Você está na página 1de 34

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

Matéria, obs. Caso prático


1. Capacidade jurídica João, surdo-mudo, vende a sua casa a Luísa.
1. Qual o valor deste negócio jurídico?
2. E se João tivesse sido inabilitado?
3. E se o negócio fosse de arrendamento pelo período balnear?
2. Cláusulas contratuais ge- Alice, lisboeta, pretende celebrar um contrato de prestação de serviços de telecomunicação com a NMT. No es-
rais
tabelecimento a que se dirige, submetem-lhe, para assinatura, um formulário de que constam as cláusulas do con-
trato.
Alice combina com Bruno, o empregado que a atende, uma tarifa especial, diferente das que se encontram no
formulário. No entanto, Alice preenche e assina o formulário.
Um mês depois, Alice recebe a factura do telefone, que não reflecte o combinado com Bruno. Alice reclama. A
NMT responde que “o que vale” é o contrato assinado e que, se Alice tem alguma coisa a dizer, que recorra ao
Tribunal de Viana do Castelo, conforme cláusula contratual que estabelece esse tribunal como o único competente
para dirimir conflitos relativos àquele negócio.
3. Cláusulas contratuais ge- A sociedade Béltico, S.A., importadora de bacalhau, encomendou ao fornecedor habitual, Cristal, S.A., 15 no-
rais
vos computadores, para uma nova filial da Béltico.
Os computadores foram instalados, de acordo com o combinado, a 20 de Julho, tendo António, gerente da Bél-
tico, ido de férias durante o mês de Agosto.
A 7 de Setembro, uma semana depois do seu regresso de férias, António exige, por escrito, à Cristal, S.A., a
substituição dos computadores dado que um dos componentes de cada computador se encontrava queimado, limi-
tando fortemente as possibilidades do computador.
A Cristal, S.A. recusa-se a substituir os computadores alegando:

1
Nos termos das "condições gerais de fornecimento", elaboradas pela Cristal e devidamente assinadas pela Bélti-
co em Janeiro, a não reclamação de defeitos no prazo de uma semana depois da instalação corresponde a aceitação
da coisa com renúncia a qualquer eventual reclamação;
As "condições gerais de fornecimento" estabelecem ainda que "alterações ao presente contrato em sentido fa-
vorável ao Cliente consideram-se aceites por este na falta de oposição recebida pela Cristal, S.A. no prazo de uma
semana a contar da recepção da comunicação de alteração. Cabe à Cristal, S.A. qualificar a alteração como favorá-
vel ou desfavorável ao Cliente.".
a)Pronuncie-se, justificadamente, sobre a validade de cada uma das cláusulas do contrato.
b)Admita agora que as "condições gerais de fornecimento" constavam de um anexo do contrato, redigidas em
letra tamanho “6”. Quid iuris?
4. Cláusulas contratuais ge- A sociedade comercial “Iogurtes Longa Vida” obriga-se a entregar 100 iogurtes por semana, durante 1 ano, à
rais
sociedade comercial “Mercearia de Bairro”. Ora, das condições gerais de contratação, apresentadas pela Longa
Vida, constava: “se os estabelecimentos fornecidos não denunciarem os respectivos contratos até 6 meses antes de
terminar o seu prazo, a relação contratual prolonga-se por mais 1 ano”.
Ao 10.º mês, vem a Mercearia de Bairro denunciar o contrato.
A Longa Vida continua a entregar os iogurtes, exigindo o seu pagamento.
A Mercearia de Bairro recusa iogurtes e pagamentos, dizendo que não houve verdadeira estipulação quanto
àquela matéria.
Comentando o argumento apresentado pela mercearia, diga se a relação contratual se mantém.
5. Coisas António adquire, para oferecer a sua Mãe, uma batedeira eléctrica. Em casa, quando a Mãe desembrulha o pre-
sente, verifica-se que a loja não empacotou as varetas mas apenas o corpo da batedeira. Agastado, António regres-
sou à loja, onde lhe foi dito que as varetas eram “pagas à parte”. António sustenta que as varetas estão incluídas no
preço que já pagou. Quid iuris?
6. Coisas Uns dias antes de vender o seu computador a Bárbara, Zulmira vendeu o respectivo modem interno a Carlota,
por €50. Sucede, porém, que o dito elemento nunca foi entregue a Carlota, encontrando-se ainda incorporado no

2
computador. Carlota exige agora que Bárbara lhe faculte o computador, para que possa retirar o modem que lhe
pertence. Bárbara recusa-se a fazê-lo, alegando que o modem é seu. Diga, justificadamente, quem tem razão.
7. Coisas Admitindo que não existiu estipulação em contrário, o carregador de um telemóvel encontra-se abrangido pelo
contrato de compra e venda de que seja objecto o respectivo telemóvel?
8. Coisas A sapataria Charlott vende a Daniel um par de sapatos, depois de este os ter experimentado com o conveniente
auxílio de uma calçadeira. Já em sua casa, Daniel verifica que no saco da loja estão os sapatos, mas não a calçadeira.
Regressa à loja e exige-a. Quid iuris?
9. Coisas António, estrela rock, começa a namorar com Benedita. Nesse dia, pretendendo que o fio de ouro que usa ao
pescoço fosse lembrete dessa sua paixão, mandou gravar no fecho (composto de dois elementos, estando cada um
destes encadeado em cada uma das extremidades do fio) “Amo-te, Benedita. António”. Aquando da comemoração
do 1.º mês de namoro, António oferece a Benedita esse fio depois de ter enrolado e atado ao fecho uma madeixa
do seu cabelo como forma de, simbolicamente, sempre acompanhar Benedita. Fio e madeixa foram, com igual
deleite, recebidos pela sua namorada.
Passados 2 meses, Benedita morre. Os herdeiros de Benedita, encontrando o presente de António no seu espó-
lio, organizam um leilão para venda do fio, descrevendo-o como “o fio usado pelo rocker António”.
O preço do fio chega aos 25.000 € – oferecidos por Carlos, grande amigo de António e de Benedita (e conhe-
cedor do dito fio). Ao receber o fio, Carlos verifica que este lhe é entregue sem o fecho e sem a madeixa. E exige-
os. Dizendo que o fecho é parte integrante do fio e que a madeixa é parte integrante do fecho. Os herdeiros recu-
sam a entrega, sustentando que o fecho é mera coisa acessória do fio, e que a madeixa não é coisa para o Direito.
Comentando os argumentos apresentados, conclua, de forma fundamentada, acerca da procedência
de cada pretensão de Carlos, não podendo ultrapassar 2 páginas.
10. Coisas A compra e venda de um telemóvel inclui, salvo declaração em contrário, o respectivo livro de instruções?

11. Direito do consumo No dia 2 de Junho, tendo por base um folheto do JUMBO das ocasiões do mês, António encomenda, por telefo-
ne, um plasma.
O plasma é entregue no dia 3 de Junho. No dia 5, António, depois de chamado à razão pela sua mulher, ao lon-

3
go daqueles 2 dias, reconhece que tal compra acarreta eliminação do jantar (sendo este substituído, por dificuldades
financeiras, por uma frugal ceia). Logo nesse dia restitui o plasma ao JUMBO, pedindo o dinheiro de volta. O
JUMBO recusa.
12. Direitos de personalidade Susana participou numa grande manifestação ao longo das avenidas da capital. Por ser uma rapariga bonita e
participante activa, o Correio da Manhã decidiu publicar a sua fotografia, a corpo inteiro e sem que se vislumbrasse
a manifestação, para ilustrar a notícia. Susana está furiosa por ter aparecido no jornal, pois gosta muito do seu reca-
to.
1- Susana pretende reagir. Diga se o Direito a tutela e, em caso afirmativo, em que medida.
2- Qual a solução se Susana for a dirigente de um dos partidos que convocaram a manifestação?
3- E se a dirigente partidária tivesse sido fotografada precisamente quando, sentada na berma do passeio, vomi-
tava copiosamente devido a uma insolação?
13. Direitos de personalidade António comprou uma casa em Paio Pires, para onde se mudou com a sua família.
Cerca de um mês depois da instalação em Paio Pires, António, a sua mulher e os 3 filhos começaram a sofrer
de alergias e problemas respiratórios. Consultado o médico, este foi peremptório: as maleitas têm origem na polui-
ção produzida pela siderurgia, situada nas imediações da casa de António. Há muitos anos a exercer em Paio Pires,
o médico informou ainda António de que a siderurgia cumpria as normas em vigor em matéria ambiental.
O que pode António fazer?
14. Direitos de personalidade Bernardo está desempregado e não recebe qualquer subsídio ou prestação periódica há 3 meses, vivendo, por-
tanto, com grande dificuldade e sem vislumbrar saída. Conhecendo isto, Carlos, insuficiente renal, propõe a Ber-
nardo a compra, por Carlos, de um dos rins, de Bernardo, por 100.000 euros.
Bernardo hesita mas, perante as explicações de Carlos quanto à segurança da operação e à manutenção da qua-
lidade de vida de Bernardo após a operação, aceita.
Pronuncie-se sobre o valor do negócio celebrado entre Bernardo e Carlos.
15. Direitos de personalidade Catarina e Daniel têm um filho de um mês, Eduardo, que chora vigorosamente todas as noites. Catarina e Da-
niel estão exaustos. Daniel, no seu trabalho, já foi inclusivamente repreendido, pelo seu superior hierárquico, devi-

