Você está na página 1de 23

UNIVERSIDADE EDUARDO MON0DLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA

CURSO: Engenharia Eléctrica


Regime: Pós-Laboral
DISCIPLINA: Máquinas Eléctricas II
ANO: 3º SEMESTRE: 6.º
ANO ACADÉMICO: 2020 (2021)
CARGA HORÁRIA: 80 Horas

REGENTE: Doutor Eng.˚ Gabriel Auziane


ASSISTENTE: Eng.˚ Zefanias Mabote
Contactos do Regente:
Celphone: 82-86/7480377
E-mail: gabrielauziane@gmail.com

PROGRAMA TEMÁTICO

CURSO: Licenciatura em Engenharia Eléctrica


DISCIPLINA: Máquinas Eléctricas II CÓDIGO:
HORAS DE CONTACTO DIRECTO: 80 CRÉDITOS: 5
ANO DE
ESTUDOS: 3.o HORAS DE ESTUDO
INDEPENDENTE: 83

INTRODUÇÃO
A disciplina Máquinas Eléctricas II é uma disciplina de carácter teórico-prático para
habilitar os estudantes a realizarem os cálculos electrotécnicos e ensaios experimentais

1
das máquinas eléctricas síncronas e transformadores trifásicos. O papel das chamadas
Máquinas Elétricas Rotativas (MER) ou conversores de energia eletromecânicos e
Transformadores na geração, transmissão e utilização de electricidade e as
consequências sócio-econômicas que têm o seu desenvolvimento ligado a outras
tecnologias, como tecnologia da informação, eletrônica e automação.
RESULTADOS DE APRENDIZAGEM
COMPETÊNCIAS GERAIS
O estudante deverá desenvolver as seguintes competências:
 Conhecer a constituição das diferentes máquinas e suas características principais;
 Possuir conhecimento de análise dos diferentes tipos de máquinas através de
trabalhos laboratoriais;
 Saber a teoria do regime permanente e análise dos processos transitórios no
funcionamento de máquinas eléctricas.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
O estudante deverá desenvolver as seguintes competências:
 Identificar as partes constituintes das máquinas de corrente alternada;
 Analisar as características de funcionamento de transformadores trifásicos;
 Analisar os grupos de ligação dos transformadores trifásicos;
 Analisar o funcionamento em paralelo dos transformadores trifásicos;
 Analisar as características de funcionamento das máquinas síncronas;
 Analisar o funcionamento em regime permanente das máquinas eléctricas;
 Analisar os processos transitórios no funcionamento das máquinas eléctricas;
 Analisar o funcionamento em paralelo dos geradores síncronos;
 Realizar ensaios com geradores síncronos trifásicos e monofásicos;
 Realizar ensaios de isolamento das máquinas eléctricas;
 Identificar e reparar avarias;
 Analisar e seleccionar as máquinas eléctricas em função da sua utilização.

2
Nota: A carga horária apresentada na tabela abaixo, será ajustada de acordo com o
calendário proposto para este semestre.
HORAS
Estudo TO
ContactoDirecto
TEMAS Independente TAL
A
AT AP L S CD L G P EI T
1 Transformadores trifásicos 5 9 3 17 5 14 19 36
2 Ondas harmónicas no
3 6 9 3 9 12 21
transformador
3 Gerador síncrono 5 9 3 17 5 14 19 36
4 Funcionamento em paralelo de
3 5 8 3 8 11 19
geradores síncronos
5 Motores síncronos 5 9 3 17 5 14 19 36
Sistemas de excitação da máquina
3 3 6 3 3 9
6 síncrona
Ensaios ao isolamento das
3 3 6 6
7 máquinas eléctricas
24 38 12 6 80 24 59 83 163
AT - AulaTeórica S - Seminário P – Elaboração de Projectos
AP – Aula Prática L – Uso de leitura CD - Total de Horas de Contacto
Directo
AL - Aula G – Trabalhos em EI - Total de Horas de Estudo
Laboratorial grupo Independente

