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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

O AVANÇO DA TECNOLOGIA NO ENSINO E O USO


DESTES RECURSOS EM AULAS DE CIÊNCIAS

Disciplina: Iniciação Científico-Pedagógica II


Professora: Dra. Michelle Helena Nervo
Acadêmica: Eduarda Borelli

Passo Fundo, junho de 2020


Eduarda Borelli

O avanço da tecnologia no ensino e o uso destes recursos


em aulas de ciências

Monografia apresentada ao curso de Ciências


Biológicas, do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade de Passo Fundo, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Licenciado em
Ciências Biológicas.

Passo Fundo
2020
A Deus que iluminou meu o caminho nesta longa
caminhada, ao meu pai Airton, minha mãe Elita e
minha irmã Manuela por serem o meu alicerce.
Aos meus pais por entenderem a minha ausência
durante o desenvolvimento desta etapa acadêmica.

Ao meu amor por compreender que nosso futuro


dependia da minha dedicação aos estudos.

À minha professora orientadora pelo permanente


incentivo e pelas sugestões ao longo do trabalho.
"Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem
tão pequeno que não possa ensinar"

Esopo
SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................................6

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................7

CAPÍTULO 1.............................................................................................................................9
1.1 O AVANÇO DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO............................................9
1.2 A TECNOLOGIA ALIADA AO ENSINO...............................................................12
1.3 USO DA TECNOLOGIA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS...............................20

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................26
6

RESUMO

Tanto a tecnologia como os seus dispositivos são ferramentas indispensáveis para uma era
essencialmente digital. A aprendizagem educacional com métodos estritamente teóricos já não
atende as demandas dos alunos, que almejam por aulas mais práticas e experimentais, das
quais eles possam criar seus próprios conceitos e interpretações. Compreendendo essa
problemática dentro do ensino de ciências, o presente estudo teve como objetivo geral realizar
uma revisão bibliográfica sobre o avanço da tecnologia nas escolas e como fazer o uso destes
recursos inovadores nas aulas de ciências. Da mesma forma, estabeleceu-se como objetivos
específicos, compreender como ocorreu o avanço da tecnologia nas escolas, identificar se
estes recursos são favoráveis ou não para a educação, descrever a importância de um
professor bem preparado e relatar como estes recursos tecnológicos devem ser usados nas
aulas de ciências. Para tanto, realizou-se um estudo qualitativo, empregando a pesquisa
bibliográfica como fonte de dados, analisando as produções científicas sobre o uso de
tecnologias na prática docente. Analisando assim, o conteúdo descrito, constatou-se que os
recursos tecnológicos é parte indispensável nas atividades educacionais as tecnologias
passaram a invadir as salas de aula, levadas principalmente pelos alunos. Atualmente, uma
parcela bastante significativa de alunos possui aparelhos de comunicação móveis, tabletes ou
computadores portáteis fazendo com eles estejam conectados integralmente com o que
acontece no mundo. Compreendeu-se que para conseguir que os alunos desenvolvam o seu
conhecimento e tenham a motivação desejada, o docente necessita utilizar-se dos recursos
tecnológicos dentro da sala de aula. Apesar de promissora, essa prática ainda requer muitos
avanços, seja em decorrência da escassez de recursos nas próprias escolas ou por receio do
professor em utilizá-las, visto que escolas públicas ainda estão engatinhando na era digital.
Mesmo precário, o acesso às tecnologias é valoroso para o ensino de ciências, tendo em vista
que a disciplina costuma abordar assuntos atuais e que dizem respeito à vida humana, estes
últimos as vezes polêmicos. De forma conclusiva, admite-se que as tecnologias ainda são
recursos incipientes dentro da sala de aula e podem ser consideradas como necessárias em
virtude da geração a qual os alunos pertencem.

Palavras-chave: Tecnologias. Educação. Ensino. Ciências.


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INTRODUÇÃO

A tecnologia e seus dispositivos, passaram a ser ferramentas de apoio para o ensino e


