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África e seus Desafios Atuais
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
África e seus Desafios Atuais
Caro(a) aluno(a),
Leia atentamente o conteúdo desta Unidade, que lhe fornecerá algumas informações sobre
os desafios atuais do continente africano.
Você também encontrará nesta Unidade uma atividade composta por questões de múltipla
escolha relacionada com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos
em informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre esse assunto.
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Contextualização
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O que ouvimos de África?
Fonte: gentequeeduca.org.br
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Embora a região seja conhecida também por África Negra o termo está
caindo em desuso, tendo em vista que o mesmo fazia oposição à África do
Norte – ou África Branca.
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Os desafios para o desenvolvimento africano
Um primeiro elemento a destacar é que, quando se trata de África, não é possível generalizar
os fenômenos – sejam eles políticos, econômicos ou sociais – devido à diversidade cultural,
social, política e étnica do continente e as diferentes formas de colonização impostas pelos países
europeus, principalmente após os acordos firmados na Conferência de Berlim em 1884-1885*.
Uma estratégia defensiva com o reforço momentâneo do protecionismo colonial foi um dos
recursos utilizados, após a Primeira Guerra, pelos países europeus que possuíam colônias em
território africano e que começavam um processo de reestruturação econômica. França, Grã-
Bretanha e Portugal, com diferentes motivações, empenharam-se em garantir, manter e fortalecer
seu mercado consumidor, como também suas fontes de matérias-primas. Era um novo momento
tanto para colonizados como para colonizadores. Segundo Coquery-Vidrovitch (2002):
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
A Neocolonização
A Segunda Guerra fez do continente o objeto de cobiça e de disputa dos países do Eixo:
Itália, França, Alemanha, Espanha manifestavam seus interesses em ampliar ou assegurar seus
domínios em regiões do continente africano, fossem por motivos estratégicos, fossem por
razões econômicas. As pretensões visavam ratificar acordos que já haviam sido feitos entre
esses países. A Itália, por exemplo, pretendia criar uma África Oriental Italiana (ratificando um
acordo de 1937) consolidando seus domínios na Líbia, Etiópia, Somália, Eritréia e Abissínia,
incluindo, mais tarde também, o Egito, que já era alvo do tratado anglo-egípcio, e a Tunísia,
de domínio francês.
Fonte: UFMG
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Todas as pretensões italianas dependiam de uma vitória da Inglaterra e, ainda, chocavam-
se com interesses da Alemanha, que também almejava dominar alguns territórios. A França
também era um empecilho aos objetivos italianos. Ao detalhar os interesses germânicos,
Coquery-Vidrovitch (2010, p. 344) afirma que:
Ao discutir o papel do Estado não só de financiador, mas como gerador de política, a França
acrescentou às ideias já existentes de desenvolvimento de infraestrutura um novo princípio
baseado no fomento da atividade industrial através da criação de um Comitê das Indústrias do
Império. “A ideia permanecia, contudo, ancorada em evitar a concorrência com os interesses
metropolitanos” (COQUERY-VIDROVITCH, 2010, p. 347).
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Os anos após a Segunda Guerra, as crises econômicas, sociais e políticas tornaram precárias
as condições de vida na África. Os salários congelados durante a guerra eram insuficientes para
a compra de alimentos, cujos preços subiam vertiginosamente, visto que muitos produtos eram
importados da Europa. O proletariado urbano, engrossado por camponeses que buscavam
melhores condições de vida nas cidades, contribuía para piorar a situação, pois “o precário
habitat ganhava contornos permanentes, com a ausência quase total de vias públicas, serviços
públicos e saneamento” (COQUERY-VIDROVITCH, 2010, p. 349)
Os conflitos por melhores condições de vida, e de trabalho, explodiram por todo o continente
e as cidades eram os lugares preferidos para o enfrentamento: em 1944 no Senegal, em
1945 em Douala, em 1947 na Guiné. Também Argélia (1975) e Madagascar (1947) foram
cenários de distúrbios e greves, assim como em Abidjan e Dakar ou ainda em Elisabethville
(Lumbunbashi) e Leopoldville (Kinshasa), locais onde abatia-se uma miséria atroz.