3
METODOLOGIAS DE ENSINO
Nas aulas teóricas aborda-se:
1. Os conceitos básicos de funcionamento; e
2. Os conceitos e leis principais, os métodos, regras, algoritmos de cálculo dos
diferentes parâmetros, modelos matemáticos, circuitos equivalentes e
características de funcionamento das máquinas eléctricas.
Nas aulas práticas desenvolvem-se aptidões para resolução de problemas concretos a
fim de se adquirir as habilidades de operar, usar e interligar os conhecimentos obtidos
nas aulas teóricas. As aulas práticas são obrigatórias.
Nas aulas laboratoriais realiza-se ensaios que permitem de um lado desenvolver e
verificar os conhecimentos teóricos e de outro lado adquirir as habilidades práticas de
operar com máquinas eléctricas, realizar as medições das grandezas diferentes, analisar
resultados e fazer conclusões. As aulas laboratoriais são obrigatórias.

ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO
O nível de aprendizagem das aulas teóricas e práticas avalia-se mediante 2 testes por
escrito:
1 n
N med _ T   Ti
n i 1 (1)
As aulas laboratoriais avaliam-se mediante uma nota média de trabalhos laboratoriais:
1 m
N med _ L   Li
m i 1 (2)
A nota de frequência (Nfr) determina-se pela fórmula:
N med _ fr  0.6 N med _ T  0.4 N med _ L
(3)

NOTA: A nota N med _ T 10 e N med _ L 10 . No caso contrário a nota de frequência é
negativa
LITERATURA BÁSICA
1. CHAPMAN, Stephen J. Electric Machinery Fundamentals, Second Edition,
McGraw-Hill.

4
2. FITZGERALD A. E., CHARLES KINGSLEY JR., STEPHEN D. UMAS. Electric
Machinery, Mcgraw-Hill
3. KOSTENKO & PIOTROVOSKI, Máquinas Eléctricas, Lopes da Silva, Vol I e Vol
II.
4. NASAR, Syed, Máquinas Eléctricas – Colecção Shaum”, McGraw-Hil
5. PAUL C. Krause, Analysis of Electric Machinery, Mcgraw-Hill.
6. DEL TORO, Vicent. Basic Electric Machinery, Prentice-Hall

5. PLANO ANALÍTICO*
* Matéria dada nas aulas teóricas

Semana 01: 11 a 15 de Janeiro


AULA TEÓRICA 01: (1 horas) – 18 de BIBLIOGRAFIA OU
Fevereiro MATERIAL DE APOIO
Introdução à disciplina.
Apresentação do programa.
Apresentação do Sistema de avalicão.
Instruções organizativas.

Tema 1: TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS


Introdução [1]
Tipos de ligação de enrolamentos de
transformadores trifásicos, F.E.M. nos
enrolamentos de um transformador trifásico.
Classificação dos transformadores trifásicos de
acordo com o circuito magnético.

5
Semana 01: 11 a 15 de Janeiro
BIBLIOGRAFIA OU
AULA TEÓRICA 02: (1 horas ) – 11 Janeiro
MATERIAL DE APOIO
4. TEMA1: TRANSFORMADORES
TRIFÁSICOS
[1], [2], [3], [5], [6], [7]
Ligação em estrela dos enrolamentos de um
transformador trifásico. OU
Ligação em triângulo dos enrolamentos de um Notas do docente
transformador trifásico.
Ligação em zigue-zague dos enrolamentos de um
transformador trifásico.

TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

1. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

1.1 Objectivo geral

 Estudar tipos de ligacões em transformadores trifásicos

1.2 Objectivos específicos

 Identificar as vantagens e desvantagens;


 Definir as suas ligações; e
 Comparar e analizar as ligacões dos enrolamentos de transformadores trifásicos.

