Resumo:
Em todas as empresas, independentemente do seu porte, é altamente aconselhável o registro das marcas e patentes nos órgãos
competentes, evitando assim, que terceiros apropriem-se delas. Devido à importância do assunto, estudaremos neste Roteiro os
procedimentos contábeis aplicáveis na classificação e contabilização das marcas e patentes das empresas e instituições em geral.
1) Introdução:
Os empresários que pretendam constituir uma empresa visando sucesso e um longo período de atuação no mercado em que irão atuar,
devem, de imediato providenciar o registro de sua marca, nome empresarial, não apenas na Junta Comercial de seu Estado, mas também
no órgão de proteção das marcas e patentes, evitando assim, que terceiros apropriem-se dela.
Desta forma, terão protegidos seu nome, assegurando o direito de seu uso, evitando dores de cabeça sérias com disputa judicial para
continuar usando o nome, principalmente se este for sinônimo do êxito do empreendimento.
A marca é um patrimônio da empresa, na hora de angariar empréstimos bancários, garantir crédito para negociação com outras empresas,
penhorar ou dar como garantia para aquisição de produtos e serviços, penhorar para liberação de crédito em ação trabalhista, dentre
outras situações, por isso é necessário ter o registro da marca e agregá-lo ao patrimônio ativo da empresa.
As patentes, não menos importantes que as marcas, também devem ser requeridas quando da invenção de novos produtos ou processos,
visando assim sua proteção. Um produto ou processo patenteado impedirá sua utilização por terceiros pelos prazos previstos em lei.
Estudaremos neste roteiro os procedimentos aplicáveis na classificação e contabilização das marcas e patentes das empresas, em
conformidade com a Lei das S/A's, Resolução CFC nº 1.303/2010, que aprovou a NBC T 19.8 - Ativo Intangível e Deliberação CVM nº
644/2010, as duas últimas editadas após o Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) que trás o tratamento contábil aplicável aos bens
classificados no "Ativo Intangível".
Base Legal: Lei 6404/1976; Resolução CFC nº 1303/2010; Deliberação CVM nº 644/2010 e; Pronunciamento Técnico CPC 04.
2) Marcas e Patentes:
Apesar de a contabilidade tratar os dois direitos de forma similar, chegando, em alguns casos, a contabilizar os custos relacionados a
ambos numa mesma conta contábil, analisaremos neste roteiro cada um deles de forma separada, facilitando assim seu entendimento.
Vale mencionar que ambos os institutos estão disciplinados pela Lei 9.279/1996, norma esta que regula os direitos e obrigações relativos
à propriedade industrial.
2.1) Marcas:
Poderão ser registrados como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, desde que não compreendidos nas proibições legais,
dentre estas, as previstas no artigo 124 da Lei 9.279/1996. Na prática, são registráveis como marca qualquer nome ou símbolo (ou o
conjunto de ambos) que representem um serviço, um produto ou uma empresa.
A marca provavelmente acabará sendo o maior patrimônio da empresa, por isso, o cuidado a ser tomado com esse patrimônio deve
iniciar-se antes mesmo do pedido de registro junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), talvez antes mesmo da sua
aprovação definitiva. Esse zelo deve começar com uma "Busca de Anterioridade", que visa identificar a possibilidade de registro de uma
marca. Assim, aconselhamos a buscar junto uma empresa especializada todas as fases do processo de registro de uma marca, a fim de
evitar problemas e custos adcionais futuros.
As marcas podem ser classificadas quanto a sua "natureza" ou "forma". Na primeira, podemos dividir as marcas como sendo do tipo
PRODUTO ou SERVIÇO, essa classificação tem como objetivo distinguir produtos ou serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins,
de origem diversa.
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Quanto à forma, uma marca pode ser registrada segundo quatro tipos diferentes, a saber:
Existe, também, outra classificação trazida pela Lei nº 9.279 de 14/05/1976, referente às aplicações especiais. Esta lei ampliou o rol de
tipos de marcas, criando quatro novos tipos, quais sejam:
a. Marcas Coletivas: Quando diversas empresas têm a licença para o seu uso (marca de uso coletivo);
b. Marcas de Certificação: Aquelas que atestam a qualidade ou a procedência de um produto, por exemplo;
c. Marca de Alto Renome: Atribui uma proteção especial à marca, podendo chegar até a protegê-la em todos os ramos de atividade; e
d. Indicação Geográfica: Subdividida em dois tipos indicação de procedência e denominação de origem, sendo que a primeira
identifica características de uso ou produção e a segunda identifica características exclusivas de determinada região e que não pode
ser produzido em outra região.
