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LISTA DE EXERCÍCIOS – CONTRATOS EM ESPÉCIE

Profs. Carlos Nelson Konder e Cintia Muniz de Souza Konder


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1) Emilio vendeu a Aureliano o automóvel do seu vizinho. De acordo com a


jurisprudência dominante em nosso ordenamento, esse negócio pode produzir
algum efeito?

2) Rosamunda celebrou contrato de compra e venda com a Pilcher S.A. para a


aquisição de matéria-prima para sua indústria, convencionando-se o pagamento
cerca de um mês antes da entrega das mercadorias. No entanto, chegado o
momento do pagamento, Rosamunda toma ciência da situação de grave penúria
financeira por que passa a vendedora e teme pagar e nunca receber a mercadoria. O
que Rosamunda pode fazer?

3) Zafón quer transferir, onerosamente, um imóvel a um de seus três filhos e o


consulta para saber se há alguma diferença entre o filho pagar-lhe em dinheiro ou
dando-lhe três automóveis. Responda à consulta

4) Jurema possui dois filhos, Caim e Abel. Ao chegar aos setenta anos, Julieta
resolveu vender a Abel, seu favorito, o sítio em que a família passava os finais de
semana e as férias. Embora Abel tenha pago o valor de mercado pela casa, Caim
está indignado e procura você, na qualidade de advogado, solicitando providências.
Diante do caso narrado, responda se o contrato é válido e, em sendo negativa a
resposta, qual a medida judicial cabível.

5) Paulo e Eleonora possuem um terreno em Curitiba que desejam transferir a João e


Carolina, netos de Paulo. Esses netos são filhos de Mariana, que é filha de Pedro
com sua esposa anterior, Judith. Eleonora também tem um filho de um casamento
anterior, Marcelo. Além disso, Paulo e Elonora tiveram uma filha juntos, no atual
casamento, Maria. Paulo e Eleonora desejam transferir o imóvel aos netos para que
lá Mariana possa construir uma casa para morarem, mas temem que isso possa dar
problemas no futuro, em razão de eventual disputa sucessória.

a) Como Paulo e Eleonora devem fazer para vender o imóvel aos netos?

b) E se eles preferirem fazer a doação do bem, o tratamento jurídico seria o


mesmo?

6) MJC Ltda., sociedade que possuía elevada dívida perante o Banco EC, celebrou
com este, em junho de 2013, promessa de venda de diversos bens, com o direito de
recomprá-los em dois anos, pelo preço de venda mais 24% de juros a.a.. Entre os
bens figuravam parte significativa de seu ativo patrimonial e ações que a MJC
detinha de outras sociedades. Recebeu em troca da venda redução significativa de
sua dívida e o adiamento e parcelamento do restante, que somente teria que
começar a ser pago dali a cinco anos, além do recebimento de um novo
empréstimo, com longo prazo de pagamento, que somente se iniciaria em sete
anos. Pretendia com isso a MJC se reorganizar financeiramente, de maneira a
voltar a crescer e recuperar sua condição econômica. No entanto, as coisas não
fluiram como imaginado de início e, dois anos depois, não foi capaz ainda de
reunir o dinheiro necessário para exercer o direito de recomprar os bens que
alienara ao Banco EC. No entanto, os administradores da MJC sabem que, sem a
recuperação de seu ativo, em especial as ações de outras sociedades que se
valorizaram muito nesse meio tempo, suas chances de recuperação serão
destruídas. Ao contrário, a recuperação desse ativo lhe permitiria grandes
possibilidades de retomar seu poderio econômico e reaver as condições para quitar
o restante das dívidas no futuro. O que pode ser alegado pela MJC para recuperar
os bens vendidos?

