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I Sumário
Arqueologia
III O Espólio Lítico
de Santo Antão do Tojal
João Oliveira Costa
V Espaços e Estratigrafias da
Qt.ª de St.º António / Qt.ª da Torrinha
(Monte de Caparica, Almada)
Rui Pedro Barbosa e Pedro López Aldana
Opinião
[http://almadan.cidadevirtual.pt]
IX Sobre uma Nova Legenda
[em migração para Monetária Ibérica: leuni ou laBini ?
António Marques de Faria
http://www.almadan.publ.pt]
Património
X Requalificação das Colecções
de Arqueologia Pré-Histórica
do Museu Geológico
José M. Brandão
adenda
I electrónica
ficha técnica
EDITORIAL
adenda electrónica
e
al-madan IIª Série, n.º 14, Dezembro 2006
adenda electrónica Capa Jorge Raposo
Propriedade
Centro de Arqueologia de Almada Fase de escavação de um dos fornos da olaria
Apartado 603 EC Pragal romana da Quinta do Rouxinol (Corroios, Seixal, 1988),
2801-601 Almada PORTUGAL em homenagem ao Amigo recentemente desaparecido,
Tel. / Fax 212 766 975 Armando Sabrosa, que na imagem trabalha
na companhia de Maria Fernanda Lourenço.
E-mail almadan@mail.telepac.pt
Registo de imprensa 108998 Fotografia © Jorge Raposo/Centro de Arqueologia de Almada
Http://almadan.cidadevirtual.pt
[em migração para http://www.almadan.publ.pt]
ISSN 0871-066X
Depósito Legal 92457/95
ano de 2006 fica marcado pela criação do IGESPAR - Instituto de
Director Jorge Raposo (director.almadan@clix.pt)
Conselho Científico Amílcar Guerra, António Nabais,
Luís Raposo, Carlos Marques da Silva e Carlos Tavares da Silva
Redacção Rui Eduardo Botas, Ana Luísa Duarte,
O Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, que reúne
atribuições e competências dos antigos IPA, IPPAR e DGEMN e
concretiza a anunciada reformulação dos institutos públicos na área do
Elisabete Gonçalves e Francisco Silva Património, transformando radicalmente a tutela que condiciona a gestão
Colunistas Mário Varela Gomes, Amílcar Guerra, Víctor Mestre, pública e privada do Património e tem a missão de definir o futuro
Luís Raposo, António Manuel Silva e Carlos Marques da Silva enquadramento da actividade arqueológica no nosso país.
Colaboram na edição em papel Ass. Port. Avaliação de Impactes, Contudo, uma vez que o enquadramento legislativo final e o modo de
Miguel Almeida, Jorge António, Thierry Aubry, Helena Barranhão,
Pedro Barros, Lília Basílio, Luísa Batalha, Fátima Bento, José Bettencourt,
materialização desta solução só serão conhecidos em 2007, as páginas da edição
Nuno Bicho, Jean-Yves Blot, Pedro Braga, Jacinta Bugalhão, João P. impressa da Al-Madan n.º 14 centram a sua atenção noutro acontecimento com
Cabral, Marco Calado, João Caninas, Guilherme Cardoso, Rosalina reflexos importantes na sociedade portuguesa: o início da aplicação do “modelo
Carmona, António R. Carvalho, Patrícia Carvalho, Helena Catarino,
de Bolonha” ao ensino superior universitário e politécnico.
