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CAPíTULO

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Morfologia das Hemácias

~ A principal função das hemácias é conduzir hemoglobi- Com freqüência, a morfologia das hemácias auxilia muito
~ na, responsável pelo transporte de oxigênio aos tecidos. na definição do diagnóstico etiológico de anemia e, às vezes,
'<T A membrana permeável flexível que reveste as hemácias também é útil no diagnóstico de outras disfunções. A pre-
N
:;;; é composta por lipídeos, proteínas e carboidratos. Anor- paração adequada de um esfregaço sangüíneo é importan-
;h malidades na composição dos Iipídeos (principalmente te no exame das células do sangue (ver Capo 1). Deve-se
:; fosfolipídeos e colesterol) de membrana podem resultar examinar a área de contagem de leucócitos para avaliar a
em alteração na forma das hemácias. As proteínas de morfologia das hemácias, porque essas células não são
membrana formam o citoesqueleto da membrana; essas tão densas e achatadas nessa parte do esfregaço. A inter-
proteínas também atuam mantendo a forma e a integri- pretação da morfologia das hemácias deve ser feita asso-
dade celular. A denominação dessas proteínas baseia-se ciada a outros dados quantitativos obtidos na contagem
em sua localização, após solubilização e migração por de sangue total. Por exemplo, em geral o grau de policro-
meio de eletroforese. As bandas 1 e 2 (ou seja, espectrina) mas ia eritrocitária é mais importante quando há, simulta-
e a banda 5 (actina) são as principais proteínas do citoes- neamente, menor quantidade de hemácias.
queleto. As anormalidades também têm sido associadas Este capítulo aborda principalmente as característi-
a hemácias de formas anormais. cas morfológicas de maior importância no diagnóstico.
A morfologia normal da hemácia é variável entre as
diferentes espécies (Fig. 5.1). As hemácias de mamífe-
ros são anucleadas, diferentemente daquelas de outros
vertebrados, que possuem núcleo. As hemácias ou eritró-
citos são células arredondadas e relativamente bicôncavas
na maioria das espécies de mamíferos, exceto nos mem-
bros da família Camellidae (por exemplo, Ihama, came-
los e alpacas), em que são ovais. Nas hemácias coradas
nota-se uma área central pálida devido a sua forma
bicôncava, pois o examinador nota menor teor de hemo-
globina nessa parte da célula. Essa palidez central é mais
aparente nas hemácias de cães. Nas espécies que apre-
sentam hemácias menores, como gatos, eqüinos, vacas,
ovinos e caprinos, nota-se menor grau de concavidade e,
portanto, pouca ou nenhuma palidez central. A forma de
disco côncavo da hemácia favorece a troca de oxigênio
e permite que a célula se deforme à medida que se mo-
vimenta em vasos com diâmetro menor do que a própria
hemácia. Resumidamente, as diferenças significativas entre
as hemácias das espécies incluem tamanho, forma, grau Figura 5.1 - Hemácias normais de cães (A), eqüinos (B), felinos
de palidez central, tendência em formar rouleaux, pre- (C) e bovinos (O). Notar o maior tamanho e a intensa palidez
sença de pontilhado basofílico e de reticulócitos na res- central das hemácias de cães, em comparação com as outras
posta regenerativa à anemia (Tabela 5.1). espécies. Corante de Wright.
66 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns

Tabela 5.1 - Diferenças importantes entre as hemácias de várias espécies

Espécie Diâmetro (um) Rouleaux Palidez central Pontilhado basofilico Reticulócitos (%)a VCM (fL)

Cão 7 + ++++ 1 60 - 72
'!)
-..)
Suíno 6 ++ ± 1 50 - 68 00
00
Gato 5,8 ++ + ± 0,5 39 - 50 V>

5,7 Ob
~
Eqüino ++++ 36 - 52 N
.l>-

Vaca 5,5 + +++ a 37 - 53 O-


O'.

Ovino 4,5 ± + +++ o 23 - 48 00


-D
Caprino 3,2 ++ o 15 - 30

a Com volume globular normal.


b Não aumenta em resposta à anemia.
VCM = volume corpuscular médio.