aprendizagem educacional, conforme afirmam Morais et al. (2019). A inclusão social
proporcionada pela tecnologia, ofertando aulas interativas e uma quantidade infinita de obras
e fontes de pesquisa, possibilitam o acesso ao conhecimento além da interação professor e
aluno, trazendo a sala de aula para próximo da realidade tecnológica e digital dos alunos
atualmente (MORAIS et al., 2019).
Algumas disciplinas carecem de meios alternativos de ensino, que as tornem mais
atrativas aos alunos, principalmente, em instituições públicas, devido a obsolescência dos seus
equipamentos (LEITE et al., 2017). Cabe salientar que as escolas possuem o desafio de
motivar o aprendizado de uma geração que já nasceu familiarizada com a tecnologia, fazendo
parte do seu dia a dia. Estimular a capacidade de raciocínio e conhecimento dessa geração,
sem utilizar-se de meios diferenciados aos tradicionais pode ser ineficaz.
Acredita-se dessa forma, que o emprego de tecnologias no processo educativo, com
foco no ensino básico, acarreta em inovações das práticas pedagógicas, desde que
corretamente empregado e manuseado pelo docente. Em outras palavras, mesmo que a escola
disponha de equipamentos e ferramentas tecnológicas para auxílio em suas aulas, a mesma
deve possuir toda uma cultura para utilização dos mesmos e a preparação dos professores para
o seu manuseio.
Há programas governamentais, como o Programa Nacional de Tecnologia Educacional
(ProInfo), que visam promover o emprego e uso da informática em escolas públicas,
fornecendo computadores, conteúdos educacionais próprios para cada disciplina e recursos
digitais para ministrar as aulas, como o caso da disciplina de ciências (MORAIS et al., 2019).
Analisando estudos como o de Longhini (2008), o autor cita que comumente o ensino
de ciências restringe-se à teoria, na qual o professor simplesmente repassa conteúdos às
crianças sendo estes decorados por elas, com pouquíssimo ou quase nenhum experimento
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científico ou ferramenta técnica e digital como reforço curricular. Na grande maioria dos
casos, não é culpa do professor a ausência de aplicação prática do conteúdo de ciências, mas
da pouca formação nessa área que os professores de séries iniciais possuem.
Em decorrência dessa carência por parte dos docentes, a utilização de apostilas e livros
didáticos acaba sendo a fonte principal de conhecimento no campo das ciências para essa fase
de ensino, limitando o aprendizado e o raciocínio do aluno (LONGHINI, 2008).
A muito tempo o mundo vem evoluindo tecnologicamente e esta evolução ocorreu
também dentro da sala de aula, mas o que acontece é que ainda algumas escolas preferem
trabalhar pelo modo tradicional e muitas vezes não sabem lidar com esses novos meios que
estão invadindo ao nosso redor. Sobre o ensino de ciências, requer uma criatividade maior
para que se consiga despertar curiosidades nos alunos e seria o uso destes novos instrumentos
Desta forma, questiona-se: como ocorreu o avanço da tecnologia em sala de aula e como
pode-se empregar seus recursos para o ensino de ciências? Até que ponto o uso destes
recursos é bom para os alunos?
Portanto, tem-se como objetivo para o presente artigo o de realizar uma revisão
bibliográfica sobre o avanço da tecnologia nas escolas e como fazer o uso destes recursos
inovadores nas aulas de ciências. Como objetivos específicos, buscou-se compreender como
ocorreu o avanço da tecnologia nas escolas, identificar se estes recursos são favoráveis ou não
para a educação, descrever a importância de um professor bem preparado e relatar como estes
recursos tecnológicos devem ser usados nas aulas de ciências.
Os recursos tecnológicos é parte indispensável nas atividades visto que a tecnologia
está sempre em processo de evolução. Todos os recursos tecnológicos, desde a criação dos
computadores, tiveram um grande crescimento e ocuparam um lugar significativo na
sociedade. Mas nas duas últimas décadas as tecnologias passaram a invadir as salas de aula,
levadas principalmente pelos alunos, necessitando uma discussão acerca da sua aplicação no
ensino.
Diante disso, a presente monografia está disposta através de um capítulo Monográfico,
subdividido em três seções, das quais a primeira seção busca definir um contexto histórico e
as principais características da evolução da tecnologia da informação. A segunda seção tem
como objetivo relacionar a tecnologia e o uso da informação para o ensino. Na terceira e
última seção, serão abordadas as principais contribuições da tecnologia para o ensino de
ciências nas escolas.
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CAPÍTULO 1

1.1 O AVANÇO DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO

O uso contemporâneo da tecnologia tornou-se uma sobrevivência, demonstração de


praticidade e modernização, conforme ratificam Oliveira, Casagrande e Galerani (2016).
Tecnologia, na visão destes autores, define-se pelo estudo da técnica, que representa um
conhecimento das ferramentas e processos empregados para a formação de tal conhecimento.
Nesse sentido:

Dessa forma, quando se cria uma solução para um problema, se constrói


conhecimento. Caso a solução se mostre eficaz para um número significativo de
casos semelhantes, então se está diante de uma tecnologia. Uma tecnologia é uma
solução elaborada que pode ser aplicada em situações/problemas semelhantes. Isto
enfatiza que a tecnologia é o jogo do conhecimento prático e científico, e soma-se
com a técnica praticada e acumulada há anos (OLIVEIRA; CASAGRANDE;
GALERANI, 2016, p. 24).

Cabe frisar que o surgimento da tecnologia não ocorreria, se não fosse pelo raciocínio
humano, visto que o homem sempre procurou dominar a natureza, utilizando-se de
mecanismos para a sua sobrevivência (OLIVEIRA; CAVALCANTE, 2016). Com a revolução
industrial no século XVIII, desenvolveram-se muitos campos da mecânica, da indústria têxtil,
da eletricidade e com isso, surgiu também a denominação tecnologia.
Nos tempos atuais, a tecnologia é associada aos computadores, celulares, televisores,
tablets entre outras ferramentas e equipamentos que recriam a informação (OLIVEIRA;
CAVALCANTE, 2016). Considerando a mesma como uma ciência que envolve o uso da
informação para gerar conhecimento, admite-se que ao longo da humanidade a tecnologia
esteve sempre presente na sua evolução. A constante acumulação de conhecimento pelo
homem durante a sua evolução, fizeram surgir novas formas de tecnologias como aspecto de
melhoria da sobrevivência humana.
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Assim, o uso dessas tecnologias garantiu o surgimento de máquinas e aperfeiçoamento


