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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CAMPUS SÃO MATEUS


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PEDRO HENRIQUE VIDAL AGUIAR

DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DOS OLHAIS DE IÇAMENTO DE CARGA


ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS: UM ESTUDO DE CASO
PARA TANQUES DE ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO

SÃO MATEUS – ES
2018
PEDRO HENRIQUE VIDAL AGUIAR

DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DOS OLHAIS DE IÇAMENTO DE CARGA


ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS: UM ESTUDO DE CASO
PARA TANQUES DE ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso de


Engenharia Mecânica do Instituto Federal do Espírit o
Santo, Campus São Mateus, como requisito parcial para
a obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Mecânica.

Orientador: Prof. Espec. Cristiano Severo Aiolfi

SÃO MATEUS – ES
2018
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Bibliotecária responsável Sheila Guimarães Martins CRB6-ES 671

A283d Aguiar, Pedro Henrique Vidal,

Dimensionamento e análise dos olhais de içamento de carga através


do método de elementos finitos / Pedro Henrique Vidal Aguiar. -- 2018.

78 f. : il. ; 30 cm.

Orientador : Cristiano Severo Aiolfi.

Monografia (graduação) - Instituto Federal do Espírito Santo, Campus


São Mateus, Coordenadoria de Curso Superior de Engenharia Mecânica,
2018.

1. Indústria offshore de petróleo. 2. Petróleo - Armazenamento. I. Aiolfi,


Cristiano Severo. II. Instituto Federal do Espírito Santo. Campus São
Mateus. III. Título.

CDD 22 – 665.5
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos engenheiros Cristiano Severo Aiolfi pela orientação deste trabalho, Abraão
Lemos Caldas Frossard e Michel de Oliveira Santos pelas dicas nas simulações e Viníc ius
Soares Nascimento pela problematização e auxílio na solução do projeto.
RESUMO

Nas operações de içamento, olhais metálicos são componentes que suportam o peso da carga e
por isso são elementos críticos presentes em estruturas que precisam ser movimentadas. Em
uma grande empresa produtora de petróleo onshore, constatou-se uma deformação plástica nos
olhais superior aos requisitos normativos, indicando que aqueles elementos não estão
apropriados para a operação envolvida. A primeira etapa do trabalho consistiu em dimensio nar
o olhal seguindo as diretrizes da norma Petrobras N-2683 (2010), baseada nos fatores de
segurança da International Organization for Standardization – ISO 19901-6 (2009) e da
American Institute of Steel Construction – AISC (1969). Na segunda etapa foi realizada uma
abordagem computacional através do método de elementos finitos, utilizando o software Ansys
® Static Structural 16.0. A geometria proposta pela N-2683 (2010) foi comparada com quatro
geometrias de olhais presentes em diversos tanques de armazenamento. Após análise dos
resultados das simulações, foram propostas duas geometrias. A primeira delas foi baseada na
N-2683 (2010), considerada a mais apropriada para içamento vertical. A segunda geometria,
uma variação das geometrias atualmente utilizadas, apresentou melhores resultados para os
esforços atuantes no tombamento do tanque, condição a que frequentemente estão sujeitos
durante sua movimentação.

Palavras-chave: Olhal. Içamento de Carga. Método dos Elementos Finitos.


ABSTRACT

Padeyes are used to create an attachment point for lifting, securing or general moving of loads.
Therefore, are critical devices present in structures that need to be moved. In a large onshore
oil company, a significant plastic deformation in the padeyes has been found to be higher than
standard requirements, wich means that those devices are not appropriate for the operation
involved. The first stage of the research work was to size the padeyes following the Petrobras
N-2683 (2010) guidelines, based on International Organization for Standardization – ISO
19901-6 (2009) and American Institute of Steel Construction – AISC (1969) safety factors. In
the second stage, computational analysis was performed using the finite element method with
Ansys ® Static Structural 16.0 program. The geometry proposed by N-2683 (2010) was
compared to four padeyes geometries present in several storage tanks. After analyzing the
results of the simulations, two geometries were proposed for the device. The first was based on
the standard N-2683 (2010) and considered the most appropriate for vertical lifting. The second
geometry, a variation of the geometries currently used, presented better results for tipping
operation typical efforts, a condition to which they are frequently subject during their
movement.

Keywords: Padeye. Lifting load. Finite element method.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação esquemática dos olhais instalados no tanque .................................. 13


Figura 2 – Modos de falha de olhal .......................................................................................... 16
Figura 3 – Representação gráfica do critério de Von Misses para o estado plano de tensões.. 21
Figura 4 – Esquemático das operações de içamento vertical com quatro (a), içamento vertical
com dois olhais (b) e tombamento do tanque (c)...................................................................... 22
Figura 5 – Decomposição de forças no olhal de içamento ....................................................... 23
Figura 6 – Modelagem da área de contato para içamento vertical e tombamento do ta nque ... 24
Figura 7 – Configuração básica da força e ângulo aplicados no olhal de içamento ................. 25
Figura 8 – Ângulos não-recomendáveis (abaixo de 30°) no içamento de carga ...................... 25
Figura 9 – Dimensões da manilha curva................................................................................... 28
Figura 10 – Folgas de montagem da manilha no olhal ............................................................. 29
Figura 11 – Dimensões do olhal com corte transversal ............................................................ 30
Figura 12 – Nomenclatura de soldagem ................................................................................... 33
Figura 13 – Operação de içamento vertical e posterior tombamento (não recomendável) ...... 36
Figura 14 – Posição da manilha permitida (içamento vertical) e não-recomendada
(tombamento)............................................................................................................................ 36
Figura 15 – Direções de carregamento na manilha .................................................................. 38
Figura 16 – Força e ângulo aplicados no olhal de içamento ..................................................... 40
Figura 17 – Esquemático de força e direção crítica no olhal.................................................... 40
Figura 18 – Dimensões do olhal dimensionado conforme a N-2683 (2010)............................ 43
Figura 19 – Esquemático do tanque com olhal dimensionado e instalado no tanque .............. 44
Figura 20 – Geometria 1 ........................................................................................................... 45
Figura 21 – Geometria 2 ........................................................................................................... 46
Figura 22 – Geometria 3 ........................................................................................................... 46
Figura 23 – Geometria 4 ........................................................................................................... 47
Figura 24 – Geometria 5 ........................................................................................................... 47
Figura 25 – Disposição das geometrias 1, 2, 3, 4 e 5 instaladas no tanque (fora de proporção)
para içamento vertical ............................................................................................................... 48
Figura 26 – Disposição das geometrias 1, 2, 3 e 4e 5 instaladas no tanque (fora de proporção)
para tombamento do tanque ...................................................................................................... 48
Figura 27 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A1.................................................. 50
Figura 28 – Destaque para região de alta tensão de Von Misses na simulação A1 .................. 50
Figura 29 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A2.................................................. 51
Figura 30 – Destaque para região de alta tensão de Von Misses na simulação A2 .................. 52
Figura 31 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A3.................................................. 53
Figura 32 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A4.................................................. 54
Figura 33 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A5.................................................. 55
Figura 34 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B1 .................................................. 56
Figura 35 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B2 .................................................. 57
Figura 36 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B3 .................................................. 58
Figura 37 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B4 .................................................. 59
Figura 38 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B5 .................................................. 60
Figura 39 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C1 - parte superior ........................ 61
Figura 40 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C1 - parte inferior.......................... 61
Figura 41 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C2 .................................................. 62
Figura 42 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C3 .................................................. 63
Figura 43 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C4 .................................................. 64
Figura 44 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C5 - parte inferior.......................... 65
Figura 45 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C5 - parte superior ........................ 66
Figura 46 – Modificações de G3 para G6................................................................................. 67
Figura 47 – Vistas da geometria proposta (geometria 6) com dimensões em mm e sua
disposição isométrica ................................................................................................................ 68
Figura 48 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A6.................................................. 69
Figura 49 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B6 .................................................. 70
Figura 50 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C6 .................................................. 71
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fator de amplificação dinâmica – FAD .................................................................. 26


Tabela 2 – Fator de consequência para várias configurações ................................................... 27
Tabela 3 – Espessuras de chapas comerciais finas mais comuns ............................................. 31
Tabela 4 – Filete de solda mínimo para anel de reforço ........................................................... 34
Tabela 5 – Cargas de trabalho nas manilhas em função dos ângulos de solicitação ................ 38
Tabela 6 – Dimensões da manilha selecionada ........................................................................ 42
Tabela 7 – Dimensões do olhal dimensionado ......................................................................... 42
Tabela 8 – Verificações conforme critérios da N-2683 (2010) ................................................ 43
Tabela 9 – Verificações conforme critérios da AISC (1969) ................................................... 43
Tabela 10 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A1................. 51
Tabela 11 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A2 ................. 52
Tabela 12 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A3 ................. 53
Tabela 13 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A4 ................. 54
Tabela 14 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A5 ................. 55
Tabela 15 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B1 ................. 56
Tabela 16 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B2 ................. 57
Tabela 17 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B3 ................. 58
Tabela 18 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B4 ................. 59
Tabela 19 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B5 ................. 60
Tabela 20 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C1 ................. 62
Tabela 21 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C2 ................. 63
Tabela 22 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C3 ................. 64
Tabela 23 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C4 ................. 65
Tabela 24 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C5 ................. 66
Tabela 25 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A6 ................. 69
Tabela 26 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B6 ................. 70
Tabela 27 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C6 ................. 71
Tabela 28 – Içamento vertical com quatro olhais ..................................................................... 72
Tabela 29 – Içamento vertical com dois olhais ........................................................................ 73
Tabela 30 – Tombamento do tanque por quatro pontos ........................................................... 73
LISTA DE SÍMBOLOS

σVM – Tensão equivalente de Von Misses [MPa].


