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CASOS PRÁTICOS

- DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II -

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

Caso prático n.º 1

Miguel compra a Maria um carro descapotável por € 20.000. O preço de mercado situa-se,
porém, nos €15.000.

Quid juris?

Caso prático n.º 2

Rafael vai passar férias a Vilar de Mouros por ocasião do festival de verão.
Pretendendo integrar-se numa recente renovação do movimento hippie, compra, por
€ 1000, o que julga ser um colar de pedras recolhidas em Goa aquando de uma festa de
despedida do sol. Vem depois a descobrir que as pedras que compõem o colar tinham sido
afinal recolhidas em Cacia, nas margens do Rio Vouga. Furioso, Rafael exige que o
vendedor hippie restitua o dinheiro recebido.

Quid juris?

Caso prático n.º 3

Duarte vai à FNAC comprar presentes de Natal. Estando na fila para embrulhar os presentes,
vê que uma pessoa entrega uma nota de vinte Euros à funcionária que fazia os embrulhos.
Quando chegou a sua vez, recebeu os embrulhos e deixou vinte Euros em cima do balcão,
partindo logo de seguida. Duarte descobre posteriormente que a FNAC não exige o
pagamento adicional pelos embrulhos e que, na realidade, a pessoa que tinha entregue a
nota de vinte Euros à funcionária era uma sua amiga, que pagava uma dívida.
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Quid juris?

Questão adicional: qual seria a sua resposta caso a FNAC exigisse o pagamento adicional
de dez Euros pelos embrulhos?

Caso prático n.º 4

Bernardo deve entregar a Margarida 1 kg de laranjas e um selo de coleção. Por erro,


Bernardo entrega as laranjas e o selo a Maria, irmã gémea de Margarida. Maria julga que a
entrega das laranjas e do selo se deve a um gesto de amor por parte de Bernardo, que
Maria julga ser um seu apaixonado. Quando Bernardo explica a Maria que as laranjas e o
selo não eram para si, Maria, surpreendida, explica que comeu praticamente todas as
laranjas (só sobrou uma) e que ofereceu o selo ao seu primo Rodrigo.

Quid juris?

Caso prático n.º 5

Manuel Silva, cliente da mercearia “Legumes do Dia”, na sequência de uma conversa


entre o merceeiro e um outro cliente em que o merceeiro tinha referido que até havia pessoas
como “um tal de Manuel Silva” que não pagavam as suas dívidas, paga à mercearia uma
dívida de 200 Euros, julgando que resultava de compras efetuadas por si alguns meses antes.
Na realidade, a dívida era de um seu homónimo.

Quid juris?

Caso prático n.º 6

António celebra um contrato com João nos termos do qual este último deverá pagar as
dívidas de António às Joalharias da Rua Augusta. João paga uma dívida de António (de
€ 1250) à Joalharia “Ouro de Qualidade”, situada na Rua da Prata, pensando que, segundo
o contrato que tinha celebrado com António, estava vinculado ao cumprimento dessa
obrigação.

Quid juris?
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Caso prático n.º 7

Manuel celebra um contrato-promessa com Frederico para compra de um imóvel deste


último, entregando, a título de sinal, € 20.000. Dois meses depois, tendo ambos mudado
de opinião quanto à compra e venda do imóvel, decidem revogar, por mútuo acordo, o
contrato-promessa que tinham celebrado.

Quid juris?

Caso prático n.º 8

Manuel – aka Dark Vlad - um dj gótico de Pombal, decide organizar um festival de Verão de
música gótica onde atuarão vários artistas e onde haverá também lugar a diversas sessões de
reflexão niilistas. O festival terá lugar num terreno devoluto de António, outro habitante de
Pombal, que é emigrante em França e que nunca falou com Manuel. Quando António vem a
Portugal nas férias de Verão e vai ver o seu terreno, depara-se com centenas de festivaleiros
góticos a dançarem no seu terreno. Vem depois a descobrir que: (i) Manuel vendeu mais de
€500.00 em bilhetes, tendo tido custos de organização do evento no montante de €100.000; (ii)
os festivaleiros góticos destruíram diversas árvores plantadas no seu terreno.

