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LIVRO DE CASOS PRÁTICOS

DIREITO DAS SUCESSÕES E


PROCESSO DE INVENTÁRIO
Licenciatura em Solicitadoria

ANO LETIVO 2021/2022 | 2.º SEMESTRE | 2.º ANO


DOCENTE: SOFIA FERNANDES
Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria
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TEMA:

ESPÉCIES DE SUCESSÃO MORTIS CAUSA

Caso Prático 1:

Perante as situações descritas, diga quais as espécies de sucessão quanto às fontes


de vocação e ao objeto.

1. Anacleto morreu no passado domingo. Era casado e tinha 2 filhos.


2. Belina celebrou convenção antenupcial aquando do seu casamento com César,
instituindo sua sucessora Donzília, filha de César, a quem atribuiu a sua casa de
morada de família. Aquando da sua morte, para além de César, Belina tinha vivas
duas filhas de um anterior casamento.
3. Esmério é solteiro e tem 3 filhos, de 3 mulheres com quem teve relações fugazes.
Não tendo afeição por nenhum deles, Esmério fez testamento a favor da sua atual
namorada, onde se pode ler “nomeia legatária a sua namorada Fabíola Andrade
dos Santos, a quem deixa a totalidade da sua quota disponível.”
4. Gisberto, menor e órfão, a viver com o único irmão, Hirondino, de 27 anos,
morre num acidente de viação. Face às medidas restritivas por causa da
pandemia da covid-19, no seu funeral, além do irmão, estiveram presentes
apenas os avós paternos e maternos e o seu afilhado, filho de um casal amigo.
5. Igor é casado com Justina de quem tem 3 filhos. Para além destes, Igor tem mais
5 filhos de dois anteriores casamentos. Após o falecimento de Igor, Justina não
tem aguentado as lágrimas sempre que recorda o momento em que soube que
Igor deixou, por testamento, €50.000,00 a cada uma das ex-mulheres.
6. Karina morre aos 97 anos, solteira. Os seus únicos parentes sobrevivos são uma
filha de uma prima e uma bisneta de uma irmã. Não lhe é conhecido qualquer
testamento.
7. Leontina, filha de Marino e Nilde, casou no ano passado com Olga. Apesar dos
planos para engravidar, Leontina veio a falecer, inesperadamente, este ano sem
ver cumprido o seu sonho.
8. Patrício era um sem-abrigo. Morreu desorientado e abandonado sem que
ninguém lhe desse a mão. No entanto, após a sua morte, descobriu-se que
Patrício era proprietário de um valiosíssimo espólio de obras de arte que
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guardava num cofre alugado de um banco. Subitamente, apareceram duas irmãs,


um sobrinho, filho de uma delas, e uma tia a reclamar a herança de Patrício.
Patrício, no entanto, tinha feito testamento a deixar a totalidade do seu
património a Querubim, o seu cão fiel.
9. Ricardina e Serafim casaram em 2019, tendo feito convenção antenupcial a fixar
o regime da separação de bens e a renúncia recíproca à qualidade de herdeiros.
Ricardina faleceu no ano passado, tendo deixado sobrevivos os pais Tomásia e
Ulisses e os filhos Vivilde e Wagner. A este último, Ricardina tinha deixado em
testamento o usufruto de todos os seus bens.
10. Xavier faleceu ontem intestado, sem descendentes nem ascendentes. Os únicos
familiares que lhe sobreviveram foram Yara, sua madrasta, e Zacarias, viúvo de
uma irmã sua que tinha falecido em 2000.
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TEMAS:

MORTE COMO PRESSUPOSTO DA SUCESSÃO

ABERTURA DA SUCESSÃO

VOCAÇÃO SUCESSÓRIA

DESIGNAÇÃO SUCESSÓRIA

Caso Prático 2:

José faleceu, em 27 de janeiro de 2015, num acidente de viação, juntamente com


o seu filho Ferdinando, de 10 anos, sem que fosse possível determinar a hora da morte de
cada um ou a antecedência de uma em relação à outra. Sobreviveram-lhe a cônjuge
Piedade, com quem era casado em segundas núpcias no regime da separação de bens,
duas filhas do primeiro casamento, Tomásia e Betânia, e um filho menor de uma relação
extraconjugal que teve em 2013, Hirondino, dois netos, os seus pais, dois irmãos, quatro
tios e respetivos cônjuges, 5 primos, 2 irmãos dos seus avós e 5 filhos destes.

