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GOIÂNIA
2007
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CAROLINE LEVI GUEDES
GOIÂNIA
2007
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Bibliografia: f. 116-120
Inclui listas de tabelas e figuras.
CDU: 621.316.99
IV
Agradecimentos
Ao Professor Orientador Dr. Antônio Melo de Oliveira pela liberdade durante todo o
período de construção deste trabalho.
Ao Professor Dr. José Wilson Lima Nerys pela confiança de me permitir participar de
um projeto de P&D.
Aos colegas do PEQ, em especial ao Roberto Kobayashi pelas horas de ouvinte e pela
companhia que muito me ensinaram.
Resumo
Abstract
This work aims to analyze the grounding mesh with the method TLM (Transmission Line
Modeling Method), the concepts of parameters concentrated and the equations of Maxwell. It will
be discussed the effects of the mesh contact with the ground through the insertion of an
impedance of land, so that the results of computational simulations represent the effects of
atmospheric discharges, short circuit and electromagnetic interference when in contact with the
ground. The grounding systems have a concern with the point of view of safety and functionality.
The goal is to evaluate a mesh when applied parameters in TLM has been a surface eqüipotencial
even during the conduct of high-frequency signals. The work includes knowledge of the Electric
Energy Quality (QEE) and grounding, it is seen that the methodology used and the program
enable evaluate some disturbance of QEE the grounding mesh and can compare the results with
the ITIC curve.
VIII
Lista de Tabelas
Lista de Figuras
SUMÁRIO
Resumo .......................................................................................................................................... VI
Abstract ......................................................................................................................................... VII
Lista de Tabelas ...........................................................................................................................VIII
Lista de Figuras ............................................................................................................................. IX
1 Introdução Geral ........................................................................................................................ 14
2 A Importância dos Sistemas de Aterramento ............................................................................. 17
2.1 Considerações iniciais ......................................................................................................... 17
2.2 Distúrbios na energia elétrica .............................................................................................. 19
2.2.1 Raios (Descargas atmosféricas) .................................................................................... 20
2.2.2 Descarga eletrostática ................................................................................................... 22
2.2.3 Interferência eletromagnética ....................................................................................... 22
2.3 Soluções aplicáveis .............................................................................................................. 23
2.4 Sistema de aterramento........................................................................................................ 25
2.4.1 Malha de Terra de Referência ...................................................................................... 26
2.5 Proposta do trabalho ............................................................................................................ 29
2.6 Considerações finais ............................................................................................................ 32
3 Teoria Matemática ..................................................................................................................... 33
3.1 Introdução ............................................................................................................................ 33
3.2 Parâmetros Concentrados .................................................................................................... 35
3.3 Equações de Maxwell .......................................................................................................... 35
3.4 Linhas de Transmissão ........................................................................................................ 37
3.4.1 Desenvolvimento matemático de TLM ........................................................................ 38
3.4.2 Impedância Característica............................................................................................. 42
3.4.3 Linhas sem Perdas ........................................................................................................ 44
3.5 Considerações Finais ........................................................................................................... 44
4 Formulação Tridimensional para Malha de Terra .................................................................... 45
4.1 Introdução ............................................................................................................................ 45
4.2 Reflexão de onda ................................................................................................................. 47
4.3 .Modelagem tridimensional ................................................................................................. 51
4.3.1 Nó Condensado Simétrico – SCN ................................................................................ 51
4.3.2 Matriz de espalhamento ................................................................................................ 55
4.4 Modelo do Nó da Malha de Terra ....................................................................................... 59
4.5 Parâmetros do Nó da Malha de Terra .................................................................................. 61
4.5.1 Cálculo de Z0 ................................................................................................................ 61
4.5.2 Cálculo de Rnó ............................................................................................................... 63
4.6 Considerações Finais ........................................................................................................... 63
5 Simulação da Malha de Terra utilizando TLM .......................................................................... 65
5.1 Introdução ............................................................................................................................ 65
5.2 Interface Gráfica .................................................................................................................. 66
XIII
Um fator importante é que pessoas devem ser protegidas frente a uma tensão anormal
imposta aos circuitos eletrônicos, de comunicação ou potência ou presentes em estruturas
15
metálicas que possam ser tocadas e que tenham algum contato com o solo. Da mesma forma
equipamentos devem manter-se protegidos dos efeitos eletromagnéticos, de forma que sua
operação não falhe com travamentos e perda de dados, para que operem corretamente. Frente a
essas demandas surge a necessidade dos sistemas de aterramento.
Induções eletromagnéticas fazem com que a tensão entre quaisquer dois pontos possa
ser maior que zero. Tais diferenças podem causar falhas e destruição de componentes elétricos e
de sistemas eletrônicos conectados ao sistema de aterramento. Uma conseqüência disto é que
estudos de compatibilidade eletromagnética (EMC) requerem o conhecimento da distribuição
espacial e temporal das tensões desenvolvidas ao longo dos sistemas de aterramento em caso de
uma descarga atmosférica ou falta nos sistemas de potência. Do ponto de vista de EMC, também
é necessário que se conheça o desempenho dos sistemas sobre uma grande gama de freqüências e
as ferramentas adotadas devem possibilitar a análise até o valor de MHz.