Quid juris?

Caso prático n.º 9

Joaquim costumava passar férias no parque de campismo do Guincho. No entanto, desde o


último incêndio no Guincho, que Joaquim se via impedido de fazer sardinhadas no mato para
os seus vizinhos, como fazia todos os verões. No último ano, porém, Joaquim resolveu o
problema utilizando por diversas vezes o jardim de uma casa com excelente vista para a
praia. Muito embora reconheça que os visitantes não destruíram nada na casa e que
durante esse tempo também não tencionava utilizar a casa para qualquer fim, o seu
proprietário, Luís, não gostou particularmente da ideia e pergunta- lhe a si, enquanto
advogado, se terá algum fundamento para reagir.

Quid juris?

Caso prático n.º 10

Bernardo arrenda uma casa a Francisco. Depois de alguns meses a viver na casa, e constatando
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que era fria, Francisco instala um sistema de aquecimento central instalado dentro das
paredes. Quando termina o contrato de arrendamento, Francisco pretende desmontar o
sistema de aquecimento central mas os técnicos informam-no que tal obra provocará sérios
prejuízos ao imóvel de Bernardo.

Quid juris

GESTÃO DE NEGÓCIOS

Caso prático n.º 11

Helena, vendo que na casa da sua vizinha de cima, Sofia, se iniciou uma inundação, contrata
a sociedade “Chaves do Artilheiro” para arrombarem a porta de casa de Sofia, permitindo
assim a Helena pôr fim à inundação.

Quid juris?

Caso prático n.º 12

Bernardo, advogado de Francisco, tem procuração para celebrar em nome e por conta de
um seu cliente um contrato de mútuo, assumindo a posição de mutuante. No entanto, estando
já no cartório, telefona-lhe o seu cliente exigindo que o devedor garanta o cumprimento do
mútuo através da constituição de uma hipoteca sobre um imóvel de que era titular. Tendo a
contraparte concordado com a constituição da hipoteca, Bernardo interroga-se como deverá
proceder.

Questão adicional: A sua resposta ao caso prático seria idêntica caso não tivesse ocorrido a
conversa telefónica entre Bernardo e Francisco e Bernardo, ainda assim, tivesse atuado?

Caso prático n.º 13

Francisco, pai de Mariana, sabendo que a sua filha, de 18 anos, se encontra de


férias nas Seychelles, pratica os seguintes atos. declarando o intuito de ajudá-la “a
realizar algumas tarefas que a própria há muito deveria ter realizado”:

(i) Celebra um contrato de empreitada para que seja arranjado o telhado da casa
de Mariana, como a mesma há muito projetara.
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(ii) Paga um imposto em atraso de Mariana, que esta se recusava a pagar.

(iii) Vende um quadro de Mariana na sequência de uma oferta claramente


superior ao valor de mercado da obra.

Mariana considera que:

(i) Não tendo o pai telefonado para as Seychelles a avisá-la de que iria praticar os
atos referidos, não se encontra obrigada a reembolsá-lo das despesas que
aquele efetuou;

(iii) Não tem de reembolsar o pai pelo pagamento do imposto porque não
tencionava pagá-lo.

Por seu turno, Francisco afirma que apenas entregará à filha o valor de mercado do quadro,
tendo direito ao remanescente.

Quid juris?

Caso prático n.º 14

Manuel manda colher laranjas maduras de umas laranjeiras do seu vizinho, Francisco,
pensando, erroneamente, que as laranjeiras se encontravam no seu terreno.

Quid juris?