José fez testamento através do qual afastou a sua mulher Piedade da sucessão
legitimária. Mais tarde, fez outro testamento pelo qual afastou o filho Hirondino da
sucessão legítima e deixou 1/2 da quota disponível à amiga Cláudia. Por fim, aquando do
casamento de Tomásia, José fez uma doação para casamento, deixando-lhe a totalidade
da quota disponível.

Tomásia procura-o(a) hoje no sentido de ver esclarecido quem são os sucessores


de seu pai e a que título serão chamados. O que lhe diria? Justifique a sua resposta.

Caso Prático 3:

Anacleto morre num trágico acidente de viação. Sucedem-lhe a cônjuge


Bernardete, os filhos de ambos Carmen e Dionísio e o filho de um anterior casamento
Ernesto. Para além destes, sucede-lhe ainda Firmino, seu amigo vespista de longa data a
quem Anacleto, por testamento, deixou uma Vespa no valor de €2.000,00. A massa da
herança tem o valor de €90.000.

Diga quanto calha a cada sucessor e a que título sucedem.


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Caso Prático 4:

Gisberto morre vítima de covid-19. Sucedem-lhe Hermengarda, sua esposa, e os


filhos de ambos Idalina, Jeremias, Leontina e Madalena. A massa da herança tem o valor
de €80.000.

Mais tarde, Idalina, casada com Norberto e sem descendentes, vem a falecer. A
massa da sua herança, por sua vez, é de €150.000.

Diga quanto calha a cada sucessor, em cada sucessão, e a que título sucedem.

Caso Prático 5:

Olívia suicida-se. Era solteira e não tinha filhos. Os pais haviam já falecido e
sobreviveram-lhe apenas três irmãs e dois filhos de cada irmã. Olívia havia feito
testamento a favor de Patrício, seu amigo, a quem havia deixado 1/2 da quota disponível,
e de Querubim, seu primo, a quem havia deixado €3.000.

A massa da herança é de €40.000.

Diga quanto calha a cada sucessor e a que título sucedem.

Caso Prático 6:

Raul é brutalmente assassinado durante uma manifestação. Sem cônjuge,


descendentes ou ascendentes, sobrevivem-lhe, apenas, as irmãs Sabina e Tânia, filhas da
mesma mãe e do mesmo pai, Urbalino, filho do mesmo pai, e Viviana, filha da mesma
mãe.

A massa da herança é de €15.000.

Diga quanto calha a cada sucessor e a que título sucedem.

Caso Prático 7:

Perante o seguinte excerto da notícia publicada no dia 21 de abril de 2021, no


Região de Leiria, diga, justificando, se o pai e a madrasta de Valentina serão chamados à
sucessão da menina:
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“O pai e a madrasta de Valentina foram hoje condenados pelo Tribunal de Leiria


a 25 anos e a 18 anos e nove meses de prisão, respetivamente, pela prática de
vários crimes, entre os quais homicídio qualificado.

O Tribunal de Leiria condenou esta segunda-feira o pai e a madrasta de Valentina,


respetivamente, em cúmulo jurídico, pelos crimes de homicídio qualificado, de
profanação de cadáver, de abuso de simulação de sinais de perigo em coautoria, e
de violência doméstica, apenas para o arguido.”

Caso Prático 8:

Comente, enquanto jurista, o seguinte excerto da notícia da Sábado, de 6 de janeiro


de 2019, tendo em conta que Diana veio a ser condenada em julho de 2019 a 24 anos de
prisão pelo homicídio de Amélia:

“Amélia Fialho, a professora do Montijo brutalmente assassinada pela filha


adotiva, Diana, e o marido desta, Iuri, em setembro passado, ia mudar o seu
testamento e deserdar Diana. Todo o património (casas, carros e contas) iriam para
a Casa do Gaiato, voltando assim ao testamento que teve desde 1998 e que
revogou em 2013 para benefício da filha adotiva.

