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RELATÓRIO

ANUAL DE
SEGURANÇA
FORTALEZA

VIÁRIA 2020
RELATÓRIO
ANUAL DE
SEGURANÇA
FORTALEZA

VIÁRIA 2020

2a EDIÇÃO
MAIO/2021
EQUIPE TÉCNICA
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA
José Sarto Nogueira - Prefeito
José Élcio Batista - Vice-prefeito

SECRETARIA DE CONSERVAÇÃO E SERVIÇOS PÚBLICOS | SCSP


Ferruccio Feitosa - Secretário
Laudélio Bastos - Secretário Executivo

AUTARQUIA MUNICIPAL DE TRÂNSITO E DE CIDADANIA DE FORTALEZA | AMC


Juliana Coelho - Superintendente
Disraelli Brasil - Superintendente Adjunto

CENTRAL DA MOBILIDADE PARA PRESERVAÇÃO DE VIDAS NO TRÂNSITO


Lélio Ivo do Vale - Gerente da Central da Mobilidade
Caio Torres - Coordenador da Segurança no Trânsito
Marcos Antônio Ferreira - Pesquisador
Raquel Coelho - Pesquisadora
Heli Teixeira - Pesquisador

TRANSITAR CONSULTORIA
Janailson Sousa - Diretor Executivo
André Medeiros - Gerente de Planejamento
Daniel Castro - Gerente de Projetos
Caio Torres - Consultor em Transportes

DIAGRAMAÇÃO
Daniel Pereira Vasconcelos
Diego Henrique Oliveira de Paiva

ELABORAÇÃO REALIZAÇÃO AGRADECIMENTO


SUMÁRIO
01. INTRODUÇÃO 09

02. SUMÁRIO EXECUTIVO 10

03. FORTALEZA EM NÚMEROS 11-13

04. ACIDENTES TOTAIS 2019 14-29

05. PERFIL DAS VÍTIMAS FATAIS E FERIDAS 30-35

06. INDICADORES OMS 36-40

07. CUSTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS 41-42

08. PONTOS CRÍTICOS 43-44

09. FATORES DE RISCO 45-57

10. POLÍTICAS & AÇÕES IMPLEMENTADAS 58-81

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82


PREFÁCIO
DO PREFEITO
Reduzir o risco de lesões e salvar vidas no trânsito são princípios que têm norteado as políticas de
mobilidade urbana de Fortaleza. Um compromisso firmado nos últimos anos e reafirmado pela
atual gestão. Os desafios são imensos, mas os resultados apontam que estamos no caminho
certo. Pelo sexto ano consecutivo, a Capital registrou redução no número de mortos no trânsito.
De 2014 a 2020, a taxa de mortalidade nas nossas vias passou de 14,7 a 7,2, uma redução de 51%
no número de mortes para cada 100 mil habitantes.

Passeando pela Cidade, é possível identificar inúmeras demonstrações do nosso dever com a
segurança viária. Implementação de faixas exclusivas de ônibus, aumento da malha cicloviária,
estímulo ao uso de bicicletas, implantação de faixas elevadas para pedestres, padronização de
calçadas em grandes corredores urbanos e favorecimento da caminhabilidade são algumas das
ações que vêm sendo realizadas.

Os esforços tornaram Fortaleza uma das poucas cidades no País a atingir antecipadamente a
meta estipulada pela ONU para a Década de Ação pela Segurança Viária, por ter reduzido pela
metade a taxa de mortalidade no trânsito entre os anos 2010 e 2020. Agora, temos novos desafios.
Para esta década, de 2021 a 2030, a meta é continuar diminuindo o número de lesões e mortes
no trânsito. A principal estratégia proposta durante a Conferência Global da ONU é o controle
de velocidade nas vias, priorizando aquelas com maior concentração de usuários vulneráveis e
intensa circulação de veículos. Um trabalho já iniciado por aqui.

Com diálogo e ações de sensibilização, queremos engajar toda a sociedade na adoção de


comportamentos seguros no trânsito, para seguirmos avançando nas estatísticas. Além das
políticas para a proteção dos mais vulneráveis, como pedestres e ciclistas, serão intensificadas
as ações com foco em motociclistas. Continuaremos investindo em infraestrutura, fiscalização e
ações educativas, adotando iniciativas comprovadamente eficazes para a prevenção de sinistros
com lesões. Partimos do consenso de que nenhuma morte no trânsito é aceitável. Uma cidade
mais humana, moderna e inclusiva passa por um trânsito mais seguro para todos.

JOSÉ SARTO
Prefeito de Fortaleza

06 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


PREFÁCIO
DO SECRETÁRIO DA SCSP
Muito me honra a tarefa que o prefeito Sarto Nogueira me confiou, que é gerir a Secretaria
Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP), na qual um dos muitos desafios é cuidar
da mobilidade urbana e do trânsito da quinta maior cidade brasileira. Fortaleza tem hoje cerca de
2,6 milhões de habitantes, uma frota de quase 1,2 milhão de veículos e malha viária de 4.400 km.

Nosso foco são as pessoas. Por isso, trabalhamos constantemente para a transformação da
mobilidade em Fortaleza, adaptando as boas práticas ao contexto local, implantando um novo
paradigma, que visa priorizar os usuários mais vulneráveis e que os cidadãos cada vez mais se
apropriem dos espaços públicos, entendendo que estes locais são a extensão das suas casas.

Por meio da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), temos realizado projetos e ações
em eixos multimodais, que reduzem significativamente os sinistros de trânsito. Aqui destaco
algumas dessas iniciativas: expansão da malha cicloviária, manutenção e ampliação de estações
de bicicletas compartilhadas, instalação de paraciclos, renovação da sinalização, readequação
da velocidade para 50 km/h em vias, implantação de binários, Áreas de Trânsito Calmo, novos
semáforos, construção de travessias elevadas para pedestres, novas lombadas e tachões
refletivos em cruzamentos, que servem como redutores de velocidade.

Todo o esforço aplicado vem rendendo muitos frutos, mas o resultado mais valioso são 754 vidas
salvas no trânsito entre 2014 e 2020. No período,, fica constatado que reduzimos o índice de
mortes no trânsito em cerca de 51% em 2020, diminuindo para 7,2 mortes para cada 100 mil
habitantes.

O presente relatório reúne importantes informações que ajudaram e ajudarão a gestão da


segurança viária a planejar as ações, bem como sabermos onde chegamos e para onde iremos.
Tenho conhecimento do esforço e dedicação empenhada para a consolidação dessas informações
tão relevantes. Por isso, meu muito obrigado aos órgãos envolvidos e a todos que, de alguma
forma, contribuíram para a concretização do Relatório Anual de Segurança Viária 2020. Não
tenho dúvidas que juntos continuaremos construindo um trânsito mais seguro e uma Fortaleza
cada vez melhor para se viver.

FERRUCCIO FEITOSA
Secretário Municipal da Conservação e Serviços Públicos

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 07


PREFÁCIO
DA SUPERINTENDENTE
DA AMC
Tenho em minhas mãos a grande responsabilidade de dar continuidade a um legado transformador
que mudou nossa cidade. Uma quebra de paradigma que tornou Fortaleza mais viva ao priorizar
novas formas de deslocamento sustentáveis, seguras e humanizadas.

Ao desenvolver ações educativas, de engenharia e fiscalização, fomos invertendo a lógica de


planejar o trânsito apenas para condutores de automóveis. Era preciso ir além: investir em políticas
públicas que garantem um ir e vir a todos com igualdade e segurança.

Demos vez e voz ao pedestre, ao ciclista, aos passageiros de transporte coletivo, que passaram
a realizar suas viagens com maior rapidez, além dos motociclistas - usuários sempre tão
vulneráveis a sinistros. Hoje, com tantos avanços consolidados e uma nítida mudança de cultura
dos fortalezenses , posso dizer que estamos no caminho certo. O nosso maior desafio, entretanto,
é continuar reduzindo a taxa de mortalidade no trânsito que caiu pela metade nos últimos anos.
A segurança viária reflete um conjunto de fatores que alia o desenho urbano, isto é, intervenções
que tornam as vias mais seguras, à coibição de comportamentos inadequados e à educação, que
aproxima a população e o poder público na busca pela redução da violência no trânsito.

O sentimento de pertencer à cidade, ao trânsito e às ruas é essencial para que possamos alcançar
resultados e construir um trânsito mais humano e justo.

JULIANA COELHO
Superintendente da AMC

08 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


01. INTRODUÇÃO
Monitorar as tendências da morbimortalidade no trânsito
DEFINIÇÕES é papel central da Prefeitura de Fortaleza, possibilitando
a orientação de estratégias para prevenção de mortes
IMPORTANTES: de lesões no trânsito. O presente relatório reúne as
estatísticas oficiais consolidadas pela Autarquia Municipal
A partir deste Relatório Anual de de Trânsito e Cidadania (AMC), além de outros indicadores
Segurança Viária o termo “Acidente que possibilitam um amplo conhecimento sobre a evolução
de Trânsito” é substituído por desta problemática em Fortaleza. O Relatório Anual de
“Sinistros de Trânsito”. Por definição Segurança Viária é um documento estratégico para engajar
a palavra acidente remete a os atores diretamente e indiretamente relacionados ao
algo imprevisto ou fortuito. A tema, pois traz de forma clara um panorama da dimensão
manutenção desse termo induz
dramática do problema da violência no trânsito em
a percepção de que as mortes
no trânsito não são evitáveis e de
Fortaleza, sendo este conhecimento um ponto de partida
que nada poderia ser feito para para o fomento à mudança nos processos de gestão da
preveni-las. Acredita-se, portanto, Segurança no Trânsito e à mudança de comportamento de
que essa mudança no vocabulário todos (população, iniciativa privada, sociedade organizada
é importante para induzir e poder público).
alteração na atitude dos técnicos
e da sociedade em relação ao É importante destacar que 2020 foi um ano bastante
problema da segurança no trânsito atípico onde o mundo foi assolado por uma crise global
e disseminar a compreensão de sem precedentes, a pandemia da COVID-19. Neste cenário
que os mortos e feridos graves no
em que milhões de vidas estão sendo perdidas, aumentou
trânsito são evitáveis. Em 2020, a
Associação Brasileira de Normas
a pressão sobre sistemas de saúde, alterou a mobilidade
Técnicas (ABNT) oficializou a nova urbana e reforçou a necessidade de fazermos o que
terminologia a partir da NBR 10697. estiver ao nosso alcance para promover mais segurança e
qualidade de vida nas cidades.
Além do uso de máscaras e higienização das mãos, uma das principais medidas para conter a
proliferação do vírus foram aquelas que determinam o isolamento social. Esta medida alterou
drasticamente os padrões de deslocamento no mundo todo e, em Fortaleza, não foi diferente.
Medidas de contingência como home-office, quarentenas e fechamento de comércios e outras
atividades, esvaziaram as ruas de Fortaleza. Embora tenham ocorrido devido à pandemia,
essas restrições reduziram a exposição das pessoas, e, consequentemente, a frequência de
sinistros e números de vítimas. Contudo, o aumento da não conformidade às regras de trânsito
no período, como: o excesso de velocidade, a não utilização dos dispositivos de segurança e o
desrespeito ao sinal vermelho, têm aumentado o risco de lesão no trânsito na cidade.

Neste relatório, serão abordados os padrões espaço-temporais dos sinistros (Capítulo 4),
o perfil das vítimas envolvidas (Capítulo 5), a evolução de Fortaleza a partir das métricas
utilizadas pela Organização Mundial da Saúde (Capítulo 6), os custos que as mortes e lesões
no trânsito representam para a sociedade (Capítulo 7), os cruzamentos críticos da cidade e
medidas de tratamento (Capítulo 8), o monitoramento dos fatores de risco (Capítulo 9) e as
ações empreendidas para mitigação da problemática (Capítulo 10).

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 09


02. SUMÁRIO EXECUTIVO
NO No Relatório Global sobre o Estado de Segurança Viária 2018, publicado pela Organização
MUNDO Mundial da Saúde, estima-se que aproximadamente 1,35 milhões de pessoas morrem
em decorrência de sinistros de trânsito anualmente, uma média de 1 morte a cada 25
segundos. Para a população de 5 a 29 anos, sinistros de trânsito já são a principal causa
da morte. Este indicadores colocaram o tema das mortes no trânsito como emergência
mundial. Governos de vários países se comprometeram em implementar políticas para
reduzir as mortes no trânsito em 50% até 2030.

NO De acordo com o DATASUS, no Brasil, em 2019, 31.945 pessoas morreram em decorrência


BRASIL de sinistros de transporte terrestre (V00-V89), o que denota uma taxa de 15,14 pessoas
a cada 100.000 habitantes, sendo maior do que Argentina (12,3) e Chile (10,5) e quase
seis vezes a taxa da Suécia (2,59). Para a população entre 5 a 14 anos, lesões no trânsito
são a principal causa de morte, e a segunda causa para a população entre 15 a 49 anos.

EM Em 2020, 9.941 sinistros com vítimas foram registrados no SIST, sendo 1.142 atropelamentos,
FORTALEZA onde o principal veículo atropelador foi o carro de passeio, aparecendo em 43,8%% dos casos.
Os meses com mais ocorrências com vítimas foram dezembro (10,84%) e novembro (9,91%),
e, durante a semana, os dias que apresentam maior número absoluto de ocorrências foram
o Sábado (1º), a Sexta-feira (2º) e o Domingo (3º). As faixas horárias que concentram maior
número de ocorrências com vítimas feridas ou fatais são de 17h às 20h e de 7h às 9h.

O número de vítimas fatais foi de 193, 2,5% menor do que no ano de 2019. 92,2% das vítimas
fatais são usuários considerados vulneráveis no trânsito (condutores e passageiros de
motocicletas, ciclistas e pedestres). O principal tipo de usuário a morrer no trânsito, em 2020,
foi o ocupante de motocicleta (representado 51,8%, somando condutores e passageiros),
estando o Pedestre em segundo lugar (32,1%). O perfil básico da vítima fatal em Fortaleza é
Motociclista, Homem, de 30 a 59 anos, seguido de pedestre, homem com mais de 60 anos.
Estima-se que, para 2020, os custos diretos e indiretos relacionados a sinistros de trânsito
foram da ordem de 523 milhões. A taxa de mortalidade na capital foi de 7,2 mortes/100.000
habitantes, mostrando uma diminuição de 2,7% em relação a 2019 e de 51,7% quando
comparado com o indicador de 2010.

A tendência de diminuição do risco de morte por sinistro de trânsito de Fortaleza fez da cidade
uma das poucas do mundo a atingir a meta da primeira Década de Ação pela Segurança
no Trânsito. Existe agora um novo desafio, tendo em vista que a ONU proclamou a segunda
Década de Ação com a meta de reduzir, novamente, 50% as mortes no trânsito até 2030.

FONTES DE DADOS E INFORMAÇÕES


Os dados aqui utilizados foram compilados pelo Sistema de Informação de Sinistros de Trânsito de
Fortaleza – SIST, gerenciado pela Autarquia Municipal de Trânsito e de Cidadania de Fortaleza - AMC.

O SIST integra informações coletadas pelos agentes de trânsito da AMC e as consolida com outras
informações advindas dos seguintes órgãos: Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança -
CIOPS; Perícia Forense do Ceará - PEFOCE; Instituto Dr. José Frota - IJF; Polícia Rodoviária Estadual
do Ceará - PRE; Polícia Rodoviária Federal - PRF; Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU e
o Sistema de Informações de Mortalidade - SIM gerenciado pela Secretaria Municipal de Saúde - SMS.

10 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


03. FORTALEZA EM NÚMEROS
A cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará,
é a 5ª maior cidade do país, com uma população
estimada para o ano de 2020 de 2.686.612
MORTALIDADE
milhões de habitantes e uma área total de 312,2
km². Sua densidade é de aproximadamente
NO TRÂNSITO:
8.605,4 habitantes/km², a maior do país. Em 2016, as mortes por Sinistros de
Transporte Terrestre representavam a 6ª
A cidade possui aproximadamente 4.400 km de causa de morte para os fortalezenses,
extensão de malha viária e uma frota de veículos caindo 10 posições, em 2020 é a 16ª causa,
estimada em 1.177.176 veículos, em dezembro como visto na Tabela 01. Esta evolução
de 2020, segundo Departamento de Trânsito positiva a nível local em Fortaleza não segue
a tendência mundial, onde a Organização
do Estado do Ceará (DETRAN, 2021). 27,7% dos
Mundial da Saúde prevê que, até 2050, as
veículos registrados são veículos de 2 ou 3 rodas lesões por sinistros de trânsito passem a
(Motocicletas, Ciclomotores e Motonetas). ser a 5ª principal causa de morte para a
população global caso políticas de promoção
Nos últimos 10 anos registramos um aumento para a segurança no trânsito não sejam
de 65% da frota de veículos em geral, enquanto implantadas.
para veículos de 2 ou 3 rodas esse aumento foi
de um pouco mais que o dobro para o mesmo
período. Atualmente a capital apresenta uma POPULAÇÃO DE
taxa de motorização de 2,28 hab./veículo. FORTALEZA
2.686.612
habitantes
(IBGE, 2020)
5ª MAIOR DO PAÍS

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 11


TABELA 01 RANKING DE CAUSAS DE MORTE EM FORTALEZA (SMS, 2021)

ORDEM* 2016 2017 2018 2019 2020

1ª AVC HOMICÍDIOS HOMICÍDIOS AVC COVID-19

2ª HOMICÍDIOS AVC AVC PNEUMONIAS HOMICÍDIOS

INFARTO AGUDO DO
3ª PNEUMONIAS PNEUMONIAS PNEUMONIAS
MIOCÁRDIO AVC

INFARTO AGUDO DO INFARTO AGUDO INFARTO AGUDO DO


4ª MIOCÁRIO DO MIOCÁRIO MIOCÁRIO
HOMICÍDIOS PNEUMONIAS

CÂNCER DE BRÔNQUIOS CÂNCER DE BRÔNQUIOS CÂNCER DE BRÔNQUIOS CÂNCER DE BRÔNQUIOS


5ª INFARTO DO MIOCÁDIO
E PULMÕES E PULMÕES E PULMÕES E PULMÕES

6ª SINISTROS DE TRÂNSITO DIABETES MELLITUS ALZHEIMER ALZHEIMER DIABETES MELLITUS

7ª DIABETES MELLITUS ALZHEIMER DIABETES MELLITUS DIABETES MELLITUS ALZHEIMER

8ª OUTRAS DPOC OUTRAS DPOC OUTRAS DPOC OUTRAS DPOC CÂNCER DE BRÔNQUIOS
E PULMÕES
DOENÇA ISQUÊMICA
9ª ALZHEIMER SINISTROS DE TRÂNSITO CARDIOMIOPATIAS CÂNCER DE MAMA
CRÔNICA DO CORAÇÃO

