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I

Aníbal vendeu a Berta, observada a forma legalmente


prescrita, a fração autónoma de que era titular, pelo preço de
100.000 €, e de imediato registada.

1. Imagine que o negócio era fictício, tendo como único


proposto dissipar o património de Aníbal perante os
credores.
Um ano após, Berta vendeu o imóvel em causa a Clotilde,
que sabia que existiam problemas subjacentes ao primeiro
negócio (mas não procurou averiguar).
Seis meses após, Aníbal tomou conhecimento da venda a
Clotilde e instaura, de imediato, uma ação de simulação
(que logo registou) no sentido de reaver o prédio em causa.
Terá razão?

2. Sucede, por fim, que Berta (com quem Aníbal mantinha


uma relação extraconjugal) entregou a este - perante o
notário - o valor em causa, que, por sua vez, lhe tinha sido
entregue previamente por Aníbal.
Meio ano volvido, Berta vendeu o prédio a Helena.
Ulisses, credor de Aníbal, 30 meses após a primeira venda,
instaura uma ação de nulidade dos negócios em causa e
regista-a. Terá êxito?

II
Nestor vendeu, observadas as formalidades legais, a Gastão um
imóvel pelo preço de 100.000 €.
a) O negócio foi realizado, no entanto, por preço bastante
inferior ao real (250.000 €), porquanto Gastão não queria efectuar o
pagamento do correspondente imposto. Entretanto, Gastão
insatisfeito com a fraca qualidade do imóvel por si escolhido
pretende reaver o dinheiro entregue. É possível?
b) Imagine agora que a venda realizada era fictícia, tendo como
propósito a fuga de Nestor aos seus credores. Gastão trocou, um ano
volvido, o imóvel em causa por um outro, propriedade de Celeste
(que desconhecia em absoluto os pormenores do negócio realizado
com Nestor).
i) Nestor, mal tomou conhecimento da permuta, pretende
reaver o imóvel. Terá sucesso?
ii) Ulisses, credor de Nestor, 3 anos e dois meses após a
venda fictícia, pretende reagir. Terá êxito?

III

Doroteia visitou uma galeria de arte. Gostou de 3 quadros ali


expostos. Todavia, só pretendia adquirir um deles, tendo escolhido
aquele cujas cores a relaxavam. Os outros 2 quadros, apesar de
achar bonitos, não lhe agradavam tanto. Tudo isso, de resto, revelou
ao dono da galeria, um seu conhecido de longa data.

No dia seguinte, nomeou Rosa sua procuradora, incumbindo-a


de lhe adquirir o referido quadro, tendo-o identificado devidamente
pelo respetivo número (33).

Rosa dirigiu-se ao dono da galeria e adquiriu, em nome de


Doroteia, o quadro nº 32, tendo-se enganado no número.

Doroteia quando lhe foi entregue o quadro, ficou estupefacta.


Pretende substituir o quadro adquirido pelo quadro que pretendia
comprar. Pode fazê-lo?

IV

Em janeiro de 2018, Aníbal vendeu - observadas as


formalidades legais - uma moradia a Bento (que registou a
aquisição), declarando um preço mais baixo (200.000 €) do que o real
(400.000 €), para evitar o pagamento de impostos.

A 10 janeiro de 2019, Carlota arrendou uma janela da moradia


de Bento, com o propósito de, no dia 1 março de 2017, ver as
corridas de automóveis locais.
Porém, no dia 5 de janeiro de 2019, já tinha sido anunciado o
cancelamento das referidas corridas, em razão do receio de um
atentado terrorista.

a) Analise, juridicamente, o negócio celebrado entre Aníbal e


Bento.
b) Relativamente ao negócio realizado entre Bento e Carlota,
admita que ambos desconheciam a notícia do cancelamento
das corridas à data da conclusão do arrendamento. É
possível a Carlota invalidar o negócio concluído? (3 v.)
c) Caso Bento conhecesse a notícia do cancelamento e nada
tivesse mencionado a Carlota ao tempo da conclusão do
contrato, a resposta seria a mesma? (3 v.)

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