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CASOS PRÁTICOS DE

TGDC
CASO I

No dia em que Bruna completava 17 anos de idade, Alfredo, de 15 anos, ofereceu-lhe uma
valiosa joia de família com o conhecimento de seu pai, Carlos, que não se opôs.

Mais dois anos volvidos, Alfredo morre, ví ma de um trágico acidente, Carlos, herdeiro
universal, pretende agora anular a doação feita, mas Bruna invoca que Carlos não logrará os seus
intentos, pois além de ter do conhecimento do negócio, já havia expirado o prazo de um ano
para a arguição da anulabilidade. Acrescenta, outrossim, que Alfredo morrera ainda menor,
situação que, por outro lado, impedia Carlos de herdar aquele direito de anular o negócio. Carlos
alega, no entanto, que os argumentos de Bruna são irrelevantes e que Alfredo, antes de morrer,
lhe nha manifestado arrependimento pela doação feita, pelo que pretendia honrar a vontade
do filho. Quem tem razão?

CASO II

Abel, no dia em que completava 17 anos de idade, consegue casar com Benedita, de 18 anos,
sem o consen mento de seus pais, Carlos e Dalila, e sem obter o respe vo suprimento judicial.

Como presente de casamento, seu avô, Eduardo, oferece-lhe um automóvel. Dez meses depois,
aconselhado por Benedita, Abel vende o automóvel a Firmino por €20.000. Contra a entrega das
chaves do automóvel, Firmino adianta a quan a de €5.000, ficando acordado que os restantes
€15.000 seriam pagos dali a seis meses.

Mais dois anos volvidos, Firmino ainda não saldara a sua dívida. Abel pretende agora invalidar
o negócio.

a) Tinha Abel capacidade jurídica para casar? É válido o casamento?


b) Pode Abel invalidar a venda do automóvel?
CASO III

Aos 20 anos de idade, Gabriel começou a revelar sintomas de anomalia e, Hélder, seu pai, de
imediato requereu ação judicial de acompanhamento de maiores.

Na pendência da ação (e após anunciada a sua proposição), Gabriel vende a Igor (produtor de
vinho), por metade do preço, toda a colheita de uvas de uma vinha que havia herdado de
Joaquim, seu o.

Dois meses depois, ainda na pendência da ação, vende o próprio terreno da vinha a Leonel
pelo preço normal de mercado.

Mais um mês volvido, o tribunal decreta o acompanhamento de maiores em regime de


autorização prévia para atos de doklisposição entre vivos, tendo designado Hélder, na falta de
escolha de Gabriel, acompanhante de seu filho.

a) Tinha Hélder legi midade para requerer ação judicial de acompanhamento de maiores?
Podia ser designado acompanhante de Gabriel?
b) É válida a venda das uvas? E a venda do terreno?
CASO IV
Em 5 de janeiro de há oito anos atrás, no dia em que completava 73 anos de idade, Albano,
dono de avultada fortuna, despareceu de sua casa sem nunca mais dar no cias. Em fevereiro do
ano passado, Bernardo e Carlos, seus filhos, decidiram requerer a morte presumida que foi
decretada quatro meses depois. Dália, sua mulher, convencida de que o marido era altruísta,
generoso e preocupado com os mais carenciados, ins tuiu, com os bens que recebera, uma
fundação des nada a pagar os estudos às crianças pobres de todo o país.

Hoje, Albano regressa acompanhado de sua nova namorada, Elisa.

a) Podia ter sido decretada a morte presumida de Albano no momento em que o foi?
b) Podia Dália ins tuir uma fundação com os bens que herdou em consequência da morte
presumida do marido? Atendendo ao fim a que se des nada a pessoa cole va, qual
deveria ser a decisão da en dade competente para o reconhecimento?
c) Pode Albano reclamar a entrega dos bens que Dália afetou à fundação e os automóveis
de alta cilindrada que Bernardo e Carlos adquiriram após a venda de dois pequenos
apartamentos que lhes foram des nados pela herança?
d) Pode Albano casar-se com Elisa?
e) Suponha agora que apenas nha sido decretada a ausência jus ficada de Albano.
Poderia Dália como curadora defini va ins tuir a fundação? E Bernardo e Carlos,
igualmente enquanto curadores defini vos, poderiam vender os dois apartamentos e
comprar os automóveis?
CASO V

Aladino, Bruno e Carlos resolvem cons tuir, com um conjunto de amigos, a associação Grupo
Despor vo de Arouca com o obje vo de proporcionar a prá ca das mais variadas a vidades
despor vas aos seus associados. O ato de cons tuição da associação foi celebrado sob a forma
de escritura pública, sendo Aladino, Bruno e Carlos designados, pelos respe vos estatutos, seus
administradores.