σ1 , σ2 , σ3 – Tensões principais [MPa].
σe – Tensão de escoamento do material [MPa].
Fvertical – Força vertical aplicada no olhal [N].
Fhorizontal – Força horizontal aplicada no olhal [N].
Fresultante – Força resultante aplicada no olhal [N].
tg − Tangente do ângulo [–].
θ − Ângulo da cinta com a horizontal [°].
dpino − Diâmetro do pino da manilha [mm].
T − Espessura total do olhal igual a t olhal + 2 · t anel [mm].
t anel − Espessura do anel de reforço [mm].
t olhal − Espessura da chapa principal do olhal [mm].
Folhal − Reação teórica no olhal [N].
P − Peso do tanque em cada olhal [N].
sen − Seno do ângulo [–].
Fcinta − Força resultante da cinta no olhal [N].
fdc − Fator de desvio de carga [–].
fcp − Fator de contingência de peso [–].
fcg − Fator de incerteza no centro de gravidade [–].
FAD − Fator de amplificação dinâmica para içamento no mar [–].
fc − Fator de consequência da falha do olhal [–].
Fpino − Força atuante no pino da manilha [N].
Pt − Peso total do tanque [N].
R − Raio interno da manilha [mm].
D − Diâmetro do corpo da manilha [mm].
𝑆 − Comprimento interno da manilha [mm].
W − Abertura entre os olhais da manilha [mm].
𝑒 − Diâmetro do olha da manilha [mm].
dfuro − Diâmetro do furo do olhal [mm].
folga − Folga entre o diâmetro do furo e o diâmetro do pino [mm].
R − Raio externo do olhal [mm].
danel − Diâmetro do anel de reforço [mm].
− Fator para permitir a execução do filete de solda entre o anel de
n
reforço e a chapa principal do olhal [–].
σp − Tensão de contato entre o pino e o furo [MPa].
σv − Tensão de cisalhamento na área efetiva [MPa].
rfuro − Raio do furo do olhal [mm].
ranel − Raio do anel de reforço [mm].
σat − Tensão na área líquida efetiva na região do furo [MPa].
− Distância real da borda do furo para a borda externa do olhal, ou
b1
seja, menor valor entre 4 · T e 0,8 · dfuro [mm].
b2 − Menor valor entre ranel − rfuro e b1 [mm].
− Tensão na seção bruta na região logo abaixo do anel de reforço
σae
[MPa].
b3 − Menor valor entre 2R e 2b1 + dfuro + danel [mm].
γ1 = γ2 − Ângulo entre a direção vertical e a aresta do olhal [°].
g solda − Garganta do filete da solda do anel de reforço [mm].
Fanel − Força no anel de reforço [N].
σw − Percentual da tensão de ruptura do eletrodo [MPa].
− Tensão de ruptura do eletrodo, sendo igual a 415 MPa para eletrodo
σwu
E60xx e 485 MPa para eletrodo E70xx [MPa].
asolda − Lado do filete da solda do anel de reforço [mm].
amin − Lado mínimo do filete de solda [mm].
Abase − Área da base [mm2 ].
base − Comprimento da base [mm].
Wipb − Módulo de resistência para momento no plano do olhal [mm3 ].
Wopb − Módulo de resistência para momento fora do plano do olhal [mm3 ].
σp − Tensão provocada pela força axial [MPa].
σipb − Tensão provocada pela força plano do olhal [MPa].
h − Distância do centro do furo até a base de apoio do olhal [mm].
σopb − Tensão provocada pela força fora do plano do olhal [MPa].
− Tensão provocada pela força de cisalhamento na base do olhal
σvb
[MPa].
FS − Fator de segurança [–].
σadm − Tensão admissível, estipulada como a tensão de escoamento [MPa].
σmáx − Máxima tensão de Von Misses determinada nas simulações [MPa].
𝐿𝑅𝑇 − Limite de resistência a tração do material [MPa].
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12
2 OBJETIVO .................................................................................................................. 15
2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................ 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................ 15
3 REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO DE LITERATURA ............................ 16
3.1 MODOS DE FALHA NOS OLHAIS................................................................................ 16
3.2 METODOLOGIAS PARA DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DE OLHAIS.................. 16
3.3 NORMAS PARA ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE OLHAIS ............. 18
3.4 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS E ESTÁTICA ESTRUTURAL DOS SÓLIDOS .... 19
3.5 TEORIA DE FALHA DE VON MISSES.......................................................................... 20
4 METODOLOGIA ....................................................................................................... 22
4.1 GEOMETRIA DO TANQUE E DADOS DA MOVIMENTAÇÃO DA CARGA ................ 22
4.2 DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO DO OLHAL .......................................................... 24
4.3 VERIFICAÇÕES DO DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO ............................................ 32
4.4 OPERAÇÕES COM FORÇAS FORA DO PLANO DO OLHAL ....................................... 35
4.5 MODELAGEM E ANÁLISE ESTRUTURAL .................................................................. 38
4.5.1 Softwares utilizados ....................................................................................................... 38
4.5.2 Definição da malha ........................................................................................................ 38
4.5.3 Critérios da análise das simulações ................................................................................ 39
5 RESULTADOS ........................................................................................................... 40
5.1 RESULTADOS DO DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO DO OLHAL ........................... 40
5.2 SIMULAÇOES ............................................................................................................... 45
5.2.1 Simulação A: içamento vertical com quatro olhais......................................................... 50
5.2.2 Simulação B: içamento vertical com dois olhais ............................................................. 56
5.2.3 Simulação C: tombamento do tanque com 4 pontos ....................................................... 61
5.2.4 Avaliação das simulações A, B e C ................................................................................. 66
5.2.5 Simulações A, B e C para a G6....................................................................................... 69
6 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ........................................................................ 72
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 75
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 76
12

1 INTRODUÇÃO

As atividades de içamento de carga estão presentes em diversas operações de movimentação e


requerem cuidados para a execução do serviço de forma adequada, seguindo as normas
vigentes, mantendo a integridade da carga e a segurança operacional das pessoas.

Levantar uma carga é uma tarefa que deve ser realizada com a análise de diversas variáve is,
como as dimensões do objeto a ser içado, o peso, o volume, o centro de gravidade, os pontos
de içamento, a altura de içamento, as condições climáticas e do terreno. Isso porque a
movimentação apresenta riscos potenciais de acidentes devido aos pesos e pessoas envolvidas.
O risco maior dessa atividade pode ser representado pela queda da própria carga levantada ou
do equipamento responsável pelo içamento, podendo atingir pessoas, provocar danos à carga,
impactar o meio ambiente, o veículo de içamento, patrimônios próprios ou de terceiros,
causando uma série de transtornos (NAVARRO, 2013).

Para a movimentação, são utilizados acessórios com funções específicas, como os cabos de aço,
utilizados para içar ou mover cargas em geral; cintas de elevação, utilizadas para içamento e
responsáveis pela amarração das cargas; correntes, conectores, manilhas, entre outros. Também
existem olhais metálicos, que são componentes críticos presentes em estruturas que precisam
ser movimentadas, pois são responsáveis por suportar o peso da carga nas operações de
içamento.

Segundo PETROBRAS (2010) olhal é uma chapa plana com furo para introdução do pino,
fixada em uma estrutura com a finalidade de transferir a carga de um cabo, tirante ou aparelho.

Para Navarro (2013, p. 27), olhais de içamento, ou pontos de pega são partes da preparadas para
que sejam posicionados os laços, ganchos ou cabos e dimensionados para, em conjunto,
suportar todo o peso da carga.

Os olhais de suspensão são acoplados em pontos de içamento estratégicos, de acordo com o


centro de massa da carga, para que a movimentação seja estável e segura. Este acessório é
extremamente difundido para atividade de movimentação de carga e de engenharia. Isso
assegura aos olhais uma diversidade de fabricantes, modelos, tamanhos, materiais (TEIXEIRA,
2016).
13

A utilização do dispositivo adequado e corretamente projetado traz ganhos em eficiência nas


operações de levantamento de cargas, pois possibilita a otimização no uso do equipame nto
empregado, reduzindo custos com manutenção, fabricação ou locação.

Ademais do quesito segurança, muitas podem ser as causas base de um acidente nas operações
de levantamento de carga. Navarro (2013), em uma análise da ocorrência de acidentes causados
durante a movimentação de cargas, identificou que cerca de 10% dos mesmos ocorreram devido
ao rompimento dos olhais de içamento.

No contexto da movimentação de carga na indústria de exploração e produção de petróleo e


seus derivados, operações de içamento são realizadas constantemente, devido a necessidade de
instalação e remoção de máquinas e equipamentos pesados nas instalações.

Na produção de petróleo terrestre, são instalados tanques próximos aos poços produtores de
petróleo, com a função principal de armazenar o óleo bruto produzido. Por definições
estratégicas de intercambialidade e otimização de recursos, os tanques podem ser realocados
em regiões distintas. Por esse motivo, é premissa de projeto a instalação de olhais soldados na
parte superior do tanque para permitir a sua movimentação a cada necessidade, conforme a
Figura 1.

Figura 1 – Representação esquemática dos olhais instalados no tanque

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nesses tanques de armazenamento de petróleo são realizadas periodicamente inspeções internas


e externas em sua estrutura, para a identificação de corrosões, fraturas e deformações. Após as
14

movimentações dos tanques, as inspeções realizadas têm o objetivo principal de verificar a


integridade estrutural da carga que foi movimentada.

Nas inspeções dos tanques de armazenamento em uma grande empresa produtora de petróleo
terrestre foi detectado que os olhais metálicos deformavam após o içamento da carga, o que
gerava custos adicionais devido a necessidade de substituição destes elementos após a
movimentação.

Ao analisar o procedimento de içamento dos tanques, foi identificada a necessidade de


tombamento da carga após o içamento vertical, devido a restrições de altura do conjunto tanque-
caminhão na movimentação em vias urbanas. Em outros casos, nas movimentações internas
dos campos de petróleo, localizados em vias rurais, só é necessário o içamento vertical da carga
para seu transporte. Diante do exposto acima, o olhal de içamento deve suportar todos os
esforços atuantes, não somente no içamento vertical, quanto no tombamento do tanque. Assim,
a operação da movimentação ocorrerá de forma mais segura e reduzindo os riscos de acidentes.
15

2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo geral propor uma geometria de olhal de içamento para
tanques de armazenamento de petróleo e seus derivados líquidos – composto por chapas de aço-
carbono soldadas – que permita tanto o içamento vertical, quanto o tombamento do tanque.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos deste trabalho:

 Identificar as geometrias existentes em projetos de tanques de armazenamento;

 Definir as cargas atuantes no olhal e suas respectivas direções durante a movimentaç ão;

 Simular as geometrias existentes para as condições reais de movimentação;

 Analisar os resultados das simulações e propor alterações dimensionais.


16

3 REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO DE LITERATURA

3.1 MODOS DE FALHA NOS OLHAIS

A análise de um olhal é complexa, pois há vários modos de falha simultâneos e interativos.


Esses modos de falha estão associados a diferentes áreas do olhal, conforme ilustrado na Figura
2, onde: (1) Falha do olhal pela tração na área líquida; (2) Falha por rasgamento do olhal; (3)
Falha por esmagamento ou rolamento; (4) Falha por tensão circunferencial; (5) Falha por
flambagem, fora do plano do papel (MECHANICALC, 2018).

Figura 2 – Modos de falha de olhal

Fonte: Adaptado de Mechanicalc (2018).

Existem vários métodos na análise dos modos de falha de um olhal. A análise simplificada
baseia-se em princípios de resistência dos materiais e envolve hipóteses simplificadoras sobre
a natureza da falha e fatores de segurança do cálculo e se aplica a geometrias simples e bem
definidas. O método envolve analisar as forças e áreas em cada tipo de falha, considerando os
modos como elas ocorrem, sem realizar a interação entre as falhas. A vantagem é a simplicidade
da análise, mas apenas fornece uma determinação aproximada da adequação do olhal (PINTO,
2002).

