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Práticas de Ensino

em História nos Anos


Finais do Ensino
Fundamental
Material Teórico
O Ensino de História Articulado às Novas Tecnologias

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Marcia Barros Valdivia Marcia Barros Valdivia

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
O Ensino de História Articulado às Novas
Tecnologias

• O Ensino de História Articulado às Novas Tecnologias

OBJETIVO DE APRENDIZADO
O objetivo desta Unidade é:
··Apresentar a prática pedagógica do ensino de História diante
dos desafios propostos por meio do uso das novas tecnologias e
multimídias, em especial o uso do computador, os programas de
world, Power Point e a internet.
··A atualidade exige cada vez mais domínio tecnológico, no qual os
recursos visual e/ou auditivo são bastante atraentes para a transmissão
do conteúdo e do aprendizado dos alunos. Sendo assim, objetiva-se
esclarecer a respeito da utilização dessas ferramentas pelo professor
e levá-lo a perceber, empiricamente, como o suporte tecnológico
pode e tem contribuído para os objetivos do ensino.

ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, o ensino de História articulado às novas tecnologias, vamos
estudaras propostas de trabalho do ensino de História diante dos desafios propostos
por meio do uso dos recursos tecnológicos para a produção e a transmissão
do conhecimento em sala de aula. Os Parâmetros Curriculares de História
consideram válidos todos os materiais e ferramentas que forem utilizados para ter
acesso ao conhecimento e que o professor tem a função de ser o mediador na
comunicação e na transmissão do saber aos alunos. Assim, pode ser considerado
material didático tudo o que for elaborado especificamente para o trabalho em
sala de aula, na qual o professor pode utilizar livros, manuais, apostilas, filmes,
documentários, entre outros recursos.

O computador e a navegação na internet são importantes ferramentas, pois


facilitam a busca, a elaboração e a transmissão do conhecimento. A atualidade
exige cada vez mais domínio tecnológico, no qual os recursos visual e/ou auditivo
são bastante atraentes para a transmissão do conteúdo e aprendizado dos alunos.
UNIDADE O Ensino de História Articulado às Novas Tecnologias

Contextualização
O uso de computadores na elaboração e na transmissão das aulas de História
é um fato cada vez mais presente na atualidade. Assim, a prática pedagógica
precisa ser desenvolvida pelo professor de forma clara, na qual um conjunto de
fatores está presentes.

Entre eles, está a concepção teórico-metodológica do professor que precisa ter


seus objetivos definidos de acordo com a realidade de seus alunos para que a
aprendizagem seja significativa.

É de suma importância que o professor saiba articular a teoria, ou seja, o saber


com a metodologia, que se define como o modo de fazer. Nesse processo, a teoria
e a prática precisam dialogar com diversas formas de abordar o tema que irá ser
trabalhado pelo professor, o qual deve ter a disposição em procurar os melhores
recursos para a transmissão da matéria, que possam despertar o interesse dos
alunos, e a problematização do conteúdo.

O computador, e os seus programas, potencializam a possibilidade de produção,


criação e transmissão do saber pelo professor e, ao mesmo tempo, facilita
a interação dos alunos com a matéria e com o professor, ambos em constante
processo de ensino e aprendizagem.

A utilização de novas tecnologias no ensino tem crescido em quantidade e


qualidade, o que é bastante positivo para quebrar a resistência que ainda há entre
alguns professores em utilizar as novas ferramentas e linguagens que estão ao dispor
do corpo docente e que devem ser exploradas de forma responsável e consciente.

Para esclarecer a questão, elegemos o artigo Os novos espaços de atuação do professor


Explor

com as tecnologias, de José Manuel Moran, sobre os novos desafios pedagógicos para as
escolas. Disponível em: http://www.ufrgs.br/nucleoead/documentos/moranOsnovos.htm

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Introdução
O ensino de História visa à compreensão das ações dos sujeitos inseridos em
diferentes sociedades e temporalidades. A construção e a compreensão do saber
histórico estão vinculadas à percepção e à investigação da vida humana, em
constante processo de mutabilidade.