4
do a diminuição significativa de produtividade.
Em face de tudo isto, Catarina e Daniel passam a dormir com tampões nos ouvidos.
Certa noite Eduardo, num acesso de choro, sufocou e quase morreu. O Ministério Público pede, em nome de
Eduardo, uma indemnização aos Pais. Estes defendem-se invocando o seu direito ao repouso/saúde.
Quid iuris?
16. Direitos de personalidade António Z., muito prestigiado professor catedrático da Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, temido
pelas suas acertadas críticas aos falantes em língua portuguesa – nomeadamente aos que intervêm em meios de
comunicação social, concede uma entrevista ao mais prestigiado dos semanários portugueses, exigindo que as per-
guntas e correspondentes respostas revistam a forma escrita. Exigência que é acatada pelo semanário.
Concedida a entrevista, surge ela intitulada, na 1.ª página do semanário, nos seguintes termos: “António Z.
afirma: ‘Nas últimas décadas, a comunicação social interviu negativamente no combate ao mau uso da língua por-
tuguesa.’»
Tal afirmação correspondia a um dos ditos de António Z que constava das suas respostas apresentadas por es-
crito. No entanto, o semanário, ao tentar reproduzi-lo, escreveu “interviu” e não – como constava da carta do Pro-
fessor – o correcto “interveio”.
O Professor pretende, agora, saber se há formas - e, caso haja, quais – de reagir, juridicamente perante o suce-
dido.
17. Direitos de personalidade A Associação Amigos de Gutemberg, destinada à promoção da profissão de tipógrafo, precisa de dinheiro para
financiar a conclusão das obras de construção do Museu da Arte Tipográfica.
Em assembleia geral, devidamente convocada e efectuada, os associados deliberaram, por 252 votos contra 3,
com 1 abstenção, editar e comercializar um livro contando a história do divórcio de Bento, um associado famoso
entre as “revistas do coração”.
Bento relatou ao associado encarregado da redacção do livro todas as peripécias do dito divórcio. O livro foi
publicado e a sua comercialização foi um sucesso estrondoso, conseguindo a Associação, logo no 1.º mês, cerca de
130.000 € de lucro.
Carolina, ex-mulher de Bento, ficou muito incomodada com a divulgação de alguns sórdidos episódios da sua

5
vida conjugal. Pelo que reclama da Associação uma indemnização de 150.000 € por danos morais.
A Associação contesta o pedido de Carolina dizendo que a publicação é lícita atenta a exposição mediática de
Bento já à data do casamento com Carolina, pelo que esta, desde então, aceitou a correspondente devassa; atento o
facto de tudo o que se conta no livro ser verdadeiro e poder ser provado; e esclarece ainda que os lucros obtidos se
destinam a obras de interesse público.

Comentando os argumentos apresentados, conclua, de forma fundamentada, acerca da procedência


da pretensão de Carolina, não podendo ultrapassar 2 páginas.
18. Direitos de personalidade Susana, estudante, com 20 anos de idade, mantém, na internet, um blog chamado “Livro aberto”. No
seu blog, com uma cadência quase diária, Susana vai relatando a sua vida, não se coibindo de contar por-
menores relativos à sua vida familiar e ao relacionamento com Francisco, seu namorado.
Cerca de ano e meio depois da existência do blog, Tiago, jornalista ocupado em realizar uma repor-
tagem subordinada ao tema “Vida virtual”, toma o blog de Susana como objecto de estudo e divulga am-
plamente, na reportagem que publica na revista Visão, partes significativas dos conteúdos do blog de Susa-
na, acompanhadas das correspondentes apreciações.

Susana pretende reagir. Diga se o Direito a tutela e em que medida.


19. Forma Antónia, mulher de valiosíssimo património mobiliário e imobiliário, diz, ao almoço, à sua filha Benedita, uni-
versitária (fonte de inúmeras e grandes preocupações para sua Mãe): “Passas no exame e dou-te o que tu quiseres”
Benedita responde: “Desta vez vou surpreendê-la. E vai ter remorsos pelo que me acaba de prometer”. Quid iu-
ris?
20. Forma Antónia e Benedita acordam, por escrito, em prescindir de escritura pública na compra, por Antónia, do terre-
no de Benedita, a celebrar no dia seguinte.
No dia seguinte a compra e venda é celebrada por escrito. Passados 2 anos Benedita afirma-se proprietária do
terreno, por nulidade da dita venda. Quid iuris?
21. Formação do negócio Guilherme, residente em Évora, escreveu uma carta a Hélder, residente no Porto, propondo-lhe a venda de um

6
puro-sangue lusitano, vencedor de vários prémios em competições internacionais, por 50.000 euros.
Hélder, muito interessado, telefona a Guilherme e combina uma visita a Évora, para ver o cavalo. No dia apra-
zado Hélder apresenta-se com Ilda, veterinária da sua confiança, para ver o cavalo. Assim que se aproximam do
animal, o próprio Hélder constata que o cavalo se encontra gravemente doente – facto que Ilda confirma.
a) Hélder desinteressa-se de imediato da compra do cavalo e exige de Guilherme o pagamento das duas
viagens do Porto a Évora, bem como os honorários da veterinária. Quid iuris?
b) Suponha que quando Guilherme, Hélder e Ilda entram nos estábulos uma tábua cai em cima de Hélder.
Pode este reclamar de Guilherme o pagamento das despesas de tratamento médico?
c) Suponha agora que Hélder, contando com a realização do negócio, antes de sair do Porto se havia
comprometido, a troco do pagamento de 100 euros, a exibir o cavalo numa feira equestre. Pode recla-
mar de Guilherme o pagamento deste montante?
22. Formação do negócio A pretende contratar uma empregada doméstica para a sua casa. Com esse propósito coloca no jornal um
anúncio com a sua morada pedindo que lhe sejam enviadas candidaturas, acompanhadas de cartas de referências e
de condições de trabalho pretendidas. B e C enviam a A, por correio, os elementos pretendidos com indicação das
condições que cada uma está disposta a aceitar e o dia a partir do qual se encontram disponíveis. A carta de B, que
é enviada a 02/09/2002 e recebida por A quatro dias depois, inclui, entre outras, a seguinte menção: «Se, no prazo
de 5 dias após a recepção desta carta, nada responder, apresentar-me-ei ao serviço no dia 4 de Dezembro». A nada
faz.
A proposta de C foi, por seu turno, também enviada em 02/09/2002, por correio azul, e recebida no dia 04/09.
No dia 13/09, C recebe, no seu atendedor automático de chamadas uma declaração de A, aceitando a proposta.
Posteriormente, como A mudou de ideias quanto à data em que pretendia que C iniciasse o trabalho, telefonou-lhe
e, ao telefone, combinaram que C iniciaria funções não a 7 de Dezembro, conforme constava da carta de C, mas a
11 de Dezembro. Dia 7, porém, C apresenta-se para trabalhar
a) Foi concluído algum contrato entre a A e B? Justifique.
b) Em 13/09 foi concluído algum contrato entre a A e C? Justifique.

7
c) A recusa-se a receber C no dia 7 de Dezembro, quando esta, fazendo-se esquecida da conversa telefóni-
ca, se apresenta em casa de A. Quid iuris?
23. Formação do negócio No dia 3 de Janeiro de 2005, António diz a Bernardo, em jantar de amigos: “Troco o Trovão, o cavalo lusitano
que tanto aprecias, pelo teu puro-sangue árabe. E olha que foi avaliado em 50 mil euros. Caso aceites, entrego-to
no dia 3 de Fevereiro, aproveitando para receber o teu nessa altura”.
Bernardo responde: “Está feito.”
No dia 15 de Janeiro, Carlos diz a António, na quinta desta: “Compro o Trovão por 70 mil euros”.
António responde: “Aceito”
Logo ali cavalo e dinheiro são entregues.
Quem é o proprietário de Trovão?
24. Formação do negócio No dia 3 de Janeiro de 2005, António diz a Bernardo, em jantar de amigos: “No dia 3 de Fevereiro troco o
Trovão, o cavalo lusitano que tanto aprecias, pelo teu puro-sangue árabe. E olha que foi avaliado em 50 mil euros.
Caso aceites, entrego-to quinze dias depois, aproveitando para receber o teu nessa altura”.
Bernardo responde: “Está feito.”
No dia 15 de Janeiro, Carlos diz a António, na quinta desta: “Compro o Trovão por 70 mil euros”.
António responde: “Aceito”
Logo ali cavalo e dinheiro são entregues.
Quem é o proprietário de Trovão?
25. Formação do negócio Durante um jantar de aniversário, A e B acordam o seguinte: pela colecção de partituras de música renascentista
de A, B entrega àquele a sua partitura original de Bach (avaliada em 1 milhão de euros).

a) Apresente o fundamento da juridicidade da obrigação de B entregar a partitura original de Bach.


b) Conclua, quanto à forma, acerca da validade do contrato.
c) Após o acordo, mas antes da entrega da partitura original de Bach, B vende a C, entregando-lha de imediato.
Quem é o proprietário dessa partitura?

8
26. Formação do negócio Num bar lisboeta, ao serão do dia 2 de Dezembro de 2004, António diz a Bernardo: “Dou-te a tapeçaria Gobe-
lin em troca do teu quadro Vieira da Silva”. Bernardo responde: “Aceito”.
Tendo presente que o quadro está avaliado em 500 mil euros e que se estabeleceu, como data de entrega dos
bens o dia 10 de Dezembro de 2004:
1. Pronuncie-se sobre a fonte da juridicidade do acordo, bem como sobre a sua validade/invalidade quanto à
forma.
2. No dia 8 de Dezembro, António entregou a Carlos a tapeçaria, recebendo 600 mil euros.
Diga quem é a final o proprietário da tapeçaria.
27. Formação do negócio A 1 de Junho de 2003, Elsa vendeu a Frederico, uma égua muito valiosa. Como o animal havia dado à luz há
muito pouco tempo, combinaram que Elsa apenas entregaria a égua a Frederico daí a seis meses, altura em que
Frederico pagaria o preço acordado, de 15.000 €. A 2 de Agosto de 2003 Elsa recebeu de Godoferedo uma pro-
posta muito interessante de venda da égua juntamente com o potro e aceitou, recebendo logo o preço e entregan-
do os dois animais.