Caso prático n.º 15

Catarina é titular de um bar situado na praia do Guincho, que só explora durante o verão.
Matilde, sem autorização de Catarina, pensando que o bar poderá ser também lucrativo
durante o resto do ano, abre o bar, renova-o e explora-o com sucesso de Outubro a
Fevereiro, arrecadando € 20.000 de lucros.

Quid juris?

CUMPRIMENTO E INCUMPRIMENTO

Caso prático n.º 16

João encontra-se obrigado a pagar a Francisco, em sua casa, no dia 10 de Maio de 2017,
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Euro 75.000.

Imagine as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) João entrega a Francisco um relógio no valor de Euro 50.000, explicando a Francisco
que não tem condições económicas para lhe entregar algo que tenha o valor de Euro 75.000.

(ii) Na data acordada, João entrega a Francisco Euro 50.000, comprometendo-se a


entregar os restantes Euro 25.000 no final de Junho de 2017.

(iii) Na data acordada, João deixa em casa de Francisco, à porta da garagem, um


envelope contendo os Euro 75.000.

Quid juris?

Caso prático n.º 17

Manuel, de 14 anos, celebra com Francisco: (a) um contrato nos termos do qual Manuel
deverá, todas as semanas, comprar o The Economist e entregar essa publicação em casa de
Francisco; (b) Um contrato-promessa de compra e venda de um imóvel de Manuel.

Quid juris?

Caso prático n.º 18

Em cumprimento de um contrato de compra e venda, Bernardo encontra-se obrigado a


entregar a Francisco um relógio Rolex Daytona.

Imagine as seguintes hipóteses:

(i) Bernardo entrega a Francisco um relógio de Carolina;

(ii) Duarte, fiador de Bernardo, entrega a Francisco o relógio Rolex Daytona, mas
Francisco recusa, invocando que quem deveria entregar-lhe o relógio seria Bernardo.
Bernardo opõe-se também ao cumprimento de Duarte;

(iii) Bernardo entrega o relógio Rolex Daytona a Jacinto, primo de Francisco.

Quid juris?

Caso prático n.º 19

João deve pagar a Sofia Euro 50.000.


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Imagine as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) As partes não fixaram em que data deveria ser efetuado o pagamento.

(ii) As partes estipularam que o pagamento deveria ser feito no prazo de 30 dias a contar
da data de celebração do negócio.

(iii) As partes estipularam que João pagaria quando pudesse.

(iv) As partes estipularam que João pagaria se quisesse.

(v) As partes estipularam que o pagamento deveria ser feito no prazo de 30 dias a contar
da data de celebração do negócio. 15 dias depois da celebração do negócio, João quer pagar,
mas Sofia recusa o pagamento. Entretanto, João ficou insolvente. Verificando-se a insolvência
de João, Sofia considera que se venceu automaticamente a obrigação de João de lhe pagar os
Euro 50.000. Idêntico entendimento é defendido por um concessionário automóvel que
vendeu a João um Porsche Cayman e que considera que, não tendo sido tempestivamente
paga uma prestação, todas as demais se venceram automaticamente, visto que o contrato
estabelece que "A falta de pagamento de uma prestação, na data do respetivo vencimento,
implica o imediato vencimento de todas as restantes".

(vi) João diz que o pagamento será efetuado em sua casa, mas Sofia entende que deverá
ser efetuado em sua casa.

Quid juris?
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Caso prático n.º 20

No dia 1 de Fevereiro de 2017, Ramiro, pescador, obrigou-se perante Nuno a entregar-


lhe, até Agosto de 2017, dez toneladas de uma qualidade de salmão denominada “salmão
transparente”, que só pode ser pescado no mar alto do Alasca.

Imagine as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) O “salmão transparente” foi declarado extinto em Julho de 2016.

(ii) No seguimento do naufrágio de um petroleiro no Alasca, a maré negra elimina 50

% da população de “salmão transparente”.

(iii) No dia 1 de Março de 2017, Ramiro tem um acidente com a sua embarcação, que
precisa de ser reparada no estaleiro por um período de onze meses.