3.2 METODOLOGIAS PARA DIMENSIONAMENTO E ANÁLISE DE OLHAIS

Segundo Pinto (2002), a geometria singular de um olhal, tendo em vista a razão de suas áreas
líquida e bruta, bem como a área da aplicação de carga, leva a dúvidas quanto à validade das
equações de resistência dos materiais de forma isolada. Não é adequado desprezar as
concentrações de tensões causadas pela presença de um furo de dimensões comparáveis à
largura do olhal, nem a aplicação da carga em uma área pequena.
17

Devido à grande utilização de olhais em estruturas aeronáuticas, Melcon e Hoblit (1953),


determinou cargas admissíveis precisas, considerando a maioria dos modos de falha em olhais.
O método desenvolvido permite que os olhais sejam carregados em várias direções: axialme nte,
transversalmente ou de forma oblíqua e avalia a interação entre o olhal e o pino. Num estudo
empírico, em diferentes geometrias e materiais, demonstrou-se que os cálculos das normas
vigentes à época variavam desde muito conservativos até perigosamente não conservativos. Os
autores determinaram fatores de eficiência, curvas e correlações de diversos materiais para
diversas condições de carregamento e geometrias de olhais.

Essas observações motivaram o desenvolvimento de metodologias cada vez mais detalhadas no


decorrer dos anos, como a proposta de Ekvall (1986). O trabalho baseou-se na análise de um
grande volume de dados experimentais de cargas para ruptura de olhais e de fatores de
concentração de tensão. Ele determinou que as falhas, calculadas em separado anteriorme nte,
eram, na verdade, relacionadas unicamente pela concentração de tensões elástica na borda do
furo. Foram analisados dois casos específicos de geometria de olhais de lados paralelos ou
afilados.

Referente a este tema, Russo (1992), num estudo analítico e empírico, apresenta um
procedimento utilizando o Modelo de viga de Euler-Bernoulli para prever as tensões
apropriadas no olhal de içamento. Através das formulações, o autor chega a onze variações
geométricas, sendo que três áreas de tensão relativamente alta foram observadas em todos os
modelos de elementos finitos: 1 - Tensões no contato do pino com o orifício do olhal, 2-
Concentração de tensão observados a 90 ° e 180 ° da linha de ação da carga. 3 – Tensão máxima
de Von Misses atrás da área do pino e nas bordas livres superior e inferior da borda de fixação.
Russo (1997), desenvolveu um conjunto de equações adequadas que podem ser utilizadas como
método para projetar olhais.

Choo (1994), num estudo numérico e comparativo, avaliou os efeitos do formato de várias
geometrias de olhais utilizando o software de elementos finitos Abaqus - Dassault Systèmes®.
A força computada para os olhais foi submetida a cargas no plano, comparando com as
equações de projeto disponíveis e dados experimentais das pesquisas de diversos autores, entre
eles Johnston (1939), AISC (1986), Kulak e outros (1987) e Stark e outros (1988). A conclusão
foi que todos os métodos se mostraram precisos para várias geometrias distintas.
18

Saleh (2016), num estudo numérico e experimental comparou o comportamento de diferentes


geometrias de olhais, com e sem anéis de reforço. Os resultados obtidos mostraram que a adição
da placa de reforço aos olhais aumentou a capacidade de carga do elemento e que quanto maior
o tamanho do orifício, menor a capacidade do olhal.

3.3 NORMAS PARA ANÁLISE, SELEÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE OLHAIS

O método proposto de análise de falha fornecido por Maddux (1969) considera a maioria dos
modos de falha nos olhais e usa curvas empíricas para determinar cargas admissíveis. Este
método permite que o carregamento ocorra axialmente, transversalmente ou de forma oblíqua.
A metodologia também explica a interação entre o olhal e o pino.

A American Society of Mechanical Egineers – ASME (2011), ou Sociedade Norte-americana


de Engenheiros Mecânicos, considera a maioria dos modos de falha e usa equações
simplificadas com fatores de correção baseados em dados empíricos para determinar cargas
admissíveis precisas. Este método só permite olhais submetidos a carga axial e não leva em
consideração a interação entre o olhal e o pino.

Para a utilização dos olhais na indústria marítima, a International Organization for


Standardization – ISO 19901-6 (2009), ou Organização Internacional para Padronização,
apresenta diretrizes de dimensionamento de olhais, observando diversas variáveis de
carregamento, condições de carga em diferentes ambientes (no mar, em terra e na costa), com
os fatores de segurança aplicáveis em cada caso.

A Deutsches Institut für Normung – DIN 580 (2010), ou Instituto Alemão para Normatização,
especifica geometrias circulares para o levantamento de carga através de olhais aparafusáve is
na própria carga. Esta norma reúne dados para seleção de olhais feitos de diferentes aços e
fornece orientações sobre seu uso seguro como parte de aparelhos de elevação. O parafuso-
olhal dessa norma não pode ser aplicado aos tanques, foco deste trabalho, por dois motivos: o
primeiro refere-se ao fato de o olhal dessa norma ser apropriado para cargas com estruturas
espessas. Como a estrutura do tanque é uma chapa fina, não é possível a inserção de parafuso.
O outro refere-se que a norma se aplica aos casos de carregamento em que a força está no
mesmo plano do olhal e qualquer carregamento fora do plano deve ser evitado.
19

A norma pública PETROBRAS N-2683 (2010), apresenta um método de dimensioname nto


iterativo e analítico de olhais que atende a verificações de resistência conforme a AISC (1969),
baseadas nos fatores de segurança da ISO 19901-6 (2009).

No que se refere ao projeto do tanque, a norma NBR-7821 (1983) estabelece as exigênc ias
mínimas para tanques destinados ao armazenamento de petróleo e seus derivados líquidos,
incluindo requisitos de localização e fatores de segurança para os olhais de içamento do tanque.

3.4 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS E ESTÁTICA ESTRUTURAL DOS


SÓLIDOS

As análises matemáticas analíticas podem representar situações em diversas áreas das ciências
exata mediante equações matemáticas compatíveis com o real, a forma, o contorno e a função
do modelo. Entretanto, os resultados oferecidos por estes modelos são exatos para geometrias
definidas ou, de certa forma, simplificados, sempre desconsiderando algum fator. Para
problemas com geometrias complexas, a solução analítica pode ser dispendiosa e custar tempo
e nesses casos, a solução numérica através do Método de Elementos Finitos – MEF pode ser
aplicada.

O MEF é uma análise matemática que consiste em discretizar um meio contínuo em diversos
elementos, mantendo as mesmas propriedades do meio original. Tais elementos são descritos
por ED - Equações Diferenciais e resolvidos por modelos matemáticos, obtendo assim os
resultados desejados (ALVES FILHO, 2018).

Para Soriano e Lima (2003, p.3):

Com a finalidade de s ubstituir a resolução analítica das equações em derivadas


parciais dos modelos matemáticos bi e tridimensionais pela resolução de sistemas de
equações algébricas, foram desenvolvidos os métodos discretos, numéricos ou
aproximados. Esses métodos introduzem aproximações adicionais aos modelos
matemáticos, formando os correspondentes modelos discretos, nos quais se busca a
determinação de incógnitas em um número finito de pontos. Contudo, pode -se
afirmar que o método de elementos finitos é o que se aplica de forma mais ampla,
simples e eficiente em análise estrutural.

Segundo Cook (1974), para a obtenção dos resultados de um problema estrutural utilizando o
Método de Elementos Finitos, deverão ser seguidas as seguintes etapas: 1) divisão da estrutura
em elementos finitos com a ajuda de programas pré-processadores (malha); 2) formulação das
20

propriedades de cada elemento; 3) reunião dos elementos para a obtenção de um modelo de


elementos finitos da estrutura; 4) aplicação das cargas necessárias; 5) especificação de como a
estrutura se comporta; 6) resolução simultânea das equações algébricas e lineares; 7) cálculo
das tensões e do deslocamento entre os elementos e interpretação, utilizando programas pós-
processadores.

Para utilizar uma determinada teoria de falha, deve-se calcular as componentes de tensão
normal e de cisalhamento, em pontos do elemento estrutural onde essas tensões são maiores.
Na análise de geometria simples, esses cálculos podem ser realizados através dos fundame ntos
da resistência dos materiais com utilização de fatores de concentração de tensão onde aplicáve l.
Para geometrias complexas, como é o caso deste trabalho, é possível determinar as maiores
tensões por simulação numérica (HIBBELER, 2009).

3.5 TEORIA DE FALHA DE VON MISSES

Para especificar o material adequado num projeto de engenharia, deve-se considerar


principalmente a intensidade das tensões atuantes. Devido a cada material apresentar uma
capacidade de resistir as cargas em um estado de tensão conhecido, é necessário definir um
limite superior ao estado de tensão no material de forma evitar a falha do material.

Nesse contexto, a teoria da energia de distorção máxima, também conhecida como teoria de
falha de Von Misses, foi concebida com base em evidências experimentais e é largamente
utilizada na previsão da falha de materiais dúcteis (HIBBELER, 2009).

A tensão equivalente de Von Misses, pode ser calculada pela Equação 1.

(𝜎1 −𝜎2 ) 2+(𝜎2 −𝜎3 ) 2 +(𝜎1 −𝜎3 ) 2 (1)


𝜎𝑉𝑀 = √ 2

A equação que define essa teoria de falha, para o caso de tensão no plano ou biaxial, é
determinada conforme a Equação 2.

𝜎1 2 − 𝜎1 𝜎2 + 𝜎2 2 ≤ 𝜎𝑉𝑀 2 (2)
21

Essa Equação 2 representa a curva elíptica visualizada na Figura 3. Assim, se um ponto de o


material sofrer uma tensão tal que a coordenada da tensão é marcada no contorno ou fora da
área sombreada, diz-se que o material falha (HIBBELER, 2009).

Figura 3 – Representação gráfica do critério de Von Misses para o estado plano de tensões

Fonte: Adaptado de Hibbeler (2009).

A American Society for Metals – ASM (1993), ou Sociedade Americana dos Metais, expõe que
a teoria da energia de distorção máxima se correlaciona melhor com os dados experimentais e,
deste modo, é geralmente preferida nas simulações estruturais. Nesta teoria, considera-se que o
escoamento ocorre quando a energia de distorção por unidade de volume de um corpo sob
carregamento multiaxial for igual ou menor que a energia de distorção por unidade de volume
em um corpo de prova de tração.
22

4 METODOLOGIA

4.1 GEOMETRIA DO TANQUE E DADOS DA MOVIMENTAÇÃO DA CARGA

O tanque objeto do estudo é composto de chapas de aço A-36 (𝜎𝑒 = 250 MPa), possui 8 toneladas
vazio, 3780 mm de diâmetro e 6150 mm de altura e é içado com cintas de 14 metros. O ângulo
formado por essa configuração é de 82,2°. O projeto prevê a instalação de quatro olhais
distribuídos na circunferência superior do tanque, de mesmo material ou equivalente (A-36).

