Você está na página 1de 8

2022/2023

Direito dos Contratos I


Casos Práticos

Caso 2
Ana e Bernardo pretendem negociar a compra e venda de um livro de Direito
dos Contratos I que pertence a Ana. Ana é, atualmente, estudante de Direito dos
Contratos I, e concordou com Bernardo que lhe venderia o livro hoje, mas que
não haveria transferência da propriedade.

Quid juris?

Sub-hipótese 1: Imagine que, afinal, Ana e Bernardo celebraram o contrato


com a condição de o livro apenas ser entregue quando Ana terminasse (e com
sucesso!) a cadeira de Direito dos Contratos I. Findo o semestre, Ana entregou
a Bernardo o livro, conforme prometido. No entanto, Bernardo percebe que o
livro já não está nas mesmas condições: umas pontas de páginas dobradas, etc.
Por questões sentimentais, Ana decidiu não entregar a lombada do livro.

Quid juris?

Sub-hipótese 2: Imagine, agora, que Ana entregou o livro, mas não recebeu o
pagamento devido por Bernardo. Por esse motivo, Ana decide resolver o
contrato por falta de pagamento.

Quid juris?

Caso 3

António, residente em Lisboa, e Bento, residente no Porto, são amigos de longa


data e acordaram, por telefone, em celebrar um contrato nos seguintes termos:

a) António entregaria a Bento um quadro que Bento queria já há algum


tempo; e
b) Bento, em contrapartida, pagaria a António um preço pelo quadro.

Para além disso, as partes acordaram ainda que o contrato só seria considerado
validamente celebrado no momento da entrega do quadro.

1
2022/2023

Mais tarde, já tendo o contrato sido concluído e cumprido, António interpela


Bento para o pagamento de algumas despesas que entende terem ficado
“esquecidas”. Em particular, António reclama as despesas de guarda,
embalagem, transporte e entrega do quadro vendido.

Quid juris?

Caso 4

Durante um treino de crossfit, Alberto acordou vender um prédio seu a Beatriz.


Findo o treino, Beatriz já tinha vendido, por documento particular autenticado, o
referido prédio ao seu instrutor Carlos.

Quid juris?

Caso 5

Afonso vendeu a Bernardina o quadro “O Milagre de Ourique”, de Domingos


Sequeira, pelo preço de € 250.000,00, que seria pago no prazo de um ano.
Acordaram, verbalmente, a reserva da propriedade a favor de Afonso, até ao
momento do pagamento integral do preço. Entretanto, Bernardina vende o
quadro a Carlos, que desconhece a existência da cláusula de reserva
propriedade.

Pode a cláusula de reserva de propriedade ser invocada por Afonso?

Caso 6

Amélia comprou uma televisão a Bertolino, por € 4.000,00. O contrato foi


assinado com uma cláusula de reserva de propriedade a favor do Castelia Bank,
S.A., que financiou a aquisição do bem. Suponha que Amélia entra em
incumprimento relativamente a várias prestações do mútuo contraído.

Pode o Castelia Bank, S.A. exigir a entrega da televisão, invocando que o


bem é sua propriedade?

2
2022/2023

Caso 7

Em janeiro de 2021, Alberto, proprietário de um terreno composto por


laranjeiras, vendeu as laranjas que se colhessem naquele ano a Beatriz,
proprietária de uma mercearia. Passados seis meses, Alberto vendeu o terreno
a Cristóvão. Em dezembro, Beatriz interpelou Cristóvão, solicitando-lhe a
entrega da colheita de laranjas daquele ano. Cristóvão ficou surpreendido e
recusou a entrega, pois Alberto nada lhe tinha dito acerca do direito invocado
por Beatriz. Além disso, as laranjas já haviam sido todas aproveitadas por
Cristóvão, que gostava muito de beber, todos os dias, sumo de laranja natural
ao pequeno-almoço.

Quid juris?

Caso 8

Antes de ir de viagem, para passar férias no México, Américo é interpelado por


Blimunda, que ouviu rumores acerca de um possível tesouro escondido nas
profundezas do Golfo do México. Tendo em conta que Américo é um grande
apreciador e tem muito prática a fazer mergulho em elevadas profundidades,
ambos acordaram a venda do referido tesouro a Blimunda, por € 2.500,00. Um
mês depois, Américo regressa a Portugal sem o tesouro, mas exige o
pagamento do preço acordado.

Quid juris?