João Catarino, Manuela Coelho, João Costa, Eugénia Cunha, Adriaan
De Man, Fernando Dias, Gina Dias, A. Dias Diogo, Ana L. Duarte, De facto, no ano lectivo de 2006-2007, boa parte das ofertas de formação
Carlos Fabião, Lídia Fernandes, Mª Teresa Ferreira, Sofia Figueiredo, superior foram reformuladas, no sentido de integrar o sistema português numa
Iola Filipe, Victor Filipe, João Fonte, Tiago Fontes, Ana Gaspar, M. “Área Europeia do Ensino Superior” que reflicta os mecanismos de integração
Varela Gomes, R. Varela Gomes, Filipe Gonçalves, Victor S. Gonçalves,
Suzana T. Grave, Jorge A. Guedes, Amílcar Guerra, Fernando europeia nos planos da igualdade de oportunidades e da mobilidade dos
Henriques, Mafalda Jorge, Vítor O. Jorge, Virgílio Lopes, Luís Luís, cidadãos. Tendo subjacente um novo paradigma pedagógico, mais centrado na
Isabel Luna, António Marques, José Meireles, Víctor Mestre, Mário acção do aluno, a adesão a Bolonha implicou a reformulação dos graus
Monteiro, João Muralha, Pedro Narciso, Nuno Neto, Mª João Neves,
N’Zinga Oliveira, Luiz Oosterbeek, Rui Parreira, Gabriel R. Pereira,
académicos, dos planos de curso e dos conteúdos curriculares, para facilitar a sua
Teresa R. Pereira, Marina Pinto, João Raposo, Jorge Raposo, Luís compatibilidade e complementaridade. Um estudante europeu poderá, a partir de
Raposo, Paulo Rebelo, João Rebuge, Ana Ribeiro, Leonor Rocha, 2010, quando se prevê que o novo sistema esteja generalizado, circular por
Armando Sabrosa †, Jorge D. Sampaio, Raquel Santos, António M.
diferentes estabelecimentos de ensino, no seu país ou no estrangeiro,
Silva, Teresa Soeiro, Manuela Teixeira, João P. Tereso, Ana M. Vale,
António C.Valera, Gonçalo L. Velho, Alexandra Vieira acumulando créditos transferíveis que lhe garantem a equivalência e o
Colaboram na Adenda Electrónica M. Arsénio, Rui P. Barbosa, José reconhecimento das habilitações académicas.
Bettencourt, José M. Brandão, João Cabral, Patrícia Carvalho, Luís Em dossiê especial, Al-Madan apresenta uma síntese do processo e dos
Cónego, João O. Costa, António M. de Faria, Cristóvão Fonseca, João seus objectivos, da forma como o sistema de ensino português se está a
M. da Fonte, Tiago Fontes, Pedro López Aldana, Luís F. Loureiro,
Ivone Magalhães, Henrique Mendes, J. Miranda, Nuno Neto, Lurdes reajustar e da procura que esta nova oferta suscitou na última fase do concurso
Nieuwendam, João Pimenta, Salete da Ponte, Margarida Ramalho, de ingresso, nas áreas da Arqueologia, da História, do Património e da
Paulo Rebelo, Filipe Ribeiro Bárrios, Raquel Santos, António L. Tavares Conservação. São também incluídos alguns textos de opinião e é dada
Publicidade Elisabete Gonçalves oportunidade aos representantes dos diferentes estabelecimentos de ensino
Apoio administrativo Palmira Lourenço para apresentarem as propostas pedagógicas com que respondem aos
Resumos Jorge Raposo (português), Luisa Pinho (inglês) desafios de Bolonha.
e Maria Isabel dos Santos (francês)
Para além disso, na continuidade da experiência iniciada com sucesso em
Modelo gráfico Vera Almeida e Jorge Raposo
2005, a edição inclui ainda uma Adenda Electrónica, que permite explorar a
Paginação electrónica Jorge Raposo
crescente expansão da Internet para distribuir outros conteúdos junto de um
Tratamento de imagem Jorge Raposo
universo de utilizadores potencialmente muito vasto.
Ilustração Jorge Raposo
Com um tratamento editorial em tudo semelhante ao do tradicional volume
Revisão Maria Graziela Duarte, Fernanda Lourenço
em papel, o site da Al-Madan Online constitui assim uma via suplementar de
Pré-impressão GC Design Ldª
comunicação entre autores e leitores, promovendo a difusão alargada da cultura
Impressão Printer Portuguesa
científica, sem os constrangimentos e as limitações de distribuição que sempre
Distribuição da edição em papel CAA
enfrentam iniciativas desta natureza.