das comunicações e uso das informações para o bem comum e geração constante de
conhecimento por meio das linguagens. Para Kenski (2007), como o homem é um ser social e
necessita expressar-se, para viabilizar a sua comunicação ele desenvolveu a tecnologia de
inteligência utilizando uma linguagem de máquina, algo imaterial que pode ser empregado em
diferentes tempos e espaços.
A primeira forma de linguagem empregada foi a oral e por isso, no ambiente escolar, a
fala é umas das principais linguagens a ser empregada entre professores e alunos para geração
de aprendizagem. Essa linguagem pode estar presente em equipamentos tecnológicos como
televisão, vídeos ou outros que reproduzem a voz do professor e torna os alunos ouvintes
(OLIVEIRA; CAVALCANTE, 2016). Essas tecnologias empregadas para reprodução de
linguagens, utilizam-se de linguagem digital, formada por códigos binários (linguagem de
máquina), por meio do qual pode-se informar, comunicar, interagir e fornecer conhecimento
por meio de sistemas de informação.
É nesse contexto, que a tecnologia se insere, de acordo com Morais et al. (2019), como
uma importante ferramenta de trabalho em diversas áreas educacionais, visto a dependência
que a sociedade se encontra atualmente, de utilizá-la. Conforme os autores frisam, “fazer
parte da sociedade também significa estar em constante desenvolvimento causado pelas
revoluções tecnológicas, ou seja, permitir o próprio conhecimento dessas ferramentas como
necessidades que precisam ser alcançadas” (MORAIS et al., 2019, p. 146). Nesse sentido,
dentro de uma instituição de ensino, a necessidade do contato com tecnologias diversas se
torna indispensável, visto que ela prepara o indivíduo para viver em sociedade.
Vive-se na era denominada de “Era da Informação” e desde o advento da internet,
inúmeras funções e aplicações deste recurso surgiram para facilitar o dia a dia das pessoas. No
discurso de Silveira et al. (2019), além da comunicação mais rápida e eficaz, o uso da
tecnologia passou a integrar a rotina das pessoas, fornecendo mecanismos e ferramentas para
a solução dos problemas, sem a necessidade de sair de casa. “Com isso os sistemas de
informação e as ferramentas digitais apresentam uma extensa lista de oportunidades no
âmbito pessoal, profissional e educacional” (SILVEIRA et al., 2019, p. 98).
A evolução constante da tecnologia torna quase tudo obsoleto em um curto período de
tempo. O telefone móvel, por exemplo, que até pouco tempo atrás era usado somente para
realização de ligações telefônicas, passou a ser utilizado para armazenagem de fotos, vídeos,
como meio para ouvir músicas, enviar mensagens e arquivos multimídias, como navegador
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portátil, entre inúmeras outras aplicações. Ou seja, algo quase que indispensável para as
pessoas (SILVEIRA et al., 2019).
Na visão de Silva e Barbosa (2018), as novas tecnologias introduziram constantes
modificações em diversos processos, antes realizados de forma manual, que causam impactos
em setores econômicos e sociais da atualidade. Nesse cenário, passou-se a utilizar a expressão
“sociedade da informação” (SILVA; BARBOSA, 2018, p. 133). Essa expressão substituiu a
ideia de sociedade pós-industrial, descrevendo a fase de transformações técnicas e
econômicas em que a sociedade enfrentava.
Historicamente, vivenciou-se três avanços tecnológicos, sendo o primeiro descrito como
a primeira Revolução Industrial, que inseriu na sociedade a máquina à vapor e hidráulica nas
fábricas (SILVA; BARBOSA, 2018). O segundo avanço tecnológico chegou com a divisão do
trabalho e produção em massa, denominado de Segunda Revolução Industrial. Com a chegada
da automação industrial e da tecnologia eletrônica, chegou-se ao terceiro grande avanço
tecnológico, que proporcionou consideráveis mudanças no ambiente de fabricação e trouxe
grande conectividade digital (SILVA; BARBOSA, 2018).
A forma como as pessoas passaram a se conectar entre si, interagir com o seu entorno,
e obter informações foi modificada pelo uso da tecnologia (ESPINEL et al., 2015). Da
mesma forma, o surgimento da inteligência artificial e da robótica aumenta significativamente
a probabilidade de grandes mudanças futuramente, tampouco no ambiente escolar. Essa nova
revolução tecnológica, pode trazer pontos positivos e pontos negativos, conforme expõe o
Quadro 1.

Quadro 1 – Pontos positivos e negativos da nova era digital


Pontos Positivos Pontos Negativos
Aumento da transparência Privacidade
Rapidez da conexão entre grupos e pessoas Mais casos de roubo de identidade
Aumento da liberdade de expressão Bullying em rede
Troca mais rápida de informação Aumento da polarização por agrupar os pensamentos
em grupos de interesse
Uso mais eficiente dos serviços Disseminar informações imprecisas
Falta de transparência e insegurança com informações
pessoais
Fonte: Adaptado de Espinel, et al. (2015, p. 12).

Conforme apresentado em pontos no Quadro 1, o uso da tecnologia pode proporcionar


o uso mais eficaz da informação e aplicação da mesma em diversas finalidades. Porém, deve
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ater-se a utilizar somente informações precisas para evitar a disseminação de dados e


mensagens falsas. Por isso, cada vez mais o uso das tecnologias vem desafiando profissionais
diversos, incluindo professores. Neste sentido, reforçam Leite et al (2017) que o emprego de
ferramentas como smartphone e tablets em sala de aula e o fácil acesso dos alunos a qualquer
tipo de informação, é evidente.
Portanto, o emprego de sistemas de informação principalmente no contexto escolar,
segundo Stair e Reynolds (2002), constitui um conjunto de componentes correlacionados que
coletam, manipulam e disseminam dados e informações. Da mesma forma, melhoram a
comunicação e consequentemente os processos de aprendizado e conhecimento entre as
pessoas.
Nesse cenário, há sistemas de informações destinados exclusivamente ao processo de
ensino e educação. Segundo reiteram Oliveira, Casagrande e Galerani (2016), atualmente é
impossível educar sem fazer uso da tecnologia. As tecnologias que utilizam o discurso e a voz
são as mais empregadas no contexto escolar como meio de comunicação.
Assim, compreende-se que uma das principais causas da mudança da sociedade foi o
avanço da tecnologia. A cada dia o uso destes meios invade diversos setores, transformado de
maneira significativa a rotina das pessoas, pois, com o auxílio destes recursos as informações
chegam de maneira muito mais rápida e a comunicação fica muito mais simplificada. Devido
a isso, o uso destes meios tecnológicos invadiu as escolas, sendo em especial o uso da internet
e dos computadores.

