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a) Na data acordada, o preço convencionado não foi pago.

De quem
pode A reclamar o pagamento?
(se for aval  Em relação ao aval, este é uma garantia pessoal em que o
garante responde com todo o seu património, sendo neste caso uma garantia
de obrigações cambiárias, suportadas em letras, livranças ou cheques, as
quais podem ser garantias pelo aval. O aval é autónomo da obrigação principal,
assim, se a obrigação principal for nula, a nulidade não se estende a este,
salvo se a causa for nulidade por vicio de forma, assim o avalista responde
sempre para o credor. E responde solidariamente para com o devedor perante
o credor que pode não ser o credor inicial, mas o portador de título. Por o título
circular é que o aval é autónomo da obrigação principal, podendo demandar o
garante independentemente de ter demandado ou não o devedor. Também o
aval é uma garantia imprópria, nos mesmos termos que a fiança porque é
acessória à obrigação principal.)
No caso sub iudice quando A vende a C (casado com D no regime supletivo de
bens, estamos perante um contrato de trespasse de estabelecimento
comercial, artigo 1112º CC, sendo o negócio da transmissão definitiva da
propriedade do estabelecimento. Deste modo, ao abrigo do artigo 2º CCom
trata se de um ato objetivamente comercial ao abrigo do artigo 463ºCCom, que
aplicamos por analogia para imóveis, artigo 230º CCom.
No que respeita à questão colocada A poderá demandar F, o fiador, para o
pagamento em causa, uma vez que de acordo com o artigo 101º CCom, o
fiador será solidário com o afiançado, este regime é imperativo, pelo que não
pode ser afastado pelas partes sob pena de nulidade, art. 294º CC, não
obstante, o F, por não ser credor e porque estamos perante a fiança mercantil,
caso proceda ao pagamento da dívida goza do direito de regresso na íntegra.
Contudo, F, não goza do benefício da excussão prévia, artigo 638º CC, ou seja,
A pode demandar ab initio F.
Além desta solução o artigo 1691º/d) CC estabelece que são da
responsabilidade de ambos os cônjuges as dívidas contraídas por qualquer um
dos cônjuges no exercício do comércio salvo se se provar que não foram
contraídas em proveito comum do casal ou se vigorar entre os cônjuges o
regime da separação de bens. A comunicabilidade da dívida segundo o artigo
1691º CC pressupõe o preenchimento de 4 requisitos cumulativos, que a dívida
seja contraída por comerciante, art. 13º CCom sem o consentimento do
cônjuge, ocorrendo a dívida na pendência do casamento, art. 1690º/e CC. Que
a dívida seja contraída em proveito comum do casal, competindo ao cônjuge
provar o contrário. Que entre os cônjuges vigore o regime da comunhão de
bens e que a dívida seja contraída no exercício do comércio e da atividade
mercantil, sendo o cônjuge que tem de provar o contrário para que não lhe seja
aplicável o regime do artigo 1695º CC. Deste modo, não conseguindo D provar
que a dívida não está conexionada com o exercício do comércio de C ou que
não foi em proveito comum do casal, aplica-se o regime da comunicabilidade
da dívida e respondem os bens comuns quer solidariamente os bens próprios
de cada um, artigo 1695º CC.
b) 2 meses depois de celebrado o contrato de trespasse, A abriu um
estabelecimento similar numa cidade cita a 120km’s do
estabelecimento trespassado.