2.2) Patentes:
A patente é um instrumento de incentivo à inovação tecnológica e de estímulo aos investimentos que confere ao inventor o direito de
impedir terceiro de fabricar, usar, colocar à venda ou importar produto ou processo patenteado ou produto obtido diretamente de
processo patenteado, pelos prazos previstos em lei.
A validade de uma patente está limitada ao país que a concede. Existem acordos internacionais que auxiliam na proteção das patentes. Se
a invenção não está protegida por uma patente ela poderá ser livremente produzida por quem tiver interesse, é o que se chama de
"Domínio Público". Se uma invenção é patenteada em outro país, mas não é patenteado no Brasil, qualquer interessado poderá explorá-la.
a. Patente de Invenção (PI): Refere-se a sistemas, processos ou produtos baseados em princípios novos e originais. Entram nestas
categorias composições químicas, processos industriais de fabricação, modificações genéticas, misturas alimentícias, composições de
limpeza, processos médicos, brinquedos. Sua validade é de 20 anos contados do depósito; e
b. Patente de Modelo de Utilidade (MU): Refere-se a aperfeiçoamentos em objetos pré-existentes capazes de melhorar sua utilização
ou facilitar seu processo produtivo. Podemos citar aperfeiçoamentos em móveis ou em utensílios de limpeza como rodos articulados,
ou vassouras com cabos removíveis. Por exemplo: o teclado ergonômico é passível de modelo de utilidade, pois funciona do mesmo
modo e apresenta os mesmos elementos (teclas), mas é dotado de forma diferenciada e diferente disposição destas teclas, que o torna
mais confortável para o usuário e facilita a digitação. Sua validade é de 15 anos contados do depósito.
3) Tratamento Fiscal:
Os gastos incorridos pela pessoa jurídica com a geração de marca(s) própria(s) deverão ser registradas em conta de custo ou despesa
operacional no período de apuração em que ocorrerem. Já a aquisição/compra de marca ou, de seu direito de uso serão registradas em
conta de "Ativo" do Balanço Patrimonial da empresa para posterior amortização, quando autorizado por lei.
Na hipótese de não haver permissão legal para a dedução do encargo de amortização de marcas e patentes seu valor deverá ser mantido
em conta de Ativo até que ocorra sua baixa, conta esta denominada "Ativo Intangível".
Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, o capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência
ou exercício tenha duração limitada, desta forma, apenas será dedutível para efeito de apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da
CSLL, o valor da marca que houver sido adquirido de terceiros com prazo contratualmente estipulado para a sua utilização.
Na hipótese da marca ser comprada ou seus direitos adquiridos por prazo indeterminado, sua dedutibilidade será proibida, neste caso, os
valores pagos deverão ser mantidos em conta do "Ativo" do Balanço Patrimonial da Empresa.
Caso a marca seja amortizável (com prazo de vigência limitada), se a existência ou o exercício do direito terminar antes da amortização
Base Legal: § 3º do artigo 324, inciso I do artigo 325 e artigo 418 do RIR/1999.
3.1.2) Patentes:
Conforme estabelece o artigo 40 da Lei de Propriedade Industrial, as patentes possuem vigência limitada a um determinado período de
tempo, contados da data de depósito do pedido de patente no INPI. Desta forma, seu titular, terá direito exclusivo de uso apenas nesse
limite temporal que, quando esgotado passará a domínio público.
Assim, por se tratar de direito com prazo de duração legalmente determinado, o custo ou encargo da patente poderá ser amortizado
durante o prazo em que esta vigorar.
Caso o direito de exploração da patente termine antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo
(perda de capital) no período de apuração em que se extinguir o direito. Desta forma, a determinação da perda terá por base o valor
contábil da patente, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte e diminuído, se for o caso, da amortização
acumulada.