Foi este o motivo, anunciado numa discussão com a filha poucos dias antes, que
levou ao homicídio, concluiu a investigação da PJ de Setúbal.”

Caso Prático 9:

Clotilde é casada com Almerindo. De um casamento anterior, Almerindo tem dois


filhos, Manuel e Gervásio. Em 2019, Clotilde pediu o divórcio a Almerindo pois já não o
amava. Este, por sua vez, ainda morria de amores pela esposa, pelo que não aceitou
divorciar-se e Clotilde avançou para tribunal.

Na manhã do dia 13 de dezembro de 2019, Clotilde, representada pelo seu


advogado, deu entrada da ação de divórcio e, na tarde desse mesmo dia, recebeu uma
chamada da PSP a informá-la que Almerindo acabara de ter um acidente de viação e
falecera no local.
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Almerindo deixou património avaliado em €500.000 à data da abertura da


sucessão e todas as dívidas pagas.

Clotilde pede-lhe hoje que trate da sucessão de Almerindo, arrogando-se única


herdeira e cabeça-de-casal. E justifica:

a) Aquando do casamento, celebraram convenção antenupcial pela qual


Almerindo doava, por sua morte, e por conta da quota disponível, a Clotilde
uma casa no Algarve, avaliada em €250.000 à data da sua morte;
b) Por testamento, Almerindo havia deserdado Manuel por alienação parental,
uma vez que Manuel, ainda menor e desde o divórcio com a sua mãe, deixara
de o visitar, de o chamar de pai e negava na escola perante professores e
colegas ter pai;
c) Gervásio tentou matar à machadada Clotilde na sequência de uma acesa
discussão entre ambos, por causa da sucessão de Almerindo, em abril de 2020,
tendo valido a Clotilde a intervenção de uma vizinha.

Quid iuris?

Caso Prático 10:

Anastácio nasceu em 1895. Em 1915 participou na 1ª Guerra Mundial, tendo sido


condecorado com a Medalha Militar da Cruz de Guerra. Logo em 1920 casou com
Teresinha, em únicas núpcias de ambos. Tiveram 5 filhos: Bernardo, Cristina, Dilma,
Evaristo e Francisco.

Em 1995, os filhos de Anastácio, já velhos e cansados, decidiram instalar o pai


num lar, pois, apesar da sua ainda boa capacidade mental, já estava dependente de alguns
cuidados de higiene, alimentação e enfermagem, tendo em conta a sua situação de doente
oncológico.

No dia 01.01.2001, logo após a sua segunda passagem de século e primeira de


milénio, Anastácio fechou os olhos para sempre, vítima de cancro. Antes dele, viu partir
a sua amada Teresinha e os filhos Dilma e Francisco, ambos sem descendentes.

Aquando do casamento de Bernardo com Gertrudes, Anastácio fez-lhe doação


mortis causa, deixando-lhe, por conta da quota disponível, a Medalha Militar da Cruz de
Guerra, avaliada em €5.000 à data da sua morte.
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Em 1995, Anastácio havia feito um testamento a favor de Cristina, deixando-lhe


o recheio daquela que tinha sido a sua casa de habitação antes de ir para o lar, avaliado
em €4.000,00 à data do óbito, e de Evaristo, a quem deixou €10.000.

Em 2000, porém, Anastácio fez um testamento através do qual deixou a Helena,


enfermeira no lar, que dele cuidou nos últimos anos da sua vida, a totalidade da sua quota
disponível.

Quid iuris, tendo em conta que Anastácio deixou, à data da sua morte, bens
avaliados em €150.000,00, uma dívida de €90.000,00 e que não tinha feito quaisquer
liberalidades em vida.

Caso Prático 11:

Isaura, solteira e sem descendentes ou ascendentes, faleceu em 01.07.2020. Em


testamento, havia deixado à sua sobrinha Josefina, filha da irmã Laura, 1/3 da sua herança
e, igualmente 1/3 da herança ao primeiro filho ou filha da sua irmã Madalena, que viesse
a ser concebido. Deixou, ainda, à irmã Laura o direito de usufruto que Isaura tinha numa
casa em Sesimbra e à irmã Madalena a qualidade de associada na AMI – Associação de
Mulheres Nascidas sob o Nome Isaura, que lhe garantia, por força dos estatutos, voto de
qualidade nas deliberações tomadas em assembleia geral.

