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HERNANDES DIAS LOPES

PREGAÇÃO
PREGAÇÃO

HERNANDES DIAS LOPES


Palavra do Preletor
Rev. Hernandes Dias Lopes

A pregação é a maior necessidade do mundo e


o maior compromisso da igreja. Deus chama os
pecadores ao arrependimento pela pregação.
A pregação é uma tarefa imperativa, intransferível
e impostergável. Nenhuma outra instituição está
credenciada a pregar, exceto a igreja de Cristo.
Ela é a embaixadora de Deus a rogar aos homens
para se reconciliarem com Deus.

A pregação é o instrumento que Deus para salvar,


edificar, consolar e exortar a igreja. Sempre que
a pregação fiel esteve em alta a igreja cresceu
saudavelmente. Sempre que a pregação entrou
em crise, a igreja recuou e perdeu seu poder.

Precisamos de uma volta à supremacia das


Escrituras e à primazia da pregação. Neste eBook
vamos considerar alguns aspectos importantes
da pregação.
1
O COMPROMISSO COM
O EVANGELHO DA GRAÇA

O apóstolo Paulo foi levantado por Deus para ser


o maior teólogo, o maior missionário e o maior
plantador de igrejas da história do cristianismo.
Ele foi um desbravador do evangelho, um
bandeirante do cristianismo, um embaixador
de Cristo, um arauto do Rei dos reis. Plantou
igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia,
Acaia e Ásia Menor. Por sua influência, igrejas
se espalharam em todo o mundo Oriental e
Ocidental. Sua conversão foi um grande milagre,
sua vida foi uma grande cruzada em favor da
evangelização e sua morte foi uma profunda
demonstração de coragem.

Quando Paulo despediu-se dos presbíteros de


Éfeso, fez um dos mais belos discursos de sua
carreira. Com palavras eloquentes, desafiou

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os líderes daquela igreja a assumirem um
compromisso solene com Deus, com a Palavra e
com a igreja. Para encorajá-los, deu seu próprio
testemunho, como segue: “Porém, em nada
considero a vida preciosa para mim mesmo,
contanto que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor Jesus para
testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At
20.24). No texto em apreço, três verdades são
destacadas:

Em primeiro lugar, o ministério não é conquistado


por mérito, mas recebido por graça. “… o
ministério que recebi do Senhor Jesus…”. Paulo
foi um homem vocacionado. Foi chamado por
Cristo para desempenhar o ministério. Ele não se
auto intitulou apóstolo. Ele não se colocou num
pedestal de liderança nem acendeu os holofotes
sobre si mesmo. Sua vocação foi celestial. Ele
ouviu a voz divina e a obedeceu. O líder cristão
é também um homem vocacionado. É o Espírito
Santo quem constitui líderes na igreja. Embora
o episcopado pode ser desejado pelo homem,
o chamado é divino. Embora a igreja escolha
seus líderes, é Jesus quem chama a si os que ele
mesmo quer para apascentar suas ovelhas e
anunciar as boas novas de salvação.

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Em segundo lugar, o ministério não é plataforma
de privilégios, mas uma arena de renúncia.
“Porém, em nada considero a vida preciosa
para mim mesmo…”. A liderança cristã exige
renúncia. Ser um líder cristão é abraçar uma
sacrossanta carreira, uma excelente obra. Mas,
não uma obra de engrandecimento pessoal. Ser
grande é ser pequeno. Ser líder é ser servo. Ser
o maior é ser servo de todos. Paulo enfrentou
toda sorte de provações no exercício do seu
ministério. Foi perseguido em Damasco, rejeitado
em Jerusalém, esquecido em Tarso, apedrejado
em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de
Tessalônica e Beréia, chamado de tagarela em
Atenas e de impostor em Corinto. Enfrentou feras
em Éfeso, foi preso em Jerusalém, foi acusado
em Cesaréia, foi picado por uma cobra em Malta
e foi preso em Roma. Suportou cadeias e açoites.
Foi fustigado com varas e apedrejado. Mesmo
em face da morte, não considerou sua vida
preciosa para si mesmo. A abnegação e não a
megalomania foi o apanágio de sua vida.