Este capítulo tem por objetivo apresentar os distúrbios de alta freqüência mais
comuns que afetam o bom funcionamento de equipamentos e as possíveis soluções para mitigar
as interferências dos ruídos. Serão descritas as principais causas e os efeitos que geram ruídos
elétricos, e os tipos de aterramento que existem e as formas que estes podem auxiliar na proteção
de sistemas elétricos que tenha equipamentos de comunicação. Um dos pontos abordados é a
relação entre aterramento e qualidade de energia.
Embora não se encontrem dados estatísticos mais detalhados acerca da origem dos
problemas de QEE nos sistemas elétricos, alguns autores afirmam que 80% dos problemas estão
diretamente relacionados com aterramento e condutores [9], [34].
Dentre os equipamentos que mais sofrem com os efeitos dos distúrbios estão:
computadores, sistemas de telecomunicações, controladores de processos, atuadores de
velocidade variável, sistemas de imagem, eletrônica biomédica, UPS (Uninterruptible Power
Supply) ou no-break, geradores, transformadores, entre outros equipamentos. Diversas são as
soluções para mitigar os distúrbios: filtros de linha, filtros de ruído ou filtros de harmônico,
transformadores de isolação, reguladores de tensão, proteção coordenada de sistema elétrico e
sistema de transmissão de dados, pára-raios e sistemas de aterramento.
Dentro deste contexto, esse trabalho restringe-se aos efeitos e solução, da QEE e suas
relações com o aterramento. Descrever-se-á, a seguir, alguns dos tipos de distúrbios freqüentes e
mais relacionados com QEE.
19
duração; desequilíbrios na tensão; distorções na forma de onda (dc offset; harmônicos; inter-
harmônicos; notching); flutuações de tensão e variações na freqüência do sistema de potência.
O raio é uma descarga de eletricidade estática que ocorre em nuvens de chuva, onde
cargas estáticas são geradas em água e partículas de gelo e separadas por fortes correntes de ar. A
carga estática sobre cada partícula é pequena, mas em concentrações de nuvens a carga torna-se
elevada. Uma tempestade pode produzir alta corrente e tensões superiores a 100 milhões de volts
[27].
volts) no interior da nuvem, ou entre a nuvem e a terra. Quando o dielétrico é rompido, tem início
descarga elétrica [3].
Quando um raio incide diretamente sobre uma edificação e se propaga, ele atinge a
estrutura metálica de fundação, fiações condutoras, equipamentos elétricos e eletrônicos. As
incidências sobre linhas de eletricidade, telefone e dados situados nas proximidades podem
causar danos por impulsos de corrente. Ao mesmo tempo, o raio age como transmissor de rádio,
especialmente na fase do surto de retorno, induzindo tensões extremamente altas em condutores
elétricos [9].
22
O material utilizado em uma blindagem eletromagnética deve ser capaz de apresentar bom
índice de absorção. Isso é obtido empregando-se materiais com alta permeabilidade magnética,
geralmente materiais ferromagnéticos. Essa característica é especialmente importante para baixas
freqüências, bem como deve apresentar um bom índice de reflexão, também obtido com materiais
ferromagnéticos devido a sua natureza condutora. Essa característica é importante principalmente
para altas freqüências. A reflexão do material é também um fator importante a ser considerado,
pois se esta for muito grande, as reflexões ocorridas nas paredes externas da blindagem, devido
aos campos eletromagnéticos externos, afetarão o meio ambiente ao seu redor.
25
Outras soluções poderiam ser implementadas para resolver os problemas aqui abordados,
porém o escopo desse trabalho é propor que equipamentos tais como computadores, sistemas
controladores de processos e sistemas de rede de telecomunicações, sofram menor influência dos
distúrbios de alta freqüência com a instalação de uma malha de aterramento que mantenha os
equipamentos em uma superfície eqüipotencial. A importância dessa superfície eqüipotencial é
que os equipamentos a elas conectados não sofrem com variações de potenciais causados por
distúrbios elétricos, ou seja, a possibilidade de circulação de corrente entre os equipamentos, que
os danificam, seja reduzida.
Um sistema de aterramento deve ser projetado para atender aos seguintes objetivos
mínimos:
Serviço ou Funcionalidade: são os sistemas que fazem parte integrante dos circuitos
elétricos onde um condutor, geralmente o neutro, é conectado e objetiva garantir a utilização
correta e confiável da instalação. Deve-se ter em mente que um caminho efetivo no sistema de
aterramento deve ser permanente e contínuo; ter capacidade para conduzir com segurança
qualquer corrente de falta imposta ao mesmo; ter impedância baixa o suficiente para limitar a
tensão e para facilitar a operação dos dispositivos de proteção dos circuitos; e, ainda, a própria
terra não deve ser empregada como o único condutor de aterramento.
Na Figura 2.1 têm-se dois micro-circuitos de baixo nível de tensão compartilhando dados
e sendo alimentados por um mesmo sistema de potência, o que torna possível a comunicação
entre estes. O sinal dos dois micro-circuitos tem uma referência comum. Se o plano de referência
tem uma impedância alta entre os dois pontos (RG), ou seja, se há uma diferença entre a tensão de
entrada (Vin) e a tensão de saída (Vout) nos quais estão conectados os micro-circuitos haverá uma
diferença de potencial entre os mesmos, quando da passagem de qualquer sinal de corrente por
este plano. Esta diferença de potencial prejudica ou mesmo impede a comunicação de dados. De
outra forma diz-se que uma baixa impedância no plano eqüipotencial origina um desacoplamento
entre os equipamentos que estão ligados ao plano de referência.