Diga a quem pertence a égua no dia 3 de Agosto de 2003 e qualifique o contrato celebrado quanto ao carácter
real dos seus efeitos e da sua constituição.
28. Formação do negócio No dia 1 de Outubro, por documento particular autenticado, Alda vendeu a Berta um apartamento, por
200.000 euros, a pagar um mês depois.
No contrato de compra e venda nada foi dito quanto ao lugar do pagamento do preço, mas ficou convenciona-
do que Alda entregará as chaves do apartamento no domicílio de Berta, no dia 15 de Outubro.
1.ª hipótese: No dia 3 de Outubro, por telefone, Alda e Bruna combinam que o preço deverá ser entregue por
Berta, na data prevista, na residência de Carla, amiga de ambas. Qual a validade deste acordo.
2.ª hipótese: Admita agora que do documento autenticado constava a seguinte cláusula: “O preço deverá ser
pago por Berta no domicílio de Alda”. Qual a validade do acordo de 3 de Outubro?
(caso da autoria de Carlos L. Barata e constam de Teoria Geral do Direito Civil, casos práticos, 2008, 2.ª ed.)

9
29. Formação do negócio Eládio comprou, por escrito, um sabre a Flávio. No dia seguinte, Eládio e Flávio pretendem desistir, verbal-
mente, do negócio. Quid iuris? (caso da autoria de Carlos L. Barata e constam de Teoria Geral do Direito Civil, casos práticos,
2008, 2.ª ed.)
30. Formação do negócio António, num hipermercado de Lisboa, coloca no carrinho de compras um aparelho de vídeo, japonês, que
exibia uma etiqueta com o preço de 600 euros.
Dirigindo-se para a caixa, António apercebe-se de que, no corredor do lado, está exposto um aparelho com
análogas características, “made in Tailândia”, por 500 euros.
De imediato, António decide volta a colocar o vídeo que transportava no local onde o encontrou, para comprar
o segundo. No entanto, um funcionário impede António, informando-o de que só poderá efectuar a troca com o
consentimento da gerência. Quid iuris?
(caso da autoria de Carlos L. Barata e constam de Teoria Geral do Direito Civil, casos práticos, 2008, 2.ª
ed.)
31. Formação do negócio A 15 de Abril de 2003, a associação T envia uma carta a Umbelina, propondo-lhe um contrato de trabalho (cuja
minuta anexa à carta) como empregada de mesa no bar-restaurante da associação e pedindo resposta até ao dia 30
desse mês.
Umbelina envia um fax aceitando a proposta no dia 30, antes de sair do seu actual emprego. Infelizmente, a
máquina de fax do emprego de Umbelina não estava em condições, arquivou a proposta em memória e a associa-
ção T apenas recebeu a aceitação no dia 5 de Maio, dia em que o fax foi consertado, apesar de a aceitação constar a
data de 30 de Abril como data de envio. Quid iuris?
32. Formação do negócio António faz publicar um anúncio no jornal com o seguinte texto: “vendo apartamento com 4 assoalhadas, 3 ca-
sas de banho e cozinha, na Rua das Cerejas, n.º 4, 2.º andar, em Lisboa, por 250.000 €”. Bento, amigo de António e
que conhece a casa, telefona-lhe e diz: “Compro a tua casa pelos 250.000 € que pedes”. “Está feito”, responde An-
tónio.
Diga, fundamentadamente, quem é o proprietário da casa.
33. Formação do negócio Em contacto telefónico, entre conversas sobre futebol, família e trabalhos, António diz a Bernardo, seu velho

10
conhecido: “vendo-te a biblioteca que tanto elogias há anos. Por 200.000€.” Ao que Bernardo diz: “já te respon-
do.” Ora, tendo a conversa retomado os outros assuntos, Bernardo não chega a responder a António. No dia se-
guinte, à noite, apresenta-se em casa de António, com o respectivo cheque e uma camioneta alugada, para trans-
portar os livros. António, que entretanto recebera proposta de compra por 300.000€, por parte de Carlos, diz que
já não está interessado em vender a Bernardo. Este não se conforma, sublinhando que uma vez aceite está o con-
trato celebrado. Quid iuris?
34. Formação do negócio Em 2 de Março de 2006, António envia carta a Bernardo, dizendo: “Finalmente, vendo-te o velho Mercedes.
Pelos 20.000€ de que já havíamos falado.”
Recebida a carta a 4 de Março, Bernardo apressa-se a responder por carta nesse dia enviada, onde diz: “Boa no-
tícia. Está feito o negócio.” E nesse mesmo dia, entusiasmado, compra produtos de limpeza para abrilhantar pintu-
ras de carros antigos, gastando 100€.
No dia 4, à noite, António é surpreendido por Carl, americano, coleccionador de automóveis antigos, que lhe
oferece 40.000€ pelo Mercedes. Logo ali lhe entrega o carro e recebe o dinheiro.
Bernardo não se conforma. Quid iuris?
35. Formação do negócio Em 2 de Março de 2006, António envia carta a Bernardo, dizendo: “Finalmente, vendo-te o velho Mercedes.
Pelos 20.000€ de que já havíamos falado.”
A carta de António é recebida a 20 de Março, por ter ocorrido entretanto uma greve dos correios. Bernardo
responde no mesmo dia 20, por fax, manifestando a sua concordância. Entretanto, no dia 19 António havia vendi-
do a outrem o carro. Quid iuris?
36. Imputação de danos Bernardo faz pesca submarina em local onde esse desporto é possível, tendo uma bóia de sinalização. A bóia é
comida por uma garoupa.
António passeia de moto de água naquele local (que admite esta actividade).
Sem ver Bernardo, António passa sobre este causando-lhe um escalpe.
Bernardo, sinalizado pela mancha de sangue é socorrido por António.
No Hospital, Bernardo tem despesas de 5.000 € e exige agora indemnização de António, invocando quer o dis-

11
posto no art. 483.º quer no art. 503.º CCiv.
Diga se tal pedido é procedente, comentando os fundamentos de Bernardo.
37. Incapacidades António tem, hoje, 22 anos. É mudo, e por uma doença mental grave, tem comportamento de criança de 10
anos. Ainda que tenha a aparência de um adulto.
No dia 10 de Fevereiro de 2005, os pais de António, filho único, morreram, deixando-lhe uma fortuna de mui-
tos milhões. Logo a 15 de Fevereiro, Bernardo, tio de António, requereu a interdição do sobrinho, tendo sido pu-
blicada a sentença de interdição no dia 7 de Novembro de 2005. Por essa sentença, Bernardo foi nomeado tutor de
António.
Em Outubro de 2007, António, juntando todas as suas poupanças (conseguidas a partir da semanada de 30€
que recebe de Bernardo – único dinheiro de que dispõe, livremente, em cada semana), e convicto de que para
comprar algo mais não é necessário do que entregar o correspondente preço, dirige-se a uma loja, e compra, depois
de uma muito breve comunicação gestual, um computador portátil, por 700€.
No dia 6 de Novembro, António, manifestamente entusiasmado, pois nunca comprara máquinas sofisticadas,
relata a Bernardo a sua compra. Este reage pretendendo a anulação da compra, com a consequente recuperação
dos 700€ e devolução do computador. A sociedade vendedora, por seu turno, opõe-se invocando a verificação de
cada um dos pressupostos da aplicação do disposto no art. 127.º, n.º 1, alínea b), do Código Civil. Invoca, ainda, o
disposto no art. 126.º do mesmo código, censurando António por não ter desfeito a errónea convicção, da socie-
dade, de que António era capaz.
Comentando os argumentos apresentados, conclua, de forma fundamentada, acerca da procedência
da pretensão, não podendo ultrapassar 1,5 páginas.
38. Ineficácia No dia 3 de Janeiro de 2005, António escreve a Bernardo: “No dia 3 de Fevereiro troco o meu terreno algarvio,
que tanto aprecias, pelo teu no Alentejo.”
Bernardo responde em telefonema: “Está feito.”
No dia 3 de Janeiro, A (arrependido) recusa-se a outorgar a escritura, dizendo que o contrato é nulo pelo dis-
posto no art. 410.º/2.
B invoca a obrigação de A nos termos de um contrato-promessa monovinculante. Quid iuris?
39. Interpretação António fez saber por anúncio num jornal: “Vendo ratos, a 5€ cada um”. Indicava, ainda, uma morada e um