Em terceiro lugar, o ministério é regido por


um ideal mais alto do que a própria vida. “…
para testemunhar o evangelho da graça de
Deus”. Quando o ideal é maior do que a vida,
vale a pena dar a vida pelo ideal. Testemunhar
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o evangelho da graça era o grande vetor da
vida de Paulo. Ele respirava o evangelho. Vivia
pelo evangelho. Estava pronto a se sacrificar
e a morrer pelo evangelho. Nenhuma outra
motivação governava sua vida. Não buscava
grandeza para si mesmo. Não cobiçava ouro
nem prata. Não buscava para si riquezas nem
fama. Mesmo sofrendo ameaças e passando
parte de sua vida encarcerado, jamais perdeu
o entusiasmo de viver nem o senso de urgência
de proclamar o evangelho. Considerava-se
prisioneiro de Cristo e embaixador em cadeias.
Mesmo diante das mais terríveis adversidades,
Paulo tinha o coração ardente, os pés velozes
e os lábios abertos para proclamar Cristo, a
essência do evangelho.

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2
A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS
E A PRIMAZIA DA PREGAÇÃO

Paulo foi escolhido por Deus para ser o maior


pregador e missionário da igreja primitiva. Ele re-
cebeu esse chamado com seu coração disposto.
Ele compreendeu o que era ser um líder e um mi-
nistro da Palavra. Ele cumpriu cabalmente o seu
ministério. Sua vida, seu trabalho, suas viagens
missionárias e seu labor demonstram o valor
que ele deu à Palavra e à pregação. Ele deixou
meridianamente claro em seu ministério tanto a
supremacia das Escrituras como a primazia da
pregação.

Na sua segunda carta a Timóteo, Paulo ordenou


a Timóteo: “Prega a palavra…” (2Tm 4.2). Note
que Paulo não ordenou Timóteo a pregar sobre
a Palavra, mas a Palavra. Uma coisa é pregar a
palavra, outra coisa bem diferente é pregar so-

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bre a Palavra. A Palavra é o conteúdo da prega-
ção e a autoridade do pregador. O pregador não
é a fonte da mensagem, mas seu instrumento.
O pregador não produz a mensagem, transmite-
-a. O pregador é um arauto; a mensagem não é
sua, mas daquele que o enviou. Seu papel não é
tornar a mensagem mais palatável aos ouvidos
das pessoas, mas transmiti-la com fidelidade.
Duas verdades devem ser destacadas no texto
de 2Timóteo 4.2.

Em primeiro lugar, a supremacia das Escritu-


ras. Paulo escreve: “Prega a palavra”. Paulo não
ordena a Timóteo a pregar suas próprias ideias
nem o autoriza a pregar a mensagem mais po-
pular da época. Timóteo deveria pregar a pala-
vra. Não temos outra mensagem a transmitir a
não ser a palavra de Deus. O pregador não pode
criar a mensagem; é sua incumbência trans-
miti-la. Não tem o direito de sonegar parte da
mensagem que recebe; deve comunicá-la com
inteireza. Hoje, muitos pregadores pregam ou-
tro evangelho. Um evangelho que não tem boas
novas de salvação. Um evangelho fabricado no
laboratório do enganoso coração humano. Um
evangelho que atrai multidões, mas não tem
poder para transformá-las. Um evangelho hu-
manista, centrado no homem, e não o evange-

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lho da graça, centrado em Cristo e na sua obra
redentora. Floresce hoje o espúrio evangelho da
prosperidade, prometendo aos homens as ri-
quezas e glórias deste mundo, mas sonegando
a eles a palavra da salvação eterna. Recrudes-
ce um evangelho místico, sincrético, com fortes
laivos de paganismo, desviando os incautos da
cruz de Cristo, para sua própria ruína e destrui-
ção. Ah, é tempo da igreja voltar-se para o lema
da Reforma: “Sola Scriptura”! É preciso interrom-
per essa marcha inglória de uma pregação cheia
do homem e vazia de Deus; uma pregação que
promete curas, milagres e prosperidade, mas
não oferece aos perdidos a vida eterna em Cristo
Jesus. É preciso colocar em relevo a mensagem
da graça e erguer o estandarte da cruz onde os
pregadores infiéis drapejam a bandeira de pe-
rigosas heresias. Precisamos de uma volta ao
Cristianismo apostólico, onde a igreja reconheça
a supremacia das Escrituras e coloque a pala-
vra de Deus no centro do culto, da pregação e da
vida.