10ª CÂNCER DE MAMA CÂNCER DE MAMA CÂNCER DE MAMA CARDIOMIOPATIAS DOENÇA ISQUÊMICA
CRÔNICA DO CORAÇÃO
DOENÇA ISQUÊMICA
11ª INSUFICIÊNCIA CARDÍACA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CÂNCER DE MAMA PARADA CARDÍACA
CRÔNICA DO CORAÇÃO
DOENÇA ISQUÊMICA
12ª CÂNCER DE ESTÔMAGO SINISTROS DE TRÂNSITO CÂNCER DE ESTÔMAGO INSUF. CARDÍACA
CRÔNICA DO CORAÇÃO

DOENÇA ISQUÊMICA
13ª QUEDA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA OUTRAS DPOC
CRÔNICA DO CORAÇÃO

14ª OUTRA SEPTICEMIAS PARADA CARDÍACA CÂNCER DE ESTÔMAGO DEMÊNCIA DOENÇA CARDÍACA
HIPERTENSIVA

15ª QUEDA CÂNCER ESTÔMAGO QUEDA SINISTROS DE TRÂNSITO CÂNCER DE ESTÔMAGO

OUTROS TRANSTORNOS OUTROS TRANSTORNOS


16ª CARDIOMIOPATIAS CÂNCER DE PRÓSTATA SINISTRO DE TRÂNSITO
DO TRATO URINÁRIO DO TRATO URINÁRIO

*ESTE RANKING CONSIDERA A DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS CAUSAS ESPECÍFICAS DE MORTES, NÃO INCLUINDO CAUSAS NÃO
ESPECIFICADAS OU MAL DETERMINADAS.
DPOC = DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS CRÔNICAS

MORTES POR SINISTROS DE TRÂNSITO


EM DECLÍNIO NOS ÚLTIMOS ANOS

12 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


FORTALEZA
EM NÚMEROS

11.290
SINISTROS

188 9.753
SINISTROS SINISTROS COM
FATAIS VÍTIMAS FERIDAS
UMA PESSOA
193 10.840 MORRE A CADA
VÍTIMAS VÍTIMAS 52 SINISTROS
FATAIS FERIDAS
COM VÍTIMAS
+ 1.349 REGISTRADOS
SINISTROS COM
SOMENTE DANOS
MATERIAIS

1.177.176
VEÍCULOS

EM 4.400 KM 2,28 HAB./VEÍCULO


DE MALHA VIÁRIA TAXA DE MOTORIZAÇÃO

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 13


04. SINISTROS TOTAIS 2020

4.1. QUANTIFICAÇÃO E TIPIFICAÇÃO DE SINISTROS


O capítulo relacionado à caracterização Em 2020 foram registrados pela AMC 11.290
dos sinistros é dividido em três sub-seções, sinistros. Entre 2019 e 2020, houve uma redução
sendo esta a primeira, com o objetivo de de 1,57% no número de sinistros com vítimas fatais.
apresentar a quantificação e a tipificação Em relação aos sinistros com vítimas, observou-
das ocorrências. A segunda sub-seção traz se uma redução de 20,1%. Estas reduções
as distribuições temporais, considerando estão relacionadas à diminuição significativa na
variações mensais, diárias e de faixas exposição dos usuários devido às medidas de
horárias. Por fim, a terceira subseção é restrição de circulação para evitar a proliferação
dedicada aos padrões espaciais dos sinistros, de vírus da Covid-19 em 2020. Com menos
possibilitando a identificação de regiões veículos circulando é esperado uma redução na
críticas na área urbana de Fortaleza. probabilidade de ocorrências de sinistros.

O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE SINISTROS


DE TRÂNSITO DE FORTALEZA (SIST)
Implementado em 2000, o SIST surgiu diante da necessidade de elaboração de estatísticas
confiáveis para orientar a implementação de medidas para a redução do alto índice de
morbimortalidade no trânsito de Fortaleza. O sistema é uma ferramenta fundamental para o
acompanhamento da evolução dos sinistros e a caracterização da problemática da violência do
trânsito na cidade. A partir dele também são realizados a avaliação de alternativas de intervenções
e o monitoramento da situação da violência do trânsito de Fortaleza. O SIST consolida os dados
de sinistros de trânsito dos boletins de atendimentos às ocorrências de trânsito (BOAT), realizados
pelos agentes de trânsito do município com as informações dos demais órgãos que atendem
esse tipo de ocorrência. São eles a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Rodoviária Estadual
(PRE), a Polícia Forense (PEFOCE), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o Instituto
Doutor José Frota (IJF) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), como mostra a Figura 02.

14 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 15
Em 2020, 11,5% das ocorrências comvítimas lesionadasforam registradas como atropelamentos
(FIGURA 06). Devido à vulnerabilidade do pedestre, este tipo de ocorrência é a segunda que
possui maior severidade (FIGURA 07), atrás apenas dos choques com objetos fixos.

UM OLHAR SOBRE
OS ATROPELAMENTOS
Em 2020, foram registrados 1.142 atropelamentos, uma média de 3.1 atropelamentos por
dia. 64 desses casos foram fatais, onde 36% envolveu motocicletas e 44% automóveis de
4 rodas. Em 2020, houve um aumento no percentual de envolvimento de ônibus e veículos
nos atropelamentos em relação ao ano anterior. Para as demais categorias de veículos
observa-se redução. A motocicleta deixou de ser o principal veículo atropelador.

16 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 17
Na Tabela 02, podem ser verificados os tipos de vítimas e veículos envolvidos nas ocorrências que
resultaram em óbitos em 2020. Observa-se uma predominância de veículos leves e motocicletas
envolvidos nos sinistros com vítimas fatais. Esses dois tipos de veículos tem predominância da
frota do município, no entanto, apesar da frota de motocicletas ser a metade da de carros, o
envolvimento em ocorrências com óbito não seguiu essa proporção. Esse levantamento destaca o
risco deste tipo de veículo no trânsito na capital. Em relação ao ano anterior o número de sinistros
fatais com ciclistas envolvendo ônibus caiu de 7 para 1. Uma redução de 86%.

TABELA 02 MATRIZ DE VÍTIMAS FATAIS VS. VEÍCULOS ENVOLVIDOS

VEÍCULO VEÍCULO NÃO TOTAL


LEVE MOTOCICLETA PESADO ÔNIBUS BICICLETA PEDESTRES OBSTÁCULO OUTROS INFORM.

OCUPANTE AUTO 6 1 2 0 0 0 5 2 0 16
OCUPANTE MOTO 21 23 9 10 0 0 22 13 0 98
PEDESTRE 28 23 6 8 0 0 0 0 0 65
CICLISTA 8 1 2 1 1 0 0 0 1 14
TOTAL 63 48 19 19 1 0 27 15 1 193
OBS.: Para 4 das vítimas há 2 veículos relacionados

Analisando a distribuição de sinistros por jurisdição de via e sua severidade (Figuras 11 e 12),
percebe-se que as ocorrências em vias Federais têm aproximadamente 2,5 vezes mais chances
de resultar em fatalidades, comparando com vias municipais e estaduais. As vias federais, muitas
vezes, funcionam como rodovias urbanas, induzindo maiores velocidades ao condutor, o que
pode estar relacionado com os maiores riscos de mortalidade. Destaca-se ainda as medidas de
afrouxamento na legislação, provocado pelo governo federal, nas rodovias federais em 2019, que
podem ter resultado no aumento do risco observado em 2020.

18 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


4.2. DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL DE SINISTROS
As Figuras 13 a 15 trazem a distribuição dos sinistros totais por mês, dia da semana e faixa horária.
As Tabelas de 03 a 06 trazem um mapa de calor tabular, cruzando os dias da semana e as faixas
horárias, possibilitando identificar períodos críticos. A distribuição por mês apresentou uma redução
significativa no número de sinistros a partir do mês de março, quando a cidade precisou passar por
severas medidas de restrição de circulação no esforço de reduzir a proliferação da Covid-19. Após
o início do processo de retomada econômica, percebe-se um aumento gradual na frequência de
sinistros, retomando o mesmo patamar do nível pré-pandemia, a partir de agosto de 2020.

A distribuição dos sinistros por dias da semana mostra que o pico de ocorrências se dá às sextas e
finais de semana, período onde o consumo de álcool é comumente mais intenso e, também, quando
as vias estão mais livres possibilitando o desenvolvimento de maiores velocidades. A partir da
distribuição dos sinistros por faixa horária, nota-se uma relação positiva com o fluxo de veículos. Os
picos de registros de sinistros seguem a mesma tendência da distribuição do volume medio diário
anual (VDMA), variável que caracteriza a sua exposição.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 19


SINISTROS DE TRÂNSITO
E A PANDEMIA DO COVID-19
Apesar da diminuição na frequência de sinistros em 2020, percebe-se um aumento no risco
relativo destas ocorrências. Se levado em conta o índice proporcional mensal, ou seja, a
quantidade de sinistros com vítimas relativizado pela exposição (VDMA) de um determinado
mês, observa-se um risco maior em relação aos anos anteriores. O risco de 2020 foi, em média,
18,2% maior, principalmente no período em que houve restrições mais severas de circulação de
veículos devido a pandemia da Covid-19 (segundo e terceiro semestre de 2020).

No 2º trimestre, o risco de morte no trânsito teve um aumento de aproximadamente 80% em


relação ao mesmo período de 2019. É importante ressaltar que esse fenômeno aconteceu
também em diversas cidades do mundo. Estudos atribuíram este efeito aos seguintes fatores:
aumento de infrações (excesso de velocidade e avanço semafórico); redução nas operações de
fiscalização; perfil de risco dos condutores nas ruas (aqueles mais cautelosos e idosos obedecem
mais às medidas de restrições) e a maior quantidade de motocicletas por conta de aumento da
demanda de serviços de deliverys.

20 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


As matrizes a seguir trazem os sinistros desagregados por dia da semana e faixa horária, possibilitando
identificação de padrões semanais nos números absolutos de ocorrências registradas e suas relações.

TABELA SINISTROS COM VÍTIMAS

03 FERIDAS OU FATAIS

A FAIXA HORÁRIA MAIS CRÍTICA


TABELA SINISTROS ENVOLVENDO PARA SINISTROS ENVOLVENDO
04 MOTOCICLISTAS COM VÍTIMAS
FERIDAS OU FATAIS
MOTOCICLISTAS FOI DE 7H ÀS
9H E 17H ÀS 20H
TABELA SINISTROS ENVOLVENDO

05 CICLISTAS COM VÍTIMAS


FERIDAS OU FATAIS

TABELA ATROPELAMENTOS A FAIXA HORÁRIA MAIS CRÍTICA


06 COM VÍTIMAS FERIDAS
OU FATAIS
PARA ATROPELAMENTOS FOI DE
18H ÀS 21H

TABELA 03 SINISTROS COM VÍTIMAS FERIDAS OU FATAIS

HORA SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO TOTAL

0H ÀS 1H 30 15 22 16 26 36 54 199
1H ÀS 2H 18 10 8 13 19 37 42 147
2H ÀS 3H 9 3 18 8 15 26 46 125
3H ÀS 4H 6 3 4 4 7 21 26 71
4H ÀS 5H 12 6 9 6 9 29 23 94
5H ÀS 6H 24 18 22 21 12 22 33 152
6H ÀS 7H 66 52 55 61 62 38 37 371
7H ÀS 8H 100 83 103 121 89 63 36 595
8H ÀS 9H 88 88 87 84 70 67 35 519
9H ÀS 10H 70 68 69 67 75 65 43 457
10H ÀS 11H 77 78 59 71 69 79 56 489
11H ÀS 12H 74 61 66 66 78 76 42 463
12H ÀS 13H 72 68 69 71 62 101 58 501
13H ÀS 14H 74 60 69 68 62 89 80 502
14H ÀS 15H 67 57 64 75 90 74 55 482
15H ÀS 16H 84 63 87 91 82 111 72 590
16H ÀS 17H 85 88 77 72 89 85 78 574
17H ÀS 18H 117 90 87 106 109 93 85 687
18H ÀS 19H 118 85 110 98 120 105 114 750
19H ÀS 20H 85 80 93 85 95 108 102 648
20H ÀS 21H 47 61 54 73 83 85 90 493
21H ÀS 22H 38 41 41 46 85 94 86 431
22H ÀS 23H 25 25 47 46 64 76 70 353
23H ÀS 24H 21 16 26 18 47 63 57 248
TOTAL 1.407 1.1.219 1.346 1.387 1.519 1.643 1.420 9.941

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 21


SINISTROS ENVOLVENDO MOTOCICLISTAS
TABELA 04
COM VÍTIMAS FERIDAS OU FATAIS

HORA SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO TOTAL

0H ÀS 1H 22 9 13 12 21 21 43 141
1H ÀS 2H 11 7 5 6 13 25 31 98
2H ÀS 3H 5 1 11 3 11 18 33 82
3H ÀS 4H 3 2 2 2 4 13 16 42
4H ÀS 5H 4 4 6 3 4 20 11 52
5H ÀS 6H 14 12 16 14 8 16 20 100
6H ÀS 7H 46 41 43 48 43 24 25 270
7H ÀS 8H 79 70 82 93 66 55 27 472
8H ÀS 9H 70 77 72 65 50 52 21 407
9H ÀS 10H 59 55 55 48 59 44 26 346
10H ÀS 11H 61 63 40 55 55 56 39 369
11H ÀS 12H 55 54 48 47 62 60 30 356
12H ÀS 13H 58 54 54 57 42 75 43 383
13H ÀS 14H 55 47 56 51 40 69 52 370
14H ÀS 15H 52 39 43 53 72 52 35 436
15H ÀS 16H 65 47 67 73 66 94 42 454
16H ÀS 17H 60 63 60 55 58 65 51 412
17H ÀS 18H 80 61 62 82 77 66 59 487
18H ÀS 19H 82 62 66 67 82 65 68 492
19H ÀS 20H 61 54 73 59 64 73 65 449
20H ÀS 21H 32 41 35 45 58 54 68 333
21H ÀS 22H 21 25 28 30 61 69 60 294
22H ÀS 23H 19 18 33 30 42 56 55 253
23H ÀS 24H 16 9 19 13 34 46 35 172
TOTAL 1.030 915 989 1.011 1.092 1.188 955 7.180

SINISTROS ENVOLVENDO CICLISTAS


TABELA 05
COM VÍTIMAS FERIDAS OU FATAIS

HORA SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO TOTAL

0H ÀS 1H 2 1 1 0 0 2 2 8
1H ÀS 2H 0 0 0 0 0 1 1 2
2H ÀS 3H 1 1 1 1 1 1 3 9
3H ÀS 4H 0 0 0 1 0 0 1 2
4H ÀS 5H 0 0 1 0 0 2 1 4
5H ÀS 6H 0 0 1 1 0 1 3 6
6H ÀS 7H 7 3 3 6 8 1 3 31
7H ÀS 8H 7 3 6 4 12 2 1 35
8H ÀS 9H 7 3 3 4 6 3 3 29
9H ÀS 10H 3 4 1 6 3 5 4 26
10H ÀS 11H 1 5 2 3 4 10 3 28
11H ÀS 12H 7 0 1 3 4 3 4 22
12H ÀS 13H 5 7 5 5 4 6 4 36
13H ÀS 14H 2 1 2 3 2 3 6 19
14H ÀS 15H 2 5 4 5 4 6 6 32
15H ÀS 16H 4 4 4 3 1 5 7 28
16H ÀS 17H 9 8 5 5 8 3 8 46
17H ÀS 18H 8 14 6 5 10 4 13 60
18H ÀS 19H 12 7 13 7 6 11 17 73
19H ÀS 20H 5 4 2 11 4 12 8 46
20H ÀS 21H 5 6 3 7 6 9 6 42
21H ÀS 22H 3 5 3 6 7 7 5 36
22H ÀS 23H 3 0 2 2 5 4 7 23
23H ÀS 24H 1 1 3 1 1 4 5 16
TOTAL 94 82 72 89 96 105 121 659

22 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


ATROPELAMENTOS COM VÍTIMAS
TABELA 06
FERIDAS OU FATAIS

HORA SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO TOTAL

0H ÀS 1H 4 3 3 0 6 4 5 25
1H ÀS 2H 1 2 1 2 0 6 2 14
2H ÀS 3H 0 0 5 2 1 0 1 9
3H ÀS 4H 2 0 1 0 1 3 0 7
4H ÀS 5H 3 1 1 1 0 2 1 9
5H ÀS 6H 3 1 0 2 1 2 4 13
6H ÀS 7H 6 8 8 4 6 4 2 38
7H ÀS 8H 7 5 4 10 7 6 4 43
8H ÀS 9H 7 5 4 8 8 4 5 41
9H ÀS 10H 7 5 12 4 7 11 5 51
10H ÀS 11H 8 7 8 10 7 8 4 52
11H ÀS 12H 8 5 4 6 4 4 4 35
12H ÀS 13H 9 5 6 4 8 7 5 44
13H ÀS 14H 6 3 5 8 4 12 8 46
14H ÀS 15H 8 5 7 8 5 6 6 45
15H ÀS 16H 12 6 4 8 5 6 9 50
16H ÀS 17H 12 10 7 9 11 13 6 68
17H ÀS 18H 22 10 8 9 19 10 6 84
18H ÀS 19H 20 16 14 12 30 23 17 132
19H ÀS 20H 13 18 26 11 14 17 19 118
20H ÀS 21H 5 5 15 11 14 13 13 73
21H ÀS 22H 9 7 7 7 9 15 15 69
22H ÀS 23H 1 3 9 5 10 9 6 43
23H ÀS 24H 2 4 1 4 4 12 6 33
TOTAL 175 134 160 146 177 197 153 1.142

4.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SINISTROS


Os mapas de calor a seguir, apresentam-se como uma ferramenta para identificação de
padrões espaciais de concentração de ocorrências. A espacialização dos sinistros, juntamente
com a identificação dos períodos críticos, possibilitam uma orientação mais eficiente de ações de
fiscalização e educação em zonas de intensidades críticas identificadas.

É importante pontuar que os mapas de calor possibilitam uma análise comparativa entre as
diferentes densidades para um mesmo mapa, porém, para cada mapa gerado, há diferenciação de
escala, não sendo recomendada a comparação destas intensidades entre os mapas apresentados.

MAPA MAPA
SINISTROS COM VÍTIMAS FATAIS SINISTROS FATAIS COM
01 OU FERIDAS 04 MOTOCICLISTAS

MAPA MAPA
SINISTROS COM VÍTIMAS FATAIS ATROPELAMENTOS COM
02 05 VÍTIMAS FATAIS OU FERIDAS

MAPA MAPA
SINISTROS FATAIS OU FERIDOS SINISTROS FATAIS
03 COM MOTOCICLISTAS 06 OU FERIDOS COM CICLISTAS

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 23


MAPA 01
SINISTROS COM VÍTIMAS FATAIS OU FERIDAS

2.5 0 2.5 5 7.5 10km

24 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


MAPA 02
SINISTROS COM VÍTIMAS FATAIS

2.5 0 2.5 5 7.5 10km

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 25


MAPA 03
SINISTROS FATAIS OU FERIDOS COM MOTOCICLISTAS

2.5 0 2.5 5 7.5 10km

26 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


MAPA 04
SINISTROS FATAIS COM MOTOCICLISTAS

2.5 0 2.5 5 7.5 10km

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 27


MAPA 05
ATROPELAMENTOS COM VÍTIMAS FATAIS OU FERIDAS

2.5 0 2.5 5 7.5 10km

28 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


MAPA 06
SINISTROS FATAIS OU FERIDOS COM CICLISTAS

2.5 0 2.5 5 7.5 10km

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 29


05. PERFIL DAS VÍTIMAS

FERIDAS

Em 2020, foram registradas 10.840 vítimas lesionadas, representando uma redução de 21,9%
em comparação com 2019 (Figura 17). Os ocupantes de motocicletas (condutores e passageiros)
permanecem como as principais vítimas lesionadas, seguidos usuários pedestres (Figura 18).