Na classificação morfológica das hemácias, considera- No caso de anemia causada por hipoplasia ou aplasia
se a cor, o tamanho, a forma, as estruturas eritrocitárias medular eritróide, não há aumento do número de células
e a distribuição das células no esfregaço sangüíneo. policromatofílicas (ver Capo 7). Como particularidade da
espécie, os eqüinos anêmicos não liberam células
COLORAÇÃO DAS HEMÁCIAS policromatofílicas.
Há boa relação entre o grau de policromasia e a con-
Policromasia tagem de reticulócitos; contudo, é mais objetivo quantificar
a resposta regenerativa por meio da contagem de reti-
As células policromatofílicas correspondem às hemácias culócitos (ver Capo 1). O reticulócito é semelhante à
jovens, precocemente liberadas. Geralmente são células hemácia policromatofílica, mas ele recebe corante vital
grandes, cuja cor é mais azulada do que as hemácias (por exemplo, novo azul de metileno ou azul cresil brilhante),
maduras (Fig. 5.2). A cor azul é decorrente das organelas
procedimento que induz a aglomeração de ribossomos e
(ribossomos, mitocôndrias) que ainda permanecem nas
de outras organelas celulares na forma de grânulos visí-
células jovens. A verificação de hemácias policromato-
veis (ver Fig. 1.37).
fílicas é muito importante para determinar a causa de
anemia. Caso ocorra liberação de células imaturas, a
provável causa é a perda de sangue ou destruição de Hipocromasia
hemácias; a medula óssea tenta compensar essa dimi-
nuição liberando precocemente novas células (ver Capo 8). As hemácias hipocrôrnicas são claras e sua palidez cen-
tral é mais acentuada devido à menor concentração de
hemoglobina decorrente da deficiência de ferro (Fig. 5.2).
Em hemácias de cães com deficiência de ferro, nota-se
hipocromasia mais evidente do que em hemácias de outras
espécies com a mesma deficiência; em geral, as hemácias
de gatos com essa deficiência não são hipocrôrnicas. É
necessário diferenciar células hipocrôrnicas daquelas
células arredondadas (torócitos) ou células "furadas", que
são insignificantes (Fig. 5.3). As células arredondadas
têm uma área central clara bem delineada e uma borda
mais fina de hemoglobina do que aquelas verificadas nas
células verdadeiramente hipocrôrnicas. Hemácias policro-
matofílicas jovens também podem apresentar hipocromia,
porque sua concentração de hemoglobina é menor do que
a normal devido ao maior volume. Embora não se con-
sidere a ocorrência de hipercromia, os esferócitos pare-
cem ter coloração mais intensa devido à ausência de
concavidade.

Figura 5.2 - Esfregaço sangüíneo de cão com anemia por


deficiência de ferro. Notar a rarefação de células no esfregaço TAMANHO DAS HEMÁCIAS
sangüíneo, sugerindo anemia acentuada. A maior parte das
hemácias é pequena e hipocrômica (cabeças de seta). A ane- A variação no tamanho das hemácias é denominada
mia é regenerativa e há várias hemácias policromatofílicas anisocitose. Essa variação pode ser decorrente da pre-
(setas). Corante de Wright. sença de células grandes (macrócitos), células pequenas
Morfologia das Hemácias 67

(micrócitos) ou ambas. o termo, por si só, não fornece


informação significativa. As hemácias podem parecer
menores no esfregaço sanguíneo devido ao seu menor
diâmetro; contudo, o volume celular é o verdadeiro
parâmetro para avaliação do tamanho de hemácias, sen-
do determinado em instrumento eletrônico (ver Capo 1).
O melhor exemplo disso é o esferócito, que parece ser
menor devido à forma esférica e, conseqüentemente, menor
diâmetro; no entanto, o volume dos esferócitos quase
sempre se encontra na faixa de normalidade. Por outro
lado, hemácias microcíticas hipocrômicas deficientes em
ferro, cujo volume foi determinado em aparelho eletrô-
nico, podem ter diâmetro normal e não parecer menores
no esfregaço sanguíneo.