A atuação do professor de História inicia-se na preparação das aulas e na


comunicação do conhecimento elaborado; por isso, como profissional da área,
este deve estar capacitado a discutir o passado com a sua conexão com o presente
diante da realidade dos alunos e perceber que a produção e a transmissão do saber
estão em construção diante da descoberta de novas fontes e da velocidade de
informações na atualidade.

É de suma importância que o professor seja sensível para perceber o panorama


atualizado sobre o ensino e aprendizado da História, na qual a realidade apresenta
novos instrumentos metodológicos e ferramentas para a execução do trabalho em
sala de aula diante de um mundo de incertezas e crises que abrangem as questões
políticas, econômicas, sociais, as quais se desdobram em questões culturais que,
por sua vez, envolvem aspectos de etnia e gênero, entre outros.

É pertinente que o professor realize o ensino atrelado à pesquisa, enriquecendo


o seu trabalho com iconografias, juntamente com outros tipos de documentos,
como, por exemplo: a musicalidade e a oralidade em constante diálogo com a
documentação escrita, entre outras, as quais são auxiliares para que os alunos
compreendam melhor o contexto histórico abordado nas aulas e o aprendizado
torne-se mais interessante.

O significado de iconografia refere-se à representação visual de símbolos e imagens. Em


Explor

História, compreende todos os vestígios produzidos e deixados pelo homem como imagens
gráficas, fotografia, pinturas, esculturas, bem como filmes e documentários.

O uso do computador e todos os recursos disponíveis nessa ferramenta é


indispensável para a elaboração e para a transmissão das aulas. Até mesmo porque
a escola e seus sujeitos constituem uma expressão diante da Sociedade em que
estão inseridos e se modificam em cada momento histórico.

Ainda mais, nos dias de hoje, nos quais a realidade dos alunos está cada vez mais
estabelecida com a tecnologia e, portanto, os professores devem saber lidar com
essa geração que pode, até mesmo, ser chamada de Nativos Digitais – nomenclatura
destinada àqueles que já nasceram conectados à Internet e dominam os recursos
tecnológicos com extrema facilidade.

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Você Sabia? Importante!

Nativos Digitais: Termo que criado pelo norte-americano Marc Prensky e que se refere
a um grupo de pessoas que já nasceram e cresceram com as tecnologias presentes em
suas vivências e utilizam muito bem a internet, os vídeos games, os telefones celulares e
os tablets, entre outros. Confira sobre esses indivíduos no artigo da Professora Lilian Silva
disponível no link: http://www.educacao-a-distancia.com/quem-sao-os-nativos-digitais/

No início da década de 1990, o computador passou a ser adquirido não somente


para as empresas, mas para uso pessoal, chegando às residências e, também, às
Escolas. Paralelo a esse fato, começaram os debates sobre a utilização da máquina
no ensino nas escolas.

É importante saber que a utilização dos computadores como o instrumento


para o armazenamento e o processamento dos dados está relacionada ao
conceito de informática.

O termo “informática”, segundo LUFT (2006), é um conjunto de conhecimentos


e técnicas com ligações ao tratamento racional e automático de informação como
armazenagem, análise, organização e transmissão, sendo associado, portanto, à
utilização de computadores e seus programas.

As propostas da Nova História, derivadas da evolução nas fases da Escola dos


Analles, são inspiradoras para os profissionais da área quando oferecem a possibilidade
de trabalhar com novas fontes de documentação, conforme esclarece Febvre (apud
Almeida, 2011), quando diz que a História é feita de documentos escritos, mas, quando
não existem, ela deve ser feita com palavras, signos e paisagens.

Dessa forma, a tecnologia permite que haja a interatividade entre o uso da lousa
e do giz com os tablets, as lousas digitais, os Datashows, as redes sociais e sites
educativos que se tornaram grandes parceiros dos professores na hora de ensinar,
desde que estes estejam dispostos a lidar com essa nova realidade, porque a chegada
das tecnologias no ambiente escolar provoca uma mudança de paradigmas.

