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Direito das Coisas

Hipóteses para resolução nas aulas práticas

Faculdade de Direito da Universidade Lusófona

Ano letivo: 2022/2023


4.º ano do curso de licenciatura em Direito
Disciplina: Direito das Coisas

Regente: Professor Doutor Filipe Cassiano dos Santos


Assistente: Mestre José Grazina Machado

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1 – Caracterize e distinga as diversas perspectivas dogmáticas relativas à natureza jurídica do
Direito das Coisas.

2 – Defina a natureza jurídica do Direito das Coisas, enquanto ramo de Direito.

3 – À luz do n.º 1 do artigo 62.º da Constituição da República, compare o sentido da expressão


“direito à propriedade” ínsito no preceito constitucional com o da expressão “direito de propriedade”
vertido nos artigos 1311.º e 1316.º, ambos do Código Civil.

4 – Refira o que caracteriza e distinga os direitos reais de gozo, de garantia e de aquisição


respectivamente, e enuncie cada um dos direitos que se enquadram nas referidas categorias
típicas.

5 – Identifique e caracterize as principais situações jurídico-reais que conhece.

6 – Defina as diferenças entre direito real e direito de crédito.

Indique quais os princípios e seus postulados atinentes ao Direito das Coisas.

7 – Quando se dá uma compra e venda sob reserva de propriedade até ao pagamento integral do
preço, quem fica proprietário: o comprador ou o vendedor? Podem os credores do vendedor
penhorar a coisa vendida sob reserva de propriedade? E os credores do comprador?

8 – Enuncie quais os principais efeitos jurídico-substantivos do registo predial.

9 – Qualifique juridicamente os seguintes bens:

- Águas de uma ribeira que passa no interior de um prédio rústico

- Terreno urbanizado, sem qualquer tipo de construção

- Fracção autónoma de um prédio

- Mosteiro dos Jerónimos

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- Automóvel

10 – A adquiriu a B, uma fracção autónoma e realizou as seguintes obras:

- Instalação de soalho aquecido

- Reparação do telhado por onde entrava água

- Pintou as paredes da sala

- Substituiu a rede eléctrica toda que se encontrava perecida

- Instalou uma mezanine

- Substituiu as canalizações por se encontrarem deterioradas

Classifique juridicamente as referidas intervenções.

11 – A tendo encontrado uma fracção autónoma aparentemente abandonada, instalou-se na


mesma no dia 1 de Março de 1990, tendo residindo na mesma até ao dia 20 de Março de 2009.
Neste mesmo dia, B proprietário da aludida fracção expulsou com recurso à força física A. Com
efeito, durante os cerca de três anos que A residiu na supra referida fracção autónoma, instalou
soalho aquecido, no valor de € 50.000,00, substituiu toda a rede de gás interior pois encontrava-
se bastante danificada, no valor total de € 20.000,00 e colocou uma peça de escultura, em
mármore, junto à entrada da fração, a qual foi afixada junto à porta.

1) Aprecie a posição jurídico-real de A.

2) Poderia B exercer o direito de retenção face à benfeitoria voluptuária?

3) Poderia A invocar a usucapião?

12 – A arrendou um prédio urbano a B, sendo que os respectivos outorgantes celebraram o


contrato no dia 22 de Dezembro de 2002. Entretanto, B começou a constatar que A não se
interessava por receber as rendas, sendo que a partir do dia 23 de Dezembro de 2006, B começou

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a dizer aos seus vizinhos que o prédio era dele, bem como a realizar obras estruturais no aludido
prédio e após a conclusão das obras, afixou um cartaz com o dizer: “vende-se“. Quid iuris?

13 – A adquiriu a B, um prédio rústico no dia 1 de Novembro de 2002, com a área de 100 hectares.
Entretanto, dadas as circunstâncias económicas do país, A resolveu então emigrar durante 3 anos
para o Brasil para procurar uma vida melhor. Na sequência, C, vizinho de A, apercebendo-se da
ausência prolongada deste último, terá então resolvido destruir a vedação que separava os
terrenos de A e C, começando cultivar legumes. Após um ano, A regressa a Portugal constatando
então, que C tinha ocupado o terreno de que era proprietário.

1) Poderia A recorrer à acção directa?

2) Quais os meios e fundamentos que C poderia invocar?

14 – Em Março de 2019, A, proprietária de um sobreiral sito em Beja, vendeu a B a cortiça de


duzentos sobreiros ali existentes, tendo os mesmos, na altura, sido pintados com a letra B, nos
troncos. E mais convencionaram que B procederia à apanha da cortiça em Setembro de 2019.
Contudo, em Maio de 2019, A vendeu o sobreiral a C, que registou a sua aquisição e pouco tempo
depois, procedeu à recolha de toda a cortiça e vendeu-a a D. Entretanto, por razões de saúde, B
não se deslocou ao sobreiral em Setembro de 2019, e apenas hoje se deslocou ao prédio, com o
fito de proceder à apanha da cortiça, tendo C impedindo-o de entrar no terreno. Aprecie.

15 – Em 1 de Dezembro de 2019, A furtou o veículo automóvel a B, possuído por C nos termos


da propriedade, e propriedade de D, e vendeu-o posteriormente a E, que desconhecia o furto. Três
meses após o furto, C vem a saber que o veículo se encontra com E e pretende recuperá-lo, dado
que este último recusa entregá-lo voluntariamente.

