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O USO DE TECNOLOGIAS PARA O ENSINO DE

MATEMÁTICA1
Daiane Pietrobelli Ochoa Filippi2

RESUMO
Os recursos tecnológicos são parte indispensável no cotidiano de jovens e adolescentes que nasceram em meio a
uma era digital. A comunicação e a facilidade de obtenção de informações por meio das ferramentas digitais
tornam a atividade de ensino e aprendizagem tradicionais, somente baseada em livros, algo obsoleto e sem
motivação. Sabe-se que os alunos acabam levando para dentro da sala de aula equipamentos como tablets e
celulares usados de forma errônea para o ensino, e por isso, buscou-se investigar como ocorreu o avanço da
tecnologia em sala de aula e como pode-se empregar seus recursos para o ensino de Matemática. Elaborou-se
como objetivo para o presente artigo o de realizar uma revisão bibliográfica sobre o avanço da tecnologia nas
escolas e como fazer o uso destes recursos inovadores nas aulas. Como objetivos específicos, buscou-se
compreender como ocorreu o avanço da tecnologia nas escolas, identificar se estes recursos são favoráveis ou
não para a educação, descrever a importância e como estes recursos tecnológicos devem ser usados nas aulas.
Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e qualitativa, baseada em conceitos de diferentes autores sobre
tecnologias e a utilização das mesmas no ensino e aprendizagem. Verificou-se na pesquisa realizada, que as
tecnologias de comunicação estão presentes no cotidiano de professores e alunos e portanto, o sua inserção no
contexto escolar torna-se necessária e imprescindível. A disciplina de matemática, carecem de meios interativos
de estudos, limitando-se à memorização de cálculos e fórmulas, fazendo com que os alunos não consigam ligar a
teoria com a prática extraclasse. Acredita-se que com o uso correto dessas tecnologias, como videoaulas,
materiais digitais, grupos de pesquisa e aplicativos diversos, a interação ensino e aprendizagem será mais
proveitosa.

Palavras-chave: Comunicação. Tecnologias. Ensino. Matemática.

ABSTRACT
Technological resources are an indispensable part of the daily lives of young people and teenagers who were
born in the midst of a digital age. Communication and the ease of obtaining information through digital tools
make the traditional teaching and learning activity, based only on books, something obsolete and unmotivated. It
is known that students end up taking equipment such as tablets and cell phones wrongly used for teaching into
the classroom, and therefore, we sought to investigate how the advancement of technology in the classroom
occurred and how it can use its resources to teach math. The objective of this article was to carry out a literature
review on the advancement of technology in schools and how to make use of these innovative resources in
classes. As specific objectives, we sought to understand how the advance of technology in schools occurred,
identify whether these resources are favorable or not for education, describe the importance and how these
technological resources should be used in math classes. Therefore, a bibliographical and qualitative research was
carried out, based on concepts of different authors about technologies and their use in teaching and learning. It
was found in the research that communication technologies are present in the daily lives of teachers and students
and therefore, their insertion in the school context becomes necessary and essential. The disciplines of math lack
interactive means of studies, limiting themselves to memorizing calculations and formulas, making students
unable to link theory with extra-class practice. It is believed that with the correct use of these technologies, such
as video classes, digital materials, research groups and various applications, teaching and learning interaction
will be more fruitful.

Keywords: Communication. Technologies. Teaching. Math.