A informática oferece uma vastidão de recursos que precisam ser bem


aproveitados. Assim, o professor precisa ir além dos padrões didáticos tradicionais
da dicotomia: o professor fala, o aluno escuta; o professor manda, o aluno obedece.

Segundo Rocha (2010), a era digital coloca o professor como sendo um


mediador entre o aluno e o conhecimento por meio de novas ferramentas. Para
tanto, é preciso que o professor não tenha receio diante das novas possibilidades
de autonomia do aluno, pois o computador ainda é visto como um substituto do
professor. Porém, para que isso não ocorra, é necessário que ele (re)signifique
seu papel e sua identidade com a utilização das novas abordagens pedagógicas
facilitadas pela tecnologia.

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Outro fator muito relevante são as condições que a escola deve oferecer aos
professores do ponto de vista da capacitação desse profissional e da disponibilidade
de recursos e materiais para o trabalho com os alunos:
Além dos motivos econômicos, sociais e culturais, existem as demandas internas dos
próprios sistemas educacionais, que não conseguem mais dar conta das necessidades
pedagógicas. Isso pode ser visualizado nas diversas tentativas de reformulação das
teorias e discursos pedagógicos realizadas nos últimos trinta anos, quase sempre, direta
ou indiretamente, abordam a questão (...) Portanto, os computadores não chegam às
escolas fora do contexto escolar, visto que a implantação altera aspectos do cotidiano,
mesmo sendo mínima a utilização, A adaptação do espaço físico, da grade curricular,
os imprevistos técnicos, a curiosidade dos alunos, sem falar nas transformações,
quando se utiliza este recurso em sala, parecem provocar alterações, adaptações,
fascínio, medos e incertezas. O problema consiste que muitas escolas implantaram o
Laboratório de Informática pela iniciativa do governo e o computador passou a fazer
parte do ambiente escolar sem que houvesse uma metodologia definida e objetiva da
prática pedagógica a partir do uso dessa ferramenta. O que se vê é a larga utilização
nas secretarias das escolas, bibliotecas, ou seja, para fins burocráticos. Enquanto que os
laboratórios instalados estão fechados, com grades de segurança e até já se encontram
máquinas sucateadas. A falta de interesse e de iniciativa, tanto pela escola quanto pelo
governo para uma devida preparação aos docentes, a ponto de se depararem com
máquinas novas sem uso e ao mesmo tempo ficando obsoletas, uma vez que ninguém
tem acesso a elas.1

FRANÇA, Cíntia Simioni; SIMON, Cristiano Biazzo. Como Conciliar o ensino de História as
Explor

novas Tecnologias? Monografia apresentada na Universidade Estadual de Londrina para


a obtenção do título de especialista em Educação, com o título: Tecnologia e Educação:
computador e a internet como ferramentas pedagógicas. Universidade Estadual de
Londrina. Paraná (2006). Artigo disponível in: http://goo.gl/SrVCT3
Explor

Explore o artigo Professores de história: o uso do computador na construção do


conhecimento histórico escolar. Disponível no link: http://goo.gl/Q4sK3B

O professor, em sua realidade escolar, irá enfrentar desafios e dificuldades a serem


vencidos diante dessa revolução cultural provocada pela tecnologia, que invade
o cotidiano, entendendo a palavra “revolução” principalmente como conceito de
mudança que se fez, e ainda se faz, necessária a cada dia.

Para Aquino (2012), é possível admitir que a pesquisa e o ensino mudam a


partir das transformações culturais sofridas pela Sociedade, pois muda, também,
a maneira de lidar com a informação e o conhecimento. É, portanto, necessário
que os profissionais do ensino e, principalmente da História, dominem os novos
instrumentos da tecnologia, sendo possível a construção de um aprendizado mais
eficiente, atraente e que contribua para uma formação mais ampla de crianças
e jovens que estão em um ambiente no qual também necessitam dominar essas
novas ferramentas.

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O uso da tecnologia, em especial da internet, pode ser valioso desde que bem
explorado pelo professor, que deverá orientar os alunos em suas buscas e pesquisas.