Quando faleceu, Isaura deixou bens avaliados em €160.000,00 à data do óbito e


uma dívida no valor de €10.000,00.

Suponha que hoje Laura e Madalena, as únicas irmãs de Isaura, o(a) contactam na
qualidade de solicitador(a) para proceder à partilha do património de Isaura, sendo certo
que Madalena ainda não tem filhos e que Laura é filha do mesmo pai e da mesma mãe de
Isaura, ao passo que Madalena é filha apenas do mesmo pai. O que lhe diria?

Caso Prático 12:

Neide, casada e sem filhos, morre hoje num trágico acidente de viação. Os pais de
Neide, Odete e Patrício, sabendo das quezílias entre Neide e o seu marido Quintino,
desconfiam que Neide tenha feito testamento, pelo que procuram um notário para
averiguar da existência de eventuais testamentos.
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Efetivamente, Neide havia feito um testamento no qual deixava a Quintino o


usufruto de toda a quota disponível (avaliado em €15.000,00 à data da abertura da
sucessão) e aos pais a nua propriedade.

A massa da herança, à data da abertura da sucessão é de €120.000.

1. Faça a partilha do património de Neide.


2. Imagine, agora, que Quintino havia escondido um segundo testamento em que
Neide deixava toda a quota disponível aos seus pais. Quid iuris?

Caso Prático 13:

Idalécio casou com Adélia em 1991 no regime da separação de bens. Tiveram 3


filhos, Bruno, Carlos e Diana e adotaram Élia em 2018.

Em 2019 Idalécio morre vítima de um AVC. No dia do funeral, Adélia recebe em


sua casa a visita de Felícia que alega estar grávida de 32 semanas de Idalécio, de um
Gustavinho, o que se veio a provar, posteriormente, em ação judicial.

Idalécio deixou uma casa na praia, avaliada em €100.000,00, a casa onde residia
com a esposa e os filhos, avaliada em €300.000,00, três viaturas, avaliadas em
€70.000,00, uma conta bancária com €130.000,00 e uma dívida ao banco no valor de
€100.000,00.

Mais tarde, Adélia vem a saber que, Idalécio havia feito testamento através do
qual deixou ao filho Gustavinho, que haveria de nascer, €100.000,00 e aos restantes filhos
o remanescente da quota disponível, em partes iguais. Um mês mais tarde, Idalécio fez
outro testamento no qual deixou a Felícia a casa na praia.

Adélia procura-o(a) na qualidade de solicitador(a) para saber em que termos será


feita a partilha dos bens de Idalécio. Quid iuris?

Caso Prático 14:

Amandino Augusto casou com Bernardete Bianca em 1985, no regime da


separação de bens. Tiveram 5 filhos: Clóvis Carlos, Delita Diana, Elvis Édi, Fani Fabiana
e Gina Gilda. Em 2000 separou-se de facto de Bernardete Bianca, tendo ido viver com
Hermenegilda Hélia desde então, numa casa que arrendou.
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Em 2019, Amandino Augusto foi atropelado numa passadeira, tendo-lhe


sobrevivido todos os acima referidos. Deixou a casa onde vivera com Bernardete Bianca
e os filhos, avaliada em €120.000,00 à data da morte, um Smart e um BMW avaliados em
€10.000,00 e €30.000, respetivamente, à data da morte, e que havia deixado em
testamento, respetivamente, ao amigo Igor Inácio e a Hermenegilda Hélia.

Bernardete Bianca não se entende com Hermenegilda Hélia quanto à partilha dos
bens de Amandino Augusto, não aceitando a interferência desta no processo. Face ao
exposto, Hermenegilda Hélia procura-o(a), na qualidade de solicitador(a), no sentido de
saber quais são os seus direitos, como se fará a partilha e se pode impulsionar o processo
de inventário.

Quid iuris?