Na actualidade é muito comum encontrarmos transformadores eléctricos, basta visitar uma


indústria para poder observá-los, e também encontram-se em subestações e estações geradoras
de electricidade. O transformador é uma máquina eléctrica mais utilizada na área de engenharia
eléctrica, pelo que resulta indispensável o seu estudo. Tal como vimos em tranformadores
monofásicos, os transformadores trifásicos constam geralmente de três colunas com duas
bobinas em cada uma delas e se baseiam no princípio de indução electromagnética.

6
1.3 Ligacões de enrolamentos de transformadores trifásicos
Basicamente existem 4 tipos de ligações de transformadores trifásicos, e são formadas a partir
de três transformadores monofásicos ou de um só transformador trifásico, assim os
transformadores trifásicos podem ser ligados em:

1. triângulo-triângulo;
2. triângulo-estrela;
3. estrela-estrela;
4. estrela-triângulo; e
5. Zigue-zague.

Estas ligações são usadas tanto para elevar a tensão assim como para baixá-la.

1.3.1 Ligação triângulo-triângulo

A figura 1 apresenta a ligação triângulo-triângulo.

Fig.1.1 Ligação triângulo-triângulo.


A relação de transformação simples é dada pela equação (1):

𝐸1 𝑁1
kt = = (1)
𝐸2 𝑁2

A relação de transformação composta é:

V AB 𝑁1
Kt = = (2)
Vab 𝑁2

Esta ligação também se denomina como delta-delta.

Este tipo de ligação utiliza-se muito em auto-transformadores, quando se pretende recuperar a


queda de tensão pelo comprimento dos alimentadores. Devido a uma certa distância do circuito
alimentador, ocorre uma queda de tensão na linha, pelo que é necessário transformar essa
energia para recuperar a forma dessas perdas e, para tal utilizam-se transformadores com lgação
triângulo-triângulo.

7
Vantagens:

 Não apresentam desfasamento de fase;


 Não têm problemas com cargas desequilibradas ou harmónicas;
 Os transformadores podem ser removidos para manutenção ou reparação e trabalham
como banco de transformadores de dois e três fases;
 Os desequilíbrios motivados pelas cargas no secundário se repartem igualmente entre
as fases do primário, evitando os desequilíbrios de fluxos magnéticos.

Desvantagens:

 Quando as cargas estão desequilibradas as tensões nas fases do transformador podem


desequilibrarem-se bastante;
 As tensões da terceira harmónica podem ser muito grandes;
 Não dispõem de saída de neutro, tanto no primário como no secundário, por conseguinte
a sua utilização é limitada;
 Cada bobina deve suportar a tensão de rede (composta), com o consequente aumento
de número de espiras;
 Não se pode fornecer energia com quatro condutores,
 Quando opera com altas tensões de linha, os custos de desenho das bobinas são maiores.

1.3.2 Ligação triângulo-estrela


Este tipo de ligação não apresenta muitos inconvenientes, a sua utilização é adequada para as
características gerais que apresenta a ligação triângulo e estrela. É geralmente empregue como
ligação para transformador elevador no princípio da linha e no final, uma vez que cada fase do
enrolamento primário vai suportar a tensão entre fase de rede.

A Figura 1.2 apresenta a ligação triângulo-estrela.

Fig.1.2: Ligação triângulo-estrela.

8
Vantagens:

 Não apresentam problemas com as componentes em suas tensões de terceira harmónica;


 São muito utilizados para elevar a tensão a um valor muito alto;
 Utilizando esta ligação no lado de alta, pode-se ligar a terra ao neutro permitindo limitar
o potencial sobre qualquer carga.

As vantagens que esta ligação apresenta e os escassos inconvenientes motivam a utilização


deste transformador na transmissão assim como na distribuição de energia.

Desvantagens:

 A falta de uma fase deixa fora de operação o transformador;


 O enrolamento em triângulo pode ser mecanicamente débil;
 Devido ao desfasamento que existe nas fases entre as metades dos enrolamentos que
estão ligados em série para formar cada fase, os enrolamentos que estão em estrela
interconectados, requerem uns 15% a mais de cobre, como consequência, o isolamento
total aumenta.
 O tamanho da cuba é grande, devido às razões anteriormente expostas, o custo do
transformador é maior.