Hemácias Microcíticas
Antes que o menor diâmetro celular seja visualizado,
Figura 5.3 - Esfregaço sangüineo de cão mostrando vários
deve haver diminuição marcante do tamanho das células
torócitos (hemácias "furadas"). Notar a ampla margem de
(Fig. 5.2). Para estimar do verdadeiro tamanho das he- hemoglobina e a carência de hemoglobinização no centro
mácias, o cálculo do volume corpuscular médio (VCM) das células (seta). Os torócitos podem ser confundidos com
é mais útil do que o exame de esfregaço sangüíneo. A hipocromasia verdadeira. Corante de Wright.
partir de sistemas de contagem celular automatizados,
pode-se obter o histograma ou a curva volume-distribui-
ção da população de hemácias. O volume corpuscular
macrócitos não-policromatofílicos. Neles, o aumento
médio é determinado pela análise dessa curva e o herna-
simultâneo do VCM geralmente representa apenas evi-
tócrito é, então, calculado multiplicando o VCM pela
dência de regeneração eritróide. Durante a regeneração,
contagem de hemácias (ver Capo I). A principal causa
as espécies animais, exceto os cães, tendem a produzir
de microcitose é anemia por deficiência de ferro; a dimi-
macrócitos regenerativos que têm, aproximadamente, duas
nuição do VCM é característica desse tipo de anemia.
vezes o tamanho de hemácias normais, resultando em
Em alguns pacientes com essa deficiência, o VCM pode
alteração acentuada do VCM. Entretanto, os cães libe-
ser normal, mesmo que o animal apresente uma popula-
ram macrócitos que, em geral, são apenas discretamente
ção de células microcíticas. Nesse caso, é útil examinar
maiores do que as hemácias normais. Macrocitose sem
a curva volume-distribuição (ver Capo 1). Na fisiopato-
policromasia ou sem outra evidência de resposta regene-
logia da microcitose, existe a possibilidade de envolvi-
rativa apropriada é um achado comum em gatos anêmicos
mento de precursores eritróides que se dividem conti-
com mielodisplasia e doença mieloproliferativa (ver
nuamente até obterem concentração de hemoglobina
próxima ao normal, resultando em hemácias pequenas. Capo 13). Essa macrocitose está associada à infecção pelo
As células podem não obter um teor de hemoglobina vírus da leu cem ia felina (FeLV); também pode ser cons-
normal porque há necessidade de ferro para formar he- tatada em gatos infectados por FeL V sem anemia.
moglobina. No caso de grave deficiência de ferro, é possível Outras causas menos comuns de macrocitose incluem
constatar microcitose e hipocromia no esfregaço sangüíneo. macrocitose de cães da raça Poodle e estomatocitose
Além disso, notam-se defeitos de membranas, os quais hereditária. Em cães da raça Poodle toy ou miniatura, a
freqüentemente ocasionam anormalidades específicas na ocorrência de macrocitose é rara e acredita-se que seja
forma e fragmentação (discutidas posteriormente). Cães hereditária; normalmente é um achado acidental. Os cães
com shunt portocaval podem manifestar anemia micro- acometidos não apresentam anemia, mas a contagem de
0\ cítica, geralmente associada ao metabolismo anormal de hemácias pode estar diminuída. O VCM geralmente varia
00 de 90 a 100fL. Outros achados incluem aumento da
'"
"?
ferro e à baixa concentração sérica de ferro. Algumas
~
"<t raças de cães (Akita e Shiba inus) normalmente apre- população de hemácias nucleadas, aumento do número
~ sentam hemácias menores. de corpúsculos de Howell-Jolly (freqüentemente múlti-
<A plos) e de neutrófilos hipersegmentados. Ao exame de
"?

s; Hemácias Macrocíticas esfregaço da medula óssea notam-se várias anormalida-


des nos precursores eritróides, inclusive megaloblastos
Hemácias macrocíticas são maiores e apresentam maior com assincronia citoplasmática e nuclear de maturação.
volume corpuscular médio (ver Fig. 1.37). A principal A causa dessa anomalia é desconhecida e não há sinal
causa de macrocitose é o aumento da quantidade de clínico associado com o distúrbio. Por fim, os estomatócitos
hemácias imaturas, que se apresentam policromatofílicas de cães das raças Alaska malamute e Schnauzer minia-
em esfregaços sangüíneos corados pelo Wright. Ao con- tura com estomatocitose hereditária são macrocíticos
trário de outras espécies domésticas, os eqüinos liberam (discutido posteriormente).
68 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns

Acredita-se que alguns medicamentos anticonvulsivantes, parte das anormalidades morfológicas hereditárias das
como fenobarbital, fenitoína e primidona, induzem macro- hemácias está associada a alterações na proteína do
citose; contudo, não se reproduziu experimentalmente ma- citoesqueleto ou na concentração de colesterol ou fosfo-
crocitose em cães submetidos ao tratamento prolongado lipídeos no plasma ou na membrana das hemácias.
com antíconvulsivantes. Deficiências de vitamina B 12
(cobalamina) e de folato não causam macrocitose em animais Esquistócitos e Ceratócitos
domésticos; porém, tais deficiências são causas comuns
de macrocitose em humanos. Cães da raça Giant schanauzer Fragmentos de hemácias, também denominados esquis-
com má absorção hereditária de cobalamina são anêmi- tócitos, geralmente se originam de traumatismo eritro-
cos, mas essa anemia é mais normocítica do que macrocítica. citário intravascular. Podem ser notados em animais com
coagulopatia intravascular disseminada (CID) em con-
seqüência da lise de hemácias por filamentos de fibrina,
MORFOLOGIA DAS HEMÁCIAS com neoplasia vascular (por exemplo, hemangiossarcoma)
As hemácias com formas anormais são denominadas e com deficiência de ferro. Os animais com CID tam-
poiquilócitos. No entanto, esse termo não é útil porque bém podem apresentar trombocitopenia, simultaneamente
não indica a alteração específica da forma. Assim, não é (Fig. 5.4). Em geral, quando se constatam fragmentos
possível fazer nenhuma interpretação específica. As al- de hemácias em esfregaços sangüíneos de cães com
terações morfológicas mais importantes incluem vários hemangiossarcoma, também há acantócitos. A fragmen-
tipos de hemácias espiculadas, esferócitos e excentrócitos. tação de hemácias deficientes em ferro parece ser causa-
As hemácias espiculadas apresentam um ou mais espículos da por lesão oxidativa que induz lesão de membrana ou
na superfície e incluem equinócitos, acantócitos, ceratócitos aumento de suscetibilidade ao traumatismo intravascular.
e esquistócitos. O examinador deve ser o mais específi- Inicialmente, as hemácias deficientes em ferro desenvol-
co possível ao relatar as alterações morfológicas, porque vem vesícula ou vacúolo aparente; acredita-se que tal
alguns tipos de anormalidades morfológicas das hemácias lesão represente uma lesão oxidativa, na qual as super-
fícies internas da membrana se cruzam pela célula. A
estão associados a determinadas doenças. Hemácias com
extrusão de hemoglobina pode ser a causa da região
alteração morfológica menos importante incluem leptócitos
descorada. Posteriormente, essas lesões aumentam e se
(células dobradas ou células-alvo), codócitos (células-
rompem, formando células com um ou mais espículos.
alvo), dacirócitos (hemácias em forma de lágrima) e
Quando há espículos, essas células comumente são de-
torócitos (hemácias arredondadas).
nominadas células "tronco de macieira"; quando há dois ~
Em animais, há relato de algumas anormalidades he- 'f'
ou mais espículos são denominadas ceratôcitos (Fig. 5.5). 00
reditárias associadas a alteração morfológica de hemácias, Y'
Provavelmente as projeções dos ceratócitos se soltam das ~
inclusive estomatocitose hereditária em cães; eliptocitose
hemácias, originando esquistócitos. .••
hereditária resultante da deficiência de banda 4.1, em cães; o,
O>
e esferocitose hereditária em gatos da raça Japanese black, 00
-:o
resultante da deficiência de banda 3. Além disso, há relato
de esferocitose hereditária em camundongos. A maior

Figura 5.5 - Esfregaço sangüíneo de gato com anemia por


deficiência de ferro. Notar as anormalidades das membranas
eritrocitárias. Em felinos, a ausência de hipocromasia é co-
mum em hemácias deficientes em ferro. Além disso, há células
Figura 5.4 - Esfregaço de cão com hemangiossarcoma esplênico vesiculares (setas pequenas) e ceratócitos (setas grandes). No
e coagulopatia intravascular disseminada. Notar o esquistócito destaque, esfregaço sangüíneo de um cão com deficiência
(seta) e uma única plaqueta no campo (cabeça de seta). Corante de ferro. Notar a célula vesicular (seta pequena) e os eritrócitos
de Wright. hipocrômicos (cabeça de seta). Corante de Wright.
Morfologia das Hemácias 69

Acantócitos
Acantócitos ou células com esporões são hemácias espi-
culadas irregulares, com poucas projeções de compri-
mentos desiguais e diâmetros variáveis, na superfície (Fig.
5.6). Acredita-se que os acantócitos sejam provenientes
de alteração nas concentrações de colesterol ou de fos-
folipídeos na membrana das hemácias. Geralmente são
vistos em esfregaços sangüíneos de humanos que apre-
sentam alteração no metabolismo de lipídeos, como pode
ocorrer na doença hepática; porém, raramente são nota-
dos em esfregaços sangüíneos de cães com hepatopatia.
No entanto, os acantócitos são muito constatados em
esfregaços sangüíneos de gatos com lipidose hepática e
são comuns em esfregaços de cães com hemangiossarcoma.
A pato gênese dessa alteração morfológica de cães com
hemangiossarcoma não é conhecida, mas a presença de
acantócitos em animais de raças de grande porte, de meia-
idade ou mais velhos, com anemia regenerativa simultâ- Figura 5.6 - Esfregaço sangüíneo de cão anêmico com rup-
nea é muito sugestiva de hemangiossarcoma. tura de hemangiossarcoma de baço. (A) Há vários acantócitos
(setas). Notar as grandes células policromatofílicas no mes-
mo campo, indicando que a anemia é do tipo regenerativa.
Equinócitos (B) Acantócitos (seta) e esquistócitos (cabeças de seta) são
achados típicos em cães com hemangiossarcoma. Corante de
Equinócitos (células espinhosas) são células espiculadas
Wright.
com várias projeções pequenas, rombas a afiladas, uni-
formemente espaçadas e de tamanho e forma uniformes,
na superfície (Fig. 5.7). A presença de equinócitos pode
ser um artefato (crenação) decorrente de alteração do pH esferócito, sendo então denominado esferócito incom-
durante a secagem lenta do esfregaço sangüíneo; além pleto (Fig. 5.10). Esses esferócitos provavelmente repre-
disso, sua presença tem sido associada a doença renal, sentam uma fase da contínua remoção da membrana que,
~ linfoma, picada de cascavel e quimioterapia, em cães, e por fim, resulta em um esferócito completo.
~ exercício, em eqüinos. Os equinócitos constatados no caso
"<t
C'oI
de picada de cascavel são denominados equinócitos tipo 3 Excentrócitos
.;,
r- e são bem característicos, com vários espículos muito
~ finos em todas as hemácias, exceto naquelas policro- Dentre as características dos excentrócitos é possível in-
s; matofílicas (Fig. 5.8). Em alguns casos de picada de cluir desvio de hemoglobina para uma parte da célula, perda
da palidez central normal e uma zona clara delimitada por
cascavel formam-se esferoquinócitos. Essas hemácias
parecem esferócitos, com finos espículos, geralmente uma membrana (Fig. 5.11). Esse tipo de célula está asso-
presentes durante 24 a 48h após o acidente ofidíco e são
indicadores confiáveis de picada de cascavel.

