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Casos práticos de Direito dos Contratos – 3.

º ano Turma A, Sub-turmas 2,6 e 7

Caso 1

Abel deve a Bento 15.000 euros. Abel propõe verbalmente a Bento o seguinte negócio: Bento
fica com a incumbência de vender a coleção de selos de Abel, por preço não inferior a 20.000
euros, retirando de imediato do preço da venda o valor da dívida (15.000 euros), acrescido de
uma comissão no valor de 10% do preço total que Bento conseguisse obter. Abel põe uma
única condição: que Bento tenha os selos acondicionados em lugar seguro e que não coloque
qualquer perigo para a integridade dos mesmos.

Bento aceita, e recebe então os selos, para que os possa mostrar aos eventuais compradores.

Bento encontra de imediato um comprador disposto a dar 25.000 euros pelos selos, e informa
Abel de que está prestes a fechar negócio. Abel, contudo, afirma que sendo assim,
provavelmente estava a pedir pouco, e diz a Bento para este subir o preço para 28.000 euros,
que passava a ser o preço mínimo para a venda.

Bento, contudo, necessitado dos 15.000 euros e do dinheiro da comissão, vende a coleção por
25.000 euros, invocando expressamente o nome de Abel.

Quid iuris?

Caso 2

Manuel, conhecido multimilionário português, é um colecionador de arte. Por raramente se


encontrar em Portugal, Manuel incumbiu Martim, que explora uma galeria de arte, de vender
umas quantas peças da sua coleção de arte antiga por preço não inferior a €100.000,00, que
mandou entregar nas instalações do último. Manuel incumbiu-o ainda de procurar e encontrar
uma mesa e um aparador “Art Deco” que se encontrassem em bom estado de conservação.
Manuel entregou a Martim logo € 5.000,00, para fazer face a despesas que viessem a ser
consideradas necessárias.

Sucede que Manel, bom conhecedor de arte antiga, logo concluiu que seria impossível vender
peças pelo valor indicado, pelo que acabou por aliená-las a um colecionador por € 25.000,00.
Quanto à mobília de “Art Deco”, depois de uma procura intensa, lá encontrou as duas peças
que julgou enquadrarem-se nos gostos de Manel, mas, por ter escassos conhecimentos neste
domínio, acabou por comprá-las por um valor muito superior ao de mercado: gastou
€30.000,00, quando, na verdade, não valem mais de metade.

No dia seguinte a ter informado Manuel de que poderia ir buscar as suas mobílias, foram
penhorados todos os objetos que se encontravam na galeria de Martim, no âmbito de um
processo movido por vários credores do galerista.

Manuel, tendo conhecimento do sucedido, opõe-se à penhora e exige a Martim:

a) Uma indemnização no valor de € 90.000,00;

b) A restituição dos 5.000,00 entregues, com juros desde a data da entrega.


Casos práticos de Direito dos Contratos – 3.º ano Turma A, Sub-turmas 2,6 e 7

Martim responde-lhe que nada tem de indemnizar, nem de restituir e que, de resto, tem
direito a uma remuneração digna.

Quid juris?

Caso 3

1º) A e B, emigrantes na Alemanha desde há longa data, decidiram (…), abrir um


estabelecimento comercial em prédio urbano de sua pertença, sito na Rua da ... em Vendas
Novas e inscrito na respetiva matriz sob o artº 5162, da freguesia e concelho de Vendas Novas.

2º) Tal estabelecimento denominou-se "Pronto a Vestir e Sapataria D, Lda." e foi afeto ao
comércio de pronto a vestir, sapataria e adornos.

3º) Não querendo regressar da Alemanha acordaram com o C, aliás irmão do autor, ser ele a
explorar o estabelecimento em nome e no interesse dos autores.

4º) O início da atividade do estabelecimento ocorreu em Agosto de 1994 e o C explorou-o nos


termos acima referidos até fins de Outubro de 2004.

5º) Entre Agosto de 1994 e Outubro de 2004, o C administrou património e dinheiro dos
autores, contraiu empréstimos em seu nome, fez despesas e recolheu receitas.

6º) O C nunca prestou contas aos autores.

7º) Os autores deslocavam-se a Portugal em regra uma vez por ano, nas férias do Verão, altura
em que se inteiravam dos seus interesses patrimoniais.

8º) Os autores contactaram em 1994 D, para que esta elaborasse a escrita do estabelecimento.

9º) Os autores outorgaram procuração a favor da Srª E., em Agosto de 2004, para que esta
administrasse o seu património e em especial o referido estabelecimento.

10º) Vieram a ceder a exploração do estabelecimento à sociedade comercial por quotas


"Pronto a Vestir e Sapataria D, Lda.".

11ª) Dessa sociedade o réu e sua mulher são e eram os únicos sócios gerentes.

Pretende-se saber se:

i) O mandatário estava obrigado a prestar contas? Em que momento?

ii) Quando e porque forma cessou o mandato.