São duas as operações de movimentação necessárias: içamento vertical e içamento vertical com
tombamento, sendo que toda a movimentação deve ocorrer com o tanque sem fluido (vazio).
Para as operações de içamento vertical, são utilizados quatro olhais para o levantamento da
carga, e o tanque é posicionado sobre a unidade de movimentação, conforme Figura 4a. Para a
operação de içamento, Figura 4b, e tombamento do tanque, Figura 4c, serão utilizados dois
olhais no topo e duas cintas são conectadas na base do tanque, para permitir a sua rotação e a
sua colocação na unidade de movimentação de forma horizontal. A base do tanque é robusta e
permite a amarração de cintas de forma não crítica para o carregamento. A Figura 4 contém a
representação simplificada da operação de movimentação.

Figura 4 – Esquemático das operações de içamento vertical com quatro (a), içamento vertical
com dois olhais (b) e tombamento do tanque (c).

a b c

Fonte: Elaborado pelo autor.

Através da configuração do carregamento, é possível realizar a distribuição de forças da carga


em cada olhal, como representado na Figura 5.
23

Figura 5 – Decomposição de forças no olhal de içamento

𝐹𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙tan𝑡𝑒
𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙

𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑙
Fonte: Elaborado pelo autor.

Realizando a decomposição do triângulo de forças, temos as Equações 3, 4 e 5.

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 (3)


𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 =
número de olhais

𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 (4)
𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 =
𝑡𝑔 𝜃

𝐹𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙tan𝑡𝑒 = √(𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 )2 + (𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 )2 (5)

A área de contato do pino da manilha com o olhal foi considerada como o 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 multiplicado
pela espessura 𝑇 = 2𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 + 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 . Em outros casos, área de contato foi modelada como toda
a superfície do furo, e se aplica a condição de tombamento no tanque em geometrias específicas.

Na Figura 6: em cinza o olhal, em azul o pino, em vermelho a área de contato, e a seta preta
indicando o vetor de força. O ponto preto na segunda imagem demonstra a força fora do plano
do papel.
24

Figura 6 – Modelagem da área de contato para içamento vertical e tombamento do tanque

Fonte: Elaborado pelo autor.

Referente as condições de contorno e parâmetros da simulação, o costado (superfície externa


do tanque) foi modelado como suporte rígido para a inserção do berço (chapa onde o olhal é
instalado para fixação no tanque) do olhal e as faces do berço do olhal, que são soldadas ao
costado, estão engastadas.

4.2 DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO DO OLHAL

Para o içamento vertical, o dimensionamento analítico adotado foi o disposto na norma pública
PETROBRAS N-2683 (2010). A norma tem como escopo estabelecer um procedimento para o
dimensionamento de olhal fabricado de chapa de aço a ser usado para içamento e sustentação
de estruturas de aço e equipamentos.

A norma estabelece os requisitos mínimos a serem atendidos, mas não isenta o projetista de
garantir e efetuar outras verificações necessárias em cada caso. A geometria disposta na norma
é a geometria básica: chapa com espessura determinada, furo central e anéis de reforço. Pela N-
2683 (2010), o dimensionamento do olhal trata-se de um processo iterativo, onde se calcula as
dimensões iniciais e verifica-se posteriormente se a geometria atende aos critérios estabelecidos
pela própria norma e pela AISC (1969). Para este passo pode ser elaborada uma planilha em
editor específico que permite realizar as iterações de forma mais rápida e simplificada para
otimizar o tempo e os resultados.

Os dados inicias para o dimensionamento analítico do olhal são a carga e o ângulo solicitado,
conforme Figura 7.
25

Figura 7 – Configuração básica da força e ângulo aplicados no olhal de içamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

O procedimento é iniciado com a carga em toneladas a que cada olhal está sujeito. Para
encontrar o ângulo da força, basta analisar as dimensões da carga movimentada e o
comprimento das cintas de elevação.

Para a garantir a segurança da operação, o projetista deve avaliar os ângulos críticos que a carga
estará sujeita. Um critério comum e convencionado nas atividades de içamento de carga é
estabelecer o valor mínimo de 30°, entre a cinta e horizontal, indicado pela Figura 8, exatamente
pelo fato de a força na cinta ser equivalente ao peso total da carga nessa configuração.

Figura 8 – Ângulos não-recomendáveis (abaixo de 30°) no içamento de carga

Fonte: Elaborado pelo autor.

A força no olhal pode ser definida como:

𝑃 (6)
𝐹𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 =
𝑠𝑒𝑛𝜃
26

A força no acessório de elevação é calculada por:

𝐹𝑐𝑖𝑛𝑡𝑎 = 𝑓𝑑𝑐 . 𝑓𝑐𝑝 . 𝑓𝑐𝑔 . 𝐹𝐴𝐷. 𝐹𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 (7)

Os fatores 𝑓𝑑𝑐 , 𝑓𝑐𝑝 , 𝑓𝑐𝑔 , 𝐹𝐴𝐷 são determinados pela ISO 19901-6 (2009):

fdc : fator utilizado devido a incompatibilidade de comprimento das cintas utilizadas, como
resultado das tolerâncias de fabricação, refletindo a divisão de carga desigual em um
levantamento.

fcp: fator utilizado para contingência do peso, sendo que há distinção se o peso do tanque for
efetivamente pesado ou se for calculado. Se o peso for calculado o fator deve ser maior que
1,05 e se for pesado o fator deve ser maior que 1,03.

fcg : fator cujo valor reflete a incerteza na posição do centro de gravidade ao distribuir
estaticamente o peso de levantamento entre os pontos de levantamento.

𝐹𝐴𝐷: relação entre um efeito de ação dinâmico e o efeito de ação estático. Um fator de
amplificação dinâmica apropriadamente selecionado pode ser aplicado a ações estáticas para
simular os efeitos de ações dinâmicas.

A Tabela 1 contém os fatores de amplificação dinâmica para várias configurações.

Tabela 1 – Fator de amplificação dinâmica – FAD

MASSA DO FAD NO AR
OBJETO
EM TERRA
LEVANTADO NO MAR NA COSTA
(Toneladas) EM MOVIMENTO PARADO

≤100 1,30 1,15 1,15 1,00

De 100 a 1000 1,20 1,10 1,10 1,00

De 1000 a 2500 1,15 1,05 1,05 1,00

Acima de 2500 1,10 1,05 1,05 1,00

Fonte: Adaptado da ISO 19901-6 (2009).


27

A respeito do fator de consequência:

𝑓𝑐 : Fator aplicado a componentes estruturais críticos no projeto de operações de içamento para


aumentar o fator de segurança em relação às consequências de sua falha.

A Tabela 2 contém os fatores de consequência para vários projetos de carga, como ganchos,
olhais, manilhas.

Tabela 2 – Fator de consequência para várias configurações

CONFIGURAÇÃO FATOR DE CONSEQUÊNCIA 𝒇𝒄

Para carga de gancho 1,00

Para o projeto de cintas, ilhós e manilhas 1,30

Para projeto de pontos de levantamento 1,30

Para design de anexos de pontos de elevação para a estrutura 1,30


Para o projeto de membros diretamente apoiando ou enquadrand o
1,15
nos pontos de levantamento
Para projeto de outros membros estruturais 1,00

Fonte: Adaptado da ISO 19901-6 (2009)

Calcula-se 𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 a partir da 𝐹𝑙𝑖𝑛𝑔𝑎 :

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 = 𝑓𝑐 . 𝐹𝑐𝑖𝑛𝑡𝑎 (8)

A NBR-7821 (1983) destaca que todos os tanques construídos devem ser providos de olhais,
para carga e descarga e colocação sobre fundações e que deve existir um quantitativo mínimo
de dois olhais em cada tanque, inseridos preferencialmente no topo do tanque, e diametralme nte
opostas. Os olhais e as soldas deverão ser dimensionados de tal modo que cada olhal seja capaz
de suportar qualquer carga de valor igual a duas vezes o peso do tanque vazio, baseado num
fator de segurança igual a quatro e que devem ser fixadas de tal maneira que não venham a
causar dano ao tanque.

No entanto, o fator de segurança quatro, informado pela NBR-7821 (1983), refere-se ao


conjunto de dois olhais e não individualmente. Logo, cada olhal deve ser dimensio nado
28

baseado no fator de segurança dois. Assim, se a força 𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 for superior a duas vezes a carga
do tanque, deve-se manter a força gerada pela Equação 8 para os próximos passos. Se o valor
for inferior a duas vezes a carga do tanque, a Equação 8 torna-se 𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 = 2𝑃𝑡.

A manilha deve possuir capacidade de carga igual ou superior ao peso da carga a ser içada. A
seleção da manilha ocorre baseada na NBR-13545 (2012). Após selecionar a manilha
apropriada, deve-se analisar as suas dimensões, conforme pode ser visualizado na Figura 10,
respeitando as folgas dispostas na Figura 11.

Figura 9 – Dimensões da manilha curva

Fonte: Adaptado de Gunnebo (2018).

A partir a seleção da manilha, e do 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 , pode ser determinado o diâmetro do furo do olhal:

𝑑𝑓𝑢𝑟𝑜 = 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 + 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 (9)

Se 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 ≤ 33𝑚𝑚, 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 = 1𝑚𝑚. Se 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 > 33𝑚𝑚, 𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 ≤ 0,03 . 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 ou
𝑓𝑜𝑙𝑔𝑎 = 6 𝑚𝑚 o que for menor.

O encaixe da manilha no olhal deve ocorrer sem interferências, inclusive deve ser verificado se
há espaço para a inserção do cabo de içamento entre a manilha e o olhal. Uma recomendação é
relativa à folga de montagem entre a altura interna da manilha e qualquer parte da chapa do
olhal para inserção do cabo de içamento, que deve ser de 6 mm ou mais. A folga máxima de
montagem entre a espessura do olhal na região do furo e a abertura da manilha (W) deve ser de
25% da abertura entre os furos de encaixe da manilha ou de 12 mm, o que for menor.
29

(PETROBRAS, 2010). A Figura 10 apresenta as folgas que devem ser verificadas na montage m
da manilha com olhal.

Figura 10 – Folgas de montagem da manilha no olhal

Fonte: Adaptado de PETROBRAS (2010).

Ao comparar o diâmetro do furo do olhal e o diâmetro do pino da manilha, podem ser utilizadas
folgas maiores que 3% do diâmetro do pino. Neste caso, as tensões de contato precisam ser
verificadas pelas tensões de Hertz, assim como comparadas com as tensões de Hertz
admissíveis (PETROBRAS, 2010).