Esferócitos
Os esferócitos são hemácias de coloração escura que
perdem a palidez central (Fig. 5.9). Parecem pequenos,
mas seu volume é normal. Esferócitos não são facilmente
detectados em animais, exceto em cães, devido ao pe-
queno tamanho e à perda da palidez central das hemácias
normais na maioria das outras espécies de animais domés-
ticos. Os esferócitos apresentam menor quantidade de
membrana devido à fagocitose parcial decorrente da pre-
sença de anticorpos ou complemento na superfície da
hemácia. A pesquisa de esferócitos é muito importante,
pois sua presença sugere anemia hemolítica imunome-
diada (ver Capo 8). Além disso, também podem ser cons-
tatados após transfusão sangüínea com tipo de sangue
inadequado. Há relato de ocorrência de esferócitos em
cães após picadas de abelhas e intoxicação por zinco, a
qual também pode causar anemia de corpúsculos de Heinz. Figura 5.7 - Esfregaço sangüíneo de cão com linfoma. Há
Às vezes, permanece pequeno grau de palidez central no vários equinócitos (setas). Corante de Wright.
70 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns

em relação ao conteúdo celular interno, resultando em


dobradura da membrana e formação de células-alvo
(Fig. 5.12). Esse tipo de célula tem pouca importância ao
diagnóstico e pode se formar in vitro, quando há contato
com excesso de ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) ~
devido ao preenchimento inadequado dos tubos de coleta 3;
de sangue. As células-alvo também são denominadas ;j
codócitos e correspondem a hemácias arredondadas finas, .jo.
~
com densa área central de hemoglobina separada da re- g;
gião hemoglobinizada periférica por uma zona pálida. As ~
células-alvo podem ser constatadas em cães com aumento
da concentração sérica de colesterol; também são verificadas
em várias outras condições e têm pouca importância.

Estomatócitos
Estomatócitos são hemácias unicôncavas com área clara
semelhante a uma "boca" próxima ao centro da célula
Figura 5.8 - Esfregaço sangüíneo de cão picado por cobra
(Fig. 5.13). De modo geral, a presença de alguns estoma-
cascavel há cerca de 24h. Quase todas as hemácias são equi- tócitos no esfregaço sangüíneo não indica anormalida-
nosferócitos (seta). Notar que as hemácias policromatofilicas de. Há relato de formação hereditária de estomatócitos
não foram afetadas. Corante de Wright. em várias raças de cães, inclusive Alaska malamute,
Schnauzer miniatura e Drentse partrijshond. Todos os dis-
túrbios são hereditários e de caráter autossômico reces-
ciado a lesão oxidativa, especialmente em cães, e pode sivo; a formação de estomatócito é causada por diferentes
ser visto com corpúsculos de Heinz (discutido posterior- anomalias em diversas raças e envolve a membrana ce-
mente). Os animais com deficiência hereditária da enzima lular ou o controle do volume celular. Cães da raça Alaska
eritrocitária glicose-6- fosfato desidrogenase podem ser mais malamute com estomatocitose hereditária também apre-
suscetíveis à lesão de hemácias induzida por substância sentam condrodisplasia; apenas uma pequena porcen-
oxidante, que resulta na formação de excentrócitos ou no tagem das hemácias se transforma em estomatócitos.
aumento do número de corpúsculos de Heinz. Acredita-se que a formação destes seja secundária a um
defeito de membrana que permite aumentar o conteúdo
de sódio e água das hemácias. Cães da raça Drentse
leptócitos e Codócitos pretrijshond com estomatocitose também manifestam gas-
Leptócitos são hemácias que passaram por alteração na trite hipertrófica, desenvolvimento retardado, diarréia,
proporção superfície:volume, com excesso de membrana cistos renais e polineuropatia. Considera-se que nessa raça