Caso 9

Anabela vendeu a Bernardo uma moradia na Zambujeira do Mar, com área de


200 m2, por € 400.000, tendo as chaves sido entregues duas semanas após a
escritura pública. Decorridos dez meses desde a celebração do contrato,
Bernardo descobre que a área da moradia é de apenas 190 m2.

1. Pode Bernardo reagir de algum modo?

2. E se o preço tivesse sido estipulado como sendo € 2.000 por cada metro
quadrado?

3
2022/2023

Caso 10

Célia vendeu a Dário uma adega, contendo 50 pipas de vinho branco e 50 pipas
de vinho tinto, pelo preço global de € 1.000,00. Para o efeito, a 2 de agosto de
2021, Célia contratou um estafeta para proceder à entrega do bem, que apenas
foi recebido por Dário no dia 10 do mesmo mês. Em 5 de fevereiro de 2022,
Célia descobre que a adega contém 45 pipas de vinho branco e 70 pipas de
vinho tinto.

Quid juris?

Caso 11

A Alfa Delta, Lda. forneceu material de radiodifusão à Beta Gamma, S.A., pelo
preço de € 35.000,00, tendo sido entregue, a título de caução, um cheque no
valor de € 10.000,00.

Fixaram um período experimental de três meses, findo o qual a Beta Gamma,


S.A., teria de pagar o remanescente do preço do equipamento, caso decidisse
adquirir o material de radiodifusão. Caso contrário, seria devolvida a quantia
entregue a título de caução. Dois meses depois, e antes de ser tomada uma
decisão pela Beta Gamma, S.A., ocorre um incêndio no seu armazém, do qual
resulta a destruição do referido material.

Quid juris?

Caso 12

Esmeralda comprou um automóvel a Fabiana pelo preço de € 15.000, tendo


ambas acordado que esta poderia resolver o contrato no prazo de três anos,
pagando a quantia de € 17.000. A compra e venda foi prontamente registada.
Passados dezoito meses, Fabiana comunica, via e-mail, a sua pretensão em
resolver o contrato, mas Esmeralda informa que, entretanto, o automóvel foi
vendido a Gabriel.

Quid juris?

4
2022/2023

Caso 13

Muito recentemente, Horácio comprou ao seu vizinho Isaltino um trator agrícola,


para uso pessoal, pelo preço de € 10.000,00, o qual lhe foi entregue de imediato.
O preço seria pago em 20 prestações mensais de igual valor. Isaltino não
reservou para si a propriedade. Ficou ainda estipulado que o incumprimento de
uma prestação conferia ao vendedor o direito a resolver, de imediato, o contrato.

Quid juris?

Caso 14

Adriano vendeu um automóvel a Bruna, o qual foi entregue na mesma data.


Ficou acordado o pagamento do valor de € 18.000,00 em nove prestações
mensais de igual valor, e que, se Bruna faltasse ao pagamento de uma
prestação, Adriano poderia não apenas resolver o contrato, como também exigir
o pagamento de € 15.000,00, com vista a compeli-la ao cumprimento. Suponha
que Bruna não pagou a sexta prestação mensal.

Quid juris?

Caso 15

Amílcar decidiu vender a Bianca um gira-discos que tinha lá em casa e com o


qual Bianca há muito sonhava. Para este efeito, acordaram as partes no
pagamento de €10.000,00 (dez mil euros). Mais tarde, a irmã de Amílcar, Carla,
que regressara ao país depois de uns anos fora, decidiu “matar saudades” do
seu gira-discos. Nesse momento, Amílcar teve conhecimento que o gira-discos
pertencia, afinal, a Carla.

Quid juris?

Sub-hipótese: imagine agora que em vez de terem combinado na compra e


venda do gira-discos, Amílcar havia prometido vender e, por sua vez, Bianca
havia prometido comprar.

Quid juris?

5
2022/2023

Caso 16

António negociou com Beatriz a compra e venda de um telemóvel dizendo atuar


como representante do proprietário do telemóvel que pretendia manter o
anonimato. Beatriz aceitou de imediato, pelo que Beatriz comprou e António o
telemóvel. Mais tarde, Beatriz vem a saber que António, afinal, atuou sem
poderes.

Quid juris?

Caso 17

António vendeu a Bento um terreno de 1000m2. Meses mais tarde, Bento veio
a saber que António só era proprietário de 900m2. Os restantes 100m2
pertenciam ao seu vizinho Daniel.

Quid juris?