Para se ter uma noção quantitativa deste termo - baixa impedância – tem-se o exemplo
numérico a seguir: supondo que os dois micro-circuitos estejam a uma distância de 3 m e
interligados por um cabo de cobre com 21,15 mm2 e por ele passe uma corrente de 100 mA com
uma freqüência de 1 MHz. De acordo com a Tabela 1.1 esta corrente provoca uma diferença de
potencial de 2 V o que já pode ser uma fonte de erro para a operação destes micro-circuitos [34].
28
Neste contexto, o escopo é dar continuidade à pesquisa iniciada em Mendonça (2005) que
simulava uma malha isolada conforme a Figura 2.4 e, a seguir, foi implementada fisicamente por
Santos (2005).
As simulações demonstradas para análise das Malhas de Terra de Referência têm por
fundamento a condução de sinais de alta freqüência usando o princípio de linhas de transmissão.
O fundamento é que o comprimento do condutor, ou seja, o trecho entre dois pontos de conexão
da malha deve ser menor que 1/10 do comprimento de onda do sinal transmitido. Essa
consideração faz com que as extremidades do condutor tenham diferença de potencial
desprezível, mantendo-se a desejada eqüipotencialidade [32].
31
Esse capítulo apresentou os problemas mais comuns da alta freqüência, dentre eles
interferências eletromagnéticas, descargas atmosféricas e descargas eletrostáticas que interferem
no bom funcionamento de equipamentos. Foi visto que, quanto mais alta a freqüência maior o
potencial de efeito sobre os equipamentos eletrônicos do sistema e, portanto, pior seu
funcionamento. Entre as inúmeras soluções foi apresentada uma malha de referência de terra que
é a solução mais viável, de modo a permitir a adequada operação de sistemas que contenham
equipamentos eletro-eletrônicos, pois esta oferece um plano eqüipotencial de grande importância,
por permitir que esses equipamentos operem com uma menor interferência.
33
3 Teoria Matemática
3.1 Introdução
Portanto, quando se constrói uma malha de aterramento muito menor que o comprimento
de onda da maior freqüência interferente, não existirão diferenças de potencial apreciáveis entre
dois pontos quaisquer da malha.
35
B
E Lei da indução de Faraday (3.3)
t
D
H J Lei de Ampère e extensão de Maxwell (3.4)
t
Sendo:
operador diferencial;
D densidade de fluxo elétrico;
B densidade de fluxo magnético;
E campo elétrico;
H campo magnético;
v densidade volumétrica de carga;
J densidade de corrente.
Também é necessário admitir que J 0 , pois, caso contrário, haverá acúmulo ou
extração de carga.
considerar que quando apresentado B , e D , ter-se-á que varia pouco em relação aos
meios com um fator 100 enquanto tem um variação de 104 no fator, sendo que a
37
permissividade do vácuo 0 8,8510 12 F/m. Apesar da variação em relação a ser maior por
A tensão em uma linha de transmissão não atinge a carga instantaneamente, mas propaga-
se em forma de onda até que num determinado tempo atinge a carga, e o tempo é uma variante do
comprimento de onda definido pela freqüência da corrente. A propagação de onda é resultado dos
efeitos magnéticos e elétricos gerado pela carga e pelo gerador.
Em baixas freqüências, onde o comprimento de onda dos sinais é muito maior que o
comprimento dos condutores do circuito, um simples fio é suficiente para a transferência de
potência. A corrente atravessa o fio facilmente, e a tensão e a corrente são as mesmas ao longo do
fio, independente do ponto onde a medida for feita. Já em altas freqüências, os comprimentos de
ondas dos sinais são menores que o comprimento dos condutores. Nesse caso, a transmissão de
potência é feita mais adequadamente em termos de propagação de ondas, ou seja, através de
38
linhas de transmissão. Esse raciocínio é importante, pois a malha de terra deve atender sinais em
alta ou baixa freqüência e o modo de propagação da onda na malha é diferenciado de acordo com
o valor da freqüência.
Figura 3-2- Circuito equivalente tipo L para um comprimento diferencial x de uma linha de transmissão a
dois condutores [16].
39
Aplicando a lei de Kirchhoff para tensão na malha externa do circuito da Figura 3.2
obtêm-se:
Aplicando a Lei de Kirchhoff das correntes no nó principal do circuito da Figura 3.2 têm-
se:
I x x, t I x, t V x x, t
GV x x, t C (3.5)
x t
Após desenvolvimento matemático das equações 3.4 e 3.5 passando pela expansão de
Taylor, aplicando limites, obtêm-se equações que mostram que a taxa diferencial da variação de
tensão resulta em uma queda resistiva e indutiva de tensão ao longo de uma linha e a variação
diferencial da corrente resulta em derivação condutiva e da corrente de carga capacitiva, tendo
suas demonstrações em Dworsky (1988) [10]. Solucionando-se, simultaneamente, as equações
resultantes têm-se as chamadas equações de linhas de transmissão:
d 2Vs
2
2Vs 0 (3.6)
dx
d 2Is
2
2Is 0 (3.7)
dx
Resolvendo as equações 3.6 e 3.7 por LaPlace segundo Dworsky (1988) obtêm-se:
I s ( x)
1
Z0
A1e x A2 e x (3.9)
Da equação 3.10, γ é o termo que define o caminho no qual a onda de tensão atenua
quando se propaga. Em geral é obtido a partir das equações 3.8 e 3.9, porém freqüentemente
escrito conforme 3.11. As equações 3.12 e 3.13 são resultados obtidos por Mendonça (2005).