12
número de telefone.
Bcd, laboratório, precisava de ratos/cobaiais. Ao ler o anúncio, Carlos, empregado do laboratório, enviou de
imediato uma carta a António em que dizia pretender comprar 30 ratos. Em anexo à carta enviou vale postal, no
valor de 150 euros.
Alguns dias depois Carlos adquiriu uma gaiola e dirigiu-se à morada indicada, para ir buscar os ratos. Qual não
foi o seu espanto quando António lhe pretendeu entregar 30 ratos de computador. Carlos recusa, afirmando que
aquilo que comprou (e pagou) foram 30 ratos animais. Quid iuris?
40. Interpretação Antónia, às portas da morte, escreve a Benedita, sua afilhada, no dia do casamento desta (estando, Antónia, ar-
rependida por pouco ter procurado a sua afilhada, ao longo da vida): “Dou-te todos os meus anéis”. Ao que Bene-
dita responde: “Agradeço à madrinha.”
Quando dias depois, em reunião familiar, Antónia entrega os anéis a Benedita esta assinala que falta um anel – o
que tem valiosíssimo relógio incorporado. Antónia responde dizendo que se trata de um relógio, e não de um anel
– de resto, o seu relógio do dia-a-dia. Quid iuris?
41. Menoridade Francisco, de 17 anos e muito abastado, adquire uma colecção de selos por 5.000 euros.
Sete meses volvidos sobre o negócio, os Pais de Francisco tomam conhecimento da aquisição e pretendem des-
fazê-la. Podem?
42. Menoridade Antónia tem 16 anos e herdou uma vasta fortuna de seus pais, entretanto falecidos.
Antónia estuda joalharia, negócio tradicional na sua família há várias gerações.
Para a sua festa de 17 anos Antónia resolve fazer uma surpresa a todos e adquire uns surpreendentes brincos de
esmeraldas, no valor de 6.000 €.
No dia da festa, perante os brincos que Antónia usou, o seu tutor vem a saber do negócio celebrado e pretende
desfazê-lo. Pode?
43. Menoridade Gabriela, de 12 anos, a brincar com as amigas, parte o vidro da casa de Helena.
Helena gasta, com a substituição do vidro, 100 euros e reclama-os dos Pais de Gabriela, que se recusam a pagar,
afirmando que não foram eles quem partiu o vidro.

13
Quid iuris?
44. Menoridade Eunice tem de 12 anos e foi convidada para a festa de anos de Francisca. Na casa de Francisca, Eunice, em cor-
reria desenfreada pela sala de jantar, parte uma fruteira da Vista Alegre no valor de 300 €.
Quanto, no final da tarde, os Pais de Eunice vêm buscar a filha, os Pais de Francisca exigem deles o pagamento
dos 300 €. Os Pais de Eunice recusam pagar, afirmando que não foram eles quem partiu a fruteira, e que nem se-
quer estavam presentes quando Eunice partiu a fruteira.
Quid iuris?
45. Menoridade Isabel faz 15 anos na semana seguinte. Os Pais, pretendendo oferecer à filha uma enciclopédia mas não dispon-
do de tempo para se deslocar à livraria, entregam um cheque a Isabel, assinado em branco pelo Pai, e autorizam-na
a ir à livraria escolher e adquirir a enciclopédia.
Pronuncie-se sobre o valor do negócio celebrado por Isabel com a livraria.
46. Menoridade Bernardo é um estudante muito aplicado. Entrou este ano para a Faculdade. Os seus Pais pretendem oferecer-
lhe, no dia dos seus 18 anos, um computador. Como os Pais pouco percebem de computadores, ao contrário de
Bernardo, autorizam o filho a ir a uma loja escolher e adquirir o computador que melhor lhe parecer até à quantia
de x – o que Bernardo faz.
Pronuncie-se sobre o valor do negócio celebrado por Bernardo.
47. Menoridade Carlos tem 17 anos e entrou este ano para a Faculdade. Com as suas economias pretende adquirir um compu-
tador. Os Pais concordam com o projecto do filho e autorizam-no a gastar os 1500 € que Carlos tem em seu nome
numa conta bancária.
Carlos dirige-se à loja e adquire um computador, por 1000 €.
Ao relatar ao Pai o sucedido, este fica aborrecido por o filho ter comprado o computador na loja do Sr. Duarte,
com quem o Pai tinha uma zanga antiga, e pretende anular o negócio. Pode?
48. Menoridade António e Benedita, pais de Carlos, que tem 16 anos, encarregam Carlos de comprar, na FNAC, o equipamento
informático que há muito lhe haviam prometido (para o que lhe entregam 1500 euros proporcionados pelos seus
subsídios de Natal). Os Pais autorizaram ainda Carlos a gastar 100 euros retirados das poupanças deste (consegui-

14
das por mesadas e presentes vários) na compra de sistema de som compaginável com o dito equipamento. Os ne-
gócios são celebrados.
Carlos aproveita para gastar mais 150 euros seus em jogos de computador, e para pedir a Daniel seu amigo mais
velho (com 18 anos) a compra de uma máquina fotográfica digital (para o que entregou a este os restantes 500 eu-
ros da sua poupança), tendo Daniel, no acto da compra, pedido recibo e garantia em nome de Carlos.
Conclua acerca da validade de cada negócio.
49. Menoridade Amélia, de 17 anos feitos há 1 semana, muito boa aluna, de modos invulgarmente assisados para a idade – apa-
rentando, de resto, 20 anos –, de família modesta, pretende vender a colecção de postais antigos que recebera do
seu já falecido Avô. Para tal, pede aos Pais a respectiva autorização, sublinhando que o dinheiro serviria para com-
prar, no alfarrabista “Folhas Raras”, a Enciclopédia Portuguesa-Brasileira, por 1500€. Os Pais, orgulhosos da sua
filha exemplar, permitem-no. A venda é feita ao antiquário “Velharias”, por 2000€ (valor superior ao oferecido pela
maioria dos antiquários contactados). E também a compra da Enciclopédia é feita nos termos previstos.
Dois meses depois de ter feito 18 anos, Amélia pretende recuperar os postais e devolver o dinheiro, por entre-
tanto se ter arrependido da venda dessa sua única recordação do Avô. Para tal invoca a idade aquando do negócio
e a consequente invalidade deste.
O antiquário opõe-se, dizendo:
1.º: que o negócio havia sido celebrado com autorização dos Pais de Amélia (segundo lhe dissera uma amiga
comum), o que era suficiente atento o valor e o destino do produto da venda; pelo que o negócio é válido;
2.º: que o negócio foi, atendendo ao preço, vantajoso para Amélia; pelo que ela não o pode anular.
3.º: que Amélia está proibida de anular o negócio, pelo disposto no art. 126.º do Código Civil;
4.º: ainda que o negócio fosse, aquando da sua celebração, anulável, há muito havia caducado o direito de o
anular.
Comentando os argumentos apresentados, conclua, de forma fundamentada, acerca da procedência
da pretensão de Amélia, não podendo ultrapassar 2 páginas.
50. Menoridade Por mensagem electrónica enviada por Domingos – deputado em Estrasburgo – e sua mulher Eunice ao filho
Fernando – a estudar em Lisboa -, no dia em que este completa 17 anos, fica Fernando a saber que logo que atinja
a maioridade é proprietário da valiosa espada de um seu antepassado. Fernando responde com um postal, manifes-

15
tando a sua satisfação com a oferta dos Pais.
Passados três meses, Fernando – por necessitar de dinheiro para pagar umas dívidas contraídas em jogos de po-
ker – vende a espada por 100.000 euros (menos 20.000 euros do que o valor estabelecido por peritos em antiguida-
des) a Guilherme, coleccionador, apresentando-se a este em figura de jovem empresário de sucesso, com uma ali-
ança no anelar esquerdo e a chave do automóvel de seus pais a rodopiar nos dedos, sem que Guilherme suspeitasse
da sua idade.
Uma semana depois do 18.º aniversário de Fernando, os Pais ficaram a par da venda e pretendem recuperar a
espada.
Para tanto invocam a ilegitimidade do filho, pois à data da venda não era proprietário.
Também Fernando, arrependido, pretende a recuperação da espada, invocando o vício do jogo, bem como a
sua menoridade aquando da celebração do contrato.
Comentando cada um dos argumentos e tendo presente o disposto no art. 951.º do Código Civil, diga se a es-
pada tem de ser devolvida por Guilherme.
51. Misto António, residente em Lisboa, escreveu uma carta a Beatriz, residente em Bragança, na qual lhe oferece o seu
valioso exemplar das Ordenações Manuelinas. Antes de Beatriz receber a carta, António telefonou-lhe dando conta do
conteúdo da carta, e dizendo, em acrescento à carta: “A doação fica firme caso nenhum dos meus filhos se licencie
em Direito”. Beatriz aceita. Dois dias depois, António recebe uma carta de Beatriz em que esta escreve apenas:
“Quanto à oferta das Ordenações, aceito nos termos já combinados. Obrigada.”
Dez anos depois, sem que tivesse havido entrega das Ordenações, o filho mais velho de António licenciou-se
em Direito.
Diga a quem pertencem as Ordenações após a referida licenciatura.
52. Misto António, deficiente motor, está prestes a terminar um breve estágio na galeria de arte de Bernardo. Este contac-
ta Carlos, pai de António, e conhecido coleccionador, dizendo que se Carlos não lhe vender uma conhecida tela de
Malhoa, com desconto de 20%, dispensará os serviços de António, não chegando a celebrar, com este, contrato de
trabalho. Carlos, muito preocupado com a saúde e o futuro profissional do seu filho, aceita separar-se da sua ben-

16
quista tela, subscrevendo o “Regulamento Geral de Aquisição de Obras de Arte”, elaborado e apresentado por
Bernardo, do qual consta: “O cliente renuncia à invocação de quaisquer vícios da vontade.”.
António morre.
Carlos pretende anular o contrato de compra e venda, invocando a chantagem de que foi vítima.
Bernardo defende-se, invocando a dita cláusula do Regulamento.

