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Universidade Europeia

Casos práticos de Direito das Sucessões

Caso 1
A é casado com B e tem 2 filhos, C e D, nascidos de uma anterior relação.
C, solteiro, tem uma filha I.
Em 2008, C é condenado pela tentativa de homicídio de B.
A morre em 2020, tendo deixado testamento com as seguintes disposições:
1- Não obstante o crime praticado pelo meu filho C, quero que ele receba metade do que
lhe caberia como herdeiro legitimário;
2- Deixo metade da minha quota disponível para ser constituída a Fundação Contra a
Covid-19 cujo fim é a investigação científica visando encontrar uma vacina contra o
coronavírus.
3- A outra metade da quota disponível será para os filhos que a minha neta Isabel vier a
ter.

a) Perante este testamento, B e D querem saber se C pode ser afastado da sucessão por
indignidade sucessória e se, nesse caso, terá direito a algum bem da herança de A;
b) Isabel quer saber se tem direito a ½ da quota disponível enquanto não tiver filhos;
c) É possível deixar bens a uma pessoa coletiva ainda não existente à data da abertura
da sucessão? Se sim, como proceder no caso da hipótese?

Caso 2
António vive em união de facto com Bruna e ambos iniciaram um processo de procriação
medicamente assistida de que resultou um embrião conseguido com material genético de
ambos.
No dia em que se dirigiam para a clínica para Bruna receber o embrião, António e Bruna sofrem
um acidente de viação de que resulta a morte imediata de António.
Bruna pretende agora saber:
a) Se ainda é possível a implantação do embrião.
b) Em caso afirmativo, se a criança que vier a nascer será tida como filha de António e se
terá direito a reclamar a herança do pai.
c) Se Bruna tem algum direito relativamente à herança de António.

Caso 3
Alice tem 2 filhos Beatriz e Carlos e dois irmãos, Daniel e Elsa.
Alice faz testamento cerrado com as seguintes cláusulas:
1- Deixo à minha filha Beatriz 1/4 da minha quota disponível;
2- Deixo ao meu irmão Daniel o meu automóvel e a minha biblioteca;
3- Deixo à minha irmã Elsa a minha quinta no Alentejo com o encargo de pagar uma
renda vitalícia ao caseiro da mesma, o Senhor Felisberto, bem como a minha coleção
de moedas de ouro.
Pergunta-se:
a) Pode Beatriz aceitar a legítima e repudiar a deixa testamentária?
b) Pode Daniel aceitar a deixa do automóvel e repudiar a biblioteca?
c) Pode Elsa aceitar a deixa da quinta e repudiar a da coleção de moedas de ouro? E
vice-versa?
d) Supondo que Beatriz aceita a legítima e que Carlos repudia, pode Beatriz recusar a
parte de Carlos?

Caso 4
Antonoaldo tem 2 irmãos, Bento e Clarisse. Bento, por sua vez, é casado com Dina e tem uma
filha Elisa.
Antonoaldo faz testamento público com as seguintes cláusulas:
1- Deixo à minha irmã Clarisse metade da minha herança se ela tiver concluído o curso
de Direito à data da minha morte;
2- A outra metade será para o meu irmão Bento. Mas se ele não puder aceitar a minha
herança, essa metade deverá ser atribuída ao meu amigo Filipe.
Em Março de 2020, Antonoaldo e Bento morrem num acidente de viação.
Diga qual o destino dos bens de Antonoaldo sabendo que, à data da morte deste, Clarisse
não tinha concluído o curso de Direito e considerando as seguintes hipóteses:
a) Não se consegue provar a sobrevivência de Bento a Antonoaldo;
b) Consegue-se provar que Bento sobreviveu uma hora a Antonoaldo mas sem ter
recuperado a consciência.

Caso 5
Afonso não tem herdeiros legitimários e faz um testamento com as seguintes cláusulas:
a) Deixo todos os meus bens ao meu amigo Bernardo;
b) Por morte de Bernardo, os meus bens deverão passar para o meu amigo Cipriano mas
se ele não quiser aceitar a minha herança, a mesma deverá ser atribuída à minha
amiga Daniela.
Em janeiro de 2020, Afonso falece, deixando um irmão, Ernesto.
Diga quem tem direito a ficar com os bens de Afonso considerando estas diversas
subhipóteses:
1- Bernardo e Cipriano não sobrevivem a Afonso mas deixam descendentes;
2- Bernardo, Cipriano e Daniela não sobrevivem a Afonso mas deixam descendentes;
3- Bernardo e Cipriano sobrevivem a Afonso mas Cipriano falece depois de Bernardo,
sem ter aceite nem repudiado a herança de Afonso e deixando cônjuge e
descendentes.