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A Fome e a Pobreza na África
O continente africano é marcado pelo estigma da fome, da miséria e da pobreza, pois esses
são os temas mais mencionados, e conhecidos, quando se trata de África. E isso se dá pelo fato
de que muitos ignoram as dimensões e divisões do continente e o entendem como um único país,
sem considerar suas diferenças geográficas, étnicas, culturais, sociais, econômicas e políticas.
Esse conhecido cenário africano está relacionado diretamente a uma parcela do continente,
formada pelos vários países que compõem a região conhecida como África Subsaariana ou
África Tropical.
Fonte: gentequeeduca.org.br
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Esses países foram objeto de vários processos de exploração. Uma parcela considerável
de pessoas que foram escravizadas fora do continente, como aquelas trazidas para o Brasil,
era dessa região. Foram gerações inteiras de homens e mulheres que deixaram de participar
ativamente da construção de suas próprias nações e que se viram obrigadas a realizar trabalhos
forçados se desejassem viver, mesmo que por poucos anos. A Conferência de Berlim (1884-
1885) mudou o mapa do continente e reuniu num mesmo território grupos com características
étnico-culturais diferentes e, em muitos casos, até mesmo rivais. Além disso, havia a separação
de membros de uma mesma étnica em países diferentes. Os conflitos e tensões nas, agora
independentes, colônias eram controlados por meio da aplicação da força militar da metrópole.
Vários países ainda sofrem consequências dessa divisão artificial das fronteiras, em alguns
as tensões são de origem étnica – caso de Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Congo, Somália,
Libéria; noutros de ordem territorial, como aconteceu em Serra Leoa, na Somália ou na
Etiópia. E ainda existem casos, como o da Argélia (Norte da África) e do Sudão, em que as
tensões e conflitos têm origens religiosas.
Fonte: historiaecultura.ciar.ufg.br
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Como consequência direta da situação criada pelos países europeus, o clima de instabilidade
política, a falta de infraestrutura e os conflitos étnico-religiosos, ou por domínio territorial, foram
agravados durante o processo e as lutas por independência da maioria desses países. O resultado
de anos de exploração – social e econômica – e dominação política foi a criação de “democracias”
instáveis em sociedades agrícolas com poucos investimentos em saneamento básico, educação
e saúde. Daí o desaparecimento quase por completo das estruturas tradicionais de sociedades
baseadas na família e no clã, e que sustentavam as nações africanas com seus valores ancestrais.
Alguns autores apontam os fatores naturais como corresponsáveis pela crise na África
Subsaariana, uma vez que as condições climáticas, influenciadas pela região do deserto do Saara e
pela floresta tropical, além das montanhas, nem sempre foram favoráveis à presença do homem
em alguns períodos da história. Existem registros de períodos de seca e, embora a região seja
banhada pelos principais rios africanos – como o Congo, o Nilo, o Limpopo, o Zambeze, o Níger
e o Senegal* –, a maioria dos governos não dispõe de recursos tecnológicos para a implantação
de técnicas de irrigação ou de captação de água para fins de abastecer à população, por exemplo.
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PROJEÇÃO CILÍNDRICA
EQUIDISTANTE MERIDIANA
Os dados estatísticos dos países da região corroboram com essa análise, pois, segundo
Fernandes (2010, p. 89),
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Todos esses fatores contribuíram para a situação de crise constante nesses países. As
lideranças locais não possuem os recursos necessários para conter os insatisfeitos e, muitas
vezes, são esses mesmos líderes que, atendendo a interesses estrangeiros, alimentam a
corrupção dos governos e a exploração da população autóctone.
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Os conflitos e as tensões: a violência e as guerras
Um outro elemento que marca profundamente a visão que temos da África é a violência,
que, aos nossos olhos, parece infinita e sem justificativa. Os conflitos são tantos e a
violência atinge tamanha dimensão que não é possível entender quais os reais motivos que
justificam tantas mortes e sofrimentos para pessoas de um mesmo país. Esse cenário é
mais um quesito que contribui para uma visão catastrófica, redutora e pessimista da África
e dos africanos.