Figura 5.9- Esfregaço sangüineo de cão com anemia hemolitica Figura 5.10 - Esfregaço sangüineo de cão com anemia hemo-
imunomediada. Notar vários esferócitos (setas). A anemia é lítica imunomediada. Vários eritrócitos são esferócitos (ca-
regenerativa, indicada pelas hemácias policromatofílicas (ca- beças de seta) e há diversos esferócitos incompletos (setas).
beças de seta). Corante de Wright. Corante de Wright.
Morfologia das Hemácias 71

possivelmente devido à tendência incomum de desnaturação


da hemoglobina pelo fato de a molécula de hemoglobina
felina conter o dobro de grupos sulfidrilas reativos em
comparação à molécula de hemoglobina de outras espé-
cies. Os corpúsculos de Heinz são pequenas estruturas
pálidas excêntricas presentes nas hemácias; em esfregaços
sangüíneos corados pelo Wright, é comum que pareçam
se projetar discretamente pelos bordos das hemácias (Fig.
5.14). Em geral, eles apresentam de 0,5 a l.Dum de diâ-
metro, mas podem ser maiores. Normalmente se apresen-
tam como estruturas grandes individuais nas hemácias de
felinos; nas hemácias de cães, geralmente são menores e
múltiplos. É difícil notar corpúsculos de Heinz em esfregaços
sangüíneos corados pelo Wright, especialmente no caso
de hemácias de cães, nas quais a formação de excentrócitos
pode ser mais evidente. Quando corados com corantes vitais
(por exemplo, novo azul de metileno ou azul cresil bri-
lhante), os corpúsculos de Heinz se assemelham a estruturas
Figura 5.11 - Esfregaço sangüíneo de cão com anemia de azuis (Fig. 5.14). A presença deles reduz a deformabilidade
corpúsculos de Heínz após íngestão de cebola. Há excentrócitos da célula, tornando-a mais suscetível à hemólise intra e ex-
(setas). Corante de Wright. travascular. Quando grande quantidade de hemácias é
afetada, pode haver anemia hemolítica grave. Medicamentos
e substâncias oxidantes que sabidamente induzem a for-
o defeito da hemácia ocorra devido à concentração anor- mação de corpúsculos de Heinz incluem cebola, alho,
mal de fosfolipídeos na membrana eritrocitária. Cães da Brassica spp., folhas murchas ou secas de bordo verme-
raça Schnauzer miniatura com estomatocitose são assin- lho (Acer rubrum), benzocaína, zinco, cobre, acetaminofen,
tomáticos; não há relato sobre a etiologia do defeito das propofol, fenazopiridina, fenotiazina, fenilidrazina, naf-
hemácias nessa raça. taleno, vitamina K, azul de metileno e propilenoglicol.
Gatos enfermos podem ter grande quantidade de corpús-
ESTRUTURAS VERIFICADAS culos de Heinz, sem exposição a medicamentos ou substân-
cias químicas oxidantes. Os distúrbios mais associados
NAS HEMÁCIAS ao aumento na quantidade de corpúsculos de Heinz em
gatos incluem diabetes melito, linfoma e hipertireoidis-
Corpúsculos de Heinz mo; no entanto, também é possível constatar aumento do
A desnaturação oxidativa da hemoglobina resulta na for- número desses corpúsculos simultaneamente a várias ou-
mação de corpúsculos de Heinz. Cerca de 1 a 2% das he- tras doenças (ver Capo 8).
mácias de gatos normais contêm esses corpúsculos,

Figura 5.13 - Esfregaço sangüíneo de cão mestiço da raça


Figura 5.12 -Esfregaço sangüíneo de cão com vários leptócitos. Schnauzer miniatura com esferocitose hereditária. Notar as
Note diversas células-alvos (setas) e células dobradas (cabe- diversas fendas ou áreas claras, em formato de boca, nos
ças de seta). Corante de Wright. estomatócitos (setas). Corante de Wright.
72 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns

.I .