Caso 18

Eurico vendeu à sociedade Costura Maravilhas, S.A., representante, em


Portugal, de uma conhecida marca de alta-costura italiana, uma loja situada
numa das mais movimentadas avenidas de Lisboa. A loja, porém, sem que a
sociedade Costura Maravilhas, S.A. o soubesse, encontrava-se arrendada à
sociedade Ainda Mais Maravilhosa, S.A.. A sociedade Costura Maravilhas,
S.A., por ter sido impedida de explorar diretamente a loja conforme planeado,
tem sofrido prejuízos avultados.

Quid juris?

Caso 19

A Sociedade GreenLife, S.A. comprou as ações das Sociedade Preservação e


Natureza, S.A.. Mais tarde, a Sociedade GreenLife, S.A. vem a descobrir que a
Sociedade Preservação e Natureza, S.A. estava numa situação económica
difícil.

Quid juris?

Caso 20

6
2022/2023

Rute comprou uma estante a Ester. Na altura da celebração do contrato, Ester


havia confirmado a Rute que a estante: (i) tinha três prateleiras, (ii) tinha
arrumação para todos os seus livros e (ii) tinha uma energia muito boa.

Depois de receber a estante, Rute percebeu que: (i) a estante só tinha duas
prateleiras, (ii) que não daria para arrumar todos os seus livros e (iii) desde esse
momento, só teve azar.

Quid juris?

Caso 21

Carla comprou um computador a Tomé por €500. Ao fim de um ano de


utilização, o computador de Carla deixou funcionar, pelo que reclamou a
restituição do preço pago, o que lhe foi recusado.

Quid juris?

Sub-hipótese: Imagine agora que Carla comprou o computador na Loja


Telecomunicações e Tecnologia, S.A.

Quid juris?

Caso 22

António obriga-se para com Bernardo a realizar a construção de uma casa num
pântano. No contrato não é fixado prazo para a sua realização.

a) Passados dois anos, Bernardo impacienta-se e pretende demandar


António por incumprimento do pactuado. António defende-se dizendo: i)
nunca tinha realizado a construção de uma casa num pântano; ii) não há
prazo estabelecido.
b) Imagine agora, em alternativa a questão anterior, que terminada a obra,
António informa Bernardo da respetiva conclusão e diz-lhe para proceder
à sua verificação com vista à ulterior aceitação. Passados dois meses,
Bernardo ainda não se tinha dado ao trabalho de fazer a verificação, nem
tinha aceitado ou recusado a obra, nem tinha intenções de o fazer
brevemente.
Quid juris?

7
2022/2023

Caso 23

A sociedade Arquitetos & Designers, Lda. (A&D) pagou € 3.000 a uma fábrica
de tapeçarias artesanais em troca da produção de três tapetes com as
dimensões e os desenhos indicados pela A&D. Ficou acordado que os tapetes
seriam entregues no prazo de 60 dias.

Um dia antes da entrega dos tapetes, já totalmente finalizados, a fábrica de


tapeçarias sofre um incêndio. Os três tapetes ficam destruídos. Em
consequência, a A&D exige a devolução do preço, mas o departamento jurídico
da fábrica envia uma carta à A&D a recusar essa pretensão, alegando que o
contrato celebrado entre as partes configurava uma “venda de bens futuros”, cujo
risco se havia transferido aquando da conclusão dos tapetes. Terá razão?

Quid juris?

Caso 24

Andreia acordou com Edmundo a remodelação da sua casa, incumbindo-o do


afagamento e envernizamento do soalho, remodelação das casas de banho,
pintura das paredes, substituição das janelas e trabalhos afins. Andreia pagaria
por tudo a quantia de €15.000,00, o que incluía os materiais a adquirir por
Edmundo. Foi discriminado o valor de cada uma das especialidades.

Edmundo encarregou Sérgio da aquisição e colocação de janelas, o que este


aceitou pelo preço de €5.000,00, um pouco menos do que Andreia pagaria a
Edmundo por essa especialidade. Andreia foi avisada de que o trabalho das
janelas seria efetuado por Sérgio.

Arrependida de ter encomendado a Edmundo a colocação de janelas com


caixilharia de alumínio — por saber que estas eram menos eficazes no
isolamento térmico e acústico —, Andreia comunicou a Sérgio a mudança para
janelas com caixilharia de PVC. Este, porém, não lhe deu ouvidos e instalou as
janelas do primeiro tipo. Quid juris?

Sérgio pretende saber se pode exigir os €5.000,00, correspondentes ao seu


trabalho, a Andreia. Que resposta lhe daria?

Você também pode gostar