As tensões que já existiam acabaram por se agravar no período pós-independência politica
e, no decorrer dos anos, ganharam novos contornos e foram alimentadas por outros ódios.
E as consequências para as nações envolvidas são drásticas e devastadoras. Dados da ONU
(Organização das Nações Unidas) apontam para a África como a região que mais tem conflitos
no mundo*, em alguns casos, eles duram anos. A maioria das decisões do Conselho de
Segurança da ONU diz respeito ao continente africano.
Os estudos a respeito das causas da violência em África enfatizam alguns fatores e oferecem
luzes sobre outros. E, de forma geral, afirmam, assim como Medeiros (2010, p. 183), que
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Muitas das opiniões acerca das origens dos conflitos em continente africano carecem de
estudos mais apurados e do conhecimento da realidade concreta onde se dão os embates. Os
argumentos mais usados são os relacionados às questões étnicas ou antigas rivalidades tribais
ou religiosas. Entretanto, associado a esses, podem ou não estar em foco os conflitos pela
posse da terra e a saturação demográfica que geram problemas alimentares.
É possível encontrar muitas outras referências que, normalmente, estão intercruzadas.
Medeiros (2010, p. 186) destaca:
[...] Heranças do passado colonial, desde a fase do tráfico de
escravos à de dominação imperialista, nos seus múltiplos
aspectos; crise do Estado pós colonial, importado e não legitimado
internamente, relacionada com mudanças na configuração das
conjunturas e da divisão internacional do trabalho; ingerências
externas num contexto crescente de globalização; manipulação de
clivagens étnicas ou religiosas; pobreza e baixo desenvolvimento
humano, com aprofundamento de grandes desigualdades sociais,
o que “permite aos mais ricos comprar armas e obriga os mais
pobres a venderem-se”.
BOUQUET, 2008
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As fronteiras, herdadas do período colonial, também estão nas raízes de algumas guerras
africanas. Entretanto, foi a economia política do colonialismo que, ao destruir as instituições
tradicionais, acabou por gerar fortes tensões e desordem tanto política como social. A política
em torno de um estado frágil e com pouca experiência administrativa de seus líderes é um
fator decisivo para o agravamento da crise doméstica.
A África sempre manteve relações comercias com os outros continentes, entretanto elas nem
sempre foram positivas. Essas relações interferem diretamente na ocorrência, permanência
e duração dos conflitos, pois os agentes estão envolvidos em redes criminosas, preocupados
com a exploração ilegal dos recursos naturais. As conexões regionais e as dinâmicas globais
estão ligadas, em muitos casos, diretamente aos conflitos no continente.
Os recursos naturais da África são alvo da cobiça de muitas nações, dentro e fora do
continente. Portanto, não é a falta de recursos a origem dos conflitos, mas a sua abundância e
seu valor agregado. Controla-se um recurso não apenas para explorar ou dominar um território,
mas também, e sobretudo, para utilizar os dividendos do mesmo para manter uma verdadeira
indústria de guerra – que atende aos interesses de grupos das mais diversas procedências.
As modalidades, os meios e as variações dos conflitos em África não permitem um estudo
unificado dos mesmos, mas dão ideia da abrangência e dos impactos deles em todo o mundo.
Os campos de refugiados* exigem esforços internacionais para alimentar milhares de pessoas
que são obrigadas a deixarem suas regiões de origem pela proximidade dos combates. Um
número cada vez maior de crianças perde a vida, o que compromete o futuro das nações. As
mortes precoces estão relacionadas a epidemias, fome, como já citado aqui, mas também à
captação para compor as milícias em conflitos.
Encontrar saídas para o continente africano é uma tarefa que demanda esforços
internacionais. Sem o efetivo comprometimento dos países desenvolvidos, será impossível
mudar a realidade da África.
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Material Complementar
Filmes:
GEORGE, Terry (diretor). Hotel Ruanda. 2004 (2h01mim). Baseado em fatos
reais. Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de
pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que
buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por
Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na
capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200
pessoas durante o conflito.
Sites:
Para obter e acompanhar os conflitos na África e no mundo, acesse:
www.warsintheworld.com
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Referências
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Unidade: África e seus Desafios Atuais
Anotações
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