Em segundo lugar, a primazia da pregação. Pau-


lo escreve: “Prega a palavra”. Uma vez que te-
mos a palavra de Deus, inspirada pelo Espíri-
to de Deus, inerrante, infalível e suficiente, não
podemos guardá-la apenas para nós. A pala-
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vra que nos foi confiada precisa ser transmitida.
A mensagem que recebemos deve ser procla-
mada com fidelidade, entusiasmo e urgência.
Não basta reconhecer a supremacia das Escri-
turas; é preciso estar comprometido com a pri-
mazia da pregação. Sonegar a palavra é privar
as pessoas de conhecer a graça de Deus. Reter
a mensagem da salvação é uma atitude cruel
com os perdidos, uma vez que a fé vem pelo ou-
vir a palavra. Deus chama os seus escolhidos por
meio da palavra. A palavra de Deus é poderosa.
Tem vida em si mesma. É a divina semente, que
semeada em boa terra produz a trinta, a sessen-
ta e a cento por um. Nunca volta para Deus va-
zia. Sempre cumpre o propósito para o qual foi
designada. Cabe à igreja levantar-se, no poder
do Espírito Santo, e pregar a tempo e a fora de
tempo essa palavra da vida. Cabe à igreja instar
com os pecadores para que se voltem para Deus
em arrependimento e fé. É responsabilidade da
igreja corrigir, repreender e exortar a todos, com
toda a longanimidade e doutrina, pois multipli-
cam-se os falsos mestres, movidos por sórdida
ganância, atraindo para si aqueles que sentem
coceira nos ouvidos, entregando-se a fábulas,
em vez de ouvir a mensagem da graça. Que Deus
traga sobre nós um poderoso reavivamento espi-
ritual, colocando a igreja de volta nos trilhos da
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verdade, a fim de que ela entenda a supremacia
das Escrituras e se comprometa com a primazia
da pregação.

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3
SEM PODER, NÃO HÁ
EFICÁCIA NA PREGAÇÃO

O evangelista Lucas encerra seu primeiro livro,


o Evangelho de Lucas, tratando da grande
comissão. A obra perfeita e cabal de Cristo
na cruz havia sido vitoriosa. Ele ressurgiu dos
mortos e está prestes a retornar ao Pai. Antes,
porém, comissiona sua igreja a ir até aos confins
da terra, fazendo discípulos de todas as nações.

Jesus deixou claro para seus discípulos que eles


deveriam, em seu nome, pregar arrependimen-
to para remissão de pecados, a todas as nações,
começando de Jerusalém (Lc 24.47). Em segui-
da, mostra a necessidade da capacitação de
poder para pregarem: “Eis que envio sobre vós
a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na
cidade, até que do alto sejais revestidos de po-
der” (Lc 24.49). Lucas começa seu segundo livro

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(Atos dos Apóstolos), retomando o assunto da
grande comissão e mostrando mais uma vez a
necessidade do revestimento do poder do Espíri-
to Santo: “Mas recebereis poder ao descer sobre
vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemu-
nhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia
e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).
Não há missão, sem pregação e não há pregação
sem poder. Não há testemunho eficaz sem o po-
der do Espírito Santo. Primeiro a igreja é revestida
de poder, depois ela prega com eficácia. Quatro
lições podem ser aprendidas dos textos acima:

Em primeiro lugar, o conteúdo da pregação (Lc


24.47). A mensagem que a igreja deve pregar
não é prosperidade nem milagres, mas o
arrependimento para a remissão de pecados. A
menos que o homem reconheça que é pecador,
jamais sentirá falta do Salvador. Só os doentes
reconhecem que precisam de médico. Sem
arrependimento não há perdão de pecados. Oh,
que Deus abra nossos olhos para o conteúdo da
grande comissão.