(iv) O “salmão transparente” é declarado extinto em Julho de 2017.

Quid juris?

Caso prático n.º 21

Imagine as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) Sancho vende a Dinis um selo antigo e acorda com Dinis que o selo ficará em
sua casa até que Dinis vá buscá-lo, já que este não a pode levar nesse dia. Uma
semana depois, um incêndio num edifício vizinho alastra-se ao edifício onde se
encontra o apartamento de Dinis, consumindo o selo. Dinis recusa-se a pagá-lo.

(ii) Sancho, que é galerista, vende a Dinis um quadro de Malhoa, acordando as


partes que o quadro ficará na galeria de Sancho até ao fim de uma exposição
retrospetiva sobre a obra de Malhoa que se prolongará até 20 de Maio de 2017.
Um pirómano pega fogo à galeria e o quadro é destruído. Dinis recusa-se a
pagar o quadro.

Quid juris?

Caso prático n.º 22

João (galerista) e Bernardo (colecionador) acordaram que, no dia 1 de Março, João


entregaria a Bernardo, em sua casa, um quadro da autoria de Julião Sarmento intitulado
“Nuvens Inquietas”, pagando Bernardo, nessa mesma data, € 20.000. João e Bernardo
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acordaram ainda que, em caso de incumprimento definitivo do contrato imputável a João, este
ficaria obrigado a pagar a Bernardo € 30.000 a título de cláusula penal.

Pronuncie-se sobre as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) No dia 1 de Março, Bernardo transferiu € 20.000 para uma conta bancária de
João. Todavia, João não foi a casa de Bernardo entregar o quadro e, até hoje,
ainda não efetuou a entrega. Bernardo questiona: (a) os efeitos jurídicos da
conduta de João; e (b) quais as alternativas de atuação de que dispõe, em
nomeadamente se, e quando, poderá exigir a João o pagamento dos € 30.000 a
título de cláusula penal.

(ii) No dia 1 de Março, Bernardo transferiu € 20.000 para uma conta bancária de
João. Nesse mesmo dia, João dirigiu-se a casa de Bernardo para entregar o
quadro, mas ninguém estava em casa. João procurou contactar telefonicamente
Bernardo ao longo do dia, mas este não atendeu. João regressou à sua galeria,
tendo aí depositado o quadro. Imprevidentemente, deixou a porta da galeria
aberta e, durante a noite, o quadro foi furtado. João tem seguro contra furtos até
ao montante máximo de € 10.000. Bernardo agora exige a devolução dos €

20.000 que foram transferidos e alega que só esteve incontactável no dia 1 de


Março porque teve uma urgência profissional.

Caso prático n.º 23

No dia 3 de Abril, Mariana e Francisco celebraram um contrato de prestação de serviços


em que Mariana se obrigava a elaborar um projeto de arquitetura para um monte alentejano
que Francisco estava a recuperar, recebendo, em contrapartida, € 25.000. Mariana estava com
muito trabalho no seu atelier e Francisco não estava ainda certo de quando teria
disponibilidade financeira para avançar com a recuperação do monte, pelo que as partes
decidiram não fixar prazo para o cumprimento das obrigações estipuladas.

Três dias depois, Mariana ficou com falta de liquidez e telefonou a Francisco exigindo-
lhe o pagamento dos € 25.000 euros num prazo máximo de 24h. Francisco respondeu
iradamente: (a) que, face à exigência inusitada de Mariana, era ele quem lhe exigia que
entregasse de imediato o projeto; (b) só efetuaria o pagamento contra a entrega do Projecto.
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Pronuncie-se sobre as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) Mariana entregou a Francisco um projeto de arquitetura no prazo de 24h que


Francisco estabelecera, mas o projeto que foi entregue desrespeitava diversas
regras da arte da arquitetura, nomeadamente porque violava o PDM aplicável.