7) Maria, funcionária de uma empresa transnacional, foi transferida para trabalhar em


outro país e, por isso, celebrou contrato de compra e venda de seu apartamento
com João, prevendo que Maria poderia resolver o contrato no prazo de um ano,
desde que pagasse o preço recebido pelo imóvel e reembolsasse as despesas que
João tivesse com ele. O referido contrato de compra e venda foi devidamente
levado ao registro de imóveis com atribuição para tal. Nesse período, João vendeu
o apartamento para Mário, que tinha conhecimento de que ainda estava no prazo de
Maria retomar o imóvel e lá foi residir com sua esposa. Contudo, Maria retornou
ao Brasil antes do período de um ano estipulado e, ao ter ciência de que o novo
proprietário do apartamento era Mário, notificou-o de que desejaria retomar o
imóvel, com o pagamento do valor do imóvel mais as despesas realizadas. Mário,
porém, recusou o recebimento das quantias, afirmando que o contrato sujeito à
cláusula resolutiva foi pactuado com João, não vinculando a terceiros.
Responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Assiste razão a Mário?

b) Qual deverá ser o procedimento adotado por Maria a partir da recusa de Mário
em receber a quantia?

8) Durante muitos anos Anacleto e, especialmente, Orlando resistiram à ideia de


vender um quadro de Portinari que herdaram de seu pai, tendo em vista o valor
afetivo que o bem tinha para a família, já que foi pintado especialmente para eles.
Entretanto, diante de necessidades econômicas, acabaram cedendo à proposta de
compra formulada por Edmilson. Fizeram constar no contrato, todavia, duas
cláusulas especiais. A primeira previa que Orlando poderia, se quisesse, recomprar
o quadro de Edmilson pelo mesmo valor que foi vendido, atualizado
monetariamente, nos próximos dois anos. A segunda previa que, se Edmilson
quisesse vender o quadro a outrem, deveria antes oferecê-lo de volta a Anacleto,
permitindo-lhe cobrir a oferta nos mesmos termos. Diante disso, analise as
seguintes hipóteses, independentes entre si:

a) Se Edmilson vender o quadro a outrem, sem comunicar antes aos irmãos, como
ficam os direitos deles previstos nas cláusulas especiais?

b) Se os irmãos morrerem, que direitos terão seus herdeiros com relação ao


previsto nas cláusulas especiais?
9) Indique e explique uma repercussão prática do debate sobre a natureza da relação
jurídica decorrente do contrato estimatório conforme regulado pelo art. 534 do
Código Civil, isto é, o embate entre sua caracterização como obrigação alternativa
ou obrigação com faculdade alternativa.

10) Descumprida uma promessa de doação, que direitos possui o promissário


donatário?

11) Existem três correntes doutrinárias acerca da eficácia do contrato preliminar de


doação e a jurisprudência dominante adota uma posição própria. Identifique essas
posições

12) João Fonseca, casado com Lúcia Fonseca, tem conhecimento do conteúdo do art.
550 do Código Civil, que determina que eventual doação feita para Catarina Lima,
amante de João, pode ser objeto de ação anulatória promovida por sua cônjuge, em
até 2 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. João doou para Gustavo
Lima, irmão de Catarina, uma rara obra de arte, havendo combinado previamente
com Gustavo que este, em um momento posterior, transferiria o bem gratuitamente
a Catarina. Lúcia Fonseca, ao descobrir a situação, lhe procura solicitando sua
orientação. Quid iuris?

13) Afonso é pai de Gonçalo e Teodoro. Os irmãos sempre brigaram entre si,
especialmente porque Teodoro acreditava que o pai sempre dera preferência a seu
irmão. A situação se agravou quando Gonçalo alcançou um emprego
razoavelmente estável e propôs ao pai que este lhe vendesse a casa de campo em
que os irmãos costumavam passar as férias, o que foi aceito por Afonso por um
preço a ser pago em 72 prestações mensais de três mil reais, reajustadas
anualmente pelo INPC. Teodoro, que já não concordara com a venda, ficou ainda
mais inconformado porque, em janeiro, Gonçalo perdeu o emprego e está desde
então sem arcar com as prestações devidas, mas mesmo assim continua na posse da
casa.

a) Se Teodoro quiser desfazer os efeitos da venda e restituir a casa para o


patrimônio do pai, o que ele deve fazer?

b) Se Afonso ceder à pressão de Teodoro e decidir desfazer os efeitos da venda e


retomar a casa para o seu patrimônio, o que ele deve fazer?