Caso Prático 15:

Rui morreu no dia 12 de maio de 2010 num acidente de viação. Era casado com
Samanta e tiveram 4 filhos, Tadeu, Urbalino, Viriato e Waldo. Waldo faleceu em 10 de
junho de 2003, sendo, à altura, casado com Xana, de quem tinha dois filhos, Yara e
Zacarias. Por sua vez, Samanta morreu umas horas depois do marido, vítima do mesmo
acidente de viação que a tinha deixado em coma.
Samanta tinha, além dos 4 filhos com Rui, 2 filhos de um anterior casamento,
Anaísa e Bonifácio.
Rui havia deixado testamento, pelo qual deixava a Anaísa e Bonifácio um
Maserati de coleção, que foi avaliado em €200.000 à data da abertura da sucessão.
Deixou, para além do Maserati, bens e valores no valor total de €800.000 e uma dívida
de €100.000.
Bonifácio, sem descendentes, ao ter conhecimento do testamento, repudiou o
legado.
1. Faça a partilha de Rui.
2. Suponha, agora, que B tinha um filho, C.
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Caso Prático 16:

Damião faleceu no estado civil de divorciado, tendo-lhe sobrevivido os filhos


Érica e Fabrício e os netos, filhos do pré-falecido filho Gustavo, Hirondino e Ilda.

Damião havia feito testamento a favor de Fabrício deixando-lhe a totalidade da


quota disponível.

Érica, casada com Josefina e sem descendentes, repudiou a herança de seu pai, e
Hirondino foi deserdado por Gustavo.

Tendo em conta que Damião deixou bens avaliados em €120.000 à data do óbito
e não deixou dívidas, proceda à partilha da sua herança.

Caso Prático 17:

Ludomila faleceu no dia 1 de abril de 2021. Era viúva e não tinha filhos.
Sobreviveram-lhe apenas os irmãos Maria e Nelito, a sobrinha Pilar (sem filhos), filha do
irmão Óscar, falecido em 2010.

Ludomila fez testamento a favor da afilhada Quitéria, deixando-lhe metade da


herança e, caso esta falecesse antes de Ludomila, a referida metade da herança deveria
ser entregue ao Clube Desportivo de Trás-do-Sol-Posto.

Sabendo que Quitéria faleceu em 2018 e que deixou duas filhas, Ricardina e
Soraia, que Pilar repudiou a herança da sua tia e que Ludomila deixou bens no valor de
€120.000 à data do óbito, faça a partilha.
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TEMAS:

HERANÇA JACENTE

ACEITAÇÃO E REPÚDIO DE HERANÇA

PETIÇÃO DE HERANÇA

ALIENAÇÃO DE HERANÇA

ADMINISTRAÇÃO DE HERANÇA

LIQUIDAÇÃO DE HERANÇA

PARTILHA DE HERANÇA

Caso Prático 18:

Armelindo faleceu em 2020. Era casado com Brunilda e tinha duas filhas, Clara e
Diana. Deixou dívidas no valor de €4.000,00.

Em 2003 havia feito uma doação ao seu amigo Elvis no valor de €4.000,00. Nesse
mesmo ano, Armelindo fez testamento a instituir seu herdeiro o seu sobrinho Fábio,
deixando-lhe 1/6 da quota disponível.

Em 2007, aquando do casamento do seu sobrinho Guilherme, irmão de Fábio,


Armelindo fez, em convenção antenupcial, doação mortis causa a Guilherme de 1/6 da
quota disponível, e testamento a favor de Hilária, irmã de Guilherme e de Fábio, de 1/6
da quota disponível.

Em 2009, para agradecer o empenho da sua empregada doméstica, Ilda,


Armelindo fez testamento legando-lhe uma viatura no valor de €9.000,00 à data do óbito
e fez-lhe uma doação de €2.500,00, em dinheiro.

Faça a partilha, tendo em conta:

a. Que Armelindo deixou bens no valor de €42.500,00;


b. Que Armelindo deixou bens no valor de €57.500,00;
c. Que Armelindo deixou bens no valor de €12.500,00.
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Caso Prático 19:

Anatilde faleceu no passado dia 8 de abril de 2021. Era casada com Baltazar e
dele tinha 2 filhas, Carmen e Dânia. De um anterior casamento tinha, ainda, um outro
filho, Filipe.