A distribuição de pressão, deformação e a área de contato entre dois corpos elásticos circulares
é conhecida como teoria de Hertz. Essa teoria é válida para o contato de corpos não conformes
onde a região de contato é muito menor que o tamanho e o raio de curvatura dos corpos
(JOHNSON, 1987). Mas devido a diversidade de configurações de diâmetros do pino das
30

manilhas dispostas na NBR-13545 (2012) e da flexibilidade da fabricação do diâmetro do furo


em qualquer dimensão, as folgas superiores a 3% devem ser evitadas e não estão consideradas
no procedimento.

A espessura total do olhal 𝑇, com a chapa central e os dois anéis de reforço, deve satisfazer a
Equação 10.

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 (10)
𝑇>
0,9. 𝜎𝑒 . 𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜

A Figura 11 contém as dimensões do olhal em corte, com a chapa principal, anéis de reforço
em ambos os lados da chapa, e os diâmetros respectivos.

Figura 11 – Dimensões do olhal com corte transversal

Fonte: Adaptado de PETROBRAS (2010).

A espessura 𝑇 do olhal, visualizado na Figura 11 deve ser menor do que a abertura da manilha
𝑊, visualizado na Figura 9. Uma alternativa, caso o cálculo indique um valor superior, seria
escolher outro material para a chapa de aço do olhal com maior tensão de escoamento. No
entanto, segundo a PETROBRAS (2010) as chapas do olhal e dos anéis de reforço devem ser
de aço igual ou equivalente ao usado na estrutura a ser içada. Outra solução pode ser selecionar
uma manilha com maiores dimensões.

Em todo caso, a espessura 𝑇 (chapa do olhal somada as chapas dos anéis de reforço), deve ser
maior que o valor indicado pela Equação 10.
31

Os anéis de reforço devem ser soldados à chapa principal do olhal e, quando necessários, devem
ser aplicados aos pares, em ambas as faces do olhal, conforme indicado na Figura 11. A solda
abaixo da metade inferior do anel (semicircunferência) deve ser suficiente para transmitir toda
a força que atua no anel de reforço para chapa principal do olhal. A espessura do anel deve ser
menor ou igual à espessura da chapa principal para evitar excesso de solda. Os diâmetros
internos dos anéis de reforço devem ser iguais ao diâmetro do furo. Após a soldagem dos anéis,
o furo deve ser usinado para garantir a distribuição uniforme da carga no pino da manilha entre
a chapa principal e os anéis de reforço (PETROBRAS, 2010).

Se o olhal consistir de dois anéis de reforço, a espessura é calculada pela Equação 11.

𝑇 = 2𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 + 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 (11)

O dimensionamento do olhal é um processo iterativo, onde se calcula uma espessura inicial e


verifica-se o atendimento aos critérios estabelecidos pela N-2683 (2010) e pela AISC (1969).
O processo é repetido até obter um valor de espessura que satisfaça todas as condições das
normas. Deve-se optar pela chapa de menor espessura, visando requisitos de custo e processos
de fabricação. A Tabela 3 apresenta espessuras comerciais para chapas de aço carbono.

Tabela 3 – Espessuras de chapas comerciais finas mais comuns

ESPESSURA (pol) ESPESSURA (mm)

1/4 6,4

5/16 7,9

3/8 9,5

1/2 12,7

5/8 15,9

3/4 19,1

7/8 22,2

1 25,4

1 1/8 28,6

1 1/4 31,8

1 3/8 34,9

1 1/2 38,1

Fonte: Elaborado pelo autor.


32

O diâmetro externo do anel de reforço é obtido através da Equação 11. O 𝑛 é escolhido pelo
projetista com valores entre 1 e 1,5

𝑑𝑎𝑛𝑒𝑙 ≤ 2. (𝑅 − 𝑛. 𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 ) (12)

4.3 VERIFICAÇÕES DO DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO

Posteriormente ao dimensionamento, devem ser realizadas as verificações abaixo para


confirmar se todas as condições foram atendidas. Caso contrário, cabe ao projetista definir a
melhor estratégia para alteração dos parâmetros, como a espessura da chapa do olhal, ou os
anéis de reforço.

Verificação N-2683 (2010): Contato entre o pino e o furo

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 (13)
𝜎𝑝 = ≤ 0,90𝜎𝑒
𝑑𝑝𝑖𝑛𝑜 · (𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 + 2 · 𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 )

Verificação N-2683 (2010): Cisalhamento na área efetiva


𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 (14)
𝜎𝑣 = ≤ 0,40𝜎𝑒
2 · [(𝑅 − 𝑟𝑓𝑢𝑟𝑜 ) · 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 + (𝑟𝑎𝑛𝑒𝑙 − 𝑟𝑓𝑢𝑟𝑜 ) · 2𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙

Verificação N-2683 (2010): Tração na área líquida efetiva na região do furo

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 (15)
𝜎𝑎𝑡 = ≤ 0,45𝜎𝑒
2 · 𝑏1 · 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 + 4 · 𝑏2 · 𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙

Verificação N-2683 (2010): Escoamento da seção bruta na região logo abaixo do anel de
reforço

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 (16)
𝜎𝑎𝑒 = ≤ 0,60𝜎𝑒
𝑏3 · 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙

Verificação N-2683 (2010): Arrancamento do conjunto do anel de reforço e da chapa


principal do olhal

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 ≤ [2 · 𝑅 + 𝑟𝑎𝑛𝑒𝑙 · (𝛾1 + 𝛾2 )] · 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 · 0,6 · 𝜎𝑒 (17)


33

A seção crítica de falha do olhal, usada na Equação 17, está indicada pela linha traço-ponto na
Figura 8.

Figura 8 – Seção crítica no olhal de içamento

Fonte: PETROBRA S (2010).

Para o dimensionamento da solda, devem ser observadas as nomenclaturas características,


indicadas na Figura 12.

Figura 12 – Nomenclatura de soldagem

Fonte: Adaptado de Kobelco-Welding (2018).

A garganta da solda do anel de reforço deve satisfazer a Equação 18.


𝐹𝑎𝑛𝑒𝑙 (18)
𝑔𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 ≥
π · ranel · Fw

Onde:
𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 (19)
𝐹𝑎𝑛𝑒𝑙 = 𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜
𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 + 2𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙
34

𝜎𝑤 = 0,30 · 𝜎𝑤𝑢 ou 0,40 · 𝜎𝑒 · √ 2 o que for menor (20)

Para determinar o lado mínimo do filete da solda do anel de reforço:

𝑎𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = √2 · 𝑔𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 ≥ 𝑎𝑚𝑖𝑛 (21)

O lado mínimo do filete de solda também é informado na Tabela 4.

Tabela 4 – Filete de solda mínimo para anel de reforço

ESPESSURA DA CHAPA MAIS GROSSA DO FILETE LADO MÍNIMO DO FILETE DE SOLDA

Até 6,4 mm 3 mm

Acima de 6,4 mm até 12,5 mm, inclusive 5 mm

Acima de 12,5 mm até 19,0 mm, inclusive 6 mm

Acima de 19,0 mm 8 mm

Fonte: Adaptado de PETROBRAS (2010).

A área da base de apoio pode ser calculada como

𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑏𝑎𝑠𝑒 · 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 (22)

O módulo de resistência para momento no plano do olhal:

𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 · 𝑏𝑎𝑠𝑒 2 (23)


𝑊𝑖𝑝𝑏 =
6

Módulo de resistência para momento fora do plano do olhal:

𝑏𝑎𝑠𝑒 · 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 2 (24)


𝑊𝑜𝑝𝑏 =
6

Verificação da base conforme AISC (1969), provocado peça força axial

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 · 𝑠𝑒𝑛𝜃 (25)


𝜎𝑝 = ≤ 0,6 · 𝜎𝑒
𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒
35

Verificação da base conforme AISC (1969), provocado pelo momento no plano do olhal

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 · cos𝜃 · ℎ (26)


𝜎𝑖𝑝𝑏 = ≤ 0,6 · 𝜎𝑒
𝑊𝑖𝑝𝑏

A recomendação é o uso de 5% da principal carga de projeto como carga lateral e afirma que
esta carga transversal possa ser resistida por placas de reforço ou reforços adequadamente
projetados. O valor percentual consta no denominador da Equação 27.

Verificação da base conforme AISC (1969), provocado pelo momento fora do plano do
olhal

0,05 · 𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 · ℎ (27)


𝜎𝑜𝑝𝑏 = ≤ 0,75 · 𝜎𝑒
𝑊𝑜𝑝𝑏

Verificação da base conforme AISC (1969), provocado pelas tensões combinadas

𝜎𝑝 𝜎 𝜎𝑜𝑝𝑏
+ 𝑖𝑝𝑏 + ≤ 1,0 (28)
0,6 · 𝜎𝑒 0,6 · 𝜎𝑒 0,75 · 𝜎𝑒

Os valores 0,6 · 𝜎𝑒 e 0,75 · 𝜎𝑒 acima podem variar conforme o AISC (1969) dependendo da
seção considerada no cálculo.

Verificação da base conforme AISC (1969): Verificação do cisalhamento na base do


olhal

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 · cos𝜃 (29)


𝜎𝑣𝑏 = ≤ 0,4 · 𝜎𝑒
2
· 𝐴
3 𝑏𝑎𝑠𝑒

4.4 OPERAÇÕES COM FORÇAS FORA DO PLANO DO OLHAL

A N-2683 (2010), discorre que devem ser usadas chapas de reforço perpendiculares à chapa
principal do olhal para combater os momentos no plano e fora do plano da chapa do olhal.

Para o içamento vertical, existem geometrias de olhais bem difundidas em normas de referência,
inclusive na N-2683 (2010), pois a força de içamento está na direção do plano do olhal e a
manilha está sujeita a força vertical, conforme a primeira imagem da Figura 13.
36

Referente às operações de tombamento da carga (giro), há forças fora do plano do olhal e a


geometria em conjunto com a manilha deve ser capaz de permitir tal operação. Nesse contexto,
existem condições de içamento não recomendáveis para a manilha, devido a variação da direção
da força da cinta, indicada pela segunda imagem da Figura 13.

Figura 13 – Operação de içamento vertical e posterior tombamento (não recomendável)

Fonte: Adaptado de PETROBRAS (2010).

Na Figura 14, também pode ser visualizado a configuração na operação de içamento com
posterior tombamento, onde a força da cinta está situada fora do plano do olhal.

Figura 14 – Posição da manilha permitida (içamento vertical) e não-recomendada


(tombamento)

Fonte: Adaptado de Gunnebo (2018).


37

Isso se deve ao fator da redução da capacidade de carga da manilha, conforme catálogo do


fabricante Gunnebo Industries (2018). A Figura 15 contém as configurações de direção da força
na manilha em vários ângulos de içamento, onde a configuração vertical é a mais indicada.
38

Figura 15 – Direções de carregamento na manilha

Fonte: Adaptado de Gunnebo (2018).