1.2 A TECNOLOGIA ALIADA AO ENSINO

Antigamente no Brasil, quando foram criadas as primeiras escolas, por volta de 1549 o
ensino era informal, sem divisões de turmas e sem salas de aula, e as aulas eram voltadas
somente a religião. Foi após a chegada da Família Real no Brasil que a educação começou a
ser levada mais a sério, mas naquela época as dificuldades eram inúmeras, somente crianças
da alta sociedade podiam frequentar a escola. Com o passar dos anos, a escola virou pública,
para todas as sociedades econômicas, e desde então esta regra vem valendo até os dias atuais
(BASTOS, 2008).
Naquele tempo de dificuldades, famílias mais humildes não tinham recursos para
comprar material escolar para os filhos e assim estes iam para a escola e não tendo outro
recurso, traçavam as letras e números em pedras lisas, depois de toda ocupada era preciso
apagar para escrever novamente, neste sentido também houve evolução, pois, comparado a
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hoje em dia onde encontra-se caderno de todos tipo, tamanhos e variadas cores e desenhos.
Desde este período antigo, os professores faziam o uso do quadro-negro como um auxílio para
transmitir as informações aos alunos, maneira essa que foi muito usada, até os tempos atuais
(BASTOS, 2008).
Sobre as vantagens do quadro-negro naquela época e na atualidade também, é
possível considerar que:

As vantagens do uso do quadro-negro residiam na possibilidade de o professor


utilizar-se desse dispositivo para o ensino simultâneo das primeiras lições de leitura
e de escrita. O quadro-negro para o professor e a lousa para o aluno eram meios
pelos quais seria conhecido o alfabeto e seriam desenhadas as letras. Além disso, era
um excelente meio de ensinar em pouco tempo os alunos a ler e escrever (BASTOS,
2008, p.4)

E ainda de acordo com Bastos (2008) comenta que o quadro-negro, ainda hoje, tem
muita importância na aprendizagem pois é um recurso audiovisual didático, e este por sua vez
ajuda ainda mais na aquisição do conhecimento. Diante disso, Ferreira e Silva Júnior (1986),
citam que a retenção de conhecimento é maior se a estratégia de explicação visual se encaixa
com a explicação oral, tendo um percentual de 85% de aproveitamento dos conteúdos.
Com o passar dos anos, a tecnologia veio avançando e inovando cada vez mais, no
entanto, o uso do quadro-negro começou a ser substituídos por outros meios tecnológicos.
Conforme aponta Baccega (1996) com a tecnologia as pessoas conseguem ter acesso sobre
informações do mundo inteiro em segundos, e há quem diga que a escola está se acabando,
pois, o professor vai ser substituído pelo computador, vídeo ou televisão. E por este fato,
conforme a modernização avançava, as pessoas que eram ligadas na área de educação
precisaram buscar métodos para que esses meios não tomassem o lugar dos professores e nem
mudassem a cabeça dos alunos referente ao papel da escola. Os recursos tecnológicos de certa
forma auxiliariam professores e alunos no ensino-aprendizagem, mas alguns dos educadores
não pretendiam fazer uso destes recursos desde que foram lançados e ainda, até hoje, não
quererem usufruir destas novas experiências.
Desta forma, José Moran comenta que:

Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em geral, não. Os


professores sentem cada vez mais claro o descompasso no domínio das tecnologias
e, em geral, tentam segurar o máximo que podem, fazendo pequenas concessões,
sem mudar o essencial. Creio que muitos professores têm medo de revelar sua
dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva,
controladora, repetidora. Os professores percebem que precisam mudar, mas não
sabem bem como fazê-lo e não estão preparados para experimentar com segurança
(MORAN, 2013, p. 2).
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Entretanto, mesmo que os docentes tivessem medo de ser substituído por estas
tecnologias ou então pelo receio de não conseguir aprender para usá-lo de modo correto, não
foi possível conter essa invasão. Uma das razões do início do uso dos computadores dentro
das escolas, foi para a substituição da antiga máquina de escrever, que, no entanto, era
somente utilizada por professores para preparar aulas e trabalhos aos alunos. Assim, estes
novos recursos começaram a ser utilizado para diversas tarefas, principalmente como meio de
pesquisa, então, escolas passaram a ter sala de computadores com acesso à internet, onde
alunos poderiam fazer o uso para realizar buscas em trabalhos solicitados. Mas, no entanto, a
escola não queria perder o seu lado tradicional, sendo onde o professor explica com o auxílio
do quadro negro e de livros, e o aluno escuta e faz a cópia em seu caderno.
Moran (2013, p. 2) comenta que “a escola é uma instituição mais tradicional que
inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino
focados no professor continuam predominando, apesar dos avanços teóricos em busca de
mudanças do foco do ensino para o de aprendizagem”. Após a introdução do computador e a
internet nas escolas, pesquisas foram realizadas para entender até que ponto esses meios
seriam eficientes, se iriam servir para ajudar ou de certo modo interferir no ensino nas escolas.
Na visão de Souza (2011), não resta dúvidas que o computador pode transformar a
maneira de ensinar e aprender, pois podemos observar no momento que estamos vivendo
como estes meios não tem limites, e por isso, o uso desse instrumento dentro de sala de aula
dará maior velocidade no aprendizado, maior capacidade e com isso acreditasse que menor
chance de erro humano.
Desta mesma maneira, Flores (2008) comenta que esses novos meios tecnológicos vão
capacitar e dar chance de obter novas informações, facilitar no método de ensino
aprendizagem, além de outras várias vantagens sobre o desenvolvimento e conhecimento.
Neste mesmo contexto, um estudo feito por Andrade (2011) analisou que os alunos
que estudam pelo computador ficam mais entusiasmado e têm mais curiosidade do que se
fosse em sala de aula, com as aulas tradicionais, pois são as coisas novas e modernas que
fazem com que os estudantes tenham vontade e acaba induzindo seu lado curioso. Sendo
assim, os meios tecnológicos no ambiente escolar geraram uma expectativa de melhora na
aprendizagem e conhecimento dos alunos.
É possível considerar que:
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Devemo-nos preocupar com a questão da Informática na Educação porque a


evidência disponível, embora não tão ampla e contundente quanto se poderia
desejar, demonstra que o contato regrado e orientado da criança com o computador
em situação de ensino-aprendizagem contribui positivamente para o aceleramento de
seu desenvolvimento cognitivo e intelectual, em especial no que esse
desenvolvimento diz respeito ao raciocínio lógico e formal, à capacidade de pensar
com rigor e sistematicidade, à habilidade de inventar ou encontrar soluções para
problemas. Mesmo os maiores críticos do uso do computador na educação não
ousam negar esse fato (CHAVES, 2004, p. 127)