14) Julieta possui dois filhos, Pedro e Miguel. Ao longo da vida, amealhou patrimônio
no valor de R$1.000.000,00 (um milhão de reais). Diante da idade avançada,
Julieta resolveu doar ao seu filho Pedro – o qual sempre foi mais atencioso com a
mãe – a quantia de R$600.000,00. Miguel, indignado, procura você na qualidade
de advogado, solicitando providências. Diante do caso narrado, responda às
seguintes indagações, fundamentadamente:

a) É válido o contrato de doação?

b) Qual medida judicial poderá Miguel propor e com que finalidade?


15) Sônia, maior e capaz, decide doar, por instrumento particular, certa quantia em
dinheiro em favor de seu sobrinho, Fernando, maior e capaz, caso ele venha a se
casar com Leila. Sônia faz constar, ainda, cláusula de irrevogabilidade da doação
por eventual ingratidão de seu sobrinho. Fernando, por sua vez, aceita formalmente
a doação e, poucos meses depois, casa-se com Leila, conforme estipulado. No dia
seguinte ao casamento, ao procurar sua tia para receber a quantia estabelecida,
Fernando deflagra uma discussão com Sônia e lhe dirige grave ofensa física.
Sônia, então, procura você para que a auxilie quanto ao exercício de eventual
direito referente ao contrato de doação. Quid iuris?

16) NDE Ltda. doou, por instrumento particular, um imóvel de valor estimado de dois
milhões de reais, para Fernandes Ltda., com o encargo desta ali implantar uma
arena cultural. Para a transferência do registro, foi celebrada escritura pública, na
qual, todavia, constou somente a doação pura, e não o encargo. Agora a NDE
pretende a revogação da doação porque a Fernandes descumpriu o encargo: a
pretensão é cabível?

17) O pai de João e Daniel, irmãos gêmeos, claramente sempre manifestou preferência
por João. Quando completaram dezoito anos, o pai deu um carro para cada um,
mas o carro de João era dez mil reais mais valioso que o de Daniel. Quando se
formaram, aos vinte e dois anos, o pai vendeu a João, que também seguiu a carreira
de médico, todos seus valiosos equipamentos, por metade do valor de mercado,
mas informou na ocasião a Daniel que a ele nada poderia vender porque não seguiu
o caminho do irmão, tendo optado pela carreira no direito. O pai faleceu quando
eles completaram vinte e cinco anos e Daniel, que nunca reclamou para não
desagradar o pai, decidiu tomar providências judiciais quando João pretendeu que
o patrimônio deixado de herança fosse dividido igualmente entre os dois. Que
providências pode Daniel tomar?

18) Todo dia útil, no final do dia, Tomás pegava emprestado o automóvel Fiat 147 de
seu tio Amaro para poder ir assistir as aulas do seu curso de direito em uma cidade
próxima, vindo a devolver o veículo ao tio, após as aulas, já de madrugada.
Compadecido com a rotina do sobrinho, o tio decidiu doar a ele o veículo, embora
fosse um bem bastante valioso dentro do seu parco patrimônio: quando veio
devolver-lhe as chaves naquele dia, o tio fechou a mão do sobrinho com elas
dentro e sorriu sem palavras, recebendo um comovido abraço do sobrinho em
retribuição. Entretanto, Tomás não mantinha com sua mãe, Amélia, irmã do seu
tio, uma boa relação, apesar dos esforços de Amaro para que eles se entendessem.
Depois da doação, inclusive, Amaro descobriu que Tomás postara nas redes sociais
um “textão” em que relatava que a mãe lhe negara acesso à identidade do pai, fato
que Amaro sabia não ser verdade. Indignado com a postagem, Amaro se
arrependeu profundamente da doação feita para o sobrinho, e agora o consulta para
saber como poderia reaver seu veículo.

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