É importante destacar que a metodologia de coleta e análise dos dados para vítimas feridas foi aprimorada
em 2016, o que pode refletir no aumento observado do número de vítimas feridas registrada no SIST.
Assim, há de se ter cautela na análise da série histórica, especialmente ao se comparar 2016 a 2020 com
os anos anteriores. Para os anos de 2012, 2013 e 2014 há somente informações sobre vítimas fatais devido
a problemas no processo de consolidação de dados no período.

Obs.: 2 Rodas - Veículo de duas rodas. 4+Rodas - Veículo de quatro ou mais rodas.

30 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


EM 2020, O MAIOR PERÍODO DE
DIAS CORRIDOS SEM REGISTROS
DE VÍTIMAS FATAIS NO TRÂNSITO
FOI DE 9 DIAS NO MÊS DE ABRIL.

FATAIS

Pela sexta vez consecutiva, pode-se observar uma redução no número de mortes no trânsito, havendo
uma diminuição 2,5% entre os anos de 2019 e 2020 (Figura 19). Os ocupantes (condutores e passageiros)
de veículos motorizados de duas ou três rodas (motocicletas, motonetas e ciclomotores) permaneceram
como as principais vítimas fatais, representando mais da metade das fatalidades. Em segundo lugar
aparecem os pedestres, usuários mais vulneráveis no trânsito, com 33,7% das fatalidades. 92% das
vítimas fatais são usuários considerados vulneráveis: pedestres, ciclistas, condutores e passageiros de
motocicletas. Estima-se que entre 2015 e 2020, 756 vidas foram salvas (projeção considerando a média
entre 2011 e 2014).

Obs.: 2 Rodas - Veículo de duas rodas. 4+Rodas - Veículo de quatro ou mais rodas.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 31


FERIDAS

Traz-se, na Tabela 07, uma evolução no número de registros de vítimas feridas por tipo ao longo dos anos. É
importante ressaltar que não é recomendado assumir as mudanças entre 2012 e 2015 como representantes
do fenômeno da sinistralidade em Fortaleza, visto as mudanças metodológicas pelas quais o processo de
consolidação de dados passou neste período. Destaca-se, aqui, que os anos de 2016 a 2020 seguiram a
mesma metodologia e, portanto, são comparáveis.

Observa-se que, desde quando os dados começaram a ser sistematizados, os motociclistas foram, em
todos os anos, a principal vítima lesionada no trânsito da capital, seguidos dos pedestres. Entre 2020 e
2019, registou-se uma redução de 22% na quantidade de vítimas feridas no trânsito. Este resultado foi
essencial para o enfrentamento do colapso do sistema de saúde diante da crise global, sem precedentes,
imposta pela pandemia da Covid-19. Com mais leitos disponíveis, os profissionais de saúde tiveram mais
estrutura e disponibilidade para salvar a vida daqueles que foram acometidos pelo vírus SARS-CoV-2.

TABELA 07 SÉRIE HISTÓRICA DE VÍTIMAS FERIDAS POR TIPO DE USUÁRIO

CONDUT. PASSAG. PASSAG. NÃO TOTAL


ANO MOTOCI. CICLISTA PEDESTRE OUTROS INFORM.
4R. 4 R. 2R.

2004 1.258 752 4.949 678 2.083 2.996 43 402 13.161


2005 1.452 675 5.791 689 2.229 3.085 66 300 14.287
2006 1.559 694 5.955 731 1.990 2.713 65 179 13.886
2007 1.465 666 5.603 792 1.496 2.702 42 297 13.063
2008 1.174 494 5.601 640 1.430 2.261 39 167 11.806
2009 1.091 543 5.749 859 1.296 2.379 5 147 12.069
2010 1.291 515 6.331 815 1.089 2.038 0 36 12.115
2011 1.242 307 5.108 629 623 1.727 5 37 9.678
2012 - - - - - - - - -
2013 - - - - - - - - -
2014 - - - - - - - - -
2015 1.170 179 6.229 243 298 1.141 167 1.697 11.124
2016 3.022 206 9.930 534 673 1.818 913 1.199 18.295

2017 2.507 213 8.232 625 605 1.584 710 1.046 15.522
2018 838 160 7.570 444 652 1.398 561 470 12.093

2019 948 181 8.434 768 825 1.510 622 595 13.883
2020 665 306 6.856 245 633 1.125 336 674 10.840
Obs.: 2R - Veículo de duas rodas. 4R - Veículo de quatro rodas.

AS PRINCIPAIS VÍTIMAS LESIONADAS,


EM TODOS OS ANOS DA SÉRIE HISTÓRICA,
SÃO OS MOTOCICLISTAS

32 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


FATAIS

A Tabela 08 traz a evolução histórica no número absolutos de mortos no trânsito, por tipo de usuário,
desde 2004. Destacamos que nos últimos cinco anos houve uma redução expressiva de 33,1% no número
de ocupantes de motocicletas mortos. Destaca-se, aqui, a relevância das políticas de fiscalização do uso
correto de capacetes e combate à alcoolemia, acompanhadas de campanhas de mídia de massa, bem
como a iniciativas de readequação de velocidade em vias arteriais, que tem efeitos transversais a todos os
usuários, em especial aos vulneráveis.

É importante ressaltar que a série de dados entre os anos de 2012 e 2014 foi completada a partir de um
esforço de registro retroativo, resultando num número maior de “Não Informados”. Recomenda-se comparar
a evolução percentual de cada tipo de usuário ao longo dos anos, excluindo-se os “Não Informados” do
denominador.

TABELA 08 SÉRIE HISTÓRICA DE VÍTIMAS FATAIS POR TIPO DE USUÁRIO

CONDUT. PASSAG. PASSAG. NÃO TOTAL


ANO MOTOCI. CICLISTA PEDESTRE OUTROS INFORM.
4R. 4R. 2R.

2004 22 10 77 15 67 135 2 3 331


2005 30 12 81 18 62 160 2 0 365
2006 18 14 86 12 64 141 1 5 341
2007 12 10 83 16 70 144 2 2 339
2008 30 11 85 14 62 138 3 0 343
2009 17 6 85 11 43 140 5 5 312
2010 26 12 110 17 41 158 0 1 365
2011 24 14 114 16 39 171 2 1 381
2012 15 3 129 19 24 157 0 22 369
2013 8 6 120 8 20 150 2 44 358
2014 55 7 115 10 17 125 0 48 377
2015 20 14 111 35 16 120 0 0 316
2016 17 8 134 14 22 85 1 0 281
2017 7 6 118 12 19 94 0 0 256
2018 4 6 83 18 24 91 0 0 226
2019 6 4 75 11 22 80 0 0 198
2020 10 5 91 8 14 65 0 0 193
Obs.: 2R - Veículo de duas rodas. 4R - Veículo de quatro rodas.

HORA DE OURO
52,5% das vítimas fatais
vem à óbito em até 1
hora após o momento
da ocorrência (FIGURA
21). Este indicador é
relevante tanto para
caracterizar o grau de
severidade das lesões,
quanto para indicar
intervalos de tempo para
consolidação de dados
sobre fatalidades no
trânsito.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 33


FERIDAS

O padrão internacionalmente conhecido para vítimas por sinistros de trânsito repete-se em Fortaleza,
na qual homens, motociclistas e jovens são os principais envolvidos. A Figura 22 traz as distribuições
percentuais para as classes de idade das vítimas, seguida da distribuição percentual por gênero para o
ano de 2020. As Tabelas 09 e 10 apresentam, por fim, um cruzamento entre as variáveis gênero, idade e
tipo de usuário, possibilitando a identificação do perfil geral de vítima ferida em Fortaleza.

DISTRIBUIÇÃO POR GÊNERO

TABELA 09 DISTRIBUIÇÃO DE VÍTIMAS FERIDAS POR TIPO X IDADE

COND. PASSAG. PASSAG. NÃO TOTAL


IDADE MOTOC. CICLISTA PEDESTRE OUTROS INFORM.
4+R 4+R 2R

0-9 0 15 0 7 6 48 1 4 81
10-12 0 7 1 9 9 14 1 3 44
13-17 6 36 56 21 28 32 7 9 195
18-29 137 106 2.481 101 133 184 113 201 3.456
30-59 300 114 3.331 94 327 491 175 324 5.156
60+ 46 10 146 8 66 186 21 38 521
NÃO INF. 175 19 835 11 63 170 18 95 1.387

TOTAL 664 307 6.850 251 633 1.125 336 674 10.840

TABELA 10 DISTRIBUIÇÃO DE VÍTIMAS FERIDAS POR TIPO X GÊNERO

CONDUTOR PASSAGEIRO MOTOC. PASSAGEIRO CICLISTA NÃO INF.


GÊNERO 4+R 4+R 2R PEDESTRE OUTROS TOTAL

MASC. 411 104 5.451 87 511 719 280 494 8.057


FEMIN. 167 195 961 153 88 301 46 113 2.024
NÃO INF. 86 7 444 6 34 105 10 67 759
TOTAL 664 306 6.856 246 633 1.125 336 674 10.840

34 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


FATAIS

Para as vítimas fatais, tem-se um padrão similar às vítimas feridas, porém com um destaque adicional para
os pedestres de idades mais avançadas. A Figura 23 mostra as distribuições percentuais para as classes
de idade das vítimas, seguida da distribuição percentual por gênero para o ano de 2020. As Tabelas 11
e 12 trazem, por fim, um cruzamento entre as variáveis gênero, idade e tipo de usuário, possibilitando a
identificação do perfil geral de vítima fatal em Fortaleza.

DISTRIBUIÇÃO POR GÊNERO

TABELA 11 DISTRIBUIÇÃO DE VÍTIMAS FERIDAS POR TIPO X IDADE

CONDUTOR PASSAGEIRO PASSAGEIRO CICLISTA NÃO INFOR.


IDADE 4+R 4+R MOTOC. 2R PEDESTRE OUTROS TOTAL

0-9 0 1 0 0 0 1 0 0 2
10 - 12 0 0 0 0 0 1 0 0 1
13 - 17 0 3 3 1 0 0 0 0 7
18 - 29 1 1 42 4 0 2 0 0 50
30 - 59 7 0 43 2 12 28 0 0 92
60 + 2 0 3 1 2 33 0 0 41
NÃO INF. 0 0 0 0 0 0 0 0 0
TOTAL 10 5 91 8 14 65 0 0 193

TABELA 12 DISTRIBUIÇÃO DE VÍTIMAS FERIDAS POR TIPO X GÊNERO

CONDUTOR PASSAGEIRO MOTOC. PASSAGEIRO CICLISTA NÃO INF.


GÊNERO 4+R 4+R 2R PEDESTRE OUTROS TOTAL

MASC. 9 2 88 5 13 52 0 0 169
FEMI. 1 3 3 3 1 13 0 0 24
NÃO INFO. 0 0 0 0 0 0 0 0 0
TOTAL 10 5 91 8 14 65 0 0 193

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 35


06. INDICADORES OMS
Os impactos das mortes e lesões no trânsito afetam diversas áreas como saúde, mobilidade, economia e
comprometem a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento dos países. Diante da gravidade da
situação, em 2010, a Organização das Nações Unidas - ONU declarou os anos entre 2011 a 2020 como a
Década de Ação pela Segurança no Trânsito. Nesse período, os países signatários, dentre eles o Brasil, se
comprometeram em reduzir pela metade o número de mortes. Apesar dos esforços, as fatalidades têm
apresentado tendência global de crescimento, tornando consideravelmente desafiador atingir a meta
estabelecida.

Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas estabeleceu um plano de ação chamado
“Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” contendo 17 objetivos
estratégicos e 169 metas que contemplam aspectos desde a erradicação da pobreza até o progresso
econômico universalizado e a paz mundial. Dentre os 17 objetivos estratégicos, 2 fazem referências diretas
à problemática da epidemia global de sinistros de trânsito. A meta do Objetivo para o Desenvolvimento
Sustentável (ODS) 3.6 reforça a Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020).

ODS 3: Assegurar uma vida ODS 11: Tornar as cidades e os


saudável e promover o assentamentos humanos inclusivos,
bem-estar para todos. seguros, resilientes e sustentáveis.

Meta 3.6: Até 2020, reduzir Meta 11.2: Até 2030 proporcionar acesso a
pela metade o número de sistemas de transporte seguros, acessíveis,
mortos e feridos no trânsito sustentáveis e a preços acessíveis para
em todo o mundo. todos, melhorando a segurança no trânsito.

Em 2020, a ONU reconheceu as lições aprendidas com a Primeira Década de Ação, mas percebeu
a necessidade de continuar promovendo uma abordagem integrada para a segurança no trânsito e
proclamou a Segunda Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2021-2030). A meta continua sendo
reduzir as mortes e lesões no trânsito em pelo menos 50% nos próximos dez anos. A ONU incentiva os
governantes e gestores a não medirem esforços para garantir a segurança dos usuários das vias através
de uma infraestrutura mais segura.

A nível local, Fortaleza afere os indicadores recomendados pela Organização Mundial da Saúde, por meio
do documento “Lista de referência global de 100 indicadores de saúde fundamentais” (OMS, 2018), como a
taxa de mortalidade e morbidade por sinistros de trânsito. A Tabela 13 apresenta as taxas de mortalidade
por 10.000 veículos, considerando a) todos os tipos de veículos, b) veículos motorizados de 2 rodas
(motocicletas, motonetas e ciclomotores) e c) automóveis (e outros veículos de passeio de 4 ou mais rodas),
além das frotas veiculares totais e por categoria analisada.

36 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


TABELA 13 INDICADORES OMS - MORTES/10 MIL VEÍCULOS E MORTES/100 MIL HABITANTES

MORTOS MORTOS
TOTAIS/ FROTA TOTAIS/ OCUP. OCUP.
ANO POPULAÇÃO FROTA FROTA 4R/10 MIL 2R/10 MIL
100 MIL TOTAL AUTOS MOTOC. 10 MIL
HABITANTES VEÍCULOS AUTOS MOTOC.

2004 2.332.657 14,2 446.570 295.594 70.227 7,4 1.1 13,1


2005 2.374.944 15,4 470.985 309.404 76.514 7,7 1,4 12,9
2006 2.416.920 14,1 503.044 326.372 85.769 6,8 1,0 11,4
2007 2.458.549 13,8 543.634 347.623 97.880 6,2 0,6 10,1
2008 2.473.618 13,9 591.375 370.783 114.530 5,8 1,1 8,6
2009 2.505.558 12,5 645.765 396.774 133.854 4,8 0,6 7,2
2010 2.452.185 14,9 712.996 425.211 160.958 5,1 0,9 7,9
2011 2.476.592 15,4 785.370 454.150 192.402 4,8 0,8 6,8
2012 2.500.197 14,8 848.297 483.448 214.391 4,3 0,4 6,9
2013 2.551.808 14,0 908.074 511.109 236.042 3,9 0,3 5,4
2014 2.571.899 14,7 964.724 436.895 255.506 3,9 1,1 4,9
2015 2.591.188 12,2 1.009.695 556.100 273.709 3,1 0,6 5,3
2016 2.609.716 10,8 1.039.062 566.423 287.652 2,7 0,4 5,1
2017 2.627.482 9,7 1.066.829 578.962 297.753 2,4 0,2 4,4
2018 2.643.247 8,6 1.098.652 592.468 298.211 2,1 0,2 3,3
2019 2.669.342 7,4 1.135.348 706.018 312.991 1,7 0,1 2,8
2020 2.686.612 7,2 1.177.176 752.043 326.598 1,6 0,2 3,1

No último ano, foram registradas 7,2 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Em outras palavras,
uma morte no trânsito para cada grupo de 13,9 mil pessoas, aproximadamente. Dentro do período da
Primeira Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020), houve uma redução de 53,3% na taxa
de mortalidade (Figura 24). Assim, a cidade integra uma das poucas do mundo que atingiu a meta proposta
pela ONU, tornando-se uma referência mundial.

Ao analisar a taxa por 10.000 veículos, a redução foi de 68% (Figura 25). Lançando um olhar específico
sobre o risco de morte para motocicletas, ponderado pela frota, tem-se uma redução de 77,7%, em relação
ao ano de 2010.

FORTALEZA ATINGIU A META DA 1ª DÉCADA DE AÇÃO ONU ANTES DE


2020, REDUZINDO EM MAIS DA METADE A TAXA DE MORTALIDADE
POR SINISTROS DE TRÂNSITO.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 37


38 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020
UM OLHAR DETALHADO SOBRE O
RISCO DE MORTE NO TRÂNSITO
A Tabela 14 apresenta uma análise comparativa dos riscos relativos de morte e lesão no trânsito entre
diferentes faixas etárias e gêneros. Apesar dos jovens registrarem a maior quantidade de fatalidades
no trânsito, o risco relativo de morte no trânsito se comporta diferentemente a partir do perfil do
usuário. Em 2020, os dados por gênero e idade mostram que o risco relativo de morte para Homens
com mais de 60 anos é 4,4 vezes maior do que o restante da população. O tipo de usuário associado
a esse perfil é o Pedestre, indicando uma situação grave para Pedestres com mais de 60 anos, para
ambos os gêneros, como mostra a Figura 28. O risco de morte no trânsito para usuários do gênero
masculino chega a ser quase oito vezes maior comparado com usuárias do gênero feminino. Para o
caso de lesões, esse risco é aproximadamente 4,5 vezes maior.

Para o caso do risco de ferir-se em um sinistro de trânsito, o índice tem seu maior nível para os indivíduos
de 18 a 59 anos, sendo ainda maior para os Homens nessa faixa. O principal perfil associado a esse
grupo é o de Ocupante de 2 Rodas, isso é motociclistas e passageiros de motocicleta, que apresentam
um risco de lesão duas vezes maior que o da população em geral, como mostra a Figura 27.