1
Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de
TCC.
2
Discente do curso de Pós-Graduação em Ensino de Física e Química da Faculdade Faveni.
2

1 INTRODUÇÃO

A familiaridade com as tecnologias já se tornou uma exigência entre as pessoas, visto


que ela faz parte do dia a dia tanto de crianças, como adolescentes, dentro e fora da sala de
aula. Algumas disciplinas carecem de meios alternativos de ensino, que as tornem mais
atrativas aos alunos, principalmente, em instituições públicas, devido a obsolescência dos seus
equipamentos (LEITE et al., 2017, p. 1002). É o caso da disciplina de matemática, tema do
presente estudo, que essencialmente restringem-se a memorização de equações e cálculos.
Cabe salientar que as escolas possuem o desafio de motivar o aprendizado de uma geração
que já nasceu familiarizada com a tecnologia, fazendo parte do seu dia a dia. Estimular a
capacidade de raciocínio e conhecimento dessa geração, sem utilizar-se de meios
diferenciados aos tradicionais pode ser ineficaz.
Justifica-se a realização de um estudo nesse segmento, pois os recursos tecnológicos
são parte indispensável nas atividades, visto que a tecnologia está sempre em processo de
evolução. Todos os recursos tecnológicos, desde a criação dos computadores, tiveram um
grande crescimento e ocuparam um lugar significativo na sociedade. Mas nas duas últimas
décadas as tecnologias passaram a invadir as salas de aula, levadas principalmente pelos
alunos, necessitando uma discussão acerca da sua aplicação no ensino. Tanto a tecnologia
quanto seus dispositivos, passaram a ser ferramentas de apoio para o ensino e aprendizagem
educacional, ofertando aulas interativas e uma quantidade infinita de obras e fontes de
pesquisa. Com isso, possibilitam o acesso ao conhecimento além da interação professor e
aluno, trazendo a sala de aula para próximo da realidade tecnológica e digital dos alunos
atualmente.
Acredita-se dessa forma, que o emprego de tecnologias no processo educativo,
acarreta em inovações das práticas pedagógicas, desde que corretamente empregado e
manuseado pelo docente. Em outras palavras, mesmo que a escola disponha de equipamentos
e ferramentas tecnológicas para auxílio em suas aulas, a mesma deve possuir toda uma cultura
para utilização dos mesmos e a preparação dos professores para o seu manuseio.
Analisando-se a prática, Longhini (2008, p.241), o autor cita que comumente o ensino
de disciplinas, a citar a matemática, restringe-se à teoria, na qual o professor simplesmente
repassa conteúdos, sendo estes memorizados e decorados, com pouquíssimo ou quase
nenhuma ferramenta técnica e digital como reforço curricular. Na grande maioria dos casos,
3

não é culpa do professor a ausência de utilização de tecnologias durante as aulas, mas do


pouco conhecimento e familiaridade com algumas dessas tecnologias e seu uso como
ferramenta de ensino. Há muito tempo o mundo vem evoluindo tecnologicamente e esta
evolução ocorreu também dentro da sala de aula, mas o que prevalece ainda em algumas
escolas é o modo tradicional de ensino. Desta forma, questiona-se: como ocorreu o avanço da
tecnologia em sala de aula e como pode-se empregar seus recursos para o ensino de
matemática?
Portanto, tem-se como objetivo para o presente artigo o de realizar uma revisão
bibliográfica sobre o avanço da tecnologia nas escolas e como fazer o uso destes recursos
inovadores nas aulas. Como objetivos específicos, buscou-se compreender como ocorreu o
avanço da tecnologia nas escolas, identificar se estes recursos são favoráveis ou não para a
educação, descrever a importância e como estes recursos tecnológicos devem ser usados nas
aulas de matemática.
Para a realização do estudo, empregou-se uma pesquisa qualitativa e bibliográfica,
utilizando-se de fontes de pesquisa online, artigos científicos e trabalhos monográficos com
vistas a responder ao problema de pesquisa. Os principais autores abordados são Bastos
(2008), Dionízio et al (2019), Leite et al (2017), Leite (2019), Oliveira, Casagrande e Galerani
(2016), Santana et al (2016), Silva e Barbosa (2018) e Trindade e Fiolhais (1996).
2 O AVANÇO DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO ALIADA AO ENSINO