Caso 6
Arlete é casada com Bruno e tem duas filhas Catarina e Dilma. Catarina é casada com Elsa e
tem um filho Frederico.
Em 2018, Arlete faz testamento com a seguinte cláusula:
“Se algumas das minhas filhas não for viva à data da minha morte, quero que a parte
que lhe cabia na minha herança fique para o meu neto Frederico.”
Em fevereiro de 2020, Arlete e Catarina morrem num acidente de viação.
Diga quem ficará com os bens de Arlete, avaliados em 900 no momento da sua morte, sabendo
que não se consegue provar se Catarina lhe sobreviveu e que Dilma vem a repudiar a
sucessão da mãe.

Caso 7
Álvaro é casado com Benedita e tem viva ainda a mãe, Celeste, e dois avós, Duarte e
Fernando.
Em 2020, Álvaro morre. Diga qual o destino dos bens de Álvaro considerando as seguintes
sub-hipóteses:
a) Celeste repudia a sucessão de Álvaro;
b) Álvaro tinha requerido o divórcio sem consentimento de Benedita um mês antes de
morrer;
c) Álvaro e Benedita encontram-se separados de facto há 10 anos.

Caso 8
Antonieta é solteira e tem como parentes mais próximos o seu primo-irmão (primo pelo lado do
pai e pelo lado da mãe) Bernardo, e o seu tio-avô Carlos.
Em 2018, Antonieta fez uma doação a Bernardo do imóvel x.
Antonieta morre em 2020, deixando bens no valor de 1000. À data da sua morte, o imóvel x
valia 500.
Proceda à partilha da herança de Antonieta.
Caso 9
Em 2000, Ana doa por morte ao seu irmão Bento, por escritura pública, o imóvel x.
Em maio de 2019, Ana faz testamento cerrado com as seguintes cláusulas:
a) Deixo à minha amiga Célia o imóvel x;
b) Os meus bens restantes serão para a pessoa indicada no diário que guardo na
primeira gaveta da minha mesa de cabeceira.
Em 2020 Ana morre, sendo que no seu diário constava uma entrada com data de abril de 2019
em que indicava como sua herdeira universal a sua irmã Dalila.
Sabendo que sobreviveram a Ana os seus irmãos Bento e Dalila, bem como Ernesto, Filipe e
Guilherme, filhos do seu irmão Hipólito falecido em 2010, e que Ana deixou, para além do
imóvel x, bens no valor de 900, proceda à partilha da herança desta.

Caso 10
Zeferino foi vítima da COVID 19 tendo recebido tratamento no Hospital de Santa Maria.
Como sinal de reconhecimento pela forma como foi tratado, Zeferino fez testamento, deixando
todos os seus bens aos profissionais de saúde da unidade em que esteve internado, e
cometendo ao Diretor da unidade a tarefa de distribuir os bens pelos mesmos.
Aprecie a validade desta cláusula testamentária considerando que Zeferino acabou por não
resistir à COVID 19, vindo a falecer dois dias após ter saído do hospital.
Caso 11
Aniceto, casado com Berenice, vive, há quatro anos, em união de facto com Cecília que tem
um filho, Duarte.
Aniceto faz testamento público com o seguinte teor:
a) Deixo metade da minha herança à minha mulher Berenice;
b) A outra metade será para Duarte.
Aprecie a validade do testamento de Aniceto.

Caso 12
Arminda, casada com Berto, foi objeto de uma sentença de acompanhamento de que resultou
a sua incapacidade para testar.
Clara, mãe de Arminda, faz testamento em nome da filha, deixando todos os bens desta a
Pedro, irmão de Arminda.
Diga quem sucederá a Arminda supondo que esta morre em março de 2020, sobrevivendo-lhe
Berto e Pedro.

Caso 13
Em 2015, Aniceto faz testamento cerrado deixando todos os seus bens ao seu irmão Pedro.
Esse testamento foi aprovado pelo seu sobrinho Carlos, notário, filho de Pedro.
Aprecie a validade deste testamento.

