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Ensino de História
Material Teórico
A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Revisão Textual:
Profa. Ms. Jurema Mascarenhas Paes
A história e os objetos da cultura: literatura,
música e aulas de campo
• História e música
• História e literatura
• Aulas de campo
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Continuar a reflexão sobre as atuais tendências da historiografia, em
especial sobre a história do imaginário e a relação da história com a
música, com a literatura e com o patrimônio histórico;
· Apresentar e analisar fontes musicais e literárias;
· Desdobrar o processo de aulas de campo em museus, sítios
arqueológicos, monumentos históricos dentro da cidade;
· Contribuir para a formação acadêmica de profissionais das áreas de
ciências humanas, por meio de reflexões que proporcionem maior
aprofundamento em torno do estudo de história.
ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, faremos o estudo do imaginário e da história em suas
formas de representação através de fontes variadas como: música, literatura
e patrimônio histórico. Os principais objetivos aqui serão aprender a utilizar
as fontes musicais e a literatura em sala de aula e perceber como essas
fontes podem contribuir para a pesquisa e para o ensino em História.
Abordaremos também a importância das aulas de campo, como visitas a
museus, sítios arqueológicos e monumentos históricos dentro da cidade e
dos espaços urbanos. Nessa direção, também faremos uma incursão sobre
o conceito de patrimônio.
UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Contextualização
Como usar a música ou a literatura em sala de aula para o ensino de
história? O que são aulas de campo? São esses os pontos que iremos desdobrar
nesta Unidade. Primeiro é muito importante entender a música e a literatura
como lugares de pensamento, como linguagens que possuem mecanismos e
metodologias próprias e, como tal, podem ser fontes muito ricas para a pesquisa
e para o ensino em sala de aula.
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A História e os objetos da cultura: música,
literatura e aulas de campo
Se você tiver uma boa ideia, é melhor fazer uma canção, já disse um
famoso compositor brasileiro; mas, além de ser veículo para uma boa
ideia, a canção (e a música popular como um todo) também ajuda a
pensar a sociedade e a história. A música não é apenas boa para ouvir,
mas também é boa para pensar.1
1 NAPOLITANO, Marcos. História e Música: História cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica,
2005. p. 11.
2 MATOS, Maria Izilda Santos. A cidade, a noite e o cronista. São Paulo e Adoniran Barbosa. Bauru, SP,
EDUSC,2007. Capítulo 4. ( História e música: sensoriedades, sensibilidades e sonoridades.
3 MATOS, Maria Izilda Santos. A cidade, a noite e o cronista. São Paulo e Adoniran Barbosa. Bauru, SP,
EDUSC,2007. Capítulo 4. ( História e música: sensoriedades, sensibilidades e sonoridades. P. 36
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Mas nem sempre foi assim, por muito tempo a música foi uma fonte
desconsiderada pela historiografia como legítima. Ela passou a ser utilizada na
segunda metade do século XX, a partir da escola dos Annales francesa e da
mudança de paradigmas na ciência.
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No prefácio do livro, nas primeiras edições, apresenta-se uma justificativa pelo
uso do pseudônimo:
Este livro foi publicado há quase trinta anos, sob o pseudônimo de Francis
Newton (baseado em Frankie Newton, o trompetista), com a intenção de
manter as obras do autor como historiador separadas de sua produção
como jornalista de Jazz.4
https://www.youtube.com/watch?v=6Ac-Si6RT-k
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
6 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882000000100009&script=sci_arttext
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No século XX, um elemento muito importante mudou a nossa forma de consumir,
ouvir e registrar a música, o fonograma. Até então, o registro da memória musical
era feito por meio do pentagrama, da escrita musical. O fonograma trouxe a
possibilidade de analisar a música de outras maneiras, sem precisar estar focado no
conhecimento formal de música, via partitura.