Navegar no mundo virtual se torna cada vez mais necessário porque, nesse
universo, pode ser encontrada uma infinidade de materiais, tais como: artigos,
livros, documentos históricos digitalizados, certidões, fotografias, jornais, revistas,
sobre os mais variados assuntos, épocas e temáticas, o que possibilita a rapidez em
obter variedade de materiais históricos:
O trabalho de historiadores e educadores na Internet encontra suas principais limitações
nas escolhas que esses profissionais fazem ao utilizar esta ferramenta. Na atualidade,
as práticas adotadas nesse meio refletem uma postura de desconfiança que impede
uma ampliação do uso deste canal como uma fonte de produção de conhecimento
propriamente dita. Ao invés disso encontramos, hoje, em maior número, iniciativas
que visam a disponibilizar na rede, acervos e documentos através de processos de
digitalização e armazenamento virtuais. Um bom exemplo disso é o caso do Centro
de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, o CPDOC, da
Fundação Getúlio Vargas, que através de sua página na Internet disponibiliza uma
extensa quantidade de documentos e arquivos pessoais ligados a proeminentes figuras
públicas brasileiras, constituindo-se em uma excelente base de dados para consulta
e pesquisa. Essas iniciativas, em nosso entender, são de fundamental importância e
estamos longe de dizer algo em contrário –, uma vez que possibilitam o acesso a um
conjunto de documentos e fontes que, de outro modo, poderiam estar inacessíveis
à boa parte não apenas dos pesquisadores, mas também do público em geral, além
de promover isso de forma fácil e rápida. Contudo, entendemos que a rede mundial
de computadores oferece uma gama de possibilidades muito maior ao seu público,
hoje subaproveitada na área do ensino, especialmente no caso do ensino de história.
Acreditamos ser necessário ampliar a noção que temos do uso da rede em nossa área,
de modo a empregar mais efetivamente os recursos oferecidos por essa ferramenta.2

AQUINO, Israel. Pesquisa e ensino de história na internet limites e possibilidades. Aedos


Explor

- Revista do Corpo Discente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. n.


11 vol. 4 – Set.2012. p. 802

Fica evidente que o problema não está na ferramenta tecnológica, nos seus
recursos e na sua linguagem, mas, sim, na dificuldade de saber utilizá-los, assim
como pode ocorrer com qualquer outro recurso didático.

O ensino de História precisa ser revisto e os professores devem estar conscientes


de sua responsabilidade social, sem confundir informação com educação. Cabe ao
professor a tarefa de organizar os dados e transformá-los em conhecimento e, por
isso o mesmo, ele precisa estar sempre estudando e pesquisando.

A realidade é apresentada ao professor de História carregada de desafios e,


também, dificuldades da profissão e ele precisa ter o conteúdo e buscar a melhor
forma de transmiti-lo diante das transformações do seu tempo.

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É necessário não só criticar a realidade dos alunos e da Escola, mas propor
ações concretas que possibilitem mudanças de atitudes individuais e coletivas na
perspectiva de apontar caminhos para a reconstrução, construção e transmissão
do saber histórico. Faz-se urgente interagir, também, com os materiais ditos
tradicionais como o livro, a lousa e o giz, porque os recursos tecnológicos por si
mesmos não bastam para a obtenção de êxito nas aulas.

Segundo Pinsky et. al (2004), um professor mal preparado e sem motivação


não é capaz de ministrar boas aulas, mesmo que faça o uso dos melhores livros,
enquanto um bom professor tem a capacidade de aproveitar as falhas de um livro
para corrigi-las com o intuito de desenvolver o espírito crítico de seus alunos. O
professor precisar ter, portanto, conteúdo, e não somente livros.

Assista o vídeo disponível no link a seguir, no qual a professora de História utilizou os


Explor

aparelhos celulares dos alunos e suas conexões com as redes via internet para a transmissão
do conteúdo e do trabalho de pesquisa: http://goo.gl/CYfpCY

Para Rocha (2010), embora o computador, seus programas e redes sejam


bastante úteis devido à sua grande capacidade de armazenamento de dados e à
disponibilidade de informações de forma rápida, é preciso lembrar que eles não
foram desenvolvidos com fins pedagógicos e, por isso, devem ser utilizados com
responsabilidade e objetividade, de maneira que se busque o bom uso pedagógico
desse recurso, pois ele só será uma excelente ferramenta se houver consciência do
seu significado e função para se ter o acesso e a sociabilização do conhecimento.

