5th ed. New York: Academic Press, 1997.