Dois dias volvidos, Aladino dirige-se ao estabelecimento comercial de Diogo e aí adquire


diverso material despor vo para a associação. Ficou combinado que o pagamento respe vo
seria efetuado num prazo de quatro meses.

Mais 2 semanas decorridas, precisamente no dia em que é publicado, nos termos legais, o ato
de cons tuição da associação, é subme da, a assembleia-geral, uma proposta de compra de um
terreno pertencente a Bruno para edificação de um pavilhão gimnodespor vo. A proposta é
aprovada por seis votos (entre os quais o de Bruno) contra três, perfazendo exatamente o
quórum delibera vo necessário consagrado nos estatutos, isto é, de dois terços dos associados
presentes.

Meses depois, após receberem €40.000 rela vos ao sorteio de um automóvel organizado pela
associação para a obtenção de fundos, Bruno e Carlos desapareceram sem mais dar no cias. Os
restantes associados decidem não efetuar o sorteio já que o automóvel iria ser adquirido com
parte daquele montante pecuniário. Argumenta, ainda, que se os compradores dos bilhetes
pretenderem a realização do sorteio, ou a devolução do dinheiro, terão que encontrar Bruno e
Carlos.

Entretanto, Aladino, que se deslocara a Lisboa para receber equipamento despor vo


prome do por Eliseu (presidente de uma associação despor va daquela cidade), ao verificar que
este quebrara a promessa agride-o violentamente, provocando-lhe ofensa à integridade sica
grave, e danifica-lhe o automóvel.
Posto isto, responda às seguintes questões:

 Suponha que passados os 4 meses concedidos por Diogo para o pagamento do material
despor vo, a associação não cumpre. Em que termos pode Diogo ver sa sfeito o seu
crédito?
 É válida a deliberação tomada em assembleia-geral?
 É legí ma a decisão de não efetuar o sorteio do automóvel? Porquê?
 Terá Eliseu sucesso se pedir uma indemnização ao Grupo Despor vo de Arouca?
Jus fique.
CASO VI

Raúl, filho de Pedro e Quitéria, nasceu em 10 de Março de 2005. No Verão de 2020, Raúl
doou um valioso anel à sua namorada Sara e vendeu um computador ao seu vizinho Nuno, por
um significativo valor, a pagar no prazo de um mês.

Considere cada uma das sub-hipóteses seguintes com independência das anteriores.
1.ª Hipótese: Sabendo da venda em Dezembro de 2020, Pedro, depois de exigir, sem êxito, o
pagamento do preço a Nuno, decide intentar uma acção com vista à invalidação do negócio.
Quid iuris?
2.ª Hipótese: Em Abril de 2022, Raúl, sem que os seus pais soubessem, ca-sou com Teresa e,
em Maio de 2022, pretende intentar uma acção com vista à recuperação do anel que doara a
Sara. Quid iuris?
3.ª Hipótese: Em Junho de 2022, Raúl morreu. Em Maio de 2023, Pedro e Quitéria pretendem
anular os negócios feitos pelo filho. Quid iuris?

CASO VII

Fernando é solteiro, tem 25 anos e gasta compulsivamente todo o di-nheiro que ganha em
jogos de azar. Os seus pais solicitam ao tribunal o acompanhamento de Fernando, pedindo que
a celebração de negócios de jogo e aposta, bem como de negócios de alienação de bens de
valor superior a 400€ seja sujeita a autorização do acompanhante.