O uso contemporâneo da tecnologia tornou-se um meio de sobrevivência para as


pessoas, além de representar praticidade no dia a dia e adequação à modernidade, conforme
ratificam Oliveira, Casagrande e Galerani (2016, p. 24). Cabe frisar que o surgimento da
tecnologia não ocorreria, se não fosse pelo raciocínio humano, visto que o homem sempre
procurou dominar a natureza, utilizando-se de mecanismos para a sua sobrevivência. Nos
tempos atuais, a tecnologia é associada aos computadores, celulares, televisores, tablets entre
outras ferramentas e equipamentos que recriam a informação (OLIVEIRA e CAVALCANTE,
2016, p. 122). Considerando a mesma como uma ciência que envolve o uso da informação
para gerar conhecimento, admite-se que ao longo da humanidade a tecnologia esteve sempre
presente na sua evolução.
A constante acumulação de conhecimento pelo homem, conforme bem definem
Oliveira e Cavalcante, durante a sua evolução, fizeram surgir novas formas de tecnologias
como aspecto de melhoria da sobrevivência humana (2016, p. 122). Assim, o uso dessas
tecnologias garantiu o surgimento de máquinas, aperfeiçoamento das comunicações, uso das
informações para o bem comum e geração constante de conhecimento por meio das
linguagens.
Vive-se na denominada Era da Informação e desde o advento da internet, inúmeras
funções e aplicações deste recurso surgiram para facilitar o dia a dia das pessoas (SILVA e
BARBOSA, 2018, p. 133; OLIVEIRA; CAVALCANTE e GALERANI, 2016, p. 27). As
novas tecnologias introduziram constantes modificações em diversos processos, antes
realizados de forma manual, que causam impactos em setores econômicos e sociais da
atualidade. Nesse cenário, passou-se a utilizar a expressão “sociedade da informação”
(SILVA; BARBOSA, 2018, p. 134).
Essa nova revolução tecnológica, pode trazer pontos positivos e pontos negativos. O
uso da tecnologia pode proporcionar o uso mais eficaz da informação e aplicação da mesma
em diversas finalidades. Porém, deve ater-se a utilizar somente informações precisas para
evitar a disseminação de dados e mensagens falsas. Por isso, cada vez mais o uso das
tecnologias vem desafiando profissionais diversos, incluindo professores. Neste sentido,
reforçam Leite et al. (2017, p. 1002) que o emprego de ferramentas como smartphone e
tablets em sala de aula e o fácil acesso dos alunos a qualquer tipo de informação, é evidente.
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A tecnologia da informação e da comunicação (TIC) é o nome que designa a união


entre a informática e a comunicação na era digital, pois envolvem um conjunto de ferramentas
como televisão, celulares, vídeos, rádio, internet, tablets, entre outras tecnologias. Todas as
ferramentas supracitadas corroboram na disseminação de informações e conhecimentos, mas
apesar de significar um grande avanço e fonte de estímulos, por si só, essas ferramentas não
representam uma fonte de ensino. Por isso, conforme reitera Leite (2019, p. 328), há um longo
caminho a ser percorrido para moldar essas ferramentas para o uso no ensino em sala de aula.
Nesse cenário, há sistemas de informações destinados exclusivamente ao processo de
ensino e educação. Segundo reiteram Oliveira, Casagrande e Galerani (2016, p. 27),
atualmente é impossível educar sem fazer uso da tecnologia. As tecnologias que utilizam o
discurso e a voz são as mais empregadas no contexto escolar como meio de comunicação.