Conclua acerca da validade da cláusula, bem como da compra e venda, comentando a fundamentação apresen-
tada por Carlos.
53. Misto Xavier está firmemente decidido a conseguir a colecção de primeiras edições de textos de Autores portugueses,
avaliada em 1 milhão de euros, pertencente a Zacarias, seu vizinho, que, com 85 anos vive sozinho e não tem famí-
lia próxima.
Para tal começa a aterrorizá-lo, usando o seu cão Rottweiller, no dia-a-dia, na rua, na entrada do prédio. Zacari-
as isola-se, temendo sair de casa. Decorridos meses de terror, Xavier diz a Zacarias que tal comportamento se man-
terá salvo se este lhe doar a referida colecção. Em contrapartida, Xavier compromete-se a mudar de casa e de bair-
ro. Zacarias perante os meses de pavor e isolamento decide-se à doação.
1. Aprecie a validade do negócio celebrado entre X e Z.
2. Quid iuris se X não mudar de bairro depois de receber a colecção?
3. Suponha que Z tem, numa certa estante, textos de Autores portugueses, muito valiosos, mas relativamen-
te aos quais não há a certeza de se tratar de primeiras edições. Estão estes textos incluídos no negócio ce-
lebrado com X?
54. Misto Eliseu combina com Fernando entregar a Fernando Gimbras, o cão de Eliseu, e em contrapartida, Fernando
entrega a Eliseu uma colecção valiosa de CD de que é proprietário.
Algum tempo depois, Eliseu vê Gimbras coxo. Depois de alguma investigação, Eliseu descobre que Fernando
maltrata fortemente o cão. Descobre ainda que Fernando é conhecido por maltratar os animais e que comprou
Gimbras com esse fito.
Eliseu pretende recuperar o seu cão. Mas não quer entregar a colecção de CD. Quid iuris?
55. Misto Em razão do uso prolongado de estupefacientes, Bento, aos 20 anos, adoeceu com gravidade, e ficou, perma-
nentemente, “apalermado”.

17
Seus pais, a conselho do médico que assistia Bento, requereram e obtiveram a interdição do filho e, concomi-
tantemente, arranjaram-lhe um emprego numa tipografia, a dobrar envelopes.
Por ocasião do Natal, Bento resolveu, sem nada dizer a seus pais, adquirir uma lembrança para cada um dos
seus 44 colegas e para o seu superior hierárquico, Carlos. Com o seu ordenado, o subsídio de Natal e 200 euros
que sua Avó lhe dera para adquirir um presente, Bento comprou na FNAC 44 discos compactos, de 25 euros cada
um.
Comprou ainda um postal, de 2 euros, onde escreveu um poema para acompanhar o disco que destinou a Car-
los.
1. Podem os pais de Bento, tendo tomado conhecimento das compras de Natal do filho, destruir os negócios
celebrados por este?
2. Quid iuris se Carlos colocar o poema na intranet da tipografia?
56. Misto Saúl é uma criança de seis anos que toca acordeão na perfeição e sabe cantar. Por se dedicar a imitar um cantor
popular, Saúl adquiriu alguma notoriedade.

Responda agora a cada uma das seguintes perguntas, tendo presente que as quatro histórias são in-
dependentes entre si e que cada afirmação deve ser juridicamente fundamentada.

1. Suponha que Hermano convida Saúl para participar num documentário sobre a vida do pequeno artista, em
que, durante uma semana, uma câmara acompanhará Saúl em todos os seus passos. Pode Saúl aceitar?

2. Suponha que os Pais de Saúl comparecem no programa de televisão de Hermano e, no âmbito da entrevista
que concedem sobre Saúl, para ilustrar a sua inteligência e personalidade, exibem cartas que Saúl escreveu a
familiares e a colegas de escola e foram cedidas pelos mesmos. Podem fazê-lo? Em caso negativo, aponte as
consequências do comportamento dos Pais de Saúl e dos restantes intervenientes.

18
3. Imaginando que Saúl, ao atingir os 17 anos, em razão dos sucessivos espectáculos e da vida algo agitada que
levava, perdeu totalmente a audição, adquirindo, inclusivamente, problemas muito sérios de equilíbrio que o
incapacitavam de tratar, sozinho, da sua pessoa e, pelo estado de depressão que isso originou, Saúl descuida-
va também, em absoluto, as tarefas relativas aos seus bens. Podem os seus Pais interditá-lo?

4. Suponha agora que os vizinhos de Saúl decidem constituir uma entidade designada “Os Amigos do Saúl”,
com vista a acompanhar o Saúl nas suas digressões artísticas pelo país. Apresente a forma jurídica que seme-
lhante entidade deverá revestir.
57. Misto No dia 30 de Abril, Alexandrina entrou na loja da associação Ajuda de Berço e comprou duas molduras, por 9 e
11 euros, para oferecer à sua Mãe. Porque gostou muito das molduras e as achou baratas, mandou embrulhar duas
iguais, para si. Uma das molduras que destinara à sua casa estava partida e não existia na loja outra igual, tendo a
empregada que mandar vir outro exemplar do armazém. Porque teria que voltar à loja para levar a moldura em
falta, Alexandrina disse à senhora que a atendeu, Benedita, que, como já ia carregada, quando voltasse, na semana
seguinte, levaria as outras duas molduras e saiu da loja apenas com o presente para sua Mãe, que pagou.
Quando voltou à loja, a 7 de Maio, Benedita, um pouco incomodada, explicou a Alexandrina que a 30 de Abril
as molduras estavam mal marcadas (ocorrera uma troca de etiquetas) e que o preço verdadeiro era de 24 e 29 euros,
respectivamente.
a) Diga justificadamente se foi celebrado algum contrato entre a associação e Alexandrina relativamente às
duas últimas molduras e, em caso afirmativo, por que preço.
b) Diga justificadamente se Alexandrina tem que pagar à associação a diferença de preços relativamente às
molduras que ofereceu a sua Mãe ou se as tem que devolver (recebendo o preço pago, naturalmente). (3
c) Perante o disposto no art. 160.º, diga se a associação pode ser titular de uma loja destinada a proporcionar a
celebração de negócios onerosos e lucrativos com vista à recolha de fundos para custear as fraldas e os medica-
mentos das crianças assistidas pela associação.
58. Misto No dia 2 de Janeiro de 2004, António, diplomata em Paris, escreve a Bernardo, seu conhecido do Porto, dizen-

19
do estar interessado na venda do seu solar minhoto, pelos 2 milhões de euros por que, há muito, Bernardo o tenta-
va comprar. Mais dizia na sua carta que, depois da venda, se deslocaria ao solar para recolher, no seu interior, os
objectos de família com valor sentimental; e que os objecto restantes seriam de Bernardo, por 100 mil euros, logo
que se verificasse a venda da casa.
De imediato, Bernardo responde, por carta, dizendo, com entusiasmo, que tudo aceita.
No dia 2 de Junho de 2004, a correspondente escritura é lavrada, tendo, as partes, declarado 1 milhão de euros
como montante do preço (para que o comprador menos pagasse a título fiscal).
Na semana seguinte à da escritura, António desloca-se ao solar que fora dele e prepara-se para de lá retirar a ve-
lha chave de ferro da porta do solar (há séculos na família), e um vitral, representando um seu antepassado, numa
das paredes da sala-de-jantar, e pelo qual esta era iluminada durante o dia. Exige, ainda, os 100 mil euros pela venda
dos objectos restantes no interior do solar. Bernardo opõe-se, dizendo que na escritura pública nada se estipulava
quanto a tais objectos; e que, admitindo que António pudesse retirar objectos, nunca poderia retirar a chave e o
vitral, por maior valor sentimental que tivessem.
António a tudo reage instaurando acção judicial em que pede a restituição do solar por nulidade do contrato de
compra e venda, atenta a falsidade do preço declarado.

Pronuncie-se sobre as seguintes questões, de forma fundamentada, à luz do Direito Português (comentando, a
propósito, as posições defendidas por cada um dos litigantes):

1- Atendendo aos factos descritos, quem é o proprietário do solar?


2- Pode António invocar, nos termos expostos, bem como provar, a nulidade do contrato de compra e ven-
da do solar?
3- Atendendo aos factos descritos, quem é o proprietário dos objectos existentes no interior do solar (para
lá da chave e do vitral)?
4- Tem, António, direito sobre a chave do solar? E sobre o vitral?

20
59. Misto António, de 16 anos, é autorizado por seus pais a empregar-se como jardineiro no Horto do Campo Grande.
Alguns meses depois, vendo que se tratava de um negócio com futuro, António e outros dois jovens jardinei-
ros, Bento e Carlos, de 20 e 21 anos, respectivamente, constituem, com personalidade jurídica, uma sociedade de-
signada “ABC – jardins”. Tendo dificuldade em conseguir clientela, a sociedade procede à alteração da designação
social para “Deodato Lopes – jardins”.
Ao saber da existência da sociedade – aliás, de actividade desastrosa, por impreparação técnica dos jovens –, a
viúva e os filhos de Deodato Lopes, o mais prestigiado jardineiro português, já há muito falecido, pretendem pôr
termo à sociedade e exigir uma indemnização.
1- Aprecie a validade da entrada de António para a sociedade.
2-Pronuncie-se sobre as pretensões daqueles herdeiros de Deodato Lopes.
3-Admitindo que aqueles herdeiros têm direito a indemnização e que António ainda tem 17 anos, quem está
obrigado a satisfazer esse direito?
60. Misto António, de 16 anos, é escuteiro. Para ganhar algum dinheiro, e atendendo à vasta experiência que adquiriu nos
escuteiros, coloca um anúncio no jornal com o seguinte teor: «Acompanho crianças em actividades de férias. Pro-
grama a combinar. Monitor com experiência. A partir de 10 € por dia (almoço, lanche e transporte incluídos)».
Bernardo e Beatriz, pais ocupados, contratam os serviços de António para acompanhar os seus três filhos
menores durante duas semanas, mediante o pagamento de 225 €.