O fonógrafo
Metodologias para explorar a fonte que é a música popular em sala de aula:
7 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882000000100009&script=sci_arttext
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
A música popular não deve ser compreendida apenas como texto, fato
muito comum em alguns trabalhos historiográficos que se arriscam por
essa área. As análises devem ultrapassar os limites restritos exclusivamente
à poética inscrita na canção, no caso específico a poesia popular, pois,
ainda que de maneira válida, estaria se realizando uma interpretação
de texto, mas não da canção propriamente dita. Todavia, é preciso
considerar também que muitas vezes as formulações poéticas concedem
mais indicações e caminhos que as estritamente musicais, que podem
redundar em torno das mesmas estruturas, formulações melódicas, ritmos
e gêneros conhecidos. Por isso, para compreender a poesia da canção
popular, é necessário entender sua forma toda especial, pois ela não é
para ser falada ou lida como tradicionalmente ocorre. Na realidade, a
letra de uma canção, isto é, a “voz que canta” ou a “palavra-cantada”,
assume uma outra característica e instância interpretativa e assim deve ser
compreendida, para não se distanciar das suas íntimas relações musicais.
O distanciamento relativo entre ela e a estrutura musical deve ser feito
apenas com intenção analítica, pois os elementos da poética concedem
caminhos e indícios importantes para compreender não somente a
canção, mas também parte da realidade que gira em torno dela.
Uma música pode trazer à tona a memória de tempos idos. Veja o que coloca
Le Goff sobre a memória no livro História e memória:
Tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes
preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram
e dominam as sociedades históricas. O esquecimento e os silêncios da
história são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória
coletiva (LE GOFF, 1984, p.13).
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Na época da Ditadura Militar, no Brasil, a censura fazia uma triagem do que
poderia ser gravado, tocado e transmitido. A música Popular Brasileira digladiava-se
com o aparato repressor. Enquanto esse último insistia no esquecimento de temas
perturbadores da ordem, a música tratava de lembrá-los. Quando as metáforas
eram proibidas, às vezes, os compositores falavam o que queriam por meio de
manobras estéticas, através de arranjos musicais que, ao menos, desenhavam em
sons um pouco do movimento que se queria discutir. Por esse motivo, inclusive,
que Caetano Veloso e Giberto Gil foram presos e exilados do pais.
Dos exemplos acima, vamos desdobrar a canção Pra não dizer que não falei
das flores, de Geraldo Vandré, segue link:
Explor
http://www.vagalume.com.br/geraldo-vandre/pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-flores.html
Primeiro ponto:
Para fazer uso da fonte musical, é sempre muito importante situar quem compôs
a música e em que momento.
Sabe-se que o compositor, por meio da canção popular, conta histórias, fala
do cotidiano, aborda questões sentimentais, manda recados, protesta, enfim, são
inúmeras as possibilidades que a canção possui em seu potencial comunicativo,
representativo e histórico.
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Link com imagens e fatos que contextualizam o momento em que a música Pra
não dizer que não falei das flores foi composta, em 1968, ano onde foi estabelecido
o AI – 5:
Explor
https://www.youtube.com/watch?v=A_2Gtz-zAzM
http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2009/08/analise-critica-da-musica-pra-nao-dizer.html
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História e literatura
[...] a História é uma espécie de ficção, ela é uma ficção controlada,
e, sobretudo pelas fontes, que atrelam a criação do historiador aos
traços deixados pelo passado. [...] A História se faz como resposta a
perguntas e questões formuladas pelos homens em todos os tempos.
Ela é sempre uma explicação sobre o mundo, reescrita ao longo das
gerações que elaboram novas indagações e elaboram novos projetos
para o presente e para o futuro, pelo que reinventam continuamente o
passado (PESAVENTO, 2003, p. 58-59).
A ficção vem separada da realidade por uma linha tênue. A história, assim
como a literatura, se faz como intertexto, mas com um compromisso científico
com o chamado real. Tanto a história quanto a literatura são discursos distintos
que almejam representar as experiências do homem no tempo, assim, ambas são
formas de explicar o presente, inventar o passado, imaginar o futuro.
8 PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. In: http://www.
cadernoterritorial.com/news/historia-e-literatura-um-dialogo-possivel-patricia-martins-alves-do-prado/
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Conforme Pesavento:
A literatura permite acesso a sintonia fina ou ao clima de uma época, ao
modo pelo qual as pessoas pensavam o mundo, a si próprias, quais os
valores que guiavam seus passos, quais os preconceitos, medos e sonhos.