A tecnologia traz muitas vantagens para a sala de aula, pois facilitam o ensino do
professor e a aprendizagem do aluno. Mas, muitas vezes acontece de alunos que chegam na
sala de aula sabendo usar o computador, mas não sabem como fazer a pesquisa solicitada.
Hoje em dia as crianças já crescem no meio da tecnologia, mas muitas vezes de forma
incorreta, onde somente sabem utilizar para jogar jogos ou então assistir vídeos, mas na hora
da consulta para trabalhos não sabem como manusear de forma correta.
Com isso, Jordão (2009) menciona que:

O número de crianças que tem acesso ao computador e à internet vem crescendo, e a


faixa etária também vem se ampliando. Antes, mais acessada pelos jovens, a
internet, hoje, vem sendo utilizada de forma crescente por crianças de 6 a 11 anos.
Estas crianças já nasceram ligadas às tecnologias digitais: com menos de 2 anos já
têm acesso a fotos tiradas em câmeras digitais ou ao celular dos pais; aos 4 anos, já
manipulam o mouse, olhando diretamente para a tela do computador; gostam de
jogos, de movimento e cores; depois desta idade, já identificam os ícones e sabem o
que clicar na tela, antes mesmo de aprender a ler e a escrever (p. 3).

Para poder obter um bom resultado com o uso das tecnologias, os alunos devem ser
influenciados desde cedo, na pesquisa e na busca por mais conhecimentos. E, nas escolas,
para um melhor rendimento, precisa-se também de um bom auxilio didático da parte do
professor, onde este, por muitas vezes não está totalmente preparado, então se faz necessário a
Formação Continuada, para que os docentes evoluam junto com as tecnologias e assim
caminhando junto com os alunos.
A tecnologia foi avançando cada vez mais, tanto, que os computadores de mesa
começaram a ser deixados de lado, e o telefone móvel, hoje chamado de celular, tomou conta
das pessoas. De diferenciados tamanhos, modelos e principalmente, que cabem no bolso, os
celulares viraram peça principal na vida das pessoas, pois com eles se tem acesso à internet
em qualquer lugar. Estes pequenos aparelhos, mas muito útil e simples, entraram para a sala
de aula com toda força pois cada aluno dispõe e faz uso do seu aparelho. Sendo assim, os
professores novamente, tiveram que se adaptar ao uso destes aparelhos, e também criar
maneiras de inserir de uma forma produtiva esse e todos os outros meios tecnológicos na sala
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de aula, e querendo ou não, a escola começou a ter que abandonar um pouco do seu lado
tradicionalista e aderiu a nova era digital.
Neste mesmo contexto, Andrade (2011) comenta que a maioria dos alunos obtém dos
recursos tecnológicos fora da escola, e por este fato podem não fazer um bom uso desta
ferramenta, e assim necessitam de um acompanhamento para evitar que acessem conteúdo
indevidos ou então algo que não tem nada a ver com o que foi proposto, e para que a aula seja
produtiva o professor deve estar bem preparado e para isso seria fundamental uma formação
continuada para que esteja apto na hora de oriental os alunos de como utilizar de maneira
correta as ferramentas da tecnologia.
Em questão disso, Moran (2013) destaca que a internet é um suporte para a educação,
além de lembrar que a formação continuada dos professores também é algo muito importante,
pois estes precisam saber conduzir de maneira certa os montes de informação que vão
aparecendo. Muitos dos professores se sentem substituídos por essa nova tecnologia, sendo
assim, para Perrenoud (1999) “a formação continuada auxilia o professor, a refletir sobre seu
trabalho, ajudando-o a problematizar o mal-estar, a revolta, o desânimo. Quando
problematizados, as dificuldades podem ser diagnosticadas e posteriormente resolvidas com
maior consciência e método”.
Sobre a importância do professor Gouvêa (1999) cita que:

O professor será mais importante do que nunca nesse processo de inclusão da


internet na educação, pois ele precisa se aprimorar nessa tecnologia para introduzi-la
nasala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma que um professor, que um dia,
introduziu o primeiro livro em uma escola e teve de começar a lidar de modo
diferente com o conhecimento –sem deixar as outras tecnologias de comunicação de
lado. Continuaremos a ensinar e a aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção,
pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televisão, mas agora também pelo
computador, pela informação em tempo real, pela tela em camadas, em janelas que
vão se aprofundando as nossas vistas (GOUVÊA, 1999, p. 7).