A Tabela 5 indicada a diminuição da carga de trabalho em função de uma configura ção não
vertical.

Tabela 5 – Cargas de trabalho nas manilhas em função dos ângulos de solicitação

ÂNGULO DA CARGA NOVA CARGA MÁXIMA DE TRABALHO

0° 100 % da carga máxima de trabalho original

45° 70 % da carga máxima de trabalho original

50° 50 % da carga máxima de trabalho original

Fonte: Adaptado de Gunnebo (2018).

Assim, configurações fora do plano devem ser evitadas, mas podem ser realizadas desde que
existam acessórios, ou manilhas apropriadas que suportem essa configuração de carregamento.

4.5 MODELAGEM E ANÁLISE ESTRUTURAL

4.5.1 Softwares utilizados

Para a modelagem das geometrias de olhais em 3D utilizou-se o software AutoCAD® 2018 para
as simulações estruturais o software Ansys ® Static Structural 16.0.

4.5.2 Definição da malha

Realizar uma primeira análise da geometria com uma malha mais grosseira, para uma avaliação
inicial das tensões, e depois refinar a malha é uma boa estratégia de análise. O refinamento em
determinada região crítica da peça pode trazer benefícios como a convergência de resultados,
39

mas também aumenta a quantidade de nós no local, o que impõe mais tempo de processamento
e memória necessários do que sem o refinamento. Sabe-se que quanto mais refinada for a malha,
mais estará próxima do contínuo e, portanto, melhores serão os resultados (ANSYS, 2015).

Dessa forma, para cada geometria e condição de içamento, serão realizadas simulações
consecutivas para avaliar a tensão máxima de Von Misses em função do número de elementos.
A malha será gerada inicialmente pelo software e, conforme a necessidade e complexidade da
geometria em estudo, será refinada frente a capacidade de processamento do hardware utilizado.
O refinamento da malha será maior nas áreas de maior concentração de tensão visando a
convergência da simulação. O critério adotado para o refinamento será o de variação máxima
de 3% de entre simulações consecutivas, pois a alteração em tensões superiores a esse valor
adotado não prejudica a análise dos fatores de segurança que serão verificados posteriormente.

4.5.3 Critérios da análise das simulações

As diferentes geometrias dos projetos serão analisadas, comparando-se o resultado da tensão


máxima de Von Misses com o limite de resistência e a tensão de escoamento do A-36. O fator
de segurança para as análises, pode ser calculado através da Equação 29.

𝜎𝑎𝑑𝑚 (30)
𝐹𝑆 =
𝜎𝑚á𝑥

Assim, o fator de segurança será verificado, para validação do atendimento a AISC (1969) –
FS ≥ 5/3 e a NBR-7821 (1983) – FS ≥ 2.
40

5 RESULTADOS

5.1 RESULTADOS DO DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO DO OLHAL

De acordo o peso do tanque, suas dimensões e o comprimento da cinta, é possível determinar o


ângulo de solicitação do olhal, conforme indicado na Figura 16.

Figura 16 – Força e ângulo aplicados no olhal de içamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para manter o dimensionamento de forma conservadora, pode-se optar por utilizar para o
dimensionamento o ângulo θ = 30°, conforme Figura 17. Tal configuração remete a uma
possível situação crítica de solicitação do olhal.

Figura 17 – Esquemático de força e direção crítica no olhal

Fonte: Elaborado pelo autor.


41

Os fatores utilizados foram:

 fdc : Pelas configurações do levantamento, pares combinados de cintas, o valor adotado


foi 1,25.

 fcp: Como o peso do tanque é calculado, adotou-se o valor de 1,10, conforme a própria
N-2683 (2010).

 fcg : Fatores como o de 1,02 são comumente aplicados, conforme a própria N-2683
(2010).

 𝐹𝐴𝐷: Como a massa, de 8 toneladas, é menor que 100 e o carregamento é realizado em


terra, em movimento, o fator selecionado foi de 1,15 conforme a Tabela 1.

 fc : Conforme a Tabela 2, para projeto de pontos de levantamento, ou seja, olhais de


içamento o fator fc deve ser o de 1,30.

Seguindo o procedimento, a força do pino pode ser calculada pela Equação 8.

𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 = 329103,91 N

A força indicada acima será utilizada para o dimensionamento do olhal. Para a manilha, a
seleção ocorre seguindo as tabelas dispostas na NBR 13545 (2012), com o valor a carga máxima
de trabalho, que já possui fatores de segurança inerentes a condições críticas. Optar por
selecionar a manilha numa condição estabelecida pela 𝐹𝑝𝑖𝑛𝑜 acabaria por superdimensionar tal
elemento, gerando custos adicionais para aquisição de forma desnecessária. A manilha deve ser
adequada para suportar as cargas reais de içamento, o que neste caso significa a carga total
dividida pelo número de olhais. No entanto, considerando a inércia da carga, fluidos residuais
agregados a superfície do tanque e outros fatores de segurança, como numa situação crítica de
fratura de alguns acessórios ou dos próprios olhais, a seleção da manilha ocorreu baseada em
uma carga de 10 toneladas.

Pela tabela disposta na NBR 13545 (2012) foi selecionada a manilha curva, tipo F, grau 4, que
suporta as cargas envolvidas e atende as práticas acima. As dimensões da manilha são:
42

Tabela 6 – Dimensões da manilha selecionada

REGIÃO DA MANILHA DIMENSÃO (mm)

𝑑 38

dpino 42

W 61

𝑆 125

Fonte: Elaborado pelo autor.

Calculando as equações e iterações, aplicando as espessuras das chapas comerciais, conforme


Tabela 3, e fazendo as verificações da norma N-2683 (2010), chegou-se ao valor de espessura
"
mínima: 𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 = 1" ou 25,4 mm e 𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 = 1⁄2 𝑜𝑢 12,70 mm.

Assim, as dimensões obtidas para olhal que satisfazem as condições da N-2683 (2010) são
apresentadas abaixo. É importante ressaltar que foram escolhidas as menores dimensões que
atendem as restrições visando redução de custo de material e a fabricação do olhal.

Tabela 7 – Dimensões do olhal dimensionado

REGIÃO DO OLHAL DIMENSÃO

R 90 mm

𝑡𝑜𝑙ℎ𝑎𝑙 25,4 mm

𝑑𝑓𝑢𝑟𝑜 44mm

Folga 2 mm

𝑏𝑎𝑠𝑒 400 mm

γ1 = γ2 40º

H 125 mm

𝑑 𝑎𝑛𝑒𝑙 140 𝑚𝑚

𝑡𝑎𝑛𝑒𝑙 12,7 𝑚𝑚

Fonte: Elaborado pelo autor.

A tensão de ruptura para eletrodo E60xx (MPa) foi utilizada como 415 MPa. Também foram
dimensionados a 𝑔𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = 3,1 mm e 𝑎𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 = 8,0 𝑚𝑚, conforme Tabela 4.

As verificações para o dimensionamento são apresentadas nas Tabelas 8 e 9.


43

Tabela 8 – Verificações conforme critérios da N-2683 (2010)

CRITÉRIO EQUAÇÃO CONFERÊNCIA

Contato entre o pino e o furo 13 154,24 MPa ≤ 225,00 MPa

Cisalhamento na área efetiva 14 55,85 MPa ≤ 100,00 MPa

Tração na região do furo 15 92,02 MPa ≤ 112,50 MPa

Escoamento no anel de reforço 16 71,98 MPa ≤ 150 MPa

Arrancamento o anel e da chapa principal 17 329103 ,91𝑁 ≤ 1058183,44 𝑁

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 9 – Verificações conforme critérios da AISC (1969)

CRITÉRIO EQUAÇÃO CONFERÊNCIA

Força axial 25 16,20 MPa ≤ 150,0 MPa

Momento no plano do olhal 26 52,6 MPa ≤ 150,0 MPa

Momento fora do plano do olhal 27 47,2 MPa ≤ 187,5 MPa

Tensões combinadas 28 0,71 ≤ 1

Verificação do cisalhamento na base do olhal 29 42,8 MPa ≤ 100,0 MPa

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao final do dimensionamento analítico, as dimensões do olhal proposto, baseado na N-2683


(2010) são as informadas na Figura 18.

Figura 18 – Dimensões do olhal dimensionado conforme a N-2683 (2010)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para cargas em geral, existem situações onde é possível a instalação do olhal, juntamente co m
seu berço, na parte superior da carga. Isso facilita a operação com as cintas, pois podem ser
44

obtidos diversos ângulos de içamento, dentro das recomendações, e permite o tombamento da


carga, quando necessário.

No entanto, para tanques de armazenamento, a NBR-7821 (1983), recomenda que a solda entre
as chapas do teto e a cantoneira de topo deverá ser executada de forma que a junta possa ser
considerada frágil e, no caso de uma pressão interna excessiva, esta romperá antes das juntas
do costado do tanque ou da junta entre o costado e fundo. Assim, sujeitar o teto do tanque a
uma operação de carregamento com a inserção de olhais será desconsiderada para atendime nto
da norma supracitada e, para este trabalho, os olhais são projetados para serem instalados no
costado do tanque e na parte superior, conforme identificado na Figura 19.

Figura 19 – Esquemático do tanque com olhal dimensionado e instalado no tanque

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dentre as simulações que serão realizadas, será avaliada a condição onde a carga atuará com
direção perpendicular ao plano do olhal, numa operação de tombamento do tanque. Assim, se
houver necessidade, chapas perpendiculares à chapa principal do olhal serão adicionadas à
geometria, conforme determina a norma N-2683 (2010). A geometria dimensionada com os
critérios da norma N-2683 (2010) se aplica somente nos casos de içamento vertical, com a força
aplicada na direção do plano do olhal. Quanto à operação de tombamento, se for verificado que
a geometria suporta as cargas fora do plano do olhal e que exista algum dispositivo, como
manilhas apropriadas, que suportem cargas em direções críticas, a mesma pode ser utilizada.
45

5.2 SIMULAÇOES

Foram identificadas 4 geometrias de olhais de içamento nos projetos dos tanques e seu
detalhamento foi omitido devido ao nível de proteção dos documentos oficiais. Apesar disso,
uma descrição em formato de texto é realizada para as dimensões básicas, como diâmetro do
furo, altura e largura e espessuras das chapas de aço.

As geometrias foram identificadas como geometria 1, 2, 3 e 4. A geometria obtida no


dimensionamento analítico foi designada como geometria 5.

A geometria 1 consiste no formato mais básico de olhal: uma chapa principal com furo central,
visualizado pela Figura 20, possui este formato: furo de diâmetro 50 mm, diâmetro do olhal de
150 mm e chapa 3/8" x 150 x 160 mm.