(ii) Mariana respondeu a Francisco que ainda não tinha o projeto pronto, mas que,
em qualquer caso, como não trabalhava para clientes malcriados, também já
não tencionava elaborá-lo;

Quid juris?

Caso prático n.º 24

A sociedade “Navios que Flutuam, S.A.” celebrou com a “Limpezas a Sério, Lda.” um
contrato em que a “Limpezas a Sério, Lda.” se obrigava pelo prazo de 3 anos a limpar os
estaleiros navais da “Navios que Flutuam, S.A.” e os respetivos escritórios, recebendo
anualmente, em contrapartida, € 36.000.

No primeiro ano do contrato, as funcionárias da “Limpezas a Sério, Lda.”


compareceram sempre, mas chegaram frequentemente atrasadas às instalações da “Navios que
Flutuam, S.A.”, limparam-nas indevidamente e utilizaram produtos desadequados para os
materiais em que foram aplicados, utilização que causou danos à “Navios que Flutuam, S.A.”.

Findo um ano de execução do contrato, a “Navios que Flutuam, S.A.” pretende resolvê-
lo, mas questiona-se se poderá fazê-lo.

Quid juris?

Caso prático n.º 25

Carolina obriga-se a redecorar e remodelar a casa de Margarida, recebendo, em


contrapartida, €50.000.

Pronuncie-se sobre as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) As partes acordam que Margarida apenas poderá reagir judicialmente contra
Carolina em caso de incumprimento definitivo;

(ii) Carolina entendeu que uma chaise longue que Margarida tinha em sua casa
deveria ser estofada com um tecido diferente. Carolina encomendou o serviço a
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um estofador, que entregou a chaise longue defeituosamente estofada.


Margarida reclamou e Carolina deu-lhe o contacto do estofador para que
discutisse o assunto com ele.

(iii) As partes acordaram que Carolina não responderia por danos causados a
Margarida por culpa leve.

(iv) As partes acordam que Carolina apenas responderá por danos até ao limite
máximo de € 10.000 e que Margarida só poderá exigir-lhe responsabilidade por
danos que excedam € 500.

(v) As partes convencionam que, em caso de incumprimento, Carolina pagará a


Margarida € 60.000. Carolina incumpre o contrato e Margarida sofre danos que
aparentemente rondarão os € 50.000. Carolina recusa-se a pagar os € 60.000 e
diz que só pagará € 50.000.

(vi) As partes convencionam que, em caso de incumprimento, Carolina pagará a


Margarida € 60.000. Carolina incumpre o contrato e Margarida sofre danos que
aparentemente rondarão os € 70.000. Carolina recusa-se a pagar os € 70.000 e
diz que só pagará € 60.000.

OUTRAS CAUSAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Caso prático número n.º 26

Pronuncie-se sobre as seguintes hipóteses, independentes entre si:

(i) Maria emprestou €50.000 a António, tendo esse empréstimo sido garantido pelo
penhor de um relógio de Manuel. Chegado o momento do reembolso, António não
tem dinheiro para pagar. António e Maria acordam que, em alternativa ao
pagamento dos €50.000, António transmitirá para Maria o direito de propriedade
sobre um Mercedes SL de que é proprietário e que vale €60.000. Vem depois a
verificar-se que o Mercedes tinha um defeito de funcionamento do motor.

(ii) Maria emprestou €50.000 a António. Chegado o momento do reembolso, António


não tem dinheiro para pagar. António e Maria acordam que António cederá a
Maria um crédito sobre Carlota e que a dívida de António extinguir-se-á se e à
medida que o crédito de Maria seja satisfeito.
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(iii) João acordou com Verónica entregar-lhe uma cria de raça Kangal até ao dia 10 de
Julho. No dia 10 de Julho procurou contactar Verónica para combinar onde
deveria deixar a cria, tendo sido informado pelos amigos de Verónica que esta
tinha ido para a Austrália trabalhar para um santuário de Coalas.

