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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO


EM EDUCAÇÃO MUSICAL

SENSIBILIZAÇÃO MUSICAL

PROFESSOR
SERGIO FREDDI

ALUNO
MARCELO CORREA

ENSAIO SOBRE O TEXTO

“HERMENÊUTICA DA CONTEMPLAÇÃO”
Trataremos neste ensaio sobre a hermenêutica do ponto de vista ético e
estético de uma obra de arte, e dentre as artes, mais propriamente a música de
concerto, seja ela de origem erudita ou popular.
Primeiramente vamos pensar na música sobre a ótica da hermenêutica
ética, ou seja um conjunto de normas, regras, teorias e práticas estabelecidas
ao longo da história evolutiva da música, que dão suporte aparentemente claro
a compositores, músicos e apreciadores da música para compor, ouvir e
apreciar esta referida arte.
Para facilitar a nossa abordagem vamos tomar um exemplo mais
específico, a Sonata Clássica como forma musical.
Primeiro partimos da idéia de um período onde era mister o
estabelecimento de normas e regras claras para este tipo de composição
artística. Havia a necessidade de uma clareza, de uma igualdade e
uniformidade de partes, a música precisava ser entendida, não era permitido a
dubialidade e muito menos a subjetividade.
Embora houvesse raríssimas exceções, e até por isso “marginalizadas”,
as Sonatas Clássicas possuem dois temas contrastantes (tese e antítese), um
apresentado na tônica e outro na dominante, podendo ou não haver uma ponte
modulante entre os temas, que após apresentados com repetição passavam a
ser desenvolvidos como que num diálogo de idéias, com a finalidade de se
chegar a uma conclusão, um esclarecimento, que ocorreria na recapitulação
onde eram novamente apresentados os dois temas só que agora os dois
estariam na tônica (mesma tonalidade, síntese de idéias) ideais pregados pelo
Iluminismo que culminaram na Revolução Francesa.
Temos então uma obra de arte do ponto de vista ético, ou pelo menos
com um eixo central de trabalho, onde todos teriam que se debruçar sobre
estes preceitos para que pudessem considerar e analisar uma Sonata Clássica.
Pois bem temos então a Hermenêutica Ética de uma Sonata Clássica,
agora podemos passar para o segundo item do nosso ensaio que seria analisar
uma mesma Sonata Clássico sobre a ótica da Hermenêutica Estética.
Pensemos num indivíduo leigo em música e ao qual é apresentada para
audição uma Sonata Clássica. Este indivíduo não possuindo nenhum
parâmetro ético poderia usufruir das belezas e profundidades da música ou lhe
seria privado tal deleite? Poderia ele julgar esta música?, classifica-la?,
entende-la? Poderia este indivíduo mergulhar na própria música e promover
em si mesmo uma fruição de pensamentos, sentimentos e conclusões, segura
de estar certo sobre todos este fatos.
De fato eu penso que sim!
Pois se pensarmos no conhecimento ético de um profissional de música
e levarmos em conta que impossível é a este profissional, mesmo em posse de
tanto conhecimento chegar à mente daqueles que produziram estes
conhecimentos através de documentos, tratados e da própria obra de arte, e
que existe uma distância galáctica entre estes dois vetores, obra escrita,
finalizada e documentada num pedaço de papel e o pensamento do autor no
momento que gerou aquela obra.
Também não teria este profissional dificuldade em analisar
apropriadamente esta ou aquela obra. Não seria este profissional levado, no
final das contas a ouvir a obra esteticamente?
Pois bem, me parece que a ética de uma obra musical existirá somente
enquanto esta obra estiver morta numa folha de papel, a partir do momento em
que esta obra é relida e trazida à vida novamente, já o será por uma ótica
estética, seja a que pretexto este fato ocorrer.
A um profissional de música sempre será válida à sua formação musical
participar e assistir a concertos de qualquer origem, desde que tenha
parâmetros éticos e estéticos para apreciar tal música e chegar às suas próprias
conclusões, senão será só mais um na multidão.

São Paulo, 24 de junho de 2009

MARCELO CORREA

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