Figura 20 – Geometria 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

A geometria 2, na Figura 21, possui esse formato: furo de diâmetro 50 mm, diâmetro do olhal
de 150 mm e chapa do olhal 5/8" x 150 x 435 mm. A chapa localizada na parte central tem 5/8"
x 104 x 247 mm.
46

Figura 21 – Geometria 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

A geometria 3, na Figura 22, é uma variação da geometria 2, com a inclusão de uma nervura
5/8" x 104 x 15l mm, perpendicular à chapa central, além de um anel de reforço aplicado em
somente um dos lados do olhal, com diâmetro 90 mm, e espessura de 1/2".

Figura 22 – Geometria 3

Fonte: Elaborado pelo autor.

A geometria 4, na Figura 23, tem chapa principal do olhal 3/4" x 200 x 245 mm, furo de 55 mm
de diâmetro, mais dois anéis de reforço em ambos os lados do olhal, com 1/4" e diâmetro de
130mm. A nervura perpendicular é uma chapa 1/2" x 216 x 240 mm.
47

Figura 23 – Geometria 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

A geometria 5 foi determinada conforme a N-2683 (2010) e consta na Figura 24. As dimensões
estão dispostas na Figura 18.

Figura 24 – Geometria 5

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na Figura 25 são visualizados o local de instalação das geometrias descritas nas seções acima,
assim como a disposição das mesmas no içamento vertical.
48

Figura 25 – Disposição das geometrias 1, 2, 3, 4 e 5 instaladas no tanque (fora de proporção)


para içamento vertical

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a operação de içamento, a área de contato para todas as figuras foi modelada como
esquematizado na primeira imagem da Figura 6.

Referente a operação de tombamento, não é recomendado a aplicação das geometrias 1, 4 e 5.


Baseado nisso, a área de aplicação da força será modelada em torno de todo o furo do olhal,
para verificar as concentrações de tensão fora do plano inicial de carregamento, conforme
indicado pela segunda imagem da Figura 6. Para as geometrias 2 e 3, ocorre o alinhamento da
manilha com o olhal, mantendo a carga na direção vertical. Nestas configurações, a área será a
mesma do içamento vertical, modificando a direção da força.

Na Figura 26 são visualizados o local de instalação das geometrias descritas nas seções acima,
assim como a disposição das mesmas no tombamento do tanque.

Figura 26 – Disposição das geometrias 1, 2, 3 e 4e 5 instaladas no tanque (fora de proporção)


para tombamento do tanque

Fonte: Elaborado pelo autor.


49

Através da geometria básica, altura e diâmetro do tanque e dos tamanhos das cintas, podem ser
definidos os ângulos envolvidos na operação de içamento e tombamento e as forças vertical e
horizontal. Baseados nos tópicos descritos anteriormente, para cada geometria serão realizadas
as simulações abaixo. A nomenclatura 𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 , 𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 e o ângulo 𝜃 é utilizada para
representar a configuração no momento final da operação, tanto de içamento quanto de
tombamento.

Simulação A: Tensão máxima equivalente de Von Misses na operação real de içamento, com
quatro olhais e com ângulos definidos.

𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 = 19600,0 N
𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 = 2670,9 N
𝜃 = 82,2 °

Simulação B: Tensão máxima equivalente de Von Misses na operação real de içamento, com
dois olhais e com ângulos definidos.
𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 = 39200,0 N
𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 =5341, 85
𝜃 = 82,2 °

Simulação C: Tensão máxima equivalente de Von Misses na operação real de tombamento,


com dois olhais e dois apoios na base do tanque, com ângulos definidos.

𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 = 19600,0 N
𝐹ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 = 2670,9 N
𝜃 = 82,2 °

Após as simulações, será avaliado o atendimento aos fatores de segurança e proposta uma nova
geometria apropriada para a operação de içamento e tombamento do tanque.
50

5.2.1 Simulação A: içamento vertical com quatro olhais

SIMULAÇÃO A1

A maior concentração de tensão foi encontrada no furo do olhal, na região do contato com o
pino conforme Figura 27. Outro ponto de alta concentração de tensão foi na ligação do olhal
com seu berço, conforme destacado na Figura 28.

Figura 27 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 28 – Destaque para região de alta tensão de Von Misses na simulação A1

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão, como na região do furo e na ligação do olhal com a chapa do berço. Na Tabela 10 podem
51

ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima de Von Misses em função do
número de elementos da malha.

Tabela 10 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A1

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 2585 143,16 -

2 29701 154,49 7,33%

3 81095 157,67 2,02%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 157,67 MPa.

SIMULAÇÃO A2

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal com a nervura central,
conforme destacado na Figura 29. Outro ponto de alta concentração de tensão foi no furo do
olhal, na região do contato com o pino conforme Figura 30.

Figura 29 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A2

Fonte: Elaborado pelo autor.


52

Figura 30 – Destaque para região de alta tensão de Von Misses na simulação A2

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 11 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 11 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A2

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 4848 79,848 -

2 7776 86,01 7,16%

3 32807 86,634 0,72%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 86,634 MPa.
53

SIMULAÇÃO A3

A maior concentração de tensão foi encontrada na região inferior do anel de reforço conforme
Figura 31.

Figura 31 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A3

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 12 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 12 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A3

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 75828 70,717 -

2 174800 72,433 2,37%

3 433287 72,938 0,69%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 72,433 MPa.
54

SIMULAÇÃO A4

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação da chapa principal do olhal com seu
berço, conforme destacado na Figura 32.

Figura 32 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A4

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 13 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 13 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A4

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 73353 70,244 -

2 232367 71,851 2,24%

3 518417 72,113 0,36%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 71,851 MPa.
55

SIMULAÇÃO A5

A maior concentração de tensão foi encontrada no furo do olhal, na região do contato com o
pino conforme Figura 33.

Figura 33 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A5

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 14 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 14 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A5

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 38418 22,239 -

2 79553 23,52 5,45%

3 149491 23,671 0,64%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 23,671 MPa.
56

5.2.2 Simulação B: içamento vertical com dois olhais

SIMULAÇÃO B1

A maior concentração de tensão foi encontrada no furo do olhal, na região do contato com o
pino conforme Figura 34. Outro ponto de alta concentração de tensão foi na ligação do olhal
com seu berço, conforme destacado.

Figura 34 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B1

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 15 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 15 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B1

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 2655 282,59 -

2 4711 286,91 1,51%

3 7207 289,99 1,06%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 286,91 MPa.
57

SIMULAÇÃO B2

A maior concentração de tensão foi encontrada no furo do olhal, na região do contato com o
pino conforme Figura 35.

Figura 35 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B2

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 16 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 16 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B2

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 5607 154,59 -

2 7776 172,02 10,13%

3 11691 174,52 1,43%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 174,52 MPa.
58

SIMULAÇÃO B3

A maior concentração de tensão foi encontrada na região inferior do anel de reforço conforme
Figura 36.

Figura 36 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B3

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 17 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 17 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B3

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 27149 145,56 -

2 45560 143,54 1,41%

3 104056 144,09 0,38%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergênc ia, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 143,54 MPa.
59

SIMULAÇÃO B4

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação da chapa principal do olhal com seu
berço, conforme destacado na Figura 37.

Figura 37 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B4

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 18 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 18 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B4

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 16060 126,21 -

2 26711 131,39 3,94%

3 39729 134,75 2,49%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 134,75 MPa.
60

SIMULAÇÃO B5

A maior concentração de tensão foi encontrada no furo do olhal, na região do contato com o
pino conforme Figura 38.

Figura 38 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B5

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 19 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 19 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B5

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 12213 41,524 -

2 14338 42,607 2,54%

3 18914 42,936 0,77%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 42,607 MPa.
61

5.2.3 Simulação C: tombamento do tanque com 4 pontos

SIMULAÇÃO C1

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal com a chapa do berço,
conforme Figura 39.

Figura 39 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C1 - parte superior

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na parte inferior do olhal também foi verificado altas concentrações de tensão, conforme
visualizado na Figura 40.

Figura 40 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C1 - parte inferior

Fonte: Elaborado pelo autor.


62

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 20 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 20 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C1

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 13277 760,05 -

2 23816 790,97 3,91%

3 49654 807,54 2,05%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 807,54 MPa.

SIMULAÇÃO C2

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal com a chapa do berço,
conforme Figura 41.

Figura 41 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C2

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 21 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.
63

Tabela 21 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C2

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 3887 241,55 -

2 7433 250,72 3,66%

3 22637 253,53 1,11%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 253,53 MPa.

SIMULAÇÃO C3

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal a chapa do berço, na nervura
de apoio à chapa principal do olhal, conforme Figura 42.

Figura 42 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C3

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 22 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.
64

Tabela 22 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C3

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 27149 99,917 -

2 45351 97,888 2,07%

3 85189 96,097 1,86%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 97,888 MPa.

SIMULAÇÃO C4

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal com a chapa do berço,
conforme Figura 43.

Figura 43 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C4

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 23 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.
65

Tabela 23 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C4

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 46676 574,21 -

2 79906 592,00 3,01%

3 148592 585,35 1,14%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 585,35 MPa.

SIMULAÇÃO C5

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal com a chapa do berço, na
parte inferior, conforme Figura 44.

Figura 44 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C5 - parte inferior

Fonte: Elaborado pelo autor.

Também foram encontradas altas concentrações de tensão na parte superior da ligação do olhal
com a chapa do berço, conforme Figura 45.
66

Figura 45 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C5 - parte superior

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentração de
tensão. Na Tabela 24 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 24 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C5

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 17127 78,508 -

2 21397 79,736 1,54%

3 28559 80,301 0,70%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 79,736 MPa.

5.2.4 Avaliação das simulações A, B e C

A partir da avaliação dos resultados das simulações de cada geometria, em todas as geometrias
analisadas foi verificado o não atendimento ao FS>2, disposto na NBR-7821 (1983), na
operação de tombamento do tanque, exceto a geometria 5. Mas tal geometria não é adequada
para a operação de tombamento do tanque, devido a montagem da manilha, conforme seção 4.4
67

Dessa forma, deve ser proposta uma geometria adequada que atenda aos fatores estipulados.
Para isso, foi avaliada a geometria que apresentou melhores resultados na operação de
tombamento e que permita tal operação (geometria 3). A partir da análise dessa geometria e dos
resultados das simulações foi possível propor várias alterações dimensionais da mesma.