.
1.3.3 Ligação estrela-estrela

A ligação estrela-estrela é igual a triângulo-triângulo. Esta ligação só é utilizada quando o


neutro do primário pode unir-se eficazmente ao neutro da fonte, geralmente, através da terra.
Se os neutros não estão unidos, a tensão entre a linha e neutro resulta distorcida (não
sinosoidal). Contudo, pode usar-se a ligação estrela-estrela sem se unir os neutros, se cada
transformador possui um terceiro enrolamento chamado terciário. Os terciários dos
tranformadores se ligam sempre em triângulo e muitas vezes se utilizam para alimentar os
serviços de subestação em que está ligado.

Fig.1.5 Ligação estrela-estrela.

9
Vantagens:

 Existe a possibilidade de tomar o neutro, tanto no lado de baixa como no lado de alta
tensão, e isto permite obter as tensões (400/230 V), ou melhor ligá-lo à terra como
medida de segurança em certos tipos de instalações;
 Funcionam bem em pequenas potências e para além de dispor de duas tensões são mais
VL
económicos, por fornecerem tensões de cada fase e por conseguinte, diminuir o
3
número de espiras, embora aumenta a secção dos condutores, por causa da circulação
da corrente de linha em cada fase;
 O aumento de secção de condutores favorece a resistência mecânica à esforços de curto-
circuito;
 Se uma das fases funcionar com defeito, as restantes duas fases podem funcionar
resultando numa transformação monofásica, a carga que poderia fornecer seria de 58%
da potência normal trifásica;
 A construção dos enrolamentos é mais difícil e o seu custo mais elevado, especialmente
quando é para correntes altas.
Desvantagens:

Esta ligação é pouco usada devido às dificuldades que se apresentam abaixo:

 Se as cargas no circuito do transformador não estão equilibradas (o que comumente


ocorre), então as tensões nas fases do transformador podem chegar a desequilibrar-se
severamente.
 As tensões da terceira harmónica são grandes, devido a não linearidade do circuito
magnético do ferro.
 Os neutros são muito instáveis, a menos que sejam solidamente ligados à tomada de
terra.
 As unidades trifásicas de polaridade oposta não podem funcionar em paralelo, a não ser
que a ligação das fases do primário ou do secundário de um dos tranformadores se
inverta.

1.3.4 Ligação estrela-triângulo

Nesta ligação de transformadores as três fases do enrolamento primário estão ligados em estrela
e as do secundário em triângulo.

A ligação estrela-triângulo se usa geralmente para baixar de uma tensão alta à tensão média ou
baixa. Uma razão de utilização deste tipo de ligação é que se tem o neutro para aterrar o lado
de alta tensão o qual é conveniente e tem grandes vantagens.

10
Fig. 1.6 Ligação de transformador em estrela-triângulo.

Vantagens:

 Esta ligação não apresenta problemas com relação aos componentes na sua tensão
harmónica, posto que se consome uma corrente circular no lado com ligação em
triângulo.
 É conveniente para os transformadores reductores de tensão, devido às características
inerentes dos enrolamentos em triângulo para as baixas tensões.
 Não apresentam problemas com os componentes das suas tensões das terceiras
harmónicas, posto que se consomem uma corrente no lado em triângulo.
 O neutro do primário se pode ligar com a terra.
 O neutro do primário se mantém estável para o secundário em triângulo.
 É estável com relação às cargas desequilibradas, devido a que a ligação em triângulo
restribui qualquer desequilíbrio que aparece.