(
j
3.11)
2
1 1
(
2
3.12)
2
1 1
(
2
3.13)
Sendo:
freqüência angular;
constante de atenuação;
constante de fase;
permeabilidade;
condutividade;
permissividade.
41
u (3.14)
2
(3.15)
(3.1
j R jLG jC
6)
Considerando a solução das equações (3.8) e (3.9) como as equações dadas por 3.17 e
3.18:
V0 , V0 , I 0 e I 0 são as amplitudes das ondas, onde o sinal positivo indica que a onda é
incidente e o sinal negativo representa uma onda refletida. Os sinais + e – podem ser entendidos
pela representação das ondas se propagando ao longo de x+ e x–, respectivamente, conforme
indicado pelas setas da Figura 3.3.
Qualquer circuito constituído por impedâncias em série e em paralelo contém uma dada
impedância de entrada. Para a linha de transmissão, essa impedância depende do tipo de linha,
comprimento e terminação. A impedância característica, Z0, é por definição, a impedância
medida à entrada da linha quando não há ondas refletidas. Isso acontece quando o comprimento
dessa linha é suficiente longo para não haver reflexão, ou quando a impedância da carga é igual a
Z0.
A partir das equações (3.8) e (3.9), e fazendo substituições matemáticas adequadas obtêm-
se que as equações (3.19) e (3.20) que representam a solução para x 0 e x l como mostrado
na Figura 3.3:
Vs V e x V e x
(3.21)
Is
1
Z0
V e x V e x (3.22)
R jL
Z0 (3.23)
G jC
R
Z 0 LF (3.24)
jC
Em altas freqüências, o termo jωL passa a ser significativo e a impedância do cabo passa a
ser dominada pelas suas indutância e capacitância por unidade de comprimento, podendo ser
aproximada por:
44
jL L
Z 0 HF
jC C (3.25)
Uma solução simples que abrange os conceitos de linha de transmissão é avaliar para um
caso sem perdas, pois transitórios de curta duração, tais como condições de impulso são mais
adequadamente representadas pelo caso sem perdas [10], [11].
L
Z0 (3.33)
C
Este capítulo apresentou o uso das equações de Maxwell e linhas de transmissão que são
elementos necessários para implementação da malha de aterramento que será simulada. Foram
apresentadas a velocidade, coeficiente de transmissão e reflexão e impedância característica do
meio onde a onda está propagando, tendo em vista que estes dados serão utilizados na simulação
de transitórios de alta freqüência na malha de aterramento.
45
4.1 Introdução
Os métodos integrais tratam os casos, cujas equações estão na forma integral e que são
desenvolvidas analiticamente para incorporar as condições de contorno. Os métodos diferenciais,
por sua vez, exploram as equações de Maxwell, definindo equações diferenciais para representar
o problema e equações adicionais para modelar as condições de contorno.
O método numérico TLM é usado desde 1971 quando foi criado por Peter B. Johns,
Inglaterra, para a solução de diversos problemas práticos de engenharia. Entre estes problemas
estão o projeto de turbinas de avião, vagões de metro, fragatas, engenharia de alimentos, guias de
ondas, antenas, engenharia elétrica, linhas de transmissão de potência, sistemas de potência,
compatibilidade eletromagnética, componentes eletrônicos e óptico-eletrônicos, fibra óptica,
entre outros. As principais características deste método são a simplicidade de aplicação, a
interpretação física do erro e a estabilidade das soluções por se tratarem de soluções no domínio
do tempo. A estabilidade é conseqüência do comportamento da matriz de tensões, advinda da
análise a partir de parâmetros concentrados. Quando comparado com outros métodos numéricos o
TLM tem a simplicidade na sua formulação e implementação computacional, além de ser muito
mais claro. Seus dados têm uma correspondência direta com os parâmetros físicos do problema,
tornando-o de fácil entendimento e aplicação [6], [38].
Z 2 Z1
(4.1)
Z1 Z 2
2Z 2
(4.2)
Z1 Z 2
Sendo:
O modelo da Figura 4.2 refere-se a um segmento no meio da linha que apresenta nós
adjacente aos dois lados. Assim, pode-se dizer que a tensão no segmento “n” é igual a tensão à
esquerda deste no mesmo instante de tempo:
Vn k VE n
k (4.3)
VDn 2 k VDni k I n Z 0
k (4.4)
Quando da análise da malha a direita, com base nas tensões incidentes, a tensão no
segmento “n” fica:
Vn k I n Z 0 R 2 k VDni
k (4.5)
Vn V 2 VE i 2 VD i
k
GkVn k n k n k n (4.6)
Z0 R Z0 Z0 R Z0
VE nr k VE n k VE ni
k (4.7)
Sendo:
O próximo passo é fazer os cálculos das tensões incidentes em cada segmento para o
próximo instante de tempo “k+1”. Pode-se dizer que as tensões incidentes, em um segmento
genérico “n” no instante “k+1”, corresponde às tensões refletidas pelos segmentos adjacentes no
instante de tempo “k”:
VE ni k VDnr1
k 1 (4.9)
VDni k VE nr1
k 1 (4.10)
Para completar a análise da linha é necessário determinar o intervalo de tempo “t” que a
onda gasta para percorrer um segmento “n”:
51
n
t (4.11)
u
Sendo:
n comprimento percorrido pela onda;
u velocidade de propagação da onda.