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Existe uma obrigação implícita de não concorrência, artigo 1031/b) e 1037º/1
CC, ou seja, durante algum tempo e numa certa área geográfica e económica
existe uma obrigação de o trespassante assegurar ou transmitir o
estabelecimento comercial. A obrigação implícita de não concorrência tem três
limites o limite espacial desta obrigação importa saber se o facto de ele ter
aberto a uma distância de 120km’s se prende com a capacidade ou aptidão
para o trespassante desviar a clientela , incumprindo assim com a sua
obrigação. No âmbito temporal a jurisprudência fá-lo variar entre 2 a 5 anos,
em função do tipo de atividade e de estabelecimento comercial, do local, entre
outros critério. No âmbito objetivo ou de sujeitos, os sujeitos passivos da
obrigação não podem reiniciar o exercício de uma atividade concorrente com a
exercida através da empresa trespassada, de uma atividade económica notado
ou em parte igual ou sucedânea. Não pode desempenhar funções de direção
em empresa alheia e concorrente da trespassada.
Deste modo, podemos verificar que há um incumprimento por parte de A da
obrigação de não concorrência, de acordo com o âmbito temporal, podendo C
interpor ação para cumprimento da obrigação, artigo 817º CC, podendo ser
completado com uma sanção pecuniária compulsória, artigo 829º-A. Pode C
exigir que A feche o estabelecimento comercial, art. 829º/1 CC. E pode C
resolver o contrato que tem com A por incumprimento, art. 801º CC, tendo a
resolução efeitos retroativos, art. 434º. Além de C pedir uma indemnização nos
termos do art. 798º CC.
c) Imaginemos que os contratos estão todos celebrados, foi feita a
compra e venda, o veículo foi entregue, e algum tempo depois o
veículo apresenta vícios, defeitos graves. O que é que o locatário
financeiro tem de fazer?
Como não há nenhum contrato celebrado entre o locatário e o vendedor, o 13º
DL 149/95, 24 de Junho vem dizer que o locatário pode exercer contra o
vendedor (ou empreiteiro) todos os direitos relativos ao bem locado resultantes
do contrato de compra e venda ou da empreitada, ou seja, a lei confere ao
locatário todos os direitos que seriam executáveis pelo locador, numa situação
normal, apesar de não haver um contrato entre o B e o C. Assim, neste 13º,
cria-se uma coligação contratual, onde é como se o comprador fosse o
locatário, o que significa que a lei, tendo em conta os interesses em causa
confere ao locatário a faculdade de exercer todos os direitos que derivam do
contrato de compra e venda contra o vendedor.
Além disso, segundo o artigo 10º DL 149/95 o locatário tem de avisar
imediatamente o locador sempre que tenha conhecimento de vícios do bem,
sendo certo que o art 12º do referido decreto lei diz que o locador não
responde pelos vícios do bem locado afastando assim a responsabilidade do
locador.
d) Imaginemos que o vendedor não repara a coisa nem substitui. O
que é que o locatário pode fazer?
Em caso em caso de incumprimento definitivo parte do vendedor, o locatário
pode resolver o contrato; ou seja, se houver incumprimento por parte do
vendedor, compete ao locatário fazer uma interpelação admonitória (808º CC)

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e se houver incumprimento definitivo pode o locatário resolver o contrato.
Haverá direito a uma indemnização (interesse contratual positivo, 801º CC) e
uma indemnização pela mora (804º CC). Portanto todos esses direitos serão
exercidos como consequência do 13º DL 149/95, 24 de Junho, exercidos pelo
locatário. Pode ainda, se houver fundamento para a anulação do contrato por
vícios que a coisa tenha (905º CC), caso ele não queira resolver o contrato
fazer uma redução de preço (911º CC) por venda de coisas defeituosas (913º
CC), e todas as indemnizações daí sejam decorrentes, é o locatário que exerce
esses direitos. Se houver necessidade de reparar, substituir, … a coisa, é o
locatário se que vai dirigir ao vendedor de forma a resolver esse problema.
O locatário não pode recorrer é à exceção de não cumprimento do contrato; se
não houver a entrega da coisa, o que o locatário tem de fazer é comunicar ao
locador, sendo uma exceção dos casos em que terá de ser obrigatoriamente o
locador a exercer esse direito.