Ela dá a ver sensibilidades, perfis, valores. Ela é fonte privilegiada para
a leitura do imaginário. […] para além das disposições legais ou código
de etiquetas de uma sociedade, é a literatura que fornece os indícios
para pensar como e por que as pessoas agiam desta e daquela forma
(PESAVENTO, 2003, p. 82-83).
Metodologia:
·· É necessário o conhecimento das técnicas de escrita literária, gêneros e
temáticas, recursos de linguagem e de conteúdo;
·· Observar a biografia do escritor;
·· Observar como o texto literário dialoga com outros textos sociais;
·· A relação entre ficção e realidade;
·· Buscar por meio de discursos particulares reconstruir os sistemas de
representação;
https://www.youtube.com/watch?v=U4d2gBWOIyw
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No conto O tropeiro, de Abílio Barreto (1883- 1957), observa-se o imaginário
que girava em torno das mercadorias levadas pelas tropas. Os tropeiros faziam a
conexão entre o litoral e o sertão colonial, em lombo de burro seguiam mercadorias
de toda ordem. No trecho abaixo, observa-se a descrição do tropeiro e sua função
cotidiana de transportador e mercador:
Belos tempos aqueles das minhas viagens com tropa de calhau por êsses
sertões afora, onde não se falava senão nas chitas, nos colares, na iáiá de
ouro, nos grandes lenços estampados, nas rendas de bilros da Bahia, no
pano da costa e em mil outras coisas que nos traziam os canoeiros. Ao
calhau vinha ter tudo isso e dali carregava eu tudo isso por estes mundos…
[…] Éramos, como disse Fulgêncio, um grande entreposto comercial do
norte de Minas e do Sul da Bahia.
https://www.youtube.com/watch?v=X7VUxQ48_SY
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A visita não deve ser solta, deve vir acompanhada de um relatório e de uma
avaliação, fazendo com que os alunos entendam o sentido do museu na composição
de ideias de cidadania e identidade. É fundamental também que o professor explore
conceitos como, por exemplo: patrimônio histórico, espaço urbano e a mobilidade
nas cidades. Conectando questões-problema atuais ao repertório histórico das
cidades, dos bairros em que os alunos moram, trazendo o saber histórico para dentro
da vida cotidiana do aluno, conectando o saber à realidade e aos afetos. Vamos
conhecer então o conceito de Patrimônio histórico defendido pelo IPHAN.
Monumento às Bandeiras
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218
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A relação aula de história e patrimônio pode atuar com os seguintes temas: a
história da cidade que o aluno vive, a história do seu bairro e também a história dos
monumentos.
A obra foi encomendada pelo governo de São Paulo em 1921, erguida na região
centro-sul da cidade, na praça Armando Salles de Oliveira, em frente ao Palácio Nove
de Julho, sede da Assembleia Legislativa, e ao Parque do Ibirapuera. Sua escultura
possui 240 blocos de granito, cada um pesando aproximadamente 50 toneladas,
com cinquenta metros de comprimento e dezesseis de altura. Foi inaugurada em
1954, juntamente com o Parque do Ibirapuera, para as comemorações do IV
Centenário da cidade de São Paulo.
Todo um trabalho pode ser feito em torno desse monumento, desde a biografia de
Brecheret à forma como ele organizou os personagens históricos no monumento,
em ordem de representatividade étnica na pirâmide social, e sua própria passagem
pela cidade de SP.
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UNIDADE A história e os objetos da cultura: literatura, música e aulas de campo
Material Complementar :
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
História do Brasil Colonial I - Pgm 15 - O imaginário da colonização - Parte 3
https://www.youtube.com/watch?v=_hMIAc4Kz2w
Sites
Entrevista com José Amálio Pinheiro
https://alriccio.wordpress.com/2013/11/14/entrevista-com-jose-amalio-pinheiro/
Leitura
O Filme na sala de aula: Um Aprendizado Prazeroso
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1532-8.pdf
Revista Certa História
http://certahistoria.blogspot.com.br/2012/10/analise-do-filme-carlota-joaquina.html
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Referências
HAYDT, Regina Célia C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2006.
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