Não deve ser somente utilizado como uma máquina para o entretenimento,
para a armazenagem de dados; a atuação dos usuários, nesse caso os alunos e
professores, é que vai definir o bom êxito dos resultados de ensino e aprendizagem.

Segundo Aquino (2012), há uma série de questões relacionadas às limitações


das novas ferramentas, como a dificuldade em fazer uma avaliação da autoria e
procedência dos materiais, os inúmeros erros que são encontrados, a relevância
de opiniões ideológicas nos canais virtuais, a grande quantidade de informações,
muitas vezes provenientes de fontes não confiáveis, o aumento de plágios em
trabalhos acadêmicos, além da grande dificuldade na garantia do armazenamento
e manutenção de dados. Para o autor, mesmo que a internet tenha se tornado um
bom canal para publicações acadêmicas, a maior preocupação deve ser quanto à
procedência da fonte e veracidade das informações.

Dar aula é uma arte e, como todo o artista, o professor precisa enriquecer
o seu repertório diante das mudanças e inovações em relação ao seu público.
É necessário fazer o constante exercício de também aprender, de estar disposto
a participar das novas propostas pedagógicas, de construir o conhecimento e
principalmente difundi-lo, ainda mais em uma sociedade que valoriza o recurso
visual, que vive constantemente no presente, mas está ansiosa com o futuro e que
pouco dá importância ao passado histórico.

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Segundo Suruagy (2001), o professor de História precisa compreender que, por


meio do computador, o aluno pode navegar na rede e ver de forma mais completa
e atraente o que é explicado pelo professor em sala de aula.

Ao contrário, se o professor ignora essa ferramenta, é possível que perca o


interesse do aluno. Portanto, quando se tem em mãos os meios que aproximem o
ensino da Disciplina à linguagem dos alunos, cria-se uma identificação com aquilo
que está sendo ensinado.

Cabe ao professor de História conhecer e compreender as teorias educacionais


atuais, trocar experiências com os seus colegas de Disciplina como, também,
de outras áreas, para, então, poder adaptar à sua prática docente e, assim, dar
coerência ao seu trabalho de forma positiva.

Até mesmo porque ensinar não é apenas transmitir conhecimentos e, sim,


estabelecer relações interativas. Portanto, o ensino de História deve problematizar
os assuntos abordados, confrontando-os com vários tipos de informações
contidas em diversos meios de comunicação e expressão. Sendo assim, o
professor deve interagir com o seu aluno no seio de uma sociedade com rápidas
transformações, consequências da informatização e do processo de globalização
das telecomunicações.

Segundo Moran (2003), ao vivenciarmos, experimentarmos e sentirmos,


aprendemos melhor, por ser possível a construção de pontes entre a reflexão e
a ação, entre a teoria e a prática, entre a experiência e a conceituação e, assim,
ambos os conceitos se alimentam pela sua divergência, por meio da busca.

A tecnologia, além de facilitar o aprendizado, estimula a busca por novas informações.


Fica muito melhor quando os alunos podem visualizar o conteúdo histórico. As aulas com
iconografias, fotografias, imagens, vídeos, por exemplo, faz com que a classe preste mais
atenção, a aula fica mais interessante e, até mesmo, mais divertida, fazendo com que os
alunos queiram saber mais o que possibilita a interface com a realização de pesquisas
feitas por eles mesmos, exatamente o que propõe as abordagens da Nova História em
diálogo com os Parâmetros Curriculares.

Somente a lousa, o giz ou a caneta já não são mais suficientes para suprir a necessidade
de informação dinâmica exigida pela era digital. O recurso da projeção de imagens e
conteúdos no Datashow, elaborados no Power Point, também são indispensáveis.