Anatilde deixou uma quinta no Alentejo, avaliada à data da sua morte, em


€500.000,00, um carro avaliado em €35.000,00 e o recheio da quinta, no valor de
€65.000,00. Em comum com Baltazar, Anatilde tinha, ainda, um apartamento T5 em
Leiria, casa de morada de família, avaliado em €350.000,00. Deixou uma conta bancária
para onde recebia o ordenado, com saldo à data do óbito de €30.000,00 e uma conta
poupança em seu nome com saldo de €75.000,00.

As dívidas do casal ascendiam a €10.000,00 e as dívidas próprias a €5.000,00.

Em vida, Anatilde havia doado ao filho Filipe, em 2019, por conta da quota
disponível, um terreno para construção da sua casa, avaliado à data da morte em
€35.000,00. Pagou, ainda, as despesas do casamento da filha Carmen, no valor de
€20.000,00, com dinheiro próprio.

A filha Dânia foi a única que prosseguiu os estudos para o ensino superior, tendo
os pais pago a totalidade das despesas com propinas, deslocação, alojamento, alimentação
e material escolar, num total de €40.000,00, ao longo dos anos 2010-2014.

Em 2017, Dânia comprou um carro, no valor de €50.000,00, tendo Anatilde e


Baltazar ajudado a filha a pagar o carro, com uma entrada no valor de €30.000,00.

Anatilde fez testamento público em 1985, quando ainda não era casada e não tinha
filhos, tendo deixado a Guida, sua melhor amiga, €200.000,00. Mais tarde, em 1993, já
casada com Hélder, pai de Filipe, Anatilde fez novo testamento público, deixando a
Hélder a quinta no Alentejo. Em 1995, quando Filipe nasceu, Anatilde fez novo
testamento, desta vez, cerrado, deixando a Filipe uma casa na praia de que era proprietária
na altura. Porém, quando, em 2000, nasceu a sua segunda filha, Carmen, Anatilde rasgou
este último testamento.

Em 2020, Anatilde doou esta referida casa de praia a Idalécio com quem mantinha,
desde 2010, um caso extraconjugal. A casa foi avaliada em €250.000,00 à data da morte
de Anatilde.

1. Diga quem é o cabeça-de-casal da herança aberta por óbito de Anatilde.


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2. Suponha que Josefina, amiga de Dânia dos tempos de faculdade, propôs a


Dânia que lhe arrendasse a quinta no Alentejo, por um fim-de-semana, para o
seu casamento, tendo esta consentido. Quid iuris?
3. Logo que teve conhecimento da morte de Anatilde, Carmen, casada em
comunhão de bens adquiridos com Kevin, repudiou a herança, através de carta
enviada por correio registado a Baltazar. No entanto, uma semana depois,
Carmen ligou a Baltazar dando conta de que pretendia revogar o seu repúdio.
Quid iuris?
4. Supondo que Filipe, casado com Lúcia e com 2 filhos, Maria e Nuno, repudiou
a herança, faça a partilha.

Caso Prático 20:

Olímpio faleceu em outubro de 2020. Era casado com Pilar, no regime da


separação de bens, desde 2019. Aquando do casamento, renunciaram reciprocamente à
condição de herdeiros legitimários um do outro.

Olímpio tinha 4 filhos de um anterior casamento, Querubim, com 28 anos, Rufina,


com 26 anos, e Serafim e Tinoco, ambos com 15 anos e a residir com Olímpio.

Deixou bens no valor de €400.000 e dívidas no valor de €100.000. Fez doação


mortis causa a Pilar, na convenção antenupcial, pela qual lhe deixou um apartamento em
Leiria, no valor de €150.000.

Em vida tinha feito as seguintes doações: em 2010, doou um terreno a


Querumbim, avaliado à data da morte em €100.000; em 2013, doou uma casa na praia a
Rufina, no valor de €120.000; em 2015, doou a Serafim €75.000; em 2019, doou a
Urbalino, seu amigo, uma coleção de moedas avaliada em €20.000.