De uma forma geral, é possível identificar as seguintes etapas dentro de cada iteração no
tempo para o método TLM:
apenas compreender o resultado que originou das células básicas utilizadas na versão
bidimensional.1
(a) (c)
(b)
O efeito da junção das três células bidimensionais num único elemento tridimensional
gera o SCN mostrado na Figura 4.3.
1
O detalhamento unidimensional e bidimensional é desenvolvido por CHRISTOPOULOS, Chistos. The
Transmission-Line Modeling Method TLM. New York: IEEE PRESS, 1995.
53
As doze tensões, que configuram doze “portas” nas extremidades do SCN, podem definir
o campo elétrico e a corrente produzida gera o campo magnético presentes em cada nó, para cada
direção do espaço cartesiano (x,y,z). Diferentemente de seus precursores, o SCN possui uma
topologia centralizada, desta forma representa todos os seis componentes de campo num mesmo
ponto do espaço.
Analisando-se atentamente a Figura 4.3, pode-se notar que cada porta do SCN está
associada a uma componente de campo elétrico e uma componente de campo magnético.
Exemplificando, as portas 4 e 8 são responsáveis pela determinação das tensões incidentes e
refletidas na direção “y”, estando, portanto, associadas ao cálculo do campo elétrico na direção
54
“y” (Ey) e ao cálculo do campo magnético na direção “x” (Hx). As portas 2 e 9 definem as
tensões na direção “x” e estão associadas ao cálculo de Ex e Hy. E, assim por diante, para todas as
portas. A Tabela 4.1 traz o mapeamento completo das portas e dos respectivos componentes de
campo.
1 ↔ Ex e H z
2 ↔ Ex e H y
3 ↔ Ey e H z
4 ↔ Ey e H x
5 ↔ Ez e H x
6 ↔ Ez e H y
7 ↔ Ez e H x
8 ↔ Ey e H x
9 ↔ Ex e H y
10 ↔ Ey e H z
11 ↔ Ez e H y
12 ↔ Ex e H z
55
H z H y E
x (4.12)
y z t
E y Ex H x
(4.13)
x y t
]
56
Assim, as portas 2 e 9 recebem uma mesma quantidade de tensão refletida “b”, a porta 12
recebe uma quantidade “c”, a porta 3 uma quantidade “d”, a porta 11 uma quantidade “-d” e
finalmente a porta 1, recebe de volta uma quantidade “a”. Considerando que todas as portas
podem possuir pulsos de tensão incidentes, num mesmo instante de tempo e aplicando as
equações de Maxwell para relacionar o campo elétrico e magnético para cada caso, é possível
montar a matriz de espalhamento conforme matriz (4.14).
57
V1r a b d b d c V1i
r i
V2 b a d c d b
V 2
V3r d a b b c d V3i
r i
V4 b a d d c b V 4
V r d a b c d b V i
5r 5
V6 = d b a b d c * V 6i
V r d c b a d b V i (4.14)
7 7
V8r b c d d a b V8i
r i
V9 b c d a d b
V 9
V10r d b c b d a V10i
r i
V11 d c d b a d V11
V r c d a k V12i
k 12
b b d
Sendo:
Vnr a tensão refletida pela porta “n”;
k o instante de tempo.
ST S I (4.15)
Sendo:
S é a matriz de espalhamento;
S T é a transposta da matriz de espalhamento;
I é a matriz identidade.
2
Esse desenvolvimento matemático é feito por CHRISTOPOULOS, Chistos. The Transmission-Line
Modeling Method TLM. New York: IEEE PRESS, 1995.
58
a 2 2b 2 c 2 2d 2 1
2ab 2bc 0
(4.16)
2ad 2cd 0
2ac 2b 2 2d 2 0
Existem várias soluções para este conjunto de equações. Aqui também é relevante apenas
o resultado da matriz (4.18), e é necessário lembrar que não será desenvolvida a formulação
matemática, pois essa já está consolidada por outros trabalhos [38]. Para obter a matriz resultante
é imprescindível determinar equações auxiliares para alcançar a resposta correta para o caso
eletromagnético. Isso é verificado a partir das equações de Maxwell (3.1) a (3.4), usando as
analogias entre tensão e campo elétrico, e entre corrente e campo magnético, como utilizado para
o caso unidimensional. Como resultados têm-se, portanto, as equações:
1 a 2b c
(4.17)
1 a 2d c
a = 0; b = 0.5; c = 0; d = 0.5
V1i
V1r 1 1 1 1 i
r V 2
V2 1 1 1 1
V3i
V3r 1 1 1 1 i
r V 4
V4 1 1 1 1 V i
V r 1 1 1 1 5
r = 0.5*
5
* V 6i
V6 1 1 1 1
V r V i (4.18)
1 1 1 1 7
7
V8
r
1 1 1 1 V8i
r 1 i
V9 1 1 1 V 9
V10r 1 1 1 1 V10i
r i
V11 1 1 1 1 V11
V
r 1 1 V i
k 12
k 12
1 1
Os nós que estão nos limites do volume de simulação possuem, dependendo de sua
posição, de uma até três extremidades sem contato com outros nós. Isso faz com que sejam
necessários alguns cálculos extras para determinar a conexão destas portas, uma vez que a etapa
de espalhamento deve ser feita igualmente para todos os nós, sem exceção.
condutores apresentam certas características que os diferenciam dos demais tipos de materiais.