Devido à grande parte dos resultados mostrar uma grande concentração de tensão na região do
furo, o primeiro requisito da N-2683 (2010) observado foi o encaixe entre a espessura do olhal
(T) e a abertura entre os furos da manilha (W), conforme Figura 10. Para esse encaixe o ideal é
um menor nível de folga. Outra alteração na geometria 3 consistiu em uma nova configuração
da chapa principal do olhal, com anéis de reforço em ambos os lados da chapa principa l,
aumento dos diâmetros desses anéis de acordo a N-2683 (2010) e a diminuição do furo. As
nervuras central e lateral, que são chapas de apoio, também tiveram suas dimensões aumentadas
como consequência do aumento da espessura da chapa principal do olhal. O alongamento da
geometria também foi necessário para permitir a operação de soldagem do anel de reforço em
ambas as faces do olhal e para obedecer a requisitos do processo de soldagem, que exige
distâncias toleráveis entre soldas. Assim, houve um aumento das chapas originais da geometria
3 de 5/8" para 3/4"(15,9 para 19,1 mm), suficientes para satisfazer todos os critérios
geométricos.

Figura 46 – Modificações de G3 para G6

Fonte: Elaborado pelo autor.

A implementação dos requisitos da N-2683 (2010) permitiu determinar a geometria 6, com


chapas de aço mais espessas, furo de menor diâmetro, maior diâmetro do anel de reforço e
aplicado em ambas as faces do olhal, conforme Figura 47.
68

Figura 47 – Vistas da geometria proposta (geometria 6) com dimensões em mm e sua disposição isométrica

Fonte: Elaborado pelo autor.


69

5.2.5 Simulações A, B e C para a G6

SIMULAÇÃO A6

A maior concentração de tensão foi encontrada na região inferior do anel de reforço conforme
Figura 48.

Figura 48 – Máxima tensão de Von Misses na simulação A6

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentrações de
tensão. Na Tabela 25 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 25 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação A6

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 114622 42,31 -

2 222516 43,086 1,80%

3 288215 43,593 1,16%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 43,086 MPa
70

SIMULAÇÃO B6

A maior concentração de tensão foi encontrada na região inferior do anel de reforço conforme
Figura 49.

Figura 49 – Máxima tensão de Von Misses na simulação B6

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentrações de
tensão. Na Tabela 26 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 26 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação B6

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 54664 78,166 -

2 56663 79,908 2,18%

3 93633 79,737 0,21%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 79,908 MPa.
71

SIMULAÇÃO C6

A maior concentração de tensão foi encontrada na ligação do olhal a chapa do berço, na nervura
de apoio à chapa principal do olhal, conforme Figura 50.

Figura 50 – Máxima tensão de Von Misses na simulação C6

Fonte: Elaborado pelo autor.

O refinamento de malha foi realizado nas regiões onde ocorreram maiores concentrações de
tensão. Na Tabela 27 podem ser visualizadas as simulações realizadas, com a tensão máxima
de Von Misses em função do número de elementos da malha.

Tabela 27 – Malhas utilizadas para verificação de convergência da simulação C6

NÚMERO DE TENSÃO
SIMULAÇÃO VARIAÇÃO
ELEMENTOS MÁXIMA (MPA)
1 35523 118 -

2 84698 122,58 3,74%

3 182010 121,48 0,91%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as simulações realizadas, seguindo os critérios de escolha de convergência, o valor da


tensão de Von Misses na região do furo adotada foi de 121,48 MPa.
72

6 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

As Tabelas 28, 29 e 30 apresentam a compilação dos resultados para cada bloco de simulações
realizadas, bem como os fatores de segurança e a verificação de acordo as normas AISC (1969)
e NBR-7821 (1983).

Para a o içamento vertical com quatro olhais, representado na Tabela 28, pode-se observar que
todas as simulações geraram valores inferiores tensão de escoamento do A-36. A geometria 1
foi a que mais se aproximou dessa condição crítica, com a tensão máxima de Von Misses de
157,67 MPa e fator de segurança de 1,59, superior aos requisitos da AISC (1969) e da NBR-
7821 (1983). Devido a isso, tal elemento não está apto a operação de içamento vertical com
quatro olhais.

Em contrapartida, as geometrias 2, 3, 4, 5 e 6 estão aptas a essa operação, pois não foram


observados valores de concentração de tensão superiores aos requisitos das normas de
referência, satisfazendo a ambos os critérios estabelecidos.

Tabela 28 – Içamento vertical com quatro olhais

𝑭𝑺 AISC 𝑭𝑺 NBR -
𝛔𝐦á𝐱 𝑳𝑹𝑻 A-36 𝝈𝒆 A-36
SIMULAÇÃO 𝑭𝑺 (1969) 7821 (1983)
(MPa) 400 MPa 250 MPA
FS ≥ 5/3 FS ≥ 2
A1 157,67 Abaixo Abaixo 1,59 Não satisfaz Não satisfaz

A2 86,634 Abaixo Abaixo 2,89 Satisfaz Satisfaz

A3 72,433 Abaixo Abaixo 3,45 Satisfaz Satisfaz

A4 71,851 Abaixo Abaixo 3,48 Satisfaz Satisfaz

A5 23,671 Abaixo Abaixo 10,56 Satisfaz Satisfaz

A6 43,086 Abaixo Abaixo 5,80 Satisfaz Satisfaz

Fonte: Elaborado pelo autor.

Referente ao içamento vertical com dois olhais, nota-se que a geometria 1 teve resultados
superiores a tensão de escoamento do material, o que corroborou sua incapacidade de suportar
os esforços da operação, pois haverá deformação plástica do elemento.

Referente a geometria 2, os valores de tensão provocados pela operação não satisfazem aos
requisitos de ambos os fatores de segurança. A geometria 3 satisfez aos critérios da AISC
73

(1969), mas não o da NBR-7821 (1983), fato que ocorreu também com a geometria 4. Quanto
as geometrias 5, dimensionada conforme a N-2683 (2010), e a geometria 6, adaptação da
geometria 3, os fatores se segurança foram satisfeitos.

Tabela 29 – Içamento vertical com dois olhais

𝑭𝑺 AISC 𝑭𝑺 NBR -
𝛔𝐦á𝐱 𝑳𝑹𝑻 A-36 𝝈𝒆 A-36
SIMULAÇÃO 𝑭𝑺 (1969) 7821 (1983)
(MPa) 400 MPa 250 MPA
FS ≥ 5/3 FS ≥ 2
B1 286,91 Abaixo Acima - Não satisfaz Não satisfaz

B2 174,52 Abaixo Abaixo 1,43 Não satisfaz Não satisfaz

B3 143,54 Abaixo Abaixo 1,74 Satisfaz Não satisfaz

B4 134,75 Abaixo Abaixo 1,86 Satisfaz Não satisfaz

B5 42,607 Abaixo Abaixo 5,87 Satisfaz Satisfaz

B6 79,908 Abaixo Abaixo 3,13 Satisfaz Satisfaz

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a condição de tombamento do tanque, onde os esforços estão aplicados fora do plano da
chapa principal do olhal, a geometria 1 e 4 apresentaram tensão superior ao limite de resistênc ia
do A-26, indicado a fratura desses elementos nessa condição de carregamento. A geometria 2
apresentou tensões abaixo do limite de resistência, mas acima da tensão do escoamento,
indicando uma deformação plástica do olhal, fato que não ocorreu com a geometria 3, que
satisfez a ambos os fatores de segurança estabelecidos. A geometria 5 e 6 satisfizeram a ambos
os requisitos da AISC (1969) e NBR-7821 (1983).

Tabela 30 – Tombamento do tanque por quatro pontos

𝑭𝑺 AISC 𝑭𝑺 NBR -
𝛔𝐦á𝐱 𝑳𝑹𝑻 A-36 𝝈𝒆 A-36
SIMULAÇÃO 𝑭𝑺 (1969) 7821 (1983)
(MPa) 400 MPa 250 MPA
FS ≥ 5/3 FS ≥ 2
C1 807,54 Acima Acima - Não satisfaz Não satisfaz

C2 253,53 Abaixo Acima - Não satisfaz Não satisfaz

C3 97,888 Abaixo Abaixo 2,55 Satisfaz Satisfaz

C4 585,35 Acima Acima - Não satisfaz Não satisfaz

C5 79,736 Abaixo Abaixo 3,14 Satisfaz Satisfaz

C6 121,48 Abaixo Abaixo 2,06 Satisfaz Satisfaz

Fonte: Elaborado pelo autor.


74

Pode-se verificar que a geometria 5 está adequada para içamentos verticais, tendo apresentado
os melhores resultados nas simulações A, B e C, com fator de segurança superior as demais.
No entanto, tal formato não possibilita a conexão recomendada entre a manilha e o olhal no
final da operação de tombamento. De todo modo, é a geometria mais indicada para os içamentos
verticais, e, onde for necessário e possível à sua instalação nas cargas para permitir o
tombamento (como em cargas que a geometria possa ser instalada no teto, conforme discutido
na seção 4.4.

Pode-se verificar que a geometria 6 foi a única que satisfez a ambos os fatores de segurança
avaliados e que permite a operação de tombamento do tanque, ou seja, o seu formato possibilita
o tombamento da carga de forma a manter a manilha nas condições usuais de operação
recomendadas pelos fabricantes.
75

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo foi possível implementar o método iterativo de dimensionamento de olhais


conforme a N-2683 (2010), e realizar simulações na operação de içamento e tombamento do
tanque em diferentes geometrias de olhais.

A análise dos dados mostrou que para as condições de içamento vertical as maiores
concentrações de tensão ocorrem (1) na região da conexão do pino da manilha com o orifíc io
do olhal (2) no ponto ao longo da linha onde o olhal é preso à estrutura e, quando da instalação
de anéis de reforço, (3) na parte inferior deste, a 180 graus de ação da carga, conforme
identificado por Russo (1992), o que comprova a validade das simulações realizadas.

Após a análise dos resultados das simulações pode-se concluir que a geometria 5, gerada pelo
dimensionamento conforme a N-2683 (2010), apresentou menores concentrações de tensão
para o içamento vertical devido a uma área de contato maior do pino com o furo, que
consequentemente diminuiu os níveis de tensão. Entretanto, observou-se que os fatores de
segurança aplicados superestimam a força de içamento, gerando um olhal que suporta os
esforços envolvidos, mas demasiadamente grande em termos de dimensões, sugerindo uma
tratativa conservadora da norma. No entanto, para o tombamento do tanque, a geometria 5 não
é adequada em função da configuração da manilha.

Diante de tal fato, a geometria 6 foi capaz de diminuir os níveis de tensão na região do furo,
satisfazendo todos os requisitos geométricos da N-2683 (2010), assim como ambos os fatores
de segurança da AISC (1969), FS ≥ 5/3 e da NBR-7821 (1983) FS ≥ 2.

Como proposta para futuros trabalhos, sugere-se a confecção das geometrias em corpos de
prova para a execução de ensaios destrutivos para confirmar os resultados deste trabalho.
Também pode ser realizada a análise dinâmica da rotação da carga na operação de içamento e
tombamento, assim como pode ser verificado combinações distintas de diâmetros de olhais e
anéis de reforço, ou até mesmo outros formatos geométricos, para otimizar os custos envolvidos
no processo de fabricação dos olhais.
76

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