Desvantagens:

 Esta ligação tem como desvantagem de a tensão secundária se apresentar desfasada 30o
com relação à tensão primária do transformador, o qual ocasiona problemas no
secundário se se desejar ligar em paralelo com outro transformador, sendo um dos
requisitos para ligar em paralelo, que os ângulos de fase dos secundários do
transformador devem ser iguais.
 Não se pode dispor de neutro no secundário para ligar à terra ou para uma distribuição
de quatro cabos, a menos que se disponha de um dispositivo auxiliary.
 Um defeito em uma fase provoca a não operação da unidade até que seja reparada.
 O enrolamento em triângulo pode resultar débil mecanicamente no caso de um
transformador elevador com uma tensão no secundário muito alta, ou com uma tensão
secundária medianamente alta e potência pequena.

11
1.3.5 Ligação zigue-zague

Para além das ligações acima apresentadas, temos as seguintes ligações:

1. Triângulo-Zigue-Zague; e

2. Estrela-Zigue-Zague com diferentes grupos de ligação como será tratado nos capítulos
seguintes.

a) Ligação Triângulo-Zigue-zague

Fig.1.7(a1) Ligação Ttriângulo-Zigue-zague.

Fig.1.7(a2) Ligação Ttriângulo-Zigue-zague.

b) Ligação Estrela-Zigue-zague

Fig.1.7(b1) Ligação Estrela-Zigue-zague.

12
Fig.1.7(b2) Ligação Estrela-Zigue-zague.

1.4 Banco de transformadores

Fig.1.8 Banco de transformadores com enrolamentos ligados em estrela-estrela.

1.6 Partes constituientes de um transformador trifásico

Fig-1.9 (a) Transformador com cuba de radiadores.

13
Fig-1.9 (b) Transformador com cuba de radiadores.

1. Indicador de nível de óleo.


2. Depósito de expansão de óleo
3. Isoladores de entrada
4. Isoladores de saída
5. Interruptor de controle
6. Válvula de enchimento
7. Radiador de refrigeração
8. Placa de características
9. Cuba

Fig.1.9(c) Elementos que constituem um transformador trifásico.

1.10 Classificação dos transformadores trifásicos de acordo com o circuito


magnético
De acordo com o tipo construtivo do núcleo de um transformador trifásico, podemos ter:

a) Transformadores com núcleo de fluxos ligados;


b) Transformadores com núcleos de fluxos independentes ou quase independentes.

14
a) Transformadores com núcleo de fluxos ligados;
Na Fig.1.10 está representado um transformador de três colunas com fluxos ligados. A
particularidade deste transformador é a assimetria do seu circuito magnético, dado que os
comprimentos dos circuitos magnéticos nas colunas A, B e C são diferentes.

Fig.1.10: Circuito magnético de um transformador com três colunas com fluxos ligados
no funcionamento em vazio.
O comprimento do circuito da coluna mediana é inferior ao dos circuitos das colunas
extremas A e C. Os três circuitos convergem nos nós O1 e O 2 . Se  A ,  B e  C são,
respectivamente, as amplitudes dos fluxos magnéticos nas colunas A, B e C, de acordo com
a primeira lei de Kirchhoff aplicada aos circuitos magnéticos, teremos em cada nó:

  
 A   B  C  0 (1.3)

Quando o fluxo  A passa pelo troço 01-a-b-02 (Fig.1.10), origina uma queda de potencial
magnético, na coluna A, dado por:

 A (Rcol + 2 Rc)

em que Rco1 é a relutância da coluna e Rc é a relutância de cada metade da culaça superior.


Na coluna B, a queda de potencial magnético é igual a:

 B Rco1

e para a coluna C temos:

 c ( Rco1 + 2Rc).