Em segundo lugar, o alcance da pregação (Lc


24.47). Lucas diz que a igreja deve pregar arre-
pendimento para remissão de pecados a todas
as nações. O evangelho deve ser pregado por

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toda a igreja, em todo o mundo, a todo o tempo.
Nenhuma visão que não abarque o mundo intei-
ro não é a visão de Deus, pois o seu Filho mor-
reu para comprar com o seu sangue aqueles que
procedem de toda tribo, língua, povo e nação
(Ap 5.9). Muito embora a pregação tenha come-
çado em Jerusalém, não foi destinada apenas ao
povo judeu, pois foi endereçada a todas as etnias
da terra.

Em terceiro lugar, o compromisso com a pregação


(Lc 24.48; At 1.8). Tanto no Evangelho como no
livro de Atos, Lucas enfatiza que os pregadores
são testemunhas (Lc 24.48; At 1.8). Quem prega
a palavra deve falar do que ouviu, do que viu e
do que experimentou. Não é uma mensagem
divorciada de sua vida. A vida do pregador
está inalienavelmente comprometida com a
mensagem que proclama. Por essa mensagem
ele vive e ele morre. Muitas vezes, ela sela com
o seu sangue a mensagem que anuncia. Todos
os apóstolos de Jesus foram mártires dessa
mensagem, exceto João, que foi exilado na Ilha
de Patmos. Ainda hoje, muitas testemunhas
adubam o solo para a semente do evangelho
com o seu sangue!

Em quarto lugar, a capacitação para a pregação


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(Lc 24.49; At 1.8). No Evangelho, Lucas fala da
promessa do Pai. Em Jerusalém os discípulos de-
viam aguardar a promessa do Pai, o revestimen-
to de poder, com uma espera obediente, perse-
verante e cheia de expectativa. Em Atos, Lucas
fala que só depois de receberem poder, com a
descida do Espírito Santo sobre eles, é que se-
riam testemunhas até aos confins da terra. Com
isso, Lucas está ensinando que a capacitação
precede a ação. O revestimento de poder prece-
de a pregação do arrependimento para remissão
de pecados. Não há pregação eficaz sem reves-
timento de poder. Primeiro, a igreja recebe poder
do alto, depois ela vai cumprir a missão. Antes de
Jesus enviar a igreja ao mundo, ele enviou o Espí-
rito Santo para ela. Hoje, tristemente, nós temos
negligenciado essa busca de poder. Substitu-
ímos o poder do Espírito pelos nossos métodos.
Pregamos belos sermões, mas vazios de poder.
Usamos os recursos mais modernos da comuni-
cação, mas não alcançamos os corações. Faze-
mos muita trovoada, mas não há sinal da chuva
restauradora. Oh, que Deus nos faça entender
que há tempo para esperar e tempo para agir.
Tempo para ser revestido pelo poder do Espírito e
tempo para pregar com gloriosos resultados!

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4
OS DESAFIOS E A
LOUCURA DA PREGAÇÃO

O apóstolo Paulo, escrevendo sua primeira carta


aos coríntios, diz: “Visto como, na sabedoria de
Deus o mundo não o conheceu por sua própria
sabedoria, aprouve a Deus saber os que creem
pela loucura da pregação” (1Co 1.21). Este
versículo encerra importantes e desafiadoras
verdades.

