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PREPARAÇÃO PARA EXAME (2021-2022)

1.António, dono do cão “Leão”, ausentou-se, tendo o seu vizinho Luís prendido o cão para que
este não destruísse as suas (de Luís) flores. O animal esteve preso cinco dias, emagreceu,
necessitando de cuidados de um veterinário. António quer que Luís pague essa despesa. Tem
razão?

Responsabilidade civil- ilicitude violação de direitos subjetivos de outrem;

2.Devido a obras ordenadas pela Câmara Municipal da sua localidade, Artur, dono de um
restaurante, viu diminuída a sua clientela e quer ser indemnizado alegando que o município
não respeitou a legislação sobre obras nas vias públicas. Tem direito a ser indemnizado?

3.Em 15 de março de 2019, Abel, agricultor, vendeu ao seu vizinho Bernardo certa quantidade
de fruta, ficando clausulado que a colheita seria feita pelo comprador. Na mesma data, Abel,
precisando de dinheiro, vendeu e entregou a Camilo, seu primo, uma máquina de cortar relva,
com a cláusula de pagamento do preço no dia 25 do mesmo mês.

Bernardo tinha, entretanto, ido a uma feira agrícola e, quando regressou, Abel informou-o de
que tinha comprado, em seu nome (de Bernardo), um terreno cuja propriedade Bernardo
pretendia (e tinha-o afirmado várias vezes) mas sobre o qual Dario tinha um direito legal de
preferência por ser proprietário confinante.

Antes de partir para a feira, Bernardo prometera a Filipe, colecionador de alfaias agrícolas, que
Abel não deixaria de lhe vender uma charrua dos anos 50.

Bernardo, no correio que chegou durante a sua ausência, encontrou um livro, destinado, como
veio a saber, a um outro Bernardo. O livro valia 100€, mas como Bernardo não costumava ler
doou-o a um seu sobrinho.

Filipe, em janeiro deste ano, prometeu-vender a uma antiquária, Gilberta, e para a sua coleção
particular, um colar do século XIX, colar este cuja aquisição Filipe estava a negociar com Hélio.
Filipe recebeu de Gilberta 1.000€, com o esclarecimento de que a promitente-compradora não
pretendia, com essa quantia, confirmar o contrato.

QUESTÕES:

1ª)Com que fundamento pode reagir Abel, caso Bernardo, ao colher a fruta, danifique algumas
árvores? Estaremos perante um concurso de responsabilidades?

2ª)Poderá Abel resolver o contrato se Camilo não pagar o preço?

3ª)Terá Bernardo que pagar o terreno comprado por Abel, sendo certo que Abel não era
procurador de Bernardo?

4ª)O que pode fazer Dario?

5ª)Poderá Filipe responsabilizar Bernardo pela recusa de Abel em vender a charrua?


6ª)O que pode fazer o verdadeiro destinatário do livro? E no caso de Bernardo estar de má-fé?

7ª)Será válido o contrato feito entre Filipe e Gilberta? Qual o significado da quantia entregue?
Poderia Gilberta salvaguardar uma possível alienação do colar a um terceiro?

4.Abel, cunhado de Miguel, emigrante, face às insistências de Camilo, cortou e vendeu a este
último, em nome de Miguel, 30 árvores do pinheiral do cunhado. Apesar do interesse que
manifestara na venda, Miguel veio a reagir mal, não pagando o dinheiro gasto por Abel no
corte das árvores, nem querendo cumprir o contrato feito entre Abel e Camilo apesar de o
comprador já ter pago o preço. Os pinheiros tinham sido vendidos por 100€ cada, quando o
preço médio andava nos 200€ e Abel tinha vendido pinheiros semelhantes por 150€ cada um.

QUESTÕES:

1ª) Qual o significado jurídico do não pagamento das despesas feitas por Abel?

2ª) Miguel, para não querer cumprir o contrato, invocou a má negociação de Abel. Com razão?

3ª) Terá Miguel (ou Abel) que devolver o dinheiro? Existe alguma consequência caso o dinheiro
seja devolvido passados quatro meses da recusa de Miguel em cumprir o contrato?

4ª) Suponha, ainda, que Abel se apoderou de alguma madeira que julgava abandonada mas
que, efetivamente, pertencia a Miguel. A madeira vale 500€ e ficou guardada para ser gasta no
Inverno. Como deve reagir Miguel?

5.Elvira, quando fazia compras numa grande superfície comercial, foi atingida com alguma
gravidade por uma lata de tinta deficientemente exposta. Uns dias antes do acidente, Carlos,
marido de Elvira, prometera vender a Celso e este prometera comprar um prédio rústico
pertencente ao casal. Celso, temendo o seu arrependimento, entregou a Carlos 5.000€.