1. Quid iuris?
2. Admi ndo que o processo de acompanhamento está já a meio, pode Fernando,
enquanto o processo es ver pendente, celebrar negócios de jogo e aposta?
3. Suponha que Fernando é declarado maior acompanhado, nos termos solicitados.
Pode Fernando celebrar, como inquilino, um contrato de arrendamento de um
apartamento com a renda mensal de 500€?
CASO VIII

Gabriel sofre de uma doença mental que faz com que ele, apesar dos seus 20 anos, tenha a
maturidade de uma criança de 12 anos. Os seus pais, ainda Gabriel nha 17 anos, solicitaram e
ob veram a declaração de acom-panhamento de Gabriel, ficando o pai, Hermínio, como
acompanhante. Atendendo à situação de Gabriel e ao seu património (muito vasto), o tribu-nal
decretou a representação geral e a administração total de bens pelo acompanhante.

Dois anos depois, Hermínio arrenda por 10 anos um armazém de Ga-briel a uma subsidiária da
Google, com excelentes condições. Alguns dias depois, Hermínio é surpreendido por uma carta
de Ilda em que esta lhe co-munica que casou com Gabriel e, por isso, irá solicitar ao tribunal a
sua in-ves dura, em lugar de Hermínio, como acompanhante de Gabriel.

1. Aprecie a validade dos negócios celebrado por Hermínio.


2. Aprecie a validade do casamento entre Gabriel e Ilda.
3. Admi ndo que o casamento é válido, pode Ilda solicitar a subs tuição de Hermínio
como acompanhante?
CASO IX

Eduardo tem 15 anos e joga xadrez desde os 7 anos. Eduardo e os seus amigos Fernando, de
16 anos, Guilherme, de 18, e Helena, de 18 anos, decidem cons tuir um clube, de modo a
poderem par cipar em torneios oficiais. Como a mãe de Guilherme é advogada, ela encarrega-
se de marcar a escritura e duas semanas depois nasce o Clube X Xadrez, formado pelos 4
amigos e dedicado à promoção do xadrez e à par cipação em compe ções dessa área. O CXX é
um sucesso e dois meses depois já conta com 300 associados, pagando cada um uma quota
anual de 15€.
Eduardo, Guilherme e Helena são os membros do conselho de administração e contratam
Iordanov para proferir uma palestra. Infelizmente, com a pandemia, houve poucas inscrições e
o CXX não tem o dinheiro necessário para pagar os 2.000€ combinados com Iordanov. A quota
de cada associado é necessária para as despesas correntes, pelo que, sem as inscrições na
palestra (20€ cada), o CXX não consegue pagar a Iordanov.´
a) Pronuncie-se sobre a capacidade de exercício de Eduardo para celebrar o contrato de
cons tuição do CXX.
b) Pode Iordanov exigir o pagamento dos 2.000€ de Eduardo, Guilherme e Helena?

CASO X
António, estrela rock, começa a namorar com Benedita. Nesse dia, pretendendo que o fio de
ouro que usa ao pescoço fosse lembrete dessa sua paixão, mandou gravar no fecho (composto
de um elemento circular encadeado numa das extremidades do fio e uma terminação
encadeada na outra extremidade) “Amo-te, Benedita. António”. Aquando da comemoração do
1.º mês de namoro, António oferece a Benedita esse fio depois de ter enrolado e atado ao
fecho uma madeixa do seu cabelo como forma de, simbolicamente, sempre acompanhar
Benedita. Fio e madeixa foram, com igual deleite, recebidos pela sua namorada.

Passados 2 meses, Benedita morre. Os herdeiros de Benedita, encontrando o presente de


António no seu espólio, organizam um leilão para venda do fio, descrevendo-o como “o fio
usado pelo rocker António”.

O preço do fio chega aos 25.000 € – oferecidos por Carlos, grande amigo de António e de
Benedita (e conhecedor do dito fio). Ao receber o fio, Carlos verifica que este lhe é entregue
sem o fecho e sem a madeixa. E exige-os. Dizendo que o fecho é parte integrante do fio e que a
madeixa é parte integrante do fecho. Os herdeiros recusam a entrega, sustentando que o fecho
é mera coisa acessória do fio, e que a madeixa não é coisa para o Direito.

Quid iuris?