TABELA 14 COMPARAÇÃO DE TAXAS DE MORTALIDADE E MORBIDADE

EXPOSIÇÃO: RISCO RELATIVO - MORTOS/ 100 MIL HABITANTES

POPULAÇÃO POP. 0 A POP. 10 A POP. 13 A POP. 18 A POP. 30 A POP. +60


TOTAL GÊNERO 9 ANOS 12 ANOS 17 ANOS 29 ANOS 59 ANOS ANOS

7,2 TODOS 0,5 0,7 2,9 7,4 9,0 15,8


13,5 MASCULINO 0,0 1,5 5,1 14,8 18,2 31,5

1,7 FEMININO 1,1 0,0 0,8 1,5 1,3 5,7

EXPOSIÇÃO: RISCO RELATIVO - FERIDOS/ 100 MIL HABITANTES

POPULAÇÃO POP. 0 A POP. 10 A POP. 13 A POP. 18 A POP. 30 A POP. +60


TOTAL GÊNERO 9 ANOS 12 ANOS 17 ANOS 29 ANOS 59 ANOS ANOS

406,1 TODOS 22,8 28,3 78,7 539,0 496,9 199,5


596,0 MASCULINO 30,2 29,3 107,2 882,0 890,2 411,3
133,4 FEMININO 15,1 27,3 51,0 225,1 168,6 62,4

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 39


* Vítimas feridas em acidentes de trânsito por 100 mil habitantes

* Vítimas fatais em acidentes de trânsito por 100 mil habitantes

40 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


07. CUSTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
Em 2003 o Instituto de Pesquisa e Economia de Fortaleza poderia trazer uma estimativa mais
Aplicada (IPEA) apresentou o relatório intitulado fiel à realidade local.
“Impactos Sociais e Econômicos dos Sinistros de
Trânsito nas Aglomerações Urbanas Brasileiras” Considerando que foram registrados, em 2020,
que propõe uma estimativa de custos diretos 188 sinistros com vítimas fatais, 9.753 sinistros
e indiretos relacionados a sinistros de trânsito com vítimas feridas e 1.349 sinistros sem vítimas,
com vítimas fatais, feridos e somente com danos os custos estimados em Fortaleza com sinistros de
materiais, porém, como citado no documento trânsito somaram a quantia aproximada de R$
“existem custos intangíveis e subjetivos, relativos 523.250.062,40, representando aproximadamente
à sobrevida esperada das pessoas mortas no 1% do PIB da cidade da capital. A Tabela 15 traz os
trânsito, aos sofrimentos físicos e psicológicos das custos estimados desagregados por tipo de sinistro.
vítimas, dos seus parentes e amigos”. Esse método Destaca-se que essa é uma previsão conservadora,
é aplicado aqui, corrigindo-se os valores para o pois há subnotificação de registros de sinistros com
período de Dezembro de 2020 (31/12/2020) por apenas danos materiais e com vítimas feridas leve
meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo no SIST. Hoje o sistema está focado em registrar com
(IPCA). É importante ressaltar que a realização de mais acurácia lesões graves e mortes provenientes
um estudo deste tipo para o contexto da cidade da violência no trânsito.

TABELA 15 CUSTOS ESTIMADOS POR TIPO

CUSTO CUSTO PARC.


GRAVIDADE UNITÁRIO P/ N° DE CUSTO TOTAL
ANO DO SINISTRO OCORRÊN. P/ TIPO DE
TIPO DE ANUAL
SINISTRO
SINISTRO

S/VÍTIMAS R$ 8.458,65 1.349 R$ 11.410.714,56

2020 C/FERIDOS R$ 45.275,26 9.753 R$ 44.569.638,71 R$ 523.250.062,40

C/FATAIS R$ 373.775,05 188 R$ 70.269.709,13

523 MILHÕES *

*ESTIMATIVA COM BASE EM ESTUDO REALIZADO PELO IPEA (2003)

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 41


de cada grupo de idade foi subtraída da idade
ANOS POTENCIAIS limite de 70 anos (critério sugerido pelo Ministério
DE VIDA PERDIDOS da Saúde, que estabelece uma idade limite para
o cálculo dos anos potenciais de vida perdidos
O indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos baseada na expectativa de vida da população
(APVP) quantifica o número de anos de vida que brasileira). Em seguida, multiplicou-se o número
teoricamente uma determinada população deixa de óbitos de cada grupo de idade pelo número de
de viver se morrer prematuramente devido a uma anos que faltavam para atingir a idade limite de
morte por alguma doença ou lesão corporal. Para 70 anos. A soma desses produtos fornece o total
seu cálculo foi feita a distribuição dos óbitos por de anos potenciais de vida perdidos, valor que
agrupamento de idade, e, calculada a média de representa o número estimado de perdas para
idade de cada grupo; em seguida, a idade média uma causa específica de óbito.

Em Fortaleza, para o ano de 2019, estima-se que mais de quatro mil anos de vidas potenciais
foram perdidos por sinistros de trânsito, como mostra a Tabela 16. Por vitimar principalmente a
população mais jovem, no ranking das causas básicas com mais APVP os sinistros de trânsito
ocupam a quinta posição. Isso representa um enorme custo emocional e social para os familiares
dessas vítimas.

TABELA 16 ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS EM 2019 (APVP)

FAIXAS ETÁRIAS (ANOS)


CAUSAS
RANKING BÁSICAS 0—9 10 — 19 20 — 39 40 — 59 TOTAL

1º HOMICÍDIOS 0 8.103 18.630 2.132 28.865


2º AVC 0 167 1.539 3.239 4.945

3º PNEUMONIA 1.703 56 932 2.235 4.925

4º INFARTO 0 0 810 3.772 4.582

5º SINISTROS DE TRÂNS. 66 278 2.876 1.251 4.469

* O ranking de causas de mortalidade não foi atualizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para 2020, por isso
este relatório replicou o estudo de 2019.

PARA A FAIXA ETÁRIA DE 10 A 39 ANOS, O SINISTRO


DE TRÂNSITO É A SEGUNDA CAUSA BÁSICA
NO RANKING DE ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS.

42 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


08. PONTOS CRÍTICOS
Nesta seção, são apresentados os dez cruzamentos (semaforizados e não semaforizados) classificados
como mais críticos da cidade, levando em consideração a incidência de sinistros de trânsito e a exposição
veicular (Tabelas 17 e 18). É importante ressaltar que esses cruzamentos já receberam ou receberão, em
breve, algum tipo de tratamento conforme detalhado nas tabelas citadas

MÉTODO UTILIZADO A Taxa Esperada de Severidade dos Sinistros


(TE) define o valor esperado de frequência e
severidade de cada interseção considerando
PARA IDENTIFICAÇÃO DE suas características operacionais através de
técnicas estatísticas (Equação 4). Para tanto, as
PONTOS CRÍTICOS interseções semaforizadas e não semaforizadas
foram separadas em duas populações. Por
fim, calculou-se a diferença (∆) entre a TO
O método utilizado, conhecido como Controle de e TE, conforme Equação 5, classificando os
Qualidade da Taxa - CQT, consistiu no cálculo da cruzamentos. A população de referência
Taxa Observada de Severidade dos Sinistros (TO) adotada nesta análise foram as 50 interseções
e da Taxa Esperada de Severidade dos Sinistros com maiores UPS para cada grupo de análise.
(TE) de cada cruzamento, assumindo que as
ocorrências de sinistros de trânsito seguem uma Interseções com taxa observada (TO) maiores que
distribuição de probabilidade de Poisson. O valor taxa esperada (TE) tendem a ser mais propensos a
da diferença entre essas taxas foi o critério de ocorrência de sinistros, não por razões aleatórias,
ranqueamento das interseções críticas. mas, sim por deficiências próprias.

A Taxa Observada de Severidade dos Sinistros


(TO) foi calculada conforme a Equação 1. Nessa MVE - Milhões de veículos entrantes na
taxa os sinistros são ponderados por sua interseção em t anos, onde t = 1 para esta
análise.
severidade, calculando-se a Unidade Padrão
de Severidade (UPS) de cada cruzamento, VDMA - Volumes médios diários anuais
conforme Equação 2. Para esta ponderação, a - Acidentes com vítimas ilesas
por exemplo, um sinistro com vítima fatal tem
b - Acidentes com vítimas feridas
peso 13 enquanto um sinistro sem vítima tem
peso 1. Em seguida calcula-se a quantidade c - Acidentes com vítimas feridas pedestres
de veículos que circularam na interseção d - Acidentes com vítimas fatais
durante o período de análise (MVE) conforme
λ - Taxa média de observada severidade das
a Equação 3, considerando o efeito dessa interseções analisadas
variável na análise. Um local com volume
k - Constante que indica o nível de confiança
veicular menor tende a ser mais crítico do que adotado - Para essa aplicação foi de 90%
um local mais demandado, se ambos tiverem (K=1,64)
a mesma frequência e severidade de sinistros.
Lista de equações:
Destaca-se que os Volumes Médios Diários
Anuais - VDMA foram estimados a partir dos 1. To=UPS/MVE
dados do Controle de Tráfego por Área de
2. UPS=1a+4b+6c+13d
Fortaleza - CTAFOR e dos equipamentos de
fiscalização, aplicando os fatores de expansão 3. MVE= (VDMA×t×365)/ 10^6
do relatório de Modelagem no Apoio à Decisão
4. Te= λ +k√[λ/MVE+1/(2×MVE)]
no Planejamento, Operação e Gestão dos
Sistemas de Transporte Público e de Circulação 5. Δ=To-Te
Viária de Fortaleza (ASTEF/UFC, 2015).

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 43


8.1. INTERSEÇÕES CRÍTICAS

TABELA 17 INTERSEÇÕES CRÍTICAS NÃO SEMAFORIZADAS

ACIDENTES COM VÍTIMAS


CRUZAMENTOS INTERVENÇÃO
Nº UPS Δ PRINCIPAL
FATAIS FERIDAS ILESAS

INSTALAÇÃO DE SEMÁFORO - MUTIRÃO


1º AV I C & AV G CONJ. JOSE WALTER 0 7 1 29 2,3 DE SEGURANÇA VIÁRIA DO JOSÉ WALTER

MANUTENÇÃO DAS SINALIZAÇÕES - MUTIRÃO


2º AV L & AV F CONJ. JOSE WALTER 1 3 0 25 2,1 DE SEGURANÇA VIÁRIA DO JOSÉ WALTER

MANUTENÇÃO DAS SINALIZAÇÕES - MUTIRÃO


3º R ROMEU MARTINS & R JOÃO FIRMINO 0 6 0 24 1,8 DE SEGURANÇA VIÁRIA DO MONTESE

SUPER ZONA DE VELOCIDADE


4º R SEN ALENCAR & R BAR RIO BRANCO 0 5 2 24 1,3 MODERADERADA NO CENTRO

READEQUAÇÃO DA VELOCIDADE (50KM/H) E


5º R GOV JOÃO CARLOS & R CON LIMA SUCUPIRA 1 2 1 22 0,9 IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA CICLOVIÁRIA

TABELA 18 INTERSEÇÕES CRÍTICAS SEMAFORIZADAS

ACIDENTES COM VÍTIMAS


CRUZAMENTOS INTERVENÇÃO
Nº UPS Δ PRINCIPAL
FATAIS FERIDAS ILESAS

1º READEQUAÇÃO DA VELOCIDADE (50KM/H) E


AV JOSÉ JATAHY & AV FRANCISCO SÁ 0 8 1 35 3,5 MANUTENÇÃO DAS SINALIZAÇÕES
READEQUAÇÃO DA VEL. (50KM/H) E MUDANÇAS
2º AV DUQ CAXIAS & RUA GAL SAMPAIO 0 5 0 26 2,7 DE CIRCULAÇÃO - TRINÁRIO DA DUQ DE CAXIAS
IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA CICLOVIÁRIA
3º R PRO OTÁVIO LOBO & R BENTO ALBUQUERQUE 0 6 2 26 2,1 PROTEGIDA E RENOVAÇÃO DE SINALIZAÇÕES
READEQUAÇÃO DA VEL. (50KM/H) E MUDANÇAS
4º AV TRISTÃO GONÇALVES & AV DUQ CAXIAS 0 5 0 24 1,7 DE CIRCULAÇÃO - TRINÁRIO DA DUQ DE CAXIAS
READEQUAÇÃO DA VELOCIDADE (50KM/H) E
5º AV IMPERADOR & R GAL CLARINDO DE QUEIROZ 1 2 1 22 1,1 IMPLANTAÇÃO DE ESTÁGIO DE PEDESTRES

O levantamento dos pontos críticos é realizado A GEENG é responsável por planejar, projetar e
sistematicamente pela AMC, demandando rotinas executar projetos de mobilidade urbana (sinalização
de inspeção nesses locais com foco na melhoria da viária, infraestrutura cicloviária, faixas exclusivas de
segurança viária. Esse procedimento é realizado por ônibus, zona azul, entre outros) para a construção de
técnicos da Gerência de Engenharia (GEENG) e do um ambiente mais seguro e sustentável para todos
Controle de Tráfego por Área de Fortaleza (CTAFOR). O os usuários da rede de transporte. Ela é composta
objetivo é identificar os problemas de segurança desses pelas Gerências de Projetos, Planejamento,
locais a partir de dados e vistorias para propor soluções Controle e Execução de Projetos e Coordenadoria
efetivas para diminuir o risco de mortes e lesões no de Fiscalização Eletrônica. O CTAFOR é responsável
trânsito. Dentre as soluções propostas, destacam-se pelo planejamento e implantação dos semáforos
a instalação de semáforos, implantação da operação em toda a cidade, bem como monitoramento de
esquina segura, ajustes de geometria, readequação de sua atividade. A equipe é responsável por executar
velocidade e programação semafórica, entre outros. atividades de inteligência em área específica de
Algumas dessas ações serão descritas com mais Fortaleza onde o trânsito é mais intenso melhorando
detalhes no capítulo 10 deste relatório. assim a segurança e a fluidez da região.

44 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


09. FATORES DE RISCO
Além do monitoramento dos dados descritos nos capítulos anteriores, é fundamental o levantamento de
outras informações que possibilitam caracterizar os fatores de risco relacionados aos sinistros de trânsito.
Assim esta seção reúne os resultados desses levantamentos realizados ao longo dos últimos seis anos (de
2015 a 2020). O foco aqui serão os principais fatores de risco para a insegurança no trânsito, definidos pela
OMS, são eles: a) Não uso do capacete ou uso inadequado do capacete, b) Não uso do cinto de segurança
ou não uso de proteção para crianças, c) Exceder velocidade, d) Uso do telefone celular e e) Beber e dirigir.

Os resultados aqui apresentados são provenientes de pesquisas observacionais dos principais fatores de
risco comportamentais, em Fortaleza, e pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde, através do processo
de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - VIGITEL.

Entre 2015 e 2019, no âmbito da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global do Trânsito, a Johns Hopkins
University - JHU, em parceria com Universidade Federal do Ceará - UFC e de forma independente da
Prefeitura de Fortaleza, coletaram dados observacionais a cada semestre sobre os principais fatores de
risco comportamentais, definidos pela OMS. A partir de 2020, dando continuidade nesse esforço, a AMC
segue realizando as pesquisas utilizando a mesma metodologia, de forma independente através de uma
consultoria especializada no tema. Dez rodadas da pesquisa foram concluídas até o momento da publicação
deste documento.

DEFINIÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, um fator de risco é qualquer atributo, característica
ou exposição de um indivíduo que aumente sua probabilidade de desenvolver alguma doença ou de
DE FATOR sofrer alguma lesão. O risco de se lesionar no trânsito é composto por múltiplos fatores de risco que
DE RISCO vão desde as características socioeconômica e culturais da população, da ocupação da cidade e o
desempenho do sistema de transporte, até atitudes comportamentais agressivas e/ou imprudentes dos
usuários da rede viária. Neste relatório, serão abordados os fatores de risco que mais possibilitam ações
de prevenção contra a mortalidade no trânsito.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 45


9.1. NÃO USO OU USO INCORRETO DO CAPACETE
De acordo com as observações realizadas na última do capacete em condutores e passageiros. Porém,
pesquisa observacional, os usuários de motocicletas houve uma redução em relação à rodada anterior,
em Fortaleza têm uma alta prevalência de uso do ficando próximo aos patamares da taxa de uso
capacete (98,6% do total), porém há uma diferença incorreto de 2016.
para aqueles que utilizam corretamente, afivelando
o capacete, sendo menor o percentual, 86%. No Para comparação, apesar de utilizar metodologia
momento do sinistro, se o capacete não estiver diferente, pode-se analisar a última Pesquisa
afivelado corretamente, a força cinética pode ser Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, realizada
suficiente para ejetar o equipamento, deixando em 2013, que aponta uma média nacional do uso
a cabeça desprotegida, possibilitando traumas correto do capacete de 83,4% para os pilotos e de
mais severos. A Figura 29 e a Tabela 19 trazem 80,1% para os passageiros. Na Suécia, país referência
a série histórica para a prevalência do uso, tanto na segurança viária, de acordo com o Relatório
correto quanto incorreto do capacete, tanto por Global da OMS sobre o Estado da Segurança Viária
motociclistas, quanto por passageiros. Observa- 2018 (WHO, 2018) este indicador de uso correto é de
se um aumento gradual importante no uso correto 98% considerando tanto piloto quanto passageiro.

* Reforço na fiscalização do fator de risco baseado em evidências [out/16] *** Fiscalização Videomonitoramento [abr/17]
** Campanha “Capacete Salvas Vidas” [fev/17] ****Suspensão judicial da fiscalização por videomonitoramento [nov/19]

TABELA 19 PREVALÊNCIA NO USO E/OU USO CORRETO DO CAPACETE (2015-2020)

COMPORTAMENTO 1ª RODADA 2 ª RODADA 3 ª RODADA 4ª RODADA 5ª RODADA 6ª RODADA 7ª RODADA 8ª RODADA 9ª RODADA 10ª RODADA
OBSERVADO AGO/2015 ABR/2016 AGO/2016 MAI/2017 SET/2017 FEV/2018 JUL/2018 MAR/2019 AGO/2020 NOV/2020
TODOS OS OCUPANTES
USANDO CAPACETE
98% 98% 99%* 99% 99%* 100% 100% 100% 99%* 99%*
CONDUTORES
USANDO CAPACETE 98% 98%* 99% 99% 100%* 100% 100% 100% 100% 99%*
PASSAGEIROS
97% 97%* 97% 97% 99%* 99% 99% 99% 98%* 97%*
USANDO CAPACETE
TODOS: USO CORRETO
DO CAPACETE 83% 86%* 86% 88%* 89%* 91%* 92%* 93%* 92%* 86%*
CONDUTORES: USO 88%* 88% 90%* 90% 92%* 93%* 93%* 93% 87%*
85%
CORRETO DO CAP.
PASSAGEIROS: USO
CORRETO DO CAP.
74% 81%* 77%* 82%* 84%* 85%* 89%* 91%* 89%* 89%*
*Indica significância estatística perante resultado da rodada imediatamente anterior

46 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


Em relação ao ano anterior, observamos uma Para esse fator de risco, a conformidade de uso
redução de 0,7% e 5,9% de usuários que utilizavam (não utilização ou uso desafivelado) ocorre com
capacete e o utilizavam corretamente afivelado, menor frequência quando: a motocicleta circulou
respectivamente. As reduções no uso e uso correto nas Regionais I (81,4%)e V (73,1%); o usuário era
foram significativas para todos os usuários. passageiro (83,8%); a motocicleta era de uso privado
Destacamos que a última rodada de pesquisa (85,9%); a usuária era do sexo feminino (85,7%); e a
ocorreu durante o Plano de Retomada Responsável motocicleta circulou nos dias de semana (87,3%) e
das Atividades Econômicas e Comportamentais do durante a manhã (85,6%);
Estado do Ceará devido a pandemia da COVID 19.
Esse fato pode ter influenciado o comportamento Normalmente esse comportamento imprudente
dos usuários. No período houve ainda uma redução ocorre próximo da residência desses usuários.
nas operações de fiscalização. Segundo as análises da Comissão Gestora de
Dados sobre a Mortalidade por Sinistros de
Em uma análise mais desagregada, foram Trânsito (CGDMST) de Fortaleza, estima-se que
observadas diferenças espaciais em relação ao uso 50% dos motociclistas morrem em até 1 km de
correto do dispositivo. Regiões com bairros de menor sua residência e 57% em até 2 km. Essa mesma
renda apresentaram maiores taxas de desrespeito. comissão verificou que em 66% dos casos de
As maiores taxas de desrespeito e a não utilização morte por sinistros de trânsito com usuários
correta do capacete ocorreram em dias úteis e no de motocicletas, o não uso ou uso incorreto do
período da manhã. Este padrão pode sugerir uma capacete surge como fator contribuinte para o
associação com a atividade comercial. aumento da gravidade da lesão.