1. Supondo que Querubim (casado com Viviane e sem filhos) repudiou a herança
e que Rufina (mãe de Walter e de Xavier e casada com Zacarias) havia falecido
em 2017, faça a partilha.
2. Diga quem é o cabeça-de-casal da herança aberta por óbito de Olímpio.
3. Qual é a forma da partilha?
4. Pode Pilar requerer inventário?
5. Supondo que houve lugar a processo de inventário para a partilha dos bens,
pode o solicitador de Xavier representá-lo, tendo em conta que há uma questão
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controvertida quanto ao cálculo do valor da legítima de cada um dos herdeiros


legitimários?

Caso Prático 21:

Alcides faleceu em 2020. Era casado com Branca e tinha dois filhos, Clóvis e
Damião, de 20 e 25 anos.

Deixou bens avaliados em €70.000, todos comuns do casal, e ainda um carro,


BMW, bem próprio, avaliado em €30.000, e dívidas próprias no valor de €5.000.

Há 5 anos separado de facto de Branca, e desde então de costas voltadas para


Clóvis e Damião, Alcides fez as seguintes disposições:

a) Em 2016, doou um carro a Édi, à data do óbito avaliado em €13.000;


b) Em 2017, fez testamento a favor de Frederico, deixando-lhe metade dos seus
bens;
c) Em 2018, doou a Gertrudes uma casa que era bem próprio, no valor global de
€77.000 à data do óbito;
d) Em 2019, fez testamento a favor de Hilário, deixando-lhe o carro BMW e, se
este não quisesse ou não pudesse aceitar, seria o carro deixado a Isabel.
1. Supondo que Hilário faleceu em 2019, pouco depois do testamento, e que lhe
sobreviveu como único herdeiro legitimário o filho Jonatas, e que Frederico
repudiou e tem dois filhos, Kevin e Lara, faça a partilha dos bens deixados.
2. Quem é o cabeça-de-casal? Pode renunciar ao cargo?
3. Não havendo acordo entre os herdeiros para a partilha, onde pode ser feita a
mesma e quem tem legitimidade para lhe dar impulso ou para nela intervir?

Caso Prático 22:

Agapito faleceu no passado dia 5 de maio. Era viúvo e tinha três filhos: Brandão,
Caetano e Dalila. Com ele vivia a enteada Ema, filha da falecida mulher Florinda, com quem
foi casado em separação de bens.
Dalila havia falecido em 2019, sobrevivendo-lhe os filhos Gabriel e Herculano.
Agapito deixou a casa de morada de família, no valor de €100.000,00, um BMW, no
valor de €30.000,00 e um mercedes no valor de €20.000,00. Em contas bancárias, recheio
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da casa e outros bens e valores, somam-se mais €80.000,00. Deixou dívidas no valor de
€200.000,00.
Em 01.03.2010, Agapito doou uma casa na praia à filha Dalila, no valor de
€150.000,00, por conta da legítima, e um terreno à enteada Ema, no valor de €30.000,00.
Ajudou, ainda, Brandão a pagar as obras com a construção da sua casa, no valor de €100.000,
em 2012. Doou, ainda, por conta da quota disponível, em 03.05.2020, um terreno no valor
de €30.000,00 a Brandão.
Agapito fez, ainda, testamento pelo qual deixou a Florinda a casa de morada de
família. No mesmo testamento, Agapito deixou 1/10 da quota disponível à sua afilhada Inês.
Caetano, casado com Joana e sem descendentes, repudiou a herança.
1. Faça a partilha da herança, justificando todos os cálculos.
2. Qual a forma a que deve obedecer o repúdio?
3. A quem deve ser deferido supletivamente o cargo de cabeça-de-casal?
4. Suponha que, para pagamento das dívidas da herança, é necessário vender a casa
de morada de família de Agapito. Quem tem legitimidade para a venda?
5. Suponha que os herdeiros não se entendem quanto à partilha e Inês pretende
receber a sua parte o quanto antes, pelo que o(a) procura na qualidade de
solicitador(a). Enquanto solicitador(a) poderá ajudar Inês? De que forma?
6. Imagine que no testamento a favor de Florinda, esta fez também uma deixa
testamentária a favor de Agapito, deixando-lhe um apartamento de que era
proprietária. Quid iuris?

