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Profª.

Maitê Damé

1) FGV - 2022 - OAB - XXXIV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q39

Clóvis, funcionário público aposentado, divorciado, falecido em março de 2020 com 75 anos, era pai de Leonora, 40
anos, e Luciana, 16 anos. Faleceu sem deixar dívidas e sem realizar doações aos seus herdeiros necessários.
Titular de um patrimônio razoável, foi vítima de um câncer descoberto no estágio terminal, 6 (seis) meses antes de
sua morte. Desde o nascimento de Luciana, sempre foi uma preocupação de Clóvis proporcionar para ela as
mesmas oportunidades desfrutadas por Leonora, quais sejam, cursar o ensino superior com auxílio paterno e, assim,
conseguir o subsídio necessário para buscar uma carreira de sucesso profissional. Por este motivo, Clóvis vendeu
os 3 (três) imóveis – que compõem 70% do seu patrimônio – de que era proprietário quando Luciana ainda era
criança e depositou este dinheiro em conta bancária, juntamente com todas as suas economias, no intuito de deixar,
quando de sua morte, somente patrimônio em dinheiro. No ano de 2019, ao saber de sua doença, Clóvis, em pleno
exercício de suas faculdades mentais, elaborou um testamento público, destinando toda a parte disponível de sua
herança à Luciana. Diante de seu falecimento, é possível afirmar que

a) Clóvis não poderia vender seus imóveis ao longo de sua vida, pois lhe era vedado determinar a conversão
dos bens da legítima em outros de espécie diversa.
b) caberá à Luciana 75% da herança de Clóvis. Já Leonora receberá 25% da mesma herança.
c) Clóvis perdeu a capacidade de dispor do seu patrimônio por testamento a partir do momento em que
descobriu o diagnóstico de câncer.
d) a herança deve ser dividida em partes iguais entre as filhas de Clóvis, ou seja, 50% para Luciana e 50%
para Leonora.

2) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35

Antônio, advogado, passou a residir com sua namorada Lorena, em 2012, com objetivo declarado, pelo próprio
casal, de constituir uma união estável, ainda que não guarnecida por escritura pública. A partir de então, Antônio
começou a participar do cotidiano de Lucas, filho de Lorena, cuja identidade do pai biológico a própria mãe
desconhecia. No início de 2018, Antônio procedeu ao reconhecimento voluntário de paternidade socioafetiva de
Lucas, com base no Provimento nº 63/2017 CNJ.

Em meados de agosto de 2020, a convivência de Antônio e Lorena chegou ao fim. Diante deste cenário, Antônio
comprometeu-se a pagar alimentos para Lucas, que estava com 13 anos de idade, até os 21 anos de idade do filho,
no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), mediante acordo homologado judicialmente. Porém, no final
de 2020, Antônio recebeu a notícia de que o escritório de que ele é sócio perdeu um de seus principais clientes, fato
cujo impacto financeiro gerou a redução de 30% dos seus rendimentos mensais. Quando soube de tal notícia,
Antônio procurou Lorena, como representante legal de Lucas, para fixar um valor mais baixo de pensão a ser pago,
ao menos durante um período, mas ela recusou-se a estabelecer um novo acordo. Conforme este contexto, assinale
a afirmativa correta.

a) A redução do encargo alimentar apenas poderá acontecer caso Lucas, por meio de sua representante legal,
Lorena, concorde com ela.
b) Os filhos socioafetivos não tem o direito de pleitear alimentos frente aos seus pais.
c) Diante da mudança de sua situação financeira, Antônio poderá requerer ao juiz a redução do encargo
alimentar.
d) Caso eventual pedido de redução do valor pago a título de obrigação alimentar seja procedente, Lucas
nunca mais poderá pleitear a majoração do encargo, nem mesmo se a situação financeira de Antônio
melhorar.
3) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
Joel e Simone se casaram em regime de comunhão total de bens em 2010. Em 2015, depois de vários períodos
conturbados, Joel abandonou a primeira e única residência de 150 m2, em área urbana, que o casal havia adquirido
mediante pagamento à vista, com recursos próprios de ambos, e não dá qualquer notícia sobre seu paradeiro ou
intenções futuras. Em 2018, após Simone ter iniciado um relacionamento com Roberto, Joel reaparece subitamente,
notificando sua ex-mulher, que não é proprietária nem possuidora de outro imóvel, de que deseja retomar sua parte
no bem, eis que não admitiria que ela passasse a morar com Roberto no apartamento que ele e ela haviam
comprado juntos. Sobre a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta.

a) Apesar de ser possuidora de boa-fé, Simone pode se considerar proprietária da totalidade do imóvel, tendo
em vista a efetivação da usucapião extraordinária.
b) Uma vez que a permanência de Simone no imóvel é decorrente de um negócio jurídico realizado entre ela
e Joel, é correto indicar um desdobramento da posse no caso narrado.
c) Como Joel deixou o imóvel há mais de dois anos, Simone pode alegar usucapião da fração do imóvel
originalmente pertencente ao ex-cônjuge.
d) A hipótese de usucapião é impossível, diante do condomínio sobre o imóvel entre Joel e Simone, eis que
ambos são proprietários.

4) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
João, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasião da abertura da sucessão deste último, todos os
seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades. Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das
primeiras providências de João foi alienar uma pintura antiga que sempre estivera exposta na sala da casa, por um
valor módico, ao primeiro comprador que encontrou. João, semanas depois, leu nos jornais a notícia de que
reaparecera no mercado de arte uma pintura valiosíssima de um célebre artista plástico. Sua surpresa foi enorme
ao descobrir que se tratava da pintura que ele alienara, com valor milhares de vezes maior do que o por ela cobrado.
Por isso, pretende pleitear a invalidação da alienação. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.

a) O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João está viciado por lesão e chegou a produzir
seus efeitos regulares, no momento de sua celebração.
b) O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da pintura, não se sujeita
a nenhum prazo prescricional.
c) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se necessariamente à prova de que o
comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro rapidamente.
d) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor de mercado da obra,
João poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio.

5) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q41
Aldo e Mariane são casados sob o regime da comunhão parcial de bens, desde setembro de 2013. Em momento
anterior ao casamento, Rubens, pai de Mariane, realizou a doação de um imóvel à filha. Desde então, a nova
proprietária acumula os valores que lhe foram pagos pelos locatários do imóvel. No ano corrente, alguns
desentendimentos fizeram com que Mariane pretendesse se divorciar de Aldo. Para tal finalidade, procurou um
advogado, informando que a soma dos aluguéis que lhe foram pagos desde a doação do imóvel totalizava R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), sendo que R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram auferidos antes do
casamento e o restante, após. Mariane relatou, ainda, que atualmente o imóvel se encontra vazio, sem locatários.
Sobre essa situação e diante de eventual divórcio, assinale a afirmativa correta.

a) Quanto aos aluguéis, Aldo tem direito à meação sob o total dos valores.
b) Tendo em vista que o imóvel locado por Mariane é seu bem particular, os aluguéis por ela auferidos não se
comunicam com Aldo.
c) Aldo tem direito à meação dos valores recebidos por Mariane, durante o casamento, a título de aluguel.
d) Aldo faz jus à meação tanto sobre a propriedade do imóvel doado a Mariane por Rubens, quanto sobre os
valores recebidos a título de aluguel desse imóvel na constância do casamento.

Profª. Patrícia Strauss

6) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q41
Carlos, motorista de táxi, estava parado em um cruzamento devido ao sinal vermelho. De repente, de um prédio em
péssimo estado de conservação, de propriedade da sociedade empresária XYZ e alugado para a sociedade ABC,
caiu um bloco de mármore da fachada e atingiu seu carro. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta.

a) Carlos pode pleitear, da sociedade XYZ, indenização pelos danos sofridos.


b) Carlos pode pleitear indenização pelos danos sofridos apenas da sociedade ABC.
c) A sociedade XYZ pode se eximir de responsabilidade alegando culpa da sociedade ABC.
d) A sociedade ABC pode se eximir de responsabilidade alegando culpa exclusiva da vítima.

7) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q37
Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, José. Certa
vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e declarou que temia não ser
capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel
e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse
cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a afirmativa correta.

a) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira,
inclusive a garantia fidejussória.
b) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira.
c) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não
quanto à garantia fidejussória.
d) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira.

8) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q35
Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na
condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária).
Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos
franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da coleção,
oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de Sucessões,
movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte,
reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a
coleção, pagando o respectivo preço. Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta.

a) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela
evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa.
b) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da
avença, Renata não sabia da existência de litígio.
c) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu
em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção.
d) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois
Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção.
9) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q37
Valdeir e Max assinaram contrato particular de promessa de compra e venda com direito de arrependimento, no
qual Valdeir prometeu vender o apartamento 901 de sua propriedade por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Max,
por sua vez, se comprometeu a comprar o imóvel e, no mesmo ato de assinatura do contrato, pagou arras
penitenciais de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

A escritura definitiva de compra e venda seria outorgada em 90 (noventa) dias a contar da assinatura da promessa
de compra e venda, com o consequente pagamento do saldo do preço. Contudo, 10 (dez) dias antes da assinatura
da escritura de compra e venda, Valdeir celebrou escritura definitiva de compra e venda, alienando o imóvel à Ana
Lúcia que pagou a importância de R$ 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil reais) pelo mesmo imóvel. Max,
surpreendido e indignado, procura você, como advogado(a), para defesa de seus interesses.

Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) Max poderá exigir de Valdeir a importância paga a título de arras mais o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
b) Por se tratar de arras penitenciais, Max poderá exigir de Valdeir apenas R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
e exigir a reparação pelas perdas e danos que conseguir comprovar.
c) Max poderá exigir de Valdeir até o triplo pago a título de arras penitencias.
d) Max não poderá exigir nada além do que pagou a título de arras penitenciais.

10) FGV - 2018 - OAB - XXVII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q38
Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as prestações.
Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado
de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do
inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-
se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a)

a) dever de mitigar os próprios danos.


b) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium).
c) adimplemento substancial.
d) dever de informar.
GABARITO 1-B 2-C 3-C 4-A 5-C
6-A 7-B 8-A 9-A 10 - C

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