Se o contrato de compra e venda cessar por qualquer razão, isso implica
também a cessação do contrato de locação financeira ou coligação.
e) Não tendo sido comunicado ao senhorio a ocorrência do trespasse,
pode o mesmo resolver o contrato de arrendamento?
Após o trespasse, é necessário que seja comunicado ao senhorio esse facto
acompanhado de uma cópia do contrato de trespasse para que seja permitido
ao senhorio o conhecimento da existência de novo arrendatário logo, para
efeitos de renda e para que poça fiscalizar se o negócio comunicado
corresponde ao negócio jurídico. Caso não corresponda, poderá o senhorio
exercer o direito de preferência art. 1038 al g; CONTUDO, nada impede que
seja o novo arrendatário a fazê-lo – 1049º CC tem um prazo de 15 dias –
1112º/1 CC. Questão que gera grandes controvérsias já que para o trespasse
que é uma transmissão definitiva o prazo é de 15 dias, mas para a locação 30.
Não obstante, se para a locação é de 30 dias, para o trespasse também deverá
de ser – 1038º + 1109º. não sendo feita a notificação, o contrato é ineficaz face
ao senhorio o qual pode resolver o contrato com fundamento na al e) do nº 2
do art. 1083º.
f) 5 meses volvidos sobre o trespasse, C ainda não tinha pago
nenhuma prestação de condomínio que, nos termos do contrato de
arrendamento em vigor, eram da sua responsabilidade. Como pode
B reagir? Que instrumentos tem C ao seu dispor para reagir ao
ataque de B?
Como C não procedeu ao pagamento de nenhuma prestação de condomínio,
volvidos os 5 meses, B tem duas opções. Caso queira manter o contrato, pode
exigir logo no primeiro dia de mora relevante as prestações em atraso e a
indemnização prevista no artigo 1041º/1 CC. Caso pretenda resolver o
contrato, terá de o fazer após 3 meses de mora relevante, art. 1083º/3 CC,
bastando apenas 1 prestação em mora para o fazer, sendo que esta resolução
pode ser judicial ou extrajudicial. A resolução terá de ser comunicada ao C, art.
1084º/3 CC e este terá um mês para pagar o valor em dívida mais a
indemnização, nos termos do art. 1084º/3 CC. O C apenas pode fazer cessar o
direito de resolução do B uma única vez, por contrato, no prazo de um mês
após a comunicação art.1084º/4 CC. Se o C não pagar, pode aí o B propor um
procedimento especial de despejo (extrajudicial). Se optar por uma ação
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judicial, terão de ser obedecidos os pressupostos analisados anteriormente,
tendo o C ainda a possibilidade de, depois de notificado judicialmente, usar
uma única vez do regime do pagamento da renda e a indemnização até um
mês depois de notificado, fazendo cessar o direito de resolução do senhorio.
g) Imaginando que no contrato de locação financeira a coisa não é
entregue e há incumprimento por parte do vendedor. O que pode o
locatário fazer?
Em princípio antes da entrega da coisa ainda não há contrato de locação
financeira, ou seja, o contrato de locação financeira entre o locatário ou futuro
locatário e a entidade financeira só se celebra depois de o locatário ter
recebido a coisa e ter assinado o auto de que o bem corresponde ao que ele
escolheu e está em condições. Sendo isto o habitual não significa que não
possa ocorrer, isto é, ocorrer uma situação em que o contrato de compra e
venda já foi celebrado entre o vendedor e a entidade financeira, já celebraram
o contrato de locação financeira entre a entidade financeira e o locatário, e o
vendedor não entrega a coisa. Constava do contrato de compra e venda que se
reflete nos contratos coligados no contrato de locação financeira essa
obrigação de entrega e entrega direta do vendedor. Não havendo a entrega da
coisa estamos perante um incumprimento contratual, consequentemente o
locatário poderá resolver o contrato nos termos do art 13º e igualmente colocar
fim ao contrato de locação financeira que deixa de ter sentido.

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