CASO XI

O Primeiro-Ministro de Wonderland cri cou o Alfredo, o comentador mais conhecido da


Televisão do Reino, por este ter transmi do informações falsas ao público sobre o seu governo.
Na sequência desta crí ca, Bento, um jornalista que trabalhava para a Revista “Wonderland
Post”, publicou um ar go onde tecia considerações sobre o Primeiro-Ministro referindo que as
crí cas dirigidas por este ao comentador Alfredo representavam “um delírio provocado por
consumo de drogas duras”, tendo induzido na opinião pública a ideia de que este era um
potencial consumidor de drogas duras.
Este ar go de opinião foi divulgado e comentado nas redes sociais pela população de
Wonderland, colocando em causa a competência do Primeiro-Ministro para exercer o seu
cargo.

Devido ao impacto que este episódio teve na sua vida, o Primeiro-Ministro começou a revelar
sintomas de anomalia psíquica. Mediante autorização deste úl mo, o Carlos, seu filho, intentou
uma ação judicial de acompanhamento de maiores. Na pendência da ação, o
Primeiro1Ministro vendeu a Xavier (produtor de vinho), por metade do preço, toda a colheita
de uvas de uma vinha que havia herdado do seu avô, Daniel.

Mais de um mês volvido, o tribunal decretou o acompanhamento de maiores em regime de


autorização prévia para atos de disposição entre vivos, tendo designado Carlos, na falta de
escolha do Primeiro1Ministro, acompanhante de seu pai.

a) De que forma é que o ordenamento jurídico português pode tutelar os direitos do


Primeiro-Ministro face às considerações tecidas por Bento?
b) Tinha Carlos legi midade para requerer a ação judicial de acompanhamento de
maiores?
c) Pronuncie-se sobre a validade da venda das uvas por parte do Primeiro-Ministro?

CASO XII

Armando, presidente da Fundação “Amigos das Artes de Lisboa” (AAL), pediu a Bento que este,
em representação da Fundação, concluísse a celebração um contrato de compra e venda de
um apartamento an go na Rua das Janelas Verdes em frente ao Museu Nacional de Arte
An ga, com Carlota, sua amiga de longa data. O apartamento nha um quadro do Picasso, que
pertencia a Carlota. Sempre ficou assente que Armando nha de devolver o quadro a Carlota
assim que se mudasse para o apartamento.

Depois do contrato estar celebrado, Bento entregou as chaves a Armando, e passados cinco
dias este entra no apartamento pela primeira vez, e depara-se com o quadro do Picasso
danificado. Armando, incrédulo, telefona de imediato a Bento e ques ona-o sobre o sucedido.
Bento confessou que nha sido ele a danificar o quadro visto que sempre vera ciúmes da sua
relação com a Carlota.

Na sequência da discussão, Armando comunicou a Bento que iria reportar o sucedido a


Carlota, e Bento reagiu dizendo que se Armando o fizesse iria denegrir a sua imagem através
da comunicação social.

Armando ignorou a ameaça de Bento e contou o sucedido a Carlota. Bento, por sua vez, reagiu
e divulgou a compra e venda do apartamento pela comunicação social. No dia em que saiu a
no cia, Armando esclareceu que a compra do apartamento pela AAL serviria para albergar um
atelier de arte com oficinas para os novos ar stas portugueses.

a) Podia a Fundação “Amigos das Artes de Lisboa” celebrar o contrato de compra e venda
do apartamento?
b) Caracterize e classifique juridicamente o quadro do Picasso.
c) Imagine agora que Daniel de 15 anos, filho de Armando, quando se deparou com a
tristeza de Carlota em relação à danificação do quadro do Picasso, resolveu ir a um
Atelier comprar uma fotografia deste, tendo gasto 1,500 EUR. Armando, desesperado,
dirige-se de imediato à loja e exige a devolução do dinheiro.
CASO XIII

António, de 17 anos, estudante, reside no Porto com os seus Pais. O andar onde habitam foi
doado a António por Bento, seu avô. Com efeito, o mesmo doou o imóvel da Boavista ao
primeiro filho varão da sua filha Maria.

