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HIPÓTESES PRÁTICAS
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I
PETIÇÃO INICIAL
1.
Ana instaurou uma ação contra Beatriz e Carlos, pedindo a declaração de nulidade
do contrato de compra e venda da fração autónoma Y de um determinado prédio, por
Beatriz a Carlos, com fundamento na simulação da parte compradora. O contrato foi
celebrado por escritura pública de Janeiro de 2010 e pelo preço de € 300.000,00. Ana
pede ainda que o tribunal declare que ela era a verdadeira proprietária da fração, de modo
a poder corrigir o que se encontrava inscrito no registo predial.
Para o efeito, Ana alegou que, na altura, se encontrava em vias de iniciar um
processo de divórcio e que, para evitar que a fração entrasse na comunhão conjugal,
combinou com Beatriz (proprietária da fração) e com Carlos que a fração seria comprada
em nome de Carlos, mas, na realidade, por Ana, que pagaria efetivamente o preço.
Para o caso de o tribunal vir a entender que não havia prova do acordo, Ana alega
ter celebrado com Carlos um contrato de mandato sem representação e pede a sua
condenação na transmissão da propriedade da fração; e, se o tribunal também não der
como assente este contrato, pede a restituição dos € 300.000,00 que diz ter entregue a
Beatriz, por enriquecimento sem causa.
Todos são portugueses; Ana reside em Lisboa; Beatriz e Carlos residem no Porto,
cidade onde se situa o prédio a que pertence a fração e onde foi lavrada a escritura de
compra e venda.
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2.
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II
CONTESTAÇÃO
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a. Diga se é admissível a formulação dos pedidos formulados por A contra B e C.
b. Qualifique os tipos de contestação apresentados por B em i), ii), iii) e iv) e diga se
são admissíveis.
c. Que consequências têm a falta de contestação de C, quanto às partes e ao processo?
d. Que consequências tem a defesa iii), caso seja procedente?
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III
ARTICULADOS EM GERAL
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(ii) Caso não se considere que tem direito à utilização da
garagem, esta nunca poderá ser considerada fração
autónoma, por força do estabelecido no regulamento de
condomínio;
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e. Admita agora que a ação tinha sido proposta contra B, C e D, todos
proprietários de frações do mesmo prédio a quem A tinha vendido andares
e contra quem pedia a condenação na entrega da garagem e a condenação
no pagamento do remanescente do preço não pago por cada um. Nenhum
dos réus contestou a ação, sendo certo que C e D foram citados por carta
registada com aviso de receção e que B foi citado editalmente.
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IV
SANEAMENTO E CONDENSAÇÃO
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V
CASO JULGADO
1.
António comprou a Bento um quadro que julgava ser antigo, pelo preço de 35 mil euros.
Todavia, quando o mandou restaurar, descobriu que tinha sido pintado recentemente.
António instaurou contra Bento uma ação na qual pediu a anulação do contrato de
compra e venda e a condenação de Bento na restituição da parte do preço já paga
(metade).
a. A ação foi julgada procedente, por sentença transitada em julgado. Mas Bento
não se conforma e propõe uma nova ação contra António, invocando o contrato e
pedindo a sua condenação no pagamento da parte do preço que não tinha sido paga.
Pode António opor-se ao julgamento deste pedido, invocando a sentença proferida
na primeira ação?
b. Suponha agora que Bento não contestou, mas que a ação foi julgada
improcedente porque o tribunal entendeu tratar-se de um caso de erro sobre os
motivos (e não sobre o objeto, como o autor o qualificara) e faltar a alegação e
prova do acordo sobre a essencialidade dos motivos, a que se refere o nº 1 do artigo
252º do Código Civil.
A sentença transitou em julgado. António propôs nova ação, relativa ao mesmo
contrato e pedindo igualmente a sua anulação. Para além do que alegara na primeira
ação, alegou terem as partes reconhecido, por acordo, que António só comprava o
quadro porque estava convencido de que era antigo. Bento opôs caso julgado.
Tem razão?
c. Suponha agora que foi que Bento que instaurou a ação, pedindo a condenação
do António no pagamento da parte do preço não paga.
António defendeu-se invocando a anulabilidade do contrato, pelo erro já descrito;
mas foi condenado a pagar, por sentença transitada em julgado.
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Passado um tempo, António instaura contra Bento uma ação de anulação do
mesmo contrato, com fundamento:
i) No mesmo erro;
ii) Em erro causado por dolo (um empregado de Bento convencera-o de que
o quadro era antigo);
iii) Em erro só descoberto, segundo alega, depois do trânsito em julgado da
sentença.
Bento contesta esta ação invocando a exceção de caso julgado. Tem razão?
2.
3.
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a) Imagine que, posteriormente ao trânsito em julgado, B, inconformado, vem
instaurar nova ação para condenação de A no pagamento de uma indemnização
pelas benfeitorias realizadas no imóvel, mas vem agora corrigir o montante para
60 000 euros. Pode fazê-lo? A resposta seria diferente se B não tivesse chegado a
fazer o pedido de indemnização pelas benfeitorias na primeira ação?
b) Imagine que a primeira ação tinha sido julgada improcedente por sentença
transitada em julgado. Pode A instaurar nova ação de reivindicação, com
fundamento em usucapião?
c) Imagine agora que, numa outra ação, C, vendedor do imóvel, vem pedir a
condenação de A no pagamento da parte do preço não paga, relativa ao contrato
de compra e venda celebrado. Está o tribunal vinculado a considerar a celebração
da compra e venda com fundamento na força de caso julgado da primeira
sentença?
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