Em especial, os condutores considerados perfeitos apresentam a capacidade de refletir
completamente todas as tensões incidentes, não apresentando resistência elétrica nem, portanto,
perdas por efeito Joule [18], [38].
4.5.1 Cálculo de Z0
Cada trecho de uma malha é representado por um nó conectado com impedâncias que tem
seu cálculo apresentado a seguir. Têm-se o circuito representado na Figura 4.6 e anteriormente
apresentado no Capítulo 2 como sendo:
V x, t I x, t
L (4.19)
x t
I x, t V x, t
C (4.20)
x t
62
V Z0 I (4.21)
V x, t L V x, t
(4.22)
x Z0 t
1 V x, t V x, t
C (4.23)
Z 0 x t
2 0 l
Z0 ln 1 (4.24)
d
63
Onde:
5.1 Introdução
Nos casos estudados consideram-se aterramentos longos, tendo em vista que as malhas
simuladas são de grande extensão e as correntes são distribuídas ao longo dos condutores e a
ionização pode ser desprezada. O trabalho apresenta os desenvolvimentos computacionais na
representação dos comportamentos das tensões ao longo de uma malha com condutores
enterrados que deverá permitir uma modelagem mais precisa do aterramento. O programa aqui
implementado está em linguagem orientada a objeto C++ através do ambiente de programação
“Builder”. A validação será feita pela comparação com um programa em linguagem FORTRAN
3, através do ambiente do ambiente de programação Visual Fortran® 6.5.0 da Compaq
desenvolvido por Silveira (2002).
O programa inicialmente desenvolvido por Mendonça (2005) tem por objetivo calcular
uma malha bidimensional isolada, ou seja, não conectada aos demais sistemas de proteção do
ambiente. O algoritmo foi desenvolvido para analisar uma malha que suportasse a evolução de
cálculo, onde seria no futuro inserido o máximo de dados possíveis.
67
A tela que o usuário terá que interagir é apresentada na Figura 5.1. A interface apresenta
dados que o operador terá que inserir como: a amplitude e o tempo de duração do surto, a
corrente a qual a malha estará sujeita, o nó onde será aplicado o surto e onde serão observados os
efeitos. É possível definir, também, o tempo onde serão visualizadas as amostras, tempo final de
duração do surto, tamanho da malha e espaçamento entre os nós, impedância característica e
impedância de terra.
O usuário ainda tem a opção de simular uma malha isolada ou aterrada que em verdade
significa uma malha sem considerar as características de solo ou uma que relaciona o efeito do
solo com uma impedância de terra.
As partes que não estão referenciadas na Figura 5.1 são entrada de dados que ainda
necessitam ser aprimoradas ou implementadas em estudos futuros.
68
relativa r 36 , calculou-se uma resistência de contato que representa o solo sendo essa
70
impedância Rnó 4 . Foi gerado um pulso de corrente de duração total de 150μs e colocado
como momentos de visualização os mesmos tempos apresentado por Silveira (2002).
9000
8000
7000
6000
Tensao [V]
5000
4000
3000
2000
1000
0
0 0.5 1 1.5
Tempo [s] -4
x 10
Tempo T3
4
x 10
3
Tensao [V]
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
4
x 10
3
Tensao [V]
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Adotou-se o valor fornecido e calculado pela concessionária do estado que são dados de
uma subestação que foi implantada nas proximidades de Goiânia. Os dados são resultado de
medições e de simulações realizadas com outros programas computacionais utilizados pela
concessionária local. Foram feitas medidas para a corrente de curto-circuito correspondente a
I0=1025 Ampères para uma malha de dimensões diferentes, mas por conveniência será adotado o
mesmo valor para essa malha.
Tempo T1
4
x 10
20
15
Tensao [V]
10
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T 2
4
x 10
20
15
Tensao [V]
10
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T3
4
x 10
20
15
Tensao [V]
10
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
4
x 10
20
15
Tensao [V]
10
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
5.4.2 Curto-Circuito
Tempo T1
5
x 10
2.5
2
Tensao [V]
1.5
0.5
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T2
5
x 10
2.5
2
Tensao [V]
1.5
0.5
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T3
4
x 10
20
15
Tensao [V]
10
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
5
x 10
2.5
2
Tensao [V]
1.5
0.5
0
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Nessa simulação também houve variações das tensões o que não é prejudicial à
proteção do equipamento, uma vez que não houve diferença de tensão entre os nós suficiente para
circular corrente. Outra característica é a tensão máxima atingida na malha, o fato do surto ter
menor duração que durante a descarga atmosférica fez com que a tensão máxima que foi em
torno de 130kV fosse menor que a atingida pela descarga atmosférica aproximadamente 210kV.
Contudo os resultados para curto-circuito ficaram dentro do esperado mantendo a malha com
uma superfície eqüipotencial.
82
Tempo T1
200
150
Tensao [V]
100
50
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T2
200
150
Tensao [V]
100
50
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T3
200
150
Tensao [V]
100
50
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
100
80
60
Tensao [V]
40
20
7
6
7
5 6
4 5
3 4
3
2
2
1 1
Distancia [m]
Distancia [m]
Esta simulação foi feita a partir de dados de uma subestação implantada nas
proximidades de Goiânia. Os dados adotados por esse estudo foram obtidos a partir de medições
e de simulações realizadas com outros programas computacionais utilizados pela concessionária
local. A malha da subestação apresenta dimensões de 180x240 m e resistência de aterramento
medida igual a 8,93 .