USO CORRETO Segundo a OMS o uso correto do capacete reduz em 40% o risco de morte e 70%
o risco de uma lesão grave, ou seja, para cada 10 motociclistas que morreram ou
DO CAPACETE
sofreram um grave lesão e não estavam utilizando o capacete 4 teriam sobrevivido
e 7 teriam evitado a lesão caso estivessem utilizando o capacete.

9.2. NÃO USO DO CINTO DE SEGURANÇA/ NÃO USO DE PROTEÇÃO PARA CRIANÇAS
A pesquisa de monitoramento dos fatores de risco aponta que o percentual geral de adultos, motoristas
e passageiros, que usam o cinto de segurança vinha crescendo significativamente desde 2015. O início
da fiscalização por videomonitoramento em abril de 2017 pode estar relacionado com o aumento na
conformidade de uso do dispositivo para ocupantes do banco dianteiro, no período. Assim como, a suspensão
judicial deste tipo de fiscalização, em setembro de 2019, pode ter relação com a redução do uso do cinto
observado a partir da 9ª rodada, e acentuando-se na 10ª. Para passageiros no banco traseiro a taxa de
uso ainda é baixa. Menos da metade desses usuários utilizam o cinto de segurança, seguindo a tendência
histórica desde que os dados começaram a ser coletados, oferecendo um maior risco de morte e/ou lesões
graves, conforme mostra a Figura 30 e a Tabela 20.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 47


* Início Fiscalização Videomonitoramento [abr/17] ** Suspensão judicial da fiscalização por videomonitoramento [nov/19]

TABELA 20 PREVALÊNCIA NO USO DO CINTO DE SEGURANÇA (2015-2020)

1ª RODADA 2 ª RODADA 3 ª RODADA 4ª RODADA 5ª RODADA 6ª RODADA 7ª RODADA 8ª RODADA 9ª RODADA 10ª RODADA
AGO/2015 ABR/2016 AGO/2016 MAI/2017 SET/2017 FEV/2018 JUL/2018 MAR/2019 AGO/2020 NOV/2020

TODOS OS
OCUPANTES 67% 76% 77% 85% 89% 90% 92% 94% 86% 71%

CONDUTORES
72% 80% 82% 88% 93% 94% 96% 97% 93% 84%

PASSAGEIROS* NO
BANCO DIANTEIRO
UTILIZANDO CINTO
65% 68% 74% 84% 87% 89% 93% 93% 88% 53%
DE SEGURANÇA
PASSAGEIROS* NO
BANCO TRASEIRO
UTILIZANDO CINTO
20% 21% 28% 54% 42% 32% 37% 47% 39% 39%**
DE SEGURANÇA
PASSAGEIROS (CRIANÇAS
PEQUENAS****) UTILIZANDO
ALGUM DISPOSITIVO DE
35% 48% 41% 40% 39% 42% 48% 42% 47% 38%**
SEGURANÇA
PASSAGEIROS
(CRIANÇAS ***) UTILIZANDO
ALGUM DISPOSITIVO DE
29% 35% 39% 34% 38% 36% 40% 42% 45% 48%**
SEGURANÇA

* Indica significância estatística em relação à rodada anterior *** Criança: idade estimada menor que 11 anos
** Não indica significância estatística em relação à rodada anterior **** Criança pequena: idade estimada menor que 5 anos

Na última pesquisa, observa-se uma redução Em uma análise mais desagregada foi observado
significativa no respeito ao uso do cinto de segurança diferenças espaciais e temporais em relação ao uso
em relação à penúltima rodada (15%). A redução foi correto do dispositivo. Os ocupantes de veículos
ainda maior entre os passageiros no banco dianteiro que circulavam em bairros inseridos na SER II e
(35%). Nesta 10ª rodada registramos a menor taxa IV ou durante os finais de semana, apresentaram
da série histórica, desde a sistematização destas maiores taxas de desrespeito. Também observou-se
pesquisas (53%). Não foi observada variação diferenças de conformidade no uso em relação ao
significativa quando os passageiros eram usuários do perfil do usuário. Passageiros idosos, crianças e bebês
banco traseiro. A taxa de uso continua inferior a 40%. tendem a utilizar menos o dispositivo de segurança.

4 8 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


CINTO DE Segundo a OMS o uso do cinto de segurança reduz o risco de lesões
fatais em até 50% para ocupantes do banco dianteiro e 75% para os
SEGURANÇA ocupantes do banco traseiro.

Na pesquisa de avaliação da campanha “Não Arrisque, Nunca Beba e Dirija”, 90,1% dos entrevistados disseram
ter conhecimento sobre a legislação sobre a obrigatoriedade da utilização do cinto de segurança no banco
traseiro. Entretanto, mais da metade dos entrevistados (54,6%) afirmaram não terem utilizado o cinto de
segurança quando ocuparam o banco de trás, nos dois meses anteriores à pesquisa.

A situação ainda é mais grave para as crianças e bebês, menos da metade dos passageiros utilizam os
dispositivos de segurança, como mostra a Figura 31. Esse fator de risco não apresentou melhora estatisticamente
significativa entre 2015 e 2020. Esse valor é inferior ao nível nacional, do qual tem-se uma taxa de 57% de uso.
Na Suécia, esta taxa chega a 96%. (OMS, 2018).

Na última rodada, apenas 48% das crianças e 38% dos bebês observados estavam utilizando equipamentos
de proteção adequados. Valor inferior ao observado na rodada anterior. A variações de uso para estes usuários
ao longo dos anos não vem apresentando significâncias estatísticas. Uma situação muito grave tendo em vista
sua vulnerabilidade à lesões. Para esses usuários, o fator de risco não apresentou melhora estatisticamente
significativa desde que os dados começaram a ser coletados.

* Início Fiscalização Videomonitoramento [abr/17] *** Criança: idade estimada menor que 11 anos
** Suspensão judicial da fiscalização por videomonitoramento [nov/19] **** Criança pequena: idade estimada menor que 5 anos

Em abril de 2021, entrou em vigor novas regras para garantir mais segurança para o transporte de
crianças e bebês. A revisão da lei prevê o uso obrigatório da cadeirinha para o transporte de crianças
de até 10 anos que não tenham ainda 1,45 m de altura. A mudança tem como objetivo determinar que
os equipamentos não sejam obrigatórios apenas por idade, mas sim por peso e a altura da criança. O
descumprimento da obrigatoriedade é passível de multa gravíssima.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 49


Segundo a OMS, a utilização de cadeirinhas (ou outra medida adequada
RISCO DA NÃO para proteção da criança) podem reduzir o risco de morte em um
UTILIZAÇÃO DE sinistro de trânsito em até 71% para crianças maiores de 2 anos e em
até 54% para crianças de até 2 anos. As cadeirinhas infantis funcionam
CADEIRINHAS de maneira similar ao cinto de segurança, sendo um dispositivo de
segurança para minimizar o risco de lesões severas em uma ocorrência.

9.3. EXCESSO DE VELOCIDADE


Na última rodada da pesquisa observacional houve uma redução de 5% nos veículos trafegando acima do limite
de velocidade. Para motocicletas, a redução foi um pouco menor (3%). A chance de desrespeito aos limites de
velocidade é maior para estes usuários. O excesso de velocidade começou a apresentar tendências de melhoria
na taxa de respeito após a prefeitura iniciar o programa de readequação de velocidade das vias em 2017. Na
última pesquisa observamos os menores índices de desrespeito aos limites de velocidade, como mostra a Figura
32 e Tabela 21.

No entanto, as motocicletas ainda seguem sendo o principal veículo a cometer este tipo de infração. Cerca de
uma a cada quatro condutores de motocicleta trafegava acima do limite regulamentado na via. Este fato aliado
à sua vulnerabilidade, configuram uma situação gravíssima de exposição às lesões severas e à morte. Além
disso, quase metade dos veículos que excederam a velocidade, estavam trafegando pelo menos a 10km/h a
mais do que o limite da via.

* Início da readequação de velocidade em vias urbanas [fev/18] *** Campanha de velocidade II [nov/19]
** Campanha de velocidade I [set/19]

50 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


TABELA 21 VEÍCULOS OBSERVADOS EXCEDENDO VELOCIDADE (2015-2020)

COMPORTAMENTO 1ª RODADA 2 ª RODADA 3 ª RODADA 4ª RODADA 5ª RODADA 6ª RODADA 7ª RODADA 8ª RODADA 9ª RODADA
OBSERVADO AGO/2015 ABR/2016 AGO/2016 MAI/2017 SET/2017 JUL/2018 MAR/2019 AGO/2020 NOV/2020

VEÍCULOS, NO GERAL,
EXCEDENDO VELOCIDADE 22% 23%* 24%* 20%* 22%* 20%* 17%* 18%* 13%*

MOTOCICLETAS 34% 35% 32%* 30%* 30% 32%* 29%* 26%* 23%*

AUTOMÓVEIS 19% 20%* 23%* 18%* 22%* 16%* 13%* 16%* 10%*

PICKUPS 21% 23% 24% 20%* 21% 20% 19% 20% **

CAMINHÕES 16% 17% 16% 16% 14% 22%* 14%* 15%* 8%*

ÔNIBUS 7% 5% 7%* 6% 5% 10%* 4%* 6%* 2%*

MICRO-ÔNIBUS 14% 17%* 17% 15% 20%* 22% 10% 19% 5%*

SUVS/4WD 23% 25%* 25% 21%* 20% 20% 16% 20%* 12%*

TÁXIS 13% 11%* 16%* 11%* 11% 11% 7% 11%* 12%

OUTROS 15% 16% 20% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

* Indica significância estatística em relação à rodada anterior. ** Na rodada 9 caminhões leves foram classificados como caminhão

Observamos diferenças espaciais em relação às velocidades praticadas. Essas diferenças podem também
estar associadas à jurisdição da via. O desrespeito foi maior em rodovia urbana, inserida dentro da SER
V. Observamos ainda que o excesso de velocidade acontece com maior frequência aos finais de semana
e quando o uso de veículo é privado. É importante destacar que a última rodada ocorreu durante período
de isolamento social devido a pandemia do COVID-19. As operações de trânsito nesse período foram
reduzidas, o que pode influenciar o comportamento dos usuários.

Das investigações dos óbitos dos últimos 3 anos, no âmbito do CGDMST, tem-se que, em 21% dos casos
analisados a velocidade surge como fator contribuinte para morte, onde queimaduras severas por
arrasto e politraumas complexos e intensos dão indícios de alta velocidade na hora do impacto. Dentre
as ocorrências que apresentaram a velocidade como fator contribuinte, vê-se que mais da metade (61%)
tiveram motociclistas como a vítima fatal, reforçando o grave quadro da realidade problemática da
motocicleta em Fortaleza.

Segundo a pesquisa Vigitel (2019), 7,5% dos condutores de Fortaleza afirmam ter sido multados por excesso
de velocidade nos últimos 12 meses em vias dentro da área urbana, apresentando um indicador superior
ao da média nacional (5,9%).

Durante a pesquisa de avaliação da campanha “Não Arrisque, Nunca Beba e Dirija”, 23,1% dos entrevistados
afirmaram desrespeitar com frequência os limites de velocidade. 19,3% afirmaram se sentirem seguros ao
dirigir acima do limite de velocidade. Na mesma pesquisa, foi possível verificar que 97,1% conhecem as leis
sobre o excesso de velocidade e que os dois principais fatores de risco para sinistros de trânsito foram
consumo de álcool e velocidade excessiva, segundo avaliação dos entrevistados. Esses resultados apontam
uma contradição comportamental, onde os indivíduos conhecem as leis de trânsito, identificam o fator de
risco, porém praticam atitudes que colocam suas vidas e de outras pessoas em risco.

Em Fortaleza, os limites de velocidade para as vias urbanas ainda não obedecem às recomendações
internacionais de 50Km/h como velocidade máxima permitida no perímetro urbano, especialmente para
vias arteriais. Porém, desde 2018 a Autarquia Municipal de Trânsito, vem, aos poucos, mudando essa
realidade, dando escala ao programa de Readequação de Velocidade em vias urbanas.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 51


9.4. BEBER E DIRIGIR
A pesquisa de Direção sobre a influência do álcool ainda não foi realizada em 2020 devido a redução nas
operações de fiscalização da Lei Seca por conta da pandemia do COVID-19. Os resultados apresentados
serão referentes às oitos rodadas realizadas até o ano de 2019 pela UFC e JHU. Nesta pesquisa, uma equipe
de pesquisadores das universidades é alocada juntamente com os comandos contabilizando a quantidade
de testes realizados. É importante ressaltar que os resultados para este fator de risco são interessantes
para um acompanhamento em série histórica, porém, há que se reconhecer a limitação na representação
do comportamento populacional dos condutores que bebem e dirigem em Fortaleza, haja visto a existência
de aplicativos móveis e outros meios que facilitam o desvio dos comandos, dificultando tanto a aplicação da
lei, quanto à aferição mais precisa da incidência deste comportamento na cidade.

A Figura 33 e a Tabela 22 demonstram uma tendência de diminuição, com redução de 42% do percentual
de condutores que bebem e dirigem quando comparamos a última e primeira rodada.

* Aumento na fiscalização de bebida e direção (Dez./16) *** Campanha publicitária I 2ª Etapa (Dez./17)
** Campanha publicitária I (Jul./17) **** Campanha publicitária II (Dez./19)

TABELA 22 CONDUTORES OBSERVADOS COM TESTE POSITIVO ACIMA DO LIMITE LEGAL (2015 -2019)

COMPORTAMENTO BASELINE 2 ª RODADA 3 ª RODADA 4ª RODADA 5ª RODADA 6ª RODADA 7ª RODADA 8ª RODADA


OBSERVADO JUL E AGO/2015 MAR E ABR/2016 JUL E AGO/2016 ABR E MAI/2017 AGO E SET/2017 JAN E FEV/2018 JUL A SET/2018 FEV E MAR/2019

PREVALÊNCIA DE
CONDUTORES COM
4,5% 3,1% 3,6% 2,7% 2,4% 1,9% 2,0% 1,8%
TESTE POSITIVO E
RECUSA AO TESTE

AMOSTRA N=3.505 N=1.926 N=2.753 N=2.535 N=3.106 N=3.319 N=3.108 N=2.612

É relevante notar que 83% dos condutores que apresentaram ingestão de álcool acima do limite legal
foram homens e, dentre estes, 75% tinham idade entre 25 e 59 anos (Tabela 23).

52 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


TABELA 23 GÊNERO E IDADE DE CONDUTORES COM TESTE POSITIVO ACIMA DO LIMITE LEGAL
(RODADA 8, FEV E MAR/2019)

HOMENS COM MULHERES COM


FAIXA ETÁRIA TESTE POSITIVO TESTE POSITIVO

18 A 24 ANOS 4,4% 0%
25 A 59 ANOS 65,2% 100%

MAIS DE 60 ANOS 30,4% 0%

Na última rodada (8ª Rodada, Fevereiro a Março/2019) de pesquisa estima-se que até 1,8% dos condutores
estavam sob efeito do álcool (Tabela 24). Esse número foi calculado somando-se o percentual de condutores
que realizaram o teste e tiveram resultado positivo (1,1%) e também o percentual dos condutores que se
recusaram a realizar o teste do bafômetro, considerando estes como prováveis positivos (0,7%).

TABELA 24 ESTIMATIVA DE PROVÁVEIS POSITIVOS


(RODADA 8, FEV E MAR/2019)
OS EFEITOS
A. Nº DE CONDUTORES PARADOS 2.612 DO ÁLCOOL
B. Nº DE TESTES REQUISITADOS 2.082
Os efeitos do álcool são bem
C. Nº DE TESTES REALIZADOS 2.065 documentados na literatura, sendo os
D. Nº DE TESTES RECUSADOS 17 principais: a) Redução da coordenação
E. Nº DE TESTES POSITIVOS 28 motora, resultando em limitações para
PREVALÊNCIA EM TESTES realizar mais que uma tarefa por vez; b)
1,1%
POSITIVOS [E/A] Aumento do tempo de reação, limitando
PROVÁVEIS POSITIVOS [(E+D)/A] 1,7% o tempo hábil para lidar com situações
inesperadas (um veículo se aproximando,
uma criança atravessando a rua); c)
Na pesquisa de avaliação da campanha “Não Arrisque,
Diminuição do discernimento e uma falsa
Nunca Beba e Dirija”, 13,8% dos entrevistados afirmam
sensação de autoconfiança, aumentando
ter dirigido depois de consumir bebida alcoólica.
a tolerância à experiências de risco como
Dentre as pessoas que disseram ter ingerido bebida dirigir a altas velocidades; d) Diminuição da
alcoólica nos últimos 30 dias, 51,4% consumiram, pelo concentração, memória, visão e audição,
menos, 5 copos de bebida alcoólica. o que limita muitas das faculdades
necessárias para uma direção segura. De
Ainda sobre a pesquisa de avaliação de campanha, acordo com a OMS, condutores sobre o
os entrevistados de 18 a 29 anos apresentaram efeito de álcool tem 17 vezes mais chance
uma tendência duas vezes maior de beber e dirigir de se envolver em um sinistro fatal.
do que pessoas de 45 a 55 anos.
98,4% dos entrevistados conhecem as leis de trânsito que proíbem conduzir veículos após a ingestão
de álcool, entretanto, contraditoriamente, 48,1% acreditam que podem consumir alguma quantidade de
álcool. Agravando o quadro, 29,3% concordaram que são capazes de determinar quando beberam a
ponto de prejudicar suas habilidades na direção. Esse panorama reforça a necessidade das ações de
fiscalização como vetores de prevenção de mortes e lesões no trânsito.