Caso Prático 23:

Alda faleceu no passado dia 27 de maio. Deixou o marido Benedito e os filhos Clóvis,
Dóris e Ercília. Sobreviveram-lhe ainda as netas Gina e Hélia, filhas do pré-falecido filho
Fábio, e a nora Iva, viúva deste. Separada de facto de Benedito há 1 ano e meio, Alda deixou
apenas saldo numa conta bancária, no valor de €3.000, e o recheio de uma casa arrendada
onde vivia, no valor de €10.000,00. Não deixou dívidas. Em 2019, tinha doado uma casa a
Jeremias, seu amante, no valor de €90.000,00, e em 2020 um carro a Kevin, filho do amante,
no valor de €7.000,00. Em 2013, havia doado também um carro a Levi, seu sobrinho, no
valor de €10.000,00. Fez testamento a favor de Jeremias, pelo qual lhe deixou metade da
quota disponível, e de Maria, sua melhor amiga, a quem deixou o recheio da casa.
1. Faça a partilha da herança, justificando todos os cálculos.
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2. Supondo que as netas Gina e Hélia são menores, como poderá ser feita a partilha?

Caso Prático 24:

Núria faleceu solteira, deixando os filhos Óscar, Pipa e Quitas. Deixou bens no valor
de €100.000,00 e dívidas no valor de €35.000,00. Em vida doou a Óscar a casa que herdara
de sua mãe, no valor de €20.000,00, com dispensa de colação, e ajudou-o a custear a
restauração da mesma, pagando uma parte da despesa, no valor de €50.000,00. A Pipa, Núria
pagou as despesas de casamento, no valor €5.000,00 e a Quitas os estudos, no valor de
€10.000,00.
Sabendo que Pipa, casada com Rebeca, e sem filhos, repudiou a herança, faça a
partilha, justificando todos os cálculos.

Caso Prático 25:

Anacleto e Bina casaram em 2000, no regime da separação de bens. Anacleto levava,


de um anterior casamento, dois filhos: Clara e Damião. Bina tinha também um filho de um
casamento anterior, Elvis. Em 2001, Anacleto e Bina foram novamente pais, com o
nascimento de Fausto.
No passado dia 7 de julho, Anacleto, Bina e Damião, quando regressavam de umas
férias no Algarve, tiveram um acidente que os vitimou fatalmente a todos.
Bina foi hospitalizada ainda com vida, acabando por falecer depois. Já Anacleto e
Clara faleceram antes de as equipas de socorro chegarem ao local, não tendo sido possível
determinar a pré-morte de nenhum deles em relação ao outro.
1. Faça a partilha de Clara, tendo em conta:
a. Que a sua mãe já havia pré-falecido;
b. Que Clara não era casada nem tinha descendentes;
c. Que deixou, como únicos bens, dinheiro numa conta bancária, no valor
de €30.000,00.
2. Faça a partilha de Anacleto, tendo em conta:
a. Que havia doado um terreno a Damião, em 2018, no valor de €50.000,00,
com dispensa de colação;
b. Que havia pago uma viagem de comboio a Fausto, com tudo incluído, de
Portugal ao Vietname, em 2019, por ocasião dos seus 18 anos, no valor
de €10.000,00;
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c. Que deixou bens no valor de €60.000,00;


d. Que fez testamento a favor de Elvis, deixando-lhe €10.000,00.
3. Na sequência da questão anterior, suponha que Elvis o(a) procura na qualidade
de solicitador(a) para dar entrada de um processo de inventário, já que os
herdeiros de Anacleto não se entendem quanto à partilha e Elvis pretende receber
a sua parte o mais rapidamente possível. Poderá representá-lo? Quid iuris?
4. Imagine que o testamento a favor de Elvis tinha sido escrito por Bina, a pedido
de Anacleto (já que este não sabia ler nem escrever), e assinado por este que, sem
mais formalidades, o havia entregue a Elvis. Quid iuris?

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