Para melhor avaliação do programa foram simulados três tipos de situações: descarga
atmosférica, curto-circuito e interferência eletromagnética. Para cada tipo de interferência foram
adotados padrões de tempo de duração do surto, corrente e demais dados de simulação, conforme
Tabela 5.2
86
Tempo T1
4
x 10
3
Tensao [V]
0
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T2
4
x 10
3
Tensao [V]
0
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T3
4
x 10
3
Tensao [V]
0
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
4
x 10
3
Tensao [V]
0
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
90
5.5.2 Curto-Circuito
Tempo T1
4
x 10
3
Tensao [V]
-1
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T2
4
x 10
3
Tensao [V]
-1
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T3
4
x 10
3
Tensao [V]
-1
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
4
x 10
3
Tensao [V]
-1
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Figura 5-42– Forma de onda da corrente causada por uma interferência eletromagnética
Tempo T1
100
80
60
Tensao [V]
40
20
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T2
100
80
60
Tensao [V]
40
20
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T3
100
80
60
Tensao [V]
40
20
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Tempo T4
100
80
60
Tensao [V]
40
20
40
30 40
35
30
20 25
20
10 15
10
5
Distancia [m]
Distancia [m]
Os resultados para interferência nesta malha que está projetada para segurança de
equipamentos e pessoas em uma subestação sofrem uma grande distorção ao ser submetida à
interferência eletromagnética. O nó de incidência foi o ponto menos crítico em relação aos
demais instantes de análise, pois nos primeiros 0,15μ o efeito da interferência alterou a malha
naquele ponto e nos microssegundos seguintes a distorção se agravou não mantendo a
eqüipotencialidade. A malha não protege os equipamentos, tendo em vista a facilidade de
circulação de corrente.
Alterando os nós de tal forma que tenha 35x35 nós com distanciamento de 2m entre
quadrículas têm-se a simulação abaixo:
98
Alterando os nós de tal forma que tenha 70x70 nós com distanciamento de 1m entre
quadrículas, temos-se a simulação a seguir:
Figura 5-53– Forma de onda da corrente causada por uma interferência eletromagnética
A tensão máxima que a malha foi submetida reduziu com o aumento do número de nós,
isso em termos materiais, significa que aumentamos o contato com a terra e a malha passou a se
aproximar de uma placa de cobre e, assim, um excelente condutor. A malha nesse caso se
comporta de forma satisfatória, mantendo-se como uma superfície eqüipotencial.
Alterando os nós de tal forma que tenha 70x70 nós com distanciamento de 1m entre
quadrículas, têm-se a simulação a seguir:
104
Os resultados para a malha 180x240 m, na seção 5.5, quando analisados do ponto de vista
de proteção e segurança individual, funcionam bem. Quando aplicada à interferência
eletromagnética a que estão sujeitas os equipamentos, esta se comporta de forma irregular
108
deformando a malha. Sendo assim, permite-se que o equipamento sofra com as variações de
tensão, podendo causar mau funcionamento ou danos aos aparelhos eletro-eletrônicos.
Entende-se que uma malha de 60x60 m pode ser considerada de tamanho satisfatório, pois
atinge desde instalações prediais até subestações, uma vez que a malha teve um comportamento
satisfatório em relação às interferências eletromagnéticas.
Tomando a curva ITIC como referência, as malhas correspondem a uma boa opção de
aterramento para manter a funcionalidade dos equipamentos eletro-eletrônicos, uma vez que as
perturbações que estão sendo simuladas ocorrem em um tempo inferior à 20 ms, ou seja, dentro
da faixa de segurança dada pela curva ITIC.
Com relação à tensão para as malhas, a curva apresenta uma tensão percentual. Se se
considerar uma fonte de computador que é um elemento pouco robusto [43], ou seja, suscetível às
oscilações de tensão, ter-se-á que avaliar de acordo com o tipo de distúrbio.
Em qualquer das malhas simuladas a segurança foi atingida uma vez que mesmo com
tensões de passo elevadas devido a diferença de potencial entre os nós os valores são indiferentes,
pois o passo de um ser humano não alcançará o nó seguinte, ou seja, não forma uma diferença de
potencial entre os pés daquele que transite sobre a área da malha. Outras tensões nominais e
freqüências não são consideradas especificamente na curva ITIC e aqui não serão avaliadas.
Conclusão
Esse trabalho apresentou os problemas mais comuns de alta freqüência, entre eles
interferências eletromagnéticas, descargas atmosféricas e descargas eletrostáticas que interferem
no bom funcionamento de equipamentos. Foi visto que, a alta a freqüência causa maior efeito
sobre os equipamentos eletro-eletrônicos e, portanto, prejudicam o funcionamento. A crescente
utilização de equipamentos eletrônicos sensíveis às interferências eletromagnéticas ocasiona
inúmeros problemas de compatibilidade eletromagnética, principalmente com relação à busca de
uma referência eqüipotencial numa instalação elétrica. Sendo assim, deve-se ter bem claro qual é
o objetivo do aterramento, para que o projeto atinja seus objetivos, de tal forma que o projeto de
aterramento propicie a segurança e a funcionalidade.
Os resultados apresentados confirmaram que uma malha enterrada no solo sofre com a
influência das características desse solo em que está imerso, pois inserida a impedância de terra o
comportamento das malhas projetadas para segurança teve comportamentos diferenciados.