Contudo, à data da doação, já o avô sen a os primeiros sintomas da doença de Alzheimer,


razão pela qual sua irmã, Daniela, requereu o seu acompanhamento. Meses depois, o tribunal
designou Daniela sua acompanhante, compe ndo-lhe representar o irmão nos atos de
disposição de bens em vida.

António é um adepto ferrenho do Futebol Clube do Porto. Sucede que, há dois anos, foi viver
para o mesmo prédio Carlos, médico, lisboeta e benfiquista, o qual, por força de uma doença
da pele, tem a aparência de um natural do Norte de África.

António chama-lhe, por isso, sempre “mouro”, exortando-o amiúde a ir-se embora, ou seja, a
voltar para a capital. O assunto já foi discu do em assembleia de condomínio, tendo a maioria
dos presentes concluído que António, ao apelidar Carlos de “mouro”, devido à sua aparência
sica, não estava a dizer nenhuma men ra.

Os pais de António pretendem agora vender o imóvel, aproveitando a bolha imobiliária.


Dessa forma, não só vão conseguir custear os estudos universitários de António – que vai ter
de ir estudar medicina para o estrangeiro, pois não teve nota suficiente para o fazer numa
universidade portuguesa -, como terão capacidade económica para restaurar a casa,
atualmente em ruínas, de uma quinta de família, situada nos arredores do Porto, para onde
irão viver.

Um dos andares do prédio é propriedade da Associação dos Amigos do Parque Natural do


Gerês. Com o obje vo de angariar fundos a mesma passou a aí explorar um alojamento local.

Os clientes são mairoitamente jovens estrangeiros e, desde que o alojamento local abriu,
ninguém teve sossego no prédio. As festa sucedem-se, até altas horas de madrugada, com a
música a um nível quase ensurdecedor. O alojamento local, contudo, está devidamente
licenciado.

a) António já adquiriu a propriedade do andar? Em caso de resposta afirma va, quando é


que tal sucedeu?
b) Aprecie a validade da doação do andar, atendendo à doença do doador e, sendo caso
disso, quem poderia invocar a invalidade do negócio.
c) O ordenamento jurídico português tutela, de alguma maneira, a posição de Carlos
perante António? Se sim, o que pode Carlos fazer?
d) Os pais de António podem vender livremente a casa da Boavista?
e) Pode a Associação dos Amigos do Parque Natural do Gerês explorar um alojamento
local?
f) Os condóminos têm direito a restaurar a tranquilidade no prédio?

CASO XIV

No dia 3 de fevereiro de 2019, ao ouvir no cias sobre a Covid19 e por ter muito meno de
doenças, Joana, nascida no dia 3 de fevereiro de 2003, entrou em pânico e viajou para parte
incerta, publicando esta mensagem nas redes sociais: “A mim a Covid19 não me vai apanhar!
Adeus!”. Os seus pais e Daniel, namorado de Joana, dela nada mais souberam desde então. Por
isso, Daniel, no dia 3 de fevereiro de 2021, lançou uma grande campanha nas redes sociais,
com fotografias de Joana, radas numa festa de aniversário de Daniel, publicando esta
mensagem: “Divulguem p.f. estas fotografias, a Joana fugiu! Ela é hipocrondríaca e
mentalmente muito frágil! Ajudem a encontrar e salvar a Joana!”.

a) Caso nada mais se saiba quanto a Joana, analise a sua situação no dia 4 de fevereiro de
2026.
b) Suponha, por hipótese, que Joana foi descoberta por causa da campanha de Daniel.
Porém, Joana sente-se muito deprimida por causa dessa campanha, que circula em
várias redes sociais, pois ficou a ser conhecida como “a hipocondríaca”. Quid juris?
CASO XV

Daniel, nascido no dia 20 de novembro de 2003, namorado de Joana, decidiu que teria de
fazer “mais qualquer coisa” para descobrir o paradeiro de Joana. Tendo recebido uma herança
de 500.000,000€, Daniel, no dia 11 de novembro de 2021, celebrou um contrato de compra e
venda de um drone, com o preço de 700€, dele constando que “o preço será pago no dia 21 de
novembro de 2021”.

