Marcos casou-se com Ana em 08/08/1985, sob o regime de COMUNHÃO PARCIAL
DE BENS. Na data de 04/08/2008, através de escritura pública de separação consensual as partes puseram fim ao matrimônio, extinguindo os deveres matrimoniais. Quanto ao patrimônio, as partes listaram que possuíam os seguintes bens: I) Apartamento no Edifício Poneiland. II) Fazenda Pônei do Sul; III) Bens móveis, consubstanciados em: veículos, maquinários e gado. Posteriormente, Ana ingressou com a ação de divórcio com o objetivo de partilhar o patrimônio afirmando que: o Apartamento no Edifício Poneiland; a Fazenda Pônei do Sul; e os bens móveis, consubstanciados em: veículos, maquinários e gado teriam sido adquiridos na constância do casamento. Após ser citado, Marcos contestou a ação no prazo legal, alegando que o Apartamento no Edifício Poneiland de fato foi adquirido na constância do casamento e que portanto deveria ser partilhado; que a Fazenda Ponei do Sul, adquiriu ainda solteiro e que a mesma estava sob discussão em um processo de sonegados movido pelos seus irmãos, que alegavam que a mesma integrava o acervo hereditário do seu pai e portanto deveria ser afastado da partilha; os bens móveis, consubstanciados em: veículos, maquinários e gado teriam sido adquiridos na constância do casamento, logo deveriam ser partilhados. Ocorreu a instrução processual, e o juiz da vara da cidade de Poneilanda determinou a partilha dos seguintes bens: I) Apartamento no Edifício Poneiland, porque o Requerido Marcos concordou com a partilha; II) Fazenda Pônei do Sul, uma vez que o registro desse bem ocorreu após o casamento e também porque as partes teriam listado na minuta de separação realizada extrajudicialmente. Além disso, o juízo deixou de partilhar: I) bens móveis, consubstanciados em: veículos, maquinários e gado. Irresignado, Marcos interpôs recurso de apelação, sendo que uma das teses invocadas pelos procuradores de Marcos foi no sentido de que a fazenda Ponei do Sul não poderia ser partilhada, uma vez que todo o processo para aquisição e regularização da mesma teria ocorrido antes do casamento, com fulcro no art. 1.659, I do Código Civil. O Tribunal do Estado do Paraná, acolheu o recurso de apelação de Marcos, afastando a Fazenda Ponei do Sul da partilha e condenou Ana ao pagamento de custas e sucumbência.
Com base no exposto acima, responda:
1. Quais outras teses poderiam ser invocadas para afastar a “fazenda pônei do sul” da partilha? R:. A outra tese a ser invocada é de que Marcos afirma que a fazenda pônei do sul faz parte de um acervo hereditário, de seu pai. No regime da comunhão parcial de bens, os bens advindos de herança ou doação, tanto antes da união quanto na constância da união, não se comunicam entre o casal, conforme os arts. 1.659 e 1.687, ambos do Código Civil. 2. Caso a ação de sonegados proposta pelos irmãos de Marcos seja julgada procedente, para quem pertenceria a Fazenda? R:. Caso a ação de sonegados proposta pelos irmãos de Marcos seja julgada procedente, a fazenda seria reconhecida como para da herança e pertenceria aos herdeiros
3. Quais as consequências aplicadas ao herdeiro que sonega um bem? Em quais
hipóteses pode ser aplicada? Indique o dispositivo legal? R:. As passíveis consequências são: 1- Responsabilidade civil: O herdeiro que sonega um bem pode ser responsabilizado civilmente perante os demais herdeiros e beneficiários da sucessão. Sendo obrigado a indenizar os demais herdeiros pelos prejuízos causados pela sonegação.
2- Anulação do ato de sonegação: Os demais herdeiros ou os administradores da sucessão
podem entrar com ações judiciais para exigir a entrega do bem ou para obter uma indenização equivalente – art. 1992 CC
3- Exclusão da herança: quem sonegar bens pode perder o direito de receber sua parte na sucessão e não participará da divisão dos bens entre os demais herdeiros – art. 1992 CC
4- Responsabilidade criminal: Em alguns casos, a sonegação de bens pode configurar um
crime previsto na legislação penal. O herdeiro que sonega um bem pode ser processado criminalmente e, se considerado culpado, pode enfrentar sanções penais, como multas e até mesmo prisão – art. 168 CP
4. Quais são os requisitos e formalidades para a realização de uma doação? Indique o
dispositivo legal. R:. Os requisitos para a doação são: Capacidade das partes: nem doador nem donatário podem, por exemplo, ter sido acometidos por enfermidades que interfiram em seu discernimento para tal ato. Licitude: o objeto da doação deve ser lícito, possível e determinável (coisa que esteja no comércio). Forma prescrita em lei: em geral, os contratos de doação devem ser formalizados por escrito, mas algumas formas de doação exigem requisitos específicos, como uma escritura pública. Aceitação: o donatário deve querer receber a doação. O art. 538 do Código Civil considera a doação como o contrato em que uma pessoa transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. A doação é um ato de mera liberalidade e, em regra, um negócio jurídico gratuito. De acordo com o art. 541 do Código Civil a doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 5. Pesquise ao menos 1 (uma) jurisprudência que justifique os bens cuja aquisição tenha causa anterior ao casamento são incomunicáveis, ainda que a transcrição no registro imobiliário ocorra na constância do matrimônio. R:.
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – RETIFICAÇÃO DE REGISTRO DE IMÓVEL –
REGIME DA COMUNHAM PARCIAL DE BENS – INCOMUNICABILIDADE – BEM ADQUIRIDO ANTES DO CASAMENTO – REGISTRO FEITO NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO – ART. 1661 CC – PRECEDENTES DO STJ – DECLARAÇÃO DA PARTE – SENTENÇA REFORMADA. No regime da comunhão parcial comunicam-se os bens adquiridos por cada cônjuge anteriormennte ao casamento são incomunicáveis, reservando-se, assim, à titulariedade exclusiva. Nos termos de jurisprudência do STJ, “imóvel cuja aquisição tenha causa anterior ao casamento realizado sob o regime de comunhão parcial de bens, com transcrição no registro imobiliário na constância deste é incomunicável. Inteligência do art, 272 do CC/16 (correspondência: art. 1661 do CC/02)”. Apelação provida.