Responda às seguintes questões, fundamentando as suas respostas.

1) Aprecie a validade do negócio celebrado entre António e Bernardo e Beatriz.


3) Suponha que Catarina, por escrito, propusera a António que este acompanhasse os seus cinco filhos entre 1
e 7 de Julho por 200 €. A 30 de Junho António deixa mensagem no atendedor de chamadas do telefone de Cata-
rina a aceitar a proposta. No entanto, no mesmo dia, António recebe uma proposta de Daniel para tomar conta
do único filho deste, de 1 a 7 de Julho, por 190 €. António aceita de imediato e telefona de novo a Catarina, vol-

21
tando a deixar mensagem retratando-se. Catarina, ao chegar a casa ouve a primeira mensagem mas não houve a
segunda pois um dos seus filhos chamara-a do quarto. No dia 1 de Julho, Catarina e Daniel reclamam a presença
de António. Quem tem razão?
61. Misto Bernardo, rapaz açoriano de 16 anos, pretendia adquirir na internet uns quantos discos (compactos) de música
pop. Para tanto, “visitou” o sítio da AMAZONA, cuja página inicial continha o seguinte anúncio: “Adquira livros e
discos através de um simples clic no item desejado. Sem custos de envio”. Da página constavam ainda ligações às secções de
catálogos da Amazona, de condições gerais de venda, de perguntas mais frequentes e de identificação da empresa
vendedora.
Bernardo registou-se como cliente, indicando os seus dados pessoais e o número do seu cartão de crédito. De
seguida, escolheu um disco do seu agrado, no valor de 30,00€, encomendando-o. Alguns minutos depois, recebeu
uma mensagem de correio electrónico proveniente da AMAZONA solicitando a confirmação da encomenda, que
identificava o disco e o preço. Bernardo respondeu afirmativamente e, decorridos três dias, recebeu-a em sua casa.
No próprio dia, ao “visitar” novamente o sítio da Amazona, foi surpreendido pelo seguinte anúncio: “Por lapso,
todos os discos constantes do nosso catálogo têm sido apresentados a um preço superior, em 10,00€, ao valor pelo qual a Amazona os
pretendia vender. Informamos os nossos clientes de que o erro já foi corrigido.”. De seguida, Bernardo consultou a conta do seu
cartão de crédito e apercebeu-se, uma vez mais com espanto, de que a AMAZONA, além do preço do disco (30,00€),
lhe tinha cobrado 2,00€ a título de despesas de envio.
Bernardo telefonou para a AMAZONA e exigiu:
i. A devolução das despesas de envio, no valor de 2,00€;
ii. A devolução de uma parte do preço que pagou pelo disco, no valor de 10,00€.
A empregada da AMAZONA que o atendeu explicou-lhe que nenhum dos pedidos poderia ser atendido. Por um
lado, a cláusula quinta das “Condições gerais de venda» estabelecia que o envio de livros ou discos para locais fora de
Portugal continental implicava o pagamento de despesas de envio, sendo certo que o texto das condições gerais era
acessível através de um simples «clic» a partir da página inicial da AMAZONA. Por outro lado, a rectificação do lapso
na indicação do preço dos discos só valia para vendas futuras.

22
a) Diga quem tem razão, apreciando os argumentos apresentados pela AMAZONA.
b) Os pais de Bernardo, ao terem conhecimento da situação, consideram que são eles, e não o filho, quem tem
legitimidade para intervir na resolução do litígio com a AMAZONA. Assiste-lhes razão?
62. Misto A Associação Tecedeiras de Anjos, dedicada ao apoio à prática de aborto clandestino – apesar de, nos seus estatu-
tos, constar, como objecto social, “aconselhamento e actuação em matéria de planeamento familiar” -, adquiriu um
imóvel para, sem disso dar conhecimento a quem quer que fosse, nele montar uma clínica (clandestina). Depois de
a clínica começar a funcionar, o Ministério Público, tomando conhecimento do caso, propõe acção judicial de de-
claração de nulidade da compra e venda do imóvel invocando vícios no conteúdo desse contrato.
1. Apreciando a argumentação aduzida pelo Ministério Público, conclua acerca da validade do negócio.
2. Aprecie as repercussões da actividade da Associação sobre a personalidade colectiva.
63. Misto Elvira é administradora da Associação para a Educação Musical da Juventude. No âmbito dessas funções, diri-
ge-se à loja de Fernando e adquire um piano, que Fernando se compromete a entregar nas instalações da Associa-
ção na semana seguinte.
Quando Fernando vai fazer a entrega, Elvira verifica que o piano não vem acompanhado da chave da caixa do
teclado nem do banco correspondente. Fernando afirma que não vendeu nem a chave nem o banco, objectos pelos
quais exige um pagamento adicional. Não conseguindo chegar a acordo, Elvira resolve dizer-lhe que então pode
levar tudo para trás, pois, de acordo com os estatutos da Associação, ela não tem poderes para, sozinha, obrigar a
Associação, em nome de quem pretendeu agir.

a) No contrato celebrado para a venda do piano estão incluídos a chave e o banco?


b) Está a Associação vinculada pelo contrato celebrado por Elvira?
c) Admitindo que a actuação de Elvira foi regular, mas que a Associação não tem dinheiro para pagar o pi-
ano, facto que Elvira conhecia perfeitamente, quem será responsável perante Fernando?
64. Misto Com fundamento em dificuldades de tesouraria, os administradores da Associação Portuguesa de Auxílio às Ví-
timas de Doenças Oncológicas deliberaram suspender temporariamente a actividade da associação, cancelando

23
todas as iniciativas programadas para o corrente e para o próximo ano civil. Nessa sequência, deliberaram ainda
arrendar o imóvel onde funcionavam os serviços da Associação ao Mário, comerciante que aí pretendia instalar
uma mercearia. Dias depois, por documento escrito assinado pelos administradores e por Mário (pois a lei exige a
forma escrita para o contrato de arrendamento urbano: artigo 7.º/1 do R.A.U.), foi celebrado o contrato de arren-
damento. As partes convencionaram uma renda de 500,00€ mensais, mas no documento exarado indicaram apenas
o valor de 250,00€, com a finalidade de iludir a administração fiscal.
1) Apesar de nada constar dos estatutos da associação sobre as matérias em causa, um dos associados não se
conforma com a deliberação da administração que ordena a cessação temporária da actividade. Terá fundamento e
legitimidade para reagir contra tal deliberação?
2) Durante seis meses Mário pagou a renda no valor acordado (500,00€ mensais), por transferência para a conta
bancária da Associação. Porém, pretende passar a pagar apenas 250,00€ por mês, invocando o conteúdo do docu-
mento, ao que se opõem os administradores da Associação. Quem tem razão?
65. Misto Hermínio é trabalhador da construção civil e emigrante em França, onde vive já há vários anos. Por meio de
procuração, Hermínio atribuiu poderes ao seu primo Idalino para que este lhe adquirisse um terreno na sua aldeia
natal, onde pudesse construir a sua futura habitação, bem como desenvolver alguma actividade agrícola.
Idalino, pessoa de poucos escrúpulos, sabia que João era proprietário de um pequeno monte cujo solo era pra-
ticamente imprestável e onde, além disso, não era possível edificar, por se encontrar classificado como área inte-
grante da reserva ecológica nacional. Apresentou-se-lhe na qualidade de procurador do primo e comunicou a João
a possibilidade de este vender o terreno por um preço muito superior ao de mercado: para tanto, bastaria que João
se comprometesse a não informar Hermínio acerca das características do terreno e a entregar-lhe a ele, Idalino,
10% do preço da venda. João, entusiasmado, acedeu, e o negócio veio a celebrar-se por escritura pública em Abril
de 2000, em que outorgaram João e Idalino.
Animado com a notícia que seu primo imediatamente lhe transmitira, Hermínio pediu a Maria, com quem vi-
via em união de facto, que tratasse de iniciar as obras de construção da moradia desejada. Já em Portugal, foi com
grande surpresa que Maria se apercebeu de que o terreno não correspondia às expectativas do casal.