Como era de se esperar as tensões nos pontos de aplicação do impulso de corrente tem um
pico elevado que se propaga ao longo da malha. A simulação referente à descarga e interferência
apresentou um comportamento uniforme na malha inicial de 60x60 m. Os resultados
apresentados nas simulações nas seções 5.5 e 5.7 estão de acordo com a expectativa de uma
distribuição uniforme de potencial, tanto para uma corrente alta da descarga atmosférica quanto
para uma baixa corrente de uma interferência eletromagnética. E a partir do momento que se
intensifica o contato dessa malha com a inserção de um número maior de nós, a mesma tem uma
distribuição mais intensa, diminuindo, ainda as variações de tensão entre os nós, ou seja, com
diferenças de potenciais desprezíveis.
Os resultados para a malha 180x240m, na seção 5.6, quando analisados do ponto de vista
de proteção e segurança individual funcionam bem, ou seja, os impulsos simulados para uma
descarga atmosférica e um curto-circuito tiveram um comportamento esperado. As variações de
potencial entre os nós que podem ser desconsideradas em termos de segurança, posto que os
espaçamentos entre os nós, que são de 6m, são superiores ao passo de um ser humano.
Tomando a curva ITIC como referência, as malhas correspondem a uma boa opção de
aterramento para manter a funcionalidade dos equipamentos eletro-eletrônicos, pois define o
intervalo de tempo que pode durar o distúrbio e o percentual de tensão máxima que pode atingir o
equipamento.
Concluí-se que uma malha de 60x60m pode ser uma malha que se comporta
satisfatoriamente, pois pode ser considerada de tamanho razoável atingindo desde instalações
prediais até subestações e teve um comportamento admissível em relação às interferências
eletromagnéticas, tanto do ponto de vista de distribuição de potencial quanto da curva ITIC.
Trabalhos futuros
Para trabalhos futuros indica-se que seja melhorada a entrada de dados de modo que
os parâmetros de entrada possam definir melhor a quantidade de intervalos de análise, de forma a
dividir a malha mais qualitativamente.
Validação experimental.
114
Anexo A
Bibliografia
5. BOLTON, W. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Makron Books, 1994. 340-386
p.
9. DUGAN, Roger C. Electrical Power Systems Quality. New York: McGraw-Hill, 1996.
211-231p
10. DWORSKY, Lawrence. Modern transmission line theory and applications. Malabar,
Florida: Robert e Krieger Publishing Company, 1988.
118
11. FUCH, Rubens Dario. Transmissão de Energia Elétrica: linhas aéreas; teoria das
linhas em regime permanente. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora,
Itajubá, 1977.
12. GIN, Rosângela B.B et all. Descarga Atmosféricas no Sudeste do Brasil. In: SNPTEE -
Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Belém-Pará, 1997.
13. HEDMAN, D.E. Teoria das Linhas de Transmissão I. Santa Maria: Eletrobrás e
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, 1979.
14. HEDMAN, D.E. Teoria das Linhas de Transmissão II. Santa Maria: Eletrobrás e
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Santa Maria, 1978. p. 1-23.
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18. KUH, Ernest S; DESOER Charles A. Teoria Básica de Circuitos. Rio de Janeiro:
Guanabara Dois, 1979. p 2-3.
19. LEITE, Carlos Moreira; PEREIRA FILHO, Mário Leite. Técnicas de Aterramentos
Elétricos. 3º edição. São Paulo: Editora, 2001.
20. LEON, José Aurélio Moreno. Sistemas de aterramento. São Paulo: Ed. Erico do Brasil,
1978.
21. LOPES, Dalva dos Santos; SILVA JÚNIOR, Amâncio Rodrigues da. Aterramento
considerando o tipo de Solo e suas Características. In: SNPTEE - Seminário Nacional
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23. MATTOS, Marcos André da Frota. Common Mode Voltage Genereted by Grounding
Grids, a Time Domain Solution. 2003 In: IEEE Symposium on Electromagnetic
Compatibility, www.emc2003.org acessado em:10/05/2005, 2003.
24. MATTOS, Marcos André da Frota. Transitórios em Malhas de Terra. In: SNPTEE –
Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Uberlândia -Minas
Gerais, Outubro 2003.
25. MATTOS, Marcos André da Frota. Grounding Grids Transient Simulation. Volume
20o. IEEE Transaction on Power Delivery, April 2005.
29. MOREIRA, Fernando Augusto; ZANETTA, Luiz Cera Jr; MORAIS, Carlos Eduardo de.
Aspectos Metodológicos para Estudos de Aplicação de Pára-Raios em Linhas de
Transmissão. In: SNPTEE - Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia
Elétrica, XV, Foz do Iguaçu - Paraná. 1999
33. REITZ, John R.; MILFORD, Frederick J.; CHRISTY, Robert W. Fundamentos da
Teoria Eletromagnética. 3º Edição. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1982. 256-286p,
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37. SATO S.; W.S. Zaengl. Effective Grounding Mesh Calculation Technique. Volume 3o.
IEEE Transaction on Power Delivery, January 1988.
41. SUNDE, Erling D. Earth Conduction Effects. New York: Dover Publication.
42. ZAGO, F et all. A TLM approach to analyze direct effects of lightning on grounding
grids. UNICAMP. In: VII International Symposium on Lightning Protection - SIPDA
2005, São Paulo-São Paulo, 21 a 25 Novembro 2005