Figura 5.14 - Esfregaços sangüíneos de gato intoxicado por Figura 5.15 - (A) Esfregaço sangüíneo de um cão com anemia
acetaminofen. (A) Corpúsculos de Heinz aparecem como hemolítica imunomedida. A anemia é acompanhada de alto
estrutura azul-clara pálida (setas). (B) Corpúsculos de Heinz grau de regeneração; notam-se hemácias policromatofílicas,
aparecem como estruturas azuis (setas). Notar o reticulócito hemácias nucleadas (cabeças de seta) e um corpúsculo de Howell-
(cabeça da seta). Corante azul cresil brilhante. Jolly (seta). Notar que as hemácias nucleadas (metarrubrícitos)
apresentam citoplasma de coloração variável. A célula da es-
querda tem citoplasma maduro, enquanto a da direita apre-
senta citoplasma policromatofílico. (B) Pontilhado basofílico
Pontilhado Basofílico (seta pequena) em esfregaço sangüíneo de cão intoxicado por
chumbo. (C) Resto nuclear, ou corpúsculo de Howell-Jolly, é
A agregação de ribossomos in vivo, na forma de peque-
indicado pela seta. Corante de Wright.
nos grânulos basofílicos, é denominada pontilhado ba-
sofílico (Fig. 5.15). Normalmente, em ruminantes, o
pontilhado basofilico está associado a hemácias imatu-
ras e pode ser constatado em menor quantidade em ga- púsculos de Howell-Jolly está associado a anemia rege-
tos e cães com anemia altamente regenerativa. Pontilhado nerativa, esplenectomia e supressão da função esplênica.
basofilico não associado a anemia grave é sugestivo de Esses corpúsculos são pequenas inclusões arredondadas
intoxicação por chumbo; no entanto, nem todos os animais de cor azul-escura e tamanhos variáveis (Fig. 5.\5).
assim intoxicados o apresentam. A enzima pirimidina
5' -nucleotidase, presente nos reticulócitos, normalmen- Grânulos Sideróticos ~
00
te cataboliza os ribossomos; a atividade dessa enzima Grânulos sideróticos são grânulos de ferro coráveis pre- ~
encontra-se diminuída na intoxicação por chumbo e nor- sentes em mitocôndrias e lisossomos. Essas inclusões ';;:
malmente é baixa em ruminantes. sideróticas também são denominadas corpúsculos de 8::
Pappenheimer e acredita-se que sua ocorrência está as- :b
Hemácias Nucleadas sociada ao prejuízo à síntese da porção heme. Hemácias
que contêm essas inclusões são denominadas siderócitos
o aumento da quantidade de hemácias nucleadas (Fig. (Fig. 5.16). Em animais domésticos, é rara a presença de
5.15) está associado a anemia regenerativa e liberação siderócitos; no entanto, esse tipo de célula tem sido as-
precoce dessas células em resposta à hipoxia. Uma maior sociado à terapia com cloranfenicol, mielodisplasia e
quantidade de hemácias nucleadas também pode ser notada insuficiência eritropoiética de causa desconhecida.
em animais com disfunção do baço e com alto teor de
corticosteróides endógenos ou exógenos. Geralmente, um Parasitas
aumento na população de hemácias nucleadas despro-
porcional ao grau de anemia está associado à intoxicação Os hemoparasitas serão discutidos mais detalhadamente
por chumbo; porém, nem todos os animais assim intoxi- no Capítulo 8. A formação de esferócitos e a aglutinação
cados manifestam aumento da quantidade de hemácias podem ser constatadas em esfregaços sangüíneos de
nucleadas. Em gatos, hemácias nucleadas, na ausência animais com hemoparasitas, pois os microorganismos
de policromasia significativa, geralmente sugerem mielo- induzem anemia imunomediada.
displasia ou doença mieloproliferativa. A principal hemoparasitose de felinos é a infecção por
Hemobartonella felis (Fig. 5.\7), um micoplasma que
causa anemia infecciosa felina. Esses microorganismos
Corpúsculos de Howell-Jolly se aderem à membrana externa da hemácia na forma de
Restos nucleares nas hemácias são denominados corpús- bastonetes na superfície das hemácias ou como um fino
culos de Howell-Jolly. Um aumento no conteúdo de cor- anel basofílico na célula. Um hemoparasita menos co-
Morfologia das Hemácias 73

Figura 5.16 - Esfregaço sangüíneo de cão. Notar várias he- Figura 5.18 - Esfregaço sangüíneo de gato infectado por
mácias (siderócitos) contendo grânulos sideróticos (setas). Notar Cytauxzoon (setas). Corante de Wright.
os corpúsculos de Howell-Jolly (cabeças de seta). Corante de
Wright.
B. canis tem formato de uma gota de lágrima (Fig. 5.20);
C. gibsoni é menor e seu tamanho e sua forma variam
mum em gatos é o protozoário Cytauxzoon felis, que tem
consideravelmente (Fig. 5.20). Outros hemoparasitas
formato de anel (0,5 a I .Surn de diâmetro) e contém um
incluem B. bigemina, Eperythrozoon spp. (Fig. 5.21) e
pequeno núcleo basofílico (Fig. 5.18).
Em cães, é rara a ocorrência de hemoparasitas. Ge- Anaplasma spp. (Fig. 5.22).
ralmente Hemobartonella canis se manifesta apenas em
cães submetidos à esplenectomia ou que apresentam Inclusões Virais
disfunção esplênica. Os microorganismos se asseme-
Inclusões virais são raramente constatadas em cães com
lham a pequenos pontos, formando cadeias na superfí-
cinomose. Quando constatadas, elas apresentam varia-
cie das hemácias (Fig. 5.19). Babesia canis e B. gibsoni
ções de tamanho (l a 2~m), quantidade e cor (azul claro
são os menores protozoários eritrocitários parasitas de
a magenta); são mais vistas em hemácias policromatofílicas
cães e causam grave anemia hemolítica. Geralmente,
(Fig. 5.23) .