24
1) Maria propõe imediatamente uma acção destinada a desfazer o negócio. João contesta a acção, alegando
que Maria é estranha ao negócio e que, mesmo que assim não fosse, nunca teria razão. Quid juris?
2) João recusa-se a entregar a Idalino a percentagem do preço recebido, por considerar que é inválido o res-
pectivo acordo. Terá razão?
66. Objecto negocial Antónia obriga-se, perante Bernardo, a prostituir-se todas as sextas-feiras, à noite, durante um ano. Ao fim de 2
meses Antónia recusa-se a fazê-lo. Bernardo intenta acção em tribunal pedindo que Antónia seja obrigada a cum-
prir a obrigação que havia assumido. Quid iuris?
67. Objecto negocial Por escritura pública, A compra a B terreno para construção por 5 milhões de euros.
Numa das cláusulas, estabelece-se que tal venda fica sem efeito se no prazo de 2 anos não for emitida, pelo
município, licença de construção, caso António, perante esse facto, confirme a ineficácia. Passados 2 meses da
compra e venda, António constitui hipoteca sobre o terreno, em garantia de dívida para pagamento do remanes-
cente do preço. Um ano mais tarde, por decisão final camarária, o pedido de licença é recusado, após contacto
informal entre A e um seu amigo funcionário da Câmara, para que o referido projecto não fosse aprovado, aten-
dendo a que A, entretanto se havia arrependido da compra (por dificuldades surgidas no mercado imobiliário). A
vem, pois, pôr em causa a relação contratual. Quid iuris?
68. Personalidade colectiva Saúl é um jovem cantor, muito popular. Suponha que os vizinhos de Saúl decidem constituir uma agremiação
designada Os Amigos do Saúl com vista a acompanhar o Saúl nas suas digressões artísticas pelo país.
Apresente, fundamentadamente, a forma jurídica que semelhante entidade deverá revestir.
69. Personalidade colectiva A Associação de Amigos do Parque Natural Peneda-Gerês realiza periodicamente excursões pedestres pelo
parque, cobrando o valor de 50€ por participante (o que inclui almoço). Os lucros assim obtidos são utilizados na
preservação do parque.
Diana, uma das associadas, considera que a AAPNPG não tem capacidade para a realização de tais actos. Terá
razão?
70. Personalidade colectiva Responda justificadamente à questão colocada em, no máximo, dez linhas.

25
A, B e C são sócios da sociedade civil X, que se dedica à produção de vinho. A e B são os administradores da
sociedade X. No início de 2002, A e B constituíram a sociedade civil Y cujo objecto é também a exploração da
actividade vinícola. No fim de 2002, por deliberação unânime dos respectivos administradores (A e B), a socieda-
de X vendeu à sociedade Y toda a sua produção de vinho desse ano por um preço muito inferior ao de mercado.
Suponha que do regime legal das sociedades civis consta a seguinte disposição: «Os contratos celebrados entre a
sociedade e os respectivos administradores são nulos, salvo autorização expressa da Assembleia Geral». C pretende
obter a declaração de nulidade do contrato celebrado entre as duas sociedades. Terá sucesso?
71. Personalidade colectiva O tribunal decretou a insolvência do Grupo Recreativo Pezinho de Dança. A sentença transitou em julgado no
dia 13 de Janeiro de 2003. Cessou nesse dia a personalidade jurídica do Grupo Recreativo?
72. Personalidade jurídica Suponha que a AAPNPG não pagou, conforme o acordado, ao restaurante onde os participantes num passeio
almoçaram, e que a Associação não tem bens suficientes para satisfazer tal dívida.
1. Pode o restaurante exigir o dinheiro aos associados?
2. E aos administradores que, em representação da AAPNPG, celebraram o negócio com o restaurante?
73. Personalidade jurídica 1. Calouste decidiu fazer qualquer coisa pelas flora e fauna características das terras alagadas do Baixo Vouga.
Constituiu assim uma fundação, que dotou e sujeitou a reconhecimento pela autoridade competente. Este foi recu-
sado por não se tratar de um interesse social. Quid juris?
2. Imaginando que o reconhecimento fora concedido, admita que todas as terras alagadas do Baixo Vouga fo-
ram transformadas num grande aeroporto internacional ou urbanizadas, passando a administração da fundação a
ajudar as famílias dos trabalhadores do aeroporto. Quid juris?
74. Personalidade jurídica A Associação Sem Abrigo, para financiar as suas actividades, resolve adquirir e explorar o café Anão.
Dionísio, um dos associados, considerando escandalosos os preços praticados no café – um pouco acima da
média -, sustenta que a Associação não tem capacidade para a realização de tais actos. Quid iuris?
75. Personalidade jurídica Suponha que a Associação Sem Abrigo não pagou, durante alguns meses, a renda do local onde funciona o ca-
fé, e que a Associação não tem bens suficientes para satisfazer tal dívida.

26
1. Pode o senhorio exigir o dinheiro aos associados?
2. E aos administradores?
76. Personalidade jurídica Carlos tem 25 netos. Porque atribui muita importância aos estudos e confia pouco na gestão dos seus filhos, re-
solve constituir uma fundação para custear e promover os estudos dos seus netos. Dota a fundação de estatutos e
transfere para ela, na escritura pública de instituição, parte substancial da sua grande fortuna.
Em que momento pode esta fundação adquirir personalidade colectiva?
77. Situações jurídicas Contrato de empreitada
A-Identificação das partes
Primeiro: António (dono da obra), a designar por A.
Segundo: Bernardo (empreiteiro), a designar por B.
B- Regulamento Contratual
Cláusula 1.ª
(Empreitada)
B. faz escrivaninha D. Maria, em pau santo, segundo desenho do Mestre Silva, em troca de 20.000 € a pagar por
A.
Cláusula 2.ª
(Entregas)
1. A escrivaninha é entregue a A., em casa deste, no dia 30 de Setembro de 2006, à noite.
2. Com um lindo laçarote (pois serve de presente).
3. O preço acordado já abrange tal entrega.
4. O preço é pago no momento da entrega.
5. Sem a entrega não é devido o preço; sem o preço não é devida a entrega.
Cláusula 3.ª
(Controlo de qualidade)

27
A. pode acompanhar os trabalhos de B. deslocando-se, para tal, à marcenaria deste, desde que o faça às 4.as fei-
ras das 12H00 às 14H00.
Cláusula 4.ª
(Redução do preço)
1. Se a escrivaninha não for feita nos termos acordados, sendo a desconformidade não impeditiva da recepção,
A. pode reduzir o preço devido até 50% do preço acordado; se a desconformidade for impeditiva da recepção, A.
nada tem a pagar.
2. O defeito pode ser detectado nas 2 semanas após a entrega.
Cláusula 5.ª
(Exclusividade)
1. B. está proibido de fazer, sem autorização de A., escrivaninha semelhante. Passados 20 anos já o poderá fa-
zer.
2. A. está proibido de usar ou publicitar as técnicas de marcenaria utilizadas por B.
3. A. reconhece que a reputação profissional de B. depende dos comentários que sobre este se faça. Assim, se
A. aceitar a escrivaninha e disser mal de B. será obrigado a indemnizar este no valor de 5000 €.
Cláusula 6.ª
(Aquisição da propriedade)
A. é dono da escrivaninha no momento da entrega.
78. Situações jurídicas 1. Identifique as situações jurídicas prefiguradas nos seguintes artigos:
a) 70.º, n.º 2, 2.ª parte. E qualificação quanto ao carácter activo/passivo;
b) 72.º, n.º 2, 1.ª parte. E qualificação quanto ao carácter activo/passivo;
c) 73.º. E qualificação quanto ao carácter activo/passivo e uni/plurisubj.;
d) 75.º, n.º 1, 1.ª parte. E qualificação quanto ao carácter activo/passivo;
2. O disposto no art. 405.º ilustra um direito subjectivo?

28
3. E no art. 1305.º? Como se qualifica essa situação jurídica (quanto ao seu carácter patrimonial/não patri-
monial, passivo/activo, simples/complexo, analítico/compreensivo)
79. Situações jurídicas Identifique as situações jurídicas prefiguradas nas seguintes normas:
1. Art. 1038.º, alínea a);
2. Art. 1038.º, alínea d);
3. Art. 1038.º, alínea e).
80. Vícios Em Outubro de 2004, João e Luís encontravam-se em negociações para venda de um terreno pertencente ao
primeiro. Luís pretende cultivar oliveiras e supõe que o terreno em questão é o adequado para essa espécie. Para
evitar que João eleve o valor pedido pelo terreno em razão do interesse de Luís, Luís diz a João que pretende com-
prar aquele terreno devido a uma grande ligação afectiva ao terreno: em criança costumava ir passear com o seu
Avô para esse local – o que não é verdade.
Atendendo a que o vizinho de João, Manuel, gozava do direito de preferência na venda do imóvel, Luís e João
declararam na escritura de venda do terreno o preço 150.000 €, e não 75.000 € (valor realmente por estes pretendi-
do, conforme documento particular por ambos assinado à ida para o Cartório).

Responda às seguintes questões, fundamentando as suas respostas:

1) Tendo presente os factos apresentados, diga quem é proprietário do terreno.


2) Suponha que Manuel descobre a vigarice de João e Luís quanto ao preço e pretende exercer o seu direito
de preferência, ficando com o imóvel por 75.000 €. Procederá a sua pretensão?
81. Vícios António, general vitorioso em golpe de Estado, diz ao seu vizinho, ministro do governo deposto: “Compro-lhe
a sua bela moradia por 100.000€. A escritura é amanhã. E logo de seguida, garanto-lhe uma fuga em segurança para
o estrangeiro – para que não seja preso como os seus colegas de governo”
Bernardo, sabendo que a casa vale cerca de 750.000€, responde: “As regras são as suas”.