Outra pesquisa importante realizada anualmente em nível nacional pelo Ministério da Saúde e que
avalia esse comportamento de risco é a VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico). Neste caso, em 2019, para Fortaleza, 11,9% dos adultos (≥ 18 anos)
entrevistados afirmaram conduzir veículo motorizado após consumo de qualquer quantidade de bebida
alcoólica. Esse valor é bem próximo à média nacional de 12,1%. A Figura 34 compara esse indicador
para todas as capitais brasileiras, mostrando que Teresina tem a maior taxa (14,2%) de condutores que
afirmam conduzir veículos motorizados após consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 53


Importante notar que, nos últimos 4 anos, essa mesma pesquisa, identificou, em Fortaleza, que esse
indicador vem oscilando em torno de 12%. Houve um aumento de 1% em relação ao ano de 2018. No
entanto, não observa-se uma tendência clara de alterações no comportamento na amostra de pessoas
pesquisadas pelo Ministério da Saúde nos últimos anos. A Figura 35 apresenta a variação das pessoas
que conduzem veículos, têm hábito de beber e assumem que dirigem depois da ingestão de álcool, na
cidade de Fortaleza.

54 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


A pesquisa apresenta também os resultados declarados de pessoas que foram convidadas a realizar
teste do bafômetro nos últimos 12 meses. Em Fortaleza, 15,5% das pessoas entrevistadas afirmaram ter
sido convidadas a realizar o teste. A Figura 36 apresenta a relação entre a quantidade de pessoas que
assumiram dirigir depois de beber e a quantidade de condutores convidados a fazer o teste do bafômetro
nas capitais brasileiras.

Por meio de gráfico pode-se construir a hipótese de que a quantidade de testes de bafômetro aplicados
pela fiscalização influencia na quantidade de condutores que afirmam dirigir depois de beber. Ou seja,
quanto mais testes, menos pessoas dirigem sob efeito do álcool. A confirmação dessa hipótese e qual seu
impacto demanda mais análises, visto que outras variáveis afetam esse comportamento de risco.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 55


A operação Lei Seca busca estar sempre alinhada com ações de comunicação, como a campanha “Não
Arrisque, Nunca Beba e Dirija”. Ao longo de 2019 foram requisitados 106.366 testes de bafômetro em
comando. Nestes casos, 1.388 condutores se recusaram a realizar o teste (1,3%) e, dos que realizaram,
28 (0,03%) acusaram consumo de álcool. Ao somarmos os autos de recusa e de testes positivos, tivemos
uma média de 3,9 infrações por dia relativas à alcoolemia, no período analisado.

Esses dados mostram que foram realizados 40,2 testes para cada grupo de 1.000 habitantes. Comparando
a quantidade de testes realizados em Fortaleza com Suécia que é referência mundial na segurança viária,
verifica-se que nesse país são realizados 5,7 vezes mais testes do que em Fortaleza. Na Suécia, entre 2010
e 2015, foram realizados em média cerca 230 testes para cada grupo de 1.000 habitantes por ano (ETSC,
2018). Finlândia e França, que também são referência, efetivaram 220 e 164 testes respectivamente
para cada grupo de 1.000 habitantes a cada ano, no mesmo período, 5,5 e 4 vezes mais que Fortaleza,
respectivamente. Destaca-se que a percepção da maioria da população de Fortaleza é de que os testes
de alcoolemia devem ser aumentados. Na pesquisa de avaliação da campanha “Não Arrisque, Nunca
Beba e Dirija” 70% dos entrevistados concordaram que os esforços de fiscalização devem aumentar em
relação à lei seca.

9.4 USO DO CELULAR


Nos últimos anos, com a disseminação das facilidades dos telefone celular, a dependência deste aparelho
tem trazido sérios riscos para a segurança no trânsito. Estudo recente elaborado pelo Centro de
Experimentação e Segurança Viária (CESVI) revelou que os motoristas chegam a ficar até 5 segundos sem
prestar atenção na via enquanto estão manuseando o celular. Isso é o mesmo que percorrer uma distância
equivalente a 12 carros populares enfileirados com os olhos fechados, trafegando a uma velocidade de
80km/h. O caso é ainda mais perigoso quando o condutor responde a uma mensagem, tarefa que pode
levar até 23 segundos e é o mesmo que percorrer um campo de futebol com os olhos vendados.

Em 2020, a cidade de Fortaleza começou a monitorar este fator de risco. Na última rodada, observamos
que 9 a cada 100 condutores utilizavam o celular. Houve aumento de 2,2% em relação à última rodada.
O desrespeito maior foi observado entre os condutores jovens (18 a 24 anos) e do gênero feminino. O
uso do celular enquanto dirige foi observado com maior frequência nos dias úteis. A região sul da cidade
apresentou as maiores taxas desta conduta de risco, como mostra a Figura 37.

De acordo com pesquisa Vigitel (2019), em Fortaleza 1 em cada 4 afirmam ter esse comportamento de
risco. Esse resultado coloca a cidade em uma das cinco com o pior desempenho neste indicador, como
apresenta a Figura 38. É importante destacar que não há uma grande variação entre as capitais.

56 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


O uso do celular distrai o motorista em 4
USO DO dimensões: visual, cognitiva, física e auditiva.
CELULAR AO Segundo a OMS, a combinação de celular e
direção aumenta em quatro vezes o risco de
VOLANTE sinistros de trânsito. Desde 2016, o uso de
celular ao volante tornou-se infração gravíssima,
rendendo ao brasileiro sete pontos na carteira e
multa de quase R$ 300,00.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 57


10. POLÍTICAS E
AÇÕES IMPLEMENTADAS
Fortaleza é uma cidade em rápida transformação quando se fala em Mobilidade Urbana. Muitos
avanços foram registrados nos últimos anos, o que tornou a cidade uma referência local e
internacional no tema da promoção da segurança viária. O principal feito desse progresso são as
vidas salvas no trânsito. Desde 2014, a política implementada na cidade salvou cerca de 756 vidas.
Este capítulo apresenta os principais e mais recentes projetos implementados que auxiliaram a
alcançar esses resultados, em áreas como: Gestão, Desenho Urbano, Fiscalização, Educação e
Comunicação. Para um apanhado completo das implementações realizadas ao longo dos últimos
anos, recomenda-se consultar as versões anteriores do presente relatório, disponíveis no website
da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC).

GESTÃO DA SEGURANÇA DO TRÂNSITO

Dentre as principais estratégias para a promoção da segurança no trânsito de Fortaleza, destaca-


se a construção de uma cultura de governança sobre o tema. Nos últimos anos a cidade tem
conseguido fortalecer sua capacidade institucional para promover esforços de segurança viária.
A implementação de boas práticas, baseada em evidências, direcionou as iniciativas em uma
escala capaz de reduzir, de maneira significativa, as mortes no trânsito. Dentre estas iniciativas,
destacam-se a priorização da mobilidade e a segurança para todos os usuários; a criação da
cultura de transporte ativo; a promoção do envolvimento desses usuários com o ambiente urbano;
o redesenho de áreas para promover velocidade mais seguras; e a execução de estratégias de
comunicação e fiscalização para coibir comportamentos de risco.
Essas iniciativas vêm concedendo à
cidade reconhecimento internacional.
Durante evento realizado na Suécia, em
fevereiro de 2020, a cidade ganhou o
prêmio International Vision Zero for Youth
Leadership (em tradução livre Prêmio
Internacional de Liderança em Visão
Zero para a Juventude). O anúncio da
premiação foi realizado no evento This is
My Street, Safe and Healthy Journeys for
Children and Youth organizado pela FIA
Foundation como um pré evento oficial da
3ª Conferência Ministerial Global sobre
ENTREGA DO PRÊMIO Segurança no Trânsito. Mais informações
INTERNATIONAL VISION ZERO sobre o prêmio e os motivos de Fortaleza
FOR YOUTH LEADERSHIP ter sido agraciada podem ser acessadas
no site: www.visionzeroforyouth.org.

58 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


PLANO DE SEGURANÇA NO TRÂNSITO

A Prefeitura de Fortaleza entende que é necessário garantir que os avanços obtidos sejam continuados
nos próximos anos, seguindo as legislações vigentes, o conceito de Sistemas Seguros e as boas práticas
que tentam mitigar o problema dos mortos e feridos no trânsito. Neste contexto, surgiu a necessidade de
elaboração do Plano de Segurança no Trânsito (PST) de Fortaleza, com o objetivo de institucionalizar e
aprimorar as políticas de prevenção a mortos e feridos, baseada nas melhores práticas.

O plano aborda o tema de forma sistêmica e intersetorial, incluindo diversas ações em quatro pilares
diferentes: (1) Gestão da Segurança no Trânsito; 2) Mobilidade Sustentável e Vias Seguras; 3) Usuários Seguros
e 4) Rede de Atenção à Vítima.), integrando diversos setores do poder público diretamente e indiretamente
relacionados com o tema. A Figura 39 sintetiza a estrutura do sistema seguro a ser implementado em
Fortaleza por meio do PST. No centro, tem-se a visão
FIGURA 39 ESTRUTURA DO SISTEMA que guia o plano e no entorno os princípios, eixos
SEGURO DE FORTALEZA de atuação e áreas temáticas das ações a serem
desenvolvidas que permitirão alcançar os objetivos
definidos. A estrutura em formato circular reforça
a ideia de que os componentes do sistema atuam
de forma integrada, buscando a visão comum de
eliminar os mortos e feridos graves no trânsito.

Tem-se o entendimento de que essa mudança


não acontece apenas com a elaboração desse
documento. Na prática, o plano configura-se como
mais um novo e importante passo na incorporação
e adaptação dessas melhores práticas à realidade
local. O plano representa ainda o fortalecimento
de um processo que se iniciou em 2014 e vai,
assim, apoiar a sustentabilidade e aprimoramento
das ações implementadas desde então. Espera-
se que com esse instrumento, os conceitos de
sistemas seguros sejam incorporados na política de
segurança do trânsito de Fortaleza.

PLATAFORMA VIDA

Buscando aprimorar seu sistema de gestão da segurança no trânsito, a AMC desenvolveu um sistema
integrado de vigilância em Segurança Viária, embasado no sistema DRIVER (Data for Road Incident
Visualization Evaluation and Reporting) do Banco Mundial. O sistema, chamado de Plataforma Vida (Figura
40), representa uma evolução do Sistema de Informações em Sinistros de Trânsito (SIST), que funciona
atualmente na AMC, e congrega informações de sinistros de trânsito, intervenções de engenharia e ações
de fiscalização. Desde dezembro de 2020, o módulo de visualização de sinistros está disponível ao público
em: vida.centralamc.com.br (acesse também utilizando smartphone a partir do QR Code).
Além de aumentar a eficiência na coleta e análise FIGURA 40 PLATAFORMA VIDA
de dados relativos à segurança no trânsito e no
monitoramento de intervenções de engenharia
e fiscalização, a Plataforma busca facilitar o
acesso às informações consolidadas pela AMC e
democratizar a compreensão sobre o problema
das mortes e lesões no trânsito, empoderando a
população no combate a esse problema de saúde
pública.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 59


CENTRAL DE MOBILIDADE PARA A PRESERVAÇÃO DE VIDAS NO TRÂNSITO

CENTRAL DE MOBILIDADE
PARA A PRESERVAÇÃO
DE VIDAS NO TRÂNSITO

A AMC inaugura, em maio de 2021, uma Nova Polícia Militar e Engenheiros de Tráfego da AMC.
Central com o objetivo de realizar o monitoramento Esta intersetorialidade tem o objetivo de facilitar
e atendimento a ocorrências gerais nas vias a comunicação entre os órgãos competentes
da Cidade de Fortaleza. A partir de estratégias no atendimento desses tipos de ocorrências,
preventivas e reativas, o setor busca inibir acionando equipes responsáveis para rápida
comportamentos inseguros que possam vir a resolução das ocorrências registradas.
causar morte ou lesões nas ruas e avenidas da
cidade. A Central, sediada na AMC, é composta por
dois painéis em drywall com 32 monitores de
O monitoramento é realizado pelas Câmeras 52 polegadas, e 40 postos de trabalho com
da AMC e da Coordenadoria Integrada de computadores que se comunicam com com os
Operações de Segurança (CIOPS), dentro de monitores da sala e as mais de 450 câmeras
um ambiente composto por equipe de Agentes distribuídas pela cidade. A imagem acima apresenta
de Trânsito, Representante da ETUFOR, SAMU, uma imagem virtual do novo ambiente.

CONVÊNIO COM A INICIATIVA PAINEL DA SEGURANÇA VIÁRIA (PSV)

A partir da assinatura do termo de parceria com o contribuindo para a orientação de políticas


Instituto Cordial, a AMC concretiza convênio para públicas e ações voltadas à mobilidade segura
integrar uma iniciativa de articulação intersetorial a partir das perspectivas da Visão Zero e dos
que cria espaços de discussão, processa bancos Sistemas Seguros. O Instituto Cordial trabalha
de dados geoespaciais e desenvolve estudos com ciência de dados, inteligência territorial e
no campo da segurança viária baseada em articulação intersetorial para fortalecer redes
evidências, articulando organizações públicas e basear tomadas de decisão em dados e
e privadas para aprofundar o debate sobre evidências, contando com a parceria estratégica
as relações entre os sinistros de trânsito e as do WRI Brasil, da Vital Strategies e da Iniciativa
características do sistema viário das cidades, Bloomberg para Segurança Global no Trânsito.

6 0 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


ASSINATURA DA CARTA DE COMPROMISSO | RUAS PELA VIDA

“Ruas pela Vida” (Streets for Life) foi o lema


escolhido para a 6ª Semana Global de Segurança
no Trânsito da ONU), defendendo limites de
30 km/h (#Love 30) como norma em vias onde
as pessoas e o tráfego de veículos mais se
misturam. A Prefeitura Municipal de Fortaleza,
ciente e engajada com o tema, assina uma
carta de compromisso com a ONU para garantir
o cumprimento de velocidades baixas em vias
urbanas, construindo ambientes mais seguros,
saudáveis e habitáveis para todos os munícipes.
Baixas velocidades salvam vidas!

A iniciativa convoca sociedade e governos a agirem


por ruas de baixa velocidade em todo o mundo.
A Semana Global é uma ocasião para angariar
compromissos em nível nacional e local para
garantir o cumprimento de velocidades baixas em
vias urbanas, conquistar apoio local para termos
cidades mais seguras onde as pessoas caminham,
brincam e vivem.

SEMANA GLOBAL
DE SEGURANÇA
NO TRÂNSITO DA ONU

DESENHO URBANO

As ações de desenho urbano continuaram a Calmo da Igreja de Nazaré, o Alargamento de


ser ampliadas e aprimoradas mantendo o foco calçadas do Lago Jacarey, Mutirões de Segurança
na requalificação do espaço viário, moderando Viária em diversos bairros, a Revitalização da
as velocidades, priorizando as pessoas com Avenida Beira-mar, a Requalificação Viária da Av.
intervenções de baixo investimento e alto impacto, Desembargador Moreira e Rua dos Tabajaras, entre
entre outras medidas. Seguindo o conceito do outros. Novas vias arteriais se juntaram às avenidas
projeto Cidade da Gente, que foi implantado Leste-Oeste e Osório de Paiva e tiveram o limite
anteriormente na Cidade 2000 e no entorno do de velocidade máxima readequado para 50 km/h.
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, foram A rede cicloviária, além de expandida, incorporou
desenvolvidos novos projetos: a Super Área de novos elementos para proteção do ciclista. A seguir
Trânsito Moderado do Centro, a Área de Trânsito são detalhadas essas e outras intervenções.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 61


SUPER ÁREA DE TRÁFEGO
MODERADO DO CENTRO
O Centro da Cidade é a região de Fortaleza
com a maior concentração de pessoas devido QUADRILÁTERO DA ZONA
a grande oferta de comércios e serviços, nos 30 DO CENTRO DE FORTALEZA
últimos 5 anos essa região apresentou mais
de 5.400 mil sinistros, destes 439 foram
atropelamentos, que resultaram em mais
2.800 pessoas feridas e 47 vítimas fatais. De
forma a aumentar a segurança dos pedestres
serão realizadas um pacote de intervenções
como: 10 km de novas ciclofaixas, renovação da
sinalização, construção de travessias elevadas,
2 novas faixas exclusivas para o transporte
público. Além dessas medidas, todas as vias
internas ao quadrilátero compreendido entre
as ruas: Duque de Caxias, Imperador, João
Moreira e Sena Madureira passarão a ter
velocidade máxima permitida em 30 km/h, de
forma a moderar a velocidade desenvolvida
pelos veículos, minimizando a ocorrência e a
severidade de atropelamentos nesta Região.
Dentro do perímetro, haverá ainda a expansão do Projeto Calçada Viva na Rua Floriano Peixoto e Rua
Assunção, bem como, a já existente na Rua Br. do Rio Branco será estendida até a Rua João Moreira.
A intervenção tem como objetivo tornar as ruas mais equitativas, seguras e confortáveis, dedicando
mais espaço aos usuários vulneráveis em vias com grande demanda destes. Consiste em destinar
uma faixa de tráfego para uso exclusivo
de pedestre e ciclista, utilizando-se
tinta, balizadores e mobiliário urbano.
Na Av Barão do Rio Branco, primeira via
a receber o tratamento, os resultados
mostraram que o número de pedestres
caminhando na via, fora da calçada,
reduziu em 92%. A proporção de
condutores transitando acima de 30
km/h e 40 km/h reduziram 65% e 84%
respectivamente. Hoje, a intervenção na
Rua Barão do Rio Branco é inspiração
para a requalificação dos espaços
públicos com o objetivo de salvar vidas
AMPLIAÇÃO DO PROJETO e promover a mobilidade sustentável.
CALÇADA VIVA NO CENTRO Mais informações do projeto disponível
em: https://lsy.short.gy/calcadaviva.

62 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


READEQUAÇÃO DE VELOCIDADE
EM VIAS ARTERIAIS CRÍTICAS
Depois da readequação dos limites de entre outras. A lista completa está disponível
velocidade nas avenidas Osório de Paiva e na Tabela 25. Além da mudança no limite de
Leste-Oeste novas vias receberam o mesmo velocidade, essas vias tiveram tratamento de
tratamento, seguindo a recomendação da circulação e segurança no trânsito, visando
Organização Mundial de Saúde - OMS, defende proteger os usuários mais vulneráveis. Ressalta-
que o limite de velocidade em vias urbanas não se que ainda nos primeiros meses, a fiscalização
deve ser superior a 50 km/h. A cidade conta eletrônica possui caráter educativo para quem
agora com 31 km de avenidas seguindo essa transitava com velocidade entre 50 e 60 km/h.
recomendação, contemplando vias como: Cel. Atualmente, a cidade possui mais de 70 km de
Carvalho, Francisco Sá, Santos Dumont, Alberto vias que tiveram sua velocidade readequada
Magno, Dom Luiz, Duque de Caxias, Abolição para 50 km/h como mostra o Mapa 07.