̅𝐴 , 𝛷
Se 𝐹̅𝐴 , 𝐹̅𝐵 e 𝐹̅𝐶 são as amplitudes das f.m.m correspondentes aos fluxos 𝛷 ̅𝐵 e 𝛷
̅𝐶 de
acordo com a segunda lei de Kirchhoff aplicada aos circuitos magnéticos, teremos para o
circuito 01- a - b - 02 - 01:

 A ( Rco1  2Rc )   B Rco1  F  F  ;

15
para o circuito 01-c - d - 02 - 01:

 C ( Rco1  2Rc )   B Rco1  F C F B ;

Além disso, num circuito sem condutor neutro, a soma geométrica das correntes e, portanto,
das f.m.m. nas três fases, deve ser nula, ou seja,

F A F B F C  0

Resolvendo estas equações em ordem 𝐹̅𝐴 , 𝐹̅𝐵 e 𝐹̅𝐶 , obtemos:


2
F A  ( Rco1  2 Rc ) A  Rc  B (1.4)
3
2
F B  Rco1  B  Rc  B (1.5)
3
2
F C  ( Rco1  2 Rc ) C  Rc  B (1.6)
3
1.10.1 Diagrama de fasores de tensões, fluxos, forças magnetomotrizes e correntes de um
Transformador Ideal

Consideremos que o transformador é ideal, isto é, que as resistências e reactâncias são nulas,
e que a este aplicamos um sistema simétrico de tensões sinusoidais.
  
Neste caso, na Fig.1.11, as tensões 𝑈 ̅𝐴 , 𝑈 ̅𝐶 tal como os fluxos  A ,  B , e  C formam
̅𝐵 e 𝑈
estrelas simétricas de três ramos e cada fasor de fluxo está atrasado de 90º, relativamente ao
correspondente fasor de tensão.

Fig.1.11 Diagrama de tensões, fluxos e correntes de um transformador com três


Colunas em vazio.

16
Da igualdade (1.5) resulta que a f.m.m. 𝐹̅𝐵 só depende do fluxo  B e, portanto, o fasor 𝐹̅𝐵 está
em fase com o fasor  B . Ao contrário, as f.m.ms. F A e F C representam as somas
geométricas de duas f.m.ms., uma das quais está em fase com o fluxo correspondente e, a outra,
com o fluxo  B .

Por este motivo, o fasor da f.m.m. F A está atrasado, em relação ao fasor de fluxo  A , de um
determinado ângulo e o fasor da f.m.m. F C está avançado, do mesmo ângulo, em relação ao
fasor  C . Logo, as f.m.m. F A , F  e F C e portanto, as correntes magnetizantes I 0 A,
I 0 B , I oC , formam sistemas assimétricos, nos quais:

FA  FC  FB ou respectivamente, I 0 A  I 0C  I 0 B .

A assimetria das correntes em vazio faz-se sentir, sobretudo, nos transformadores de fraca
potência, nos quais a culaça tem um papel relativamente importante. Nestes I 0 A  I 0C  ( 1,2
a 1,5) I 0 B . Nos transformadores de grande potência, esta assimetria é muito reduzida. Dado
que a corrente I 0 é pequena (3 a 8% de I n ), a assimetria das correntes em vazio deixa de ter
influência para uma carga muito pequena, mesmo nos transformadores de fraca potência.

Uma vez que a corrente I 0B está atrasada de 90º em relação a U B , é nula a potência da fase

B; a potência da fase C é positiva, pois a projecção da corrente I 0C , na direcção do fasor U


C , é positiva; a potência da fase A é igual, em grandeza, à da fase C, mas de sinal contrário,
dado que a projecção da corrente I 0 A , na direcção do fasor U A , é negativa.

Assim, em vazio, as fases C e A de um transformador de três colunas trocam entre si as


potências, mas a potência total em vazio é nula, o que era de esperar, visto estarmos a
considerar um transformador ideal.
b) Transformadores com núcleos de fluxos independentes ou quase independentes.
Um exemplo de um transformador trifásico com fluxos independentes é o banco de
transformadores (Fig.1.12) constituído por três transformadores monofásicos idênticos, cujos
enrolamentos são ligados, entre si, de um determinado modo.

17
Fig.1.12 Banco de transformadores, com ligação dos enrolamentos em Y/Y 0 .

Um exemplo de um transformador com núcleo de fluxos quase independentes é o


transformador couraçado mostrado na Fig.1.13.