Naquela cidade grega, o veterano apóstolo havia


passado dezoito meses, plantando uma igreja
num reduto assaz corrompido moralmente.
Os gregos não apenas estavam rendidos à
depravação moral, mas também estavam
abertos a discutir novas ideias e a ouvir diferentes
vertentes filosóficas. Mas, o evangelho que
Paulo pregou e pelo qual Deus ainda salva os que
creem não é uma ideia entre outras, mas o único

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meio pelo qual ele chama os eleitos à salvação.
Esse está centrado na pessoa e na obra de Cristo.
Seu eixo principal é a cruz, onde o Filho de Deus
carregou sobre seu corpo, nossos pecados. A
pregação não é um discurso religioso, mas uma
mensagem solene sobre a morte expiatória de
Cristo. Por isso, o apóstolo fala da loucura da
pregação. Destaco aqui três verdades:

Em primeiro lugar, a pregação é uma loucura


porque seu conteúdo é a cruz. A cruz era o
método mais terrível de pena capital no primeiro
século. Aquele que era dependurado na cruz
era considerado maldito. Sofria dores atrozes,
repúdio absoluto e opróbrio sem igual. Pois,
o Messias que Paulo anunciou e nós ainda
proclamamos foi pregado na cruz. Foi exposto
à vergonha e ao opróbrio. Foi suspenso entre a
terra e o céu no mais horrendo espetáculo de dor.
A cruz era escândalo para os judeus e vergonha
para os gentios (1Co 1.23). Mas, foi na cruz que
Deus fez refulgir seu mais eloquente amor e
reluzir sua mais profunda justiça. Foi na cruz que
Deus puniu nossos pecados, imputando-os a seu
Filho. Foi na cruz que Deus desamparou seu Filho
para nos perdoar e nos justificar. Foi na cruz que
a cabeça da serpente foi esmagada, o preço da
nossa redenção foi pago e a nossa salvação foi
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consumada.

Em segundo lugar, a pregação é uma loucura


porque a sua exigência é radical. A pregação
exige de todos os homens arrependimento e fé
em Jesus. A menos que o homem reconheça que
está perdido e se arrependa de seus pecados,
pondo em Jesus sua confiança, não pode ser
salvo. Não salvação em nenhum outro nome,
exceto no nome de Jesus. A pregação é uma oferta
da salvação feita a todos, mas somente os que
se arrependem e creem são salvos. O evangelho
é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê e só daquele que crê. Ninguém
pode ser salvo pelas obras nem mesmo pela
sua religiosidade, apenas pela graça mediante
a fé. A fé vem pela pregação, e a pregação pela
palavra de Cristo (Rm 10.17).

Em terceiro lugar, a pregação é uma loucura


porque sua mensagem não agrada aos sábios
deste mundo. A pregação não é um discurso
humanista, que exalta o homem e o coloca
no pedestal. Ao contrário, fere seu orgulho
mostrando que sua sabedoria é incapaz de
reconhecer a existência de Deus ou mesmo as
obras de Deus. O mundo não conhece a Deus por
sua sabedoria. É por isso, que Deus não chamou
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muitos sábios e entendidos deste mundo, mas
os pequeninos e humildes. É claro que essa
arrogância não tem a ver com conhecimento e
posição social. Há homens doutos humildes e
homens ignorantes soberbos. Há homens ricos
quebrantados e há homens pobres arrogantes.
Um indivíduo soberbo coloca-se fora do alcance
do evangelho. A pregação lhe é loucura. Mas, aos
que se humilham sob a poderosa mão de Deus,
pela obra do Espírito Santo, esses ouvem, esses
se arrependem, esses creem, esses são salvos
pela graça. Oh, bendito evangelho! Oh, bendita
loucura do evangelho! O apóstolo Paulo troveja
sua voz e diz: “A loucura de Deus é mais sábia
que do que os homens; e a fraqueza de Deus é
mais forte do que os homens” (1Co 1.25).