2.1 A tecnologia aliada ao ensino

Antigamente no Brasil, quando foram criadas as primeiras escolas, por volta de 1549 o
ensino era informal, sem divisões de turmas e sem salas de aula e as aulas, eram voltadas
somente para a religião. Foi após a chegada da Família Real ao Brasil que a educação
começou a ser levada a sério e com o passar dos anos, a escola virou pública, para todas as
sociedades econômicas (BASTOS, 2008, p. 137).
Desde o período antigo, os professores faziam o uso do quadro-negro como um auxílio
para transmitir as informações aos alunos, maneira essa que foi muito usada (BASTOS, 2008,
p. 136). Ainda hoje, ele tem muita importância na aprendizagem pois é um recurso
audiovisual didático, e este por sua vez ajuda ainda mais na aquisição do conhecimento. No
entanto, com o avanço da tecnologia nos últimos anos, o uso do quadro-negro começou a ser
substituído por outros meios tecnológicos.
Contudo, José Moran comenta que:
Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em geral, não. Os
professores sentem cada vez mais claro o descompasso no domínio das tecnologias
e, em geral, tentam segurar o máximo que podem, fazendo pequenas concessões,
sem mudar o essencial. Creio que muitos professores têm medo de revelar sua
dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva,
controladora, repetidora. Os professores percebem que precisam mudar, mas não
sabem bem como fazê-lo e não estão preparados para experimentar com segurança
(MORAN, 2013, p. 2).
Ainda Moran (2013, p. 2), reforça que “a escola é uma instituição mais tradicional que
inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino
focados no professor continuam predominando”. Após a introdução do computador e a
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internet nas escolas, pesquisas foram realizadas para entender até que ponto esses meios
seriam eficientes, se iriam servir para ajudar ou de certo modo, interferir no ensino nas
escolas.
No estudo de Leite et al (2017, p. 1008), ficou demonstrado que mesmo as escolas
permitindo o uso de aparelhos de acesso à internet, como tablets por exemplo, a aceitação e
uso destes pelos docentes encontra-se aquém dos conhecimentos que os discentes possuem
sobre os mesmos. O que se subentende, é que a cultura que envolve o quadro e o giz, apesar
de historicamente parecer ultrapassada, é a metodologia que ainda prevalece dentro da sala de
aula. Apesar disso, os autores definem bem, ao enfatizar que “Os recursos tecnológicos
quando aplicados de forma correta e lúdica tendem a motivar e alavancar a aquisição do
conhecimento, expandindo-se para além dos espaços escolares” (LEITE et al., 2017, p. 1008).
É o que reforça Leite et al. (2017, p. 1008), ao se referir ao uso de recursos
tecnológicos dentro da sala. A significância desses aparelhos não se resume no saber
manuseá-los, mas no interesse em usá-los para a prática pedagógica, porque apenas o seu uso
e manuseio não são responsáveis em garantir o ensino. Por isso, a necessidade de
intervenções, tanto na formação dos profissionais que irão trabalhar com essas tecnologias em
sala de aula, como no esclarecimento aos alunos, a fim de potencializar e aperfeiçoar o uso de
tablets e smartphones para a prática do conhecimento.
Salienta-se que:
As tecnologias por si só não têm nenhuma força de transformação dos contextos
educacionais. A simples inserção delas na educação, sem uma proposta didático-
pedagógica consistente, coerente e um planejamento alinhado com as necessidades
dos alunos, não é um caminho recomendado para se explorar suas potencialidades e
possibilitar o desenvolvimento de práticas educacionais diferenciadas. Inúmeras são
as potencialidades, mas as tecnologias apenas podem ganhar vida no contexto
educacional se as propostas metodológicas forem suficientemente abertas, criativas e
focadas no sujeito aprendiz (SILVA; CORDEIRO; SILVA, 2014, p. 59).