1 Enrolamento de alta tensão


2 Enrolamento de baixa de tensão
3 Coluna

Fig.1.13 Transformador trifásico couraçado com enrolamentos alternados.

1.11 F.e.m. nos enrolamentos de um transformador trifásico


No caso geral, as f.e.m. e A, e B e eC , nos enrolamentos A, B e C, não são sinusoidais.
Supondo que apenas existem harmónicas ímpares e admitindo que a fase inicial é nula,
teremos na fase A:

e A  E m1 sent  E m3 sen3t  E m5 sen5t  E m 7 sen7t  ... (1.7)

para as fases B e C teremos, respectivamente:


2 2 2 2
eB  Em1 sen(t  )  Em3 sen(3t  )  Em5 sen(5t  )  Em7 sen(7t  ) +…=
3 3 3 3
18
2 4 2
Em1sen(t  )  Em 3 sen3t  Em5 sen(5t  )  Em7 sen(7t  )  ... (1.8)
3 3 3
e
4 4 4 4
eC  Em1sen(t  )  Em3 sen (3t  )  Em5 sen (5t  )  Em 7 sen(7t  )  ... 
3 3 3 3
4 2 4
Em1sen(t  )  Em3 sen 3t  Em5 sen (5t  )  Em 7 sen (7t  )  ... (1.9)
3 3 3
As equações 1.7, 1.8 e 1.9 mostram que:
a) Os termos fundamentais das f.e.m. nas fases A, B e C formam uma estrela simétrica de
três ramos com a sequência E A1  E B1  EC1 (Fig. 1.14(a));

Fig.1.14 Termo fundamental, terceira, quinta e sétima harmónicas da f.e.m. de um


enrolamento trifásico.
b) As harmónicas de terceira ordem das f.e.m. e, portanto, todas as harmónicas múltiplas
de três, estão em fase nas três fases (Fig. 1.14(b)) e, por conseguinte, estão dirigidas do
início para fim (ou em sentido inverso) de cada enrolamento de fase, independentemente
do modo de ligação desses enrolamentos; a quinta e sétima harmónicas formam, tal como
o termo fundamental, estrelas simétricas de três ramos; mas comparado com o termo
fundamental, a quinta harmónica tem sequência inversa (Fig.1.14(c)) e, a sétima harmónica
tem a mesma sequência de fases do termo fundamental (Fig. 1.14(d)). No caso geral, as
harmónicas de ordem 3h  1 , em que h é um número par qualquer, têm a mesma sequência
de fases do termo fundamental e, as harmónicas de ordem 3h-1, têm uma sequência de fase
inversa.

1.12 Ligação em estrela dos enrolamentos de um transformador trifásico

Para ligar um enrolamento trifásico em estrela, reunem-se, num ponto neutro comum, ou os
inícios, deixando livres os fins, ou os seus três fins, deixando livres os inícios (Fig. 1.15(a)).

Seguindo um dos três circuitos formados pela estrela, por exemplo, o circuito (A  X ) -
(Y  B) , percorremos o enrolamento A, desde o seu início A até ao seu fim X e, o enrolamento
B, desde o seu fim Y até ao seu início B, ou seja, percorremos o enrolamento B em sentido
oposto ao do enrolamento A.
Neste caso, os valores instantâneos das f.e.m. compostas serão:

19
e AB  e A  e B (1.10)

e BC  e B  eC (1.11)

eCA  eC  e A (1.12)

Fig.1.15 Diagramas vectoriais da f.e.m. quando se efectua a ligação em estrela de um


enrolamento trifásico.
Substituindo as expressões das f.e.m. das fases nas expressões 1.10, 1.11 e 1.12, obtemos:
2
e AB  e A  eB  Em1sent  Em 3 sen 3t  Em5 sen5t  Em 7 sen 7  Em1sen (t  )
3
4 2 
 Em3 sen3t  Em5 sen(5t  )  Em7 sen(7t  )  3 E m1 sen(t  ) 
3 3 6