E para concluir, Demo (2008) cita que temos que cuidar do professor, porque todas
essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor, ele é a figura
fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se
portar como tal.
Portanto, o papel do professor é ainda muito importante pois serão eles que auxiliarão
os alunos sobre como e o que pesquisar, e ainda sim muitas vezes ainda conseguir usar o
modo tradicional para fazer ensino. Como acredita-se que estes meios vieram para auxiliar,
pesquisas realizadas apontam que os alunos aprendem bem mais com aulas mais expositivas,
que usem de recursos inovadores e que chamem a atenção. Com a ajuda destes novos
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recursos, professores podem utilizar para aprimorar e deixar a aula mais bem explicada e
cativante para os alunos, podemos citar o uso de vídeos, slides, propor pesquisas, ler livros e
revistas online, jogos educativos, entre tantos outros recursos que a internet nos apresenta.
Pode-se observar, que os avanços da tecnologia se tornaram presentes em vários
aspectos da vida em sociedade assim como, na educação. Com o uso da internet, as
informações e sua transmissão passaram a ser mais ágeis, facilitando a interação social
principalmente entre os jovens (SILVEIRA et al., 2019). O acesso facilitado ao computador e
o surgimento de diversas ferramentas digitais, desenvolveram uma forma diferenciada de lidar
com a escrita e a troca de mensagens. “Navegar na internet como ferramenta de ensino pode
ser um processo de busca de informações que dependendo da situação pode transformar-se em
conhecimento, gerando um ambiente interativo de aprendizagem” (SILVEIRA et al., 2019, p.
100).
Portanto, o uso destes recursos nas aulas de ciências é extremamente importante.
Sendo a disciplina de ciências, hoje, a que mais proporciona o uso da internet, pois ela é uma
matéria que está sempre tendo alterações, cada dia surgem novas descobertas sobre este
estudo, que é o estudo da vida. Santos (2010) afirma que durante as últimas décadas, a área de
pesquisa em Ensino de Ciências tem se expandido significativamente, apresentando uma
variedade em seus objetivos e métodos de estudos, além de passar a envolver um número cada
vez maior de pesquisadores, assim, mudando a ciência a cada nova descoberta.
Desta forma entende-se que os recursos tecnológicos avançam mais a cada ano que
passa, e que eles se tornaram algo essencial na vida das pessoas. Tanto que, hoje, obtém-se
destes recursos dentro das salas de aulas, e as escolas estão procurando se inovar para poder
fazer proveito destes meios e ainda auxiliar na aprendizagem dos alunos. E, são ainda tão
importantes em aulas da disciplina de ciências, onde pode-se encontrar várias maneiras de
utilizar destes recursos.
Cabe frisar o relatado por Morais et al. (2019), que as práticas educacionais até então
aplicadas, podem não mais atender ao que lhes é imposto, ou seja, a resposta eficaz e rápida
aos problemas levantados e a compreensão da proliferação de informações em grande escala.
Na visão exposta por Morais et al. (2019), o professor não detém todo o conhecimento
atualmente necessário, além do que, os alunos precisam interagir com o conhecimento obtido
extraclasse possibilitado pelo acesso aos meios de comunicação, assim como pela internet.
Esta última, proporciona acesso a conteúdo com maior agilidade e fácil compreensão pelos
alunos.
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De acordo com dados apresentados por Campoli (2017), os professores de 52% das
instituições de ensino que trabalham com educação básica, usam o celular em atividades
educativas com os alunos. No período de 2015 a 2016, o aumento registrado de uso desse
equipamento foi de 10%. Os dados destacados por Campoli (2017) foram resultados da
pesquisa TIC Educação realizada em 2016, pelo Centro de Estudos de Tecnologias da
Informação e da Comunicação (Cetic). Os dados podem ser visualizados na Figura 1.

Figura 1 – Professores que utilizam a internet em sala de aula pelo celular


Fonte: Campoli (2017).

Vale comentar, que a popularização do uso de celulares nos últimos anos pode ser a
responsável pelos dados expostos pela Figura 1. Isso pode ser justificado com outro dado
destacado pela mesma pesquisa apresentada por Campoli (2017), pois 91% dos professores
analisados, possuíam aparelhos de celular em 2016. Da mesma forma, 77% dos estudantes
que tinham acesso à internet e usavam a mesma por meio de aparelhos celulares, conforme
demonstra a Figura 2.
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Figura 2 – Equipamentos mais empregados para acesso à internet pelos alunos


Fonte: Campoli (2017)

Observa-se com base na Figura 2, que o ensino com o uso de tecnologias está cada vez
mais presente nas escolas, apesar de presumir-se que muitas escolas públicas ainda possuírem
um acesso restrito à equipamentos e internet. Entende-se que com o uso de tecnologias em
sala de aula, a maneira de explicar o conteúdo ao aluno fica eficaz e compreensível, pois os
mesmos já estão familiarizados com o uso do celular e da internet, sendo o conteúdo melhor
absorvido.
Para Rosa (2016), atualmente, professores e colaboradores do processo de ensino
precisam levar em consideração o uso de tecnologias a fim de otimizar e oportunizar maio
conhecimento aos alunos. Nesse sentido, o autor argumenta que “torna-se inquestionável que
a utilização de novas tecnologias apresenta grande importância e também promove um
desafio” (ROSA, 2016, p. 12).
O autor ainda destaca:

Não são todos os professores que estão devidamente preparados ou mesmo muitas as
escolas que não possuem infraestrutura para se trabalhar com esses novos recursos.
É necessário, desse modo, promover uma maior formação aos profissionais,
garantindo-lhes minimamente condições para desenvolver um bom trabalho com os
alunos. A incorporação das novas tecnologias à educação deveria ser considerada
como parte de uma estratégia global de política educativa (ROSA, 2016, p. 12).
20

Nesse sentido, compreende-se que apesar de haver necessidade eminente de se utilizar


tecnologias no ambiente escolar, visto que o jovem no seu dia a dia está constantemente em
contato com diversos recursos digitais, deve-se ater-se para a formação e preparação dos
professores para trabalharem com tais tecnologias.