Antes de a tecnologia invadir o cotidiano das escolas, tinha-se a impressão de


que o professor era o único detentor do saber; hoje, isso está sendo modificado e
esse fato assusta alguns profissionais que se encontram despreparados para essa
nova realidade. Mas, outro fator deve ser relevante, o aluno até pode dominar as
ferramentas e acessar o conteúdo via Internet, mas o professor é ainda fundamental
para que, com sua bagagem de saberes e informações aliadas à experiência
profissional, contribua de forma significativa, como é a proposta dos Parâmetros
Curriculares de ensino de História:

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Todo material, que no acesso ao conhecimento tem a função de ser mediador na
comunicação entre o professor e o aluno, pode ser considerado material didático.
Isto é, são materiais didáticos tanto os elaborados especificamente para o trabalho de
sala de aula livros-manuais, apostilas e vídeos —, como, também, os não produzidos
para esse fim, mas que são utilizados pelo professor para criar situações de ensino.
Faz parte do trabalho do docente saber o que pretende ensinar, diagnosticar o que
os alunos sabem e pensam sobre o tema de estudo, definir suas intenções de ensino,
escolher a atividade pedagógica adequada e o material didático pertinente para cada
situação, avaliar as repercussões de suas intervenções e quais as dificuldades na
aprendizagem. O material didático é um instrumento específico de trabalho na sala
de aula: informa, cria conflitos, induz à reflexão, desperta outros interesses, motiva,
sistematiza conhecimentos já dominados, introduz problemáticas, propicia vivências
culturais, literárias e científicas, sintetiza ou organiza informações e conceitos. Avalia
conquistas (...) Os procedimentos de pesquisa escolar devem ser ensinados. Favorecem
a ampliação do conhecimento, das capacidades e das atitudes de autonomia dos
estudantes, como manusear livros, revistas e jornais; localizar informações, estabelecer
relações entre elas e compará-las; familiarizar-se e desenvolver domínios linguísticos;
identificar ideias dos autores, perceber contradições e complementaridade entre elas;
trocar e socializar opiniões e informações; selecionar e decidir; observar e identificar
informações em imagens, textos, mapas, gráficos, objetos e paisagens. Entrar em
contato com diferentes produções de épocas passadas e presentes pode representar
passos diferentes no processo de aprendizagem. O aluno é introduzido no universo
da ciência, em que a História tem também a sua história — cada produção histórica
pertence a um tempo —, sendo ela própria um objeto a ser conhecido.

Parâmetros curriculares nacionais: História / Secretaria de Educação Fundamental.


Explor

Brasília; MEC/SEF, 1998. p.79.


Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf

Existe uma infinidade de recursos que podem ser utilizados na prática de ensino
de História e sua conexão com a tecnologia. Em especial com a internet, temos:

• YouTube: que é um site que reúne vídeos sobre os mais variados assuntos;

• Wikipédia: uma espécie de enciclopédia livre, que traz milhares de dados;

• Udutu: editor e publicador de cursos online. O site permite criar e organizar


uma sequência de aulas, sem a necessidade de grandes conhecimentos sobre
programação. Além disso, todo o arquivo gerado pela página pode ser salvo
em um CD;

• JClic: a página auxilia na produção de atividades interativas. Por meio dela,


os professores podem desenvolver materiais de estudo, quebra-cabeças,
palavras cruzadas e até testes e provas, tudo isso por um conjunto de
ferramentas em Java;

• Flash Page Flip: o site, que funciona em inglês, permite a criação de revistas
digitais, com textos, fotos e até sons;

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• Toondoo: com comandos em inglês, o software explora o aprendizado do


idioma por meio da criação de histórias em quadrinhos feitas pelos próprios
alunos;

• Stellarium: um planetário na tela do computador. O programa permite


mostrar planetas e constelações em 3D. O software pode ser visualizado nos
sistemas operacionais Windows, Mac e Linux;

• Google Maps: mapa virtual do Google repleto de interatividade, o Maps


permite a navegação por escalas dos mais variados lugares do mundo;

• Google Art Project: também desenvolvida pelo Google, a ferramenta


permite que o professor crie uma visita virtual aos principais museus do
mundo e tenha acesso às obras de arte consagradas;

• tríade: boa plataforma para professores de História ensinarem sobre a


Revolução Francesa. O jogo, produzido no Brasil e de download gratuito,
faz uma viagem ilustrada ao século XVIII, com gráficos em 3D, e permite que
o aluno se aventure pela história da revolução.