(iv) Bernardo, médico, deve entregar a Duarte €10.000 correspondentes ao preço de


um BMW antigo que recentemente lhe adquiriu. O filho de Bernardo (António)
também deve a Duarte €10.000 correspondentes ao preço de um outro carro que
lhe comprou. Por seu turno, Duarte deve entregar a Bernardo €20.000 por
serviços clínicos prestados. Bernardo pretende enviar um email a Duarte dizendo-
lhe que este não terá que lhe pagar €20.000, mas que, “em contrapartida”, a sua
dívida e do seu filho ficarão extintas.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

Caso prático número n.º 27

António celebra um contrato com Bernardo nos termos do qual Bernardo fica com um
crédito de 10.000 euros sobre António. Em conversa com Francisca, na qual esta revela as
dificuldades económicas que atravessa, Bernardo decide doar-lhe o seu crédito decorrente do
contrato com António, sem que este último saiba.

Quid juris?

Caso prático n.º 28

Carolina tem um apartamento arrendado a Gustavo, que lhe paga Euro 1000 mensais.
Carolina vende no dia 2 de Maio de 2017, a Madalena, a totalidade das rendas relativas ao ano
de 2018 (ano em que termina o arrendamento) por 10.000 euros. Em Junho de 2018, Gustavo
deixa de pagar as rendas por entrar em processo de insolvência.

Quid juris?

Caso prático n.º 29

Filipa deve 1000 euros a Eugénia. João paga a Eugénia os 1000 euros. Eugénia declara
Versão preliminar

posteriormente que esse pagamento determina uma sub-rogação de João no seu direito.

Quid juris?

Caso prático n.º 30

Filipa deve 1000 euros a Eugénia. João paga a Eugénia os 1000 euros. Filipa declara
expressamente, antes do cumprimento, que esse pagamento determina uma sub-rogação de
João no direito de Eugénia.

Quid juris?

Caso prático n.º 31

Filipa deve 1000 euros a Eugénia. João empresta a Filipa 1000 euros, que paga a
Eugénia a quantia devida.

Quid juris?

Caso prático n.º 32

Filipa deve 1000 euros a Eugénia.

1. ª hipótese - João, fiador de Filipa, paga a Eugénia 500 euros.

2. ª hipótese – Manuel, pai de Filipa, paga a Eugénia a quantia devida para evitar que o
bom-nome da família fique manchado.

Quid juris?

Caso prático n.º 33

Duarte, milionário, deve a Vasco Euro 1000. Duarte transmite, por contrato, a sua
dívida a Manuel, conhecido por estar constantemente endividado. Vasco opõe-se.

Quid juris?

Caso prático n.º 34

Carolina deve a Matilde Euro 50.000. Carolina celebra com Jacinto, no dia 1 de Março
Versão preliminar

de 2019, um contrato nos termos do qual Jacinto assume gratuitamente a dívida de Carolina
perante Matilde. Matilde interpela jacinto para cumprir no dia 3 de Abril desse mesmo ano.
Uma semana antes, Jacinto tinha dito a Carolina que mudara de ideias e já não assumiria a
dívida.

Quid juris?

Caso prático n.º 35

Manuel deve a Francisco Euro 20.000, ficando aquele obrigado a entregar pessoalmente
essa quantia. Rafael garantiu, mediante a prestação de uma fiança, o cumprimento da
obrigação de Manuel.

Manuel celebra um contrato com João, ratificado por Francisco (que exonerou
expressamente Manuel), nos termos do qual: (i) Manuel lavará o carro de João semanalmente
durante cinco anos; (ii) João assumirá a dívida de Manuel a Francisco.

Meses depois, João recusa-se a cumprir a dívida invocando:

(i) Que Manuel nunca lhe lavou o carro;

(ii) Que, em qualquer caso, Manuel tinha doze anos quando celebrou o negócio jurídico
que determinou a constituição da dívida de Euro 20.000, sendo incapaz.