1.3 USO DA TECNOLOGIA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

Conforme já se discutiu na seção anterior, o uso de tecnologias em sala de aula tem se


mostrado eficaz para promover o aprendizado. Isso ocorre, pois, os alunos que nasceram
nessa era digital, já estão acostumados a utilizar aparelhos como computadores, celulares,
tabletes, smartphones, entre outros dispositivos que tornam interessante e atrativo o ato de
aprender (OLIVEIRA et al., 2017).
No entanto, a realidade vivenciada na maioria das escolas Brasileiras não é
representativa dessa nova era digital. As escolas não se encontram totalmente equipadas para
atender as necessidades interativas dos alunos e consequentemente, acarreta limitações para o
ensino (OLIVEIRA et al., 2017). Observa-se que, para aqueles professores que possuem
acessibilidade às novas tecnologias, existem plataformas que facilitam a organização das
aulas, dos trabalhos, avaliações e notas, e ainda, favorecem a interação entre os alunos.
No que se refere à formação docente, para trabalhar com as novas tecnologias,
principalmente na disciplina de ciências, discorre-se que há um paradigma a ser enfrentado
que se refere à formação adequada para que o professor possa conduzir suas aulas, adaptadas
ao uso de tecnologias digitais e também, entende-se que há deformações pela qual o ensino de
ciências vem sofrendo ao longo dos anos.
Cabe ao professor de Ciências, conforme Carvalho e Perez (2006, p. 23):
“[...]conhecer a história das Ciências; Conhecer quais foram as dificuldades, obstáculos
epistemológicos; [...] Ter algum conhecimento dos desenvolvimentos científicos recentes e
seus perspectivas.” Entende-se que a formação docente ainda precisa moldar-se às novas
exigências de ensino e consequentemente, aprender a utilizar as tecnologias digitais a ela
oferecidas.
Existem diversas plataformas de ensino que podem ser empregadas para o ensino de
ciências, mas conforme a pesquisa que foi desenvolvida por Scheid e Reis (2016), há uma
utilização restrita das tecnologias de informação e comunicação nas aulas de ciências.
Segundo os autores, a causa reside na formação docente que não prepara o professor para
utilizar-se dessas ferramentas, denominadas normalmente como Ambiente Virtuais de
21

Aprendizagem (AVA). Aponta-se também a elevada desigualdade social na qual o Brasil está
inserido, contribuindo para que alunos não tenham o mesmo acesso às tecnologias de forma
igualitária. Já para Souza e Gonçalves (2019), os canais de comunicação utilizados para o
ensino de ciências atualmente podem ser diversos: gibis, televisão, vídeos, internet, feiras de
ciências, museus, telefones móveis, entre outros.
Admite-se que:

Diante dos avanços tecnológicos, informações chegam de forma instantânea às


pessoas das mais diversas classes sociais e faixas etárias. Os estudantes, que antes
aprendiam estritamente na escola, hoje encontram os conteúdos disciplinares em
instantes na tela de seus celulares e computadores. Logo, aprender se tornou um
fator dinâmico facilitado pelos meios de comunicação e que, nesta perspectiva, não
mais admite um ensino estático (SOUZA; GONÇALVES, 2019, p. 281).

Portanto, compreende-se as vantagens para a utilização de tecnologias no ensino de


ciências, pelas possibilidades de acompanhamento dos avanços científicos de maneira
interativa e atual. No estudo de Souza e Gonçalves (2019), que analisou 38 obras científicas
sobre o uso de tecnologias nas aulas de ciências, foram identificadas algumas ferramentas
empregadas para o ensino de ciências, conforme demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Uso de ferramentas na educação e no ensino de ciências


Ferramentas empregadas Quantidade de estudos que relatam o uso
Internet 20
Computador 7
Ensino à Distância 3
Produção/uso de vídeos 3
Mídias em geral 3
Celular 1
Outros (textos de Blogs) 1
Fonte: Souza e Gonçalves (2019, p. 287).

Observa-se que o uso da internet prevalece entre as ferramentas empregadas para o


ensino. Isso enfatiza o quanto q interatividade está presente na vida dos alunos,
principalmente fora da escola. Assim, o ambiente escolar e aulas precisam acompanhar essa
conectividade da nova geração para conseguir absorver dela o melhor.
Santana et al. (2016), esclarecem que o quantitativo de aparelhos tecnológicos que
cotidianamente são empregados pela coletividade, demonstram a forte relação da atual
sociedade com a tecnologia. Da mesma forma, é visível a influências que esses aparelhos
22

tecnológicos exercem sobre a juventude, como por exemplo, os aparelhos celulares. Tais
recursos no contexto escolar atuam como uma ferramenta pedagógica que auxilia os
professores na realização das aulas e disseminação do conhecimento.
Salienta-se que:

As tecnologias por si só não tem nenhuma força de transformação dos contextos


educacionais. A simples inserção delas na educação, sem uma proposta didático-
pedagógica consistente, coerente e um planejamento alinhado com as necessidades
dos alunos, não é um caminho recomendado para se explorar suas potencialidades e
possibilitar o desenvolvimento de práticas educacionais diferenciadas. Inúmeras são
as potencialidades, mas as tecnologias apenas podem ganhar vida no contexto
educacional se as propostas metodológicas forem suficientemente abertas, criativas e
focadas no sujeito aprendiz (SILVA; CORDEIRO; SILVA, 2014, p. 59).

Evidenciando-se o uso frequente desses aparelhos pelos alunos dentro da sala de aula e
fora dela, cabe aperfeiçoar e reforçar o seu uso para fins educacionais, como pesquisas,
grupos de estudos, e demais atividades que visem ampliar o conhecimento nas disciplinas de
ciências. Dentre os meios que podem ser utilizados os aparelhos móveis para o benefício da
aprendizagem estão o seu uso em espaços de educação não formal, como museus, zoológicos
e espaços não institucionalizados como praças, áreas verdes, lagos, entre outros (SANTANA
et al., 2016). Assim, o emprego do celular por exemplo, em uma aula de campo, pode
beneficiar a coleta de dados, o registro das aulas e pesquisas relativas ao objeto de estudo,
promovendo múltiplos aprendizados, diferentemente do que ocorreria em aula dentro da sala.
Assim,