Distribuição da Adenda Electrónica distribuição gratuita através
de http://almadan.cidadevirtual.pt
Tiragem da edição em papel 1500 exemplares
Jorge Raposo
Periodicidade Anual
Apoios C. M. de Almada, C. M. do Seixal e Inst. Port. da Juventude
Introdução
O a conhecer as interven-
ções realizadas no de-
correr do ano de 2004 e primeiro se-
nho rápido à rendição da fortaleza vizi-
nha de S. Julião da Barra e, consequen-
temente, de Lisboa. Ficava demonstra-
mestre de 2005 na Fortaleza de N.ª Sr.ª da assim a fraca capacidade defensiva
da Luz e área envolvente. Estas decor- da velha torre. Nos anos que se seguem,
reram sob responsabilidade do Gabinete durante o reinado de Filipe II, a torre é
de Arqueologia da Câmara Municipal de então envolvida por dois meios baluar- ca datável dos finais do séc. XV ao Através da realização de cinco son-
Cascais, integradas num projecto de in- tes virados ao mar, e um outro inteiro, XVII, onde foi exumada variada cerâ- dagens de dois metros de lado, pudemos
vestigação, que culminará com a recu- virado a terra, tornando-se numa forta- mica comum e vidrada, bem como fa- distinguir em termos estratigráficos os
peração e musealização da fortaleza. leza abaluartada de planta triangular. iança portuguesa pintada a azul sobre três momentos de utilização do fosso.
Num futuro próximo, procurar-se- Rebaptizada, passa a ter o nome de N.ª fundo branco, a grande maioria datável Num momento inicial, foi colo-
-á dar a conhecer de uma forma mais Sr.ª da Luz. Após a reconquista da inde- da primeira metade do séc. XVII. En- cada uma primeira camada de pedras de
desenvolvida os diferentes aspectos pendência, em 1640, a defesa de Cas- contrámos ainda cerâmicas importadas, médias e grandes dimensões. O fosso
desta intervenção arqueológica, nomea- cais é de novo reforçada com a constru- tais como: cerâmica sevilhana pro- original da Fortaleza de N.ª S.ª da Luz
damente a cultura material e a análise ção da cidadela. AFortaleza de N.ª Sr.ª duzida entre os finais do séc. XV e a estaria praticamente à cota da platafor-
estrutural e evolutiva do espaço. da Luz perde então alguma importância, primeira metade do séc. XVI, onde se ma rochosa onde esta se implanta.
AFortaleza N.ª Srª da Luz locali- passando a funcionar apenas como destacam os pratos cónicos e as malgas Um segundo momento correspon-
za-se em contexto urbano, mesmo jun- mais uma bateria da cidadela. carenadas; vários fragmentos decorados de ao entulhamento do fosso com terras
to ao mar, espaço fronteiro agora ocu- Esta intervenção teve como objec- a azul sobre azul (berettino), cuja provenientes do interior da fortaleza
pado pela Marina de Cascais. A sua tivo o melhor entendimento da sequên- proveniência é algo duvidosa, podendo aquando da realização de obras, nos fi-
construção terá sido iniciada por volta cia estratigráfica e estrutural, quer da ser das oficinas italianas (possivelmente nais do séc. XVIII-inícios do séc. XIX.