•.

,•.
Figura 5.17 - Esfregaço sangüíneo de gato anêmico. Notar vá-
rias Hemobartonella felis. Algumas delas parecem pequenos Figura 5.19 - Esfregaço sangüíneo de cão infectado por He-
microorganismos em formato de anel na superfície de uma mobartonella canis, esplenectomizado. Notar os microor-
hemácia "fantasma" que sofreu lise (cabeça de seta). Outras ganismos parecidos com pontos em forma de cadeia, na
parecem bastonetes na margem das hemácias (setas). No superfície das hemácias (setas). A anemia é regenerativa,
destaque, formas de anel e de bastonete em maior aumento. condição indicada pela célula policromatofílica (cabeça de
Corante de Wright. seta). Corante de Wright.
74 Hematologia das Espécies Domésticas Comuns

Figura 5.22 - Esfregaço sangüíneo de vaca anêmica com


anaplasmose. Notar vários Anaplasma marginale na perife-
Figura 5.20 - Esfregaço sangüíneo de cães com babesiose. ria das hemácias (setas). Corante de Wright.
(A) Babesia canis com aparência de gota de lágrima fracamente
corada (cabeças de seta). (B) Esfregaço sangüíneo de cão com
Babesia gibsoni (setas). Corante de Wright.
aumento da formação de rouleaux geralmente sugere
gamopatia; animais com mieloma múltiplo quase sem-
pre apresentam maior quantidade de rouleaux.
DISTRIBUiÇÃO DAS HEMÁCIAS
NO ESFREGAÇO SANGüíNEO Aglutinação
Formação de Rouleaux A aglutinação de hemácias resulta em aglomerados de
células irregulares e esféricas devido às pontes de anti-
A formação de rouleaux corresponde ao posicionamento corpos (Fig. 5.25). Aglutinação é um sinal muito suges-
espontâneo das hemácias em forma de pilhas lineares, tivo de anemia hemolítica imunomediada; no entanto,
assemelhando-se a uma pilha de moedas (Fig. 5.24). A também pode ser vista após transfusão sangüínea com
formação de grande quantidade de rouleaux é normal tipo de sangue inadequado. Para confirmar a ocorrência
em eqüinos; uma quantidade discreta também é normal em de aglutinação, misture uma pequena quantidade de san-
cães e gatos. No entanto, nota-se maior formação de gue com uma gota de solução salina isotônica. A aglu-
rouleaux quando há aumento da concentração de proteínas tinação persiste na presença de solução salina (Fig. 5.26),
plasmáticas, como fibrinogênio e imunoglobulinas. O

Figura 5.23 - Esfregaço sangüíneo de cão com cinomose. Notar


Figura 5.21 - Esfregaço sangüíneo de vaca infectada por as inclusões virais de cor azul-claro da cinomose nas hemácias
Eperythrozoon wenyoni. Notar vários microorganismos livres (setas). A coloração dessas inclusões pode variar de azul-cla-
no plasma. Corante de Wright. ro a magenta-escuro. Corante de Wright.
Morfologia das Hemácias 75

Figura 5.24 - (A e B) Esfregaço sangüíneo de eqüino normal, Figura 5.26 - Sangue de cão com anemia hemolítica imuno-
mostrando vários rouleaux (setas). Corante de Wright. mediada. (A) O sangue foi misturado com solução salina
isotônica e a aglutinação persiste (setas). (B) A aglutinação
é tão intensa que pode ser visualizada macroscopicamente
enquanto os rouleaux se dispersam. A aglutinação pode na parede do tubo de coleta de sangue que contém EDTA.
ser tão intensa a ponto de ser verificada macroscopicamente
em esfregaços sangüíneos e na parede de tubo que con-
tém EDTA (Fig. 5.26). A aglutinação pode resultar em eritróide, muito comum em gatos infectados pelo FeLV,
VCM falsamente elevado e em contagem de hemácias caracteriza-se por anemia não regenerativa associada a
falsamente diminuída porque as hemácias aglutinadas macrocitose e precursores eritróides megaloblásticos, nos
(duplas e triplas) podem ser contadas como se fossem quais há avançada hemoglobinização da célula, com
uma célula grande (ver Capo 1). maturação incompleta do núcleo. Neoplasia de hemácia
(mielose eritrêmica, M6) é relativamente rara em cães;
em gatos, costuma estar associada a FeLV. Em geral, nesses
DISPlASIA ERITRÓIDE E NEOPlASIA pacientes nota-se maior quantidade de hemácias nucleadas
DE SANGUE PERIFÉRICO muito jovens devido à grave anemia não regenerativa (ver
Cap.13).
Displasia e neoplasia de hemácias serão abordadas com
mais detalhes no Capítulo 13. Resumidamente, a displasia
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Tamanho das Hemácias

- , o
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