29
A escritura é assim lavrada.
Passados 10 anos, em Fevereiro de 1994, o general é deposto, e Bernardo é autorizado a regressar ao país. O
que faz decorridos 2 meses.
Pretende, agora, recuperar a casa. O general dispõe-se a pagar o preço justo. Quid iuris?
82. Vícios António, advogado em dificuldades financeiras, anuncia, num jornal, a venda dos seus 100 famosos quadros
(após avaliação feita por negociantes de arte). Entre eles, identificado com o número 67, está uma pintura de Ve-
lázquez, avaliada em 1 milhão de euros, e, com o número 76, uma de Miró, também de 1 milhão de euros.
Bernardo, endinheirado e tão deslumbrado quanto ignorante das coisas da arte, pretende comprar pintura sur-
realista (pois um amigo elogiara-lha), sendo-lhe indiferente o nome do pintor – desde que consagrado. Convencido
de que Velázquez é um surrealista decide-se a comprar o quadro deste pintor. No entanto, na resposta a António,
Bernardo escreve: “Compro o quadro n.º 76” – em vez do devido 67, pois confundira-se, julgando que o n.º 76
identificava o quadro de Velázquez.
Após o envio da carta, muitos são os que o elogiam pela compra do Velázquez.
Dias mais tarde, António entrega a Bernardo o Miró. Ora, ainda que Miró seja qualificável como surrealista (ao
contrário de Velázquez), Bernardo insiste, agora, depois dos muitos comentários recebidos, em ter um Velázquez.
Recusa, pois, pagar o Miró e pretende devolvê-lo.
António exige o pagamento invocando que Bernardo é proprietário do quadro desde o momento da entrega.
Por seu lado, Bernardo, invoca, quanto à mencionada recusa de pagamento:
1.º: o lapso ao escrever o número identificador, tendo presente o disposto no art. 249.º do Código Civil;
2.º: a convicção de que o n.º 76 identificava o Velázquez;
3.º: atendendo às características de uma proposta, a insuficiência de um anúncio de jornal para apresentação de
uma proposta contratual como a de António.

Comentando os argumentos apresentados, conclua, de forma fundamentada, acerca da procedência


da pretensão de António, não podendo ultrapassar 2 páginas.
83. Vícios A pretende vender a sua casa – uma bela moradia de praia, com todos os luxos, nomeadamente jardim de
10.000m2, a que, estranhamente, apenas falta piscina. Falta que há muito impede a venda da casa pelos 2,5 milhões

30
de euros pedidos por A.
Perante essas dificuldades, A contacta Z, sociedade de mediação imobiliária, a quem promete 3% do valor de
venda, caso esta lhe encontre um comprador.
Z contacta emigrantes em França, proporcionando fotografias da casa. B, um dos contactados, diz: “Vi as foto-
grafias. A casa é esplêndida. Ainda que não apareça nas fotografias presumo que tem piscina. Coisa imprescindível
hoje em dia.” Ao que Z responde: “Claro que tem todos os luxos. Como se fosse possível o contrário!”
O negócio faz-se (2 meses depois de A contratar Z) pelo preço de 3milhões, apressadamente, num dia em que
B passa por Portugal, em negócios.
Passados meses, chegado a Portugal para as férias de Verão, B vê, pela 1.ª vez a casa, e verifica que não tem pis-
cina.
Pretende reaver o dinheiro. Quid iuris?
84. Vícios A é cliente do antiquário B. Tendo visto, ao passar em dia feriado, diante da loja, um soberbo prato aranhões ao
canto inferior esquerdo, por 4000€, telefona logo na 2.ª feira de manhã dizendo ficar com “o aranhões da montra”.
A funcionária que recebe o telefonema verifica que, de facto, nesse canto da montra está um aranhões, e, assim, diz
a A que pode por lá passar a buscar o prato. A responde que passará dias mais tarde, mas que naquele mesmo dia
paga por transferência bancária.
Acontece que pouco antes de abrir a loja, naquela 2.ª feira, o antiquário havia refeito a montra, substituindo o
aranhões de 4000€ por um vulgar aranhões já colado e recolado, ali colocado apenas para decorar a montra.
A, ao deslocar-se à loja, e constatado o engano, pretende o dinheiro de volta. B nega-lho. Retorquindo que lhe
entrega, afinal, o 1.º aranhões. A, incomodada, recusa qualquer compra naquele estabelecimento. Quid iuris?
85. Vícios No dia 2 de Julho, A., dono de um estádio, celebra com B., agente musical, um contrato para utilização da res-
pectiva sala para B. aí realizar um espectáculo com vários grupos musicais, no dia 2 de Agosto.
O preço acordado entre A. e B. é 250.000€.
A. e B., à data da celebração do contrato, estavam certos da presença dos C2, grupo mundialmente famoso, que
sempre garantia lotação esgotada - só por este facto o preço era tão alto.

31
Todavia, e sem que A. e B. o soubessem, os membros dos C2, tinham tido um grave acidente de viação no dia
1 de Julho e estavam hospitalizados, não podendo actuar na data do espectáculo.
Pode A. anular o contrato?
86. Vícios António, professor, tendo errado ao consultar pautas de distribuição de professores, e pensando, por isso, que
vai ser transferido para uma escola em Portimão, arrenda, nessa localidade, uma casa a Bento e, em conversa, diz-
lhe que está a arrendar em Portimão porque vai ser transferido para lá, como professor.
Afinal, acedendo às pautas correctas, António verifica que foi colocado em Aveiro. Pode anular o contrato ce-
lebrado com Bento?
87. Vícios António é proprietário de um imóvel, que se encontra arrendado a Bento há alguns anos, sendo Bento, portan-
to, de acordo com a lei, titular do direito de preferência na compra e venda do imóvel arrendado.
Carlos é procurador de Daniel, administrando o vasto património do seu representado. Conhecendo a casa de
António e sabendo que António está a precisar de liquidez, oferece a António pela casa, que, com o inquilino, vale
cerca de 175.000 €, 100.000 €. António aceita.
Para que Bento não “levante problemas”, António e Carlos dizem a Bento que a compra e venda se realiza por
270.000 €. Bento não exerce a preferência.
António convence ainda Carlos a celebrar o negócio por mero escrito particular, atendendo a que, para breve,
se prevê a desnecessidade de escritura pública. Carlos aceita e redigem um documento, com as assinaturas reco-
nhecidas por um advogado, de onde consta o preço de 270.000 €.
Cerca de dois anos depois, Bento descobre que António apenas recebeu, de preço, 100.000 €, e demanda Dani-
el, exigindo ficar ele, Bento, com a casa, por 100.000 €.
Quem é o proprietário da casa?
88. Vícios António é proprietário de um pequeno pomar confinante com um pequeno pinhal de Benedita. De acordo com
a lei, qualquer dos dois vizinhos tem direito de preferência na venda do imóvel do outro.
Em Fevereiro de 2006, António recebe, de Carlota, a manifestação de interesse na compra do pomar por
200.000€. Logo nessa ocasião, António e Carlota combinam que, na correspondente escritura, declarariam
150.000€, proporcionando, assim, o pagamento, por Carlota, de montante inferior ao devido ao Estado, a título de

32
imposto pelo negócio.
António informa Benedita do projecto de contrato. Benedita recusa a compra por não conseguir pagar os
200.000€. É lavrada a escritura que titula o contrato entre António e Carlota, nos termos combinados, tendo sido
pagos os referidos 200.000€.
Passados 2 anos, António arrependido da venda feita, pretende recuperar o pomar. Invoca a divergência entre o
preço real e o preço declarado na escritura; Carlota, por sua vez, recusa, argumentando com a efectiva vontade de
celebrar a compra e venda por 200.000€; António responde a este argumento com a falta de escritura correspon-
dente ao negócio de 200.000€.
Perante o alarido causado em torno da disputa entre António e Carlota, Benedita que até então nada sabia acer-
ca de tais controvérsias e dos correspondentes factos, toma conhecimento da escritura que titula o negócio de
compra e venda realizado, e pretende, nos termos do art. 1410.º do Código Civil, ficar com o pomar por 150.000€,
invocando a sua qualidade de preferente.
Comentando os argumentos apresentados, conclua, de forma fundamentada, acerca da procedência
das pretensões de António e de Benedita, não podendo ultrapassar 2 páginas.
89. Vícios Em Agosto de 2000, António diz à sua colega Benedita: “Recebi de herança um Malhoa e um Vieira da Silva.
Cada um avaliado em cerca de 250.000€. Vendo-te um deles – aquele que quiseres.”
Benedita responde: “Fico com o Malhoa. E, já agora, em vez de dinheiro, entrego-te o meu apartamento da
Praia da Luz.” Ao que António diz: “Bom negócio! Combinado!”
Passado 1 ano, em Agosto de 2001, António sugere a Benedita: “O negócio do Malhoa está feito. Mas é de ficar
preto no branco. Pelo que convém irmos a um notário. E, já agora, avaliemos o Malhoa em 100.000€, para que eu
poupe algum em impostos.” Benedita aceita a sugestão de António.
Em Setembro de 2001, num cartório de Lisboa, a escritura é lavrada naqueles termos.
Passados 5 anos, António é contactado por Carlos, coleccionador de arte que, julgando-o dono do Malhoa, lhe
oferece 600.000€, informando António de que nos últimos 4 anos os Malhoas foram “descobertos” por alguns dos
grandes coleccionadores de arte americanos, pelo que muito se valorizaram.
António vem, agora invocar a invalidade do contrato titulado pela escritura, pelo ocorrido acerca do valor do
quadro (na medida em que o valor indicado aquando desse acto notarial foi apenas de 100.000€). Pelo que ele, An-

33
tónio, continua proprietário do Malhoa.
90. Vícios A e B outorgaram uma escritura em que se dizia que o primeiro vendia ao segundo certo imóvel por 150.000€.
Na verdade, B pagou 250.000€, sendo aquele o preço declarado para evitar pagar o devido a título de IMT.
C, titular de um direito de preferência (art. 1555.º), tendo tido conhecimento do negócio, de nada sabendo das
combinações de bastidores de A e B, mandou-lhes uma carta pretendendo adquirir pelos 150.000€, preço que lhe
pareceu simpático, mas que pensou corresponder à realidade porque tinha Manuel por uma pessoa honesta. Quid
iuris?

34

Você também pode gostar