a) Analise a compra do drone por parte de Daniel no dia 11 de novembro de 2021.


b) Considere agora que Danie começou a consumir estupefacientes e que foi publicitado,
no dia 6 de nomvebro de 2021, que a sua mãe, Ana, por essa razão, requereu que seja
decretado o acompanhamento de Daniel, apesar de este discordar. Analise a pretensão
de Ana, e, neste contexto, considere a hipótese de Daniel ter celebrado o contrato de
compra e venda do drone no dia 21 de dezembro de 2021, caso o pedido de Ana venha
a ser julgado procedente.
CASO XVI

A associação “AN – Amar os Números” tem por finalidade “a divulgação e a promoção da


matemá ca”. Visando angariar receitas para a associação, a NA comprou quinhentos manuais
de matemá ca para os “oferecer” através da “venda de rifas”: cada rifa custava 5€ e cada um
dos potenciais 500 vencedores receberia um livro de matemá ca no valor de 25€. A NA vendeu
15 mil rifas. Por outro lado, alegando que “os matemá cos têm direito a morrer com
dignidade”, a NA decidiu doar 10 mil euros à associação “MD – Morrer com Dignidade”, que
visa promover a aprovação do direito à eutanásia.

a) Analise a venda de rifas por parte da AN.


b) Analise a doação de dez mil euros da AN à MD.
CASO XVII

Andreia é uma famosa atriz de teatro e de televisão. Aos 25 anos, ao sair bastante
embriagada de uma festa par cular na discoteca CITY BEACH onde estavam presentes várias
celebridades, esta foi de da por suspeitas de fraude fiscal.

Vários repórteres da comunicação social, que veram informação antecipada do sucedido


através de denúncia, encontravam-se à saída da discoteca e decidiram fotografar e gravar a
detenção de Andreia.

Bruno, jornalista do jornal «Pasquim da Madrugada», escreveu uma extensa reportagem


sobre Andreia, fazendo destaque a uma fotografia desta, notoriamente embriagada, a ser
de da e acusando-a de ser «a vergonha da televisão nacional».
Andreia pretende pôr fim à divulgação das no cias e das imagens, para além de exigir que
Bruno lhe pague uma indemnização por danos à honra e à sua imagem.

Quid juris?

CASO XIX

Abel é um famoso ator e cantor conhecido essencialmente por, desde muito cedo, ser
protagonista numa série televisiva de entretenimento infan l, condição que lhe rendeu uma
pequena fortuna. Aos 12 anos negociou pela internet com o Banco Plus a cons tuição de uma
aplicação financeira, onde uma pequena parte do seu muito dinheiro renderia juros favoráveis.
Para concre zar tal aplicação e, u lizando uma barba pos ça que descobriu nos camarins,
comprou a Luís um carro topo de gama, por 100 000€, que disponibilizou a Mário, seu pai, a
quem instruiu que levasse o dinheiro para o estrangeiro para ser realizado o depósito
negociado.

Na zona dos Pirenéus, um enorme temporal causou uma avalanche que empurrou várias
viaturas para uma ravina. O certo é que Mário, que passava no local, não mais foi encontrado,
e nem o carro ou o dinheiro que transportava.

Abel acompanhou as incessantes buscas, no Facebook, da sua mãe, Berta, à procura do


marido. Aos 14 anos, corroído pela culpa, Abel revelou-lhe finalmente as circunstâncias em que
Mário nha desaparecido. Furiosa com o sucedido, Berta telefonou a Luís a dar sem efeito a
compra do carro e requereu, de imediato, a jus ficação da ausência de Mário.

Uma vez jus fica a ausência, Berta veio a providenciar pela recolha da cor ça num prédio
rús co que pertencia ao marido, e pela sua venda ao filho para que este iniciasse um
estabelecimento de produção e venda de uma nova linha de roupa, com a sua marca, com
u lização de matéria-prima nacional.

Aos 16 anos, Abel celebrou, com autorização da mãe, um contrato para par cipar no reality
show “Inconfidências”, para o que recebeu um cachet de 10 000€, mas do qual veio a desis r,
sob protesto da empresa produtora, quando outro concorrente insinuou saber as
circunstâncias do desaparecimento do seu pai.