Caso 14
Em 2000, Abel faz testamento cerrado deixando metade dos seus bens a Berta e outra metade
a Carolina, suas sobrinhas.
Em 2010, Abel faz novo testamento cerrado deixando metade dos seus bens a Berta e outra
metade a Daniel, seu primo.
Em 2019, Abel faz novo testamento cerrado em que se limita a dizer que revoga o testamento
de 2010.
No seu círculo de familiares e amigos, Abel sempre expressou o seu grande apreço e gratidão
por Berta, tendo afirmado várias vezes em público que a havia designado sua herdeira por
testamento.
Em 2020 Abel falece, tendo-lhe sobrevivido o seu irmão Ernesto, bem como as suas sobrinhas
Berta e Carolina, filhas de Ernesto.
Aprecie as disposições testamentárias de Abel e diga quem tem direito à sua herança.

Caso 15
Em 2005, Augusto faz testamento em que deixa todos os seus bens à sua amiga Branca.
Em 2015, Augusto faz novo testamento em que revoga expressamente o testamento de 2005.
Em 2019, Augusto faz novo testamento com a seguinte cláusula:
“Revogo o meu testamento de 2015”.
Em 2020, Augusto morre. Branca considera ter direito a todos os bens de Augusto. Carlos,
irmão de Augusto, entende ser ele o herdeiro. Diga quem tem razão.
Caso 16
Carmélia é solteira e não tem parentes sucessíveis, tendo uma afilhada, Beatriz, a quem é
muito dedicada e a quem pagou o curso de Medicina.
Beatriz, porém, não terminou o curso e mentiu à madrinha dizendo que é médica e que
trabalha no hospital de Santa Maria.
Em 2018, Carmélia faz testamento público com a seguinte cláusula:
“Deixo todos os seus bens à minha afilhada médica, Dra. Beatriz”.
Carmélia sempre afirmou junto dos seus amigos que os seus bens ficariam para Beatriz
apenas porque esta tinha completado o curso de Medicina.
Em 2020, Carmélia morre. Terá Beatriz direito à herança de Carmélia?

Caso 17
Adalberto tem 3 irmãos, Belmira, Celeste e David e faz testamento público com as seguintes
cláusulas:
1- Deixo o usufruto de metade da minha herança à minha irmã Belmira que será
responsável pelo pagamento dos encargos da minha herança.
2- À minha irmã Celeste deixo a propriedade de raiz de metade da minha herança desde
a data da minha morte até que venha a casar.
3- A outra metade da minha herança será para o meu irmão David.

Aprecie a validade das disposições testamentárias de Adalberto.

Caso 18
Em 1990, Alexandre doa a Bernardo o imóvel x.
Em 2000, na convenção antenupcial celebrada entre Catarina e Dino, Alexandre doa por morte
a Catarina, sua sobrinha, metade da sua herança e a Dino, o seu barco de recreio, tendo
ambos aceite as respetivas deixas.
Em 2010, Alexandre doa a Elvira o imóvel y.
Em 2015, Alexandre vende o seu barco de recreio.
Em 2020, Alexandre morre, tendo deixado bens no valor de 300. O imóvel x valia 200 e o
imóvel y 600, enquanto o barco de recreio valia 50.
Proceda à partilha da herança de Alexandre sabendo que lhe sobreviveu um irmão, Filipe, bem
como os demais intervenientes na hipótese.

Caso 19
António é casado com Beatriz e tem duas filhas Catarina e Daniela. Daniela tem uma filha Elsa.
No dia 5 de abril de 2015, António doa à sua filha Catarina o imóvel x e à sua neta Elsa o
imóvel y.
Em 2020 António morre tendo deixado bens no valor de 600 e dívidas no valor de 100. À data
da sua morte, o imóvel x valia 300 e o imóvel y 100.
a) Faça a partilha da herança de António sabendo que Daniela repudiou a herança do pai.
b) Faça a partilha da herança de António pressupondo agora que a doação não foi feita a
Catarina mas sim a Beatriz.

Caso 20
Anibal é casado com Benilde e tem 3 filhos, Carlos, Duarte e Ernesto. Duarte tem um filho
Francisco.
Em 2010, Anibal faz testamento cerrado com as seguintes disposições:
a) Deixo ao meu filho Carlos, por conta da sua legítima, a minha casa em Faro;
b) Deixo ao meu filho Duarte, em vez da sua legítima, a minha quota na sociedade x;
c) Deixo ao meu filho Ernesto o meu cavalo.
Faça a partilha da herança de Anibal sabendo que, à data da sua morte, os seus bens valiam
1000 e havia dívidas de 100 e que os filhos aceitaram as respetivas deixas.
A casa de Faro valia 200, a quota na sociedade x valia 90 e o cavalo 20.

Caso 21
A, casado com B, tem 2 filhos C e D.

Em 2001, A doa a E o imóvel x.