Segundo França et.al (2006), especificamente no ensino de História, as


inovações podem iniciar com o uso do computador a fim de possibilitar que os
alunos apropriem-se de recursos e valores que os levem a fazer uma análise crítica
a partir da compreensão do passado frente ao presente.

Muitas são as possibilidades de interação com essa ferramenta que permitem


maiores integrações de ideias por parte dos alunos diante dos conceitos. Além de
possibilitar a mudança nos métodos de ensino, facilita a busca de dados históricos.
Para os autores, é necessário pensar no ensino integrado à tecnologia, por esta ser
um dos meios possíveis para conciliar o desenvolvimento e a formação histórica
dos alunos. Portanto, o computador deve ser utilizado de maneira criativa por meio
de pesquisas em sites, museus virtuais etc.. Assim, o aluno tem condições de trocar
experiências e construir conceitos a partir do contato com outros sujeitos.

O trabalho do professor de História está em fazer com que os alunos construam os


seus próprios pontos de vista devidamente embasados no conteúdo estudado de forma
crítica. Os fatos históricos não podem ser estudados isoladamente, pois o processo
histórico é dinâmico, o passado não está pronto e acabado. Por isso, é necessário
ensinar os alunos a pensarem e a refletirem historicamente sobre os grupos sociais
e as categorias e os indivíduos inseridos nas sociedades em diversas temporalidades.
Para isso ocorrer de fato, o aluno deve ser levado a pesquisar, a confrontar diferentes
versões históricas e valorizar o seu saber, a sua vivência e suas interpretações feitas por
meio de diferentes mecanismos, meios e formas, nos quais o professor é uma espécie
de anfitrião que os recepciona em suas salas de aula e os leva a ter intimidade com o
sabor do saber histórico entre livros, cadernos e multimídias.

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Material Complementar
No artigo Um olhar midiático para o ensino da História, Cláudia Calheiros da Silva
Suruagy aborda o ensino de História nas escolas brasileiras que, segundo a autora,
acontece de forma decorativa e desconectada do cotidiano, não acompanhando, em
sua maioria, o movimento de modernização com o qual a Educação tem se deparado.

Como tentativa para superar essa realidade, surgem experiências inovadoras como
a que relata o presente artigo, o qual descreve uma vivência de sala de aula com a
contextualização e o uso das linguagens midiáticas nesta área de ensino, por meio
do uso do computador.

A reflexão da autora está focada na utilização da internet nas suas vertentes


educativas e, portanto, como ferramenta capaz de desenvolver o interesse pela
pesquisa da História. Os resultados comprovaram a importância do uso das mídias
tanto para o professor, enquanto profissional da Educação que busca um ensino de
qualidade, quanto para a criança e para o adolescente, que precisam desenvolver
seus papéis como agentes transformadores do processo histórico.

Com base no referido artigo disponível no link: <http://dmd2.webfactional.com/


media/anais/UM-OLHAR-MIDIATICO-PARA-O-ENSINO-DE-HISTORIA.pd>,
reflita sobre as possibilidades de utilizar o computador e a internet articulados a
outras mídias eletrônicas em sala de aula. Os materiais a seguir podem ajudar
na reflexão:

  Sites
O Uso de Fontes Audiovisuais e Novas Mídias no Ensino de História Antiga na
Educação Básica. Disponível em: http://goo.gl/l5OaHx

Os recursos tecnológicos midiáticos na escola e sua interface crítico criativa no


processo de ensino e aprendizagem. Disponível em: http://goo.gl/bUU6KY

 Leitura
Saberes Docentes e Discentes sobre os Materiais Didáticos no Ensino de História. Disponível em:
http://goo.gl/yIquMA

O ensino no mundo midiático: construindo uma caixa de ferramentas Disponível em


http://goo.gl/RjjyAG

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