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5
AS ESTRATÉGIAS
EVANGELÍSTICAS DE PAULO

Paulo foi o maior missionário da história da


igreja. Investigar o conteúdo da sua mensagem
e a relevância de seus métodos é um desafio
para a igreja contemporânea. Na busca do
crescimento da igreja, não precisamos recorrer
às novas técnicas engendradas no laboratório
do pragmatismo, mas devemos nos voltar ao
exemplo daquele que foi o maior bandeirante
do Cristianismo. Algumas estratégias de Paulo
merecem destaque:

Em primeiro lugar, Paulo sempre buscou as


sinagogas para alcançar os religiosos. Sempre
que Paulo chegava em uma cidade, procurava
ali uma sinagoga. Sabia que nesse ambiente
religioso, judeus e pessoas tementes a Deus, se
reuniam para estudar a lei e orar. Seu propósito

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era argumentar com essas pessoas, a partir do
Antigo Testamento, que o Jesus histórico é o
Messias, o Salvador do mundo. Não podemos
perder a oportunidade de pregar a Palavra nos
templos, onde pessoas religiosas se reúnem,
para expor a elas as Escrituras e por meio delas
apresentar-lhes Jesus.

Em segundo lugar, Paulo sempre aproveitou os


lugares seculares para alançar as pessoas não
religiosas. Tanto em Corinto como em Éfeso,
Paulo lançou mão desse recurso. Não podemos
limitar o ensino da Palavra de Deus apenas aos
locais religiosos. Em Corinto, Paulo ensinou na
casa de Tício Justo e em Éfeso, na escola de
Tirano. Paulo ia ao encontro das pessoas, onde
elas estavam. Era um evangelista que tinha
cheiro de gente. Estava nas ruas, nas praças, nas
escolas. Era um pregador fora dos portões. Ainda
hoje podemos e devemos usar esses recursos.
Podemos e devemos plantar igrejas, usando
espaços neutros, como fábricas, escolas e hotéis.
Muitas pessoas que, ainda hoje, encontram
resistência para entrar num lugar religioso não
oferecem qualquer resistência para ir a um lugar
neutro.

Em terceiro lugar, Paulo sempre utilizou os lares


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como lugares estratégicos para a evangelização
e o ensino. Paulo ensinava publicamente e
também de casa em casa, testemunhando tanto
a judeus como a gregos o arrependimento e a fé
em Cristo Jesus. Paulo era um evangelista e um
mestre. O lar sempre foi um lugar estratégico para
o crescimento da igreja. Na igreja apostólica não
havia templos. As igrejas se reuniam nas casas.
E a partir desses núcleos, a igreja espalhou-se
e multiplicou-se por todo o império romano. O
lar deve ser uma embaixada do reino de Deus
na terra, uma agência de evangelização e uma
escola de discipulado.

Em quarto lugar, Paulo sempre plantou igrejas


em cidades estratégicas. Paulo foi um pregador
fiel e relevante. Ele lia o texto e o povo. Conhecia
as Escrituras e a cultura. Jamais mudou a
mensagem, mas sempre buscou os melhores
métodos para alcançar os melhores resultados.
Por isso, fixou-se nas cidades mais importantes
do império, porque estava convencido de que a
partir dali o evangelho poderia se espalhar para
outros horizontes. Nas quatro províncias que
Paulo plantou igrejas, as províncias da Galácia,
Macedônia, Acaia e Ásia Menor, procurou
sempre se estabelecer em lugares geográfica,
econômica e religiosamente importantes, pois
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sabia que as igrejas nessas cidades tornar-se-
iam multiplicadoras na evangelização mundial.

Em quinto lugar, Paulo sempre acreditou no


poder da verdade para convencer e converter os
corações. Paulo pregou com lágrimas, mas sem
deixar de usar seu cérebro. Por onde passou,
dissertou sobre a verdade das Escrituras e
persuadiu as pessoas a crerem em Cristo. Ele
dirigiu-se à mente das pessoas e tocou-lhes o
coração. Paulo rejeitou a sabedoria humana,
mas não a sabedoria divina. Ele não confiou
nos recursos da retórica, mas usou todos os
argumentos lógicos e racionais, na dependência
do Espírito, para alcançar as pessoas com
o evangelho. Hoje, à semelhança de Paulo,
precisamos de pregadores que conheçam a
verdade; pregadores que ousem pregá-la com
clareza, exatidão e poder.

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Este eBook é parte integrante
do curso Pregação Transformadora
do Ministério Luz Para o Caminho.

WWW.LPC.ORG.BR

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