Em 2004, A doa por morte a F, sua sobrinha, o imóvel y, na convenção antenupcial celebrada
entre F e G com quem se veio a casar.
Em 2013, A faz testamento, deixando a H o imóvel z
A morre em janeiro de 2020 sendo que, à data da sua morte cada um dos imóveis vale 20 e o
relictum ascende a 70.
Faça a partilha da herança de A.

Caso 22
A, casado com B, tem 2 filhos C e D.

No dia 15 de maio de 2001, A doa a E o imóvel x e a F o imóvel z.


Em 2013 faz testamento deixando a G 1/10 da herança e a H o automóvel da marca Jaguar.
A morre em janeiro de 2020 sendo que, à data da sua morte, o imóvel x vale 20, o imóvel z
vale 15, o Jaguar vale 5 e o relictum ascende a 65. Há também um passivo de 10.
Faça a partilha da herança de A.

Caso 23
A casou com B, tendo ambos renunciado à qualidade de herdeiro legitimário um do outro, nos
termos do artigo 1700.º, n.º 1, c) do CC.

a) Quando morreu, em 2019, A tinha feito uma doação em vida ao cônjuge


renunciante no valor de 300 e deixou bens no valor de 600. Proceda à partilha da
herança de A, sabendo que lhe sobrevivem três filhos e o cônjuge.
b) Suponha agora que a doação feita ao cônjuge renunciante é de 350 e há um
relictum de 550. Como procederia?
Caso 24

A é casado com B e tem dois filhos C e D.

Em 2010 faz um testamento em que deixa ao seu pai E o usufruto da totalidade da herança.

Em 2020, A morre sobrevivendo-lhe todos os intervenientes na hipótese.

Poderão B, C e D impugnar o testamento feito por A?

Caso 25

Alberto é casado com Benedita e tem 2 filhos, Carolina e Diogo.


Carolina é casada com Ernesto e tem um filho, Francisco. Diogo é divorciado e tem um filho,
Gonçalo.
Em 2000, Alberto doa a Carolina o imóvel x e a Francisco o imóvel y.
Um ano mais tarde faz testamento cerrado deixando a Diogo, em vez da sua legítima, o imóvel
z. No mesmo testamento, deserda Benedita invocando que, sendo esta muito rica, não precisa
dos seus bens. Estabelece ainda que, se algum dos seus filhos não lhe suceder, a parte que
lhe coubesse na sua herança deveria ser entregue ao seu irmão Luís.
Em Janeiro de 2020, Alberto morre. Faça a partilha dos bens de Alberto sabendo que:
a) Os bens deixados por Alberto ascendiam a 600.000€, o imóvel x valia 250.000€, o
imóvel y 100.000€ e o imóvel z 180.000€, havendo dívidas no montante de 50.000€;
b) À data da morte de Alberto, Carolina estava ausente, tendo sido instaurada a curadoria
definitiva;
c) Diogo aceitou o legado.

Caso 26
António já tem 2 filhos, Bernardo e Carlos, quando casa com Daniela, que tem um filho,
Gonçalo.
Bernardo é casado com Helena e tem um filho Mário. Carlos é casado com Emília e tem um
filho Francisco.
Em março de 2019, Bernardo mata António, vindo a ser condenado pelo crime de homicídio
doloso.
Daniela repudia a sucessão de António.
Diga quem será chamado à sucessão de António e a que título considerando as duas seguintes
sub-hipóteses:
a) C está ausente, tendo sido instaurada a curadoria definitiva;
b) C morre de ataque cardíaco ao receber a notícia da morte do pai.

Caso 27
Alda já tem dois filhos, Benedita e Carlos, quando casa com Mário, que tem um filho,
Francisco.
Benedita é casada com Luís e tem um filho Guilherme. Carlos é casado com Dina e tem um
filho Ernesto.
Em 2018 Carlos mata Mário, vindo a ser condenado pelo crime de homicídio doloso.
Em 2019, Alda faz testamento público com as seguintes cláusulas:
a) Deixo a minha quota disponível ao meu amigo Jorge mas se ele não quiser aceitar a
minha quota disponível será para a minha irmã Teresa.
b) Deserdo o meu filho Carlos por ele ter sido condenado pelo crime de homicídio doloso
cometido contra o meu marido Mário.
Em 2020, Alda e Benedita falecem num acidente de viação, tendo-se provado que Benedita
sobreviveu a Alda, nunca tendo, porém, recuperado a consciência.
Faça a partilha da herança de Alda sabendo que Jorge não sobreviveu a Alda e que esta
deixou bens no valor de 1000 e dívidas no montante de 100.

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