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UNIVERSIDADE DO MINHO – ESCOLA DE DIREITO

DIREITO COMERCIAL
(Exame anual)

I
Em Agosto de 1988, Antunes deu de arrendamento a Beltrão, comerciante em
nome individual, o imóvel de que era proprietário para instalação de uma confeitaria.
O negócio celebrou-se pelo prazo de um ano, vinculando-se Beltrão ao pagamento de
10 euros mensais.
a) Beltrão, em Setembro de 2007, cedeu à exploração a confeitaria, pelo prazo de 5
anos e pelo preço de 1.000 euros mensais (1,5 v.);
b) Beltrão, em Janeiro de 2008, deu de penhor (sem desapossamento) a confeitaria
para garantia de um empréstimo bancário (1,5 v.).
Considerando autonomamente as hipóteses enunciadas, diga se a respectiva
vicissitude ocorrida afecta o contrato de arrendamento em causa.

II
Aníbal é proprietário de uma papelaria instalada em imóvel arrendado em Janeiro
de 2007, pelo prazo de 15 anos. Em Maio de 2009, Aníbal vendeu o estabelecimento em
causa a Belchior.
a) Qual o prazo que Aníbal dispõe para comunicar ao senhorio a venda do
estabelecimento? Quais são as consequências da sua inobservância? (3 v.)
b) Sabendo que existia uma cláusula no contrato de arrendamento que
dispunha que o imóvel podia ser usado “para estabelecimento de papelaria ou
para qualquer outro ramo de negócio” e que Belchior - em Dezembro de 2009 -
instalou no imóvel uma discoteca, diga se o senhorio tem razão quando
pretende o despejo de Belchior. (4 v.)

III
A sociedade “Gertrudes, Hilário, Julieta e Lurdes, Lda.”, após observância do
formalismo legal imposto, foi inscrita no registo em 3.1.2007.
Gertrudes e Hilário realizaram a sua entrada em dinheiro no valor de 20.000 €
cada. Julieta entrou para a sociedade com um estabelecimento (avaliado em 40.000 €).
Lurdes diferiu a sua entrada em dinheiro, no valor de 20.000 €, para Março de 2008.
Do contrato, entre outras, constavam as seguintes cláusulas:
- “a sociedade tem como objecto a reparação de automóveis ”;
- “Hilário é o gerente único”.
a) No dia 1.3.2008, em assembleia geral, em que estiveram presentes os sócios
Gertrudes, Hilário e Julieta, foi deliberada, por unanimidade, a liberação de Lurdes no
que toca à sua prestação de entrada, “a proibição da cessão de quotas” e ainda que
“para as alterações menores do contrato de sociedade é suficiente a maioria simples”.
Aprecie o valor das deliberações em causa. (4 v.)
b) Aníbal é credor da sociedade no valor de 100.000 € na sequência da venda de
peças de automóveis variadas. Sabendo que o património da sociedade ascende a
75.000 € e que a sócia Julieta é fiadora da obrigação em causa (embora actualmente já
não seja sócia da sociedade), diga quem pode ser responsabilizado pelo pagamento de
tal quantia (3 v.).

IV
A sociedade “Fruta e Legumes, Lda.” concluiu, no dia 10 de Janeiro de 2009, um
contrato de locação financeira com uma instituição de crédito, tendo por objecto um
tractor, previamente adquirido por aquela ao vendedor, Teotónio. O negócio foi
celebrado pelo prazo de 4 anos, obrigando-se a sociedade ao pagamento mensal de
2.000 euros.
A partir de 10 de Abril de 2009, o tractor teve inúmeros problemas de
funcionamento, obrigando-o inclusivamente à paralisação da actividade da sociedade.
Até quando deve denunciar o defeito? A quem? Pode, à luz do caso concreto, exigir,
desde logo, a substituição do bem ao vendedor? E junto do locador financeiro? (3 v.)

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