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1. Joana alugou seu carro para Lúcia, pelo prazo de 90 dias, tendo em vista que iria se ausentar do país
para um curso de curta duração. O valor pactuado a título de aluguel foi de R$600,00 mensais, que seriam
pagos quando Lúcia retornasse do AO Brasil. Após exatos dois meses de vigência da obrigação, Lúcia foi
vítima de roubo à mão armada, tendo os meliantes levado o veículo.
Inconformada com o ocorrido, Joana exigiu que Lúcia a indenizasse em montante correspondente ao valor
do veículo (conforme tabela FIPE), acrescido do valor integral do aluguel. Diante do fato narrado,
responda, JUSTIFICADAMENTE:
Joana não agiu corretamente. Tendo em vista que houve a perda do bem, sem culpa do devedor (que foi
vítima de roubo a mão armada, nada podendo fazer), incide no caso o art. 238 do Código Civil (Se a
obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o
credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda), e a solução
seria Joana arcar com o prejuízo da perda do veículo (pois ela é a credora), sem direito à perdas e danos.
Terá, todavia, direito a receber o valor correspondente a 60 dias de aluguel (R$1.200,00), em razão da
parte final do supracitado dispositivo.
2. Rita, produtora rural, firmou uma obrigação com Hélio no sentido de lhe dar 30kg de trigo. No dia do
cumprimento da obrigação, Rita alegou que parte de sua plantação foi assolada por gafanhotos e,
portanto, não poderia mais entregar o prometido. Considerando-se os fatos acima narrados, responda.
2.1. Qual a espécie de obrigação narrada no enunciado?
Obrigação de dar coisa incerta.
2.2. Considerando o disposto no Código Civil, Rita estaria correta em sua alegação?
Rita não estaria correta, tendo em vista se tratar da hipótese prevista no art. 246 do Código Civil (Art. 246.
Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior
ou caso fortuito). O próprio enunciado menciona que somente parte da plantação foi assolada por
gafanhotos, de modo que certamente ainda havia trigo para ser entregue. Cumpre lembrar que “o gênero
não perece”.
3. O art. 391 do Código Civil prevê que “Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do
devedor”. Pergunta-se:
3.1. Tal regra comporta exceções?
Sim, a regra comporta exceções, pois não são todos os bens integrantes do patrimônio do devedor que
respondem pelo inadimplemento das obrigações. A título de exemplo, temos os bens de família
(impenhoráveis em razão da Lei 8.009/90), e os bens considerados impenhoráveis pelo Código de Processo
Civil (art. 833), e o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal), todos
limitadores da responsabilidade patrimonial.
3.2. Seria então possível a prisão do devedor inadimplente de uma obrigação civil? Caso positivo, em qual
(quais) situação (situações)?
Em que pese a regra ser a proibição da prisão civil por dívida, conforme expressamente previsto na
Constituição Federal (art. 5º, LXVII da Constituição Federal - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel), nota-se que o próprio dispositivo abre duas exceções, acima mencionadas. CONTUDO, em razão do
Pacto de San Jose da Costa Rica, que somente autoriza a prisão civil do devedor de alimentos, a questão foi
levada à apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, que editou a Súmula Vinculante n. 25 - É ilícita a
prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. Podemos concluir,
portanto, que há somente uma hipótese em que se autoriza a prisão civil por dívida – a do devedor de
alimentos.