MAPA 07 VIAS QUE RECEBERAM READEQUAÇÃO NO LIMITE DE VELOCIDADE

TABELA 25 VIAS COM A VELOCIDADE READEQUADA

MÊS E ANO DA MÊS E ANO DA


VIA IMPLEMENTAÇÃO VIA IMPLEMENTAÇÃO

AV. LESTE-OESTE | TRECHO 1 02/2018 AV. LESTE-OESTE | TRECHO 2 01/2021


AV. OSÓRIO DE PAIVA | TRECHO 1 09/2018 AV. DOM LUÍS 01/2021
AV. FRANCISCO SÁ 09/2019 AV. OSÓRIO DE PAIVA | TRECHO 2 04/2021
AV. PADRE IBIAPINA 11/2019 AV. ABOLIÇÃO 04/2021
AV. DUQUE DE CAXIAS 11/2019 AV. SANTOS DUMONT 04/2021
RUA AUGUSTO DOS ANJOS 11/2019 AV. HIS RAIMUNDO GIRÃO 04/2021
AV. FREI CIRILO 02/2020 AV. MONS TABOSA | TRECHO 2 04/2021
AV. CORONEL CARVALHO 03/2020 AV. ANTONIO SALES 05/2021
AV. GOMES DE MATOS 09/2020 AV. TRISTÃO GONÇALVES 05/2021
RUA ALBERTO MAGNO 09/2020 AV. IMPERADOR 05/2021
RUA JORGE DUMAR 09/2020 RUA GOV. JOÃO CARLOS 05/2021
RUA DAMASCENO GIRÃO 09/2020 RUA JUSTA ARAÚJO 05/2021

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 63


READEQUAÇÃO DE VELOCIDADE
NA AV. DUQUE DE CAXIAS

Em um novo estudo técnico realizado pela AMC, da segurança viária considerando as seis avenidas
identificou-se que o número de sinistros com vítimas em que a readequação foi realizada há mais de
caiu 21% nas vias que receberam o tratamento de um ano. O método aplicado visou isolar o efeito
readequação da velocidade, reduzindo de 1.047 da intervenção, considerando como grupo de
(esperado) para 831 (observado), como mostra a comparação outras Avenidas de características
Figura 41. Já a redução estimada para sinistros similares que não receberam o tratamento de
com vítimas fatais foi ainda maior, observou-se readequação do limite de velocidade. Em média, a
uma queda de 67% (de 48 para 16) no grupo de análise do monitoramento utilizou cinco anos (2016-
vias analisadas. O estudo avaliou o desempenho 2020) de observações de sinistros de trânsito.

T1: PRÉ-INTERVENÇÃO T2: PÓS-INTERVENÇÃO

1.784
Intervalo dos valores
esperados, com base
na tendência obtida a
partir do grupo de
REDUÇÃO controle.
DE SINIST. 1.047 Média: 1.047
C/ VÍTIMAS Média do intervalo
APÓS A esperado
READEQ. 831
Observações de
DA VELOC. sinistros com
Figura 41 vítimas

Recentemente, esta iniciativa foi materializada na


publicação Best Practice for Urban Road Safety
- Case Studies elaborado pelo International
Transport Forum - ITF, que destaca experiências
de promoção da segurança no trânsito por
meio da proteção dos usuários vulneráveis
ao redor do mundo. Além de Fortaleza, esse
relatório apresenta estudos de casos de outras
seis cidades: Barcelona, Bogotá, Buenos Aires,
Londres, Nova Iorque e Roterdam. No caso
de Fortaleza, foi destacada a experiência de
readequação do limite de velocidade de 60 para
50 km/h na avenida Leste-Oeste. O documento BEST PRACTICE FOR URBAN ROAD SAFETY
pode ser acessado no link a seguir: bit.do/ CASE STUDIES
itfbestpractice.

6 4 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


REQUALIFICAÇÃO DO LAGO
JACAREY E SEU ENTORNO
A região do Lago Jacarey é um importante pólo
de comércios, serviços e lazer da região dos ANTES E DEPOIS
bairros Cidade dos Funcionários, Jardim Iracema DA REQUALIFICAÇÃO
e Cambeba. O projeto teve como principal DO LAGO JACAREY
objetivo destacar a importância do espaço
público para a convivência das pessoas por
meio de melhorias de infraestrutura urbanística,
paisagística e de segurança de trânsito. A obra
contempla alargamento da praça do Lago
Jacarey, drenagem, limpeza do lago, pavimento
em bloco intertravado, recapeamento asfáltico,
implantação de binários e nova circulação de
trânsito, implantação de semáforo, implantação
de infraestrutura cicloviária, requalificação de
calçadas e canteiro central, nova iluminação
e ecopontos, como mostra o antes e depois na
imagem ao lado. Um novo Lago Jacarey, que
levará mais conforto e segurança à população
durante as atividades de compras, alimentação,
lazer, esporte e passeio.

MICRO PARQUE URBANO


DA JOSÉ LEON

MICRO PARQUE URBANO

Localizado no cruzamento da Avenida José equipamentos lúdicos para promover uma


Leon com a Avenida Dr. João Maciel Filho, onde integração com o público infantil. A iniciativa,
antes era apenas um terreno sem utilização além de incentivar a prática da boa convivência
e degradado por ponto de descarte irregular entre as pessoas na região, tem o objetivo de dar
de lixo, foi implantado o primeiro micro parque maior fluidez ao tráfego, melhorando também a
urbano da cidade, um projeto de urbanismo circulação local e dando mais segurança para
e requalificação do espaço público, com uma pedestres, pessoas com mobilidade reduzida e
nova praça arborizada com piso tátil, rampas ciclistas, minimizando as ocorrências de sinistros
de acessibilidade, aparelhos de ginástica e de trânsito.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 65


CAMINHOS DA ESCOLA
PROMOVENDO A
PRIMEIRA INFÂNCIA
O Programa “Caminhos da Escola” visa, por projeto piloto do programa foi implantado
meio de ações em áreas escolares, promover no final de 2019, no bairro Cristo Redentor. A
a segurança no trânsito e o desenvolvimento intervenção foi implantada inicialmente de forma
infantil, com intervenções em áreas que se temporária, com materiais de baixo custo e
situam nas proximidades de escolas. O entorno rápida implantação: tintas, jarros, mesas, bancos,
das escolas contempladas passam por uma brinquedos para as crianças foram capazes de
readequação de velocidade, para trazer mais transformar completamente cerca de 1000 m²
segurança para as pessoas que trafegam no em um espaço mais seguro e atrativo para a
entorno das escolas, requalificação de calçadas população que ali caminha.
danificadas, inclusão de prolongamento de
passeio com pintura artística, mobiliário urbano As próximas áreas que serão contempladas
(como bancos, jarros e lixeiras), pintura lúdica pelo programa serão os entornos das escolas
de brincadeiras para as crianças e sinalização Lireda Facó (Centro Infantil e Escola de
especial para área escolar. Ensino Fundamental) e do ABC Bom Jardim,
compreendendo as ruas Av. Oscar Araripe e R.
O Programa nasceu a partir da análise de Oscar França no trecho entre a Av. Cel. Virgílio
dados publicados pela Organização Mundial de Nogueira e a R. Manoel dos Santos Bezerra. Além
Saúde (OMS) que mostram que os sinistros de de contemplar também a Rua Três Corações,
trânsito são a principal causa de morte entre entre a Av. Oscar Araripe e R. Cel. João Correia,
crianças de 5 a 14 anos no mundo. O primeiro onde está localizado o CRAS - Bom Jardim.

ANTES E DEPOIS DO CAMINHOS DA


ESCOLA NO CRISTO REDENTOR

FOTOS: PAULO WINZ - NACTO/GDCI

66 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


REQUALIFICAÇÃO DA
AV DESEMBARGADOR MOREIRA
Considerada via de conexão da região hoteleira
ao aeroporto, a Av. Desembargador Moreira é
tida como a principal porta de entrada da cidade
para os turistas que desejam conhecer ou se
hospedar próximo às praias de Iracema e Beira-
Mar. A relevância da Av. Desembargador Moreira
é materializada através da intensa movimentação
de pedestres e de veículos no seu entorno que é
observada diariamente. Com a requalificação
desta via, a população ganhará um novo espaço
público ao longo da Av. Desembargador Moreira,
entre as avenidas Dom Luís e a Beira Mar, o
que representará 6.563,3 m² a mais de espaço
reconquistado, com ciclofaixa bidirecional para
conexão com as já existentes nos dois extremos,
cerca de 92 novas árvores a serem plantadas,
reforço da iluminação pública, incluindo iluminação
com foco voltado para os pedestres, 5 novos
platôs para moderação de tráfego e priorização
REQUALIFICAÇÃO DA
das travessias de pedestres nos cruzamentos,
AV DES MOREIRA (TRECHO 3)
novo mobiliário urbano com bancos, jardineiras,
paraciclos, balizadores e jarros.

ÁREA DE TRÂNSITO CALMO DA


IGREJA DE NAZARÉ NO MONTESE
As áreas de trânsito calmo têm como foco principal, trecho que liga a Igreja à Praça, em piso intertravado,
a humanização do espaço urbano, aumento da implantação de piso tátil, requalificação de calçadas
percepção da segurança, estímulo à convivência e novo mobiliário urbano. Nesse trecho, temos
cidadã e a redução de sinistros de trânsito. A área de ainda a regulamentação da velocidade de 30
trânsito calmo da Igreja de Nazaré está localizada km/h, atendendo à recomendação da ONU para
na Rua André Chaves, entre as ruas Jorge Dumar a redução de sinistros de trânsito em áreas de
e São João Piamarta, no bairro Montese. Esta via circulação significativa de pedestres. A intervenção
é um importante corredor de tráfego, ligando a mantém a circulação viária atual e propicia o
Av. Luciano Carneiro à Av. João Pessoa. O projeto aumento da segurança na travessia de pedestres
contempla a construção de um platô elevado, no ao garantir a moderação da velocidade.

ÁREA DE TRÂNSITO
CALMO NO MONTESE

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 67


A NOVA BEIRA-MAR E A
REQUALIFICAÇÃO DA
RUA TABAJARAS
Com novo calçadão, equipamentos de esporte
e lazer, entre outras intervenções, a Nova Beira-
mar já tem proporcionado uma nova experiência
para fortalezenses e turistas. Em toda essa área,
houve requalificação total da via, com mudança
do pavimento, garantindo a moderação da
velocidade da via. Além disso, estão inseridos
no projeto outros elementos de proteção dos
usuários vulneráveis. O projeto contempla ainda
a instalação de calçadas acessíveis, pista de
cooper, ciclovia, nova iluminação, quiosques REQUALIFICAÇÃO
padronizados, bolsões de estacionamento, nova DA RUA TABAJARAS
feirinha fixa e padronizada e banheiros públicos.
A Rua dos Tabajaras recebeu uma requalificação que garante uma melhor circulação de pedestres,
com maior segurança e acessibilidade nos passeios. Além disso, as obras contemplaram a troca de
todo o pavimento da via com piso intertravado, novas calçadas, iluminação e mobiliários urbanos
como bancos, lixeiras, mesas com cadeiras e estações do programa Bicicletar. As mudanças foram
realizadas de forma macro, trazendo um novo desenho urbano ao local. O pedestre passa a ser
prioridade e os carros continuam passando, mas em baixa velocidade. A ideia é que essa área vire
um grande calçadão, onde bares, galerias de arte, escritórios e moradias tragam mais vida para o
coração da nossa Praia de Iracema.

MUTIRÃO DE SEGURANÇA
VIÁRIA NOS BAIRROS
O mutirão de segurança viária teve início em 2020 quando a AMC decidiu adotar uma abordagem
em área, contemplando os bairros com maior risco no trânsito. As regiões contempladas recebem um
pacote de intervenções como: revitalização da sinalização, novos semáforos, ciclofaixas, binários, faixas
elevadas, lombadas, readequação de velocidade, área de trânsito calmo, intervenção de urbanismo
tático, entre outras medidas que se fizerem necessárias para a promoção de um trânsito mais seguro.
Os bairros que receberam o mutirão de segurança viária, em 2020, foram: Messejana (Fevereiro/20),
Granja Lisboa (Março/20), Montese (Agosto/20), Parquelândia (Setembro/20), Parque Manibura
(Outubro/20), José Walter (Fevereiro/21), Serrinha e Itaperi (Abril/21).

Ações implementadas na Serrinha e Itaperi Ações implementadas em Messejana


• 190 cruzamentos com revitalização da • 250 cruzamentos com revitalização da
sinalização; sinalização;
• 05 novos semáforos; • 10 novos semáforos;
• 9,1 km de ciclofaixas; • 04 inclusões de tempo para pedestres em
• 02 novos binários; semáforos existentes;
• 01 área de trânsito calmo; • 03 novos binários;
• 02 vias com readequação da velocidade para • 01 via com readequação da velocidade para
50 km/h; 50 km/h;
• 03 travessias elevadas; • 07 km de ciclofaixas;
• 10 lombadas físicas; • 03 travessias elevadas.
• 26 cruzamentos com tachões reflexivos.

68 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


Ações implementadas no Montese
INTERVENÇÃO DE URBANISMO • 140 cruzamentos com revitalização
TÁTICO NO MONTESE da sinalização;
• 10 novos semáforos;
• 07 km de ciclofaixas e ciclorotas;
• 02 novos binários;
• 03 áreas de trânsito calmo;
• 01 intervenção de urbanismo tático;
• 02 vias com readequação da
velocidade para 50 km/h;
• 04 travessias elevadas;
• 02 lombadas físicas;
• 09 novas estações do sistema de
bicicletas compartilhadas.

MAPA 08 BAIRROS QUE RECEBERAM O MUTIRÃO DE SEGURANÇA VIÁRIA

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 69


MODERNIZAÇÃO E EXPANSÃO
DA REDE SEMAFÓRICA
Os semáforos são eficientes instrumentos para
reduzir conflitos entre veículos e pedestres
comprovadamente e ajudam a reduzir mortes e lesões
no trânsito. Atualmente, a cidade conta com 1.055
semáforos, dos quais 590 (56%) possuem alguma
facilidade para os pedestres. Desses 590 semáforos,
139 são exclusivos para pedestres, 214 possuem
estágio para pedestre e 237 possuem foco para
pedestre sem estágio (carona). Junto com a expansão
da rede semafórica está sendo realizada também
sua modernização. Hoje, 100% já está equipada
SEMÁFORO INTELIGENTE com lâmpadas LED, que além de mais econômicas
são mais seguras, por serem mais visíveis, e 52%
com nobreaks, que reduzem os transtornos durante
períodos sem energia. Espera-se que até 2022 toda a rede esteja coberta com nobreaks. Cabe ressaltar que,
desde 2000, Fortaleza possui uma Central de Tráfego em Área (CTAFOR), que controla em tempo real parte
da rede semafórica e faz uma gestão mais eficiente do fluxo na malha viária. Do total de semáforos, 596 (56%)
são centralizados com controle adaptativo em tempo real. Está em processo de implantação uma nova central
de Tráfego (CTA2), que já possui cerca de 169 cruzamentos em operação, sendo que alguns no corredor Bezerra
de Menezes já estão em teste no modo adaptativo. Esse novo sistema apresenta uma interface visual mais
moderna, integração com ferramentas de SIG e aplicativos móveis de uma plataforma baseada em serviços,
que poderá futuramente agregar informações, melhorando o processo de gestão e de acesso à informação.
Para aumentar a eficiência de todo sistema semafórico, 580 câmeras auxiliam no monitoramento do CTAFOR,
sendo 106 câmeras próprias da AMC e 474 da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social.

OUTROS ELEMENTOS DE APOIO


À CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES
Desde 2014, diversos dispositivos que promovem projeto de sucesso que iniciou como um piloto, em
a segurança e conforto dos pedestres vêm sendo 2018, e se transformou em um programa rapidamente
implantados na cidade. Os primeiros foram as faixas é o projeto Esquina Segura. Tal projeto, que tem
elevadas implementadas em caráter de piloto no o intuito de melhorar a visibilidade na interseção
entorno de escolas na Messejana para moderação ao coibir o estacionamento próximo às esquinas
do tráfego e proteção dos estudantes. Hoje, a e facilitar a travessia dos pedestres ao diminuir a
instalação das faixas elevadas é uma demanda distância de travessia. Além das faixas elevadas e do
comum da população. Uma das razões é o fato de que projeto esquina segura a prefeitura vem instalando
o percentual de condutores que respeita a travessia ondulações transversais (lombadas), ilhas de refúgio,
do pedestre é 10 vezes maior nas faixas elevadas em travessias na diagonal, entre outros elementos. Dentro
relação a faixa convencional, indicando um grande do projeto da super área de trânsito calmo do Centro,
potencial de prevenção de mortes e lesões com no cruzamento da Av. Tristão Gonçalves x Rua Liberato
essa política pública. Em função da aceitação desse Barroso será instalada a maior faixa de pedestres de
dispositivo, o mesmo agora faz parte dos principais Fortaleza, medindo mais de 40 metros de extensão,
projetos de infraestrutura viária da cidade. Outro devido a grande concentração de pedestres no local.

ALARGAMENTO DE CALÇADA
FAIXA ELEVADA URBANISMO TÁTICO

70 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


POLÍTICA CICLOVIÁRIA
Fortaleza caminha para ser a capital nacional da bicicleta. Os avanços das políticas cicloviárias na
cidade nos últimos anos são muito expressivos. A rede de ciclovias e ciclofaixas, por exemplo, cresceu
quase 436% desde janeiro de 2013, alcançando 365 km até a data de publicação deste relatório. Hoje,
56% da população de Fortaleza mora a uma distância de até 300 metros de alguma infraestrutura
cicloviária. Em Janeiro de 2013, este percentual era de 13%. Junto com esse avanço, os projetos
também estão sendo aprimorados buscando sempre aumentar a segurança dos ciclistas.

MAPA 09 EVOLUÇÃO DA INFRAESTRUTURA CICLOVIÁRIA

2020 foi o ano que teve mais implantação de malha cicloviária desde o início desta política, com
aproximadamente 62 km de novas infraestruturas. Esse crescimento, além de garantir um ir e vir mais
seguro aos ciclistas, também evidenciou que a capital cearense desponta como uma das cidades da
América Latina que mais construiu novas infraestruturas cicloviárias como forma de reduzir a disseminação
do coronavírus. Pelo mundo, diversas capitais,
como Paris, Barcelona, Londres, Berlim, Buenos
Aires, Lima e Bogotá, também investiram em
ciclovias e ciclofaixas, como forma de combater a
contaminação nos transportes, sendo que muitas
delas optaram por construir ciclofaixas temporárias.
Fazendo uma comparação na América Latina,
Fortaleza (78,2 km) implantou nesse período mais
infraestruturas cicloviárias do que Lima (46 km)
EXEMPLO DE APRIMORAMENTO
e Buenos Aires (17 km), por exemplo, ficando a
DE INFRAESTRUTURA capital cearense atrás apenas de Bogotá (84 km),
AV. SANTOS DUMONT de acordo com a WRI Brasil (2021), que também
mostra Fortaleza à frente de Paris (50 km).

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 71


Além desse crescimento da rede, a cidade estações, como mostra o Mapa 10, alcançando
implementou quatro diferentes sistemas de a marca de maior sistema de bicicletas
compartilhamento de bicicletas: Bicicletar, compartilhadas do país em relação à população.
Bicicleta Integrada, Mini Bicicletar e Bicicletar É importante destacar que, desde junho de 2018,
Corporativo, que somam mais de 3,7 milhões de essa política é implementada com recursos
viagens desde dezembro de 2014. O Bicicletar oriundos do estacionamento público rotativo
encontra-se em expansão para áreas periféricas (Zona Azul) conforme Lei Municipal n.º 10.752
da cidade, atualmente o sistema possui 210 sancionada pelo prefeito Roberto Cláudio.