Compreendemos que em aulas de campo o planejamento é fator determinante para a


sua prática agregada a utilização dos recursos e aplicativos disponíveis nos
aparelhos móveis de celular. Assim, cabe ao professor, primeiramente, durante o pré
campo, conscientizar e amadurecer a percepção dos discentes para o uso do celular
como uma ferramenta educativa (evitando possíveis distrações) e trabalhar
previamente com a turma, em forma de oficinas, por exemplo, o manejo dos
recursos disponíveis no aparelho para a prática extraescolar. A partir daí, pode-se
nortear o olhar dos alunos para as possíveis observações in loco e qual a função do
celular na atividade, por meio de roteiros semiestruturados além da mediação
docente. Posteriormente, no local próprio da aula de campo, o ideal é que sejam
feitos grupos de investigação, que possam de forma colaborativa criar hipóteses para
possíveis indagações, registrar anotações, fazer fotografias, realizar entrevistas,
enfim, a problemática principal da relação entre o ambiente, o conteúdo científico e
o contexto social deve ser trabalhado e construído pelos próprios alunos. Por fim, no
pós campo, na volta ao ambiente escolar, é necessário que seja feito um feedback da
vivência em campo e que os alunos possam exteriorizar, de maneira oral e/ou
escrita, as considerações e conclusões a partir das observações realizadas e da
utilização das tecnologias móveis (SANTANA et al., 2016, p. 2239).
23

Cabe frisar que o professor nesse cenário, é de extrema relevância, para assegurar que
a aula de campo se desenvolva de acordo com a metodologia e conteúdo programados. Além
do celular apontado anteriormente, Coelho Neto, Blanco e Araújo (2019), em seu estudo,
identificaram como instrumentos tecnológicos empregados no ensino de ciências em sala de
aula, a TV, vídeos, Datashow e redes sociais. Cabe ainda citar os softwares educacionais,
jogos eletrônicos, internet, entre outros que possibilitam acessar o conteúdo das aulas de
maneira dinâmica e interativa.
No entanto, os autores frisam que existem ainda muitos desafios que as escolas precisam
enfrentar para utilizar as ferramentas tecnológicas de forma adequada, como por exemplo, a falta
de domínio dos professores, a disponibilidade precária destes equipamentos e a vontade dos
próprios professores, em mudar as suas táticas de ensino. Estes são fatores que precisam ser
superados para facilitar o uso de tecnologias digitais, principalmente no ensino público no país.
24

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o objetivo do estudo, que era realizar uma revisão bibliográfica sobre o
avanço da tecnologia nas escolas e como fazer o uso destes recursos inovadores nas aulas de
ciências, pode-se inferir que ô mesmo foi atingido. Por meio do estudo, foi possível responder
a problemática levantada, a qual buscava entender como se pode empregar os recursos
tecnológicos para o ensino de ciências e até que ponto, o uso destes é algo bom para os
alunos.
Diante das pesquisas realizadas para a construção do referencial deste estudo, foi
possível constatar que a tecnologia chegou nas escolas por intermédio dos próprios alunos.
Apesar de ser algo comum dentro das instituições escolares, o uso das tecnologias dentro das
salas de aulas ainda era algo incipiente, pois havia e, pode-se dizer que ainda há, muito receio
por parte dos professores em utilizá-las. Atualmente, uma parcela bastante significativa de
alunos possui algum aparelho móvel e estão continuamente conectados com o mundo. Por
meio deles, assuntos recentes e controversos chegam até o contexto da sala de aula e são
apresentados aos professores de maneira indagativa, obrigando estes últimos a atualizarem-se
tecnologicamente para atender à demanda dos alunos.
Diante da velocidade com que a era digital se desenvolve e chega até à casa dos
estudantes, é inevitável que as instituições escolares busquem igualar-se em termos
tecnológicos, visto que a geração a qual estes alunos pertencem, cresceu muito familiarizada
com aparelhos moveis, tabletes, computadores e consequentemente, podem achar as aulas
teóricas desmotivantes. Assim, para conseguir que os alunos desenvolvam o seu
conhecimento e tenham a motivação desejada, o professor precisa trazer a tecnologia para o
cotidiano da sala de aula como um diferencial.
Cabe constatar que há ainda muitas barreiras e desafios a serem superados pelas
instituições escolares e pelos professores. As escolas, principalmente as públicas possuem
uma escassez de tecnologias, na grande maioria fomentadas por programas governamentais
25

destinados à melhoria da educação, mas que não conseguem acompanhar a demanda atual por
tecnologias. Grande parte das escolas possuem uma única sala de computação, que é
partilhada com todos os alunos e por isso, as turmas possuem pouco contato com eles devido
a rotatividade necessária. Poucas escolas possuem aparelhos de televisão, Datashow ou
computadores dentro das salas de aula, para uso individuais dos professores, limitando o
acesso e a diversificação das aulas práticas, experimentais e expositivas, principalmente no
ensino de ciências.
Mesmo precário, o acesso às tecnologias pode ser de grande valia para as aulas de
ciências, visto que a disciplina pode abordar uma gama de assuntos recentes e levar o aluno
para uma aula dinâmica e interativa, corroborando com o seu conhecimento. Entende-se que
quando as aulas estão limitadas a conteúdos didáticos de livros e apostilas, elas tornam-se
engessadas, visto que conteúdos prontos se tornam cansativos de serem ministrados. Ao
contrário, quando é possível a utilização de alguma tecnologia, o professor e os alunos podem
construir os conceitos de forma conjunta, por meio de análise de imagens, vídeos,
experimentos, favorecendo o aprendizado.
Apesar do estudo limitar-se a uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, foi possível
responder aos objetivos e compreender a importância das tecnologias para o ensino de
ciências atualmente. Sugere-se, no entanto, que estudos futuros dentro dessa temática, possa
confrontar informações teóricas com a prática vivenciada em sala de aula no ensino de
ciências. Em suma, compreendeu-se com o estudo que as tecnologias ainda são recursos
incipientes dentro da sala de aula e vistas com receio pelos professores, pois na sua formação,
o contato com elas também foi algo limitado. Além do mais, podem ser consideradas como
necessárias em virtude da geração a qual os alunos pertencem e significativas, para a
formação do saber em ciências.
26

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