de 1590, envolvendo a antiga Torre de Torre de St.º António, quer da própria de Pisa) ou de Sevilha que, após a Estas terras terão sido niveladas com no-
St.º António, mandada construir por Fortaleza de N.ª Sr.ª da Luz. Para esse segunda metade do séc. XVI e séc. va camada de pedras, sobre as quais se
D. João II em finais do século XV. Esta efeito, nesta primeira fase dos trabalhos XVII, produzirá cerâmicas assim deco- implantou a ponte que liga as duas ba-
é desenhada em pormenor por Georgius foram realizadas várias sondagens pari- radas, designadas por tipo “italiani- terias da fortaleza. Esta ponte substituiu
Braun, num desenho publicado em etais e 18 sondagens no solo, bem como zante”. Surgem igualmente objectos uma ponte levadiça anterior. De facto,
1572, na obra Civitates Orbis Terrarum. a conclusão da escavação do “baluarte” metálicos, vidros, moedas enquadra- durante as guerras liberais a fortaleza
Afazer fé nessa representação, esta es- da torre. Foi possível pôr a descoberto das entre finais do séc. XV e finais do serviu para receber cerca de duzentos
trutura militar era composta por uma várias estruturas e ter um melhor enten- séc. XVI, e embutidos em osso, per- presos políticos que vinham de S. Julião
torre quadrangular, um anexo mais dimento da planta e evolução da Torre tencentes possivelmente a partes de da Barra. Pela descrição feita na época
baixo, de planta rectangular, e uma cin- de St.º António, bem como apurar as algum móvel ou caixa de madeira. por um dos presos, deduz-se que estes te-
tura de muralhas, o “baluarte”, que en- estruturas directamente relacionadas rão entrado na fortaleza através de uma
volvia o conjunto, pelo menos do lado com a construção da fortaleza ou reali- Fosso Norte da ponte de pedra, que aparece referenci-
do mar. As primeiras intervenções ar- zadas depois, nomeadamente após a Fortaleza de N.ª Sr.ª da Luz ada pela primeira vez numa planta de
queológicas, realizadas entre 1986 e Restauração e, finalmente, em finais finais do séc. XVIII-princípios do XIX.
1991 sob a responsabilidade de Marga- do séc. XIX-inícios do séc. XX. Será O troço objecto de intervenção O terceiro momento corresponde
rida Magalhães Ramalho, vieram, gros- necessária uma segunda fase para um situa-se entre a muralha Sul do revelim ao entulhamento do fosso com terras
so modo, confirmar a veracidade deste melhor entendimento de algumas da cidadela e a cortina Nordeste da possivelmente provenientes de obras no
desenho (RAMALHO 1989). questões levantadas durante os traba- Fortaleza de N.ª Sr.ª da Luz. palácio da cidadela, em princípios do
Cerca de 100 anos depois da sua lhos agora dados a conhecer, bem como Esta fortificação marítima tinha a séc. XX. Estas terras terão sido nivela-
construção, a torre capitula em menos para a preparação e concretização do envolvê-la um largo fosso, que primi- das e, por cima delas, foram deposita-
de duas horas perante a artilharia do du- projecto museológico da fortaleza. tivamente teria os dois acessos abertos das terras de jardinagem quando o fos-
que d’Alba. Nas suas muralhas são ex- No que se refere ao espólio arqueo- ao mar. Com a construção da cidadela, so foi transformado em jardim, perden-
postos os corpos de D. Diogo de Mene- lógico, foi possível detectar nos níveis a partir de 1640, o fosso terá sido mura- do as suas funções militares. Adatação
ses, do alcaide da torre e de mais dois superiores materiais contemporâneos. do, donde se depreende que terá estado deste último enchimento poderá remon-
soldados, sacrificados pelos castelhanos No entanto, nas camadas subsequentes aberto ao mar no máximo durante cer- tar a 1902, altura em que o rei D. Car-
para atemorizar as tropas afectas ao verificámos uma coerência cronológi- ca de cinquenta anos. los mandou acrescentar um andar ao
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descoberta ocasional de Foram igualmente identificados Estes assentam directamente num las- das” pela acção da lavoura. Porém, em
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notícia preliminar do
Centro Oleiro de Macarome
Cabanelas (Vila Verde)
Luís Cónego
1. Localização e
contexto do arqueossítio
arqueossítio de Maca-