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Refrigeração - 16803

Professor: Lober Hermany


E-mail: lober@unisc.br
Aula: tubulações
Tubulações
 As tubulações ou linhas de refrigerante são comuns a todas as
instalações frigoríficas, tendo como função básica transportar
o refrigerante entre os distintos componentes da instalação.
 Uma preocupação generalizada no dimensionamento de
tubulações é a de que o seu tamanho seja suficientemente
elevado.
 A redução no tamanho, embora seja atraente sob o ponto de
vista econômico e de espaço, pode comprometer a eficiência da
instalação.
Tubulações
 Funções das linhas de refrigerante
 O transporte de refrigerante entre os componentes do sistema
ocorre sob condições variadas, dependendo do estado
termodinâmico do refrigerante e do equipamento a que ele
serve.
 O dimensionamento de tubulações se baseia na premissa de
limitar a perda de carga.
 Esta implica numa redução da pressão, que corresponde a uma
diminuição na temperatura de saturação correspondente.
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 O dimensionamento das tubulações é, frequentemente
realizado com auxílio de tabelas ou ábacos especialmente
preparados para cada refrigerante ou tipo de linha.
 As condições operacionais em que se baseiam estes ábacos são
limitadas, razão pela qual o projetista pode se deparar com
problemas que não satisfaçam aquelas condições.
 Por isso, familiaridade com o procedimento básico de avaliação
da perda de carga pode ser de grande utilidade na solução do
problema.
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 A equação fundamental da perda de carga é:

𝐿 𝜌𝑉 2
∆𝑝 = 𝑓
𝐷 2
 Onde:

 ∆𝑝 é a queda de pressão ou perda de carga, em Pa;

 𝑓 é o coeficiente de atrito, adimensional;

 𝐿 é o comprimento do tubo, em metros;

 𝐷 é o diâmetro do tubo, em metros;

 𝑉 é a velocidade média do fluido, em m/s;

 𝜌 é a massa específica do fluido, em kg/m³.


Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 A velocidade do fluido corresponde à velocidade média na
seção transversal do tubo, definida como a razão entre a vazão
volumétrica e a área da seção, isto é:

4∙𝑄
𝑉=
𝜋𝐷2
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 O coeficiente de atrito depende do número de Reynolds do
escoamento e da rugosidade da superfície do tubo, podendo
ser obtido do diagrama de Moody.
 O número de Reynolds é definido como:

𝜌∙𝑉∙𝐷
𝑅𝑒 =
𝜇

 Onde 𝜇 é a viscosidade dinâmica do fluido, em 𝑃𝑎 ∙ 𝑠.


Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular

 O número de Reynolds determina o regime de escoamento, que


pode ser laminar, se Re < 2000, e turbulento, para Re > 3000.

 Os números de Reynolds com que se opera em aplicações


frigoríficas são certamente superiores a 2000, de modo que
regime laminar é raramente encontrado.
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Observando o diagrama de Moody nota-se que para
escoamentos em regime laminar a rugosidade da superfície do
tubo não afeta o coeficiente de atrito.

 Mas para escoamentos turbulentos o coeficiente de atrito


depende da rugosidade, a qual aparece em termos de uma
rugosidade relativa, 𝜀 Τ𝐷.
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Os dois materiais mais comuns em tubulações frigoríficas se
caracterizam por superfícies com os seguintes valores típicos
da rugosidade absoluta:

Material Rugosidade [m]


Cobre 0,0000015
Aço 0,000046
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 1:

 Qual deve ser a queda de pressão por metro de comprimento


de tubo, quando 1,51 kg/s de vapor saturado de R-134a a -5 °C
escoam por um tubo de cobre de 74,8 mm de diâmetro
interno?
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 1 – resolução:
Lembrando que: 𝑄 = 𝑚ሶ ∙ 𝑣

𝐿 𝜌𝑉 2 Da tabela:
∆𝑝 = 𝑓
𝐷 2
então:
∆𝑝 𝑓 𝜌𝑉 2
=
𝐿 𝐷 2
Onde:
4∙𝑄
𝑉=
𝜋𝐷2
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 1 – resolução: Portanto:

𝜌∙𝑉∙𝐷
𝑣 = 0,08257 𝑚3 /𝑘𝑔 𝑅𝑒 =
𝜇
𝑄 = 1,51 ∙ 0,08257
28,37 ∙ 0,0748
𝑅𝑒 =
𝑄 = 0,1247 𝑚3 /𝑠 1,140146 ∙ 10−5

4 ∙ 0,1247 𝑅𝑒 = 1,86 ∙ 105


𝑉=
𝜋 ∙ 0,0748² E a rugosidade relativa:
𝑉 = 28,37 𝑚/𝑠
𝑒 0,0000015 𝑒
= = 0,00002
𝐷 0,0748 𝐷
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 1 – resolução:

𝑓 = 0,0155
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 1 – resolução:

Portanto:
∆𝑝 𝑓 𝜌𝑉 2 ∆𝑝 0,0155 28,37²
= = ∙
𝐿 𝐷 2 𝐿 0,0748 0,08257 ∙ 2

∆𝑝
= 1009,9 𝑃𝑎/𝑚
𝐿
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Considerações de ordem prática permitem simplificar o
projeto, sem afetar significativamente os resultados.
 A seguir serão discutidos critérios de projeto das distintas
linhas de refrigerante da instalação frigorífica.
 Tais critérios, de larga aplicação industrial, são
fundamentalmente de origem prática, aliando simplicidade a
resultados satisfatórios.
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Linha de aspiração do compressor:

 O critério de dimensionamento impõe uma queda máxima na


temperatura de saturação variando entre 0,5 e 2 °C.
 A ocorrência de um trecho de linha vertical ascendente em
sistemas de refrigerantes halogenados pode determinar o
abandono do critério, uma vez que, por questões de retorno o
óleo ao compressor, a velocidade do vapor nesses trechos deve
apresentar um limite mínimo.
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Linha de descarga do compressor:

 Neste caso, a queda na temperatura de saturação não afeta


tanto a potência de compressão. Valores na faixa de 1 a 3 °C são
normalmente adotados.
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Linha de líquido de alta pressão:

 Em princípio, a perda de carga não constitui um problema, uma


vez que a pressão do refrigerante deverá ser reduzida no
dispositivo de expansão.
 Problemas podem aparecer caso a perda de carga seja
suficientemente elevada a ponto de saturar o líquido, com
formação de vapor.
 O critério de dimensionamento toma por base a velocidade do
líquido, que deve ser mantida na faixa entre 1 e 2,5 m/s.
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Linha de retorno da mistura bifásica ao separador de líquido:

 A linha de retorno ao separador de líquido em sistemas com


recirculação se caracteriza pelo escoamento de uma mistura bifásica.
 O cálculo da perda de carga é complexo, de modo que o procedimento
adotado é dimensionar a tubulação como se só houvesse escoamento
de vapor.
 Para incluir o efeito do líquido os projetistas sugerem a adoção de um
diâmetro imediatamente superior àquele do dimensionamento
prévio.
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Linha de gás quente de degelo:

 Um dimensionamento adequado dessas linhas começa por uma


estimativa da vazão de gás quente que deverá circular pelos
evaporadores.
 Uma prática usual consiste em estimar a vazão como o dobro
da vazão de refrigerante em operação normal.
 A partir desse dado, o dimensionamento pode ser facilmente
efetuado se a velocidade do gás quente for conhecida.
Tubulações
 Dimensionamento da tubulação:
 Linha de gás quente de degelo:

 Hansen recomenda velocidades da ordem de 15 m/s para


tubulações de amônia, em que o gás circule à temperatura de
21 °C.
 Em sistemas com múltiplos evaporadores a vazão de gás pode
ser estimada com base na hipótese de que, no máximo, a
metade dos mesmos é degelada simultaneamente.
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 2:

 Determine o diâmetro da linha de líquido de uma instalação


frigorífica para operar com o refrigerante R-404a, a uma
temperatura de condensação de 45 °C. O refrigerante entra na
linha de líquido 5°C sub-resfriado. Sabe-se que a linha tem 20
metros de comprimento e a vazão de refrigerante é de 0,1 kg/s.
Como critério de dimensionamento, sugere-se que a perda de
carga, em termos de redução da temperatura de saturação do
refrigerante, seja limitada a 2 °C.
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 2 - resolução:
Propriedades em 40 °C
∆𝑝𝑚𝑎𝑥 = 𝑝45 − 𝑝43
𝜇 = 0,0001128 𝑃𝑎 ∙ 𝑠

∆𝑝𝑚𝑎𝑥 = 2058,3 − 1964,2 𝑣 = 1,12844 𝑑𝑚3 /𝑘𝑔

∆𝑝𝑚𝑎𝑥 = 94,1 𝑘𝑃𝑎 Teremos um cálculo iterativo, precisamos


estimar o diâmetro e comparar a perda de
carga com a máxima admissível.
𝐿 𝜌𝑉 2
∆𝑝 = 𝑓
𝐷 2
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 2 - resolução:

Estimando um diâmetro de 40 mm. 𝜌∙𝑉∙𝐷 𝑉∙𝐷


𝑅𝑒 = =
𝑄 = 𝑚ሶ ∙ 𝑣 𝜇 𝑣∙𝜇

𝑄 = 0,1 ∙ 1,12844 ∙ 10−3 0,09 ∙ 0,04


𝑅𝑒 =
1,12844 ∙ 10−3 ∙ 0,0001128
𝑄 = 1,12844 ∙ 10−4 𝑚3 /𝑠
𝑅𝑒 = 28282,3
4 ∙ 1,12844 ∙ 10−4
𝑉= 𝑒 0,0000015
𝜋0,042 =
𝐷 0,04
𝑉 = 0,09 𝑚/𝑠 𝑒
= 0,0000375
𝐷
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 2 - resolução:

𝑓 = 0,023
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 2 - resolução:

𝐿 𝜌𝑉 2
∆𝑝 = 𝑓
𝐷 2

20 0,09²
∆𝑝 = 0,023 ∙ ∙
0,04 2 ∙ 1,12844 ∙ 10−3

∆𝑝 = 41,3 𝑃𝑎
Tubulações
 Perda de carga em tubos de seção circular
 Exemplo 2 - resolução:

D [mm] V [m/s] Re f ∆𝒑 [Pa]


40 0,09 28282 0,023 41,3
20 0,36 56437,9 0,0195 1119,8
10 1,44 112876 0,0175 32157,7
8 2,24 140783 0,017 94488

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