Portanto, compreende-se que o papel do professor é ainda muito importante, pois serão
eles que auxiliarão os alunos sobre como e o que pesquisar, e ainda sim, muitas vezes, conseguir
usar o modo tradicional para fazer ensino. Como acredita-se que estes meios vieram para auxiliar,
entende-se que os alunos aprendem mais com aulas expositivas, que usem de recursos inovadores
e que chamem a atenção. Com a ajuda destes novos recursos, acredita-se que professores podem
deixar a aula mais explicativa e cativante para os alunos, como o caso do uso de vídeos, slides,
propor pesquisas, ler livros e revistas online, jogos educativos, entre tantos outros recursos que a
internet apresenta.
Esses comentários supracitados encontram respaldo no estudo de Campoli (2017, s/p),
no qual destacou-se que os professores de 52% das instituições de ensino que trabalham com
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educação básica, usam o celular em atividades educativas com os alunos. No período de 2015
a 2016, o aumento registrado de uso desse equipamento foi de 10%. Isso pode ser justificado
com outro dado destacado pela mesma pesquisa de Campoli (2017, s/p), pois 91% dos
professores analisados, possuíam aparelhos de celular em 2016. Da mesma forma, 77% dos
estudantes que tinham acesso à internet, usavam a mesma por meio de aparelhos celulares.
Evidenciando-se o uso frequente desses aparelhos pelos alunos dentro da sala de aula e
fora dela, cabe aperfeiçoar e reforçar o seu uso para fins educacionais, como pesquisas,
grupos de estudos, e demais atividades que visem ampliar o conhecimento nas disciplinas.
Dentre os meios que podem ser utilizados os aparelhos móveis para o benefício da
aprendizagem estão o seu uso em espaços de educação não formal, como museus, zoológicos
e espaços não institucionalizados como praças, áreas verdes, lagos, entre outros (SANTANA
et al., 2016, p. 2237).
Assim, o emprego do celular por exemplo, em uma aula de campo, pode beneficiar a
coleta de dados, o registro das aulas e pesquisas relativas ao objeto de estudo, promovendo
múltiplos aprendizados, diferentemente do que ocorreria em aula dentro da sala. Nesse
sentido, “torna-se inquestionável que a utilização de novas tecnologias apresenta grande
importância e também promove um desafio” (ROSA, 2016, p. 12). Sendo assim, compreende-
se que apesar de haver necessidade eminente de se utilizar tecnologias no ambiente escolar,
visto que o jovem no seu dia a dia está constantemente em contato com diversos recursos
digitais, deve-se ater-se para a formação e preparação dos professores para trabalharem com
tais tecnologias.

2.2 Uso da tecnologia para o ensino de matemática

Conforme já se discutido na seção anterior, o uso de tecnologias em sala de aula tem


se mostrado eficaz para promover o aprendizado. Isso ocorre, pois, os alunos que nasceram
nessa era digital, já estão acostumados a utilizar aparelhos como computadores, celulares,
tablets, smartphones, entre outros dispositivos que tornam interessante e atrativo o ato de
aprender (OLIVEIRA et al., 2017, p. 70).
Admite-se que “Os estudantes, que antes aprendiam estritamente na escola, hoje
encontram os conteúdos disciplinares em instantes na tela de seus celulares e computadores.
Logo, aprender se tornou um fator dinâmico facilitado pelos meios de comunicação” (SOUZA
e GONÇALVES, 2019, p. 281). No entanto, a realidade vivenciada na maioria das escolas
brasileiras não é representativa dessa nova era digital.
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As escolas não se encontram totalmente equipadas para atender as necessidades