QUESTÕES:

1ª) Com que fundamento contratual poderá Elvira ser indemnizada?


2ª) Que formalismo exige o contrato celebrado entre Carlos e Celso?
3ª) Terá Celso prestado sinal?
4ª) Se o prédio vier a ser, entretanto, expropriado, terá Celso de pagar o preço?

6.Aurélio, dono de um imóvel e empreiteiro responsável pela construção, foi demandado por
Rui, proprietário de um imóvel contíguo, pelos danos que sofreu com a derrocada parcial do
primeiro prédio. Rui, na ação, alegou e provou a derrocada, os danos que sofreu (um dos quais
foi ter que se alojar num hotel), bem como a circunstância de Aurélio, apesar de ter colocado a
hipótese da falta de segurança do imóvel, ter acreditado que nada aconteceria.

QUESTÕES:

1ª)É verdade que a alegação de Rui peca por ter omitido pontos importantes e por conter
aspetos não necessários?

2ª) O que é que Rui pretendeu provar com o terceiro ponto da sua alegação?
3ª) Como classifica o dano concretamente invocado por Rui?

4ª) Suponha agora que o primeiro imóvel foi construído por Aurélio para Tomás ao abrigo de
um contrato de empreitada. Durante a construção, João, trabalhador de Aurélio, ao agredir
Filipe, evitou que este furtasse dois sacos de cimento e empurrou Tomás, com danos para
este, para evitar que o mesmo Tomás fosse atropelado por um veículo da obra. Poderão Filipe
e Tomás responsabilizar João?

7. Artur, proprietário de um prédio, encarregou Berto, empreiteiro, de realizar certas obras de


beneficiação. Durante as obras, parte do edifício ruiu sofrendo Artur danos no montante de
5.000€. No decurso da ação para pagamento dos prejuízos provou-se que, apesar da
inexperiência de Berto, este colocara na execução da obra o maior cuidado e dedicação. Será
procedente o pedido indemnizatório?

8.Luísa foi contratada pelos pais de Rui, de 2 anos, para tomar conta do filho. Luísa é,
igualmente, depositária de um cão pertencente a Tomé. Num certo dia, Rui foi mordido com
gravidade pelo cão, tendo este, antes disso, morto duas galinhas de uma vizinha dos pais de
Rui.

a)Poderão os pais de Rui responsabilizar Luísa com base no artigo 491º?


b)Quem responde pelos danos causados à vizinha?

9.Em virtude de um acidente de viação, Luís deixou de poder caçar, teve de recorrer a um
veículo de aluguer com condutor, perdeu capacidade para trabalhar como engenheiro civil,
gastou 600€ em medicamentos, não pôde utilizar uma garagem que tinha arrendado e foi
afastado ilicitamente de um concurso onde poderia ter ganho uma viagem à volta do Mundo.

Identifique os danos sofridos por Luís.

10.Tiago, quando procedia à entrega de mercadorias, por conta de Samuel, foi acometido de
uma indisposição, perdendo o controlo do veículo de Samuel. Em consequência, foi atropelado
mortalmente João. Pedro, transportado onerosamente por Tiago, sofreu lesões de certa
gravidade. Quem indemniza os danos (70.000€) sofridos por João? Poderá a mulher de Pedro
invocar o disposto no artigo 495º,3?

11.José, quando conduzia um automóvel emprestado, há seis meses, por Luís, atropelou uma
criança de 5 anos. Ficou provado que a criança invadiu a faixa de rodagem para apanhar uma
bola e que José conduzia com atenção.

a)À face da lei, que argumentos de defesa podem ser invocados por José?
b)Como explicar a intervenção da Seguradora de Luís na hipótese de José ser responsável?
Seria necessário, nessa hipótese, demandar José?
c)Suponha que a criança só foi atropelada pelo facto de ter rebentado um pneu do veículo.
Será José responsável?

12.Em virtude de um acidente de viação exclusivamente imputável a Miguel, Joaquim ficou


com o seu trator bastante danificado. O trator, já antigo, valia, à data do acidente, 900€,
orçando o custo da reparação em cerca de 3.000€. Poderá Joaquim exigir à Seguradora de
Miguel a reparação do trator? Como seria resolvida a questão de uma indemnização
pecuniária pedida por Joaquim, na hipótese de o trator ser conduzido por um trabalhador de
Joaquim e ficando igualmente provada a culpa do condutor no acidente?

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