(iii) Que João está insolvente.

Francisco dirige-se a Rafael para que este pague os Euro 20.000 mas Rafael recusa-se.
Francisco dirige-se então a Manuel, que também recusa o pagamento.

Quid juris?

Caso prático n.º 36

Gonçalo celebrou com Jaime, no dia 2 de Fevereiro de 2018, um contrato de prestação


de serviços nos termos do qual Jaime lavaria as janelas da casa de Gonçalo recebendo, em
contrapartida, Euro 150 mensais.

Imagine as seguintes hipóteses:

(i) Jaime celebra com Tiago, sem primo, sem consentimento de Gonçalo, um acordo nos
termos do qual Tiago assumirá os direitos e obrigações de Jaime resultantes do acordo
Versão preliminar

celebrado com Gonçalo;

(ii) Jaime celebra com Tiago o acordo referido no número (i) anterior, desta feita com o
consentimento de Gonçalo. Perante o incumprimento de Tiago, Gonçalo exige a Jaime que
este lave as janelas.

Quid juris?

GARANTIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

Caso prático número n.º 37

António, que devia quantias avultadas a Leopoldo e Guilherme e temia perder o seu
património, fingiu vender a sua casa a Manuel, utilizando-a depois ao abrigo de um contrato
de locação fictício celebrado com este.

Leopoldo e Guilherme questionam-se se poderão reagir contra a alienação da casa e se,


caso a ação seja bem-sucedida, terão preferência no pagamento relativamente aos demais
credores pelo valor de venda da casa.

Quid juris?

Caso prático número n.º 38

Pureza decidiu construir um monte alentejano. Para esse efeito, contratou António,
conhecido empreiteiro local, que, por seu turno, encomendou a generalidade dos materiais de
que precisava para a construção à Fornece Tudo e Mais Alguma Coisa, S.A.

O monte já estava parcialmente construído quando Pureza comunicou a António que


estava com pouco dinheiro porque tinha despendido quantias avultadas em diamantes e que,
como tal, solicitava uma moratória para o pagamento de próxima prestação, devida 30 dias
depois.

António informou-a de que não lhe concedia essa moratória e, em jeito de desabafo,
contou a um dos administradores da Fornece Tudo e Mais Alguma Coisa, S.A os contornos da
situação, que considerava insólita. Alguns dias depois, a Fornece Tudo e Mais Alguma Coisa,
S.A enviou uma carta a António informando-o de que tinha dado entrada em tribunal uma
ação visando o exercício dos seus direitos como empreiteiro contra Pureza.
Versão preliminar

António ficou estupefacto mas, umas horas depois, esperava-o uma outra notícia
surpreendente: Matilde, prima de Pureza, contou-lhe que esta tinha recentemente renunciado à
valiosa herança do seu tio inglês Peter, com quem tinha cortado relações porque este esnobara
o seu namorado.

Quid juris?

Caso prático número n.º 39

A Madeiras de Qualidade, Lda. celebrou com António, no dia 2 de Fevereiro de 2015,


um contrato de fornecimento de madeira, tendo ao abrigo desse contrato fornecido madeira no
valor de 5 milhões de euros. Essa quantia nunca foi integralmente paga e António afirma
agora que terá sérias dificuldades em pagar o remanescente, afirmação que preocupa o seu
irmão Afonso, que se obrigou solidariamente ao pagamento dessa dívida e que, muito embora
seja milionário, jamais concebeu a possibilidade de vir a ter que pagá-la.

A gerência da Madeiras de Qualidade, Lda. foi recentemente informada que, em Janeiro


de 2017, António vendeu a sua casa em Lisboa a uma prima, estando presentemente em
contactos com stands de automóveis tendo em vista a alienação do seu Aston Martin DB11.

A gerência da Madeiras de Qualidade, Lda. está particularmente apreensiva com a


situação e contacta o advogado para saber o que poderá fazer.

Quid juris?

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