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O Barroso, um paraíso

entomológico em risco
Ernestino Maravalhas & José Manuel Arantes
O Barroso, um paraíso entomológico em risco
Ernestino Maravalhas & José Manuel Arantes
XIX Congresso Ibérico de Entomologia - 2021
Introdução

Os autores residem no Barroso.

Desde o início dos anos 80 do século XX que os autores observam insetos nos concelhos
de Boticas e Montalegre, tendo realizado trabalho de campo em toda a região.

Os grupos mais trabalhados foram os Lepidópteros e os Odonata.

Em 2018 a região foi classificada como Património Agrícola Mundial pela FAO (Food and
Agricultural Organization of the United Nations). Esta classificação assentou em diversos
fatores, dos quais se destacam a conservação das paisagens e os métodos de
agricultura tradicionais e sustentáveis.

A região apresenta um elevado potencial para se


tornar numa importante unidade de conservação da
biodiversidade, tanto mais que, para além do valor
entomológico aqui tratado, possui importantes
populações de endemismos ibéricos de espécies
animais e vegetais, p.ex., a víbora-de-seoane (Vipera
seoanei) e o lírio-do-gerês (Iris boissieri).

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Breve caracterização do território

Serra do Larouco
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Montalegre (71,4%)

Boticas (28,6%)

Mapa da região do Barroso


Fonte: Google Earth

A região do Barroso localiza-se no topo norte de Portugal. Os 2 concelhos que a integram


estendem-se por uma área de cerca de 1.128 kms2, o que representa cerca de 1,2% do território
nacional.

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Serra do Larouco (Montalegre)
1513m
Serra do Gerês
(Montalegre)
1546m
Topografia do Barroso

Serra do Leiranco (Boticas)


1153m

Albufeira da Caniçada Serra do Barroso


(Montalegre) (Boticas)
146m 1279m

2500

1993
2000

1546

1513

1486

1418

1416

1416

1279
1500

1153
Vale do Tâmega (Boticas)
1000
235m

O relevo é dominado por montanhas e na região encontram-se 500

algumas das serras mais altas de Portugal. Nos vales dos rios de 0

Soajo

Barroso
Montesinho
Gerês

Açor
Estrela

Larouco

Marão

Leiranco
maior dimensão a altitude é relativamente baixa (mínimo de 146m).

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Recursos hídricos do Barroso

A elevada pluviosidade associada às regiões montanhosas faz com que o


Barroso seja uma das zonas de Portugal com melhores recursos hídricos.
Os rios mais importantes são o Cávado, O Rabagão, o Beça e o Tâmega.

Precipitação anual
Fonte: IGEO

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Recursos hídricos do Barroso

A disponibilidade de água no solo influencia o tipo de vegetação, sejam os lameiros de montanha, as


florestas ou as áreas agrícolas e tem grande influência na sua manutenção ao longo termo. A seca
decorrente das alterações climáticas tenderá a reduzir esta disponibilidade e o Barroso será uma região
importante na retenção de água no país.

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Breve análise dos principais grupos faunísticos

A entomofauna de Portugal conta com mais de 15.000 espécies inventariadas (fonte:


Naturdata). Apresentamos as ordens com maior riqueza específica:

Escaravelhos e joaninhas Borboletas Libélulas


Coleoptera Lepidoptera Odonata
Portugal > 5.250 spp. 2.600 spp. 67 spp.
Barroso > ~2000 spp ~1500 spp 37spp

Percevejos Moscas e mosquitos Vespas e formigas


Hemiptera Diptera Hymenoptera
1.730 spp. 2.440 spp. 1.615 spp.
- 600spp - 800spp - 600spp
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Corologia dos Ropalóceros (borboletas
diurnas) de Portugal continental

Os lepidópteros são geralmente fitófagos e a sua


distribuição encontra-se intimamente ligada ao
tipo de vegetação dos ecossistemas que ocupam.
No caso dos ropalóceros, a riqueza específica é
claramente superior em sistemas montanhosos.
As zonas de maior diversidade (riqueza específica)
são o Barroso e o Montesinho-Nogueira.Na
primeira são conhecidas 103 das 135 espécies
registadas no país (76%).

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Lepidópteros - ropalóceros
Exemplos de espécies relevantes:

Castanhinha-das- Acobreada-do-norte Esmeralda Dafne Fritilária-dos-lameiros


bétulas (Lycaena virgaureae) (Glaucopsyche alexis) (Brenthis daphne) (Euphydryas aurinia)
(Thecla betulae)
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Odonata – Libélulas e Libelinhas
Exemplo de espécie relevante:

Albano Soares

Macrómia
(Macromia splendens)
Mapa de Espanha: Verdú & Galante (2008)

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Coleoptera – Escaravelhos e joaninhas
Exemplo de espécie relevante:

Vaca-loura
(Lucanus cervus)

Mapa: Soutinho et al 2018; projeto Vaca-Loura

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Ameaças à Conservação da Biodiversidade do Barroso

Para além dos fenómenos globais, como as alterações climáticas, o Barroso enfrenta
desafios ligados à extração de recursos minerais de forma insustentável. Destacamos
o impacto da mineração prevista para a região.

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Conclusões

• A região do Barroso localiza-se numa área montanhosa do norte de Portugal,


onde abundam os espaços naturais e onde ainda existem valiosos aquíferos.

• A Biodiversidade do Barroso é diversificada e estima-se que represente mais


de 1/3 da biodiversidade de Portugal continental.

• Existem diversas espécies de insetos cujos núcleos populacionais se


encontram principalmente no Barroso.

• A conservação de diversas espécies europeias em risco passa pela proteção


das populações portuguesas, muitas delas bem establecidas no Barroso.

• O património entomológico do Barroso carece de estudos aprofundados,


uma vez que o conhecimento é suficiente apenas para grupos
tradicionalmente melhor estudados, como as borboletas diurnas
(Lepidoptera: Rhopalocera) e as libélulas (Odonata).

• A região do Barroso contra-se exposta a fatores de risco, como as alterações


climáticas, a extirpação de habitats e a sobreexploração de recursos
minerais.

O Barroso, um paraíso entomológico em risco


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