Aos 18 anos, à saída de uma festa par cular em que estavam muitos “famosos”, Abel foi
de do por suspeitas de crime fiscal. A comunicação social, que soubera antecipadamente,
através de uma denúncia, filmou a detenção e exibiu constantemente as imagens durante dias
para ilustrar a no cia. Este, temendo vir a perder muitos dos seus espetadores e contratos
publicitários, pretende pôr fim à divulgação das no cias e das imagens.
Quid juris?

CASO XX

António, viúvo, tem 90 anos e sente-se com pouca paciência para tratar das suas coisas.
António, apesar de ter três filhas, vive sozinho, em Lisboa. A filha mais velha, Beatriz, vive no
Canadá, a do meio, Celeste, vive em Lisboa, e a mais nova, Dulcineia, no Porto. Celeste e
Dulcineia não querem saber do pai. Nunca o visitam nem sequer lhe telefonam. Beatriz, pelo
contrário, todos os dias fala com o ‘~´
_pai e, nas férias, vem a Portugal passar uns dias com ele.

António, nada dizendo às filhas, contrata um advogado e dá-lhe instruções para requerer o
seu acompanhamento, indicando Beatriz como acompanhante e solicitando a entrega da
administração total dos bens a Beatriz. No mesmo dia, António coloca a sua casa à venda e
reserva um lugar na casa de repouso Lar, para onde tenciona mudar-se assim que abrir uma
vaga.

a) Suponha que o tribunal decreta o acompanhamento de António. Pode o tribunal


designar como acompanhante Celeste e não Beatriz, com o fundamento de que, por
Beatriz se encontrar no Canadá, a pessoa mais adequada, em vista dos interesses de
António, é Celeste?
b) Suponha que o acompanhamento é decretado, como solicitado, e no mês seguinte
António recebe uma chamada do Lar com a informação de que vagou um quarto. Pode
António mudar-se para a casa de repouso sem autorização do tribunal?
c) Suponha agora que, cerca de duas semanas depois de já estar instalado no Lar, António
outorgou a escritura de venda da casa, sendo Francisco o seu comprador. Aprecie a
validade do negócio de compra e venda da casa.

CASO XXI

António, ministro da República, enviou um email a Bento, seu amigo de infância, comentando
que havia traído a sua mulher, Carolina. Bento reenviou o email a Carolina, que deciciu
divorciar-se de António.

Carolina, para se vingar, contou tudo a Duarte, jornalista d’A Corneta do Diabo, que publicou a
história da traição, acompanhada de excertos do email.

António pretende intentar três ações:

1. Contra bento;
2. Contra Carolina;
3. Contra Duarte e A Corneta do Diabo.

Quid juris?

CASO XXII

Eduardo, maior de idade, padecia de uma doença grave degenera va. À medida que a doença
foi evoluindo, a capacidade de Eduardo para compreender os negócios que celebrava foi,
paula namente, diminuindo. Fábia, sua mulher, dá início, no dia 1 de abril de 2022, a uma ação
de acompanhamento de maiores. Após a publicitação da propositura da ação, Eduardo vende,
no dia 1 de junho de 2022, o seu automóvel por 10000€. A sentença transitada em julgado, no
dia 1 de dezembro de 2022, reconhecia a incapacidade de exercício de Eduardo para a
celebração de negócios jurídicos envolvendo quan as superiores a 100€.

Fábia, designada acompanhante de Eduardo, pretende anular a venda do automóvel.


Eduardo, muito incomodado, pretende divorciar-se de Fábia. Fábia alega que Eduardo não o
pode fazer, em virtude da sentença, e decide, como retaliação, internar Eduardo. Quid juris?
CASO XXIII

Guilherme vendeu a Heloísa uma pequena quinta, composta por um pomar e uma an ga
moradia. Depois de celebrado o contrato, Heloísa apercebe-se que Guilherme havia levado os
seguintes bens:

 Todos as árvores do pomar;


 Duas grandes estátuas que estavam na entrada exterior da moradia;
 Os azulejos an gos da cozinha.

O contrato de compra e venda nada dispunha sobre estes bens. Quid juris?

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