Base Legal: Artigo 40 da Lei nº 9.279 de 14/05/1976 e; § 3º do artigo 324 e 418 do RIR/1999.
Quando cabíveis, as quotas de amortização a serem registradas na escrituração contábil da empresa, como custo ou despesa operacional,
devem ser calculadas com observância das seguintes regras:
a. A quota dedutível em cada período de apuração será determinada pela aplicação da taxa anual de amortização sobre o valor da marca
ou patente;
b. Se a amortização tiver início ou terminar no curso do período de apuração anual, ou se este tiver duração inferior a doze meses, a taxa
anual será ajustada proporcionalmente ao período de amortização, quando for o caso; e
c. A amortização poderá ser apropriada em quotas mensais, dispensado o ajuste da taxa para o capital aplicado ou baixado no curso do
mês.
Nota:
A dedutibilidade das importâncias pagas ou creditadas pelas pessoas jurídicas, a título de aluguéis ou
royalties pela exploração ou cessão de patentes ou pelo uso ou cessão de marcas somente será admitida
a partir da averbação do respectivo ato ou contrato no INPI, obedecidos o prazo e as condições da
averbação e, ainda, as demais prescrições pertinentes, na forma da Lei nº 9.279, de 14/05/1996.
Base Legal: Parecer Normativo CST nº 139/1975; Parecer Normativo CST nº 86/1977 e; artigo 355 do RIR/1999.
O valor da perda só será dedutível quando for efetuada a alienação do bem ou da sua baixa por absolescência ou dano irrecuperável.
Na prática contábil, apesar de serem direitos diferentes, os gastos relacionados às marcas e patentes podem ser registradas numa mesma
conta contábil intitulada "Marcas e patentes Adquiridas ou Desenvolvidas", deduzido do saldo da respectiva conta de amortização. Mas,
para efeitos didáticos, nossos exemplos utilizarão contas diferentes para ambas, marcas ou patentes.
4.1) Marcas:
Os gastos com o registro de marca, sejam estas industriais ou comerciais, normalmente ocorrem por ocasião do início das atividades da
pessoa jurídica, mas nada impede de ocorrem no período de existência da empresa ou instituição.
Como podemos verificar, apenas serão registradas no "Ativo Intangível" a aquisição/compra de marca ou, de seu direito de uso, assim, os
gastos incorridos pela pessoa jurídica com a geração de marca(s) própria(s) não devem ser registradas nessa conta, haja vista que não
podem ser separados dos custos relacionados ao desenvolvimento do negócio como um todo. Nesse caso, devem-se registrar tais gastos
como custo ou despesa operacional na competência em que ocorrerem.
Para efeito de exemplificação, admitamos que a empresa Vivax Indústria e Comércio de Eletrônicos Ltda., tenha adquirido a marca de
mouses Mouse Rapid da detentora original da marca por R$ 1.100.000,00. Além do preço pago pela marca, a empresa desenbolsou ainda
R$ 6.000,00 a título de taxas de registro nos órgãos competentes (*). Nesse caso, os registros contábeis referentes à aquisição da marca
e das taxas de registro serão contabilizadas da seguinte forma:
Legenda:
AC: Ativo Circulante; e
AI: Ativo Intangível.
Nota:
1. Registros de Marcas;
2. Concessão de patentes;
3. Averbação de Contratos de Transferência de Tecnologia e de Franquia empresarial;
4. Registros de Programas de Computador;
5. Registros de Desenho Industrial;
6. Registros de Indicações Geográficas; e
7. Registros de Topografia de circuitos integrados.
O registro contábil do custo da patente será efetuado nos moldes dos lançamentos visto no item "4.2" supra. Assim, suponhamos que a
empresa Vivax tenha inventado um novo modelo de mouse ergonômico a um custo, entre pesquisas e desenvolvimento, de R$ 95.000,00 e
que tenha tinha um gasto a título de registro, até a data averbação do pedido no INPI, de R$ 4.500,00. Nesse caso, os lançamentos
referentes à criação e registro da patente serão contabilizadas da seguinte forma:
Legenda:
AC: Ativo Circulante; e
AI: Ativo Intangível.
Informações Adicionais:
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