Casos práticos de Direito dos Contratos – 3.º ano Turma A, Sub-turmas 2,6 e 7

Caso 4

Alberto, sabendo que Bento atravessava uma grave crise económica e que necessitava
urgentemente de 2.000 euros para pagar uma dívida a um vizinho, oferece-se para ajudá-lo.

Por acordo escrito, Alberto obrigou-se a entregar no dia seguinte os 2 000 euros a Bento.

(i) Passada uma semana, Bento pretende reagir contra António que se recusa a entregar
o dinheiro, invocando que nenhum contrato eficaz foi celebrado. Quid iuris?

(ii) Por acordo, Alberto prometeu emprestar os 2 000 euros a Bento num prazo de uma
semana. Passado um mês, Bento pretendo reagir contra António que se tem recusado
a cumprir o prometido. Quid iuris?

(iii) Alberto entregou de imediato os 2 000 euros a Bento. Nessa noite, por caso fortuito,
verificou-se um enorme incêndio em casa de Bento e ardeu todo o dinheiro existente
no imóvel. Quid iuris?

(iv) Alberto entregou a Bento 2000 euros e foi convencionado que Bento devolveria
passado um mês essa quantia. Porém, passados dois dias após o acordo, Bento
descobriu que as notas eram falsas. Por isso Bento pretende responsabilizar Alberto.
Quid iuris?

Caso 5

Em Fevereiro de 2019, Carlota emprestou a Diana 20.000 Euros, através de documento


particular assinado por ambas. Convencionaram que Diana pagaria juros à taxa de 6% ao ano,
mas que se venceriam mensalmente. Não foi convencionada data para a restituição do capital
mutuado.

(i) Em Novembro de 2019, Diana deixou de pagar os juros que se venciam mensalmente.
Quid iuris?

(ii) O empréstimo foi feito por um ano. Passados 6 meses, Carlota, que se encontrava a
atravessar dificuldades económicas, telefonou a Diana exigindo-lhe de imediato a
devolução do dinheiro. Diana recusa-se a pagar. Quid iuris?

(iii) O empréstimo foi feito por um ano, mas passados 6 meses, depois de ter ganho a
lotaria, Diana pretende devolver os 20 000 euros acrescidos de juros relativos a meio
ano. Carlota recusa-se a receber. Quid iuris?

(iv) Foi convencionado um prazo de 4 anos para a restituição, a efetuar anualmente, sem
juros, em partes iguais. Em 2020 Diana pagou a Carlota 5 000 euros. Mas no ano
seguinte esqueceu-se. Quid iuris?
Casos práticos de Direito dos Contratos – 3.º ano Turma A, Sub-turmas 2,6 e 7

Caso 6

Em Março de 2020, Célia entregou 2 500 euros à sua irmã Diana para que esta os guardasse
em sua casa durante 3 meses.

Ficou combinado que se Diana comprasse um automóvel “se considerava emprestado o


dinheiro”.

Em Maio de 2020, Diana comprou um automóvel e um mês depois Célia pretende que Diana
lhe devolva o dinheiro. Quid iuris?

Caso 7

Certa noite, encontrava-se Ilda na sua quinta do Ribatejo a preparar o jantar quando se
apercebeu que tinha acabado o feijão de que necessitava para a sopa.

Rapidamente, Ilda atravessou o campo de lavoura e, saindo da sua quinta, dirigiu-se a casa de
Joana, a quem pediu emprestado um litro de feijão, ao que Joana acedeu.

1ª Hipótese:

Na semana seguinte, Ilda apresentou-se em casa de Joana para lhe entregar um litro de feijão
da mesma qualidade, o que Joana recusou, invocando que lhe é devido um litro e meio
correspondente a juros. Quid iuris?

2ª Hipótese:

Dois dias depois, Joana telefonou a Ilda pedindo-lhe a devolução do feijão de que necessitava
para confecionar o jantar da noite seguinte.

Na sequência deste telefonema, Joana sustenta que a devolução deverá ocorrer na noite
seguinte, enquanto Ilda entende que só deverá proceder à restituição no próximo trimestre,
época da respetiva colheita. Quid iuris?

Caso 8

Ana emprestou a Bárbara €2.000,00, que esta se obrigou a devolver à primeira no prazo de um
ano. Sem que Bárbara soubesse, o dinheiro pertencia a Carlos. Quid iuris?

Caso 9

O Banco X emprestou a Eliseu, promotor imobiliário, €500.000,00 para este os utilizar na


construção de um prédio em Lisboa. A restituição deveria ser feita de uma forma faseada, nos
três anos após a construção. Eliseu, porém, gastou o dinheiro todo numa festa de arromba
pós-pandemia. Quid iuris?
Casos práticos de Direito dos Contratos – 3.º ano Turma A, Sub-turmas 2,6 e 7

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