1) O que pode fazer C para recuperar o veículo automóvel?

2) Qual a defesa de E contra ele?

3) Se D quiser recuperar a coisa, o que pode fazer?

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16 – Em 1 de fevereiro de 2000, A, com registo a seu favor, doou uma casa a B, por escrito
particular com as assinaturas reconhecidas. B não regista. Aproveitando esta circunstância, A
vendeu a casa a C, em 2005, respeitando a mesma forma. C, sabendo da doação a B, regista
logo a sua aquisição. Sendo que A tinha constituído uma hipoteca a favor da instituição de crédito
X, e este nunca se pronunciou sobre os negócios acima referidos.

1) Diga, fundamentando, quem adquire o direito de propriedade sobre o bem.

2) X poderá exercer algum direito?

17 – A é dono de um terreno que vale cerca de € 10.000,00. Seu filho B, com autorização do pai,
constrói nele uma pequena moradia, na qual gastou mais de € 50.000,00. Na moradia, usou tintas
e alguns outros materiais de C, com quem vive, mas não é casado, incluindo uma antena
parabólica que C trouxe da casa dos seus pais D e E, e que pertencia a estes (e que ignoravam o
que se passava). Já após a construção, X, credor de A, valendo-se do facto de o terreno ainda
estar como tal na matriz, procura penhorar o bem; em face disso, C quer exercer o direito sobre
as tintas e materiais e D e E querem recuperar a antena.

Pronuncie-se, não deixando de analisar os princípios do Direito das Coisas.

18 – A é proprietário de uma moradia sita na Avenida da República, n.º 10, em Lisboa, tendo-a
adquirido por morte do seu pai B. C é proprietário de outra moradia que confina com o prédio de
A. Certo dia, A pretende levantar obra com vista à reparação da empena da dita moradia, o que
determina que A tenha que passar os materiais e utilizar o prédio de C. Todavia, C opõe-se a tal
pretensão. Aprecie.

19 - Imagine que A é apicultor e faz criação de abelhas no terreno de que é proprietário. Num
determinado dia, A apercebe-se que as suas abelhas fugiram para a propriedade de B, seu
vizinho, com um terreno contíguo ao seu. Todavia, A resolve encetar a perseguição às abelhas
passados 10 dias, da respectiva fuga, dado que tinha observado que as mesmas se encontravam
instáveis. Como tal, resolveu entrar na propriedade de B, destruindo a cerca divisória entre os
aludidos terrenos. Quid iuris?

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20 – A e B são ambos proprietários de um terreno onde produzem e cultivam milho e centeio,
comparticipando em 70 % e 30% dos gastos atinentes à actividade comercial. Contudo, B não se
desloca regularmente ao terreno. No dia 20 de Abril de 2009, A envia uma carta registada com
aviso de recepção a B, informando que a partir daquele dia, este último não poderia cultivar no
terreno, tendo igualmente informado B, na mesma carta, que já tinha acordado com C, a venda
de parte do terreno.

1) Quid iuris?

2) Imagine agora, que não tendo sucedido a hipótese anteriormente referida, A e B terão
convencionado por documento particular, a divisão do referido terreno. Quid iuris?

3)Ficcione que A, em razão de uma multiplicidade de dívidas acumuladas ao longo da vida,


procura alienar a sua quota ideal a F. Porém, tendo uma relação de forte inimizade com B, não
lhe dá qualquer informação, e doa a sua quota ideal a F, através de simulação, obtendo com o
negócio dissimulado, a quantia de € 20.000,00. Quid iuris?

21 – A vendeu a B a nua propriedade do prédio sito na Rua Braancamp n.º 23, em Lisboa e a C,
o usufruto sobre o mesmo prédio. Antes de estar registada a favor de B a nua propriedade, mas
depois de estar registado a favor de C o usufruto, D fez registar sobre o prédio em causa uma
penhora, feita no âmbito de uma execução que move contra A. Se o prédio vier a ser vendido em
tal processo judicial, poderão B e C opor ao adquirente os direitos que obtiveram de A?

22 – Na hipótese de o titular primitivo de um usufruto vitalício o alienar e o adquirente morrer antes


do alienante, que sucede ao direito de usufruto?

23 – A, proprietário do prédio rústico X, sito em Évora, o qual se mostra afeto à cultura de trigo,
constituiu a favor de B, um usufruto pelo prazo de 20 anos. Com efeito, o contrato foi outorgado
segundo a forma legal, e registado, tendo as partes convencionado que B poderia construir um
edifício dedicado à hotelaria, contando que o destruísse e devolvesse à forma originária, no termo
do prazo cima referido. Aprecie.

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24 – A, proprietário do prédio rústico X, constituiu um direito de superfície a favor de B, pelo prazo
de 20 anos. No contrato foi ainda convencionado que B ficaria autorizado a construir qualquer
edificação que pretendesse. Volvidos 10 anos após a outorga do contrato, B não procedeu a
qualquer construção e alienou, sem mais, o direito a C. Sucede que B nunca pagou a quantia de
€ 500,00, ajustada a ser liquidada de forma mensal, igual e sucessiva a A, conforme se obrigou.
Quid iuris?

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