MAPA 10 EVOLUÇÃO DA INFRAESTRUTURA CICLOVIÁRIA

72 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


BICICLETAR BICICLETA INTEGRADA

MINI BICICLETAR BICICLETAR CORPORATIVO

Na área social, o Re-ciclo tem como objetivo, de televisão, aumentar a taxa de coleta de
por meio de oficinas de formação, aumentar resíduos sólidos na cidade de Fortaleza. Com
a qualidade de vida, segurança e saúde relação à mobilidade, o projeto visa promover a
aos catadores e aumentar a renda desses ciclo logística. O estudo do impacto dos triciclos
profissionais. Em relação ao meio ambiente, nas coletas servirá de base para entender os
o projeto pretende, por meio de campanha benefícios dos triciclos e bicicletas e estimular
porta a porta, redes sociais e programas seu uso.

RECICLO

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 73


PROGRAMA DE MELHORIA
DO TRANSPORTE COLETIVO
A priorização do Transporte Coletivo é, em Fortaleza aumentou 35 vezes, saltou de 3,3
além de uma medida eficiente em prol da km para 119 km, além da implantação de dois
sustentabilidade urbana, também uma corredores BRT, o da Av. Aguanambi e o da Av.
ferramenta de melhoria da Segurança Viária, Bezerra de Menezes, com o qual este último
ao melhorar o desempenho operacional de reduziu pela metade o tempo de deslocamento
alternativas mais seguras de deslocamento. no trecho contemplado.
Um usuário de ônibus, por exemplo, está mais
seguro do que um motociclista. Hoje, 100% da frota fornece acesso gratuito à
internet wi-fi e 35% tem ar-condicionado. Há
Entre 2013 e 2020, diversas melhorias ainda o programa de reformas e concessão
ocorreram no sistema de transporte coletivo, dos terminais e construção de miniterminais,
contemplando desde o sistema de pagamentos, sob responsabilidade da SEINF, que garantiu
com a implantação do Bilhete Único, até a a conclusão da reforma de dois terminais
implantação de infraestruturas como BRTs e (Antônio Bezerra e Messejana) e a construção
reforma de terminais. Neste período, o número dos miniterminais (conhecidos também como
de quilômetros de faixas exclusivas existentes estações de transferência).

MAPA 11 REDE PRIORIZAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO

74 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


FISCALIZAÇÃO

As ações de fiscalização têm papel fundamental Nesse contexto, as operações dentro desse eixo de
na política de segurança viária de Fortaleza e se atuação buscam combater os principais fatores
somam às ações de educação e comunicação para de risco reconhecidos pela Organização Mundial
promover usuários de trânsito mais seguros, que da Saúde - OMS, são eles: O beber e dirigir, o
seguem as regras de trânsito, e preservar vidas. não uso do Capacete, o não uso do cinto de
Para tanto, ao longo dos anos, essas ações foram segurança e a velocidade excessiva. A dissuasão
aprimoradas e passaram a ser orientadas por desses comportamentos é realizada por meio de
dados, seguindo os preceitos da teoria da dissuasão fiscalização presencial, comandos fixos e volantes,
e da fiscalização preditiva. Os procedimentos operação fiscalização eletrônica, radares fixos e
operacionais foram padronizados por meio videomonitoramento.
de um Manual de Procedimento Operacionais
para Comando - MPOC que define os tipos e as É importante destacar que o estabelecimento e
metodologias das ações de fiscalização, além de a manutenção de parcerias são fundamentais
mecanismos para a avaliação de cada tipo de para o cotidiano da fiscalização, destacando aqui
ação. Ressalta-se que a AMC realiza treinamentos o estreitamento das relações com a Polícia Militar,
periodicamente que visam alinhar os conhecimentos possibilitando maior capilaridade das operações
e práticas dos agentes de trânsito com as melhores de Lei Seca e para o uso correto do capacete
técnicas nacionais e internacionais. especialmente.

COMANDOS LEI SECA


Desde julho de 2017, a operação Lei Seca vem detectam a presença do álcool pela respiração,
sendo intensificada e aprimorada com o foco na não havendo a necessidade do condutor soprar no
diminuição da direção sob o efeito de álcool. O equipamento, dispensando o uso dos bocais que
combate do beber e dirigir é feito por meio de ações no equipamento tradicional é descartado a cada
diárias, prioritariamente no horário noturno, que utilização. O equipamento não realiza portanto
seguem o padrão de comando estático com alta medição para efeito de registro da infração, mas
visibilidade. Esses comandos, são direcionados para indica a presença de vestígios de álcool funcionando
as vias arteriais, sobretudo regiões com registros como um dispositivo de triagem. Essa característica
de sinistros e nas proximidades de pólos geradores dá mais agilidade à operação, permitindo liberar
que estimulam o consumo de álcool. o condutor que testou negativo de forma mais
rápida. Apenas os condutores que testam positivos
A partir de 2018, a operaçã Lei Seca passou a nessa primeira verificação são convidados a
utilizar os etilômetros passivos, o que aumentou a realizar o teste tradicional com o etilômetro ativo.
capacidade operacional dos comandos e reduziu Essa adoção foi pioneira no país e hoje está sendo
os custos de sua execução. Esses equipamentos replicada em outros órgãos de trânsito do país.

COMANDO LEISE SECA


UTILIZAÇÃO DO ETILÔMETRO PASSIVO

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 75


RADARES FIXOS
Em Fortaleza, 229 pontos da cidade são Desde 2017, após parceria com o Governo do
monitorados por radares de fiscalização, que tornam Estado, esses equipamentos são usados para
o trânsito mais seguro ao inibir o comportamento de apoiar ações de segurança pública e fazem parte
risco nas vias. 134 equipamentos instalados junto do Sistema Policial Indicativo de Abordagem
aos semáforos fiscalizam avanço de sinal vermelho, (SPIA). Por meio deles é possível monitorar
parada sobre a faixa de pedestres e excesso de veículos roubados e dar suporte a perseguições
velocidade. Mais 17 fiscalizam avanço de sinal policiais. Outro benefício desses equipamentos é
vermelho, parada sobre a faixa de pedestres. Já 78 o suporte a gestão de tráfego da cidade visto que
equipamentos situados no meio-de-quadra captam eles coletam informações 24h por dia. Durante
o desrespeito à velocidade máxima permitida na a pandemia da COVID-19, os dados gerados por
via. Outros 124 equipamentos fiscalizam o uso esses equipamentos auxiliaram a identificar o grau
inadequado das faixas exclusivas de ônibus. de isolamento na cidade.

OPERAÇÃO COVID-19
Em tempos de pandemia, uma força-tarefa
envolvendo agentes e orientadores da AMC vem
sendo desenvolvida para orientar a população sobre
as formas de prevenção da Covid-19. As ações têm
caráter exclusivamente educativo. Uma grande parte
do efetivo de agentes esteve concentrado nas ações
de enfrentamento ao vírus atuando, principalmente,
em pontos de aglomerações e em filas de agências
bancárias. O trabalho consiste em conscientizar
as pessoas acerca do cumprimento das medidas
necessárias para evitar a contaminação do novo
coronavírus como cumprir os decretos de isolamento,
manter os distanciamentos, utilizar máscaras de BLITZ DE ORIENTAÇÃO AO CUMPRIMENTO
proteção, não aglomerar e lavar adequadamente as DO DECRETO DE ISOLAMENTO
mãos com água e sabão.
Além destas atividades, motociclistas batedores da AMC têm desempenhado papel importante para
auxiliar o transporte das vacinas que chegam em Fortaleza. Os batedores otimizam o trajeto e deixam
as vias livres. O trabalho é desenvolvido em parceria com a Polícia Militar. Um comboio é formado
desde o aeroporto até as unidades hospitalares que recebem o imunizante. O suporte inclui o auxílio ao
trabalho de escolta, com agentes realizando bloqueios provisórios nas vias transversais, e o controle dos
semáforos centralizados, que possibilitam maior fluidez do tráfego com a programação da “onda verde”
durante os percursos.

CICLOFAIXAS SEGURAS
Com a ampliação da infraestrutura cicloviária em Fortaleza, que atualmente possui 365 km, e do número
de pessoas aderindo ao uso da bicicleta como meio de transporte, a AMC terá uma equipe de orientadores
dedicados a fiscalização das Ciclofaixas, de forma a inibir que outros modos de transporte, como as motos,
utilizem essa infraestrutura e coloquem em risco a vida dos ciclistas e demais usuários da via.

76 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


EDUCAÇÃO

A Gerência de Educação para o Trânsito – GEDUC


da AMC promove um suporte essencial ao deixar
claro que o cidadão é ao mesmo tempo parte
do problema, com condutas inadequadas, e
parte da solução, por possuir a capacidade de
mudança. Em abril de 2019, foi inaugurado o
Centro de Treinamento para Motociclistas, por
reconhecer esse tipo de usuário, como um dos mais
vulneráveis no trânsito. O equipamento promove
treinamentos para os fatores de risco associados
à morte e lesões de motociclistas no trânsito, como
o não uso do capacete ou uso sem afivelamento,
o ato de beber e dirigir e, um dos mais graves, o
excesso de velocidade. Além dos momentos de
conscientização, é possível realizar treinamentos
ATENDIMENTO NA ESCOLINHA
práticos de técnicas de condução segura.
DE MOBILIDADE
Além das atividades descritas acima, a GEDUC
mantém anualmente ações que variam de acordo
com a faixa etária do público-alvo, do tipo do usuário ou de conduta de risco pontual. A gerência é
responsável pela Escola de Mobilidade Urbana Vicente Veloso, voltada ao atendimento de crianças
e adolescentes, reforçando o compromisso da gestão municipal em garantir um ir e vir mais seguro e
uma convivência harmônica entre todos os atores, tanto na condição de pedestre, ciclista ou condutor.

PRÊMIO AMC DE
MOBILIDADE URBANA
A iniciativa tende a contribuir com a educação
para o trânsito à medida que fortalece uma cultura
de consciência e respeito no trânsito a partir da
infância. Por meio dessa premiação a AMC instiga
os estudantes, do 1º ao 9º ano da rede municipal
e estadual, a produzirem materiais para as
categorias de desenho, poema, redação e vídeo.
Em sua terceira edição, o Prêmio AMC mobilizou
4.854 estudantes de 115 escolas com a temática
“No trânsito, o sentido é a vida. Desacelere!
Cuide do pedestre!”. Ao envolver estes alunos,
espera-se uma maior conscientização quanto
à segurança viária, pois a AMC acredita que a
PREMIAÇÃO DOS ESTUDANTES educação é um dos principais meios capazes de
salvar e preservar vidas.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 77


COMUNICAÇÃO

Desde fevereiro de 2017, a comunicação de massa faz parte da política de segurança viária da cidade, de
forma mais presente, quando foi veiculada uma campanha com foco no uso correto do capacete. Desde
então, os esforços nessa área vêm se intensificando, o que culminou na realização de três campanhas, em
2020, veiculadas na TV, Rádio e Redes Sociais. As campanhas foram desenvolvidas fazendo a conexão
entre a importância de respeitar as regras de trânsito no período de pandemia da COVID-19. como mostra a
Figura 43. A Tabela 26 a seguir apresenta todas as campanhas de massa para promoção da segurança no
trânsito de 2017 até 2020.

FIGURA 43 CAMPANHAS REGRAS DE TRÂNSITO E COVID-19

TABELA 26 CAMPANHAS DA AMC PARA PROMOÇÃO DA SEGURANÇA NO TRÂNSITO

2017 2018 2019 202O 2021

USO CORRETO DO VELOCIDADE REGRAS DE TRÂNSITO REGRAS DE TRÂNSITO


BEBER E DIRIGIR (II)
CAPACETE EXCESSIVA (I) E COVID - 19 (I) E COVID - 19 (III)
PERÍODO:
PERÍODO: PERÍODO: SETEMBRO PERÍODO: MAIO E PERÍODO: MAIO
DEZEMBRO
FEVEREIRO E MARÇO E OUTUBRO JUNHO

BEBER E DIRIGIR (I)


PERÍODO: (1) JULHO BEBER E DIRIGIR (II) REGRAS DE TRÂNSITO DIAS DAS MÃES E
E AGOSTO E (2) PERÍODO: OUTUBRO E COVID - 19 (II) TRÃNSITO
NOVEMBRO E E NOVEMBRO PERÍODO: JULHO PERÍODO: MAIO
DEZEMBRO

VELOCIDADE
EXCESSIVA (II) BEBER E DIRIGIR (III)
PERÍODO: PERÍODO: AGOSTO
DEZEMBRO

78 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


Acesse os vídeos das campanhas de Fortaleza escaneando ou clicando nos QR Codes abaixo:

1. Uso correto do capacete: 6. Regras de trânsito e COVID19 I:

2. Bebida e Direção I: 7. Regras de trânsito e COVID19 II:

3. Bebida e Direção II: 8. Bebida e direção:

4. Velocidade Excessiva I: 9. Regras de trânsito e COVID19 III

5. Velocidade Excessiva II: 10. Dias das mães e Trânsito

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 79


AVALIAÇÃO DE CAMPANHA
A primeira campanha com foco em combater a confortável” entre os que não viram a campanha
velocidade excessiva foi avaliada por meio de esse percentual foi de 76%. Esse indicador mostra o
uma pesquisa com 1001 homens e mulheres de impacto positivo da campanha no comportamento
18 a 55 anos residentes em bairros de Fortaleza dos usuários.
nos grupos socioeconômicos ABC, que dirigem Destaca-se que 80% dos entrevistados apoiam
veículo motorizado de duas, quatro ou mais rodas que o governo realize campanhas de mídia de
por quatro ou mais dias em uma semana. Nessa segurança viária. Outras declarações relacionadas
pesquisa: 1) 47% dos entrevistados lembraram ao excesso de velocidade e fiscalização tiveram
a campanha quando estimulados, o que sugere o seguinte resultado: 1) 65% Acreditam que as
uma estimativa conservadora de quase 960 mil penalidades por não seguir a regulamentação
pessoas alcançadas; 2) 87% relataram que viram de velocidade devem ser mais severas, 2) 75%
campanha na TV, seguido pelo rádio (5%) e 3) 36% Concordam que eles provavelmente serão
se lembraram corretamente da chamada à ação multados pela fiscalização se violar uma regra;
da campanha “Respeite os limites de velocidade”. 3) 57% Concordam que as sanções por violar as
Quando perguntados sobre suas percepções de leis que comprometem a segurança viária devem
segurança ao exceder os limites de velocidade, 89% aumentar; e 4) 70% Concordam que os esforços
dos que lembraram da campanha concordaram da fiscalização para capturar pessoas que violam
com a afirmação de que “Dirigir dentro do limite os regulamentos de segurança no trânsito devem
de velocidade me faria sentir mais seguro e aumentar.

PAINEL DE CONTAGEM
DE VÍTIMAS FATAIS
NO TRÂNSITO
O Painel, de 7 metros de altura, foi inaugurado
no Maio Amarelo e fica localizado na Praça da
Imprensa - Avenida Antônio Sales. Ele tem o
objetivo de veiculação de informações sobre o
número de vítimas fatais de sinistros de trânsito
em Fortaleza e será atualizado periodicamente
sempre que uma nova morte for notificada. Além
da transparência, o painel busca criar uma grande
visibilidade para o tema da morte no trânsito. No
esforço de auxiliar a sociedade na compreensão
do problema, buscamos o engajamento da
população no seu enfrentamento a partir da PAINEL DE CONTAGEM
conscientização e adoção de comportamentos
DE VÍTIMAS FATAIS NO TRÂNSITO
seguros no trânsito. Afinal, nenhuma morte no
trânsito deve ser aceitável.

80 RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020


PROJETO PONTO DO ENTREGADOR
CURSO DE PILOTAGEM SEGURA
PARA MOTOCICLISTAS DE APP

PROJETO PONTO
DO ENTREGADOR

Nos últimos anos, o serviço de delivery aumentou Entregador, que consiste em locais de apoio a
nas principais capitais brasileiras. A pandemia entregadores, com internet Wi-Fi gratuita, totem
mundial COVID-19 reforçou esse crescimento e para carregamento de celulares, bancos para
ressaltou a importância do trabalho realizado pelos descanso, videomonitoramento, iluminação e
entregadores. Atualmente, esses profissionais estacionamento para motocicletas e bicicletas. O
utilizam como modo de transporte a motocicleta e projeto inicia em caráter piloto com dois pontos na
a bicicleta e não possuem nenhuma estrutura de cidade de Fortaleza para que possa ser avaliado.
apoio na cidade. Eles esperam, em áreas públicas,
serem chamados para um novo pedido. Além disso, a AMC iniciará curso gratuito de Pilotagem
Segura para esses condutores,com aulas teóricas
Como uma alternativa para melhorar as condições e práticas com o objetivo de orientação a estes
desses profissionais será criado o Ponto do condutores sobre a condução segura da motocicleta.

RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA VIÁRIA DE FORTALEZA 2020 81


11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIGRS (2019) Bloomberg Initiative for Global Road Safety, 2019. Post Campaign Evaluation Report. Avaliação
pós-campanha “Não Arrisque, Nunca Beba e Dirija”. Fortaleza, Brasil.

BRASIL (2020) Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2019: Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico.

BRASIL (2018) Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito. Ministério das Cidades, Brasília, DF.

DATASUS (2021) Brasil. Ministério da Saúde. Estatísticas vitais (acesso em 10 de março de 2021). Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10uf.def

DETRAN/CE (2021) Estatísticas da Frota de Veículos. Disponível em: http://portal.detran.ce.gov.br/index.php/


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ETSC (2018) Progress in reducing drink driving in Europe. European Transport Safety Council. Brussels.

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php?codmun=230440>. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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relatório executivo. Brasília: Ipea: ANTP. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

LONDON (2019). Casualties in Greater London during 2018. Transport For London. London.

NYC (2019). Vision Zero, Year 5 Report. New York City Mayor’s Office of Operations. New York City.

OMS (2004) World Health Organization, & Peden, M. M. World report on road traffic injury prevention.Geneva.

OMS (2011) Decade of action for road safety 2011-2020: saving millions lives 2011. Disponível em: http://www.
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OMS (2018) Global Status Report on Road Safety 2018. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC
BYNC-SA 3.0 IGO.

ONU (2018) Agenda 2030 - 17 Objetivos para transformar nosso mundo. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/pos2015/. Organização das Nações Unidas.

SÃO PAULO (2019). Relatório Anual de Acidentes de Trânsito – 2018. Companhia de Engenharia de Tráfego. São
Paulo, SP.

SANTACREU (2018) Alexandre Santacreu. “Safer City Streets Global Benchmarking for Urban Road Safety”
International Transport Forum Working Document, OECD Publishing, Paris.

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WRI (2021). Do emergencial ao permanente: transformando a infraestrutura cicloviária para além da pandemia.
Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/cidades/do-emergencial-ao-permanente-infraestrutura-
cicloviaria-para-alem-da-pandemia

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