 3 Em5 sen(5t   )  3 E m7 sen(7t   )  ... (1.13)


6 6
para
 2  2
eBC  eB  eC  3 Em1sen (t   )  3 E m5 sen(5t   ) 3
6 3 6 3
Em7 sen(7t  2
  )  ... (1.14)
6 3
e para
 4  4
eCA  eC  e A  3 E m1 sen(t   )  3 E m5 sen(5t   ) 3
6 3 6 3

4 )  ...
E m 7 sen(7t   (1.15)
6 3
Das equações 1.13, 1.14 e 1.15 resulta que, para uma ligação em estrela:

a) As harmónicas de ordem múltipla de três desaparecem na tensão composta. Isto


explica-se pelo facto de, em cada um dos dois circuitos que formam a estrela, as
harmónicas serem opostas;

b) As harmónicas de ordem 3h+1 da tensão composta, incluindo o termo fundamental,

20
constituem sistemas trifásicos, directos e simétricos, com fase inicial  = +30º;

c) A amplitude de qualquer harmónica de ordem 3h-1 da tensão composta é 3 vezes


maior que a amplitude da correspondente harmónica da tensão simples, isto é:

Emkc  3 E mks (1.16)

Em que k representa a ordem da harmónica e é igual a 3h  1.


Os valores eficazes das f.e.m. simples e compostas, são dados por:

1 2
Es  ( Em1  Em2 3  Em2 5  Em2 7  ...) (1.17)
2

3 2
Ec  ( Em1  Em2 5  Em2 7  ...) (1.18)
2
Concluindo,

1  k c25  k c27  ...


Ec  E s 3 (1.19)
1  k c23  k c25  k c27  ...

em que

Emk Ek
k en   (1.20)
Em1 E1

Uma vez que, nas ligações em estrela, a corrente em cada fase do enrolamento é igual à corrente
na linha correspondente, teremos:

Ic  Is

1.13 Ligação em triângulo dos enrolamentos de um transformador trifásico


Na ligação em triângulo, o início do enrolamento da fase seguinte é unido ao fim do
enrolamento da fase precedente. A ligação dos enrolamentos é apresentadas nas Figuras 1.16
(a, b).

Admitindo que i AX , i BY e iCZ são os valores instantâneos das correntes nos enrolamentos A,
B e C; i A, iB , e iC os valores instantâneos das correntes nas linhas ligadas aos inícios dos mesmos
enrolamentos A, B e C. Para o esquema representado na Fig.1.16(b), teremos:

i A  i AX  i BY (1.22)

i B  i BY  iCZ (1.23)

iC  iCZ  i AX (1.24)

21
Fig. 1.16 Esquema de ligação em triângulo de um enrolamento trifásico e respectivo diagrama
das correntes.

O diagrama fasorial correspondente ao termo fundamental, está representado na Fig. 1.16(c).

Vemos que o fasor da corrente composta está em avanço de 30º relativamente ao fasor da
corrente simples, sendo:

I c1  3I s1 (1.25)

Em relação a terceira harmónica e seus múltiplos, o triângulo representa um circuito fechado,


no qual estas harmónicas circulam no mesmo sentido, ou do início de cada enrolamento para o
seu fim, ou no sentido oposto. O valor eficaz das harmónicas de ordem múltipla de três é:

E3s  E32  E92  ... (1.26)

Pode-se medir a f.e.m. dada na Eq. 1.26 se abrirmos um qualquer nó no triângulo, por exemplo,
o nó B-Z (Fig. 1.17) e aí colocarmos um voltímetro.

Fig. 1.17 Harmónicas de terceira ordem da f.e.m. e da corrente numa ligação em triângulo.

22
Actuando no circuito fechado do triângulo, a f.e.m. E 3 cria uma corrente I 3 , que podemos
medir se substituirmos o voltímetro por um amperímetro. Nas tensões compostas, a f.e.m. E 3
não aparece, pois é inteiramente utilizada para compensar a queda de tensão devida à corrente
I3 .

23

Você também pode gostar