interativas dos alunos e consequentemente, acarreta limitações para o ensino (OLIVEIRA et
al., 2017, p. 70). Observa-se que, para aqueles professores que possuem acessibilidade às
novas tecnologias, existem plataformas que facilitam a organização das aulas, dos trabalhos,
avaliações e notas, e ainda, favorecem a interação entre os alunos.
Santana et al. (2016, p. 2236), esclarecem que o quantitativo de aparelhos tecnológicos
que cotidianamente são empregados pela coletividade, demonstram a forte relação da atual
sociedade com a tecnologia. Da mesma forma, é visível a influências que esses aparelhos
tecnológicos exercem sobre a juventude, como por exemplo, os aparelhos celulares. Tais
recursos no contexto escolar, atuam como uma ferramenta pedagógica que auxilia os
professores na realização das aulas e disseminação do conhecimento.
O ensino de matemática ainda se restringe na memorização de cálculos e fórmulas,
pois grande parte dos profissionais docentes ainda prezam em manter uma metodologia
tradicional, fragmentada e fora de um contexto mais dinâmico e atual de ensino. “Dessa
maneira, o ensino tem sido pautado em memorização de nomes, fórmulas e cálculos
totalmente desvinculados do dia a dia e da realidade em que os alunos se encontram, o que
acaba afastando-os de um ensino prazeroso e significativo” (DIONÍZIO et al, 2019, p. 06).
Compreende-se que a disciplina de matemática, para uma melhor compreensão, requer
a realização em conjunto de atividades teóricas e práticas, a fim possibilitar uma compreensão
de seus conteúdos. Isso porque quando não há uma inter-relação do conteúdo adquirido em
sala de aula com experimentação prática, o aluno dificilmente consegue assimilar o conteúdo
com acontecimentos do dia a dia. Como a maioria das escolas carecem de laboratórios ou
jogos didáticos específicos para essas disciplinas, os professores se detém ao uso dos livros,
mas, contudo, poderiam empregar recursos tecnológicos, como o caso de celulares ou tablets,
por exemplo, apetrechos tecnológicos dos quais os jovens na atualidade, não se separam
(DIONÍZIO et al, 2019, p. 07).
Entende-se que cabe ao professor conhecer os gostos dos seus alunos, se preferem que
aulas contenham vídeos, ou realizar jogos interativos, ou pesquisas de campo, enfim, investir
em meios que sejam atrativos e prazerosos aos alunos durante a aprendizagem. Para tal, para
auxiliar o professor no processo de ensino, foram sendo desenvolvidos softwares
educacionais, que foram criados com o objetivo do ensino e da aprendizagem, aliado à
diversão (ROCHA, RAMOS, BRASIL, 2019). Essas novas tecnologias, contudo, demandam
maior habilidade dos professores, o que deve ser pensado pelos cursos de formação.
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No estudo de Contri, Retzlaff e Klee (2011), os autores relataram diversos softwares


que podem ser empregados para o ensino de matemática, como Geogebra, Wingeom,
Graphmática e Winplot, softwares algébricos como o Winmat e Winmatrix, Matlab, Free Mat,
entre outros. Cabe frisar que a maioria dos softwares são pagos. Há também gratuitos como o
GeoGebra e o Superlogo.
O GeoGebra,
Reúne recursos de geometria, álgebra, tabelas, gráficos, probabilidade, estatística e
cálculos simbólicos em um único ambiente. Permite a realização de diferentes
atividades, entre elas, a construção de pontos, segmentos de reta, retas paralelas e
perpendiculares, construção de gráficos de funções, construção de figuras
geométricas, permite ainda calcular o ponto médio dos segmentos, a área, o
perímetro das figuras, medir ângulos, entre outras (ROCHA, RAMOS, BRASIL,
2019, p. 5).

Sendo assim, compreende-se que o GeoGebra pode ser facilmente aplicado no ensino
dos conteúdos de geometria, álgebra e cálculo. Ele possibilita a criação de figuras em 2D e
3D, construções com pontos e vetores, segmentos, retas que podem ser alteradas de maneira
dinâmica. Essa interatividade que a tecnologia proporciona facilita o aprendizado e motiva o
aluno, além de favorecer o desenvolvimento do pensamento lógico.
Outras formas de se usar a tecnologia para melhorar o ensino em sala de aula, podem
ser visualizadas no estudo de Dionízio et al (2019, p. 7). Algumas estratégias podem envolver
a criação de um material didático, com links para estudos complementares, ou a criação de
páginas virtuais. No entanto, somente a incorporação de tecnologias de informação não é
suficiente para o processo de aprendizagem, ele deve ser utilizado em conjunto com outras
metodologias.
Contudo, o computador foi sendo deixado de lado, para dar lugar a tecnologias como
celulares, smartphones, tablets, nos quais os alunos têm acesso à diversos aplicativos de
matemática que podem auxiliar nos estudos (LEITE, 2019, p. 332; DIONÍZIO, et al, 2019, p.
7). Sendo assim, seja utilizando-se de videoaulas previamente elaboradas, ou jogos digitais
obtidos em aplicativos, plataformas de ensino ou materiais digitais, com conteúdo didáticos, é
possível que o professor desenvolva uma dinâmica de ensino mais atual e atrativa para os
alunos, sendo possível o estudo em qualquer hora e local.

3 CONCLUSÃO

Diante das pesquisas realizadas para a construção do referencial deste estudo, foi
possível constatar que a tecnologia chegou nas escolas por intermédio dos próprios alunos.
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Apesar de ser algo comum dentro das instituições escolares, o uso das tecnologias dentro das
salas de aulas ainda era algo incipiente. Contudo, atualmente, uma parcela bastante
significativa de alunos possui algum aparelho móvel e estão continuamente conectados com o
mundo. Por meio deles, assuntos recentes e controversos chegam até o contexto da sala de
aula e são apresentados aos professores de maneira indagativa, obrigando estes últimos a
atualizarem-se tecnologicamente para atender à demanda dos alunos.
Diante da velocidade com que a era digital se desenvolve e chega até à casa dos
estudantes, é inevitável que as instituições escolares busquem igualar-se em termos
tecnológicos, visto que a geração a qual estes alunos pertencem, cresceu muito familiarizada
com aparelhos móveis, tablets, computadores e consequentemente, e podem achar as aulas
teóricas desmotivantes. Assim, para conseguir que os alunos desenvolvam o seu
conhecimento e tenham a motivação desejada, o professor precisa trazer a tecnologia para o
cotidiano da sala de aula como um diferencial.
Cabe constatar que há ainda muitas barreiras e desafios a serem superados pelas
instituições escolares e pelos professores. As escolas, principalmente as públicas possuem
uma escassez de tecnologias, na grande maioria fomentadas por programas governamentais
destinados à melhoria da educação, mas que não conseguem acompanhar a demanda atual por
tecnologias. Grande parte das escolas possuem uma única sala de computação, que é
partilhada com todos os alunos e por isso, as turmas possuem pouco contato com eles devido
a rotatividade necessária. Poucas escolas possuem aparelhos de televisão, Datashow ou
computadores dentro das salas de aula, para uso individuais dos professores, limitando o
acesso e a diversificação das aulas práticas, experimentais e expositivas, principalmente no
ensino de matemática.
Mesmo precário, o acesso às tecnologias pode ser de grande valia para as aulas de
matemática, pois por meio delas, os alunos conseguem simular ambientes virtuais que “ao
vivo” seria quase impossível, considerando a realidade da maioria das escolas. Assim, as
aulas tornam-se dinâmicas e interativas, corroborando com o desenvolvimento do
conhecimento discente. Entende-se que quando as aulas estão limitadas a conteúdos didáticos
de livros e apostilas, elas tornam-se engessadas, visto que conteúdos prontos se tornam
cansativos de serem ministrados. Ao contrário, quando é possível a utilização de alguma
tecnologia, o professor e os alunos podem construir os conceitos de forma conjunta, por meio
de análise de imagens, vídeos, experimentos, favorecendo o aprendizado.
Apesar do estudo limitar-se a uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, foi possível
responder aos objetivos e compreender a importância das tecnologias para o ensino de
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matemática, atualmente. Sugere-se, no entanto, que estudos futuros dentro dessa temática,
possam confrontar informações teóricas com a prática vivenciada em sala de aula no ensino
das respectivas disciplinas. Em suma, compreendeu-se com o estudo que as tecnologias ainda
são recursos incipientes dentro da sala de aula e vistas com receio pelos professores, pois na
sua formação, o contato com elas também foi algo limitado. Além do mais, podem ser
consideradas como necessárias em virtude da geração a qual os alunos pertencem e
significativas, para a formação do saber.

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